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Biodisponibilidade de Micronutrientes Avaliação crítica dos veículos utilizados para fortificação Profa. Dra. Silvia M.Franciscato Cozzolino FCF-USP 2009 Sumário � Definições � Importância da Biodisponibilidade � Fatores interferentes � Biodisponibilidade de Minerais e Vitaminas � Fortificação de Alimentos � Avaliação crítica veículos para Fortificação Definição de Biodisponibilidade � A biodisponibilidade de um nutriente ingerido pode ser definida como sua acessibilidade para processos metabólicos e fisiológicos normais. Ou seja, a eficiência com que um componente da dieta é utilizado sistematicamente através de vias metabólicas normais. � A bioeficácia é a eficiência com que os nutrientes são absorvidos e convertidos para sua forma ativa. Definição de Biodisponibilidade � Em níveis fisiológicos a biodisponibilidade de um nutriente pode ter influência para o efeito benéfico. � Por outro lado, pode afetar a natureza e gravidade toxicológica devido ao excesso. � É expressa em percentagem da ingestão. � Biodisponibilidade é uma resposta da interação DIETA – NUTRIENTE - INDIVÍDUO Fatores que afetam biodisponibilidade � Concentração do nutriente � Fatores dietéticos (matriz alimentar e componentes) � Forma química � Interações nutriente –nutriente � Digestão, transferência, distribuição e armazenamento � Condição nutricional e de saúde do indivíduo � Perdas por excreção � Metabolismo e utilização biológica Fatores a considerar em estudos de biodisponibilidade � Escolha da metodologia � Efeitos da matriz alimentar na absorção � Impacto do genótipo na absorção e metabolismo � Efeitos de doses baixas e altas Importância da Biodisponibilidade (1) � Ingestão vs. Utilização � Estabelecimento das recomendações � Educação nutricional � Avaliar adequação de dietas para indivíduos e grupos da população � Preparar Guias Alimentares Biodisponibilidade � Ingestão � Estado nutricional � Biomarcadores � Efeitos clínicos Biodisponibilidade de Micronutrientes �Minerais: Cálcio; Ferro, Zinco, Selênio �Vitaminas: Vitamina A (carotenóides), Folato, B12 CÁLCIO Biodisponibilidade de Cálcio � Ingestão de Ca (maior determinante da absorção) � Eficiência de absorção é similar para maioria dos alimentos e suplementos (doses pequenas) � Absorção inibida por oxalatos e fitatos � Efeito da vitamina D � Efeito da ingestão de sódio e proteínas � Efeito da inulina e oligossacarideos Conclusões: Biodisponibilidade de Cálcio � Resultados dos estudos precisam considerar todos os fatores interferentes e as dificuldades metodológicas. � As medidas em crianças são especialmente difíceis. � Pesquisadores têm mostrado relação entre mineralização óssea e receptores de vitamina D (VDR) – polimorfismos relacionados. � Valores de absorção têm variado de 20 a 30%. FERRO Ferro � Estimativas baseadas em dietas (medidas ingestão não muito acuradas) � Necessidade de avaliar os fatores interferentes: fitato, taninos, cálcio, forma química (ferro heme, não-heme, outras). � Necessidade de avaliar fatores potencializadores: vitamina C, fator carne. � Estado nutricional do indivíduo em relação ao nutriente Medidas de biodisponibilidade para Fe em dietas completas (WHO/FAO) � Baixa Biodisponibilidade (5%) Simples, monótona, à base de cereais, raizes, tubérculos, reduzida em carnes, vit.C, peixe e ácidos � Biodisponibilidade Intermediária (cerca 10%) Igual a anterior com mais carne, ácidos e vit.C Igual a de alta biodisponibilidade mas com alto consumo de café, chá, e outros inibidores � Alta biodisponibilidade (cerca 15%) Dietas diversificadas, com carnes, peixes, vit.C Fontes de Ferro na alimentaFontes de Ferro na alimentaçãção da o da PopulaPopulaçãção Brasileirao Brasileira Fontes mais importante de ferro para população brasileira: feijão (32%) e carnes (20%). Potencial de absorção em dietas é da ordem de 1 a 7%. Fonte de ingestão animal < 30%. Alimentos fortificados Absorção de Fe não-heme USA 17% ZINCO Zinco Fatores que interferem na absorção de Zn: � Fitato � Relação Ca:Fitato:Zn � Quantidade de Zn ingerido � Estado nutricional (pode ter efeito menor) � Idade dos indivíduos � OBS. Medidas única Refeição vs. Total no dia Biodisponibilidade de Zn em dieta brasileira (Ribeiro,M, Sarkis,J. & Cozzolino,S.) � Isotopos estáveis 70Zn e 67Zn � Dieta padronizada oferecida 4x/dia durante 1 semana � Avaliação bioquímica inicio, após 7 dias do experimento e no final (sete dias após o retorno à dieta habitual). A urina de 24hs foi coletada no 1o. Dia do experimento, outra antes da administração do isótopo e após 7 dias com dieta padronizada, e por mais 7 dias consecutivos para o rastreamento isotópico Biodisponibilidade Zn cont. Dietas � Levou-se em consideração o perfil alimentar do grupo � Adequadas em energia e distribuição dos macronutrientes � Aprovado pelo grupo antes do início do experimento � Foram adaptadas individualmente para cada participante Biodisponibilidade de Zn cont. Administração do isótopo � Após jejum de 12 horas � Coleta de 20mL de sangue venoso (cateter) � Administração intravenosa de 2mL de solução contendo 70Zn (cateter) seguida de mais 5mL de solução salina � Ao meio dia foi servida refeição aos participantes, na qual foi introduzido o 67Zn no feijão (marcado extrinsicamente) Biodisponibilidade de Zn: Avaliações realizadas � Avaliação estado nutricional no início e final do experimento – parâmetros bioquímicos 1. Zn plasma 2. Zn eritrócito 3. Zn- urina � Rastreamento do 70Zn e 67Zn urinário (ICP-MS) � As dietas foram analisadas Biodisponibilidade de Zn: Resultados � N=12 sexo masculino idade 19 a 42 anos � IMC = 21,14 a 24,68 � Hb g/dL = 12,9 a 15,9 Ingestão habitual: � Energia = 1784 a 3386 kcal (recomendado 2604 a 3183) � Fibras = 12,6 a 39,6 g � Zn = 5,73 a 13,26 mg � Fe= 11,93 a 20,61 mg � Ca= 225,08 a 811,97 mg Biodisponibilidade de Zn: Resultados Composição média da dieta consumida durante os 7 dias da pesquisa � Energia = 2604 a 3183 kcal (recomendado 2604 a 3183) � Zn = 9,7 a 14,2 mg � Fe= 7,5 a 13,4 mg � Ca= 561 a 842 mg Biodisponibilidade de Zn: Resultados Composição da refeição marcada � Energia = 956 + 15,4 kcal � Fibras = solúveis = 3,6 g � insolúveis = 17,2 g � Fitato = 62,7 mg � Zn = 5,47 mg � Fe= 6,0 mg � Ca= 129,6 mg Biodisponibilidade de Zn : resultados Valores de Referência 300 a 600 Valores de Referência 40 a 44 Valores de Referência 70 a 110 6 < 300 (130-297) 6 > 300 (319- 1016) 6 < 40 (31-39) 6 > 40 (41-44) 4 < 70 (57-62) 8 > 70 (79-101) Zinco na Urina µg/24hs Zinco no Eritrócito µg/g Hb Zinco no Plasma µg/dL Biodisponibilidade de Zn : resultados 415,52,990241,2038412 475,52,989361,1571611 405,52,980441,2192610 355,53,014621,129569 115,53,006661,188488 375,52,992921,200487 125,52,986341,168506 295,53,000021,192565 265,52,989261,178464 155,53,009301,155363 325,53,000421,151882 315,53,034521,157341 % AbsZn dieta67Zn- R70Zn - IVoluntário Biodisponibilidade de Zn: Conclusões � A dieta brasileira habitual tem biodisponibilidade de zinco considerada de moderada a alta segundo OMS. � A dieta brasileira habitual não contém fatores conhecidos que possam interferir na biodisponibilidade de Zn. Selênio Selênio � Altamente biodisponível � Nos alimentos a forma predominante selenometionina e sua absorção é cerca90% � Absorção em geral varia de 55 a 65% � As formas químicas (selenato e selenito) utilizadas para fortificação e suplementação são menos biodisponíveis � Selênio de leveduras menos biodisponível � A quantidade nos alimentos depende das condições geoquimicas. Selênio Biodisponível Influência do Genótipo Especiação Absorção/metabolismo Ingestão Estado Nutricional Estabelecimento Necessidades individuais Biodisponibilidade do Se ÁÁreas pesquisadas: Sereas pesquisadas: Se FIGURA. Localização dos estados no mapa do Brasil. AMAZONASAMAZONAS PARANÁPARANÁ PARÁPARÁ CEARÁCEARÁ PERNAMBUCOPERNAMBUCO MINAS GERAISMINAS GERAIS SÃO PAULOSÃO PAULO RIO GRANDE DO SULRIO GRANDE DO SUL GOIÁSGOIÁS ALAGOASALAGOAS SANTA CATARINASANTA CATARINA Mato Grosso Sul A.Martens; Barroncas,I.;Cozzolino,S Teor de Selênio em Feijões – Brasil (Martens,A. ,Gonzaga,I & Cozzolino,S. 2002) Ceará 1,179 µµµµg/g Pará 0,139 µµµµg/g Amazonas 1 0,099 µµµµg/g Pernambuco 0,094 µµµµg/g Alagoas 0,061 µµµµg/g Amazonas 2 0,043 µµµµg/g Minas Gerais1 0,042 µµµµg/g Minas Gerais 2 0,041 µµµµg/g Pernambuco 2 0,027 µµµµg/g São Paulo 1 0,027 µµµµg/g Mato Grosso Sul 0,020 µµµµg/g Goiás 0,018 µµµµg/g São Paulo 2 0,018 µµµµg/g São Paulo 3 0,016 µµµµg/g Vitamina A e Carotenóides Carotenóides � Matriz alimentar (presença de emulsificantes e antioxidantes) � Cozimento; suave ou agressivo � Gordura da dieta � Interação entre carotenóides � Suplementos > fontes alimentares � 1 µg vit.A= 12 µg β-caroteno de frutos = 26µg β -caroteno de cenouras. Vitaminas: folato Biodisponibilidade Folato � Ácido fólico > biodisponibilidade que folato dos alimentos � Folato alimentos: cerca de 50% � Ácido fólico ingerido com alimentos: cerca de 85% � A biodisponibilidade do ácido fólico é cerca de 1,7 vezes aquela do folato alimentar. � Influência genotipo Vitamina – B12 Vitamina B12 Absorção de Cianocobalamina é variável em função da quantidade 1µg 50% abs. 5 µg 20% 25 µg 5% � Máxima abs. de uma refeição: 1,5 a 2,5 µg satura os receptores � Média de 50% absorvido por indivíduos adultos � Fatores individuais importantes (idade, fator intrínseco, circulação enterohepática) Fortificação de Alimentos Programas de fortificação de alimentos Informações necessárias: � Ingestão e estado nutricional dos grupos da população � Escolha do veículo adequado para fortificação � Biodisponiilidade dos nutrientes no veículo � Efeito dos fortificantes na estabilidade e qualidades sensoriais do alimento � Simulação do impacto dos níveis de fortificação na adequação da ingestão e segurança � Avaliar eficácia Allen,L.H. – J.Nutr.136:1055,2006 Veículos utilizados para fortificação � Sal � Farinha trigo � Farinha milho � Arroz � Leite e derivados (sorvetes) � Açúcar � Óleos � Biscoitos � Condimentos: à base de soja e molhos Nutrientes e Veículos para fortificação � Ca: leite, sorvete, soja, sucos, iogurtes � Fe: farinha, biscoitos, água � I: sal de cozinha � Vitamina A (carotenóides): óleos, margarinas � Vitamina D: leite, pão � Folato: farinhas e derivados � Vitaminas complexo B: biscoitos, farinhas Biofortificação Biotecnologia para produção de alimentos mais densos em micronutrientes. � Batata doce � Banana � Milho � Arroz � Feijão Escolha do Veículo � Atingir os grupos alvos da população � Considerar mudanças sensoriais e organolépticas no alimento � Biodisponibilidade � Custo � Estabilidade durante a vida de prateleira, embalagem etc.. (Guidelines on Food Fortification with Micronutrients WHO/FAO 2006) Escolha do Veículo e do Composto � Observar a regulamentação local ou internacional do alimento (ex. 15% do DRV para fonte e 30% DRV para rico - considerar ULs) � Considerar que um alimento de sabor, cor, aroma, desagradável, não será consumido e portanto não trará benefícios nutricionais! (Guidelines on Food Fortification with Micronutrients WHO/FAO 2006) Impactos dos Programas < 50% incidência DTNFolato < 6% na mortalidade infantil < 27% incidência de diarréia crianças Zinco < 20% mortalidade maternaFerro > 13 pontos no QIIodo <23% razão mortalidade < 70% na cegueira infantil Vitamina A ImpactoMicronutrientes Estado nutricional deficiente Minerais e vitaminas Infantes < peso nascer Mortalidade Prejuízo mental > Risco DCNT Crianças Nanismo < QI > Infecções < Crescimento < produtividade > mortalidade Adolescentes Nanismo < QI Fadiga > Vulnerabilidade a infecções Gravidez mortalidade Complicações perinatais < produtividade Adultos < produtividade < estado socioeconomico desnutrição Idoso > Morbidade (osteoporose, < cognitiva, etc..) > mortalidade Fourth Report on the World Nutrition Situation, 2000, Geneva. Conclusões � A determinação da biodisponibilidade de nutrientes e de compostos bioativos é indispensável quando se pretende estabelecer recomendações para populações sadias e enfermas � Na fortificação de alimentos deve-se considerar a biodisponibilidade do composto no contexto do alimento e do hábito alimentar do grupo alvo smfcozzo@usp.br Universidade de São Paulo Faculdade de Ciências Farmacêuticas Av. Lineu Prestes, 580 Bloco 14 Cidade Universitária – Butantã – SP CEP 05508-000 – São Paulo-SP
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