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A pulsão e seus destinos Freud - 1915 Professora: Márcia Candelaria OS DESTINOS DA PULSÃO Uma investigação sobre os diferentes destinos que as pulsões poderão ter ao longo de seu desenvolvimento e de sua vida terá de se limitar às pulsões sexuais, pois são estas que conhecemos melhor. A observação mostra que os destinos de tais pulsões podem ser: A transformação em seu contrário. O redirecionamento contra a própria pessoa. O recalque. A sublimação. A transformação em seu contrário A transformação em seu contrário, se observada mais de perto, se desmancha em dois processos distintos: no redirecionamento de uma pulsão da atividade para a passividade na inversão do conteúdo. Redirecionamento de uma pulsão da atividade para a passividade São fornecidos pelos pares de opostos: sadismo — masoquismo vontade de olhar — exibição. A transformação em seu contrário só se refere às metas da pulsão; a meta ativa: torturar, ficar olhando, é substituída pela passiva: ser torturado, ser olhado. Inversão do conteúdo Pode ser encontrada apenas no caso de transformação do amor em ódio. O redirecionamento contra a própria pessoa O masoquismo é um sadismo voltado contra o próprio Eu e que a exibição inclui a contemplação do próprio corpo. O masoquista compartilha o gozo [mitgeniesst] implicado na agressão contra a sua pessoa e que o exibicionista se compraz com seu próprio desnudamento. O essencial nesse processo é, portanto, a troca do objeto sem alteração da meta. No caso do par de opostos sadismo-masoquismo, o processo pode ser representado da seguinte maneira: (a) O sadismo consiste no exercício de violência ou poder sobre uma outra pessoa como objeto. (b) Esse objeto é abandonado e substituído pelo eu do indivíduo. Com o retorno em direção ao eu, efetua-se também a mudança de uma finalidade instintual ativa para uma passiva. (c) Uma pessoa estranha é mais uma vez procurada como objeto; essa pessoa, em consequência da alteração que ocorreu na finalidade ipulsional, tem de assumir o papel do sujeito. As pulsões cuja finalidade respectiva é olhar e exibir-se (escopofilia e exibicionismo, na linguagem das perversões) (a) O olhar como uma atividade dirigida para um objeto estranho. (b) O desistir do objeto e dirigir a pulsão escopofílica para uma parte do próprio corpo do sujeito; com isso, transformação no sentido de passividade e o estabelecimento de uma nova finalidade – a de ser olhado. (c) Introdução de um novo sujeito diante do qual a pessoa se exibe a fim de ser olhada por ele. A pulsão escopofílica é autoerótica; Ela possui na realidade um objeto, mas esse objeto é parte do próprio corpo do sujeito. Só mais tarde é que a pulsão é levada, por um processo de comparação, a trocar esse objeto por uma parte análoga do corpo de outrem. Ficamos habituados a denominar a fase inicial do desenvolvimento do ego, durante a qual suas pulsões sexuais encontram satisfação autoerótica, de ‘narcisismo’, sem de imediato travarmos um debate sobre a relação entre o autoerotismo e o narcisismo. Os destinos pulsionais, que consistem no fato da pulsão retornar em direção ao próprio ego do sujeito e sofrer reversão da atividade para a passividade, se acham na dependência da organização narcisista do ego e trazem o cunho dessa fase. Correspondem talvez às tentativas de defesa que, em fases mais elevadas do desenvolvimento do ego, são efetuadas por outros meios O amor não admite apenas um, mas três opostos. Além da antítese ‘amar-odiar’, existe a outra de ‘amar-ser amado’; além destas, o amar e o odiar considerados em conjunto são o oposto da condição de desinteresse ou indiferença. Essa situação é a de amar-se a si próprio, que consideramos como sendo o traço característico do narcisismo. Então, conforme o objeto ou o sujeito seja substituído por um estranho, o que resulta é a finalidade ativa de amar ou a passiva de ser amado – ficando a segunda perto do narcisismo. Talvez cheguemos a uma melhor compreensão dos vários opostos do amar, se refletirmos que nossa vida mental como um todo se rege por três polaridades, as antíteses Sujeito (ego) – Objeto (mundo externo), Prazer – Desprazer, e Ativo – Passivo.
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