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AULA 7

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ECA
 Aula 7 - Medidas de Proteção, Medidas Aplicáveis aos Pais ou Responsáveis e Medidas Socioeducativas
Medidas de Proteção
Como vimos até então, a CRFB, em seu artigo 227, recepcionado pelo ECA e outras legislações, assegura uma série de direitos à criança e ao adolescente, estabelecendo como obrigados a sociedade, os pais e o Estado. Diante disto, o artigo 98 do ECA estabelece que as medidas de proteção serão aplicadas sempre que houver violação dos direitos das crianças e adolescentes por "ação ou omissão da sociedade ou do Estado", ou "por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável".
Mas não somente a sociedade, o Estado ou os pais podem dar ensejo à aplicação dessas medidas. O inciso III do artigo 98 também elenca o próprio comportamento da criança ou adolescente como causa de aplicação de medidas protetivas. Neste caso não se verificam necessariamente omissões ou abusos de terceiros. Tais hipóteses correspondem principalmente, mas não exclusivamente, aos casos de cometimento de atos infracionais, que serão vistos adiante, ou quando estes menores usam drogas, se prostituem etc. Em todas essas três hipóteses contidas no artigo 98, podemos afirmar que a criança ou adolescente se encontra em situação de risco.
Comentário sobre o Artigo 98: IMPORTANTE: Medidas de Proteção, como a própria nomenclatura diz, reflete a natureza destas medidas, ou seja, destinam-se à proteção de crianças e adolescentes incursas nas hipóteses do artigo 98 do ECA. Isto porque a legislação menorista está embasada na doutrina da proteção integral, que reconhece na criança e no adolescente indivíduos portadores de necessidades peculiares, não se olvidando a sua condição de pessoas que se encontram em fase de desenvolvimento psíquico e físico, condição que os coloca em posição de merecedores de especial atenção por parte do Estado, da sociedade e dos pais ou responsáveis.
E quais são essas medidas? Sua previsão consta, em rol exemplificativo, no artigo 101 do ECA. 
Medida 1: Encaminhamento aos pais ou responsáveis, mediante termo de responsabilidade: Esta é uma medida adequada àquelas hipóteses nas quais não ocorre maior gravidade. Um bom exemplo seria o caso de uma fuga de uma criança ou do adolescente, ou em casos de omissão de terceiros em relação a deveres inerentes à guarda. Primeiro, procura-se a reitegração familiar, e para isso faz-se um estudo social da família, para saber se é adequado ou não o retorno da criança ou do adolescente ao lar. Se for, lavra-se o terno de responsabilidade, que irá conter diretrizes que devem ser seguidas pelos pais.
Medida 2: Orientação e acompanhamento temporário: Se o estudo social da família não for favorável, e de trata de um caso onde não há uma causa que possa ser incluída dentre as hipóteses de tratamento médico-psicológico, e onde não exista omissão imputável aos pais ou responsável, a criança ou o adolescente será orientado e encaminhado a algum programa ou tratamento, que poderá ser realizados pelo conselho tutelar ou por serviços de assistência social, ou, ainda, por serviços especializados do próprio judiciário, onde existam.
Medida 3: Matrícula e frequência em estabelecimento oficial de ensino fundamental: Estão diretamente ligadas à evasão e frequência escolares. Assim, verificado que a criança ou o adolescente não estejam matriculados, é feita ou determinada a matrícula destes imediatamente. 
Medida 4: Inclusão em programas ou oficial de auxílio à família, a criança e ao adolescente; requisição de tratamento médico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial; Inclusão em programas oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos: estas medidas são sob as que melhor se coadunam àquelas situações, muito comuns, em que violações dos direitos das crianças e adolescentes resultam de situação econômico-financeiras de dificuldade (ex: desnutrição), ou que envolvam, direta ou indiretamente, questões de saúde, ou de dependência química ou psíquica à drogas e àlcool. A grande dificuldade surge do fato de que o aparelho estatal ainda não conta com suficientes recursos para prover tratamentos em quantidades condizentes com a demanda.
Medida 5: Acolhimento institucional, inclusão em programa de acolhimento familiar, ou colocação em família substituta: os incisos VII,VIII e IX do art 101 tratam das situações já estudadas na Aula 3; quando crianças e adolescentes não podem exercer um dos seus direitos básicos, qual seja o de convívio familiar. São medidas, portanto, que devem ser aplicadas com extrema cautela, ficando reservadas para situações extremas, quando a permanência da criança ou adolescente em um determinado ambiente familiar lhe seja visivelmente mais prejudicial.
Comentário do professor: IMPORTANTE: Além dessas medidas, sempre que for identificada a falta do registro civil de crianças e adolescentes, é ordenada a lavratura do mesmo com base nos dados existentes (ex: menor abandonado), faz-se entao exame ósseo ou de arcada dentária, para presumir a idade. Os registros, nestas situações, são isentos de multa, custas e emolumentos, como qualquer averbação, inclusive certidão de óbito (apesar da prestação de serviços ter caráter privado, o registro e a tarefa notarial são públicosm subordinando-se à Lei, que estabelece preços e pode dispor sobre casos de gratuidade). 
Quem aplica essas medidas?
A aplicação das medidas protetivas não é necessariamente judicial. As medidas dos incisos I a VII do artigo 101 do ECA podem ser aplicadas também pelo Conselho Tutelar, ex vi do artigo 136, inc. I, do ECA. Da mesma forma, o artigo 93 prevê a possibilidade de que as entidades que mantenham programa de acolhimento institucional poderão, em caráter excepcional e de urgência, acolher crianças e adolescentes sem prévia determinação da autoridade competente, fazendo comunicação do fato em até 24 (vinte e quatro) horas ao Juiz da Infância e da Juventude, sob pena de responsabilidade.
Nas demais hipóteses, a aplicação da medida é judicial.
Para a propositura da ação de medida de proteção, poderá o órgão valer-se de infrações e elementos de convicção encaminhados pelo Conselho Tutelar ou outros órgãos, como, ainda, requisitar informações, exames, perícias e documentos de autoridades municipais, estaduais e federais, da administração direta ou indireta, bem como promover inspeções e diligências investigatórias, e também requisitar informações e documentos a particulares e instituições privadas.
Para aferição de qual a medida mais adequada dentre as aplicáveis, pode o julgador valer-se de estudo social, cuja realização pode ser determinada de ofício ou por requerimento das partes.
Critérios de aplicação das medidas de proteção
As medidas de proteção podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo. Na aplicação dessas medidas levar-se-ão em conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários; a condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos; a proteção integral e prioritária; a responsabilidade primária e solidária do poder público; bem como a oitiva obrigatória e a participação da criança e do adolescente, nos atos e na definição da medida de promoção dos direitos e de proteção.
Das medidas aplicáveis aos pais e responsáveis
Quando crianças e adolescentes necessitam de medidas de proteção ou praticam atos infracionais, percebe-se que muitas vezes é imprescindível alguma intervenção em suas famílias. Assim, o ECA prevê a aplicação de medidas também aos pais ou responsáveis destes menores, a fim de proteger o ambiente familiar, adequando-o ao desenvolvimento da criança ou do adolescente.
Tais medidas se encontram previstas nos artigos 129 e 130 do ECA, e são aplicadas tanto pelo juiz quanto pelo conselho tutelar, em caso de violação da integridade física, psíquica e/ou moral da criança ou do adolescente, por omissão, abuso ou opressão dos pais ou responsável.
O artigo 130 determina que verificadaa hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento do agressor da moradia comum. A lei 12415, de 2011 incluiu o parágrafo único no referido artigo, determinando que da medida cautelar constará, ainda, a fixação provisória dos alimentos de que necessitem a criança ou o adolescente dependentes do agressor.
OBS: As medidas previstas nos incisos I a VI do artigo 129 têm natureza tutelar, e não de sanção, e o descumprimento das mesmas configura a infração administrativa do art. 249, também do ECA.
A medida prevista no inciso VII tem a característica de orientação e repressão, sendo possível sua aplicação toda vez que os pais ou responsáveis descuidarem na assistência e proteção de seus filhos. Ela tem a finalidade de avisar aos pais (ou responsáveis) que seus filhos estão na iminência de entrar em situação de risco pessoal. Ela é reduzida a termo, em audiência, com a presença do representante do Ministério Público.
A medida do inciso VIII ocorre quando os pais ou responsáveis deixam de prover as necessidades básicas de subsistência da criança ou do adolescente, permitindo que seus direitos sejam ameaçados ou violados.
No inciso IX, temos a aplicação de medida especificamente ao tutor, quando este for negligente em suas obrigações, ocasionando a violação ou ameaça dos direitos do tutelado. Assim, o tutor será destituído do encargo.
E no inciso X, temos a previsão de medidas mais severas, como a suspensão e a destituição do poder familiar, para os casos mais graves. A suspensão é uma medida transitória e temporária, podendo os pais ter restabelecido o poder familiar, desde que desapareçam os motivos ensejadores da medida. Já a destituição tem caráter duradouro, só podendo ser restabelecido o poder familiar através de procedimento judicial e contraditório.
IMPORTANTE: Em casos graves, como maus tratos ou abuso sexual, pode haver o afastamento do agressor, por determinação judicial, da moradia comum, tornando-o assim, um ambiente seguro e tranquilo para a criança ou adolescente.
Medidas socioeducativas
As medidas socioeducativas encontram-se previstas no artigo 112 do ECA, e são aplicáveis somente aos adolescentes que praticam atos infracionais. O artigo 103 do ECA prevê que o ato infracional é a conduta descrita como crime ou contravenção penal, praticado por menores de 18 anos de idade. O estudo do ato infracional será aprofundado na AULA 9.
Vale lembrar que crianças (menores de 12 anos de idade) também praticam atos infracionais. Porém, por força do artigo 105, do ECA, a elas são aplicáveis somente medidas de proteção, em razão do legislador ter considerado a falta de maturidade das mesmas.
ATENÇÃO: As medidas socioeducativas não possuem natureza punitiva, mas sim um caráter pedagógico e visam à proteção e à educação do adolescente em conflito com a lei.
CRITÉRIOS DE APLICAÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
Antes de definir estas medidas, o legislador preocupou-se em preservar a dignidade do adolescente infrator por meio das garantias e ainda definir as regras para a sua aplicação. Assim, no art. 112, o legislador, ao cuidar das medidas a serem aplicadas, o fez de forma a garantir a ressocialização do adolescente, tanto que, além de apontar as seis espécies de medidas socioeducativas, previu a possibilidade de cumulá-las com as medidas previstas no art. 101 (medidas de proteção), exceto as que visem à colocação em família substituta. Além disso, elas podem ser também substituídas a qualquer tempo, por outra que se mostre mais adequada de acordo com a peculiaridade de cada caso. Ainda no artigo 112, no parágrafo 1º, conjugado com o art. 113, o legislador indicou os critérios a serem observados pelo juiz no momento da escolha da medida mais adequada. Clique aqui para visualizar estes critérios.
1) capacidade do infrator para cumprir a medida: não obstante ser ele inimputável, possui discernimento;
2) circunstâncias e conseqüências do fato: leva-se em consideração o modus operandi e as peculiaridades do ato;
3) antecedentes, referentes ao cometimento de outras infrações;
4) gravidade da infração: o comportamento do infrator no cometimento do ato;
5) necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários.
Obs.: O legislador, no parágrafo 3º do artigo 112, não eximiu os adolescentes portadores de doença mental da aplicação dessas medidas. Apenas previu que sejam aplicadas de forma individual e em local especializado. Como a medida socioeducativa deve guardar nexo de proporcionalidade com o ato praticado, exigiu o legislador que, para a imposição das medidas descritas nos incisos II a V do art. 112, restem suficientemente comprovadas a autoria e a materialidade do ato infracional. Já para a medida de advertência, descrita no inciso I, a exigência ficou restrita à prova da materialidade e apenas indícios de autoria.
AS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
Advertência – art. 115 – conforme definição legal, consiste numa espécie de admoestação verbal, reduzida a termo em audiência (audiência admonitória) e assinada pelo adolescente e seus responsáveis, com o objetivo de alertar o adolescente sobre os riscos decorrentes da sua conduta. Na prática, consiste em conscientizar o adolescente do ato praticado e das suas conseqüências, levando-o a se comprometer a não mais incidir na mesma conduta. Por se tratar da medida socioeducativa mais branda prevista pelo ECA, ela está restrita aos atos infracionais de natureza leve, COMETIDOS SEM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEÇA, e envolvendo adolescente sem antecedentes.
Obrigação de reparar o dano – art. 116 – o legislador estatutário reservou esta medida aos atos infracionais de natureza patrimonial. Como envolve um tipo de obrigação que normalmente deve ser exercida pelos pais, nos moldes da lei civil, o legislador determinou que esta medida só poderá ser aplicada se o adolescente tiver condições de cumpri-la por si mesmo. Caso não tenha, a medida terá de ser substituída por outra. Ainda para facilitar, determinou que esta medida pode ser cumprida com a restituição da coisa, com o ressarcimento, ou outra forma que compense o prejuízo da vítima. O exemplo que se tornou conhecido pela sociedade foi a imposição desta medida a alguns adolescentes que tiveram que pintar o muro do Maracanã como forma de reparação do dano. O objetivo desta medida não é expor o adolescente ao constrangimento, mas sim, levá-lo a compreender o prejuízo causado e a repará-lo, na medida do possível. 
Prestação de serviço à comunidade – art. 117 – esta medida tem um caráter educativo, na medida em que o adolescente realizará uma atividade útil para a sociedade e que, de certa forma, contribui para a formação de seus valores. Não obstante o seu caráter pedagógico, como envolve o trabalho, o legislador, além de condicionar a sua aplicação às condições pessoais do adolescente, estabeleceu prazo máximo de seis meses, com a possibilidade de extensão a uma jornada máxima de oito horas semanais, sem prejuízo do horário escolar ou profissional. Vale lembrar que esta medida não se confunde com prestação de trabalho forçado (art. 112, § 2º), e é realizada através de convênios com hospitais, escolas, etc.
Liberdade assistida – arts. 118 e 119 – esta medida é a mais apropriada quando uma medida mais leve se mostrar ineficaz, ou quando o adolescente infrator não se revelar perigoso ao ponto de se recomendar uma medida mais severa. Assim, esta medida será aplicada sempre que se mostrarem necessários o acompanhamento, o auxílio e a orientação ao adolescente infrator. É uma limitação ao estilo de vida do adolescente infrator, redimensionando suas atividades, valores e convivência familiar. O legislador determinou o prazo mínimo de seis meses para a sua aplicação, já que não se pode prever o tempo necessário para se ressocializar um adolescente que esteja envolvido com a prática de ato infracional. Esta medida, nos dias de hoje, é a que mais temresgatado os nossos adolescentes, porque, na prática, além de o menor continuar sob os cuidados de sua família, ainda é monitorado pelo juiz, na pessoa de um Orientador. Dada a importância do papel desse Orientador, o legislador apontou uma gama de a serem observados por ele (artigo 119, ECA), dentre os quais o de diligenciar a freqüência escolar e a profissionalização do adolescente, e apresentar relatório, de forma a subsidiar a análise judicial acerca da necessidade da manutenção, substituição, extinção ou regressão da medida. 
 Semiliberdade – art. 120 – trata-se de uma medida que pode ser aplicada desde o início (autônoma) ou como forma de transição para o meio aberto. Aplicam-se a ela as disposições relativas à internação, desde que compatíveis. Tal como na medida de internação, não comporta prazo determinado, e sua manutenção deve ser reavaliada pela autoridade judicial, no máximo, a cada seis meses. É da essência dessa medida o exercício de atividades externas durante o dia, podendo o adolescente estudar e trabalhar, porém devendo pernoitar na instituição onde se encontra acolhido. Na prática, dar efetividade a esta medida é um tanto difícil, devido a falta de entidades voltadas a esta finalidade. 
Internação - A internação é a medida socioeducativa que consome mais disposições do ECA, sendo tratada pelos artigos 121 a 125. Tal medida é privativa de liberdade, ficando o adolescente internado em estabelecimento próprio para esse fim, não podendo permanecer internado em sede policial ou em estabelecimento prisional. A medida de internação é regida, consoante artigo 121, pelos princípios da brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. Passemos a analisar as disposições do ECA que buscam garantir a eficácia de tais princípios.
Em apreço ao princípio da brevidade, a medida de internação, embora não tenha prazo determinado na sentença pelo juiz, deverá ser cumprida, em regra, por um prazo máximo de três anos. Dizemos em regra porque o ECA prevê alguns outros prazos de grande importância. Dessa forma, existe a previsão no ECA dos seguintes prazos máximos:
· Três anos: prazo estabelecido pelo art. 121, par. 3º; muito embora seja necessário atentar para o artigo 45 da Lei 12594/12, que passa a prever a unificação de medidas de internação, caso o adolescente esteja cumprindo medida socioeducativa de internação e venha a praticar novo ato infracional que motive nova medida de internação, hipótese em que poderá haver a unificação. No entanto, o artigo é claro no sentido de que o adolescente não poderá ser julgado por ato praticado antes da internação e nem em caso de já ter passado ao cumprimento de medida menos gravosa. Outra disposição clara é no sentido de que deve ser respeitado o artigo 121, parágrafo 5º do ECA. Ou seja, a medida não pode ultrapassar os 21 anos.
· 45 dias: prazo estabelecido no art. 108 para a internação provisória;
· Três meses: prazo estabelecido no par. 1º do art. 122, relativo à medida de internação sanção, em caso de medida anteriormente imposta e descumprida de forma injustificada e reiterada. A lei 12.594/12 promoveu alteração neste parágrafo, muito embora não tenha atingido o prazo em si. A modificação diz respeito à exigência do devido processo legal para que a medida possa ser aplicada. Passa a dispor o parágrafo 1º.:
“§ 1o O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo não poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser decretada judicialmente após o devido processo legal.”
· Seis meses: prazo máximo estabelecido para a reavaliação da medida de internação.
Com isso, podemos afirmar que a internação é medida privativa de liberdade que não comporta prazo determinado na sentença, mas que comporta prazo máximo de três anos para que o adolescente permaneça internado, desde que tenha sido reavaliada mediante decisão fundamentada no máximo a cada seis meses. A reavaliação é direito subjetivo do adolescente, sendo cabível a impetração de mandado de segurança para que ela seja realizada, pois possibilitará que o adolescente seja desinternado assim que a medida não se mostre mais necessária. Também tem sido aceita a impetração de habeas corpus e deferida a ordem para realização da reavaliação. Durante a internação, é possível a realização de atividades externas, a critério da equipe técnica da entidade, salvo disposição judicial em contrário. Com a inclusão do parágrafo 7º no artigo 121 do ECA, pela Lei 12594/12, o juiz poderá voltar a permitir a realização das atividades externas, caso a tenha proibido. Atingido o prazo máximo de três anos, o adolescente será liberado ou passará a cumprir medida de semiliberdade ou de liberdade assistida. 
O prazo máximo de três anos deve ser analisado conjuntamente com a idade máxima permitida para o cumprimento da internação, que é de 21 anos, consoante disposto no parágrafo 5º do artigo 121. Tal limite máximo de idade foi estabelecido pelo legislador justamente levando em conta o prazo máximo de três anos. Se não houvesse a possibilidade de aplicação da internação até os 21 anos, o adolescente que praticasse o ato próximo à data de completar a maioridade provavelmente não receberia a medida. O legislador pensou em atingir até mesmo o adolescente que deixasse para praticar o ato infracional no último momento antes de completar a maioridade. Seja qual for o motivo da desinternação, essa somente será realizada mediante decisão judicial fundamentada, não sendo automática em nenhuma hipótese. Caso o adolescente não seja liberado ao completar três anos de internação ou quando atingir 21 anos, passará a existir ilegal privação de liberdade, sendo cabível habeas corpus. Também será cabível o writ no caso de inadequação da medida de internação, caso em que se admite a progressão para semiliberdade ou até mesmo para liberdade assistida.
O quadro abaixo demonstra as principais distinções entre as medidas protetivas e as medidas socioeducativas:
 Medidas protetivas Medidas sócioeducativas
 
Destinários Crianças e adolescentes Adolescentes(adolescente em conflito com a lei)
Hipóteses de cabimento Situações de risco( art 98) Prática de ato infracional
ROL exemplificativo Taxativo
Autoridade competente Em regra o Conselho Tutelar Justiça da Infância e Juventude 
A medida socioeducativa de INTERNAÇÃO 
A internação é a última do rol das medidas socioeducativas, e está prevista no art. 121, do ECA. Ela é a única das medidas socieducativas que implica na privação da liberdade do adolescente, que, apesar disso, pode realizar atividades externas a critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa determinação judicial em contrário. 
Comentário do professor sobre internação: 
A internação não comporta prazo determinado, devendo sua manutenção ser reavaliada pelo juiz, no máximo, a cada seis meses. E o seu período máximo não excederá a três anos, ocasião em que o adolescente deverá ser liberado, colocado em regime de semiliberdade ou de liberdade assistida. Além disso, haverá a liberação compulsória do infrator quando este completar vinte e um anos de idade. Em qualquer das hipóteses a desinternação será precedida de autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
A medida de internação só poderá ser aplicada nas seguintes hipóteses:
- quando tratar-se de ato infracional cometido mediantegrave ameaça ou violência à pessoa; 
- por reiteração no cometimento de outras infrações graves; 
- por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta (neste caso, excepcionalmente o prazo da internação não poderá ser superior a três meses). 
O STJ vem decidindo de maneira recorrente que não é cabível a internação pela mera prática de ato infracional análogo ao crime de tráfico de drogas. Recentemente foi editada a súmula 492.
A Súmula 492 estabelece que “o ato infracional análogo ao tráfico de drogas, por si só, não conduz obrigatoriamente à imposição de medida socioeducativa de internação do adolescente”.
O STJ já entendeu que o Juiz poderia aplicar a medida se o tráfico for o quarto ato infracional dotado de gravidade, caso em que estará configurada a reiteração no cometimento de outras infrações graves, a justificar a medida com base no artigo 122, II do ECA. Atualmente, o STJ entende que deve ser analisado o caso concreto. Caracterizada a reiteração no cometimento de infrações graves, será possível a aplicação da medida de internação.
A internação deverá ser cumprida em entidade exclusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, compleição física e gravidade da infração. E durante o período de internação, inclusive provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas para o adolescente. 
O adolescente privado de liberdade possui os direitos previstos nos artigos 124 e 125, do ECA. 
A internação deve ser cumprida em local específico, separando-se os adolescentes por idade, gravidade da infração e compleição física. Estes critérios visam separar os adolescentes em situação de internação daqueles apenas acolhidos em função do art. 98, do ECA. Assim, os adolescentes infratores também não podem ser internados em delegacias de polícia, salvo em caráter temporário e excepcional, devido a inexistência de local apropriado, caso em que lhes será assegurada a incomunicabilidade com os demais presos.
IMPORTANTE: Além das medidas socioeducativas previstas no artigo 112 do ECA, podem ser aplicadas, a título delas, as medidas de proteção previstas no artigo 101, I a VI do ECA. 
 
 
MEDIDAS PROTETIVAS	MEDIDAS SÓCIOEDUCATIVAS
DESTINATÁRIOS	Crianças e adolescentes	Adolescentes(adolescente em conflito com a lei)
HIPÓTESES DE CABIMENTO	Situações de risco (artigo 98)	Prática de ato infracional
ROL
exemplificativo	taxativo
AUTORIDADE COMPETENTE	Em regra o conselho tutelar	Justiça da Infância e Juventude

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