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AULA 10 RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS CAUSADOS POR EMPRESAS DE TELECOMUNICAÇÕES Nesta aula, examinaremos as normas pertinentes a um segmento técnico imprescindível e de íntima relação como nossas vidas: As telecomunicações. É impossível a vida atual sem os nossos equipamentos, que variam desde o aparelho celular até a TV. Todos correlacionados a diversos serviços: • Telefonia móvel; • Internet; • TV por assinatura. Obviamente, não nos limitamos a esses normativos, pois foram elencados por terem uma intervenção maior em nossas vidas como consumidores. A ANATEL: GENERALIDADES As agências reguladoras foram criadas para fiscalizar a prestação de serviços públicos praticados pela iniciativa privada. Além de controlar a qualidade na prestação do serviço, estabelecem regras para o setor. Além disso, devem garantir a participação do consumidor nas decisões pertinentes do setor regulado. Elas são criadas por leis e, entre AS PRINCIPAIS FUNÇÕES DE UMA AGÊNCIA REGULADORA, estão: Elaboração de normas disciplinadoras para o setor regulado: • Fiscalização dessas normas • Defesa de direitos do consumidor • Gestão de contratos de concessão de serviços públicos delegados • Incentivo à concorrência, minimizando os efeitos dos monopólios naturais e desenvolvendo mecanismos de suporte à concorrência Atenção É preciso entender que as agências reguladoras não solucionam um caso individual como fazem os Procons, por exemplo. Por outro lado, as denúncias feitas para essas agências são essenciais para tornar o problema conhecido e melhorar a qualidade dos serviços. Realizadas as reclamações, processos administrativos são instaurados e, dependendo do caso, a empresa poderá ser multada ou sofrer sanções administrativas, como a suspensão temporária do fornecimento do serviço. Também tem a capacidade de expedir normas operacionais e de serviço, como forma de regulamentar a atividade econômica fiscalizada, adaptando-se ao ritmo de desenvolvimento tecnológico e ao crescente atendimento das demandas dos consumidores. Sendo assim, temos a ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações), criada em 1997, que promove o desenvolvimento das telecomunicações no país. A ANATEL tem independência administrativa e financeira e não está subordinada a nenhum órgão de governo. A Anatel tem poderes de outorga, regulamentação e fiscalização e deve adotar medidas necessárias para atender ao interesse do cidadão no setor de telecomunicações. A APLICABILIDADE DAS NORMAS DA ANATEL RELATIVOS ÀS RELAÇÕES DE CONSUMO: O artigo 7º da Lei 8.078 de 1990 gera uma relação de permeabilidade com as demais fontes do direito que guardam pertinência com a proteção e defesa do consumidor. É previsão legal aberta do sistema consumerista que faz com que o microssistema consumerista seja constantemente atualizado e pormenorizado em decorrência da integração com outras fontes complementares dos direitos do consumidor. Destacamos que a primeira linha de defesa e proteção do consumidor é a Lei 8.078 de 1990. Entretanto, isso não impede, desde que seja mais benéfica ao consumidor, o emprego de fontes complementares. Eis sua reprodução: Lei 8.078 de 1990: Art. 7 - Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de tratados ou convenções internacionais de que o Brasil seja signatário, da legislação interna ordinária, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princípios gerais do direito, analogia, costumes e equidade. Passemos a uma singela análise exemplificativa: Art. 7: Os direitos previstos neste código não excluem outros decorrentes de (...) regulamentos expedidos pelas autoridades administrativas competentes... Atenção: In casu, por força Da Lei 9.472 de 1997 (organização dos serviços de telecomunicações), art. 8º combinado com o Decreto nº 2.338, de 7 de outubro de 1997, especialmente no seu anexo II, foi aprovado o Regulamento da Agência Nacional de Telecomunicações – ANATEL. A Lei n° 9.472, de 16 de julho de 1997, em seu artigo 19, define as competências da ANATEL, a saber: Art. 19. À Agência compete adotar as medidas necessárias para o atendimento do interesse público e para o desenvolvimento das telecomunicações brasileiras, atuando com independência, imparcialidade, legalidade, impessoalidade e publicidade, e especialmente: I - implementar, em sua esfera de atribuições, a política nacional de telecomunicações; IV - expedir normas quanto à outorga, prestação e fruição dos serviços de telecomunicações no regime público; VI - celebrar e gerenciar contratos de concessão e fiscalizar a prestação do serviço no regime público, aplicando sanções e realizando intervenções; X - expedir normas sobre prestação de serviços de telecomunicações no regime privado; XI - expedir e extinguir autorização para prestação de serviço no regime privado, fiscalizando e aplicando sanções; XII - expedir normas e padrões a serem cumpridos pelas prestadoras de serviços de telecomunicações quanto aos equipamentos que utilizarem; XIII - expedir ou reconhecer a certificação de produtos, observados os padrões e normas por ela estabelecidos; XIV - expedir normas e padrões que assegurem a compatibilidade, a operação integrada e a interconexão entre as redes, abrangendo inclusive os equipamentos terminais; XV - realizar busca e apreensão de bens no âmbito de sua competência; XVI - deliberar na esfera administrativa quanto à interpretação da legislação de telecomunicações e sobre os casos omissos; XVII - compor administrativamente conflitos de interesses entre prestadoras de serviço de telecomunicações; XVIII - reprimir infrações dos direitos dos usuários; XIX - exercer, relativamente às telecomunicações, as competências legais em matéria de controle, prevenção e repressão das infrações da ordem econômica, ressalvadas as pertencentes ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). Sendo assim, a ANATEL é a entidade que tem a legitimidade e capacidade técnica de melhor regulação pertinente às telecomunicações. Principais normativos Como função típica de regular o extenso mercado de telecomunicações, considerando o objeto de nossas aulas, nos limitamos às normas pertinentes as relações de consumo. Para tanto, por mera amostragem, apresentamos as seguintes normas: RESOLUÇÃO ANATEL N 477/2007 -SMP SERVIÇO MOVEL PESSOAL RESOLUÇÃO ANATEL N614/13 – SCM – SERVIÇO DE COMUNICAÇÃO MULTIMIDIA RESOLUÇÃO ANATEL N 488/07 -STA SERVIÇO DE TV ANALOGICA A seguir, detalhes acerca das normas apresentadas: Resolução ANATEL nº 477 de 2007 – SMP - Serviço Móvel Pessoal Discriminamos alguns direitos pertinentes a este normativo: Art. 3º Para fins deste Regulamento, aplicam-se as seguintes definições: XV - Estação Móvel: estação de telecomunicações do SMP que pode operar quando em movimento ou estacionada em lugar não especificado; XX - Portabilidade de Código de Acesso: facilidade que possibilita ao usuário de serviço de telecomunicações manter o Código de Acesso a ele designado, independentemente de prestadora de serviço de telecomunicações ou de Área de Prestação do serviço; XXX - Usuário: pessoa natural ou jurídica que se utiliza do SMP, independentemente de contrato de prestação de serviço ou inscrição junto à prestadora. DEFINIÇÃO DOS DIREITOS DOS USUÁRIOS: Art. 6º Respeitadas as disposições constantes deste Regulamento bem como as disposições constantes do Termo de Autorização, os Usuários do SMP têm direito a: I - liberdade de escolha de sua prestadora; V - conhecimento prévio de toda e qualquer alteração nas condições de prestação do serviço que lhe atinja; VI – obter, mediante solicitação, a suspensão do serviço prestado; X - resposta eficiente e pronta, pela prestadora, às suas reclamações, solicitações de serviços, pedidos de informação, consultas e correspondências; XII - reparação pelos danos causados pela violação dos seus direitos; XXIII - transferência de titularidade de seu Contrato de Prestaçãodo SMP; APLICAÇÃO DO CPDC: Art. 9º Os direitos e deveres previstos neste Regulamento não excluem outros previstos na Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990, na regulamentação aplicável e nos contratos de prestação firmados com os Usuários do SMP. Resolução ANATEL nº 614 de 2013 - SCM - Serviço de Comunicação Multimídia Discriminamos alguns direitos pertinentes a este normativo: Art. 4º Para os fins deste Regulamento, aplicam-se as seguintes definições: I - Acesso em Serviço: acesso que está ativado e prestando serviço ao usuário; II - Área de Prestação de Serviço: área geográfica de âmbito nacional onde o SCM pode ser explorado conforme condições preestabelecidas pela Anatel; III - Assinante: pessoa natural ou jurídica que possui vínculo contratual com a Prestadora para fruição do SCM; IV - Centro de Atendimento: órgão da Prestadora de SCM responsável por recebimento de reclamações, solicitações de informações e de serviços ou de atendimento ao Assinante; V - Conexão à Internet: habilitação de um terminal para envio e recebimento de pacotes de dados pela Internet, mediante a atribuição ou autenticação de um endereço IP; VII - Informação Multimídia: sinais de áudio, vídeo, dados, voz e outros sons, imagens, textos e outras informações de qualquer natureza. XII - Plano de Serviço: documento que descreve as condições de prestação do serviço quanto às suas características, ao seu acesso, manutenção do direito de uso, utilização e serviços eventuais e suplementares a ele inerentes, preços associados, seus valores e as regras e critérios de sua aplicação; XIII - Prestadora: pessoa jurídica que mediante autorização presta o SCM; XIX - Setor de Atendimento: estabelecimento que pode ser mantido pela Prestadora, no qual o Assinante tem acesso ao atendimento presencial prestado por pessoa devidamente qualificada para receber, orientar, esclarecer e solucionar qualquer solicitação efetuada; XXI - Velocidade: capacidade de transmissão da informação multimídia expressa em bits por segundo (bps), medida conforme critérios estabelecidos em regulamentação específica. CONTRATO: Art. 39. Deve constar do contrato de prestação do serviço com o Assinante: I - a descrição do seu objeto; II - os direitos e obrigações da Prestadora, constantes do Capítulo III deste Título; III - os direitos e deveres dos Assinantes, constantes do Capítulo V deste Título; IV - os encargos moratórios aplicáveis ao Assinante; V - a descrição do sistema de atendimento ao Assinante e o modo de proceder em caso de solicitações ou reclamações; VI - o número do Centro de Atendimento da Prestadora, a indicação dos endereços para atendimento por correspondência e por meio eletrônico, e os endereços dos Setores de Atendimento da Prestadora, quando existirem, ou a indicação de como o Assinante pode obtê-los; VII - as hipóteses de rescisão do Contrato de Prestação do SCM e de suspensão dos serviços a pedido ou por inadimplência do Assinante; VIII - a descrição do procedimento de contestação de débitos; IX - os critérios para reajuste de preços, cuja periodicidade não pode ser inferior a doze meses, a menos que a lei venha regular a matéria de modo diverso; X - os prazos para instalação e reparo. Resolução ANATEL nº 488 de 2007 - STA - Serviço de TV por Assinatura Discriminamos alguns direitos pertinentes a este normativo: Art. 2º Para fins deste Regulamento são adotadas as seguintes definições: II - Assinante: pessoa natural ou jurídica que firma contrato com a Prestadora para fruição do serviço; III - Assinatura: valor pago periodicamente pelo Plano de Serviço contratado; IX - Ponto-Principal: primeiro ponto de acesso à programação contratada com a Prestadora instalado no endereço do Assinante; X - Ponto-Extra: ponto adicional ao ponto principal, de acesso à programação contratada, ativado no mesmo endereço do ponto principal do Assinante; XI - Ponto-de-Extensão: ponto adicional ao ponto principal, de acesso à programação contratada, ativado no mesmo endereço do Ponto-Principal do Assinante, que reproduz, integral e simultaneamente, sem qualquer alteração, o canal sintonizado no Ponto-Principal ou no Ponto-Extra. DOS DIREITOS DOS ASSINANTES: Art. 3º São direitos do Assinante: I - acesso aos serviços de televisão por assinatura, com padrões de qualidade e regularidade adequados à sua natureza em sua Área de Prestação de Serviço, conforme condições ofertadas ou contratadas; II - liberdade de escolha de sua Prestadora e do Plano de Serviço; III - não discriminação quanto às condições de acesso e fruição do serviço, desde que presentes as condições técnicas necessárias, observado o disposto na regulamentação vigente; IV - prévio conhecimento das condições de contratação, prestação, fidelização e suspensão dos serviços, especialmente, dos preços cobrados, bem como a periodicidade e o índice aplicável, em caso de reajuste; VI - não suspensão do serviço sem sua solicitação, salvo por débito diretamente decorrente de sua utilização ou por descumprimento de condições contratuais; VII - respeito à sua privacidade nos documentos de cobrança e na utilização de seus dados pessoais pelas Prestadoras do serviço; VIII - obtenção de resposta às solicitações de informações e às reclamações apresentadas junto às Prestadoras do serviço, podendo o Assinante exigir que a resposta seja dada por escrito; X - reparação dos danos causados pela violação de seus direitos; XI - adequada prestação do serviço que satisfaça às condições de regularidade, respeito no atendimento, cumprimento de normas e prazos procedimentais; XIII - restabelecimento da prestação dos serviços: a) em até 48 (quarenta e oito) horas, contadas a partir da quitação dos débitos pendentes; ou b) em até 24 (vinte e quatro) horas, a partir da comprovação da quitação ou de erro de cobrança nos termos da legislação vigente. XXI - devolução, em dinheiro, das quantias pagas em decorrência de cobrança indevida, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido dos mesmos encargos aplicados pela prestadora aos valores pagos em atraso; DAS INTERRUPÇÕES DO SERVIÇO E DAS QUEDAS DO SINAL: Art. 6º O Assinante que tiver o serviço interrompido, por tempo superior a 30 (trinta) minutos, deve ser compensado pela Prestadora, por meio de abatimento ou ressarcimento, em valor proporcional ao da Assinatura, correspondente ao período de interrupção. § 1º No caso de programas pagos individualmente, a compensação será feita pelo seu valor integral, independente do período de interrupção. § 2º A duração da interrupção de que trata o caput, o valor e a forma de compensação devem: I – constar no documento de cobrança do mês em que se der a interrupção se esta ocorrer antes da sua emissão; ou II – constar do documento de cobrança do mês subsequente em que se der a interrupção se esta ocorreu após a emissão deste. Art. 7º As manutenções preventivas, ampliações da rede ou quaisquer alterações no sistema, que provocarem queda da qualidade dos sinais transmitidos ou a Interrupção do Serviço oferecido pelas Prestadoras, deverão ser realizadas, preferencialmente, em dias úteis e comunicadas aos Assinantes potencialmente afetados, informando a data e a duração da interrupção, com antecedência mínima de 3 (três) dias. DA SUSPENSÃO DO SERVIÇO A PEDIDO DO ASSINANTE: Art. 12. O Assinante que estiver adimplente pode requerer à Prestadora, sem ônus, a suspensão do serviço contratado, uma única vez, a cada período de 12 (doze) meses, pelo prazo mínimo de 30 (trinta) dias e o máximo de 120 (cento e vinte) dias, mantendo a possibilidade de restabelecimento, sem ônus, da prestação do serviço contratado no mesmo endereço. Parágrafo único. A prestadora tem o prazo de 24 (vinte e quatro) horas para atender à solicitação a que se refere este artigo. Questão 1: Sobre a contratação de serviços de telecomunicações, com base nos postulados legais e entendimentos jurisprudenciais, analise os itens a seguir e assinale a opção incorreta: RESPOSTA: Não há que sefalar em relação jurídica consumerista, no que se refere à prestação de serviço de telecomunicações, uma vez que se trata de natureza constitucional, devendo o Estado promover tal atividade, podendo, entretanto, delegá-la para outrem.
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