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EXMO. SR. DR. DESEMBARGADOR SEGUNDO VICE PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ____. ADVOGADO, inscrito no quadro de advogados sob o Nº ____, com endereço profissional, localizado___, vem na presença de V. Exa., na forma do Artigo 5º, LXVIII, da Constituição Federal e Artigo 647 do Código de Processo Penal, impetrar o presente “HABEAS CORPUS” LIBERATÓRIO em favor de MICHAEL DA SILVA, nacionalidade , casado, profissão, custodiado nas dependências ____, indicando como autoridade coatora, o juízo da 22ª Vara Criminal da Comarca da Capital , com base nos fatos e argumentos ora expostos: I) DOS FATOS O paciente foi preso em flagrante pela suposta prática dos crimes previstos no Artigo 16, § único, IV da Lei 10.826/03 e Artigo 28 da Lei 11.343/06, pois ele estaria na posse de três revólveres calibre 38 com a numeração raspada e também teria sobre a sua guarda papelote contendo 0,9 decigramas de cocaína. Foi oferecido o pedido de liberdade provisória, porém, a autoridade coatora, surpreendentemente, negou a solicitação sobre o argumento de que o crime supostamente praticado seria um crime grave. II) DO DIREITO II – A) DA AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS DO ARTIGO 312, CPP A prisão em flagrante ocorrida é desnecessária por não preencher os requisitos do Artigo 312, do CPP. Vejamos: O requerente também não pode ficar recolhido, pela Garantia da Ordem Pública, pois o suposto crime cometido, não causa clamor social; Também não há aplicação da lei penal para Garantia da Ordem Econômica; o requerente não prejudicou ou até mesmo impediu o livre exercício da atividade econômica, afetando a economia popular; O requerente em nenhum momento prejudicou a produção de provas, logo não há a Conveniência da Instrução Criminal; Também não há Aplicação da Lei Penal, pois, o paciente possui residência própria, logo não há riscos de fuga. II – B) DO ERRO DA FUNDAMENTAÇÃO JUDICIAL A invocação da gravidade do crime não autoriza a prisão cautelar. A regra é a liberdade; a prisão, a exceção. Aquela cede a esta em situações excepcionais, na linha de entendimento do Supremo Tribunal Federal (HCsns. 83.516, Relator o Ministro Cezar Peluso, DJ de 23.5.08; 91.662, Relator o Ministro Celso de Mello, DJ de 4.4.08; 88.858, Relator o Ministro Marco Aurélio, DJ de 25.4.08; 87.343. De acordo com a melhor doutrina, para a decretação da prisão cautelar é necessário que estejam presentes dois requisitos, quais sejam, a prova da existência do crime e indícios suficientes de autoria, elementos esses que dão ensejo ao fumus commissi delicti e periculum libertatise que estão previstos na parte final do artigo 312 do Código de Processo Penal. Art. 312 prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4º). Assim só caberá prisão cautelar nas situações em que o réu descumpre as obrigações de medidas cautelares diversas (art. 312, do Código Processo Penal). II – C) DO PRINCÍPIO DA HOMOGENEIDADE Segundo a Capez: “ O princípio da homogeneidade no caso das prisões cautelares, é a proporcionalidade que deve existir entre o que está sendo dado (prisão cautelar) e o que concedido (sentença final). Segundo este princípio no caso das prisões cautelares, o juiz não poderia impor ao réu um encarceramento com intensidade mais grave do que a que lhe seria infligido caso fosse realmente considerado culpado, sob pena de tornar o processo mais punitivo que a própria sanção penal do crime”. Sendo assim com base nesse princípio não cabe prisão cautelar sob o suposto crime, porque para tal crime, previsto na Lei 10.826/03, Artigo 16 “ Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, aindaque gratuitamente , emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou restrito, sem a autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. O paciente é primário e de bons antecedentes, todavia caso venha ser condenado, a lei lhe faculta o direito de substituição de pena privativa, por pena restritiva de direitos, conforme Art. 44 do Código Penal. “As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade”. Logo a prisão se faz desnecessária. III – DO PEDIDO Isto posto, requer aos nobres julgadores, a concessão da ordem de “habeas corpus”, com expedição do alvará de soltura com base no Artigo 5º, LXVIII da Constituição Federal e Artigo 647, do Código de Processo Penal. Nestes Termos, Pede deferimento. Capital, data. ADVOGADO: OAB/UF:
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