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TRABALHO SOBRE A LEI DE 11.645 (1)

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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO
PEDAGOGIA
DAIANA
DANIELA
MILENA
MÔNICA
Produção textual interdisciplinar em grupo
LEI Nº11.645/08
CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM-ES
2017
DAIANA
DANIELA
MILENA
MÔNICA
Produção textual interdisciplinar em grupo
LEI Nº11.645/08
Trabalho apresentado ao Curso de Pedagogia da UNOPAR - Universidade Norte do Paraná, para as disciplinas Organização e Didática nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental; Avaliação da Aprendizagem e Ação Docente; Ensino de Ciências Naturais e Saúde Infantil; Educação de Jovens e Adultos; Prática Pedagógica Interdisciplinar; Ensinar e aprender na educação de jovens; Estágio Curricular obrigatório I; Educação Infantil; Seminário Interdisciplinar VI. ProfªLilian Gavioli de Jesus; ProfªAndressa Aparecida Lopes; ProfªVilze Vidotte Costa; Profª Patrícia Alzira Proscêncio; Profª Eloise Werle de Almeida; ProfªNatalia Germano Gejão Diaz.
CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM-ES
2017
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO...................................................................................................02
SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM INTERDISCIPLINARES..........................04
2.1 Proposta 1....................................................................................................04
2.2 Proposta 2....................................................................................................06
2.3 Proposta 3....................................................................................................08
	
REFERENCIAL TEORICO................................................................................11
CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................16
REFERÊNCIAS.................................................................................................18
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como tema Os desafios e possibilidades do ensino da cultura afro-brasileira no espaço escolar, sendo dado enfoque na perspectiva contemporânea, temática necessária na atualidade para refletir e pesquisar a importante contribuição da cultura afro-brasileira para a construção e formação da população brasileira. 
A proposta da educação étnica racial estabelecida pela Lei 11.645/08 , alterou a Lei de Diretrizes e Bases - LDB e passou a exigir que as escolas brasileiras de ensino Fundamental e Médio incluíssem no currículo o ensino da história e cultura afro-brasileira. Esta Lei inserida no currículo escolar traz uma nova abordagem a temática, pois se propõe investigar fatos que não foram contados e sim negados, vistos apenas sob uma ótica eurocêntrica. 
Frente a essas questões, cabe ao professor a busca e a promoção de transformação na educação, principalmente rompendo com os velhos paradigmas existentes. Procuramos discutir as dificuldades encontradas pelos professores que não aplicam a lei em suas aulas, como também identificar como essa vem sendo introduzida no currículo pelos professores que aplicam as Leis, pois este trabalho tem como objetivo geral analisar a utilização do material didático. 
A pesquisa com a temática em questão é qualitativa, bibliográfica e documental na qual trabalha com descrições e interpretações. Pesquisar o assunto é fundamental para compreender como se dão as relações raciais no interior da escola, visto que este espaço é lócus de relações sociais que estruturam e marcam o processo de socialização da criança. Sendo a pesquisa uma atividade teórica de conhecimento, fundamentação, investigação, diálogo e interação com a realidade, pretendeu-se com este trabalho discutir os desafios e as possibilidades da aplicação da Lei 11.645/08 nas Escolas, ouvindo as inquietações dos professores sobre a sua realidade, os quais são desafiados a cada mudança e alteração nas leis deste país.
O ensino é uma forma sistemática, utilizada pelo homem para instruir seus semelhantes, em locais denominado escola. É preciso que essa lei chegue à população e que ela possa cobrar por qualidade e igualdade, decorre daí a impulsão para modelos de gestão mais transparentes e participativos, na busca de novos recursos e um planejamento estratégico que consubstancie uma vontade política adequada ao valor proclamado da educação para todos, com respeito mutuo as diferenças e valorização das raízes culturais individuais e coletivas.
SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM INTERDISCIPLINARES
 2.1 SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM
Identificação da escola: Escola Municipal Doutor Gustave Flaubert 
Disciplinas: Historia, Artes
Período de realização: 1Mes
Turma: 5º
Professores:Adriana Correa Da Silva, Erika Ramalho Da Silva Pinto,
Girlaine Helena Moreira De Abreu, Marielle Tamara Da Silva.
Objetivo geral: Entender que a sociedade brasileira é formada por pessoas que pertencem a grupos étnicos distintos, que possuem cultura e história própria, igualmente valiosa e que em conjunto constroem a nação brasileira, favorecendo a valorização da história dos africanos e construindo uma educação para a igualdade étnico-racial através das tecnologias.
Objetivos específicos: 
 Desenvolver o hábito de leitura, reconhecendo a importância desta prática na busca de informações;
Trabalhar em grupos para que os alunos reconheçam as habilidades dos colegas e trabalhem em espírito de colaboração;
 Sensibilizar o estudante acerca da importância do continente africano no contexto brasileiro;
Conteúdos: 
História:
– Colonização do Brasil;
– Heranças da cultura afro no Brasil.
Artes:
– Interpretação de imagens;
– Diferentes técnicas de pintura utilizadas pelos africanos;
– Recurso de construção de layout (recurso audiovisual).
Cronograma de atividades: 
	Atividade
	Objetivo
	Período de aplicação
	Planejamento e manual
	Organizar o cronograma de atividades e elaborar manual para orientação dos alunos
	03\04 a 28\04
	Apresentação da proposta de trabalho 
	Apresentar proposta de confecção do painel aos alunos, instruir sobre a metodologia de trabalho e iniciar a coleta de fontes - fotografias
	05\04
	Formar os grupos
	Selecionar e organizar os gruposde alunos 
	12\04
	Trabalhar com os grupos
	Selecionar e organizar os grupos orientando os alunos na pesquisa sobre fontes midiáticas
	19\05
	Trabalhar com as fontes
	Selecionar, organizar e auxiliar os alunos na pesquisa das fontes midiáticas
	26 e 28\04
	Reconhecimento
	Reconhecer a necessidade de valorização das raízes
	19\05
Percurso metodológico:
Aula 1: Levar a turma ao laboratório de informática e dividi-los em duas turmas. Turma A: Pesquisar sobre Comidas, personalidade e mitologias africanas. Turma B: Pesquisar as manifestações, literatura e provérbios africanos.
Aula 2: Deve-se utilizar o tempo  da aula para elaborarem o projeto utilizando o presente recurso para a pesquisa. O professor deverá fazer a mediação.
Aula 3: Questionar sobre a presença da cultura afro no Brasil, e se está presente no cotidiano de cada um.
Recursos: Computador, Papel, revistas, tesoura, cola, pincel, canetinhas. 
Avaliação: Para elaboração do presente recurso, utilizamos um projeto desenvolvido na disciplina de Didática do Ensino Fundamental. Readaptando a favor das tecnologias e textos que nos foram apresentados no presente semestre, reforçando a importância de valorizar a cultura afro-brasileira.
SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM
Identificação da escola: Escola Municipal Doutor Vladimir Rocha 
Disciplinas: História, Geografia, Língua Portuguesa, Ciências Naturais, Matemática e Artes.
Período de realização: 2 Meses
Turma: 4º
Professores: Adriana Correa Da Silva, Erika Ramalho Da Silva Pinto,
Girlaine Helena Moreira De Abreu, Marielle Tamara Da Silva.
Objetivo geral: Estudaremos os diversos tipos de preconceito existente em nossa sociedade, os motivos que levam as pessoas a essas atitudes. Perceber nossas diferenças físicase de temperamento, como respeitá-las e tolerá-las.
Objetivos específicos: 
Conhecer a diversidade existente em sala e na comunidade, valorizá-las e respeitá-las;
Recusar a discriminação baseada nas diferenças físicas e de cor, raça, religião. 
Tratar com apreço as qualidades da própria cultura, buscando construir atitudes de tolerância e respeito, consigo e com os outros;
Valorizar a convivência pacífica frente a essas diferenças;
Observar e valorizar as diferenças que enriquecem o grupo;
Descrever a própria imagem, percebendo características físicas como a cor do cabelo, da pele, altura, peso;
Melhorar a autoestima através do apreço por suas qualidades.
Conteúdos: 
Diversidade
Linguagem oral
Identidade
Cronograma de atividades: 
	Atividade
	Objetivo
	Período de aplicação
	Planejamento e manual
	Organizar o cronograma de atividades e elaborar manual para orientação dos alunos
	27\05 a 19\07
	Apresentação da proposta de trabalho 
	Apresentar proposta de trabalho do plano para os alunos
	05\07
	Formar os grupos
	Selecionar e organizar os grupos de alunos 
	12\07
	Finalização dos Trabalhos 
	Mostrar tudo que aprendemos ao longo do plano
	19\07
Percurso metodológico:
Aula 1: Iniciar a aula contando a história de um robô que morava em um lugar muito distante, ele era diferente de seus amigos e por isso muitos zombavam dele. De acordo com as características relatadas pela professora os alunos desenharão o robô. [Logo após os desenhos serão expostos na sala e todos devem observar as diferenças entre os desenhos.]
Aula 2: Analisar a tarefa de casa com os dados da carteirinha e certidão de nascimento. Observar com que medida nasceu. Quanto você media ao nascer? E quanto mede hoje? Quanto você cresceu desde que nasceu até hoje? Considerando a altura que você tem, se você crescer 1 cm ao mês, quanto medirá daqui a um ano? Realizar a pesagem dos alunos para continuar a preencher a tabela. Cantar a música: Você é especial Somos diferentes em aparência e também temperamentos. Devemos fazer o possível para ter uma agradável convivência com todos.
Aula 3: Problemas envolvendo medidas de peso e altura dos alunos. Qual é aproximadamente a metade do peso da sala? Suponha que daqui a 10 anos você esteja com 70 quilos. Quanto foi acrescentado no seu peso a partir do que tem agora? Se a nossa sala fosse realizar uma viagem em um navio onde coubessem 300 quilos, poderíamos todos entrar no navio? Como já mencionado, temos diferentes características, também temos ocupações, sonhos, realizações diversificadas. Quem é a autora da música que cantamos. Vamos realizar uma pesquisa na internet sobre sua biografia e autobiografia.
Recursos: Leitura e interpretação de textos; Música com violão; Pesquisa na carteirinha de vacinação e certidão de nascimento; Quadro e giz; Metro e balança para verificar medidas; Livro didático; Espelho.
Avaliação: Através da constante observação durante a aula, será considerado o empenho do aluno em participar das atividades e suas atitudes de reconhecimento da importância da diversidade entre a turma. Atividades de textos com erros ortográficos para correção feita pelos alunos. Construção de autobiografia. 
2.3 SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM
Identificação da escola: Escola Municipal Doutor Vladimir Rocha 
Disciplinas: História, Geografia, Língua Portuguesa, Ciências Naturais, Matemática e Artes.
Período de realização: 1Mês
Turma: 2º
Professores: Adriana Correa Da Silva, Erika Ramalho Da Silva Pinto,
Girlaine Helena Moreira De Abreu, Marielle Tamara Da Silva.
Objetivo geral: Reconhecer a diversidade presente em sala e a importância da convivência pacífica frente às diferenças, visando a construção de uma postura de tolerância e respeito ao outro.
Objetivos específicos: 
Participar de comunidades de investigação filosófica (*) sobre a temática “A diversidade em nossa escola”.
Retratar a própria imagem, ressaltando suas principais características físicas mais notáveis (textura dos cabelos, altura, cor dos olhos, da pele...).
Retratar o colega, de modo a ser fidedigno quanto as suas características físicas (textura dos cabelos, altura, cor dos olhos, da pele...).
Observar as produções, identificando e analisando as idiossincrasias dos colegas de classe, relacionando tais especificidades à riqueza de valores e experiências que tamanha heterogeneidade pode favorecer ao grupo.
Conteúdos: 
Identidade
Diversidade
Linguagem oral
Auto-Retrato
Desenho artístico
Cronograma de atividades: 
	Atividade
	Objetivo
	Período de aplicação
	Planejamento e manual
	Organizar o cronograma de atividades e elaborar manual para orientação dos alunos
	02/08 a 26/08
	Apresentação da proposta de trabalho 
	Apresentar proposta a ser desenvolvida com os alunos
	05\08
	Formar os grupos
	Selecionar e organizar os grupos de alunos 
	12\08
	Trabalhar com os grupos
	Selecionar e organizar os grupos orientando os alunos sobre o tema que sera abordado
	19\08
	Finalização dos Trabalhos 
	Mostrar tudo que aprendemos ao longo do plano
	26\08
Percurso metodológico:
1. Para iniciar, a classe deve estar disposta em um círculo, em que todos possam se ver. Será feita a leitura do livro “Mirradinho”. Utilizando-se de uma alusão ao personagem Mirradinho, que era menosprezado pelos outros, por ser árvore de pequeno porte, questionar se na realidade isso ocorre, se alguma vez se sentiram depreciados por alguma característica que possuam. Neste sentido, o colóquio se conduzirá a conclusões que evidenciem a importância da convivência na diversidade enquanto meio de socialização de conhecimentos, valores, culturas e outras características que possam compor a riqueza de um povo. 
2. Após a comunidade de investigação filosófica é proposto ao aluno que faça o seu retrato. Para tanto, deixa-se a disposição dos alunos um espelho (tomando-se os devidos cuidados). 
3. É importante que se faça uma pequena exposição desses retratos na sala, para que as crianças possam apreciar o desenho de todos, identificando o colega apenas pela ilustração, sem saber quem a fez.
4. Logo, disponha a sala em duplas, escolhidas por sorteio. Como tarefa, solicite que cada um da dupla desenhe seu par, ressaltando em seu retrato as características do colega quanto à textura, comprimento e cor dos cabelos, cor e formato dos olhos, estatura, cor da pele; fortalecendo sempre aos alunos que a intenção é retratar o colega e não suas roupas e/ ou objetos pessoais.
5. Para encerrar, reúna os alunos novamente em círculo, para que possam falar sobre a atividade, se concordam com a forma como foram retratados, quais foram os critérios que utilizaram para reproduzir o colega de determinada maneira.
Recursos: Lápis de cor, Giz de cera, Folhas de papel sulfite, Lápis de escrever e borracha, Livro “Mirradinho”
Avaliação: Como critério será considerado os índices de envolvimento do aluno na atividade, seu empenho em participar das atividades de expressão oral e suas atitudes de reconhecimento da importância da diversidade em sala de aula através da ilustração de si e do outro.
Bibliografia: SOUZA, Irene Sales de. Trabalhando como preconceito e a discriminação na escola: Relato de uma experiência. In: Pedagogia Cidadã – Cadernos de Formação – Fundamentos Sociológicos e Antropológicos da Educação. São Paulo. Unesp, Pró Reitoria de Graduação, 2003.
REFERENCIAL TEORICO 
A Lei nº 10.639/03, de 2003 que torna obrigatório o ensino da cultura afro-brasileira e africana, e sua complementação a Lei nº 11.645/08 que inclui a culturaindígena, alterou a LDB e passou a exigir que as escolas brasileiras de ensinofundamental e médio incluíssem no currículo o ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena foi um importante passo para o fomento da pluralidade no espaço escolar. Um dos aspectos positivos da Lei é o de ter aberto espaço para que o negro e indígena, fossem incluídos nas propostas curriculares como sujeitos históricos.Nessa nova proposta educacional, com a implementação da Lei, será preciso rever o saber escolar e também investir na formação do educador, possibilitando-lhe uma formação teórica diferenciada da eurocêntrica. Segundo Rocha (1994), Etnocentrismo é uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência. Dessa forma, o currículo escolar até hoje visto, deverá ser revisado, e a escola necessita mostrar aos alunos que existem outras culturas. Sendo assim a escola terá o dever de dialogar com tais culturas e reconhecer o pluralismo cultural brasileiro.
Segundo Munanga (2000), a identidade é para os indivíduos a fonte desentidos e de experiência. Toda identidade exige reconhecimento, caso contrário ela poderá sofrer prejuízos se for vista de modo limitado ou depreciativo.
Para Hall (2006), no mundo moderno, as culturas nacionais em que nascemos se constituem em uma das principais fontes de identidade cultural. Numa abordagem antropológica, a identidade é uma construção que se faz com atributos culturais, isto é, ela se caracteriza pelo conjunto de elementos culturais adquiridos pelo indivíduo através da herança cultural. A identidade confere diferenças aos grupos humanos. Ela se evidencia em termos da consciência da diferença e do contraste do outro.
O cotidiano escolar está impregnado do mito da democracia racial, um dos aspectos da cultura da classe dominante que a escola transmite, pois representa asclasses privilegiadas e não a totalidade da população, embora haja contradições no interior da escola que possibilitam problematizar essa cultura hegemônica, nãodesprezando as diversidades culturais trazidas pelos alunos. Assim, apesar da escola inculcar o saber dominante, essa educação problematizada poderia e pode tornar mais evidente a cultura popular no interior escolar.
A proposta de uma educação voltada para a diversidade coloca a todos nós, educadores, o grande desafio de estarmos atentos às diferenças econômicas, sociais e raciais e de buscar o domínio de um saber crítico que permita interpretá-las. Nesta proposta educacional, será preciso rever o saber escolar e também investir na formação do educador, possibilitando-lhe uma formação teórica diferenciada da eurocêntrica.
E o ponto de partida é repensar as práticas pedagógicas e curriculares, levando em consideração a pluralidade cultural. Nesse sentido ressalta Candau (2002):
A inclusão do tema pluralidade cultural no processo educacional procura favorecer a mudança de mentalidades, superar o preconceito e combater atitudes discriminatórias. Estas são as finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito mútuo, o que é tarefa da sociedade como um todo. Nesse processo se afirma que a escola tem um papel central no combate à discriminação, na divulgação das contribuições das diferentes culturas e na eliminação dos conceitos preconceituosos a respeito dos grupos e povos que conformam o Brasil (CANDAU, 2002, p. 138).
Embora seja um desafio uma escola igualitária, é possível a construção deuma escola que reconheça que os alunos são diferentes, que possuem uma cultura diversa e que repense o currículo, a partir da realidade existente dentro de uma lógica de igualdade e de direitos sociais. Assim, pode-se perceber que a exclusão escolar não está relacionada somente com o fator econômico e social, como também relacionada à sua origem étnica. Contudo enfatiza Laraia (2000):
Cada sistema cultural está sempre em mudança. Entender está dinâmica é importante para atenuar o choque entre as gerações e evitar comportamentos preconceituosos. Da mesma forma que é fundamental para a humanidade a compreensão das diferenças entre povos de culturas diferentes, é necessário entender as diferenças que ocorrem dentro do mesmo sistema. Este é o único procedimento que prepara o homem para enfrentar serenamente este constante e admirável mundo novo do porvir (LARAIA, 2000.p.105).
Nesta perspectiva é intrigante e preocupante que até meados do século XX a África era vista nas escolas como país e não como um continente. Hoje, é possível perceber uma historiografia e antropologia sobre a África diferente, porém ainda carente, precisando ser levadas a sério e principalmente para dentro da escola, reconhecidas e tratadas de maneira crítica, abrindo possibilidades para que os preconceitos passem a ser questionados e o espaço escolar passe a ser um local de conhecer a história e raízes culturais até então negadas e omitidas.
A lei 11.645/08 vem trazer para a escola uma série de questões que antes eram silenciadas, ou simplesmente ignoradas pela comunidade escolar. Essa lei é de fundamental importância para que haja um reconhecimento da pluralidade da sociedade brasileira, que foi e é formada por diferentes histórias e culturas, diferenças estas que também se fazem presentes no espaço escolar.
Pensar no espaço escolar como um local de diferentes sujeitos de diferentes, como território atravessado pela diversidade cultural, é pensar no trabalho em que o professor exercerá enquanto mediador das relações de ensino aprendizagem, relações éticas e conflitos de ideologias. De forma que ensinar para os alunos que a nação brasileira é fundamentalmente pluriétnica e que nenhum grupo ou povo é superior ao outro, é importante pra construir junto com esse aluno a noção de heterogeneidade cultural, diferença e respeito. 
Com o intuito de combater preconceitos ligados a determinantes como gênero, raça, religião, deficiências, padrões culturais, desigualdades e discriminações que sofre a população negra e indígena no Brasil, foi sancionada a Lei 11.645 de 2008, no governo Luiz Inácio Lula da Silva, que torna obrigatório “o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena” no debate educacional brasileiro e nos encaminhamentos das políticas públicas para a educação.
Art. 1º da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afrobrasileira e indígena.
§ 1o O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas sociais, econômica política pertinentes à história do Brasil.
§ 2o Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira e dos povosindígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, emespecial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileira. (NR)
 Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 10 de março de 2008; 187º da Independência e 120º da República (BRASIL, 2008).
Desta forma, os conteúdos selecionados devem incluir diferentes aspectos da história e cultura desses dois grupos étnicos, não somente o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros, mas também a história dos povos indígenas no Brasil. Destacar como é a cultura negra e indígena brasileira na formação da sociedade nacional, resgatando suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil. O documento do Parecer nº 03/2004 destaca: 
A Lei 10639 e, posteriormente, a Lei 11645, que dá a mesma orientação quanto à temática indígena, não são apenas instrumentos de orientação para o combate à discriminação. São também Leis afirmativas, no sentido de que reconhecem a escola como lugar da formação de cidadãos e afirmam a relevância de a escola promover a necessária valorização das matrizes culturais que fizeram do Brasil o país rico,múltiplo e plural que somos (BRASIL, 2004, p. 5).
Se a questão da alienação racial remete diretamente à questão da unidade do gênero humano, a destruição do racismo, enquanto ideologia burguesa, só pode ser efetivada com a emancipação da humanidade como gênero para si. Enquanto essa revolução política com alma social não se efetiva, os negros tentam sobreviver de cota em cota, numa sociedade racista, individualista e alienada. (SILVA, 2012, p. 109).
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Como profissionais da área da Educação, somos constantemente, instigados pelas questões que possam gerar ou desmistificar qualquer tipo de preconceito em sociedade, principalmente no âmbito escolar. Por essa razão, nos propusemos a estudar as reinvindicações e propostas na Lei nº 11.645/08 das Diretrizes Curriculares Nacionais para a necessidade de se trabalhar no ensino escolar, em todos os graus, a Educação das Relações Étnico raciais, que tem como objetivo disseminar a igualdade de direito e uma educação de qualidade para todos os brasileiros. 
Uma educação que não se remete apenas ao direito dos conteúdos (ler, escrever, contar), mas também à formação para a cidadania, responsável pela 6948 construção de uma sociedade mais justa e democrática, assim como o reconhecimento e valorização da história, cultura e identidade dos descendentes de africanos e indígenas. 
Por essa razão, faz-se necessário estudar a Lei nº 11.645/08, para melhor compreende-la; investigar se essa demanda por reparações nas escolas está sendo trabalhada; como estão sendo adotadas as políticas educacionais e de estratégias pedagógicas de valorização da diversidade, a fim de superar a desigualdade étnico-racial presente na educação escolar brasileira, nos diferentes níveis de ensino. 
Nesta perspectiva, propõe-se à divulgação e produção de conhecimentos, na área da educação que possam direcionar tanto os profissionais da educação, estudantes na formação de professores, como toda uma comunidade atentos às discussões a que propõe a Lei nº 11.645/08, no que diz respeito a formação de atitudes, posturas e valores de cidadãos pertencentes aos grupos, descendentes de africanos, povos indígenas, descendentes de europeus, de asiáticos para interagirem na construção de uma nação democrática, em que todos, igualmente, tenham seus direitos garantidos e sua identidade valorizada. 
O levantamento bibliográfico sobre a temática mostrou que as políticas afirmativas surgem, no atual contexto escolar, como uma tentativa de humanizar o capitalismo, combatendo seus efeitos mais perversos, como é o caso da discriminação. Busca-se a integração dos povos indígenas e afrodescendentes nos processos democráticos e econômicos da sociedade por meio da política de ação afirmativa destinada, majoritariamente, à escola, sem que isso possibilite alguma mudança no contexto estrutural da sociedade e na vida desses povos. 
Em nossas conclusões, acreditamos ser importante refletirmos por que foi pensada e implantada uma política de ação afirmativa para as minorias no intuito de amenizar o preconceito e a discriminação a partir da escola, atentarmos para o interesse, neste momento, pela questão cultural. Para tanto, é imprescindível compreendermos e interpretarmos os textos elaborados e contidos nas reformas políticas, na legislação, assim como nos documentos dos destinados à educação. 
Para isso, devemos ler o que está explícito e implícito, nas entrelinhas para intervir criticamente nesse processo. Verificamos em nossos estudos que essa preocupação, mais acentuada da inserção dos grupos discriminados como mulheres, negros e indígenas está ocorrendo sem que haja qualquer alteração nas relações sociais.
Conclui-se, então, que a lei, por si só, não garante que a História e Cultura Afro-brasileira e Indígena serão realmente trabalhadas nas salas de aulas, sendo que, a partir das observações, no nosso entender é na figura do professor que se encontra o sujeito principal, mas não único, na aplicação ou não dessa lei no espaço escolar. Vai ficar a cargo desse profissional a forma como ele lidará com esse “novo” desafio, levando em conta as dificuldades e buscando soluções para as mesmas.
REFERENCIAS 
BRASIL. Ministério da Educação. Secretária Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília, 2004. Disponível em <http://www.uel.br/projetos/leafro/pages/arquivos/DCN-s%20>. Acesso em: 09 de abril de 2017.
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer nº 03, de 10 de março de 2004. Dispõe sobre as diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana. Brasília, DF, 2004. Acesso em: 20 abril. 2017. 
BRASIL 2008. Ministério da Educação. Secretária Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília, 2008. Disponível em <http://www.uel.br/projetos/leafro/pages/arquivos/DCN-s%20>. Acesso em: 01 de maio de 2017.
MUNANGA, Kabengele. Negritude: Usos e sentidos. 2 ed. São Paulo: Ática, 1988._____. “Uma abordagem conceitual das noções de raça, racismo, identidade e etnia”. Palestra proferida no 3º Seminário Nacional de Relações Raciais e Educação - PENESB-RJ, 05/11/03. _____. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: identidade nacional versus identidade negra. 3 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
SILVA, U. B. Racismo e alienação: uma aproximação à base ontológica da temática racial. São Paulo: Instituto Lukács, 2012 pagina 109.
CANDAU 2002 . Pagina 138.
LARAIA 2000. PAGINA 105.

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