Buscar

AULA 10

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

ECA
 Aula 10 - Infrações administrativas previstas pelo ECA, e o procedimento de apuração de infrações administrativas às normas de proteção à criança e ao adolescente
Os Crimes
O ECA prevê infrações de duas espécies: penais e administrativas. Podemos perceber que a distinção se encontra na gravidade das condutas praticadas. As condutas descritas como crime são bem mais ofensivas ao bem jurídico tutelado e por isso são alvo do Direito Penal, muito embora acreditemos que, neste capítulo do ECA, o princípio da intervenção mínima, que deve lastrear o Direito Penal, não se encontra presente, como nas condutas descritas nos artigos 228 e 229, que acreditamos que poderia ser descrita como infração administrativa, não apresentando lesividade suficiente que fundamente a interferência do Direito Penal.
De acordo com o artigo 225, as previsões do ECA não afastam as previsões da legislação penal, o que significa que as crianças ou adolescentes podem ser sujeitos passivos de crimes previstos no Código Penal (como maus tratos, homicídio, crimes sexuais contra vulnerável, etc.), assim como na lei especial (tortura, tráfico, etc.). 
Quanto ao artigo 226, é importante destacar que as normas gerais do Código Penal devem ser aplicadas apenas às infrações penais, e não às administrativas. 
Por fim, a previsão do artigo 227 é desnecessária, pois a partir do momento em que a lei não traz outra modalidade de ação penal, incide a regra, sendo ela pública incondicionada, não havendo necessidade de tal disposição expressa.
A competência dos delitos contra a infância e juventude são da Vara Criminal da respectiva Comarca e não da Justiça da Infância e Juventude, que não julga a prática de crimes. Foto: Marcelo Franco, O Globo (site), publicado em 10/08/2007.
os crimes previstos pelo ECA:
FASE POLICIAL
Inicia-se com a apreensão em flagrante do adolescente, seguida de seu encaminhamento à delegacia de polícia especializada (se houver), a fim de ser lavrado ou o auto de apreensão em flagrante ou o boletim de ocorrência circunstanciado, conforme a natureza do ato infracional praticado (vide arts. 172 e 173 do ECA). Ao chegar à delegacia, a autoridade competente deve comunicar imediatamente a apreensão ao juiz, aos pais ou responsável do adolescente ou pessoa por ele indicada, sob pena de responder pelo crime do art. 231 do ECA.
Hipóteses de cabimento:
a) Auto de apreensão em flagrante - Se o ato foi praticado com violência ou grave ameaça à pessoa.
b) Boletim de ocorrência - Se o ato não foi praticado com violência ou grave ameaça à pessoa.
No art. 173, além de prever o procedimento a ser adotado em sede policial, o legislador ainda apontou as providências a serem tomadas, a fim de se comprovar a autoria e a materialidade, bem como a garantia de direito contida no artigo 107 do ECA. Ainda nessa fase, previu a possibilidade de liberação ou não do infrator pela autoridade policial (art. 174, ECA). Para tanto, o delegado e as demais autoridades terão que se pautar pelas regras do art. 122 do ECA, que admite a internação quando o ato infracional for cometido mediante violência ou grave ameaça à pessoa. Observação: Como o Estatuto não definiu o significado de ato infracional de natureza grave, por conta dessa omissão a doutrina majoritária adotou um critério com base na lei penal para definí-lo, entendendo por ato infracional de natureza grave como sendo o ato análogo ao crime apenado com pena de reclusão.
Ressalte-se que a internação admitida antes da sentença é a denominada internação provisória, pautada no art. 108 do ECA, baseada em indícios de autoria e materialidade e necessidade imperiosa da medida. Seu prazo máximo será de 45 dias. Não cabe à autoridade policial determinar a internação provisória, mas tão somente ao Juiz da Infância e Juventude. A regra é a liberação condicionada aos pais, que prestam compromisso de apresentar o adolescente ao MP no mesmo dia ou no máximo no dia útil seguinte. Excepcionalmente, o adolescente será internado provisoriamente.
No art. 174, o legislador ainda prevê que não sendo o adolescente liberado e não podendo ser apresentado no prazo de 24 horas ao Promotor de Justiça, ele deverá ser encaminhado a uma entidade adequada ou, na falta desta entidade, deverá ser mantido em cela separada dos adultos (art. 175, ECA). No caso de suspeita de participação de adolescente em prática de ato infracional, previu o legislador a possibilidade de investigação, que se dará com a instauração de inquérito policial, que culmina com a elaboração de um relatório, o qual deverá ser encaminhado ao Ministério Público (arts. 176 e 177, ECA).
Assim, podemos concluir que: a) Estando o adolescente em estado de flagrância - dependendo da natureza do ato infracional praticado, o delegado poderá lavrar um auto de apreensão em flagrante (art. 173, caput e incisos do ECA) ou um boletim circunstanciado (art. 173,§ único do ECA). b) Se não houver flagrante, mas havendo indícios de envolvimento do adolescente com prática de ato infracional, o Delegado poderá investigar e lavrar um relatório (art. 177, ECA). Finalmente, objetivando dar maior visibilidade no transporte do adolescente infrator, o legislador não permitiu que ele fosse transportado em compartimento fechado de viatura policial (art. 178, ECA). Partindo do mesmo princípio, não é possível algemar o adolescente infrator, a não ser se houver necessidade em razão da segurança/periculosidade. Ou seja, como o ECA nada dispõe acerca do uso de algemas, o raciocínio é o mesmo da súmula vinculante 11 do STF:
“Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado”.
As infrações administrativas previstas pelo ECA são processadas e julgadas pela Justiça da Infância e da Juventude (art. 148, VI, ECA). As infrações são de natureza administrativa e a pena estabelecida é de multa (em salário mínimo). E, além da pena de multa, são estabelecidas penas acessórias para algumas infrações, todas de caráter administrativo, dependendo do ato praticado, como apreensão de publicação, suspensão de programa, fechamento de hotel etc.
O procedimento de apuração destas infrações está previsto nos arts. 194 a 197 do ECA, e será estudado mais adiante nesta aula. Foto: Roney Domingos/G1, publicada em globo.com, 23/12/2007.
IMPORTANTE: Não se aplica às infrações administrativas a prescrição a que alude o art. 109 do Código Penal, mas sim, por analogia, as regras da prescrição de matéria civil. Aplica-se, contudo, o princípio da retroatividade da lei posterior mais benéfica, prevista no art. 2º do Código Penal.
Quais são as infrações administrativas previstas pelo ECA:
ART. 245
Sujeito ativo: responsável pela comunicação de maus tratos (ex.: médico, professor, etc.);
Sujeito passivo: criança ou adolescente vítima de maus tratos;
Tipo objetivo: deixar de comunicar à autoridade competente, suspeita ou constatação de maus tratos;
Elemento subjetivo: é o dolo.
ART. 246
Sujeito ativo: funcionário da entidade em que está internado o menor;
Sujeito passivo: criança ou adolescente privados dos direitos elencados no art. 124 do ECA;
Tipo objetivo: impedir o menor de peticionar à autoridade, de conversar em separado com seu defensor, de receber visitas, de corresponder-se com familiares e amigos, e de receber escolarização e profissionalização;
Elemento subjetivo: é o dolo.
ART. 247
Sujeito ativo: qualquer pessoa que faça a divulgação sem a devida autorização. No caso do §1º, qualquer pessoa que divulgue fotografia ou ilustração;
Sujeito passivo: criança ou adolescente relacionado;
Tipo objetivo: divulgar atos ou documentos pertinentes a ato infracional sem a devida autorização (ainda que exibir); 
Elemento subjetivo: éo dolo.
ART. 248
Sujeito ativo: a pessoa que é beneficiada com o serviço doméstico;
Sujeito passivo: adolescente que presta serviço doméstico; 
Tipo objetivo: deixar de regularizar a guarda junto à autoridade judiciária competente;
Elemento subjetivo: é o dolo.
ART. 249
Sujeito ativo: a pessoa que detenha o poder familiar, a tutela ou a guarda.
No caso da segunda figura, é qualquer pessoa que descumpra determinação do Conselho Tutelar ou da autoridade judiciária;
Sujeito passivo: a coletividade. Na segunda figura, o membro do Conselho Tutelar ou a autoridade judiciária. Abrange ainda, a criança ou o adolescente colocado em situação vulnerável pela omissão;
Tipo objetivo: a primeira parte, menciona o descumprimento às obrigações do poder familiar, elencadas no art. 22 do ECA, bem como no caso de descumprimento de tutor ou guardião. A segunda parte, trata do descumprimento de ordem do Juiz ou do Conselheiro;
Elemento subjetivo: é o dolo ou a culpa, esta na modalidade de negligência, imprudência ou imperícia.
ART. 250
Sujeito ativo: proprietário do estabelecimento ou o funcionário, comprovado que foi este que o autorizou;
Sujeito passivo: a criança ou adolescente, em primeiro plano, e a coletividade, objetivando preservar a moralidade;
Tipo objetivo: hospedar criança ou adolescente desacompanhado dos pais ou responsável, ou sem autorização escrita desses ou da autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênere;
Elemento subjetivo: é o dolo ou a culpa, esta na modalidade de negligência, imprudência ou imperícia.
ART. 251
Sujeito ativo: pessoa que efetua o transporte;
Sujeito passivo: a criança ou adolescente transportado;
Tipo objetivo: transportar criança ou adolescente desobedecendo as determinações dos arts. 83 a 85 do ECA;
Elemento subjetivo: é o dolo.
ART. 252
Sujeito ativo: responsável pela diversão ou espetáculo público (proprietários ou gerentes de cinemas, casas de shows, etc.);
Sujeito passivo: a criança ou adolescente que assiste a diversão e a espetáculo, e genericamente, a coletividade;
Tipo objetivo: deixar de afixar em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local de exibição, informação destacada sobre a natureza da diversão ou espetáculo, e a faixa etária especificada no certificado de classificação;
Elemento subjetivo: é o dolo.
ART. 253
Sujeito ativo: proprietário ou responsável pela divulgação da peça teatral, filme ou espetáculo;
Sujeito passivo: a coletividade atingida, abrangendo a criança ou adolescente;
Tipo objetivo: anunciar peças teatrais, filmes, representações, ou espetáculos sem indicar os limites de idade para o comparecimento;
Elemento subjetivo: é o dolo.
ART. 254
Sujeito ativo: o responsável pela transmissão;
Sujeito passivo: a coletividade atingida, abrangendo a criança ou adolescente;
Tipo objetivo: transmitir, por meio de rádio ou TV, programação em horário
inadequado ou sem as advertências da classificação etária;
Elemento subjetivo: é o dolo.
ART. 255
Sujeito ativo: o responsável pela exibição;
Sujeito passivo: a coletividade atingida, e a criança ou adolescente que assiste;
Tipo objetivo: exibir, por meio de filme (cinema ou TV), trailer (amostra sintética do produto), peça ou amostra à criança ou adolescente cujo órgão competente (censor) qualificou-o como inadequado;
Elemento subjetivo: é o dolo.
ART. 256
Sujeito ativo: o proprietário, diretor, gerente ou funcionário responsável pela venda ou locação;
Sujeito passivo: a criança ou adolescente que adquire ou aluga a fita inadequada;
Tipo objetivo: vender ou locar fita proibida à criança ou adolescente;
Elemento subjetivo: é o dolo.
ART. 257
Sujeito ativo: a pessoa responsável pela comercialização em embalagem lacrada ou opaca, e ainda, responsável pelas publicações infanto-juvenis;
Sujeito passivo: a criança ou adolescente vítima da exploração comercial e a coletividade;
Tipo objetivo: em relação ao art. 78, ECA, consiste em comercializar revista e publicação contendo material impróprio ou inadequado à criança ou adolescente, sem embalagem lacrada e sem a advertência de seu conteúdo. Ou ainda, comercializar, a editora, revistas pornográficas com capas desprotegidas de embalagem opaca. E em relação ao art. 79, ECA, publicar revista ou qualquer outro tipo de publicação vinculada à infância e à juventude com ilustrações, fotografias, legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alcóolicas, tabaco, armas e munições ou sem respeitar os valores éticos e sociais da pessoa e da família;
Elemento subjetivo: é o dolo.
ART. 258
Sujeito ativo: a pessoa responsável pelo estabelecimento ou o empresárioproprietário;
Sujeito passivo: a criança ou adolescente que tem acesso ao local de diversão ou espetáculo;
Tipo objetivo: deixar o responsável ou empresário de observar o ordenamento jurídico acerca do acesso de menores a estes locais;
Elemento subjetivo: é o dolo.
ART. 258-A
Sujeito ativo: as autoridades competentes pelos cadastros;
Sujeito passivo: a criança ou adolescente passível de adoção;
Tipo objetivo: deixar a autoridade competente de providenciar a instalação e operacionalização dos cadastros previstos no art. 50 e no § 11 do art. 101 do ECA, ou que deixar de efetuar o cadastramento de crianças e de adolescentes em condições de serem adotadas, e de pessoas ou casais habilitados à adoção e de crianças e adolescentes em regime de acolhimento institucional ou familiar;
Elemento subjetivo: é o dolo.
ART. 258-B
Sujeito ativo: o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante, ou o funcionário de programa oficial ou comunitário destinado à garantia do direito à convivência familiar;
Sujeito passivo: mãe ou gestante interessada em entregar seu filho para adoção;
Tipo objetivo: Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar imediato encaminhamento à autoridade judiciária de caso de que tenha conhecimento de mãe ou gestante interessada em entregar seu filho para adoção; e deixar de efetuar a comunicação referida no caput do artigo;
Elemento subjetivo: é o dolo.
Da apuração de infração administrativa às normas de proteção à criança e ao adolescente
O procedimento para imposição de penalidade administrativa por infração às normas de proteção à criança e ao adolescente está previsto nos arts. 194 a 197 do ECA, e tem início por representação do MP, ou do Conselho Tutelar, ou auto de infração elaborado por servidor efetivo ou voluntário credenciado, e assinado por duas testemunhas, se possível.
- Discussão doutrinária: Há discussão quanto à natureza desse procedimento: parte da doutrina entende tratar-se de procedimento administrativo, enquanto outros entende tratar-se de procedimento judicial. A causa dessa divergência tem como fato gerador a expressão "procedimento" , utilizada pelo lesgislador. Independentemente desse uso, trata-se de verdadeiro processo judicial na medida em que começa por uma petição inicial, sob forma de representação, ou de auto de infração, e como tal terá que conter a narração dos fatos, a causa de pedir e o pedido, ao final, é extinto através de uma sentença, que faz coisa julgada sobre o assunto.
- Apresentação de defesa: Iniciado o procedimento, o requerido terá o prazo de 10 dias para apresentação de defesa, contado a data da intimação, que será feita: 
a) pelo autuante, no próprio auto de infração, quando este for lavrado na presença do requerido;
b) por oficial de justiça ou funcionário legalmente habilitado, que entregará cópia do auto de infração ou da representação ao requerido, ou a seu representante legal, lavrando certidão;
c) por via postal, com aviso de recebimento, se não for encontrado o requerido ou seu representante legal;
d) por edital, com prazo de 30 dias, se incerto ou não sabido o paradeiro do requerido ou de seu representante legal.
- Não sendo apresentada a defesa no prazo legal, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao MP, por 5 dias, decidindo em igual prazo.
- Apresentada a defesa, a autoridadejudiciária dará vista dos autos ao MP, por 5 dias, decidindo em igual prazo, ou sendo necessário, designará aidiência de instrução e julgamento.
- Audiência de instrução e julgamento: Em audiência de instrução e julgamento, acolhida a prova oral, manifestar-se-ão sucessivamente o MP e o procurador do requerido, pelo tempo de 20 minutos para cada um, prorrogável por mais 10, a critério da autoridade judiciária, que em seguida proferirá sentença.

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Materiais recentes

Perguntas Recentes