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Serviço Social Identidade e alienação resumo

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Serviço Social- Identidade e alienação 16.ed. São Paulo: Cortez, 2011.
 
 Pensar o Serviço Social: eis a tarefa
"Tal aspecto é de fundamental importância, pois somente no momento em que a profissão alcança sua identidade específica e distintiva é que atinge sua autonomia científica" (Martinelli, 1977:4-5).
O Serviço Social é uma das poucas profissões que trata da questão humana, buscando suprir as necessidades humanas sem oferecer esmolas, mas necessariamente inclinado aos necessitados para a evolução humana e social, estando a serviço do setor público ou privado, busca conciliar as duas partes (instituição e usuário), na tentativa de aproximá-los sem prejuízo às partes envolvidas.
A busca fundamental é, portanto, pensar historicamente o Serviço Social e, mais especificamente, o Serviço Social brasileiro em suas conexões com o capitalismo.
I- Serviço Social: a ilusão de servir 
Para se compreender o Capitalismo (sua origem e seu desenvolvimento) é preciso trilhar por pelo menos três vertentes, assegura Dobb (1983). São elas: a proposta por Werner Sombart (1863-1941), considera que o Capitalismo (numa visão idealista) é criação do “espírito capitalista” (empreendedor e racional), sendo que em épocas diferentes, onde ocorrem atitudes econômicas diferentes. A segunda concepção é assegurada pela Escola Clássica Alemã e entende que o Capitalismo surgiu como uma forma de organização da produção, que se move entre mercado e lucro. O Capitalismo tem, então, um motivo, o lucro, asseguram Karl Bücher e Gustav Von Schmoller, representantes desta vertente. A terceira advém do pensamento de Karl Marx, o capital é entendido como uma relação social e o Capitalismo um determinado modo de produção, onde há a dominação do processo de produção pelo capital. Há, portanto, o predomínio da compra e da venda da força de trabalho, tornando-se mercadoria como outra qualquer.
A Revolução Industrial (1775-1875) foi sem dúvida o grande evento que proporcionou as mais variadas transformações tecnológicas, mudando o cenário social, foi também responsável por tirar o Capitalismo da fase mercantil e lhe garantir o que conhecemos por Capitalismo Industrial. Durante todo o século XVIII o Capitalismo dominou plenamente. Havia ainda os grandes efeitos produzidos pela Revolução Industrial e os operários ainda não eram suficientemente organizados para combater o Capitalismo de maneira forte e homogênea.	
No final do século XIX, o operário era possuidor de direitos que a própria Revolução Francesa proclamara, entre as quais se colocava desde o direito à liberdade pessoal e à vida digna, até o direito à igualdade e à assistência, quando necessária. (MARTINELLI, 2011, p 61). Tudo isso teoricamente falando, por que na prática ocorria quase como nos dias de hoje.
A origem do Serviço Social como profissão tem, pois, a marca profunda do capitalismo e do conjunto de variáveis que a ele estão subjacentes -- alienação, contradição, antagonismo --, pois foi nesse vasto caudal que ele foi engendrado e desenvolvido. (MARTINELLI, 2011, p.66). O Serviço Social era, então, mais um instrumento da burguesia, que consolidando sua identidade, buscava apaziguar as possíveis manifestações individuais e coletivas e assim manter a ordem.
II- Os ardis do capitalismo
A consolidação do crescimento do Capitalismo afirmou que suas transformações não se restringiam apenas ao campo econômico, mas que tocavam na sociedade como um todo. Sendo que, trazendo consigo o dilema da contradição, acentuando as desigualdades e criando grandes fissuras na divisão de classes. Tudo isso, aliado ao processo exercido pela classe trabalhadora, dava aos burgueses a falsa impressão de que o Capitalismo estava plenamente consolidado.
Eis que, as fortes e constantes crises cíclicas do Capitalismo criaram muitos outros problemas, especialmente de cunho social, tais como a hipertrofia da mão de obra e o exército industrial de reserva, assim como miserabilidade ferrenha. Em situações razoáveis, a mortalidade de adultos e crianças chegava a atingir 20% da população operária. Era, portanto, o mais cruel avesso do lucro e do progresso dos Capitalistas.
"A consciência jamais pode ser outra coisa que o ser consciente, e o ser dos homens é o seu processo de vida real." (Marx e Engels, 1984:37.) Em um processo de vida real para os agentes sociais, o que se refere às circunstâncias históricas e as condições práticas na sociedade do final do século XIX, houve um desenvolvimento da identidade profissional da categoria. A expansão do número de agentes foi notável no último terço do século XIX, tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, é verdade que alimentando-se da acumulação da pobreza, da miséria generalizada. Ao iniciar-se o século XX, o Serviço Social estava presente na maior parte dos países europeus e também nos Estados Unidos, contando já com inúmeras sedes da Organização da Caridade. A prática social era, na verdade, uma prática de abstrações. (MARTINELLI, 2011, p. 91).
III- Serviço Social: rompendo com a alienação
A Grande Depressão influenciou e afetou todos os países do mundo, seja direta ou indiretamente, de maneira que somente no século XX as coisas começavam a entrar numa situação de estabilidade, sendo que esta durou pouco e foi atropelada pelos problemas políticos, sociais e econômicos. Enquanto isso, a classe operária havia evoluído da simples prática sindical para a prática política.
O Capitalismo entrava numa crise jamais vista (por causa da Segunda Guerra Mundial) o que fez necessária a intervenção do Estado. Dentre as ações dele criou-se uma nova forma de Capitalismo, o Monopolista. Iniciou-se também uma nova repressão sobre os sindicatos, o que contrariamente fortaleceu ainda mais a consciência de classe dos trabalhadores. E a medida que o capitalismo monopolista ganhava solidez, crescia também a pobreza e generalizava-se a miséria. (MARTINELLI, 2011, p. 95).
Havia, portanto, uma forte ruptura entre pobres e ricos, o que estimulou a criação de grupos de caridade, iniciava-se o longo processo de filantropia. Porém, a conjuntura histórica não permitia que grandes mudanças fossem efetivadas. Tratava-se de um clima de crise e pauperismo, o que se caracterizava por uma forte "depressão" no âmbito social. Na verdade a burguesia queria conter as rebeliões e assim conter possíveis ameaças, por parte da classe operária. Pensava também que a realidade em crise contribuiria para a ampliação capitalista. Já no processo de racionalização da assistência e de sua organização de bases científicas ainda predominava as visitas domiciliares. Ainda em 1880 o Estado Burguês passou a receber de suas instituições de saúde, o Assistente Social, ele era, contudo, um membro colaborador. 
O Serviço Social desenvolvia uma identidade de dominação, alienação política e social, econômica e cultural. Sendo que é importante destacar que a profissão do Serviço Social avançou em seu processo de institucionalização. Os Assistentes Sociais, porém, respondiam aos capitalistas, mais aos burgueses do que mesmo aos proletários. A profissão, portanto, caminhava na marcha oposta (contrária) aos anseios e lutas dos trabalhadores. Faltava ainda uma identidade profissional para o Serviço Social, o que tirava um pouco de sua firmação, visto político e socialmente, haja vista os fortes controles por parte da burguesia para manter seus agentes sob vigilante controle.
Inicialmente no Brasil o Serviço Social fora influenciado pela concepção europeia, porém mais adiante fora impregnado de concepções norte-americanas. Então, no Brasil sua inserção remonta a década de 30, respaldado pela Igreja Católica, assim como por alguns grupos burgueses. É importante salientar, que no Brasil, o Serviço Social se originou profundamente relacionado com a conjuntura econômico-social pela qual o país passava naquela época. A identidade atribuída ao Serviço Social pela classe dominante era uma síntese de funções econômicas e ideológicas, o que levava à produçãode uma síntese prática que expressava fundamentalmente como um mecanismo de estratégia para garantir a expansão do capital. (MARTINELLI, 2011, P 124).
Os ‘benefícios’ concedidos por esta prática no transcorrer das décadas de 30 e 40 serviram para encobrir as reais intenções subjacentes da classe burguesa. Além disso, os sindicatos da época eram marcados pela presença do Estado, onde deixava suas marca opressora e impedia de aflorar o direito político e social dos sindicalizados. O Serviço Social (se entendido mesmo antes de sua profissionalização) está intimamente ligado à própria evolução do Capitalismo, assim como trás consigo a marca perturbante da opressão sobre os operários, da alienação e da exploração, inclusive a ausência de direitos básicos. Está, portanto, intimamente ligado com a "questão social", e tem como fundamento básico acessar direitos para os menos favorecidos, para as camadas baixas e subalternas da população, onde atua.
É evidente que é uma profissão que foi criada para, teoricamente, facilitar a vida dos necessitados, oprimidos e dos que não dispõe de outro recurso senão a força de trabalho, mas na prática é apenas mais um instrumento do capitalismo e da burguesia, na tentativa de refrear as manifestações eminentes que se ameaçavam a eclodir em todas as regiões, cujo senhor maior era o capitalismo. Porém, não significa dizer que deva (o profissional) trabalhar a favor do capitalismo e dos burgueses, contribuindo com a ideologia que massacra e a alienação, deve, entretanto, usar de estratégias para atender aos "dois senhores", ter conhecimento da legislação em vigor e da conjuntura em questão para saber dosar a atuação e satisfazer aos dois lados da mesma “moeda social” (burguesia e proletariado/ instituição e usuário).
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