Buscar

168703011917 AOB XXI SENT MUT E EMEN LIB

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 7 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

www.cers.com.br 
 
1 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
2 
CORRELAÇÃO ENTRE A ACUSAÇÃO E SENTENÇA: A MUTATIO E A EMENDATIO LIBELLI 
 
O princípio da correlação entre a acusação e sentença visa garantir um julgamento nos estritos limites da acusação, evitando 
assim um julgamento extra petita ou ultra petita. 
Contudo, as expressões citra petita, extra petita e ultra petita, conforme empregadas no processo civil, não se aplicam ao pro-
cesso penal, uma vez que naquele o juiz está, em regra, adstrito ao pedido, enquanto neste deve julgar conforme "a impu-
tação". 
Ocorre que no processo penal a acusação compreende o que chamamos imputação (que significa a narrativa fática da qual o 
réu é acusado) e o pedido (no qual o Ministério Público ou o querelante formula o pedido de condenação, indicando o artigo de 
lei imputado ao réu). Assim, devemos observar a seguinte fórmula: 
 
Acusação = Imputação + Pedido 
Por tal motivo, questão relevante dentro do processo penal brasileiro diz respeito aos institutos da EMENDATIO LIBELLI e 
MUTATIO LIBELLI, consagrados respectivamente nos arts. 383 e 384 do Código de Processo Penal. 
O tema é dos mais cobrados em todos os concursos públicos do país, para as mais diversas carreiras jurídicas, e não poderia 
ser diferente no exame da Ordem dos Advogados do Brasil. 
Ao tratar das sentenças, o Título XII do CPP, buscando garantir o princípio da correlação entre a acusação e sentença, dispõe: 
Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídi-
ca diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave. 
§ 1o Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de proposta de suspensão condicional 
do processo, o juiz procederá de acordo com o disposto na lei. 
§ 2o Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão encaminhados os autos. 
 
Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em conseqüência de 
prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Pú-
blico deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o 
processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. 
§ 1o Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o art. 28 deste Código. 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
3 
§ 2o Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o aditamento, o juiz, a requerimento de 
qualquer das partes, designará dia e hora para continuação da audiência, com inquirição de testemunhas, novo inter-
rogatório do acusado, realização de debates e julgamento. 
§ 3o Aplicam-se as disposições dos §§ 1o e 2o do art. 383 ao caput deste artigo. 
§ 4o Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o 
juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento. 
§ 5o Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá. 
 
Emendatio Libelli 
Imagine a seguinte hipótese: 
Na denúncia o Ministério Público narra: 
“naquele dia..., naquele horário..., naquele local..., o denunciado passou correndo pela vítima, puxou sua bolsa e fu-
giu...” 
(...) 
Diante do exposto, requer seja recebida a denúncia, citado o réu para responder aos termos da ação penal, e, ao final, 
julgado procedente o pedido para condenar o réu nas penas do art. 157 do CP.” 
 
Verificamos claramente que o fato narrado indica a prática de um crime de furto, ou seja, o descrito pelo órgão de acusação 
em sua “causa de pedir”, que aqui chamamos “imputação”, foi o crime previsto no art. 155 do CP. 
Entretanto, por um equívoco, que pode até mesmo decorrer de um erro material, o pedido formulado indicou o artigo de lei 
referente ao crime de roubo (art. 157 do CP.). 
Pergunta-se: poderá o juiz julgar o réu por furto tendo o órgão de acusação formulado o pedido nas penas do art. 157 do CP? 
A resposta é: Lógico que sim! 
No processo penal o juiz não julga o pedido, O JUIZ JULGA OS FATOS! Daí a máxima: narra 
mihi factum dabo tibi jus (narra-me o fato e eu te darei o direito). 
Repare que, na hipótese acima indicada, foi possível ao réu defender-se amplamente dos fatos, já que os réus não se defen-
dem de um número, e sim dos fatos que se encontram narrados na denúncia ou na queixa. 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
4 
Na emendatio libelli, na qual se enquadra a hipótese acima narrada, a denúncia se encontra perfeitamente adequada aos 
fatos, apresentando apenas um erro na tipificação ou qualificação jurídica, sendo permitido ao juiz operar uma correção ou 
emenda. 
Assim, Emendatio Libelli é o ato permitido ao juiz de, na sentença, corrigir eventual erro da denúncia ou queixa na classifica-
ção do delito (art. 383 CPP). O juiz faz a correção independentemente de qualquer diligência, mesmo aplicando pena mais 
grave. Neste caso, aplica-se a máxima: “narra os fatos e o juiz aplica o direito”. O réu não se defende da tipificação indicada 
pelo órgão de acusação, e sim dos fatos narrados. Portanto, se a instrução criminal confirma a narrativa fática contida na 
imputação da denúncia, viabilizando o contraditório e a ampla defesa, não há qualquer impedimento a que o juiz faça a ade-
quação da definição jurídica ao tipo penal correto, independentemente de aditamento. 
Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe definição jurídi-
ca diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave. 
§ 1o Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de proposta de suspensão condicional 
do processo, o juiz procederá de acordo com o disposto na lei. 
§ 2o Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão encaminhados os autos. 
 
Pergunta relevante surge acerca da possibilidade da referida correção (emendatio libelli) ocorrer em momento anterior à ins-
trução criminal, já que o instituto está previsto dentro do Título XII do Código de Processo Penal, que trata da Sentença. 
Qual seria o momento ideal para se operar a emendatio? 
Grande parte da doutrina e da jurisprudência defendem que tal instituto somente poderia ser aplicado pelo juiz no momento em 
que os autos fossem conclusos para sentença. 
Contudo, vários autores sustentam que não haveria qualquer óbice à sua aplicação até mesmo no momento do recebimento 
da exordial, ou ainda, após a apresentação da resposta à acusação de que trata o art. 396 do CPP. Isso porque a emendatio 
nada mais é que uma mera correção, sem que qualquer alteração se opere na narrativa fática. Além disso, um mero erro (mui-
tas vezes material) na tipificação poderia inviabilizar institutos em verdade devidos ao caso concreto, como por exemplo, a 
suspensão condicional do processo, ou ainda, o emprego de um rito processual inadequado à hipótese, além das questões 
relacionadas à legitimidade e competência. 
Este último posicionamento foi, inclusive, adotado pela banca examinadora no VIII Exame Unificado. 
 
Mutatio Libelli 
Maior preocupação surge quando ocorre a necessidade de se operar uma mutatio libelli. 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
5 
Mutatio significa mudança, indicando que, na instrução criminal, fase de colheita de provas durante o processo, fica demons-
trado que os fatos praticados pelo agente são diferentes daqueles narrados na exordial. 
Vamos agora imaginar esta outra hipótese: 
Narra a denúncia: 
No dia..., horário..., local..., o denunciado, com animus furandi, ingressou na residência de seu vizinho de lá retirandodolosamente as obras de arte de propriedade do mesmo... 
(...) 
Diante do exposto, requer seja recebida a denúncia, citado o réu para responder aos termos da ação penal, e, ao final, 
julgado procedente o pedido para condenar o réu nas penas do art. 155 do CP.” 
 
Repare que neste último caso o pedido encontra-se adequado à narrativa fática. Entretanto, suponhamos que, durante a ins-
trução criminal, a vítima e o próprio denunciado, bem como testemunhas, produzam provas que demonstrem que na verdade a 
vítima havia deixado as referidas obras de arte, antes de uma viagem, na posse de seu vizinho, ora réu, e que, ao retornar e 
procurar o mesmo para pegar os objetos, o mesmo recusou-se a devolvê-los. 
A denúncia neste caso narrava furto, porém, durante o processo, a prova mostrou-se diversa, os fatos mudaram, já que ficou 
comprovado o crime de apropriação indébita. 
Ora! Quem se defendeu de subtrair coisa alheia móvel não se defendeu de ter a posse lícita da coisa e ter invertido o animus 
da posse... 
Assim, para garantir o contraditório e a ampla defesa, faz-se totalmente necessária a alteração da narrativa apresentada na 
denúncia. 
No momento em que o sistema processual penal adotado no Brasil é o sistema acusatório, no qual o juiz é inerte e imparcial e 
a ação penal pública foi entregue privativamente ao Ministério Público, somente este poderá alterar os fatos narrados na de-
núncia, sob pena de violação dos princípios acusatório, da inércia, da imparcialidade, do devido processo legal e da congruên-
cia ou correlação entre acusação e sentença. 
Assim, a Mutatio Libelli ocorrerá quando, no curso da instrução processual, surgir prova de elementar ou circunstância não 
contida na peça acusatória. Nesse caso, deverá o Ministério Público aditar a exordial, com posterior oitiva da defesa, respei-
tando-se assim o contraditório, a ampla defesa e o sistema acusatório. 
Nesse sentido, preleciona o art. 384 do CPP: 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
6 
Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato, em conseqüência de 
prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Pú-
blico deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o 
processo em crime de ação pública, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. 
§ 1o Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o art. 28 deste Código. 
§ 2o Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o aditamento, o juiz, a requerimento de 
qualquer das partes, designará dia e hora para continuação da audiência, com inquirição de testemunhas, novo inter-
rogatório do acusado, realização de debates e julgamento. 
§ 3o Aplicam-se as disposições dos §§ 1o e 2o do art. 383 ao caput deste artigo. 
§ 4o Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) dias, ficando o 
juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento. 
§ 5o Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá. 
 
Qual o momento ideal para o aditamento à denúncia, operando-se a mutatio libelli? É evidente que a mutatio depende do 
surgimento das provas durante a instrução criminal, motivo pelo qual é inviabilizada em momento anterior. Contudo, o que se 
espera do Promotor de Justiça é, tão logo surja referida prova nova, promova, espontaneamente, a alteração devida, de forma 
a garantir o contraditório, a ampla defesa e a congruência. 
Não o fazendo espontaneamente, o juiz poderá, exercendo o papel de fiscal do princípio da obrigatoriedade, aplicar o art. 28 
do CPP. 
O aditamento à denúncia configura-se, assim, medida essencial a assegurar os princípios processuais penais. Portanto, caso 
surjam provas durante o processo que indiquem que o crime supostamente praticado é distinto do que se encontra na inicial 
acusatória e o Ministério Público não proceda ao aditamento, deverá o réu ser absolvido, por não ter sido aquele o crime por 
ele praticado. 
Da mesma forma, importante ressaltar que o limite para aditamento é a sentença de 1º. grau, não sendo possível inovação em 
fase de recurso, o que caracterizaria supressão de instância. 
Neste sentido, veja-se a Súmula 453 do STF: 
Não se aplicam à segunda instância o Art. 384 e parágrafo único do Código de Processo Penal, que possibilitam dar 
nova definição jurídica ao fato delituoso, em virtude de circunstância elementar não contida, explícita ou implicitamen-
te, na denúncia ou queixa. 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
7

Outros materiais