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Direito das obrigações resumo

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Direito das obrigações
Direito das Obrigações ou Direito Obrigacional é o ramo do Direito Civil que estuda as espécies obrigacionais, suas características, efeitos e extinção.
Já a expressão Obrigação, caracteriza-se como o vínculo jurídico transitório entre credor e devedor cujo objeto consiste numa prestação de dar, fazer ou não fazer.
Em sentido amplo, obrigação refere-se a uma relação entre pelo menos duas partes e para que se concretize, é necessária a imposição de uma dessas e a sujeição de outra em relação a uma restrição de liberdade da segunda. O objeto dessa restrição da liberdade é a obrigação.
O Código Civil não traz um conceito para obrigação, deixando-o para uma construção doutrinária.
Difere-se do dever, pois este não carece da sujeição de uma das partes. O dever refere-se a uma alta probabilidade da concretização de um determinado comportamento, através da análise da interação entre a parte e a situação e a previsão de seu desenrolar. O dever aprecia o resultado do livre-arbítrio individual e não tenta influir decisivamente neste, no que se diferencia da obrigação. Este, na prática do direito se exprime através do crédito, débito, dívida, fundamento ou fonte de um direito, instrumento que corporifica o direito, encargo, compromisso, imposição, títulos que representam créditos ou valores, toda relação que liga um devedor a um credor.
No Brasil
Dentro do código civil brasileiro há um capítulo específico que se refere aos direitos das obrigações que é a parte do direito civil que estuda as normas que regulam as relações de crédito, ou seja, o direito de se exigir de alguém o cumprimento de uma prestação. É também chamado direito de crédito.
As respectivas obrigações assumidas pelo devedor possuem como garantia do cumprimento obrigacional o patrimônio do devedor, (ressalvados o bem de família - Lei nº 8.009/90 e os bens impenhoráveis descritos no CPC).
Elementos das obrigações
As obrigações são constituídas de elementos subjetivos, objetivos e de um vínculo jurídico.
elemento subjetivo: formado pelos envolvidos: credor(sujeito ativo) e devedor(sujeito passivo).
elemento objetivo: formado pelo objeto da obrigação: a prestação a ser cumprida.
vínculo jurídico: determinação que sujeita o devedor a cumprir determinada prestação em favor do credor.
Classificação das obrigações
Quanto a natureza de seu objetos: dar, fazer e não fazer;
Quanto o modo de execução(ou quanto ao objeto): simples, cumulativa, alternativa e facultativa;
Quanto ao tempo de adimplemento: instantânea, execução continuada, execução diferida;
Quanto ao fim(ou quanto ao conteúdo): de meio, de resultado e de garantia;
Quanto aos elementos: acidentais, condicional, modal e a termo;
Quanto aos sujeitos: divisível, indivisível e solidária;
Quanto a liquidez do objeto: líquida ou ilíquida;
Quanto exigibilidade: civis, naturais.
 Quanto a natureza de seu objeto
Obrigação de dar - pode ser coisa certa ou incerta. No primeiro caso, o devedor não pode trocar a coisa contratada por outra; no segundo caso a coisa é determinada pelo gênero e quantidade, cabendo a escolha ao devedor, se o contrário não decorrer do contrato [1]. Quando realizada a escolha, passa a ser tratada como uma obrigação de dar coisa certa.
Dar a coisa certa - A coisa certa é perfeitamente identificada e individualizada em suas características. É quando em sua identificação houver indicação da quantidade do gênero e de sua individualização que a torne única.
Dar a coisa incerta - Quando a especificação da coisa não é dada de uma primeiro momento, porém gênero e quantidade são determinados (por exemplo: entrega de 20 cavalos. Não se determinou a raça específica mas o gênero - cavalos - e quantidade - 20 -).
Restituir - É a devolução da posse da coisa emprestada.
Obrigação de fazer - consiste na prestação de um serviço por parte do devedor.
Obrigação de não fazer - o devedor se abstém de um direito ou ação que poderia exercer (ex: uma pessoa com lote praiano que assina contrato com um hotel para ceder o espaço como estacionamento. A pessoa tinha todo direito/ação de construir uma casa no lote, mas se obriga a NÃO fazer em razão do contrato com o hotel).
Quanto ao modo de execução
Simples - Tem por objeto a entrega de uma só coisa ou execução de apenas um ato.
Cumulativa - Obrigação conjuntiva de duas ou mais prestações cumulativamente exigíveis, o devedor exonera-se com o prestar das prestações de forma conjunta (regra do "E" = por exemplo, um contrato de aluguel onde ao término o devedor se obriga a entregar o imóvel reformado E pintado E com piso novo. Somente todas as cláusulas em conjunto satisfazem a obrigação).
Facultativa - Obrigações com faculdade alternativa de cumprimento da ao devedor possibilidade de substituir o objeto prestado por outro de caráter subsidiário, já estabelecido na relação obrigacional.
Alternativa - Caracteriza-se pela multiplicidade dos objetos devidos. Mas, diferentemente da obrigação cumulativa, na qual também há multiplicidade de objetos devidos e o devedor só se exonera da obrigação entregando todos. (regra do "OU" = por exemplo, contrato de aluguel onde ao término o devedor se obriga a entregar o imóvel reformado OU pintado OU piso novo. A execução de qualquer uma das cláusulas satisfaz a obrigação).
Quanto ao tempo de adimplemento
Instantânea - Se consuma num só ato em certo momento, como, por exemplo, a entrega de uma mercadoria; nela há uma completa exaustão da prestação logo no primeiro momento de seu adimplemente.
Execução continuada - se protrai no tempo, continuada,caracterizando-se pela prática ou abstenção de atos reiterados, solvendo-se num espaço mais ou menos longo de tempo - por exemplo, a obrigação do locador de ceder ao inquilino, por certo tempo, o uso e o gozo de um bem infungível, e a obrigação do locatário de pagar o aluguel convencionado.
Execução diferida - exigem o seu cumprimento em um só ato, mas diferentemente da instantânea, sua execução deverá ser realizada em momento futuro.
Quanto ao fim
De meio - o sujeito passivo da obrigação utiliza os seus conhecimentos, meios e técnicas para alcançar o resultado pretendido sem, entretanto, se responsabilizar caso este não se produza. Como ocorre nos casos de contratos com advogados, os quais devem utilizar todos os meios para conseguir obter a sentença desejada por seu cliente, mas em nenhum momento será responsabilizado se não atingir este objetivo.
De resultado - o sujeito passivo não somente utiliza todos os seus meios, técnicas e conhecimentos necessários para a obtenção do resultado como também se responsabiliza caso este seja diverso do esperado. Sendo assim, o devedor (sujeito passivo) só ficará isento da obrigação quando alcançar o resultado almejado. Como exemplo para este caso temos os contratos de empresas de transportes, que têm por fim entregar tal material para o credor (sujeito ativo) e se, embora utilizado todos os meios, a transportadora não efetuar a entrega (obter o resultado), não estará exonerada da obrigação.
De garantia - tem por conteúdo a eliminação de um risco, que pesa sobre o credor; visa reparar as consequências de realização do risco; embora este não se verifique, o simples fato do devedor assumi-lo representará o adimplemento da prestação.
Quanto aos elementos
Acidental - são estipulações ou cláusulas acessórias que as partes podem adicionar em seu negócio para modificar uma ou algumas de suas consequências naturais (condição, modo, encargo ou termo).
Condicional - são aquelas que se subordinam a ocorrência de um evento futuro e incerto para atingir seus efeitos.
Modal - o encargo não suspende a "aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva", de acordo com o artigo 136 do Código Civil.
A termo - submetem seus efeitos a acontecimentos futuros e certos, em data pré estabelecida. O termo pode ser final ou inicial, dependendo do acordo produzido.
Quanto aos sujeitos
Divisível - éaquela suscetível de cumprimento parcial, sem prejuízo de sua substância e de seu valor; trata-se de divisibilidade econômica e não material ou técnica; havendo multiplicidade de devedores ou de credores em obrigação divisível, este presumir-se-á dividida em tantas obrigações, iguais e distintas.
Indivisível - é aquela cuja prestação só poder ser cumprida por inteiro, não comportando sua cisão em várias obrigações parceladas distintas, pois, uma vez cumprida parcialmente a prestação, o credor não obtém nenhuma utilidade ou obtém a que não representa parte exata da que resultaria do adimplemento integral; pode ser física (obrigação restituir coisa alugada, findo o contrato), legal (concernete às ações de sociedade anônima em relação à pessoa jurídica), convencional ou contratual (contrato de conta corrente), e judicial (indenizar acidentes de trabalho).
Solidária - é aquela em que, havendo multiplicidade de credores ou de devedores, ou uns e outros, cada credor terá direito à totalidade da prestação, como se fosse o único credor, ou cada devedor estará obrigado pelo débito todo, como se fosse o único devedor; se caracteriza pela coincidência de interesses, para satisfação dos quais se correlacionam os vínculos constituídos.
Quanto a liquidez
Líquida - é aquela determinada quanto ao objeto e certa quanto à sua existência. Expressa por um algarismo ou algo que determine um número certo.
Ilíquida - depende de prévia apuração, já que o montante da prestação apresenta-se incerto. conforme art 947 cc/02.
Quanto a exigibilidade
Civis - é a que permite que seu cumprimento seja exigido pelo próprio credor, mediante ação judicial.
Natural - permite que o devedor não a cumpra e não dá o direito ao credor de exigir sua prestação. Entretanto, se o devedor realizar o pagamento da obrigação, não terá o direito de requerê-la novamente, pois não cabe o pedido de restituição.
Requisitos de validade
Licitude;
Possibilidade Jurídica;
Possibilidade Física;
Determinalidade;
Patrimonialidade;
Valor Econômico.
Extinção das obrigações
As obrigações são extintas pelo 
Pagamento - comprimento voluntário da obrigação.
Execução Judicial - é o pagamento forçado em virtude de decisão judicial; Prescrição - o direito de exigir torna-se mais fraco, passando a ser um direito de pretender. A prescrição faz com que o cumprimento da obrigação seja uma obrigação natural cujo seu cumprimento não pode ser exigido judicialmente.
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES 
Conceito:
Direito das Obrigações o conjunto de normas que disciplina as relações jurídicas patrimoniais e que tem por objeto prestações de um sujeito em favor de outro.  É a relação jurídica, de caráter transitório, estabelecida entre devedor e credor e cujo objeto consiste numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento através do seu patrimônio. 
Surgimento das Obrigações
As obrigações surgem da incidência das normas jurídicas sobre os fatos. 
Credor   Prestação   Devedor
Gráfico da Relação obrigacional
Sujeito Ativo   Vínculo    Sujeito Passivo
    Credor            Prestação           Devedor
    Dar 
 Fazer
                           Não Fazer
Características:.
Sujeito: qualquer pessoa física ou jurídica; pode ser sujeito de numa relação obrigacional.
Sujeito Ativo: é o credor, ou seja, é o sujeito o qual a prestação é devida e que, O Credor tem o direito de exigir o cumprimento da prestação (da Obrigação).
Sujeito Passivo:  é o devedor, ou seja, é o sujeito que deve realizar a prestação.
Objeto: o objeto da obrigação é a prestação. 
A prestação pode ser uma obrigação de dar, fazer ou não fazer.  
A prestação deve ser: 
- lícita;
- possível;
- determinada ou determinável e;
- economicamente apreciável.
Vínculo Jurídico:  é o elo de ligação que obriga o devedor a realizar a prestação em favor do credor.
Classificação das Obrigações 
1) Obrigação Civil
Ocorre quando existe um vínculo jurídico que sujeita o devedor à realização de uma prestação no interesse do credor, conferindo a este o direito de ação contra o devedor inadimplente.  
O liame entre os sujeitos compreende o debitum (o dever) e a obligatio (a responsabilidade) para o débito.
2) Obrigação Natural 
Segue o conceito dado pela máxima “quem paga, paga o que deve”. É a obrigação que, embora desprovida de ação, o seu adimplemento (Cumprir, executar, completar) constitui verdadeiro pagamento, e não mera liberalidade, conferindo ao credor a soluti retentio, de modo que, quem a cumpriu, não tem direito de reclamar a restituição. 
Exemplo pagamento de dívida de jogo.
3) Obrigação Moral 
É a  aquela obrigação cumprida por dever de consciência, cuja execução é mera liberalidade e não pagamento, embora confira àquele que a recebeu a soluti retentio. 
Exemplo: gorjeta do garçom. Uma vez pago, a pessoa não pode pedir de volta.
Obrigação Quanto à Natureza do seu Objeto 
De acordo com o prisma de que se observa, as prestações podem ser:
- de coisa (dar);
- de fatos (fazer), 
- positivas (dar e fazer);
- negativas (não fazer). 
Espécies de Obrigações
Obrigação de dar            
É a obrigação de entregar algo. Pode ser específica (dar coisa certa) ou genérica (dar coisa incerta), conforme a individualização do seu objeto ocorra no momento em que é contraída ou a posteriori. 
-         Dar – quando a prestação do devedor é essencial para transferência do domínio.
-         Entregar – quando a prestação do devedor consiste em proporcionar o uso e gozo da coisa.
-         Restituir - quando a prestação do devedor consiste em devolver a coisa que recebeu do credor.
Obrigação de dar coisa certa
É quando o devedor se compromete à entrega de um bem de características individuais, específicas, delimitadas, etc.
Exemplo: Empréstimo de um carro com a obrigação de devolver um outro carro, da mesma marca, mesmo ano, mesma cor, mesmo valor, etc.
Obrigação de dar coisa incerta
                                                                               Ocorre quando o  devedor se compromete à entrega  de um bem com gênero e quantidade igual ao tomado, mas com a qualidade incerta.  O ato de escolha cabe ao devedor.  
Exemplo:  Empréstimo de um carro com a obrigação de devolver um outro carro do mesmo valor.  A cor, modelo, ano de fabricação fica por conta da escolha do devedor.  A isto se dá o nome de concentração.
Obrigação de Fazer
É a obrigação na qual o devedor se obriga a prestar um serviço ou entregar algo ao credor. 
Exemplo: contrato de reforma de uma casa;  fazer a reforma de um salão, etc.
Obrigação de Fazer Fungível (substituição) 
O devedor se compromete a fazer um ato ou serviço;  se ele não levar a cabo tal serviço ou ato, o credor pode pleitear uma indenização por perdas e danos  ou  contratar um 3º para realizar tal serviço ou ato (substituição) e cobrar do devedor originário (por motivo de inadimplemento do mesmo);
Obrigação de Fazer Infungível (personalíssimo)  -  intuitu personae (pelo próprio devedor) 
Não pode ocorrer a substituição do devedor.  Se ocorrer inadimplemento do devedor, o credor pode pleitear indenização por perdas e danos  ou  exigir o “astreintes” (multa diária por atraso)  através de um processo judicial.  
Obrigação de Fazer Declaração de Vontade (emitir)  -
Exemplo:  contrato de compromisso de compra e venda de um terreno, sendo que o comprador adianta um sinal (“arras”) de R$ 10.000.  O contrato pode ser:
Pode ser:
Retratável -  (arrependimento)
Se o comprador (devedor) desistir da compra, perde o sinal.  Se for o vendedor(credor) que desistir, ele deverá devolver o sinal e indenizar o comprador no valor do sinal, ou seja, ele indenizará em dobro o valor do sinal;
Irretratável – (não existe a possibilidade de arrependimento) 
Caso o inadimplemento seja do vendedor (credor),o comprador (devedor) pode depositar o restante do combinado, em juízo, e registrar o bem em seu nome.  Tudo isto através de uma ação de adjudicação compulsiva (processo judicial);  Se o inadimplemento for do comprador, e o contrato possuir uma cláusula penal compensatória (multa), o vendedor poderá exigir o restante do pagamento até o valor da obrigação principal ou mesmo fazer valer a multa estipulada em contrato. (através de processo judicial)..
Obrigação de não Fazer
Abster-se obrigatoriamente. É aquela na qual o devedor se obriga a não praticar determinado ato que poderia livremente praticar se não tivesse se obrigado.  Pode constituir numa abstenção ou num ato de tolerância. Se a omissão tornar-se impossível sem culpa do devedor, extingue-se a obrigação.  Ex: O prédio de baixo é obrigado a receber as águas do prédio de cima (as que correm naturalmente). Pode ser uma tolerância, consentimento ou não-impedimento.;  não abrir um comércio concorrente no local; não revelar uma fórmula industrial.
Obs.: Se a prestação, objeto da obrigação (in obligatione), tornar-se impossível de ser satisfeita, sem culpa do devedor, extingue-se a obrigação, pois o credor não poderá exigir a prestação in facultate solutiones.
Quanto ao modo de Execução
Simples 
Há um credor, um devedor e um objeto. 
Exemplo: A deve pagar $100 a "B".
Complexas 
Mais de um credor ou devedor ou mais de um objeto.
Exemplo: "A" e "B" devem pagar  $100 a "C" e dar um fogão para "D".
Cumulativas ou Conjuntas
Mais de uma obrigação, e o devedor se exonera cumprindo todas.  
Exemplo: "A" vende seu comércio a "B" e assume a obrigação de não montar outro no local.
Alternativas 
Mais de uma obrigação, e o devedor escolhe uma e se exonera. 
Exemplo: "A" deve um imóvel ou 10 ovelhas a "B" e paga só as 10 ovelhas e se exonera. O direito de escolha cabe ao Devedor.  
Facultativas 
Há uma obrigação estipulada, mas o devedor pode cumprir outra prestação, a seu critério (diversa). Existe o direito de escolha entre 2 ou mais prestações, contudo vai existir uma obrigação principal e uma obrigação acessória.  No vencimento da obrigação, o devedor deve entregar a obrigação principal ao credor, ou na impossibilidade disto, a obrigação acessória (ambas previstas em contrato).  
AS FONTES GERAIS DO DIREITO.
Segundo a doutrina tradicional, classificam-se as fontes do direito em fontes materiais e formais, segundo a premissa de primazia da norma jurídica legal. Entende-se por fontes materiais aqueles elementos que concorrem para a formação do conteúdo ou matéria da norma jurídica. As fontes formais, por sua vez, são aquelas manifestações que extrai o modo ou forma da sua manifestação. Tal distinção surgiu com a positivação do Direito no século XIX, que consignou preponderância absoluta da lei como fonte primária do Direito. Com o alargamento do conceito de norma jurídica, já com a Teoria Pura e ainda com maior vigor na Teoria Tridimensional, passa-se a discorrer as demais formas de estudo das fontes.
Visto que a doutrina tradicional classificava as fontes do direito em materiais e formais, quando exprimiam meios de formação do conteúdo ou matéria das normas jurídicas ou modos e formas de manifestação das normas, a doutrina atual, tendo em vista os equívocos de tal distinção, prefere classificar as fontes do direito em uma única acepção, tipicamente de método científico-jurídico. Tal acepção pode ser sedimentada unicamente como meio de expressão do Direito, produzindo normas vigentes e eficazes.
As fontes do Direito, possuindo condão de coercibilidade, ínsitas à natureza do Direito, são meios através dos quais as regras jurídicas se manifestam com legítima força obrigatória, sendo necessária a presença de dois pressupostos: a presença de um "poder" e uma capacidade de "inovar". Para que se possa falar em fonte do direito, como fonte de regramentos obrigatórios, dotados de vigência e eficácia, é preciso que haja um Poder capaz de especificar o conteúdo da exigência de seu cumprimento, imputando ao transgressor as consequências, ou melhor, as sanções.
Os processos ou formas de manifestação do direito pressupõem sempre uma "estrutura de poder" prévia e legítima. A interferência de um poder diante de um complexo de fatos e valores opta por uma dada solução normativa, com caráter de objetividade e obrigatoriedade. A capacidade de inovação das fontes do direito, sendo constitutiva de direitos, deve ser capaz de alterar o direito existente, introduzindo algo novo com características de obrigatoriedade no sistema jurídico em vigor.[20]
Assim, tendo em vista o corrente sentido de fonte do direito bem como os seus pressupostos supra nominados, pode-se elencar as seguintes modalidades de fontes do Direito: a) O Processo Legislativo (expressão do Poder Legislativo e seu objeto que é a lei); b) Os Costumes Jurídicos (expressão do Poder Social, do poder decisório anônimo do povo); c) A Jurisdição (expressão do Poder Judiciário)[22]; d) O Negócio Jurídico (Expressão do Poder Negocial ou da autonomia privada).
AS FONTES DO DIREITO OBRIGACIONAL
— Noções Gerais de Obrigação.
Já no Direito Romano houve a preocupação de fixar as fontes de obrigação, sendo assim estudados pelos textos de Gaio. (Inst. 3, 88 — Digesto, 44, 7, 1 — Inst. De Justiniano, 3, 13, 2). Tais textos dispunham quatro fontes de obrigação: o contrato, o delito, o quase contrato (previsto em nosso Código Civil no art. 1.331) e o quase delito.
Assim, já na doutrina romana, a noção de obrigações se subdividia em dois aspectos: primeiro como vínculo jurídico entre sujeitos, com base em um objeto (sentido tradicional) que figura no caso do negócio jurídico ou nos casos de quase negócios jurídicos. Outra forma de obrigações resulta de um de presunção de vontade, mas também de um dever jurídico.
Contudo, o direito das obrigações apesar de lenta, mas segura evolução, encontra-se hoje em um estágio mais próximo da Teoria Geral do Direito em face de sua própria transformação. Ambas convergiram de um momento positivista extremado, com fulcro em uma dogmática restritamente científica para uma posição sociológica e ética, apresentando-se uma paridade entre o mais forte e o mais fraco, sem na busca de uma defesa diferenciada. É o que notamos hoje com as obrigações de Terceira Geração.
Contudo, o direito das obrigações, no âmbito do Direito Privado, apesar de subdividido em obrigações civis e comerciais, apresenta condão de unicidade. Tal posição é verificada hoje com maior afinidade, tendo em vista a agilidade comercial onde a estabilidade das relações mercantis resolve a contento suas questões presentes e futuras, apresentando-se uma afinidade maior entre o contrato e a obrigação dele resultante. Apresenta-se no âmbito mercantil um aceitação premente dos usos e costumes jurídicos, já elencados como fontes do Direito, apresentando-os como fontes de obrigações mercantis. Conquanto a presente rigidez do trato específico das obrigações civis estrictu sensu, muitas vezes aplicam-se a estas premissas mercantis, tendo em vista atender melhor aos casos cotidianos.
— O Princípio da Imputabilidade e a Teoria Dualista das Obrigações.
Seja em qualquer significado a que se dê às obrigações, o sujeito a que se obriga a uma prestação em relação ao objeto em favor daquele a que o ordenamento jurídico conferiu uma "autorização", gera uma cominação, uma responsabilidade, ou seja, uma imputação aos casos em que tal prestação não haja sido realizada ou não foi realizado nos moldes legais ou pactuados. Aqui reside um princípio da imputação onde aquele que der causa ao inadimplemento responderá perante o inocente com seu patrimônio ou com outro bem jurídico, de acordo com a gradualidade de sua ofensa, segundo as espécies previstas normativamente, conforme um juízo de valor e tomando-se como base o fato gerador do inadimplemento, mora ou descumprimento de um dever jurídico, sendo capaz de ser responsabilizado pelo ato (ser imputável).
Assim nasceu a Teoria Dualista das Obrigações, que lecionahaver dois fatores inerentes ao vínculo obrigacional: o conceito de débito e o conceito responsabilidade (ou garantia) [31]. Desta forma, existe débito sem responsabilidade como a obrigação natural, pois o sujeito ativo possui o direito, mas padece de poder de coerção para assegurar o cumprimento da prestação (exemplo as dívidas de jogo e as dívidas prescritas). Existe, ainda, responsabilidade sem débito, como o garantidor de débito alheio como fiador, ou o responsável tributário (art. 129 a 138 do Código Tributário Nacional).
— O Elenco das Fontes das Obrigações: Os Usos e Costumes Jurídicos e a Decisão Judicial Constitutiva como Fontes Obrigacionais.
O Código Civil Brasileiro reconhece expressamente três fontes de obrigações: o contrato, o ato ilícito e as declarações unilaterais de vontade. Contudo, a doutrina as classifica, a exemplo dos ensinamentos de Silvio Rodrigues, segundo critérios mais abrangentes. Pressupõe, segundo o renomado autor, a fonte sempre mediata da lei, seguindo a outras fontes imediatas, quais sejam:
a) obrigações por fonte imediata da vontade humana: provêm dos contratos e das manifestações unilaterais de vontade (exemplo os títulos ao portador);
b) obrigações que tem por fonte imediata o ato ilícito: constituem-se através de uma ação ou omissão, dolosa ou culposa do agente, causando dano à vítima. Estas obrigações emanam diretamente de um comportamento humano, infringidora de um dever legal ou social;
c) obrigações que tem por fonte direta e imediata a lei: neste rol encontram-se os deveres de estado (prestação alimentícia, guarda de filhos menores etc), bem como pelas condutas que a imputação pode ocorrer por responsabilidade objetiva, quer do particular ou da Administração Pública por risco administrativo, perante danos causados aos administrados (art.37, § 6º. da CF/88).
Mesmo assim, o elenco de fontes parece não bastar para designar a sua amplitude. Desta forma as obrigações podem surgir, por fonte imediata, independente da vontade das partes, pela ocorrência de fato ilícito, ou por decorrência direta da lei. Pode decorrer da atividade judicial.
Tal situação é verificada nas decisões judiciais constitutivas de direitos, onde a relação jurídica só gerará obrigações quando determinada através da jurisdição. Regra geral, as decisões judiciais declaram a preexistência de relações jurídicas anteriores à sua prolação, não sendo fonte imediata de obrigações, mas uma declaração de sua certeza (e até de sua exigibilidade nas decisões condenatórias).Ao contrário, a decisão constitutiva criará uma situação nova, ou seja, novas obrigações que não resultantes diretamente da lei, da vontade das partes e, muitas vezes, independente de ato ilícito. Assim, afirma-se que a decisão judicial constitutiva é também fonte imediata de obrigações, pelos critérios da interferência de um poder (Jurisdição) e da inovação.
Por este fato, os efeitos da decisão constitutiva não retroagem (efeito ex tunc), pois sempre vinculará seus efeitos para o futuro (efeito ex nunc), ao contrário dos provimentos declaratórios e condenatórios. 
Além das decisões judiciais e das demais fontes elencadas anteriormente, pode ser ventilado os usos e costumes, mas deve ser preambularmente discriminada as suas modalidades encontradas no Direito: Existem os costumes "Secundum legem" (segundo a lei), quando a própria lei prevê a aplicação consuetudinária do Direito. Existem também os costumes "Praeter legem" (além da lei) quando a atividade consuetudinária intervém na falta ou omissão da lei. Ambas as modalidades de costumes são plenamente aplicáveis ao Direito e, por conseguinte, às obrigações, pois mesmo silenciando a lei, a vontade das partes e não ocorrendo por si só um ato ilícito, será os usos e costumes tomados como gênese obrigacional.
Contudo, existe uma outra modalidade de costumes em que se paira divergência quanto à sua aplicabilidade, ou seja, os costumes "contra legem". Nesta figura, conforme os ensinamentos de Antônio Bento Betioli, ao citar Gaston Morin, Machado Neto, Miguel Reale, João Baptista e Serpa Lopes, é verificado três posições: A primeira no que se refere ao artigo 2º da Lei de Introdução ao Código Civil, exigindo, potestativamente, que a lei só perde o vigor até que outra a modifique ou revogue. A segunda posição denota que o costume "contra legem" é um "direito positivo da comunidade", conforme leciona Gaston Morin. Como terceira corrente aparece a Teoria Tridimensional do Direito que condiciona o Direito à dialética entre os elementos jurídicos: o fato, o valor e a norma. Se a lei não oferece mais, ou nunca ofereceu, uma correta correlação entre a norma legal e o fato jurídico segundo um juízo de valor, será preferido o costume "contra legem" como norma jurídica consuetudinária em relação àquela.
Mesmo assim, apesar deste último desiderato, os usos e costumes podem ser elencados como fonte do Direito e das Obrigações. Afirma-se tal proposição porque, através dos usos e costumes, pode as partes estabelecer um vínculo jurídico que não decorrem das demais fontes apontadas e comumente reconhecidas como tal. No caso do art. 558, § 2º do Código Civil, que regra a construção de tapumes, verifica-se que a vontade das partes não decorrem como fonte direta, pois não poderão pactuar livremente se contrário aos costumes locais. A lei, como se denota, não disciplina o modo de execução das referidas construções, abrindo uma lacuna a ser preenchida pela norma consuetudinária como fonte direta. Então se conclui que os usos e costumes criarão um vínculo jurídico entre as partes produzindo o direitos e as obrigações mútuas.
Assim aponta-se o seguinte rol de fonte das obrigações:
a). Obrigações resultantes da vontade das partes;
b). Obrigações resultantes de atos ilícitos;
c). Obrigações resultantes direta e imediatamente da lei;
d). Obrigações resultantes de decisão judicial constitutiva.
e). Obrigações resultantes de usos e costumes jurídicos.
O Direito como um espelho do ordenamento jurídico, tem por sua essência o princípio da bilateralidade atributiva, onde é necessária uma relação intersubjetiva, devendo haver uma proporção objetiva entre direitos e deveres. Para tanto o Direito preconiza a possibilidade de exigir, garantidamente, o cumprimento dos termos desta obrigação, tutelando tal relação jurídica. Assim, a essência da obrigação está intrinsecamente relacionada com a razão de existir do Direito, pois este só surgirá quando é prevista, ordenadamente, uma atividade coercitivamente garantida.
Quando se fala em surgimento de obrigações segundo as suas próprias fontes, desde já se deve ter em mente a própria noção do substrato que está sendo gerado, ou seja, o que, porque e de modo tal pretensão surge. A resposta é direta: surge a obrigação porque proporcionalmente existe um direito tutelável, que é garantida a sua exigibilidade.
Conclui-se, então, que nenhuma obrigação surge por fontes diversas daquelas em que o Direito surge e todas as fontes do Direito gerarão obrigações mais ou menos garantidas. Desta forma afirma-se que as fontes das obrigações serão nada mais nada menos do que as mesmas fontes do Direito quais sejam: a norma oriunda do Poder Legislativo, a norma oriunda do Poder Negocial, segundo a autonomia privada, a norma do Poder Consuetudinário, e a norma Oriunda do Poder Judicial.
Princípios do Novo Código e os modernos institutos do Direito das Obrigações, na medida em que esses modernos institutos, em última instância, buscam não levar o contratante à ruína, à penúria, à marginalidade social, relativizando o vetusto e até então inatingível brocardo do pacta sunt servanda, agora muito mais fragilizado frente ao princípio da função social do contrato, por exemplo.
            E tudo isso, em somatário, diz diretamente com os Princípios da Eticidade, da Socialidade e da Operabilidade – Princípios Estruturantes do Código Civil de 2002 – haja vista que vislumbro os seguintes liames jurídicos entre eles e a moderna obrigação, a saber:
            1- O Princípio da Eticidade com o Princípio Contratual da Boa-Fé Objetiva, previsto no artigo 422 e 187, na medida em que as regras de conduta dos contratantes devem buscar o alcance da finalidade contratual, a sua finalidade última, conforme às legítimas expectativas das partes, de forma cooperada e solidária;
            2 – O Princípio da Socialidade com o Princípio da Função Social do Contrato, previsto no artigo 421, na medida que o contrato não deve ser uma fonte de opressão econômica para o devedor, na esteira de uma mera liberdade formal, muito própria do Estado-Liberal -- mas sim, a um só tempo, um instrumento de circulação de riqueza limitado pelo princípio da dignidade da pessoa humana, entendida a pessoa humana enquanto um ser coletivo e não um ente individual, abstratamente considerado;
            3 – O Princípio da Operabilidade com o Princípio do Equilíbrio Econômico Contratual, na medida em que o Estado-Juiz, agora valendo-se de cláusulas abertas como a Teoria da Imprevisão, da Resolução da Onerosidade Contratual, da Boa-Fé Objetiva, da Função Social do Contrato – pode, enfim, intervir na economia do contrato a fim de fazer valer os modernos paradigmas contratuais, os quais, em última análise, funcionalizam o contrato como uma operação dinâmica, complexa, solidária e não apenas como um instrumento de ruína para o devedor, segundo o ditame liberal do pacta sunt servanda.
            Modernamente, pois, o contrato ou a obrigação floresce sobre uma nova pradaria jurídica, regada pela semente vigorosa do princípio da função social do contrato ou da obrigação, o qual, em última instância, significa a conjugação da livre iniciativa e da dignidade da pessoa humana, ambos princípios previstos nos artigos 1º inciso III e 170 caput da Constituição Federal, respectivamente, e que são valores informadores, por excelência, da moderna Teoria Contratual.
            Ademais, é fundamental perceber-se que a atual relação obrigacional não é linear, horizontal, mas sim complexa e dinâmica, vez que o credor não tem apenas o direito de cobrar o crédito, mas também do dever de colaborar no adimplemento da obrigação, segundo as regras de conduta, buscando cooperar na consecução das legítimas expectativas do contrato, como assim bem ensina a Prof. Judith Martins-Costa, ao tratar do princípio da boa-fé objetiva.
            Alfim, entendo evidente e cristalino que as inovações da Parte Geral do Novo Código Civil, principalmente a adoção de cláusulas gerais de variados matizes, se refletem nos modernos paradigmas do Direito Obrigacional, consubstanciando, em derradeiro, os próprios Princípios Estruturantes do Novo Código Civil – os quais iluminam o Código como um todo e ao todo, numa perspectiva constitucional, como assim vaticina o magistral Gustavo Tepedino.
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
DISTINÇÃO ENTRE OBRIGAÇÃO E RESPONSABILIDADE:
A relação jurídica obrigacional resulta da vontade humana ou da vontadedo Estado, por intermédio da lei, e deve ser cumprida espontânea evoluntariamente. Quando tal fato não acontece, surge a responsabilidade. Esta,portanto, não chega a despontar quando se dá o que normalmente acontece: ocumprimento da prestação. Cumprida, a obrigação se extingue. Não cumprida,nasce a responsabilidade, que tem como garantia o patrimônio geral dodevedor.A responsabilidade é, assim, a consequência jurídica patrimonial dodescumprimento da relação obrigacional. Pode-se, pois, afirmar que a relaçãoobrigacional tem por fim precípuo a prestação devida e, secundariamente, asujeição do patrimônio do devedor que não a satisfaz.Embora os dois conceitos estejam normalmente ligados, nada impede quehaja uma obrigação sem responsabilidade ou vice-e-versa.Como exemplo do primeiro caso, costuma-se citar as obrigações naturais,que não são exigíveis judicialmente, mas que, uma vez pagas, não dá margem àrepetição do indébito, como ocorre em relação às dívidas de jogo e aos débitosprescritos pagos após o decurso do prazo prescricional.
  
11
Há, ao contrário, responsabilidade sem obrigação no caso de fiança, emque o fiador é responsável, sem ter dívida, surgindo o seu dever jurídico com oinadimplemento do afiançado em relação à obrigação originária por eleassumida.
7. CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES:
  
Obrigaçõesconsideradasem si mesmasEm relação ao seu vínculoObrigação moralObrigação civilObrigação naturalQuanto ao seu objetoRelativamenteà sua naturezaObrigação de darObrigação de fazerObrigação de nãofazerObrigação positiva enegativaEm atenção à sualiquidezObrigações líquidasObrigações ilíquidasQuanto ao seus elementosObrigações simplesObrigações compostasou complexasCumulativas ouconjuntivasAlternativas
  
FacultativasRelativamente ao tempode adimplementoObrigação momentânea ou instantâneaObrigação de execução diferidaObrigação de execução continuada ou periódicaQuanto aos elementosacidentaisObrigação puraObrigação condicionalObrigação modalObrigação a termoEm relação à pluralidadede sujeitosObrigação únicaObrigação múltiplaObrigação divisívelou indivisívelObrigação solidáriaQuanto ao conteúdoObrigação de meioObrigação de resultadoObrigação de garantiaObrigaçõesreciprocamenteconsideradasObrigação principal: subsistem por si.Obrigação acessória: dependem da existência da obrigação principal e lheseguem o destino.Obrigações comcláusula penalSão aquelas em que há a cominação de uma multa ou pena para o caso deinadimplemento ou de retardamento do cumprimento da avença.
  
12
a)
 
Em relação ao vínculo: Civis, Morais ou Naturais:

 
Obrigação Civil: é a que, fundada no
vinvulum juris
, sujeita o devedor àrealização de uma prestação no interesse do credor, estabelecendo umliame entre os dois sujeitos, abrangendo o dever da pessoa obrigada(
debitum
) e sua responsabilidade em caso de inadimplemento (
ibligatio
),possibilitando ao credor recorrer à intervenção estatal para obter aprestação, tendo como garantia o patrimônio do devedor.

 
Obrigação Moral: é a que, fundada no
vinculum solius aequitatis
, sem
obligatio
, constitui mero dever de consciência, sendo cumprida apenaspor questão de princípios; logo, sua execução é mera liberalidade.

 
Obrigação Natural:- Conceito: é aquela em que o credor não pode exigir do devedor certaprestação, embora em caso de seu adimplemento, espontâneo ou voluntário,possa retê-la a título de pagamento e não de liberalidade.- Caracteres:. Não é obrigação moral. Acarreta inexigibilidade da prestação. Se for cumprida espontaneamente por pessoa capaz, ter-se-á avalidade do pagamento. Produz irretratabilidade do pagamento feito em seu cumprimento. Seus efeitos dependem de previsão normativa- Efeitos:. Ausência do direito de ação do credor para exigir seuadimplemento
  
13
. Denegação da
repetitio indebiti
ao devedor que a realizou. Não é suscetível de novação e de compensação. Não comporta fiança. Não lhe será aplicável o regime prescrito para os víciosredibitórios- Obrigação natural no direito brasileiro
Art. 814. As dívidas de jogo ou de aposta não obrigam a pagamento; mas não sepode recobrar a quantia, que voluntariamente se pagou, salvo se foi ganha por dolo,ou se o perdente é menor ou interdito.§ 1
o
Estende-se esta disposição a qualquer contrato que encubra ou envolvareconhecimento, novação ou fiança de dívida de jogo; mas a nulidade resultante nãopode ser oposta ao terceiro de boa-fé.§ 2
o
O preceito contido neste artigo tem aplicação, ainda que se trate de jogo nãoproibido, só se excetuando os jogos e apostas legalmente permitidos.§ 3
o
Excetuam-se, igualmente, os prêmios oferecidos ou prometidos para ovencedor em competição de natureza esportiva, intelectual ou artística, desde que osinteressados se submetam às prescrições legais e regulamentares.Art. 815. Não se pode exigir reembolso do que se emprestou para jogo ou aposta,no ato de apostar ou jogar.Art. 882. Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, oucumprir obrigação judicialmente inexigível.Art. 883. Não terá direito à repetição aquele que deualguma coisa para obter fimilícito, imoral, ou proibido por lei.Parágrafo único. No caso deste artigo, o que se deu reverterá em favor deestabelecimento local de beneficência, a critério do juiz.
-Natureza: trata-se de norma não autônoma, por não autorizar oemprego da coação como meio para conseguir a observância de seus preceitos,mas que tem juridicidade por se ligar essencialmente a uma norma quecontenha tal autorização, visto que apenas estabelece negativamente opressuposto da sanção.
b)
 
Quanto aos seus elementos: Obrigações Simples ou Complexa
Obrigações simples são as que se apresentam com um sujeito ativo, umsujeito passivo e um único objeto, ou seja, com todos os elementos no singular.
  
14
Se um dos elementos estiver no plural, a obrigação é composta oucomplexa.As obrigações compostas com multiplicidade de objetos podem ser:- cumulativas ou conjuntivas: objetos ligados pela conjunção “e”;- alternativas: objetos ligados pela disjuntiva “ou”;- facultativas: com faculdade de substituição do objeto, conferida aodevedor.
c)
 
Impessoais (fungíveis) ou
 Intuito personae
(infungíveis)
Impessoal é a obrigação em que o importante é o objeto e não os sujeitos.É a obrigação em que a pessoa do devedor é facilmente substituível.Quando a obrigação é contraída tendo em mira exclusivamente a pessoado devedor, como é o caso do artista contratado para restaurar uma obra de arte,a obrigação é
intuito personae
, porque se leva em conta as qualidades pessoaisdo obrigado.Logo, as obrigações impessoais, sempre que possível, se transmitem aosherdeiros do devedor morto, o que não ocorre com as
intuito personae
. Dessemodo, se compro um imóvel e o vendedor morre antes de concluído o contratodefinitivo, seus herdeiros serão obrigados a concluí-lo. Tal não ocorrerá se umpalestrista morrer antes de proferir a palestra que lhe fora encomendada. Omáximo que pode acontecer, neste caso, é que caso o palestrista tenha recebidohonorários adiantados, seus herdeiros terão que restituí-los, tirando-os daherança que receberem, e não do próprio patrimônio.
d)
 
Quanto ao conteúdo: Obrigações de Meio ou de Resultado
Nas obrigações de meio, o resultado não é o seu objeto, mas sim oprocesso para se alcançar. Assim, é obrigação do médico fornecer os meios paracurar o doente. Não é de resultado, por ser este imprevisível.
  
15
Logo - obrigação de meio: cumpro a obrigação se utilizar os meiosadequados para tanto. [ex.: advogado, médico (exceto cirurgião plástico)]A obrigação é de resultado quando o fim por ela colimado é algo perfeito,acabado. Ex.: obrigação contraída em compra e venda – o objetivo, qual seja, atransferência da propriedade de um bem ao comprador, é resultado.Logo – obrigação de resultado: cumpro a obrigação ao obter o resultadoesperado [ex.: dentista, transportador] – responsabilidade objetiva.Nas obrigações de resultado, a inexecução implica falta contratual,dizendo-se que existe, em linhas gerais, presunção de culpa, ou melhor, a culpaé irrelevante na presença do descumprimento contratual (art. 389, CC). Nasobrigações de meio, por outro lado, o descumprimento deve ser examinado naconduta do devedor, de modo que a culpa não pode ser presumida, incumbindoao credor prová-la cabalmente.
e)
 
Reais ou
 Propter rem
:
Vínculo real é elo entre titular de coisa e os não titulares. Assim, se soudono de uma coisa, haverá elo entre mim, titular, e todas as demais pessoas dasociedade, ou seja, não-titulares. Para mim, haverá direito sobre a coisa, direitode propriedade. Para todos os demais, haverá dever de não molestar meu direitode propriedade. A esse dever de se abster, em frente ao direito que uma pessoatem sobre uma coisa, chamam obrigação real.Quando a um direito real acede uma faculdade de reclamar prestação deuma pessoa determinada, surge para esta a chamada obrigação
 propter rem
.“Propter rem” quer dizer “por causa de uma coisa”. Também chamada de “obrem” ou simplesmente “in rem”.Trata-se, em verdade, de uma obrigação de natureza mista (real epessoal), e que se vincula a uma coisa, acompanhando-a (ex.: obrigação depagar taxa condominial). São determinadas por lei.
DISTINÇÃO ENTRE OBRIGAÇÃO E RESPONSABILIDADE:
A relação jurídica obrigacional resulta da vontade humana ou da vontade do Estado, por intermédio da lei, e deve ser cumprida espontânea e voluntariamente. Quando tal fato não acontece, surge a responsabilidade. Esta, portanto, não chega a despontar quando se dá o que normalmente acontece: o cumprimento da prestação. Cumprida, a obrigação se extingue. Não cumprida, nasce a responsabilidade, que tem como garantia o patrimônio geral do devedor. A responsabilidade é, assim, a consequência jurídica patrimonial do descumprimento da relação obrigacional. Pode-se, pois, afirmar que a relação obrigacional tem por fim precípuo a prestação devida e, secundariamente, a sujeição do patrimônio do devedor que não a satisfaz. Embora os dois conceitos estejam normalmente ligados, nada impede que haja uma obrigação sem responsabilidade ou vice-e-versa.Como exemplo do primeiro caso, costuma-se citar as obrigações naturais,que não são exigíveis judicialmente, mas que, uma vez pagas, não dá margem à repetição do indébito, como ocorre em relação às dívidas de jogo e aos débitos prescritos pagos após o decurso do prazo prescricional.
Há, ao contrário, responsabilidade sem obrigação no caso de fiança, em que o fiador é responsável, sem ter dívida, surgindo o seu dever jurídico com o inadimplemento do afiançado em relação à obrigação originária por ele assumida.
Estudos de Responsabilidade Civil 
-Responsabilidade significa ter obrigação, responder por. O sentido etimológico é semelhante ao jurídico. O termo civil diz respeito ao caráter patrimonial que tem a reparação, visto que o responsável indenizará o prejudicado com seus bens.
-diferença entre obrigação e responsabilidade: existe no ordenamento jurídico o dever geral de não causar dano a outrem. Para quem o faz, surge o dever de indenizar. A obrigação tem caráter primário decorrendo da lei ou da vontade enquanto a responsabilidade tem caráter secundário visto que decorre do descumprimento de obrigação ou lei.
-primitivamente não existia o dever de reparação, mas sim o sentimento de vingança que, em um primeiro momento era coletiva e depois passou a ser individual (Lei de Talião), agindo o Estado como garantidor que vítima se restrigiria a causar dano em igual proporção àquele sofrido. Em seguida evoluiu-se para a reparação baseada na pagamento pecuniário.
-responsabilidade objetiva: dever de reparar danos causados baseado apenas na existencia do dano e o nexo de causalidade existente entre a conduta do agente agressor e o prejuízo produzido.
-responsabilidade subjetiva: dever de reparar danos baseado na certeza dos mesmo, no nexo de causalidade entre o dano e a conduta do agente, somando-se a isso o auferimento da culpa do agressor.
-responsabilidade direta: o dever de reparar o prejuízo decorrente do dano recai sobre o agente agressor.
-responsabilidade indireta: o dever de reparar recai sobre o responsável pelo agressor, ou seja, uma pessoa que não causou o dano, mas tem o dever legal de repará-lo.
-responsabilidade contratual: decorrente de pactuação entre as partes.
-responsabilidade extracontratual (aquiliana): decorrente de preceito legal.
-pressupostos da responsabilidade civil
-->conduta: ato humano comissivo ou omissivo, lícito ou ilícito, voluntário e objetivamente imputável, do próprio agente, ou de terceiro, ou o fato de animal ou coisa inanimada, que causa dano a outrem, gerando o dever de satisfazer direitos do lesado (DINIZ, 2002, p.37)
-->dano: é a lesão que alguém sofre em seus interesses jurídicos, incluídos nestes os patrimoniais e os morais. O dano existirá se for efetivo, não resultando de meras conjecturas, se gerar diminuição ou destruição do patrimônio, se for originado da conduta do agressor, se subsistir no momento da reclamação do lesado e se não houver ausência de excludentesda responsabilidade.
-->nexo causal: relação existente entre o dano e a conduta do agente. Apenas se imputará culpa aao agente se de sua conduta se puder deduzir o dano sofrido. Trata-se de requisito essencial de a qualquer espécie de responsabilidade.
DIFERENÇA ENTRE DIREITOS REAIS E DIREITOS PESSOAIS. 
Quando falamos de direito obrigacional, tratamos acerca dos direitos pessoais; pois a relação jurídica é entre duas ou mais pessoas. Já os direitos reais recaem diretamente sobre a coisa.
Porém, por ambos terem um conteúdo patrimonial, são objetos de dúvidas. E para saná-las apresentamos as 6 diferenças mais relevantes:
Os direitos reais são dados pela lei. Os direitos pessoais são infinitos, não é possível determinar o número máximo de obrigações possíveis. 
O direito real recai geralmente sobre um objeto corpóreo. Já o direito pessoal foca nas relações humanas, no devedor. Logo o primeiro é um direito absoluto oponível contra todos (erga omnes); mas o segundo é relativo, a prestação só pode ser exigida ao devedor. 
No direito real o poder é exercido sobre o objeto de forma imediata e direta. Mas o direito pessoal advém de uma cooperação: de um sujeito ativo, outro passivo e a prestação. 
O direito real concede a fruição de bens. O direito pessoal concede o direito a uma prestação de uma pessoa. 
O direito real tem caráter permanente. O direito pessoal tem caráter temporário (ao fim da prestação se extingue a obrigação). 
O direito real possui o direito de sequela: o titular pode exigir o exercício do seu poder a quem estiver com a coisa. No direito pessoal isso não é admitido, além disso o credor - se recorrer à execução forçada - terá um garantia geral do patrimônio do devedor. 
Por fim, vale ressaltar que essas expressões não são antagônicas, é muito comum que elas se toquem. É fácil ver uma relação obrigacional (direito pessoal) tendo como objeto um direito real (uma propriedade, por exemplo, em um contrato de compra e venda).
Além disso:
Os direitos reais podem ser acessórios de direitos pessoais. Ex.: há uma obrigação que, se não for cumprida, fará com que o devedor perca um bem em garantia (a perda do bem corre a sorte da relação principal).
O direito pessoal pode estar vinculado a um direito real. Ex.: obrigações propter rem, alguém dá um bem por engano e o pede de volta (a relação obrigacional só existiu por conta do bem).
1. COMPLEXIDADE INTERNA DA RELAÇÃO JURÍDICA OBRIGACIONAL
1.1      RELAÇÃO OBRIGACIONAL SIMPLES E COMPLEXA: CONFRONTO
Independentemente da natureza que ostentar - seja pessoal, seja real - todo direito subjetivo encerra sempre a idéia de obrigação, como antítese natural. Direito e obrigação representam, de fato, verso e anverso da mesma medalha. Aliás, não é por menos que, reportando-se ao notório adágio jurídico jus et obligatio sunt correlata, houve quem poeticamente afirmasse que “as obrigações são como as sombras que os direitos projetam sobre a vasta superfície do mundo”.[i]
No entanto, não era de se esperar que o vocábulo obligatio fosse empregado no estudo do direito das obrigações com tão ampla acepção. As obrigações retratadas e disciplinadas pelo Livro II do Código Civil brasileiro (CCB) circunscrevem-se, ao revés, a uma concepção mais estrita e técnica. Aludem, nesse particular, ao vínculo jurídico em virtude do qual uma pessoa fica adstrita para com outra à realização de uma prestação, a qual, por sua vez, deve corresponder a um interesse legítimo do credor.
Com efeito, na sua acepção técnica, afigura-se possível realizar a decomposição da obrigação em duas faces: ao direito subjetivo do sujeito ativo (credor) corresponde o dever jurídico a que se vincula o sujeito passivo (devedor). O que enlaça e dá liga aos dois lados do mesmo fenômeno é o amplamente pronunciado vínculo obrigacional.[ii]
Desde Roma, a obrigação vem sendo definida como o vínculo entre o crédito e o débito, como a mera soma “do direito subjetivo de crédito e do dever jurídico estampado na dívida”.[iii] Cuida-se, é bem de ver, de concepção estática e restrita, que separa credor e devedor em dois polos opostos, estando o segundo sujeito ao poder do primeiro. Dizia-se que entre eles não existia nada além do crédito e da dívida, isto é, a relação obrigacional era compreendida apenas no seu aspecto externo, através de seus três elementos constitutivos: os sujeitos, o objeto e o vínculo.[iv]
Nesse passo, os sujeitos são os titulares de tal relação. O credor é o sujeito ativo, titular do direito subjetivo de crédito; o devedor, por outro lado, é o sujeito passivo, já que sobre ele incide o dever de prestar. A seu turno, o objeto da obrigação corresponde à prestação que deve ser realizada pelo devedor a fim de satisfazer o interesse do credor, ao passo que o vínculo representa o enlace entre esse direito à prestação e o dever de prestar.
Não se olvide que esta concepção estática e bipolar do vínculo persistiu por longo tempo, tendo sido encampada por doutrinadores e legisladores de inúmeros países. O Código Civil brasileiro (CCB), de 10 de janeiro de 2002, à guisa de ilustração, não fugiu à regra: os quatro primeiros capítulos do Livro atinente ao Direito das Obrigações retratam a relação obrigacional exatamente com essa singeleza, prestigiando o que outrora fora proclamado como “mero vínculo descarnado” que “deixa passar a realidade da mesma forma que as malhas duma rede deixam passar as águas dum rio”.[v]
Todavia, a pré-falada noção singular da obrigação, pronunciada, inclusive, como representativa de fórmula matemática (eis que resultado de mera soma do crédito e débito), foi, paulatinamente, modelada pela história, que sempre se mostra implacável no processo de contestar os dogmas e expor suas insuficiências.[vi] 
A obrigação vista sob o ângulo da linearidade expõe apenas o aspecto externo do vínculo, vale dizer, aquele compreendido por seus elementos: os sujeitos, o objeto e o liame que subordina o devedor ao credor. Não se preocupa, pois, com a estrutura dos múltiplos deveres, estados, situações e poderes que defluem da relação jurídica (aspecto interno). Negligencia-se, dessarte, o exame destes e, notadamente, da conduta concreta das partes no dinâmico processo de desenvolvimento da relação obrigacional.[vii]
É dizer que “na análise externa estes deveres se encontram ‘soltos’ no vínculo, como que atomizados, sem que se possa perceber a existência de uma gradação entre eles”.[viii]
1.2      OBRIGAÇÃO COMO “ORGANISMO” E TOTALIDADE CONCRETA
Atribui-se ao jurista alemão Heinrich Siber a mudança de tal perspectiva estática do vínculo, porquanto a ele coube a defesa e a divulgação da complexidade intraobrigacional. Recuperando uma terminologia outrora empregada por Savigny, Siber concebeu o vínculo obrigacional como um “organismo”, já que a obrigação albergaria uma “multiplicidade de pretensões, presentes ou possíveis, para o futuro, estando o todo unificado em função do conjunto orgânico formado pela relação global”.[ix]
Posteriormente, Karl Larenz, apartando-se da concepção organicista, vislumbrou a relação jurídica obrigacional por meio do conceito geral concreto, definindo, desse modo, o vínculo obrigacional como totalidade, como um conjunto de direitos, obrigações e situações jurídicas. Tal conjunto, contudo, não representa a mera soma dos elementos que o compõem; ao revés, estes se encontram intimamente relacionados, vale dizer, instrumentalmente conectados por um elemento em comum: a finalidade da obrigação.[x] 
Em razão disso, o vínculo manter-se-ia como tal ainda que alguns deveres não mais persistissem e alguns direitos não mais subsistissem devido ao seu exercício ou à prescrição. Ou, ainda, caso houvesse alteração dos integrantes da relação jurídica obrigacional ou das cláusulas contratuais, por vontade das partes ou por lei. [xi]
Compreender o vínculo obrigacional como totalidade concreta e como processo dá ensanchas à percepção de que ele é vínculo dinâmico e, assim sendo, move-se processualmente em direção a uma finalidade, que o polariza, “comoa ele inerente".[xii]
Nesse passo, o alcance do fim da obrigação passa a ser muito mais relevante do que a absoluta e perfeita realização de cada um dos passos do seu percurso temporal, o que faz emergir a necessidade de que a obrigação se adapte às inevitáveis transformações concretas que ocorrem, com o escopo de atingir fielmente a sua finalidade.[xiii]
É dizer que a obrigação como processo desloca-se rumo à direção ditada por seu fim. A finalidade é que confere coerência e sentido ao conteúdo obrigacional, de modo que o vínculo encerra seu ciclo de existência, extinguindo-se, se e somente se o fim é alcançado.[xiv]
Assim é que frustrado o fim, pelo inadimplemento, o curso processual é redirecionado, para obtê-lo de outro modo, ou compensar a demora, incorporando-se deveres acessórios, como juros moratórios e cláusula penal, a título de exemplo.[xv]
Demonstrando a importância da ótica complexiva e dinâmica, Mário Júlio de Almeida destaca que o redesenho estrutural e finalístico da relação obrigacional enseja a
[...] integração de múltiplas faculdades e situações num direito ou relação, isto é, o seu entendimento como um organismo ou mecanismo (‘Gefüge’) que permite a consecução de fins determinados; e a conformação das relações jurídicas à evolução das circunstâncias, quer dizer, a sua compreensão como processos ou sequências teleologicamente estruturadas.[xvi]
A propósito, a marcha processual acima desenhada é ilustrada com primor pelo art. 475 do Diploma Civil brasileiro, um dos poucos dispositivos nos quais o legislador civil inequivocamente sucumbe à admissão da noção de complexidade intraobrigacional, senão vejamos:
Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.
Vê-se que o mencionado preceito legal contempla o aspecto processual da relação obrigacional, facultando à parte lesada pelo descumprimento optar por várias direções ou rumos, todos atraídos e polarizados pelo adimplemento obrigacional.
Dito, portanto, que a complexidade interna da obrigação traduz a noção de que a obligatio abriga, em seu seio, não um singelo dever de prestar, correlato a uma pretensão creditícia, mas, antes, vários elementos jurídicos dotados de autonomia bastante para, de um conteúdo unitário, fazerem uma realidade composta, incumbe-nos examinar, ainda que perfunctoriamente, essas partes do todo, a fim de aclararmos a dinâmica obrigacional até então exposta.
1.3      CONTEÚDO DA RELAÇÃO JURÍDICA OBRIGACIONAL
Os direitos subjetivos propriamente ditos consubstanciam o poder de exigir a realização da prestação creditícia, com recurso, se necessário for, a meios coercitivos de tutela jurídica.  Traduzem-se, então, sempre em comportamentos exigíveis de outras pessoas, para cuja realização imprescinde-se da cooperação do sujeito a quem se dirige esse “poder da vontade”. Nesse sentido, fala-se que o sujeito ativo não tem um direito absoluto, porquanto não pode alcançar exclusivamente por sua vontade o efeito jurídico associado a seu direito; tem, então, apenas uma pretensão, vale dizer, um poder de exigir de outrem a adoção de um comportamento. [xvii]
De outro giro, não se pode olvidar da importância dos chamados direitos potestativos, os quais permitem a alguém, por simples manifestação unilateral de vontade, criar, modificar ou extinguir uma relação jurídica pré-existente, de seu interesse. Às pessoas sujeitas a essa espécie de direitos, resta o estado de sujeição, já que se está diante de direitos cujo exercício depende unicamente do arbítrio de seu titular.
Na seara do Direito das Obrigações, orientando-se pelo Código Civil brasileiro, é possível individualizar como significativos direitos potestativos o direito de resolução contratual pelo inadimplemento da parte adversa (art. 475), de revogação de procuração outorgada (art. 682, I), de resolução do contrato de compra e venda quando aposta a cláusula de retrovenda (art. 505) e de escolha das prestações nas obrigações genéricas (art. 244) e alternativas (art. 252).[xviii]
Quadra registrar que, diferentemente dos direitos subjetivos propriamente ditos, os direitos potestativos não importam exigibilidade de conduta alheia, já que são executáveis pelo titular e, quando exercidos, produzem imediatamente os efeitos jurídicos a eles associados.[xix]
Caracterizam-se os direitos potestativos obrigacionais, no particular, por necessariamente surgirem no seio de uma relação jurídica anterior. Logo, reportando-se aos exemplos supramencionados, nota-se, ilustrativamente, que os direitos potestativos ligados à resolução face ao inadimplemento ou ao exercício do direito de retrovenda fundam-se em relação contratual pré-existente, sendo, pois, destituídos de autonomia no que concerne a sua gênese.
Aos direitos potestativos contrapõe-se o estado de sujeição, eis que ao sujeito passivo resta unicamente suportar as consequências jurídicas que derivam do efetivo exercício daqueles.
Há, ainda, a situação jurídica denominada ônus jurídico, que pode, em linhas gerais, ser conceituada como “uma obrigação potestativa, no sentido de que o seu titular pode realizá-lo ou não”.[xx]
Indica, nesses termos, um comportamento que a pessoa é livre para seguir ou não, mas que deve observar caso queira evitar a perda de um direito ou alcançar uma situação jurídica vantajosa. Diz-se, então, que a pessoa sujeita a um ônus jurídico não tem nem um direito nem um dever, mas tão-somente uma faculdade.
Relativamente ao direito obrigacional, aduz-se, à guisa de exemplo, como ônus jurídico, a faculdade do credor de promover a citação judicial do devedor ou mesmo providenciar outras medidas sediadas no art. 202 do CCB, caso pretenda interromper o curso do prazo prescricional em andamento. Paralelamente, cite-se, também, o ônus do devedor, caso o credor não queira receber o pagamento e dar a quitação, de consignar este em juízo, a fim de exonerar-se das despesas com juros moratórios e desresponsabilizar-se dos riscos que porventura possam futuramente recair sobre a coisa, caso esta seja objeto da relação obrigacional.
Compõem, ainda, a relação obrigacional, as expectativas jurídicas, as quais ocupam uma situação intermediária no processo de formação sucessiva do vínculo, cujo exemplo, por excelência, tomando-se por base o ordenamento brasileiro, é a posição do credor cujo crédito está sujeito à condição suspensiva.
Sob outro vértice, exsurgem do conteúdo obrigacional os deveres principais, primários ou típicos, que representam o núcleo dominante, o cerne da relação obrigacional. É com base neles que se pode classificar as obrigações em dar, fazer ou não fazer, na forma desenhada pelo Livro I, capítulos I, II e III, do CCB. 
Em se tratando de obrigações contratuais, são os deveres principais que determinam a tipicidade contratual (dever de transferir a coisa e, correlativamente, de pagar o preço certo da coisa transferida, no caso do contrato de compra e venda; e dever de ceder a outrem o uso e gozo da coisa não fungível e o correspondente dever de pagar os alugueres, em se tratando de contrato de locação, v.g).
Por tal razão, afirma-se que os referidos deveres são aqueles respeitantes às prestações nucleares da obrigação, isto é, aqueles aptos a satisfazerem diretamente o interesse das partes, de sorte que a existência da relação obrigacional deles imprescinde. Propiciam ao credor determinada prestação que pode ser positiva ou negativa. Vale lembrar que, em geral, havendo o cumprimento deste dever, extingue-se a relação obrigacional, já que, a rigor, o fim da relação jurídica é alcançado com a realização do dever principal.[xxi]
Em outro plano, circundando os deveres principais, estão os deveres secundários ou acidentais de prestação[xxii], os quais admitem uma subdivisão: deveres secundários meramente acessórios da prestação e deveres secundários de prestação autônoma.[xxiii]
Em verdade, ambos encerram prestações determinadas, autonomamente exigíveis,diversas das típicas, embora com elas estritamente relacionadas.
Os primeiros são aqueles destinados a preparar o cumprimento ou assegurar as sua perfeita realização. Ilustrativamente, pode-se citar, sob a luz do Código Civil brasileiro, como exemplos desses deveres: o dever do credor de dar a quitação regular ao devedor face ao pagamento (art. 319); o dever de conservação da coisa até a tradição, de honrar com as despesas de escritura, registro e tradição, nos contratos de compra e venda (arts. 490 e 492); e o dever do donatário de cumprir os encargos da doação, caso forem a benefício do doador, de terceiro ou do interesse geral (art. 553).
Por outro lado, os últimos apresentam-se como sucedâneos do dever principal de prestação (como a obrigação de indenizar resultante da impossibilidade culposa da prestação originária, consubstanciada no art. 389 do CCB [xxiv]), ou mesmo simultâneos da prestação principal (a exemplo da obrigação de indenizar pela mora no cumprimento da obrigação principal, que a esta é acrescida, consoante o disposto no art. 395 também do Diploma Civil brasileiro [xxv]).
2 A EFICÁCIA “SUBVERSIVA” DA  BOA-FÉ OBJETIVA NO CAMPO OBRIGACIONAL
2.1 PANORAMA DE ATUAÇÃO DOS DEVERES ANEXOS
A par dos deveres circundantes da prestação, há, também, os proclamados deveres laterais, ou também chamados instrumentais ou anexos. Cuida-se, nesse particular, de deveres que decorrem da eficácia “subversiva” que os cânones da boa-fé objetiva desencadeiam no processo obrigacional.[xxvi]
Não é de causar surpresa que o programa obrigacional, que transcorre no tempo e se movimenta processualmente - porquanto criado e desenvolvido à vista de uma finalidade -, seria sede, por excelência, de atuação da boa-fé objetiva.
Isso porque a variedade de elementos que compõem a relação jurídica obrigacional complexa e, notadamente, o caráter indeterminado de muitos daqueles, reclamam a aplicação de conceitos indeterminados e cláusulas gerais, permitindo, como expressa Judith Martins Costa 
[...] que integrem esta relação não apenas os fatores e circunstâncias que decorrem do modelo tipificado na lei ou os que nascem da declaração de vontade, mas, por igual, fatores extravoluntarísticos, atinentes à concreção de princípios e standarts de cunho social e constitucional.
Nesse passo, o redesenho da estrutura orgânica e finalística do liame obrigacional abre caminhos para a inauguração de um novo paradigma para o direito obrigacional, não mais fundado exclusivamente no dogma da vontade, mas também na boa-fé objetiva.
A dinamicidade do vínculo e o intercâmbio de seus múltiplos elementos, atraídos e regidos pela finalidade, reclamam a atuação, a todo tempo, da boa-fé em sua função normativo-integrativa, vale dizer, na função em razão da qual se somam aos deveres principais e secundários outros que não foram ou não puderam ser contemplados pela lei ou pelas próprias partes, por força da incapacidade de se exaurir todas as hipóteses em que eles possam se manifestar.[xxvii]
Quer-se dizer que se toda relação obrigacional é orientada a uma finalidade específica, a boa-fé objetiva, determinando e conformando os deveres anexos de conduta, insere-se na contextualização dessa finalidade, manifestando-se seja para resguardá-la, seja para auxiliar sua persecução e, enfim, sua consecução.[xxviii]
Vigente no sistema jurídico brasileiro graças aos corolários da eticidade e solidarismo, e não simplesmente pela prescrição da cláusula geral no art. 422 do Código Civil brasileiro[xxix], a boa-fé objetiva informa os chamados deveres anexos de conduta, ajustando-os conforme a finalidade primordial da obrigação, a fim de se assegurar a apropriada satisfação do crédito, enfim, o bom prestar.
Os deveres anexos, também chamados de deveres de proteção ou de conduta, identificam-se como sendo aqueles deveres que devem ser adotados por contratantes honrados e leais.[xxx] Recaem, como se vê, tanto sobre o sujeito ativo, quanto sobre o sujeito passivo da obrigação.
Vocacionados a prescreverem a adoção de medidas aptas a impedirem resultados lesivos aos partícipes da relação obrigacional e aos seus bens, os deveres anexos também se voltam, com igual importância, para o estabelecimento de condutas a serem seguidas com o intuito de proporcionar “o melhor adimplemento" da prestação. Nesse sentido, Mota Pinto assim os conceituou:
[...] Não estão estes deveres laterais orientados para o interesse no cumprimento do dever principal de prestação. Caracterizam-se por uma função auxiliar da realização positiva do fim contratual e de proteção à pessoa ou aos bens da outra parte contra os riscos de danos concomitantes. Servem, ao menos as suas mais típicas manifestações, o interesse na conservação dos bens patrimoniais ou pessoais que podem ser afetados em conexão com o contrato (Erhaltungsinteresse), independentemente do interesse no cumprimento. Trata-se de deveres de adoção de determinados comportamentos, impostos pela boa-fé em vista do fim do contrato [...], dada a relação de confiança que o contrato fundamenta. [xxxi]
Impende anotar que, ainda que não desejados ou não levados em conta pelos contratantes, tais deveres, inevitavelmente, estarão contidos na relação obrigacional. Destinam-se, repita-se, a coibir lesões à contraparte ou a estabelecer que o cumprimento das prestações “se dê da forma qualitativa e objetivamente mais satisfativa aos interesses do credor e de forma menos onerosa ao devedor".[xxxii]  
Nessa vereda, constata-se que a boa-fé dilata as obrigações contratualmente assumidas, já que por meio dela, impõe-se, aos contraentes, o compromisso de fazer não apenas o prometido, mas tudo o que se revelar necessário para que o resultado do vínculo obrigacional seja vantajoso para ambas as partes. 
Tais deveres fundam-se, no plano fático, no conjunto de fatos (ensejadores ou decorrentes) do acordo, independentemente do momento de formação deste, vale dizer, amparam-se no comportamento dos sujeitos da relação e no complexo de conjunturas abarcadas pelo vínculo.
Destaca-se que a incidência da boa-fé objetiva sobre o vínculo obrigacional ocorre de duas maneiras principais: a primeira guarda relação com aquela noção de correção (de neminem laedere), a qual se revela como deveres negativos de respeito e consideração pelos interesses alheios; a segunda, a seu turno, denota um sentido coativo, criando, para os contratantes, deveres positivos de cooperação, vale dizer, deveres laterais que ligam credor e devedor em uma “ordem de cooperação", atuando no sentido de que eles deixem de ser antagonistas para se transformar em colaboradores. [xxxiii]A cooperação engloba os deveres de confiança, de compromisso, de fidelidade, de lealdade e veracidade face à outra parte contratante. 
Não se pode olvidar, a propósito, de ressaltar que os deveres laterais não existem ab initio, em numerus clausus e com um conteúdo fixo. O aparecimento, a intensidade e a duração desses deveres imprescindem da verificação de pressupostos variáveis, que, à luz da finalidade da obrigação, adquirem essa eficácia. 
Consequentemente, pode-se dizer que os mesmos existem, potencialmente, desde o início e são atualizados à medida que se vão verificando as situações que põem em perigo a consecução do interesse final no vínculo.
É dizer que, dependendo do tipo de relação obrigacional e das circunstâncias fáticas, esses deveres se exteriorizarão de maneiras diversas e com diferente intensidade, sendo esta, evidentemente, muito menor nas relações instantâneas do que  naquelas duradouras ou com prestações diferidas no tempo. 
Sublinha-se, também, que os deveres anexos brotam em diferentes estágios de desenvolvimento da relação obrigacional, atuando, inclusive, em momentos nos quais inexiste uma obrigação principal, como nos casos em que as partes ainda se encontram nas tratativas de um contrato, por exemplo, ou mesmo após o adimplemento da obrigação principal.
Com efeito, incidindo sobre as tratativas, a boa-fé como norma de conduta cria para os contratantes deveres de lealdadeem suas negociações e, de igual forma, deveres de informação e de esclarecimento, já que omissões ou obscuridade de dados importantes para o correto desenvolvimento da relação podem, sem dúvida, gerar danos à contraparte.[xxxv] Caso isso ocorra, o lesado terá legitimidade para pleitear a reparação dos prejuízos sofridos, com base na responsabilidade pré-contratual, que corresponde à atuação contemporânea da culpa in contrahendo. 
Objetiva-se, assim, proteger a confiança nutrida por cada uma das partes de que as negociações serão conduzidas pelo outro de acordo com a boa-fé, e, conseqüentemente, em consonância com as  legítimas expectativas criadas por tal ajuste.
De igual modo, admite-se que os deveres laterais decorrentes da boa-fé possam, inclusive, manifestar sua eficácia depois de extinta a obrigação. Trata-se da pronunciada pós-eficácia dos deveres anexos, os quais podem perdurar mesmo depois de findo o contrato com o adimplemento, por aplicação da culpa post pactum finitum. [xxxvi]
Destarte, cogitando-se, ilustrativamente, que um contratatantes violara o dever de omitir comportamentos susceptíveis de prejudicar a finalidade do vínculo obrigacional, não se pode negar que ao outro assiste o direito de pleitear em  juízo a reparação pelos danos causados por violação de um dever a que se confere eficácia ulterior ao adimplemento.
Inúmeras são as classificações doutrinárias que têm por objeto os deveres anexos. Pelo panorama satisfatório que fornece, interessante é trazer à baila a tripartição preconizada por Menezes Cordeiro, que os subivide em: deveres de esclarecimento, de proteção e de lealdade.[xxxvii]
Os primeiros são aqueles que obrigam as partes, na vigência do contrato que as une, a informarem-se mutuamente acerca dos vários aspectos atinentes ao vínculo, bem como de ocorrências que com ele guardem relação e, também, de todos os efeitos que da execução das prestações possam decorrer. Assumem exponencial relevância no âmbito das relações de consumo.
Os deveres de lealdade, por sua vez, obrigam as partes contratantes a, na constância do vínculo, “absterem-se de comportamentos que possam desvirtuar a finalidade do negócio entabulado ou desequilibrar o jogo das prestações por elas consignado”.[xxxviii] Incluem-se, dentre eles, o dever de colaborar para o correto adimplemento da prestação principal, ao qual se liga, pela negativa, o de não dificultar o pagamento, por parte do devedor, bem como o dever de guardar sigilo sobre atos ou fatos dos quais se teve conhecimento em razão do contrato ou das negociações preliminares.
Derradeiramente, no que atine aos deveres de cuidado, frise-se que são aqueles que obrigam as partes, na pendência do contrato, a evitar que sejam acarretados danos mútuos, em suas pessoas ou nos seus patrimônios.
 Enfim, a par da classificação retratada, importa repisar que todos os deveres dessa espécie estão afetados ao exato processamento da relação obrigacional, vale dizer, “à satisfação dos interesses globais envolvidos, em atenção a uma identidade finalística, constituindo o complexo conteúdo da relação que se unifica  funcionalmente”.[xxxix]
2.2 TRANSFORMAÇÕES NA ANÁLISE DO (IN) ADIMPLEMENTO
Considerada como processo, a relação obrigacional, como visto, caminha para algo, encontrando nesse “algo” o fundamento de sua existência e de sua unidade. Destarte, o atingimento de sua finalidade passa a ser considerado muito mais relevante do que a perfeita e absoluta realização de cada uma das fases do percurso temporal tracejado. Esse fim, sem sombra de dúvidas, é o adimplemento.
Tradicionalmente, sob influência em especial do direito romano, o 
adimplemento foi definido como “a entregra da prestação devida”[xl], ou seja, a realização pontual da prestação pelo devedor, com a consequente satisfação dos interesses objetivos do credor. E, paralelamente, o inadimplemento era concebido como a inexecução da prestação debitória, que fulmina os interesses creditícios.
Como se vê, ambas as noções afiguram-se limitadas ao exame do cumprimento ou descumprimento unicamente da prestação principal.
Contudo, tal leitura estreita do adimplemento, reduzida ao dever de prestar, não se coaduna com a moderna concepção de complexidade interna da relação jurídica obrigacional, tampouco se ajusta à eficácia subversiva provocada pela operatividade da boa-fé objetiva no campo obrigacional, sobre os quais traçamos linhas gerais no capítulo precedente a este.
Partindo-se da premissa de que o adimplemento assume o papel de  finalidade ideal do vínculo (e não pura e simplesmente o momento terminal deste), pode-se, com segurança, afirmar que ele não mais se esgota nem se equipara à realização da prestação principal.[xli] Isso porque, 
[...] não se está aqui a tratar exclusivamente do ato de alguém destinado à extinção de um vínculo, mas um ato (ou conjunto de atos) que possui um conteúdo finalístico não voltado exclusivamente à satisfação de uma das partes e nem vinculado exclusivamente aos interesses prestacionais.
O adimplemento passa, então, a ser compreendido como a realização de todos os interesses envolvidos na relação e emanados do vínculo: sejam interesses conectados direta ou indiretamente aos deveres principais, sejam interesses decorrentes da incidência da boa-fé objetiva sobre o vínculo.
Logo, eis por que Martins-Costa conceitua adimplemento como 
[...] o cumprimento da prestação concretamente devida, presente a realização dos deveres derivados da boa-fé que se fizeram instrumentalmente necessários para o atendimento satisfatório do escopo da relação, em acordo ao seu fim e às suas circunstâncias concretas.[xlii]
A evolução conceitual do adimplemento implica, por tal razão, uma genuína releitura temporal, funcional e consequencial do inadimplemento. Melhor dizendo, “alteram-se o momento de verificação do adimplemento (tempo), as condições para sua configuração (conceito em sentido estrito) e os efeitos que dele decorrem (consequências)”.[xliii]
Notas:
Aduz o jurista Clóvis do Couto e Silva que a concepção de totalidade, em que pese fruto da filosofia estóica, levou séculos para ser transportada para a seara do direito: produziu, antes, influxos na Biologia e na Psicologia, através dos trabalhos, respectivamente, de Driesch e Ehrenfels. Para ele, “sob o ângulo da totalidade, o vínculo passa a ter sentido próprio, diverso do que se se tratasse de pura soma de partes, de um compósito de direitos, deveres, pretensões, obrigações, ações e exceções. Se o conjunto não fosse algo ‘orgânico’, diverso dos elementos ou partes que o formam, o desaparecimento de um desses direitos ou deveres, embora pudesse não modificar o sentido do vínculo, de algum modo alteraria sua estrutura” (SILVA, Clovis do Couto e. A obrigação como processo. São Paulo: Bushatsky, 1976. p. 9).

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