Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Sejam bem-vindos à Fisiologia Vegetal Professor: Sérgio Araujo Figueiredo E-mail: sergioaf@unb.br Senha de acesso ao Moodle (A, B, E, F): ABEF22017 Fisiologia Vegetal “funcionamento das plantas” Como as plantas funcionam? Como as plantas respondem aos estímulos abióticos? Como as plantas respondem aos estímulos bióticos? Por quê? Como? Influência do homem Níveis de estudo de fisiologia vegetal Macro (ecofisiologia) Micro (celular e subcelular) Planta (individualizada) UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA – UnB INSTITUTO DE BIOLOGIA – IB DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA – BOT FISIOLOGIA VEGETAL - 122084 Prof. Sérgio Araujo Figueiredo Água Aula 1 Importância, propriedades, potencial químico e potencial hídrico Por que estudar a água? 1. Produção de alimentos (frutas) 1. Produção de alimentos (hortifrutigranjeiros) 1. Produção de alimentos (grãos - consumo humano e animal) 2. Produção de plantas ornamentais 3. Produção de plantas medicinais e condimentos 4. Jardins e paisagismo 4. Irrigação 5. Produção de bebidas (processamento industrial) 6. Ecossistemas Efeito da disponibilidade de água na produtividade das plantas 1. Principal constituinte do protoplasma (>90% da massa total) 2. Participa de reações químicas: 2.1. Fotossíntese: doador de prótons; CO2 + H2O →(luz + clorofila)→ [CH2O]n + O2 2.2. Respiração: produto; C6H12O6 + O2 → 6CO2 + 12H2O + Energia 3. Solvente universal 4. Meio das reações bioquímicas 5. Meio de transporte nos vegetais (xilema, floema, célula-célula) 6. Participa da conformação estrutural de macromoléculas (proteínas, DNA, etc) 7. Responsável pelo turgor dos vegetais (pressão de turgor – vacúolos) Funções da água nos vegetais (importância) Funções da água nos vegetais (importância) 8. Participa de movimentos nos vegetais (ganho/perda de água dos vacúolos): 8.1. Abertura/fechamento estomático 8.2. Dobramento noturno de folíolos em leguminosas 8.3. Abertura/fechamento de flores em resposta a temperatura 9. Tampão térmico: responsável pela homeostase: 9.1. Elevado calor específico 9.2. Elevado calor latente de vaporização (44 KJ.mol-1) 10. Outros Processos fisiológicos afetados pelo déficit hídrico Planta – parte % água MF Alface – folha nova 94.3 Cenoura – raiz madura 90.3 Batata – tubérculo 79.8 Coco – endosperma sólido 50.9 Amendoim – semente 5.2 Água - informações gerais 1. Constituinte mais abundante nos vegetais – ex.: 2. Água nas células: . 90-95%: vacúolo e protoplasma . 5-10%: parede celular Stucliffe,1980 3. Em média: 1g matéria orgânica sintetizada → ~ 500g água 4. Miller (1938) – milho: a. ± 98% da água absorvida é perdida pela transpiração b. ~0.2% é utilizada na fotossíntese Estrutura da molécula de água (H2O) 1. Eletricamente neutra, embora polar (dipolo) Ponte de hidrogênio Ligação covalente 2. Interação com outras moléculas via pontes de hidrogênio: ligações fracas ~20KJ.mol-1 3. Arranjamento espacial: tetraédrico Propriedades físico-químicas da água 1. Solvente universal – razões a. Pequeno tamanho molecular b. Molécula neutra polar (dipolo) c. Capacidade de dissolução de íons (camadas de solvatação) Solvatação de íons Propriedades físico-químicas da água 1. Solvente universal – razões F = e1 . e2 D . r2 Substância D (constante dielétrica a 25oC) Água 78.4 Metanol 33.6 Etanol 24.3 Benzeno 2.3 Hexano 1.9 a. Pequeno tamanho molecular b. Molécula neutra polar (dipolo) c. Capacidade de dissolução de íons (camadas de solvatação) d. Isolante elétrico (solvente de íons e moléculas) – elevada constante dielétrica (D) 2. Térmicas: molécula atípica e biologicamente importante 2.1. Ponto de fusão 2.2. Ponto de ebulição 2.3. Calor latente de fusão 2.4. Calor latente de vaporização 2.5. Calor específico • Líquida à temperatura ambiente • Controle homeostático Liofilização Geadas Transpiração Substância Fórmula Química Quant de H Ponto de Fusão (oC) Calor de fusão (J.g-1) Ponto de ebulição (oC) Calor de vaporização (J.g-1) Metano CH4 4 -184 58 -161 556 Amônia NH3 3 -78 452 -33 1.234 Água H2O 2 0 335 100 2.452 Fluoreto de H HF 1 -92 - 19 - Comparação entre propriedades físicas e químicas da água com as de outros compostos com estruturas similares, que têm 10 prótons e 10 elétrons Fonte: Kerbauy, 2004 3. Adesão e coesão 3.1. Coesão: entre moléculas de mesma natureza ............... tensão superficial 3.2. Adesão: entre moléculas de natureza diferente ............. capilaridade Adesão Coesão Coesão das moléculas de água Tensão Pressão Quanto de tensão (pressão negativa) é necessário para se romper uma coluna d’água dentro de um capilar (p.ex. xilema)? Aproximadamente -30 MPa!!!! 3.1. Elevada tensão superficial É a propriedade que um líquido possui de manter as moléculas unidas na sua superfície como consequência das forças intermoleculares 3.1. Elevada tensão superficial Substância (20oC) Tensão superficial (mN.m-1) Água 72.8 Azeite 32 Etanol 22.3 Glicerina 63.1 Mercúrio 465 3.1. Elevada tensão superficial Fonte: https://www.thoughtco.com/surface-tension 3.1. Elevada tensão superficial Importância biológica / agronômica - quebra da tensão superficial 1. Esterelização de material biológico (ex.: cultura de tecidos vegetais) 2. Aplicação de adubação foliar 3. Aplicação de herbicidas, fungicidas, etc 3.2. Capilaridade É a capacidade ou característica que os líquidos apresentam de se movimentar em tubos capilares ou de fluir através de corpos porosos, causada pela adesão das moléculas de água e pela tensão superficial 3.2. Capilaridade 3.2. Capilaridade Exemplo de uso laboratorial Cromatografia de papel 3.2. Capilaridade Exemplo de uso diário Limpeza 4. Baixa viscosidade Disponibilidade e fluxo de água nas plantas – Termodinâmica H = entalpia S = entropia T = temperatura (Kelvin) Energia Livre de Gibbs (2a Lei da Termodinâmica - aumento da entropia do universo) . É uma medida da energia máxima disponível dentro do sistema para conversão em trabalho (pressão e temperatura constantes) . A energia livre de um sistema depende da quantidade da substância presente, sendo por isso uma característica extensiva da substância 1. Potencial Químico e Potencial Hídrico ΔG = ΔH - TΔS 1.1- Potencial Químico (𝝭i) . É a medida da energia livre por mol da substância “i” (característica intensiva) capaz de realizar “trabalho" . É sempre comparada com um estado referência para a substância em estudo . Unidade: energia (J.mol-1) Componentes do potencial químico µ= µ* + RTlnα + zFE +VP + mgh • µ* = potencial químico de referência • RTlnα = solutos (diretamente relacionado com concentração) • zFE = elétrico • VP = pressão • mgh = gravitacional Componentes do potencial químico µ= µ* + RTlnα + zFE +VP + mgh • zFE = potencial elétrico da água é zero (não tem cargas) µ= µ* + RTlnα + zFE +VP + mghX µ = µ* + RTlnα + VP + mgh Para soluções diluídas a temperatura e pressão constantes, o potencial químico é, aproximadamente, proporcional à concentração (expressa em termos de atividade) µi = RT ln ai ai = 𝛾iCi ai = atividade efetiva 𝛾i = coeficiente de atividade a espécie i Ci = concentração da espécie i µ = µ* + RTlnα + VP + mghXX 1.2. Potencial da água ou potencial hídrico (𝝭a ou 𝝭w ou 𝝭h) 𝝭 = µa - µa* Va Conceito É o potencial químico da água num sistema (ou parte dosistema) comparado com o potencial químico da água pura, dividido pelo volume parcial molal da água, à temperatura constante • Potencial hídrico é expresso em unidades de pressão (bar, atm, MPa) (1 MPa = 10 bares = 9,87 atm) • a (água pura): por definição é zero (referência) µ = µ* + RTlnα + VP + mgh µ - µ* = RTlnα + VP + mgh µ - µ* = RTlnα + VP + mgh Va Va Va Va𝝭a = 𝝭s + 𝝭p + 𝝭g Componentes do Potencial de Água (𝝭h ou 𝝭a) 1. Potencial osmótico (𝝭s ou 𝝭𝜋) • O potencial osmótico (potencial de soluto) é causado pela presença de partículas de soluto na água • A adição de solutos reduz o potencial hídrico da água por efeito de diluição e por efeito de solvatação • O 𝝭s poderá ser nulo (água pura) ou negativo (solução, suspensão) por reduzir o 𝝭a 𝝭a = 𝝭s + 𝝭p + 𝝭g 𝝭a = 𝝭s + 𝝭p + 𝝭g + 𝝭m . Em função da presença de substâncias insolúveis na água, pela adesão da água a estas substâncias, surge o potencial matricial (𝝭m) Unidade: MPa Equação de van’t Hoff: utilizada para o cálculo do 𝝭s 1. Potencial osmótico (𝝭s ou 𝝭𝜋) Onde: R: constante universal dos gases (8,314 j mol-1 k-1); T: temperatura em Kelvins; cs: concentração dos solutos na solução (osmolalidade: mol L-1) Obs.: se o soluto se dissociar, o número de íons deve ser considerado 𝝭s = -RTcs 1. Potencial osmótico (𝝭s ou 𝝭𝜋) 2. Potencial de pressão (𝝭p) O 𝝭p pode assumir os seguintes valores: • P = 0 (plasmólise incipiente) • P = (-) (pressão negativa ou tensão, sucção, empuxo vasos de xilema) • P = (+) (pressão positiva em células vivas, conhecida com pressão de turgor) • É a capacidade de produzir pressão hidrostática • Quando aumentamos a pressão, aumentamos a energia livre e o potencial químico em um sistema Plasmólise . Plasmólise incipiente: 𝝭p = 0 Potencial de pressão e turgor das plantas Alongamento celular e 𝝭p Processo complexo 2. Reorientação das microfibrilas de celulose na parede celular 1. Afrouxamento das ligações entre as microfibrilas de celulose da parede celular 3. Participação de vários hormônios vegetais (ex. auxinas) 4. Aumento do 𝝭p (entrada de água na célula) Alongamento celular e 𝝭p Exemplo: mitose 3. Potencial matricial (𝝭m) • Relativo a adsorção de moléculas de água em superfícies hidrofílicas (proteínas, carboidratos, parede celular, solo, etc) • Efeito (consequência): reduz o 𝝭a • Nas células, é desprezível • Dependente da natureza da superfície hidrofílica e da distância entre a superfície e as moléculas de água adsorvidas • Responsável por diversos processos: 1. Hidratação ou embebição de sementes para germinação 2. Retenção de água nas particulas do solo 3. Outros 3. Potencial matricial (𝝭m) 4. Potencial gravitacional (𝝭g) • Insignificativo a nível celular, nas folhas e raízes, entre galhos • Considerar somente em árvores altas: 10 m → 0.1 MPa 𝝭g = 𝜌a.g.h Componentes do Potencial de Água (𝝭h ou 𝝭a) Resumo Visão geral dos efeitos dos componentes do 𝝭h sobre o 𝝭h Potencial pressão- Potencial pressão+ Bomba de Scholander Possibilita a medição do potencial hídrico de partes da planta Bomba de Scholander Variação do potencial hídrico celular 𝝭a = 𝝭s + 𝝭p Variação do potencial hídrico celular 1. Fase inicial Devido à rigidez da parede celular, na fase inicial, a redução do 𝝭a está relacionada com mais com a redução do 𝝭p do que com a diminuição do 𝝭s 𝝭a 𝝭p 𝝭s . A redução do 𝝭a de 0 para -2 MPa promoveu uma diminuição de 5% do volume da célula . O 𝝭p reduziu de -2,2 MPa para -0,8 MPa . O 𝝭s diminuiu de -2,2 MPa para -2,5 MPa Neste exemplo … Variação do potencial hídrico celular 2. Fase final A redução do 𝝭a está relacionada com mais com uma redução do 𝝭s do que com a diminuição do 𝝭p 𝝭a 𝝭p 𝝭s MPa Volume Relativo da Célula 0 0,5 -0,5 -1,0 -1,5 -2,0 -2,5 1,0 1,5 2,0 1,0 ψ ψ ψ P a s Variação do potencial hídrico celular (Diagrama de Höfler) Plasmólise incipiente
Compartilhar