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TEORIA GERAL DA EXECUÇÃO

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TEORIA GERAL DA EXECUÇÃO
NCPC 509 ao 538
 771 ao 924
Antigo
475 e seg
576 e seg
	Serão 6 encontros para tratar do tema da Execução. E quando a gente fala em execução, é necessária a divisão do tema em 2 grandes tópicos: Teoria Geral da Execução e as Execuções em Espécie (2ª metade do curso). Sempre que eu falar em STJ e STF eu não costumo dar o número do julgado, mas no material do aluno, onde vai estar o resumo, não só vão estar os julgados, mas também as ementas e aí você pode fazer uma complementação da exposição.
1.	FORMAS EXECUTIVAS
	Sempre que você falar em execução, ela deve sempre significar para você satisfação do direito. Alguns doutrinadores até usam como sinônimo. Ao invés de falar em execução, falam em satisfação. Eu prefiro acreditar que a execução esteja voltada à satisfação do direito da seguinte forma: 
	Conceito:“São os meios materiais que o juiz tem à sua disposição para gerar a satisfação do direito.”
	E aí é óbvio que se você pensar em execução como meios materiais voltados para a satisfação de um direito, você pode organizar esses meios materiais de inúmeras formas. Você pode ter diferentes formas de praticar esses atos materiais. E, tradicionalmente, a doutrina faz duas distinções principais entre as formas executivas, entre as formas de praticar esses atos materiais que você tem à sua disposição. Essas duas distinções são aquelas que você precisa saber. 
	A primeira distinção entre as formas executivas, entre as formas de praticar esses atos materiais que você tem à sua disposição, é a distinção entre o 
Processo autônomo de execução e a 
Execução por mera fase procedimental.
	Como você trabalha com a autonomia das ações e, cá entre nós, o CPC está estruturado levando em conta essa autonomia, significa dizer o seguinte: para que você obtenha uma tutela de conhecimento, você vai precisar de um processo de conhecimento. Para que você obtenha uma tutela executiva, você vai precisar de um processo de execução e para que você obtenha uma tutela cautelar ou acautelatória, você vai precisar de um processo cautelar. O nosso CPC é estruturado em cinco livros: três deles que formam quase que o CPC na sua plenitude que são o de conhecimento, execução e cautelar. 
	Por que para cada uma dessas tutelas eu precisaria de um processo autônomo? Por duas razões: primeiro pelas diferentes naturezas de atividades desenvolvidas em cada processo. Nos processos de conhecimento você pratica atividades cognitivas. E cognitivas significa atividades de “pesquisa e descoberta do direito”. Então, eu vou pesquisar o direito, vou descobrir se o direito existiu ou não. Agora, no processo de execução, que tipo de atividade eu tenho? Atividade material. Atos materiais voltados à satisfação do direito. Bem diferente. Eu não quero pesquisar nada, eu não quero conhecer nada. Eu quero fazer valer, eu quero satisfazer o direito. Atos materiais. Então, percebam, eu teria diferente natureza de atividade entre um processo e outro, daí a justificativa para que fossem dois processos. E mais: eu tenho também diferentes objetivos entre os processos. No processo de conhecimento, meu objetivo é declarar, constituir ou condenar e na execução eu busco satisfazer. É a ideia de satisfazer.
	Então, durante muito tempo, imaginou-se o seguinte: se as atividades e os objetivos são diferentes, o ideal é que cada um fique com o seu processo. O ideal é que a execução fique no seu processo e o conhecimento fique no seu processo. Cada um na sua. Só que de um tempo para cá se começou a contrapor a autonomia das ações com uma nova ideia. E que ideia é essa? É a ideia do sincretismo processual. Quer dizer:
	“Na sua plenitude, o sincretismo processual é a permissão de que, no mesmo processo você possa desenvolver atividades cognitivas, satisfativas e também acautelatórias.”
	É basicamente conseguir fazer tudo num processo só o que era feito em três processos autônomos. O sincretismo vai ser só isso: diferentes tutelas, com diferentes atividades, com diferentes objetivos num processo só. 
	E aqui eu já sou obrigada a fazer uma observaçãozinha com vocês. É aquela desgraça da linguagem. O examinador é um ser complicado porque preza demais a linguagem (nem sempre par ao lado bom). Então, você tem que tomar muito cuidado com o que lê e interpreta. E por que você está falando isso, Daniel? Porque há uma expressão hoje consagrada que é a seguinte: processo sincrético ou ação sincrética. Claro que alguma coisa tem a ver com sincretismo. Mas sincretismo é o gênero (várias atividades diferentes com diferentes objetivos no mesmo processo). Processo sincrético ou ação sincrética é um processo com duas fases procedimentais sucessivas:
1ª Fase:	Conhecimento.
2ª Fase:	Satisfação, execução.
	Então, processo sincrético, ação sincrética é isso: começa pelo conhecimento, condena o réu e aí vou executá-lo no próprio processo. Por uma questão de opção, o legislador no art. 475-I, do CPC chama essa fase de satisfação do processo sincrético, ele dá o nome a essa fase de cumprimento de sentença. Ouviu falar em cumprimento de sentença, é a fase de satisfação do processo sincrético, é aquela fase que se dá depois da fase de conhecimento do processo sincrético.
	Art. 475-I. O cumprimento da sentença far-se-á conforme os arts. 461 e 461-A desta Lei ou, tratando-se de obrigação por quantia certa, por execução, nos termos dos demais artigos deste Capítulo. (Acrescentado pela L-011.232-2005)
	Com isso em mente, conhecendo as distinções entre autonomia e sincretismo, entre processo autônomo e processo sincrético, vamos fazer um histórico do nosso direito. 
	1.1.	HISTÓRICO DO SINCRETISMO
	Hoje somos sincretistas ou estamos no campo da autonomia das ações? É uma mescla? As coisas mudaram? Eu posso dizer o seguinte: vamos voltar no tempo, até para a gente entender como estamos hoje. 
	Antes de 1990 – Antes de 1990, eu posso dizer com bastante tranquilidade que a regra era o processo autônomo de execução. Já naquele momento, bastante remoto, já havia, de forma excepcional, ainda que como exceção, o tal do processo sincrético. Ele não nasceu agora. Existe há muito tempo. Mas neste momento do desenvolvimento da ciência processual, ele era excepcionalíssimo. Uma ação que sempre foi sincrética e é até hoje: despejo. Nunca existiu processo autônomo de execução de despejo. “Ah, mas eu já vi!” O que você deve ter visto é o processo autônomo de execução de pagar quantia certa de alugueis atrasados. Isso sim, mas aí é pagar quantia. Não é o despejo. Para despejar, alguém, você entra com a ação de despejo, o juiz julgando procedente, o sujeito vai ter que se retirar. E se não se retirar, vai ser retirado à força. Outro exemplo: ações possessórias. Clássico exemplo de ação sincrética. Nunca houve processo autônomo de execução de uma sentença possessória. Então, o resultado que eu quero que você perceba é: já existia o processo sincrético, mas numa excepcionalidade gritante. Era reservado a pouquíssimos procedimentos especiais. Raríssimos procedimentos especiais previam o processo sincrético. As coisas começam a mudar em 1990.
	Depois de 1990 – Em 1990, as coisas começam a mudar por meio do art. 84, do CDC. Apesar de CDC, esse art. 84 está no capítulo que trata da tutela coletiva. É, pois, um dispositivo voltado para a tutela coletiva e não exclusivamente para o consumidor, tutela coletiva em geral. E diz respeito (esse dispositivo) às obrigações de fazer e não fazer. Então, o que acontece com o art. 84? No âmbito da tutela coletiva, todo processo cujo objeto é uma obrigação de fazer e não fazer, lá na tutela coletiva, passa a ser um processo sincrético. Perceba que interessante: foi a primeira vez que você, numa forma ampla, prevê um processo sincrético. Antes, eram alguns procedimentos. Agora, você tem algo mais amplo: todas as demandas de tutela coletiva de fazer e não fazer passam a ser de natureza sincrética. O próximo pulo é 1994.
	Art. 84 - Na ação que tenha por objeto o cumprimentoda obrigação de fazer ou não fazer, o Juiz concederá a tutela específica da obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento.
	Em 1994 – Dois artigos são importantes em nossa análise: art. 461, CORRESPONDENTE ao 497 do NCPC. O que ele faz? Faz a mesma coisa que o art. 84 fez, mas desta vez para a tutela individual. Ou seja, na tutela individual, todas as ações com obrigação de fazer e não fazer viram processos sincréticos. Os artigos 461, do CPC e o art. 84, do CDC, são praticamente idênticos, com a diferença que o art. 461 traz umas mudanças que não ocorreram no art. 84. Mas são basicamente a mesma coisa. E o outro artigo que você deve lembrar em 1994 é o art. 273, do CPC. Esse artigo consagra no nosso ordenamento a tutela antecipada. E o legislador aqui foi manhoso. No § 3º, do art. 273, é igual ao 300 do NCPC ele fala em “efetivação da tutela antecipada”. Efetivação significa execução. E daí você pode se perguntar? Por que não usou o termo execução? Porque em 1994 usar o termo execução ainda era muito associado ao processo de execução. Em 1994, falar em execução, era falar em processo de execução. Aí o legislador pensou o seguinte: “vai que eu coloco o termo execução e a rapaziada começa a imaginar que para executar a tutela antecipada vai precisar de processo autônomo.” E a última coisa que ele queria era que alguém imaginasse que precisa processo autônomo na tutela antecipada. Daí, em vez de usar o termo “execução”, usou o termo “efetivação”. Mas execução, efetivação, satisfação é tudo a mesma coisa. É preciso deixar muito claro que na tutela antecipada a execução se faz por mera fase procedimental. Então, aqui há um sincretismo processual. Na tutela antecipada, não há processo autônomo de execução. Você sempre vai trabalhar com sincretismo.
	Art. 461 - Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. (Alterado pela L-008.952-1994)
	Art. 273. § 3º - A efetivação da tutela antecipada observará, no que couber e conforme sua natureza, as normas previstas nos arts. 588, 461, §§ 4º e 5º, e 461-A. (Alterado pela L-010.444-2002)
	1995 – O que acontece um ano depois? Vem a Lei 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais Estaduais) trazendo de novo o seguinte: nos Juizados Especiais, qualquer espécie de obrigação que você imagine (de fazer ou não fazer, de entregar, de pagar quantia) gera um processo sincrético. Processo autônomo de execução nos Juizados Especiais, só de título executivo extrajudicial. Se o seu título for judicial (sentença) é sempre por fase procedimental, por cumprimento de sentença. O que eu estou querendo mostrar é que esse processo sincrético foi entrando aos poucos. O legislador foi colocando ele no sistema em doses.
	2002 – O que acontece em 2002? Acontece o art. 461-A, do CPC que realiza o seguinte: para todo processo com objeto de obrigação de entregar coisa, passa a ser sincrético. É mais uma norma geral.
	Art. 461-A. Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação. (Acrescentado pela L-010.444-2002)
	2005 – Em 2005, vem a Lei 11.232, que é uma lei sobre a qual vamos conversar bastante. Essa é a lei que começou a ser chamada de Lei do Cumprimento de Sentença. Ela é muito mais ampla do que cumprimento de sentença. Fala de muito mais coisas. O que ela tem de relevante? Ela pegou as obrigações de pagar quantia e transformou os processos de pagar quantia em processos sincréticos. Então, eu tenho o 461 (NCPC 497) para fazer e não fazer, o 461-A para a entrega de coisa e a Lei 11.232 com a ideia do processo sincrético nas obrigações de pagar quantia. É a jóia da coroa, a cereja do bolo porque claro que a obrigação de pagar quantia é a mais importante, a mais frequente, a que gera maior número de processos judiciais. Quando veio essa lei, teve gente que falou: “agora adotamos o processo sincrético”. Agora? Nós temos processo sincrético desde 1950! 
	Hoje - Agora, na verdade, nós encerramos um trajeto de conformação que me permite dizer o seguinte: hoje, em dias atuais, nós tivemos uma inversão de estrutura. Hoje, a regra, é o processo sincrético. Ou seja, aquilo que era exceção antes de 1990, hoje, com tantas mudanças, passou a ser a regra e temos, como exceção, o processo autônomo de execução. A exceção virou regra e a regra virou exceção, mas não foi de uma hora para outra. Foi um desenvolver de mudanças. 
	É óbvio que essa dicotomia processo sincrético e processo autônomo de execução, essa duplicidade de formas executivas (ou vai pelo processo ou vai pela fase procedimental) e algo privativo dos títulos executivos judiciais. É uma discussão exclusiva, privativa, dos títulos executivos judiciais. E por quê? Porque se você tiver um título executivo extrajudicial, era assim antes, é assim hoje e, cá entre nós, eu não vejo como não vá ser assim amanhã. No título extrajudicial você sempre vai precisar de um processo autônomo de execução. No título extrajudicial, você sempre vai precisar de um processo autônomo de execução. Você vai executar um cheque, uma promissória, uma CDA. Não tem como você fazer que não por meio de um processo autônomo. 
	O que o examinador adora? As exceções. Se a gente fala que a regra da execução do título judicial é hoje a fase procedimental, mas que existem exceções, então você precisa conhecer.
No NCPC a execução de alimento é feita nos próprios autos, no antigo CPC era uma ação autônoma. 528 NCPC
Fazenda pública 730 
	1.2.	EXCEÇÕES AO SINCRETISMO:	TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL 	GERANDO PROCESSO AUTÔNOMO DE EXECUÇÃO
	Eu quero fazer duas considerações com relação a isso.
	A primeira consideração é a seguinte: você tem uma corrente doutrinária muito forte (Humberto Theodoro Júnior, Nélson Néri) que vai dizer o seguinte: a Lei 11.232/95 é uma lei voltada exclusivamente à execução comum. O que significa dizer o seguinte: só mudou a execução comum, de forma que as execuções especiais continuam inalteradas. E percebam o seguinte: dizer que as execuções especiais continuam inalteradas é dizer que elas mantêm a estrutura de processo autônomo de execução. Sim, porque se elas tivessem sido alteradas pela Lei 11.232, teriam se transformado em cumprimento de sentença. Como ficaram de fora, são mantidas como processo autônomo. Eu quero que vocês lembrem das três execuções especiais do CPC:
Execução contra Fazenda Pública
Execução contra devedor insolvente
Execução de alimentos
	Vamos começar pela tranquilidade: execução contra a Fazenda e contra devedor insolvente é tranquilo falar que não foram alteradas pela Lei 11.232. Todo mundo vai concordar com Humberto Theodor, com Nélson Néri, que ficaram de fora. Agora, o problema é a execução de alimentos. Aquela corrente do Néri, o Humberto Theodoro, óbvio, por uma questão de lógica, vai dizer que aqui está mantido o processo autônomo de execução. Claro, ela é especial e se a lei mudou só a comum, a execução de alimentos não entrou, de forma que eu não vou usar as regras do cumprimento de sentença porque é uma execução autônoma. 
	Só que aí vem uma outra corrente doutrinária (Alexandre Freitas Câmara, Marcelo Abelha) para a qual a execução de alimentos sofre as novidades da Lei 11.232, de forma que também se transforma em cumprimento de sentença. Para essa corrente você aplica a Lei 11.232 e, ao fazer isso, você faz a execução de alimentos por cumprimento de sentença. A justificativa é bastante interessante. Eu só tenho medo das questões procedimentais, mas a justificativa deles é a seguinte: a Lei 11.232 (Lei do Cumprimento de Sentença) foi feita para facilitar a satisfação do direito do exequente. Isso é indiscutível. A Lei 11.232 é uma lei que protege o exequente, que favorece o exequente, é uma lei altamente protetiva ao exequente. Daí essa correntedizer o seguinte: dentre todos os credores, qual é o credor que precisa mais de proteção do que o credor de alimentos? Nenhum. O credor de alimentos é o que mais precisa de proteção porque o direito de crédito dele é o mais nobre que existe. É um direito ligado à subsistência. Eles fazem duas premissas que são absolutamente corretas: a lei veio para proteger o exequente e o exequente que mais precisa de proteção é o credor de alimentos. Não tem como deixar quem mais precisa de fora dessa bocada. Então, o resultado é: eu aplico a lei para quem mais precisa de proteção. Eu protejo quem mais precisa ser protegido. É um fundamento interessante. 
	Por isso, surge uma terceira corrente, que é a do professor Costa Machado (USP), da Berenice Dias. O que eles dizem? Dizem que depende. Depende do quê? Do seguinte: quando você vai executar alimentos, é o credor que escolhe. Ele pode optar pela execução de alimentos nos termos do art. 732, do CPC ou a execução de alimentos nos termos do art. 733, do CPC. Sabe o que eu descubro lendo o CPC? Se você executar alimentos pelo art. 732, você vai ter uma execução de procedimento comum. É, mas a execução de alimentos é especial. Mas o próprio Código diz que no art. 732 você vai usar as regras da execução comum. Resultado: é aquela velha história: não interessa se a lei diz que é especial porque se o procedimento é comum, ela não é especial, será uma execução comum, como outra qualquer. Resultado: se o credor optar pela execução do art. 732, processo comum, você aplica a Lei 11.232 e faz a execução pelo cumprimento de sentença. Agora, o art. 733 traz o procedimento especial, que é aquele pelo qual você pede a prisão civil do devedor. O devedor vai ser citado para pagar ou justificar por que não pagou. Se não fizer nem uma coisa nem outra, o sujeito é preso. Quer dizer, não tem nada a ver com procedimento comum. Então, neste caso, não se aplica a Lei 11.232, o que significa dizer que estaria mantido o processo autônomo de execução.
	Eu falei pra vocês que queria fazer duas considerações. A segunda delas nos leva ao art. 475-N, § único do CPC que será visto no seu tempo, mas, de antemão, posso adiantar o seguinte: esse artigo é aquele que prevê os títulos executivos judiciais. E o que ele faz? Ele pega três títulos judiciais, a sentença penal condenatória transitada em julgado, a sentença arbitral e a homologação de sentença estrangeira, e diz o seguinte: na execução desses títulos, ocorrerá a citação do executado. Olha que interessante: se você realiza a citação do executado é porque está criando um processo novo porque a citação é o ato que integra o réu ao processo. Sendo a citação o ato que integra o réu ao processo, venhamos e, convenhamos, você está formando um processo novo. O que posso adiantar: nesse caso, estruturalmente, você terá um processo autônomo de execução. Você vai ter uma petição inicial e vai ter uma citação do executado. Agora, apesar de estruturalmente você ter um processo autônomo de execução, procedimentalmente, você terá um cumprimento de sentença. Salvo, é claro, a petição inicial e a citação que não são tipos de cumprimento de sentença, mas estarão lá presentes. Significa: faz a petição inicial, faz a citação do executado, cria um processo autônomo, mas a partir da citação do executado, você passa a aplicar o art. 475-J e seguintes do CPC. Ou seja, cumprimento de sentença. O que tem que ficar claro aqui é o seguinte: eu preciso, no máximo possível, tornar homogênea a execução dos títulos judiciais. Por que eu vou misturar processo autônomo com cumprimento de sentença? Para tornar, o máximo possível homogênea a execução do título judicial. Lembra disso: cumprimento de sentença é muito melhor para o exequente do que o processo de execução. Isso não tem dúvida. Entre o cumprimento de sentença e o processo de execução, é óbvio que é melhor para o exequente o cumprimento de sentença. Então, eu não poderia dizer que nesses três títulos (sentença penal, arbitral e homologação de sentença estrangeira), você seguiria o processo autônomo de execução porque desse jeito eu estaria criando títulos judiciais de segunda classe. Quer dizer, eu iria estar dizendo o seguinte: a sentença arbitral é título judicial, mas para executá-la é muito pior do que se fosse uma execução de sentença judicial. A sentença judicial é tão título executivo quanto a sentença arbitral. Eu não posso criar um título de segunda classe. “Ah, mas a lei manda você realizar a citação.” Tudo bem, só que vamos fazer as adaptações. Manda citar e dali pra frente, o cara não vai ser citado para pagar em três dias. Ele vai ser citado para pagar em 15 dias sob pena de multa de 10%. Se o executado quiser se defender, ela não vai se defender com embargos à execução. Ele vai se defender pela impugnação ao cumprimento de sentença porque apesar de a estrutura ser de processo autônomo, a partir daí eu vou tratar procedimentalmente como se fosse cumprimento de sentença. 
	Então, essa é a nossa estrutura hoje. Hoje temos processo autônomo, temos cumprimento de sentença e temos, ainda, processo autônomo com cumprimento de sentença, que seria essa última análise do art. 475-N, § único, do CPC. Está resolvida essa primeira forma executiva. Essa história de processo autônomo e fase de cumprimento de sentença acabou. Agora, vamos conversar sobre execução por sub-rogação e execução indireta.
	1.3.	EXECUÇAO POR SUB-ROGAÇÃO (DIRETA) E EXECUÇÃO POR COERÇÃO 	PSICOLÓGICA (INDIRETA)
	A sub-rogação pode ser chamada por execução direta. Se aparecer na prova “execução direta”, é a execução por sub-rogação. E acreditem em mim: a execução por sub-rogação e a execução indireta são espécies de execução forçada. Qual a diferença entre elas?
	Execução por sub-rogação - É a mais tradicional. Na execução por sub-rogação, o Estado-juiz substitui a vontade do devedor pela vontade da lei. Percebam: a vontade da lei é a satisfação do direito. O que a lei quer? Que o direito seja satisfeito. Qual a vontade do devedor? Resistir. A vontade da lei é gerar a satisfação do direito e a vontade do executado é resistir. Eu dou para o juiz mecanismos para que ele possa, mesmo sem a colaboração do devedor, obter a satisfação em favor do exequente. Eu vou ter aqui meios materiais que gerarão a satisfação, independentemente da postura do executado. É a ideia fundamental a execução por sub-rogação. É na marra! Por exemplo, um exemplo clássico: a figura da penhora-expropriação. Você me deve 5 mil reais. A vontade da lei é que você me pague e que eu receba esses 5 mil reais, mas a sua vontade é não pagar, é resistir. Não tem problema. Eu invado o seu patrimônio, com ou sem a sua colaboração, retiro um bem, alieno judicialmente esse bem, transformo em dinheiro e entrego para o credor. Ou seja, sub-rogação. Penhora e expropriação é sub-rogação. Eu substituí a vontade do devedor por meios materiais de execução. Imagine que você tenha a obrigação de me entregar esse código e a vontade da lei é que você me entregue o código. Mas sua vontade não é essa, é a de manter com você o código. Eu posso mandar o oficial de justiça ir lá e pegar: busca e apreensão. Busca e apreensão é típica hipótese de execução por sub-rogação.
	Execução indireta – A execução indireta é aquela que trabalha com a ideia de pressão psicológica. A ideia fundamental aqui é convencer o devedor a cumprir a obrigação. Em outras palavras, é convencer o devedor a adequar a sua vontade à vontade da lei. Então, a lei tem a vontade de que o código seja entregue. A vontade do devedor é não entregar. Eu quero convencer o devedor a entregar, a ter a mesma vontade da lei. E isso é importantíssimo. Faça essa observação: na execução indireta eu conto com a colaboração do devedor. Ela só dá certo quando o devedor colabora. Quando ele cumpre a obrigação. Sabe o que significa? Que a execução indireta, para funcionar no caso concreto, vai gerar uma satisfação voluntária do direito. Você só me entregou o código porque sua vontade foi entregar o código. Quer dizer, quandoeu pressiono e convenço o sujeito, ele cumpre voluntariamente a obrigação. Agora, não confundam voluntário com espontâneo. É uma satisfação voluntaria, mas não é, obviamente, uma satisfação espontânea. Há uma diferença óbvia. Quer dizer, é claro que quando entregou o código, podia estar se roendo por dentro, com ódio cabal do juiz, do autor. Mas se pegou o código e entregou, isso foi feito porque teve a vontade de entregar. Se não tiver a vontade de entregar, acabou. A execução indireta não dá certo. Uma coisa é a espontaneidade, outra coisa é a voluntariedade. Nem sempre o que fazemos, fazemos de livre e espontânea vontade. O cumprimento espontâneo dispensa a execução. Se há a entrega espontânea, eu vou precisar da execução, para quê? Se eu precisei da execução é porque já não é espontâneo. Não significa dizer que já não é voluntário. Tudo bem aí? Agora, é o seguinte: como é que você exerce essa pressão psicológica? Há duas formas de fazer isso: 
Ameaça de piora na situação do devedor (executado) – É a mais tradicional. Clássico exemplo: Astreintes (multas). A cada dia que não entregar o código, é uma multa de 100 reais. Daqui a uma semana, a obrigação de entregar permanece, agora já com uma multa de 700 reais. A situação dela só piora. Você já está numa situação ruim e se você não cumpre, vai piorar ainda mais.
Oferecimento de melhora – Eu tenho convencer o sujeito de que se ele cumprir a obrigação, eu posso melhorar a situação dele. Eu tenho, por exemplo, no art. 652-A, § único do CPC, um exemplo excelente disso aqui. Você é citado na execução de quantia certa. Você tem 3 dias para pagar. Se pagar nos três dias, você vai ter um desconto de 50% nos honorários. A ideia é: você me deve 12. Se pagar em 3 dias, você só paga 11. Eu, particularmente, não gosto, mas é uma tradução livre do direito italiano que tem muita dificuldade em alguns temas (e esse é um deles), mas o fato é que já vem sendo pedido em prova: sanção premial. Se aparecer essa expressão na sua prova (o nome é péssimo, pois confundir pressão psicológica com sanção é duro!), é a ideia da execução indireta com oferecimento de uma melhora.
	O que nós vamos fazer? Vamos pegar as três obrigações: pagar, entregar e fazer e não fazer e vamos analisar como essas execuções, indireta e por sub-rogação operam nessas espécies de execução.
	a)	A execução indireta e por sub-rogação na obrigação de PAGAR QUANTIA CERTA
	
	Na execução de pagar quantia certa você tem sub-rogação ou indireta. Eu posso dizer que, em regra, a execução de pagar quantia certa se dá por sub-rogação porque é fundamentalmente formada no binômio penhora-expropriação (caso típico de execução por sub-rogação). É ideia de você invadir o patrimônio do devedor, penhorar um bem, alienar esse bem, arrematação, adjudicação, alienação por iniciativa particular... (são várias formas). Em regra, a gente fala que execução de pagar quantia, em regra é execução por sub-rogação. Há até uma especialidade que não deixa de ser sub-rogação, na execução de alimentos, que é o desconto na folha de pagamento. Não é penhora, não é expropriação, mas é sub-rogação. O sujeito não quer pagar os alimentos, vamos retirar da fonte. Por um ato material, eu substituo a vontade dele pela vontade da lei. O alimentando começa a receber. 
	Agora, cuidado aqui porque você tem também, na execução de pagar quantia, ainda que subsidiariamente, alguma coisinha de execução indireta. No processo autônomo de execução, o art. 652-A, § único do CPC. Acabamos de ver. O sujeito é citado para pagar em três dias. Sabe onde mais eu tenho a execução indireta? Na execução de alimentos quando o credor se vale da prisão civil. A prisão civil, nada mais é, do que uma forma de pressionar o alimentante a pagar. É a pressão mais incisiva que o sistema conhece. Tanto é que o STF retirou do depositário infiel a possibilidade de prisão civil. Hoje é exclusiva do devedor de alimentos. Mas a ideia de execução indireta é exatamente essa: pressionar o devedor para que pague.
	Primeira observação importante: na execução indireta, de pagar quantia certa, mais precisamente no art. 475-J, caput, do CPC, existe a seguinte previsão: ele diz que se o sujeito não pagar no prazo de 15 dias, ele vai sofrer uma multa de 10% sobre o valor exeqüendo. A ideia é: havendo uma sentença condenatória, se o réu não pagar em 15 dias, ele sofre uma multa de 10%. A pergunta é a seguinte: qual é a natureza jurídica dessa multa? Por que eu te provoco a isso? Porque hoje há uma corrente doutrinaria considerável, eu cito Teresa Arruda Alvim Wambier, Atos Gusmão Carneiro, que vai dizer que essa multa é espécie de Astreinte porque serve para pressionar psicologicamente o devedor a pagar. E se é assim, é espécie de execução indireta. Percebam: eu acredito que estejam errados, mas você nunca vai poder usar como argumento a fundamentação de no art. 464, §4º, quando prevê essa multa, está escrito que a multa é diária. Esse é o maior engodo que já existiu. A Astreinte não precisa ser diária. Aliás, não precisa nem ser periódica. Ela pode ser instantânea, como é aqui. Se cair numa prova a afirmação de que a multa do art. 475-J não é Astreinte porque não é diária, está errado. A Astreinte não precisa ser diária. Aliás, não precisa nem ser periódica. Pode ser por evento, por ato, por hora, instantânea. 
	Daniel, por que então você acha que não é uma Astreinte, uma pressão psicológica? Eu prefiro o entendimento do Marinoni, do professor Sérgio Shimura e, cá entre nós, já há decisões do STJ nesse sentido, que vão dizer o quê? Que essa multa não tem natureza de Astreinte, mas de sanção processual. E olha, se pedirem para você justificar o que é sanção processual, eu te dou dois fundamentos. Os fundamentos para você entender que é sanção e não pressão psicológica é:
	Valor fixo em lei – Mesmo sendo percentual é fixo. Um dos maiores tormentos do juiz quando fixa Astreinte é saber se, efetivamente, ele está pressionando no limite. Por quê? Se você colocar um valor muito baixo, não pressiona. Se você colocar um valor muito alto, também não adianta porque o sujeito vai se desestimular a respeitar a decisão. O grande drama da Astreinte é envergar e não quebrar. É endurecer sem perder a ternura. É fixar um valor que prejudique, mas não seja nada de outro mundo. Aqui, eu não tenho nada disso, eu tenho um valor de 10%. O juiz, se achar que 10% não pressiona ninguém, pode aumentar para 20%? O valor previamente fixado em lei não pode ser aumentado pelo juiz. A ideia é: como ele vai usar isso como pressão psicológica? É difícil.
	Você só pode aplicar uma pressão psicológica se a obrigação for materialmente possível de ser cumprida. Se o código pegou fogo, eu não posso pressioná-la por multa a entregar porque o código não existe mais. Percebam que a pressão psicológica não é uma sanção.a pressão psicológica é voltada à satisfação da obrigação. Se a satisfação é impossível, você não tem como aplicar multa. Daí a pergunta: o sujeito que não tem patrimônio ele tem uma impossibilidade material de pagar a dívida. Como vai pagar? Nesse caso, ele tem um impedimento material, uma impossibilidade material ao pagamento. E a pergunta seguinte: para aplicar essa multa eu tenho que olhar se o sujeito tem ou não patrimônio? Claro que não. O STJ manda aplicar a multa independentemente da condição patrimonial do executado. Ele tem o dever de pagar, se não pagar eu sanciono. O dever é para ser cumprido, se não cumpriu, vou lá e aplico a sanção.
	É aplicável o art. 461, § 4º nas obrigações de pagar quantia? Ou seja, o que está no art. 461, § 4º? As Astreintes no sentido tradicional. É possível aplicar Astreinte para obrigação de pagar? Você me deve 5 mil. A cada dia que você não me pagar, vai ter uma multa de 100 reais? É interessante porque apesar de você ter uma corrente doutrinária liderada por Marinoni que defende a possibilidade dessa aplicação (não há razão para não aplica na obrigação de pagar, você aplica para qualquer tipo de cumprimento, se você perceber que é útil pressionarpela Astreinte), você encontra o STJ um posicionamento bem diferente. O STJ diz que não, que não pode aplicar essa multa. Eles vão fazer uma interpretação restritiva, dizendo que o art. 461 e o art. 461-A são artigos exclusivos das obrigações de fazer, não fazer e de entregar coisa. Ou seja, não é possível querer aplicar regras dessas obrigações no âmbito da obrigação de pagar. O STJ tem decisões que dizem o seguinte: cabe Astreinte na obrigação de efetuar crédito em conta vinculada do FGTS. Até onde eu entendo, efetuar crédito é pagar. E sabe o que ele fala nos julgados? Que é obrigação de fazer, por isso é que pode aplicar Astreintes porque se fosse obrigação de pagar, não poderia. 
	Existe um julgado que saiu no informativo 549, do STF. Informativo pode ser um perigo porque tem que saber estudar informativo e aqui é um desses casos. Por quê? Porque numa situação de excepcionalidade brutal, manifesta, o que o STF fez? Olha isso! em sede de tutela antecipada de obrigação de pagar quantia, o STF aplicou as Astreintes. E isso vai de encontro a toda a jurisprudência, inclusive do próprio STF. Se bem que esses temas geralmente não chegam ao STF (geralmente ficam no STJ), mas nesse caso, por uma outra razão, estava subindo um recurso extraordinário. E aí é um caso muito excepcional, uma servidora pública do Paraná, que trabalhava na área da saúde e pegou um vírus muito raro e o filho nasceu com todas as doenças que você pode imaginar. Para ela se manter e ao filho, precisava de uma ajuda do governo do Paraná e aí entrou com uma ação e o rolo todo era esse, quando chegou no STF, ela tinha valor para receber como dano moral, tinha valor para receber de lucros cessantes, de dano material, além da pensão e das obrigações de fazer a partir dali. O STF não quis nem saber: a partir de agora, o Estado do Paraná está condenado a providenciar esses serviços médicos sob pena de multa e está obrigado a pagar também a tudo o que foi condenado sob pena de 20 mil reais por dia. Mas aí você vai virar pra mim e perguntar: agora o STF acha que cabe? Não! Não posso dizer isso. Numa situação anômala, de excepcionalidade total, princípio da dignidade humana, aí é óbvio. O cara que lê o informativo, sai todo animadão: “agora mudou!” Não mudou não. Na normalidade, se cair numa prova hoje: “os tribunais superiores admitem Astreintes na obrigação de pagar quantia? Não. Você vai responder que não! Só se ele colocar a situação excepcionalíssima.
	Do material do professor:
	Registre-se decisão atípica do STF que aplicou multa diária para pressionar o cumprimento de obrigação de pagar quantia certa na execução de uma tutela antecipada. A excepcionalidade justificou a decisão contraria ao tranqüilo entendimento pelo não cabimento. 
(INFORMATIVO 549/STF) 
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana e Antecipação de Tutela contra o Poder Público – 1
A Turma referendou, em maior extensão, decisão proferida pelo Min. Celso de Mello que concedera antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional postulada em recurso extraordinário, do qual relator, interposto pelo Ministério Público Federal e pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. No caso, o parquet requerera a antecipação dos efeitos da tutela com objetivo de preservar condições mínimas de subsistência e de dignidade a menor impúbere, a quem reconhecido, pela Turma, o direito à indenização, em decorrência de ato imputável ao Distrito Federal. Em sede de recurso extraordinário, este órgão fracionário assentara a responsabilidade objetiva do ente público na contaminação da genitora do citado menor, por citomegalovírus, com o qual tivera contato durante o período gestacional em função de suas atividades laborais como servidora pública de hospital daquela unidade federativa. Em virtude dessa infecção, a criança nascera com má-formação encefálica, paralisia cerebral, cegueira, tetraplegia e epilepsia. RE 495740 TA-referendo/DF, rel. Min. Celso de Mello, 2.6.2009. (RE-495740)
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana e Antecipação de Tutela contra o Poder Público – 2
Preliminarmente, aduziu-se ser viável a concessão da antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional contra o Poder Público. Observou-se que, na realidade, uma vez atendidos os pressupostos legais fixados no art. 273, I e II, do CPC e observadas as restrições estabelecidas no art. 1º da Lei 9.494/97 tornar-se-ia lícito ao magistrado deferir a tutela antecipatória requerida contra a Fazenda Pública. Asseverou-se que o exame dos diplomas legislativos mencionados no preceito em questão evidenciaria que o Judiciário, em tema de antecipação de tutela contra o Poder Público, somente não poderia deferi-la nas hipóteses que importassem em: a) reclassificação funcional ou equiparação de servidores públicos; b) concessão de aumento ou extensão de vantagens pecuniárias; c) outorga ou acréscimo de vencimentos; d) pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias a servidor público ou e) esgotamento, total ou parcial, do objeto da ação, desde que esta diga respeito, exclusivamente, a qualquer das matérias acima referidas. Registrou-se, destarte, que a pretensão deduzida não incorreria em qualquer das hipóteses taxativas da restrição legal ao deferimento da tutela antecipada. RE 495740 TA-referendo/DF, rel. Min. Celso de Mello, 2.6.2009. (RE-495740)
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana e Antecipação de Tutela contra o Poder Público – 3
Quanto ao pedido formulado, enfatizou-se, inicialmente, que a antecipação dos efeitos da tutela suporia, para legitimar-se, a ocorrência de determinados requisitos, como a verossimilhança da pretensão do direito material (CPC, art. 273, caput) e o periculum in mora (CPC, art. 273, I). Assentou-se que tais premissas registraram-se na espécie, pois o direito material vindicado em favor de menor impúbere fora plenamente reconhecido pelo próprio Supremo, quando do julgamento da causa, de que resultara a sucumbência integral do Distrito Federal. Enfatizou-se que mais do que a verossimilhança do pleito jurídico, achava-se presente, na espécie, o próprio reconhecimento da postulação de direito material deduzida nos autos, a legitimar, em conseqüência, o atendimento da pretendida antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional. No que tange ao requisito do periculum in mora, ressaltou-se que o Ministério Público justificara de maneira adequada as razões que caracterizariam a concreta ocorrência, na hipótese, da situação de fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação (CPC, art. 273, I). Considerou-se o gravíssimo quadro que se criara em torno do menor impúbere, que permanentemente necessita de cuidados especiais tão dispendiosos que chegam a comprometer o modesto orçamento doméstico de sua família. Decisão referendada para, além de determinar a inclusão, a partir de 1º.10.2008, na folha de pagamento da entidade pública, do valor mensal referente a 2 salários mínimos a título de pensão enquanto viver o hipossuficiente, também deferir a antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional quanto ao pagamento dos valores atrasados da pensão mensal, desde o nascimento do menor, bem como o do valor equivalente a 80 salários-mínimos, a título de indenização por danos morais à servidora, estabelecendo o prazo de 30 dias, sob pena, em caso de descumprimento dessa determinação, de imediata incidência da multa cominatória, de R$ 20.000,00 por dia, nos termos do art. 461, § 5º, do CPC. Determinou-se, ainda, fosse observada a cominação da multa diária em caso de inexecução de qualquer das medidas objeto da presente tutela antecipatória. RE 495740 TA-referendo/DF, rel. Min. Celso de Mello, 2.6.2009. (RE-495740)
(Intervalo)
	
	b)	A execução indireta e por sub-rogação na obrigação de ENTREGAR COISA
	Quando a obrigação tiver por objeto obrigação de entregar coisa, você pode, tanto se valer da execução por sub-rogação, e nesse caso você vai poder se valer, sendo o bem móvel, da busca e apreensão, sendo o bem imóvel, da imissão na posse. 
	Você também pode somar. Quer dizer, alémda execução por sub-rogação também pode se valer da execução indireta (Astreintes). Você pode fazer uma busca e apreensão, mas pode fazer a aplicação da multa. Pode determinar a imissão na posse, mas também pode aplicar a multa. O que é importante aqui é o seguinte: 
Não existe ordem de preferência entre essas espécies de execução, vai depender do caso concreto. Se você vai aplicar a multa ou a busca e apreensão, qual vem antes e qual vem depois, vai depender do caso concreto. Não há uma ordem preestabelecida em lei.
É possível que o juiz aplique de forma concomitante as duas formas de execução – nesse caso, ele espera a que primeiro dê certo. Se o oficial conseguir apreender, para a multa. Se a multa convencer o sujeito a entregar, manda recolher o mandado de busca e apreensão.
	c)	A execução indireta e por sub-rogação na obrigação de FAZER e NÃO FAZER
	Nesse caso, nós vamos precisar fazer uma distinção: primeiro, vamos ter que trabalhar com as obrigações de fazer e não fazer fungíveis.
	I. 	Obrigações de fazer ou não fazer FUNGÍVEIS
	São obrigações que podem ser cumpridas por outros sujeitos além do devedor. O exemplo clássico é o de pintor de paredes. A pintura de uma sala pode ser feita, tanto pelo pintor contratado, quanto por outras pessoas que teriam a mesma capacidade para pintar aquela sala. 
	Quando a obrigação for fungível, você pode se utilizar da execução por sub-rogação que se opera nos termos do art. 634 e seguintes do CPC. Aqui, a execução por sub-rogação será feita por meio da contratação judicial de terceiro às custas do devedor. Quem vai bancar isso tudo é o devedor. Você realiza a contratação judicial de terceiro, às custas do devedor. O pintor contratado continua não querendo pintar e não vai pintar, mas a casa é pintada por aquele terceiro que é contratado judicialmente.
	Mas você pode se valer da execução indireta. Querendo, você também pode aplicar as Astreintes aqui.
	II.	Obrigações de fazer ou não fazer INFUNGÍVEIS
	Se você estiver diante de obrigações infungíveis, personalíssimas, que só podem ser cumpridas pelo devedor. O único sujeito capaz de cumpri-las é o devedor. Neste caso, ou o devedor cumpre ou a obrigação não será cumprida. Não há outra alternativa. 
	Eu contrato alguém para pintar um quadro, só ela pode pintar aquele quadro porque eu a contratei em razão das suas características pessoais. Nesse caso, não há outra alternativa, senão aplicar as Astreintes em caso de descumprimento. Não cabe execução por sub-rogação nas obrigações infungíveis. A obrigação é personalíssima. Não há o que fazer. Converte-se em perdas e danos.
	Com isso, encerramos o primeiro tópico que são as formas executivas.
2.	PRINCÍPIOS DA EXECUÇÃO
	2.1.	PRINCÍPIO DO NULLA EXECUTIO SINE TITULO
	Sem título não há execução. A existência do título Executivo é indispensável. É condição sine qua non para a execução. Deve sempre existir o título. Liebman falava que a execução é o trem e o título Executivo é o bilhete que dá acesso ao trem. Eu só tenho acesso ao trem da execução se eu tiver o bilhete que dá acesso ao título executivo.
	Aí vem a pergunta: por que a execução depende de título Executivo? Por que, para executar, eu preciso do título Executivo? Por que eu não posso executar sem o título? Porque na verdade, quando você tem uma execução (tanto faz, se é indireta, se é sub-rogação, se é processo, se é cumprimento de sentença), o executado é colocado em uma situação de desvantagem. E percebam: essa desvantagem que o executado suporta se dá, tanto no aspecto processual, porque há uma lição muito antiga que diz o seguinte: a execução é o processo do credor. Ela serve para satisfazer o credor. Resultado: o executado não busca tutela jurisdicional na execução porque a execução serve para o exequente. Então, o executado não busca tutela jurisdicional na execução. A ideia fundamental é que, processualmente, o executado atua somente para evitar exageros. Em outras palavras, o executado só vai atuar para fazer valer o art. 620, do CPC, que é aquele que fala na menor onerosidade. O executado está lá para fazer com que a execução siga pela menor onerosidade. Ele não está atrás de proteção jurisdicional. Ele só quer que não haja exagero. O exequente, sim, atua para se satisfazer. O executado, só para limitar o sacrifício que vai suportar.
	Por outro lado, o executado tem uma desvantagem material, óbvio. É na execução que você permite os atos de constrição de bens, de restrição de direitos. Na execução, você vai ser impedido de praticar um ato, que você vai ter m bem penhorado, seu patrimônio invadido. O executado está em desvantagem processual, material, é desvantagem para tudo o que é lado. Daí o legislador pensar no seguinte: tamanha desvantagem tem que ter alguma justificativa (por que estou colocando esse sujeito nessa situação?) e a justificativa é a grande probabilidade de o direito exeqüendo existir. Por que você invade o patrimônio dele? Porque ele, muito provavelmente e o devedor. Ele está numa situação de desvantagem ou muito provavelmente ele tinha que estar mesmo: e de onde vem essa grande probabilidade executiva? Do título executivo. Essa grande probabilidade de o direito existir é encontrada no título executivo.
	Percebam: as coisas fecham. O título me dá a grande probabilidade. Essa grande probabilidade legitima a desvantagem do executado. E é isso que eu preciso do título, que gera grane probabilidade, o que legitima a desvantagem do executado. Essa é mais ou menos a ideia central. É por isso que você tem o princípio do nulla executio sine titulo. Agora, um princípio muito ligado a ele é o que vem a seguir.
	2.2.	PRINCÍPIO DO NULLA TITULUS SINE LEGE
	
	Significa que só a lei pode criar títulos executivos. O que não estiver previsto em lei como título executivo, não é título executivo. Não podem criar título executivo a jurisprudência, a doutrina, as partes. Não há título sem lei que o preveja. Não dá para as partes ajustarem que mesmo sem testemunhas
	E aí vem a seguinte pergunta: quando se tem uma decisão interlocutória, que antecipa a tutela, ela vai ser executada. Você pode chamar de efetivação, como a lei fez no art. 273, § 3º, mas, no frigir dos ovos, é uma decisão interlocutória que vai ser executada. Aí a pergunta: essa decisão interlocutória é título Executivo? Uma previsão expressa, não existe lei. Em nenhum momento você vai ler “a decisão interlocutória é título executivo.” Agora, você tem duas opções:
	1ª Corrente (Araken de Assis, Teori Zavascki) – Defende uma interpretação extensiva do art. 475-N, I: onde o artigo fala “sentença” (que é a espécie) deve ser interpretado “pronunciamento decisório” (que é o gênero). Ela substitui a espécie pelo gênero. Se você fizer isso, está incluída a decisão interlocutória. Eles falam, inclusive, que o acórdão é um título executivo e não tem previsão na lei. Então, você executa o acórdão. Um acórdão de competência originária de tribunal. Aí não há nem sentença. Só haverá acórdão e ele vai ser executado. Essa interpretação ampla já existe.
	Art. 475-N. São títulos executivos judiciais: (Acrescentado pela L-011.232-2005) I – a sentença proferida no processo civil que reconheça a existência de obrigação de fazer, não fazer, entregar coisa ou pagar quantia;
	2ª Corrente (Marinoni, Medina) – Na tutela antecipada, decisão interlocutória e tal, você, na verdade, tem a permissão de uma execução sem título. Eles defendem, portanto, aqui, a existência de uma execução sem título. “Mas como é que pode? E a tal da nulla executio sine titulo, como fica?” Eles dizem o seguinte: a decisão interlocutória que antecipa a tutela cumpre a função do título Executivo, mesmo não sendo título. E que função é essa? É legitimar as desvantagens do executado. E por que você faz isso? Porque há uma grande probabilidade de o direito existir. Então, o que o Marinoni fala: na decisão interlocutória da tutela antecipada também existe uma grande probabilidade de o direito existir. Isso porquevocê só vai ter direito a tutela antecipada se preencher o requisito da prova inequívoca da verossimilhança da alegação. Está lá no art. 273, caput do CPC. O que o Marinoni, na verdade quer falar aqui é o seguinte: como há a prova inequívoca da verossimilhança, eu não preciso do título porque a desvantagem do executado nesse caso está justificada. 
	A ideia básica é essa. Na verdade, cá entre nós, são explicações para explicar a realidade que é: está sendo executado. A realidade hoje é: você executa essa decisão. Aliás, hoje não! Desde 1994. E aí é aquela história: se você quiser manter o principio nulla executio sine titulo, você faz uma interpretação ampliativa do art. 475-N, I. Mas se você quiser dizer que esse princípio não é absoluto, ou que ele precisa ter uma justificativa e, nesse caso ele seria inútil, ai você encara pelo Marinoni.
		2.3.	PRINCÍPIO DA PATRIMONIALIDADE
	O que responde pela satisfação da obrigação é sempre o patrimônio e nunca o corpo do devedor ou do responsável patrimonial que às vezes nem é o devedor. 
	E isso mesmo na prisão civil. “Na prisão civil é o corpo, porque o cara vai preso.” Não! Na prisão civil, não há uma satisfação da obrigação. Isso é importante que você perceba. Não há satisfação da obrigação. O leigo imagina a prisão como sendo a prisão penal. A penal é prisão-sanção (“estou quites com a sociedade”). Isso é prisão penal. A civil é bem menos charmosa. O devedor de alimentos fica três meses sem pagar e fica um mês preso. Ele sai no quarto mês e vai dizer o quê? Que está quites com a sociedade? Não. Ele dirá: “estou devendo 4 meses”. Se eu dissesse que essa prisão satisfaz a obrigação, eu estaria saindo da patrimonialidade. O que satisfaz a obrigação é o patrimônio. Nunca o corpo! O cliente, às vezes, não entende e diz: “eu prefiro ser preso!” Ele pensa que ou é preso ou paga. E não é assim. A prisão é um plus. Pagar, vai pagar de qualquer jeito e, além disso, vai ser preso. Não adianta explicar que é prisão penal. Essa não é uma prisão tão ruim. É específica.
	Só que nem sempre foi assim. Se hoje existe o princípio da patrimonialidade, este deve ser imputado à humanização da execução. É resultado da humanização da execução. E um brevíssimo histórico pode ser interessante para você construir uma questão discursiva ou mesmo numa prova oral.
	No início de tudo, a execução era pessoal. Significa dizer: no início de tudo, era o corpo do devedor que respondia. Lá na Lei das 12 Tábuas havia a morte. Entregava o corpo para o credor. E se houvesse mais de um credor, esquartejava. Uma barbaridade. Percebeu-se que morrer era forte. Começaram a trabalhar com a escravidão. E era escravidão perpétua. Você vendia os devedores para os povos inimigos para que fossem por eles escravizados. Daí, passaram à escravidão temporária, correspondente ao valor da dívida. Se estava devendo os tubos, ficava para sempre. Chega-se na execução patrimonial, saindo da pessoa. A história é cheia de idas e vindas. Na execução patrimonial, primeiro, o devedor vertia todo o patrimônio. Todo! Ah! Mesmo que ele devesse só 100, perdia os 1000. Que justificativa tinha para isso? Havia uma ideia sancionatória, de vingança na execução. Era fazer uma correspondência com o valor da dívida. Continua sendo patrimonial, mas agora passa a ser correspondente ao valor da dívida. Se ele deve 100, perde o patrimônio de 100. Hoje, estamos no passo final da humanização, que é trabalhar com a ideia de patrimônio mínimo.
	Patrimônio mínimo, nada mais é do que uma característica do princípio da dignidade da pessoa humana. É uma das facetas, uma das espécies de representação do princípio da dignidade da pessoa humana. A ideia aqui é a de que você tenha a manutenção de um patrimônio mínimo que permita a sobrevivência digna do devedor. É onde estamos hoje. Quer dizer, eu só respondo com o meu patrimônio pelo valor da dívida, mas ainda assim, mantendo o mínimo para manter a minha dignidade humana. Nós saímos da morte, esquartejamento, divisão do corpo do devedor entre os credores para chegar na tutela do patrimônio mínimo, para chegar na ideia da dignidade da pessoa humana. É um ciclo de humanização. É resultado da humanização.
	Como eu trabalho com o princípio do patrimônio mínimo? Eu trabalho com a ideia de bens impenhoráveis. No art. 649, do CPC, a experiência vem mostrando o seguinte: tenham conhecimento, mas meramente literal do art. 649 (leiam em casa). Não precisa ir muito além disso. Geralmente as questões que envolvem o art. 649 é só pra saber se você conhece. Não é lá conhecimento muito profundo que você precisa ter. Esses bens do art. 649 são considerados bens absolutamente impenhoráveis. Isso significa o seguinte: mesmo sendo o único bem do devedor, não haverá a penhora. O cara não tem nada. Só tem o carro que lhe serve para o trabalho porque ele é taxista. Não poderá penhorar. 
	Art. 649 - São absolutamente impenhoráveis:
	I - os bens inalienáveis e os declarados, por ato voluntário, não sujeitos à execução;
	II - os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a residência do executado, salvo os de elevado valor ou que ultrapassem as necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida; (Alterado pela L-011.382-2006)
	III - os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo se de elevado valor; (Alterado pela L-011.382-2006)
	IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, observado o disposto no § 3º deste artigo; (Alterado pela L-011.382-2006)
	V - os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício de qualquer profissão; (Alterado pela L-011.382-2006)
	VI - o seguro de vida; (Alterado pela L-011.382-2006)
	VII - os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas forem penhoradas; (Alterado pela L-011.382-2006)
	VIII - a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família; (Alterado pela L-011.382-2006)
	IX - os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação compulsória em educação, saúde ou assistência social; (Alterado pela L-011.382-2006)
	X - até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a quantia depositada em caderneta de poupança. (Alterado pela L-011.382-2006) (Acrescentado pela L-007.513-1986)
	XI - os recursos públicos do fundo partidário recebidos, nos termos da lei, por partido político. (Acrescentado pela L-011.694-2008)
	No art. 650, por sua vez, você encontra os chamados bens relativamente impenhoráveis. Significa o quê? Bens que só são impenhoráveis se existirem outros que possam ser penhorados (não tem tu, vai tu mesmo). Exemplo: objetos de natureza religiosa. Eu chego na casa do devedor e ele tem um crucifixo enorme de ouro na parede. Se existir qualquer outro bem que possa ser penhorado eu não vou levar o crucifixo. Agora, se for o único bem que pode responder pela dívida, vai ele mesmo. Bem relativamente impenhorável é quase uma questão de preferência. O bem relativamente impenhorável é o último bem na preferência da penhora. Eu pego todos os bens possíveis e, se não tiver nenhum, eu pego o bem relativamente impenhorável.
	Art. 650 - Podem ser penhorados, à falta de outros bens, os frutos e rendimentos dos bens inalienáveis, salvo se destinados à satisfação de prestação alimentícia. (Alterado pela L-011.382-2006)
	I - os frutos e os rendimentos dos bens inalienáveis, salvo se destinados a alimentos de incapazes, bem como de mulher viúva, solteira, desquitada, ou de pessoas idosas;
	II - as imagens e os objetos do culto religioso, sendo de grande valor.
 
	Observação: art. 649, IV, do CPC. Se está no 649 é porque é bem absolutamente impenhorável. Esses são os ganhos com o trabalho e os valores referentesà aposentadoria (salário, soldo, valores de aposentadoria, etc.). Aqui você tem uma exceção e a exceção é dada pelo art. 649, § 2º. 
	§ 2º O disposto no inciso IV do caput deste artigo não se aplica no caso de penhora para pagamento de prestação alimentícia. (Acrescentado pela L-011.382-2006)
	Esses valores, esses ganhos do art. 649, IV podem ser penhorados na situação de dívidas de alimentos. Na execução de alimentos, você pode penhorar salário, você pode penhorar aposentadoria, honorários advocatícios, etc. Quem fez a última prova da defensoria do ES (Cespe) cruzou com essa questão. É mais ou menos o que acontece com o bem de família. o imóvel e os móveis que guarnecem a residência. O devedor só tem esse bem de família. Não posso penhorar. Nesses termos, é absolutamente impenhorável. Mesmo que seja o único, não vou poder penhorar. Agora, se eu aplicar o art. 3.º, da Lei 8.009/90, que é a Lei do Bem de Família, eu percebo que algumas circunstâncias o bem de família pode ser penhorado. Excepcionalmente, isso pode acontecer: dívidas tributárias referentes ao imóvel, dívidas de empregados que trabalharam no imóvel são exemplos.
	Art. 3º A impenhorabilidade é oponível em qualquer processo de execução civil, fiscal, previdenciária, trabalhista ou de outra natureza, salvo se movido:
	I - em razão dos créditos de trabalhadores da própria residência e das respectivas contribuições previdenciárias;
	II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo contrato;
	III - pelo credor de pensão alimentícia;
	IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em função do imóvel familiar;
	V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou pela entidade familiar;
	VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.
	VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação. 
	2.4.	PRINCÍPIO DO DESFECHO ÚNICO
	Também conhecido como princípio do resultado único. Quando você trabalha com processo ou com fase de conhecimento (hoje vale para os dois), costuma-se dizer o seguinte: você tem um fim normal e um fim anômalo desse processo ou fase. Qual o fim normal? É a decisão de mérito, é hoje, na linguagem do código, a resolução do mérito. Olha que interessante: nos termos do art. 269, I, que é a sentença genuína de mérito, é a verdadeira sentença de mérito, o fim normal do processo na fase de conhecimento pode entregar a tutela de conhecimento ao autor, quando o pedido é acolhido, ou ao réu, quando o pedido é rejeitado. O fim normal é a resolução do mérito. O que é a resolução do mérito? É a tutela jurisdicional para o autor ou para o réu. É a sentença que acolhe ou rejeita o pedido. Se acolheu o pedido, dá tutela para o autor, se rejeitou o pedido, dá tutela para o réu. O que eu quero demonstrar é que tanto o autor quanto o réu podem obter tutela jurisdicional de conhecimento. Isso tudo é fim normal.
	Fim anômalo é a extinção terminativa. É a extinção sem a resolução do mérito. Agora, no processo ou na fase de execução, eu tenho o fim normal e tenho o fim anômalo. O fim anômalo não muda de natureza: continua sendo uma extinção terminativa, sem resolução do mérito (art. 267, do CPC). E o fim normal? Qual o fim normal de uma execução? É a satisfação do credor, o que significa que se tudo der certo, a tutela jurisdicional será concedida ao autor, ao exequente. O fim normal é a satisfação, ou seja, tutela jurisdicional nesse processo é só para o autor, é só para o exequente. Por isso que é fim único, desfecho único. O único desfecho normal é a satisfação. No sistema anterior, tinha uma afirmação que era a seguinte: é tão verdade que o executado não tem direito à tutela jurisdicional que se ele quiser obter tutela jurisdicional, ele vai ser obrigado a entrar com uma outra ação, que é a ação de embargos à execução. E lá ele vai ter tutela jurisdicional porque a execução é um processo do credor, é feita para satisfazer o credor. O mundo gira, as coisas vão se modificando e a gente tem que acompanhar. Não dá para fechar os olhos para as novas realidades. Duas observações:
	Exceção de pré-executividade – Vou te dar uma dica: sempre que você ouvir mérito executivo, significa existência e extensão do direito exeqüendo. Discutir mérito executivo é discutir isso, a existência e extensão do direito exeqüendo: “não há o direito exeqüendo porque já houve o pagamento ou porque já está prescrita a pretensão. Vai dizer respeito ao próprio direito exeqüendo. Olha só que interessante: o STJ entende que se houver uma exceção de pré-executividade, que é um incidente processual que se desenvolve na própria execução, havendo o acolhimento da exceção de pré-executividade o juiz vai proferir uma sentença de mérito, rejeitando o pedido do autor (art. 269, I, do CPC). É sentença de mérito sem tirar nem por, que faz, inclusive, coisa julgada material. O que acabou de acontecer aqui? Eu acabei de excepcionar o princípio porque eu acabei de permitir que na própria execução, o réu, o executado obtenha tutela jurisdicional. Foi isso que acabou de acontecer aqui. Na própria execução, você não vai poder falar que teve um fim anormal porque o fim anormal é a sentença terminativa e não houve sentença terminativa. Houve um fim normal, mas em favor do executado, do réu. E não é algo que o princípio entenda passível de acontecer. Mas acontece e acontece todo dia, e o STJ, inclusive, reconhece. Essa é a primeira observação, para você ficar esperto que esse tal de desfecho único, resultado único, pode não ser tão único assim. Pelo menos no caso da exceção de pré-executividade nós já encontramos uma posição contrária à do princípio.
	Impugnação ao cumprimento de sentença – Aqui, o que vai acontecer é o seguinte: há uma discussão a respeito da natureza jurídica dessa impugnação. A doutrina majoritária (não é unânime) entende que essa impugnação tem natureza de incidente processual defensivo do executado. Se essa impugnação tiver como objeto matéria de mérito executivo e ela for acolhida, o script vai ser o mesmo. Se ela for acolhida, você vai ter uma sentença que rejeita o pedido do exequente. O mesmo que aconteceu na exceção de pré-executividade. Você terá uma sentença de mérito do art. 269, I, do CPC, em favor do executado. Resultado: nesse caso, o resultado obteve tutela jurisdicional. E o resultado único? Nesse caso, foi pra escanteio.
	2.5.	PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE DA EXECUÇÃO
	Significa que o exequente pode desistir a qualquer momento da execução, e agora vem o importante, independentemente da anuência do executado. É aquela história: como o executado não pode buscar a tutela jurisdicional (o único que faz isso é o exequente), vem a ideia de que a execução é um processo dele e se ele quiser desistir, faz isso a hora que quiser. 
	No processo de conhecimento, como autor e réu podem obter a tutela, depois de um determinado momento, autor e réu têm que concordar. Aqui, a ideia é que você pode desistir a qualquer momento. 
	1ª Observação:	 O executado pode desistir da execução e pode também desistir somente de determinados meios executivos. Quem podem o mais pode o menos. Eu posso dizer: “Excelência, eu não quero usar as Astreintes nesse caso. Eu só quero a busca e a preensão.” Tudo bem. Aqui, vamos aplicar o princípio dispositivo. Quem vai mandar é o exequente. Quem determina quais os meios serão ou não utilizados é o exequente.
	2ª Observação:	 O MP, na tutela coletiva, execução em geral na tutela coletiva, ele tem exatamente o princípio inverso do que a gente está vendo. O MP, na tutela coletiva, atua baseado no princípio da indisponibilidade porque o MP tem o dever funcional de executar a sentença coletiva. Ele tem o dever institucional de executar a sentença coletiva.
	3ª Observação: Art.569, § único do CPC. A ideia aqui é a seguinte: ele pode desistir a qualquer momento? Pode. E se tiver embargos à execução pendente de julgamento? Isso não impede a desistência da execução. A pergunta, na verdade, é: o que acontece com esses embargos? Como a desistência da execução afeta os embargos? Depende. A desistência da execução afeta os embargos a depender nas matérias alegadas nos embargos. Se você tiver matérias exclusivamente processuais, ou seja, se você tiver matérias que exclusivamente apontem vícios formais do procedimento da execução, esses embargos serão extintos. Por quê? Perda superveniente do objeto. Os embargos estarão prejudicados. Por quê? Percebam: se as matérias são exclusivamente de vícios procedimentais, o máximo que o executado embargante conseguiria seria uma sentença terminativa da execução. Mas a sentença terminativa na execução ele já tem, que é a sentença que homologa a desistência. Então, a ideia é essa: o máximo que ele, embargante, conseguiria, é algo que ele já tem, que é o fim anômalo da execução. É o fim da execução pela sentença terminativa. Agora, se os embargos tiverem como matéria o mérito executivo, aí o que vai acontecer é o seguinte: você vai realizar a intimação do embargante. Se ele concordar, haverá a extinção dos embargos. O embargante vai desistir dos embargos. E embargos são processo de conhecimento e, em regra, precisaria da anuência do réu. Mas aqui, o embargante vai desistir sem precisar da anuência do embargado. E a ideia é a seguinte: se o cara desistiu da execução, ele 
abriu mão dos embargos. Ele não pode desistir da execução e manter os embargos. Então, a desistência da execução já é entendida como concordância da desistência dos embargos pelo embargante. Agora, o embargante pode querer continuar com a ação. Você percebe por quê? Porque com essa ação, ele pode conseguir uma sentença de mérito que a desistência da execução não lhe deu. Esse é o interesse dele: continuar com a ação para obter uma sentença de mérito que a desistência da execução não lhe deu. Você está me executando um cheque. Eu estou entro com embargos para dizer que o cheque é frio, para dizer que não há dívida aí. Você desiste da execução. Percebam, senhores, se eu continuar com os embargos e ganhar esses embargos, você nunca mais vai poder me incomodar por causa desse cheque. Mas se você desiste da execução e eu aceito desistir dos embargos, no dia seguinte você pode entrar com uma nova execução do mesmo cheque porque você não vai ter sentença de mérito, como devedor, a te proteger contra isso. Detalhe: ele pode querer continuar com a ação, mas aí ela deixa de ser embargos à execução. Ela se torna uma ação qualquer. É impossível existir embargos à execução sem execução. O exequente desistiu. Acabou a execução. Então, aqui, você continua com a ação, mas com a ideia de que ela não é mais embargos à execução. Se ela continuasse sendo embargos à execução, você aplicaria o art. 520, V, nela. Na hora que viesse a sentença e a apelação, a apelação seria recebida só no efeito devolutivo porque nos embargos à execução, a apelação é só no efeito devolutivo. Não é mais embargos. Então, você não vai aplicar art. 520, V. Sabe o que significa? Quando chegar no final do processo e vier a sentença, a apelação será recebida no duplo efeito. “Ah, mas isso aqui não é embargos?” FOI embargos! Enquanto existia a execução, era embargos, na hora que a execução acabou, não pode continuar como embargos. Continua como uma ação qualquer, uma ação autônoma, que você chama como quiser. 
	Art. 569. Parágrafo único - Na desistência da execução, observar-se-á o seguinte: a) serão extintos os embargos que versarem apenas sobre questões processuais, pagando o credor as custas e os honorários advocatícios; b) nos demais casos, a extinção dependerá da concordância do embargante.
	Art. 520 - A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo. Será, no entanto, recebida só no efeito devolutivo, quando interposta de sentença que: V - rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes;
	2.6.	PRINCÍPIO DA MENOR ONEROSIDADE (do material de apoio)
	A execução não pode ser utilizada como forma de vingança privada do exequente, devendo o executado suporta prejuízos nos limites da satisfação do direito. O princípio está consagrado no art. 620 do CPC:
	Art. 620. Quando por vários meios o credor puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o devedor.
	Dinamarco/Leonardo Greco: compatibilizar o princípio da menor onerosidade e da efetividade da tutela jurisdicional
	2.7.	PRINCÍPIO DA BOA-FÉ E LEALDADE PROCESSUAL
	Nós estamos falando de um princípio que é de teoria geral. A boa-fé deve existir em qualquer processo. Mas como estamos falando em execução, vamos centralizar.
	No art. 600 e no art. 601, do CPC, você tem a consagração do chamado ato atentatório à dignidade da justiça. Uma espécie de ato que só pode ser praticado pelo executado (isso não vale para o exequente), tanto na execução, quanto nos embargos à execução. Quais são os atos atentatórios à dignidade da Justiça? Art. 600, do CPC:
	Art. 600 - Considera-se atentatório à dignidade da justiça o ato do devedor que: I - frauda a execução; II - se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios artificiosos; III - resiste injustificadamente às ordens judiciais; IV - intimado, não indica ao juiz, em 5 (cinco) dias, quais são e onde se encontram os bens sujeitos à penhora e seus respectivos valores. (Alterado pela L-011.382-2006)
	Art. 601 - Nos casos previstos no artigo anterior, o devedor incidirá em multa fixada pelo juiz, em montante não superior a 20% (vinte por cento) do valor atualizado do débito em execução, sem prejuízo de outras sanções de natureza processual ou material, multa essa que reverterá em proveito do credor, exigível na própria execução. 
	Parágrafo único - O juiz relevará a pena, se o devedor se comprometer a não mais praticar qualquer dos atos definidos no artigo antecedente e der fiador idôneo, que responda ao credor pela dívida principal, juros, despesas e honorários advocatícios. 
	Quanto ao inciso I, há uma discussão que não leva a lugar nenhum. Por que digo isso? Porque uma corrente doutrinária, cito aqui Araken de Assis, defende que o termo “fraude à execução” foi usado no seu sentido técnico. Ou seja, para ele, fraudar a execução é praticar um daqueles atos do art. 593, do CPC, que é o artigo que tipifica fraude à execução. 
	Art. 593 - Considera-se em fraude de execução a alienação ou oneração de bens: I - quando sobre eles pender ação fundada em direito real; II - quando, ao tempo da alienação ou oneração, corria contra o devedor demanda capaz de reduzi-lo à insolvência; III - nos demais casos expressos em lei.
	Por sua vez, Dinamarco lidera uma corrente doutrinária que diz que o termo “fraude à execução” foi usado no sentido leigo. O que é fraudar a execução? É gerar indevidamente a sua frustração. Para ele, fraudar a execução seria gerar indevidamente a sua frustração. 
	A discussão acaba se esvaziando. Na visão do Araken de Assis, é bem mais limitadora a aplicação do artigo. Para o Dinamarco, é bem mais ampla. Por que acaba dando na mesma? Basta olha pra o inciso II que fala que é atentatório à dignidade da justiça qualquer ato que se opõe maliciosamente à execução. Dessa forma, se você der interpretação restritiva ao inciso I, tudo o que você tirou do inciso I, cai no inciso II. Oposição maliciosa é algo amplo. Tudo o que você faz indevidamente para frustrar a execução está ali dentro.
 
	O inciso III é interessante. Trata da resistência injustificada às ordens do juiz. Se você praticar um ato desse, você comete um ato atentatório à dignidade da justiça. Aí eu aplico o art. 601, do CPC e te dou uma multa que vai até 20% do valor do crédito (já estou de dando de antemão qual é a sanção). Só que, ao mesmo tempo que você praticou um ato atentatório à dignidade da justiça (arts. 600 e 601), você tambémpraticou um ato atentatório à dignidade da jurisdição (art. 14, VI, § único, do CPC). Você vai sofrer uma outra multa que também vai até 20% do valor exeqüendo. 
	Então, olha que interessante: o sujeito, quando resiste às ordens do juiz da execução, ele sofre duas multas: uma pelo ato atentatório à dignidade da Justiça, uma pelo ato atentatório à dignidade da Jurisdição. Mas não haveria um bis in idem aí? Ele não estaria sendo punido duas vezes pelo mesmo ato? Essa multa atentatória à dignidade da Justiça do art. 601 tem como credora a parte contrária, ou seja, o exequente. Mas a multa do art. 14 tem como credor o Estado. O simples fato de diferentes credores já afasta o bis in idem. 
	O inciso IV é uma novidade da Lei 11.382 e indica como atentatório à dignidade da Justiça a não indicação de bens sujeitos à execução. Durante muito tempo imaginou-se que o executado não devia indicar os bens. Havia julgamentos em SP dizendo que obrigar o cara a indicar os bens era, na verdade, obrigá-lo a fazer prova contra si. O resultado é: hoje o sujeito tem o dever de indicar os bens sob pena da multa de 20%.
	Alguns detalhes: o devedor será intimado para indicar esses bens no prazo de 5 dias. Não há, neste caso, preclusão temporal. Isso significa que, a momento da execução, você pode pedir a informação. E também não há preclusão consumativa porque você pode pedir mais de uma vez. O dever, para ter uma lógica, indica que você vai indicar bens correspondentes ao valor da execução. Aqui, nós temos que prestigiar o princípio do sigilo patrimonial. Se eu te devo 10 e tenho o patrimônio de 1 milhão, você não tem que saber isso. eu vou abrir o patrimônio no valor de 10.
	 E uma última consideração: se você tiver bens impenhoráveis, continua existindo o dever de informação. E isso por uma razão simples: quem diz se o bem é impenhorável ou não é o juiz. Quem decide sobre a impenhorabilidade do bem é o juiz. Então, você indica o bem e diz que é impenhorável. Aí o juiz vai decidir se pode ou não. Não pode ficar na mão do executado.
	Perguntas do final da aula:
	1.	Questionamento que caiu em prova (Defensoria Pública/MG): Impugnação ao cumprimento de sentença. Alegou o executado na impugnação: vício da citação na fase de conhecimento. O juiz acolhe a impugnação, julgando procedente. Qual o recurso cabível? O art. 475-M, § 3º fala da recorribilidade da decisão da impugnação. Lá, nós lemos o seguinte: 
	§ 3º A decisão que resolver a impugnação é recorrível mediante agravo de instrumento, salvo quando importar extinção da execução, caso em que caberá apelação.
	A pergunta que você tem que fazer para responder o questionamento da Defensoria é a seguinte: a decisão que reconhece o vício da citação extingue a execução? Resposta: sim, claro! “Ah, mas ela não extingue o processo porque nós vamos voltar lá para o momento da citação e começar de novo.” Senhores, o Código não fala em extinção do processo. O Código fala em extinção do processo. Fala em extinção da execução. É claro que na absoluta maioria das vezes extinguir a execução é extinguir o processo. Mas nesse caso específico, e é daí que vem o charme da questão, extinguir a execução não significa extinguir o processo porque se o juiz reconhecer que há um vício de citação lá no início, vamos voltar para o início e começar de novo. E a execução, cá entre nós, foi extinta. E uma vez extinta, cabe o recurso de apelação.
	
	2.	Como ocorre o contraditório e a ampla defesa, apresentada a impugnação pelo executado no cumprimento de sentença? O exequente tem prazo para se manifestar acerca da impugnação? Aqui, incidirá o art. 475-R, do CPC que diz que caberão no cumprimento de sentença as regras do processo de execução. Naquilo que o cumprimento de sentença não prevê, cabem as regras do processo de execução.
	Art. 475-R. Aplicam-se subsidiariamente ao cumprimento da sentença, no que couber, as normas que regem o processo de execução de título extrajudicial.
	É muito pobre o regramento do cumprimento de sentença que está nos arts. 475, J, L e M. Então, tudo o que não estiver aí, vamos aplicar as regras do processo de execução. Aqui, o que vai acontecer é você aplicar por analogia as regras da execução. Sendo a impugnação a defesa do executado, qual é o primo da impugnação no processo de execução? Os embargos. O que a impugnação faz no cumprimento de sentença, os embargos fazem no processo de execução. Eu aplico, por analogia, o art. 740. O Código não fala nada. O cara entra com a impugnação e aí nós vamos ouvir a parte contrária? Vai ter prova? Não vai? Como vai funcionar? Cadê o procedimento? Não está previsto na lei. Mas não tem problema porque eu pego o art. 475-R e aplico por analogia o art. 740, do CPC. Haverá contraditório, ampla defesa, eu vou intimar o exequente que terá o prazo de 15 dias para se manifestar sobre a impugnação apresentada pelo executado. Aplicação por analogia do art. 740.
	Art. 740 - Recebidos os embargos, será o exeqüente ouvido no prazo de 15 (quinze) dias; a seguir, o juiz julgará imediatamente o pedido (art. 330) ou designará audiência de conciliação, instrução e julgamento, proferindo sentença no prazo de 10 (dez) dias.
	3.	Penhora do bem de família para pagamento de dívidas alimentares – Não é o que vem sendo admitido hoje. A impenhorabilidade do bem de família tem as previsões excepcionais à impenhorabilidade no art. 3.º, da Lei 8009. Eu não posso, porque o código expressamente fala isso, querer vender um instrumento de trabalho para pagar dívida de alimentos, porque o instrumento de trabalho não está no art. 649, § 2º, que são as hipóteses excepcionadas no tocante a alimentos. Eu não posso ampliar essa possibilidade de penhora para outras hipóteses. Então, aqui, a resposta seria negativa.

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