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O nascimento do ensino jurídico universitário na idade média

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O nascimento do ensino jurídico universitário na idade média: breves comentários
Alan Alves ferro- julia Cavalcante yamasaki
Embora pouco comentado, os primeiros projetos de implementação do ensino superior no Brasil já datam do período jesuítico no Século XVI. Dentre as inúmeras escolas que se abriam durante o movimento educacional cristão, o Colégio da Bahia, o primeiro colégio brasileiro, era, possivelmente, o mais notável a se elevar ao nível de Universidade, segundo os padrões da Corte Portuguesa. De fato, como se constatou na época, o Colégio não apenas era bem preparado, no que se refere à sua infraestrutura e modelo pedagógico, como também era desejo da comunidade que a colônia fosse contemplada com sua primeira Universidade.
Não obstante, foi por um torpe sentimento de inveja, por parte da própria elite eclesiástica romana, que o sonho de se criar a primeira Universidade brasileira, possivelmente começando pelos cursos de Filosofia e Teologia permaneceu como tal. O motivo da recusa foi bastante claro: politicamente não interessava nem a Roma nem à Corte que os colonos se emancipassem intelectualmente, pois seria ultrajante que os habitante da selvajaria se bacharelassem ao mesmo nível dos cortesãos.
Enquanto diversas outras colônias americanas fundavam suas primeiras instituições de ensino superior, esta realidade estagnada permaneceu no Brasil até o advento de sua independência, em decorrência das invasões napoleônicas a Portugal, fato que culminou na covarde fuga da Família Real. Doravante, uma vez que as novas terras tinham se erguido da categoria de colônia para Reino Unido, novamente por motivos políticos, se tornava imprescindível que os brasileiros, agora sob a proteção direta do cetro real, ganhassem feições mais dignas e metropolitanas.
Em suma, foi a vergonha do ambiente selvagem e a falta do requinte europeu as quais fizeram com que a nobreza se interessasse em fundar as primeiras Universidades, uma vez que, de agora em diante, se formava uma nova elite. Era inconcebível que os filhos desta nova aristocracia tivessem que se sujeitar ao cruzamento do Atlântico em busca de um diploma honrado. Contudo, seja por meio dos tradicionais bancos acadêmicos europeus, seja pelos novos bancos brasileiros, a formação superior, sobretudo em Direito, permaneceu pautada no mesmo modelo pedagógico decrépito e elitista da Universidade de Coimbra.
Assim, os jovens bacharéis que continuavam a retornar da Europa, pois relutavam em receber sua formação na colônia, bem como os que agora retornavam das recém-inauguradas Faculdades de Olinda e de São Paulo, tinham em comum não apenas a certeza de que seu bacharelado lhes renderia o título de doutor, tornando-os, doravante, mais do que simples intelectuais, porém, a única elite pensante do país, os quais, de forma paulatina, começariam a infiltrar nas redações jornalísticas, nas academias literárias e, mormente, no poder político. De outra banda, quiçá mais importante do que tal ascensão, seria a simbólica sobreposição diante do povo silvícola, iletrado e excluído de qualquer tipo de formação, possivelmente na mesma altivez que diferia a burguesia e a monarquia parisiense da mendigaria do Pátio  dos Milagres – que, a seus olhos, “era apenas um cabaré, um cabaré de bandidos” (Hugo, 2005, p. 342).

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