Buscar

RESPONSABILIDADE CIVIL 3

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

RESPONSABILIDADE CIVIL
 Aula 3 - O Nexo Causal
Conceito de nexo causal
O nexo causal é, também, nominado de nexo de causalidade, nexo etiológico ou relação de causalidade das leis naturais.
Devemos raciocinar que o nexo causal é o liame que une a conduta do agente ao dano.
É por meio do exame da relação causal que concluímos quem foi o causador do dano. Trata-se de um elemento indispensável.
Destacamos que a responsabilidade dispensa a culpa, mas nunca dispensará o nexo causal.
Se a vítima do dano não identificar o nexo causal que leva o ato danoso ao responsável, não há com ser indenizada.
Sendo assim, para que ocorra obrigação de indenizar, é preciso que se demonstre a relação entre a ação (ou omissão) do agente  e o dano.
Sem que se estabeleça esse vínculo de causa e efeito, o Estado Juiz não pode julgar um pedido procedente em sede de uma ação de responsabilidade civil.
Para tanto, ainda que inexista de maneira típica, em sede de responsabilidade civil, uma expressa previsão legal, vemos nos termos do art. 13 do CP uma fundamentação por analogia, como se lê:
Decreto-lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – CP:
TÍTULO II - Do Crime
Relação de causalidade
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Teorias
A seguir, apresentaremos duas teorias que justificam o estabelecimento do nexo causal.
A maioria doutrinária entende como principal a chamada “teoria da causa adequada”. 
Mas não podemos deixar de apresentar a teoria da equivalência da causa. Minimamente para estabelecer um entendimento, como se lê.
Teoria da equivalência da causa - conditio sine qua non - Direito Penal
Como o próprio nome diz, essa teoria não faz distinção entre:
causa – aquilo de que uma coisa depende quanto à existência – e;
condição – o que permite à causa produzir seus efeitos positivos ou negativos.
Se várias condições concorrem para o mesmo resultado, todas têm o mesmo valor, a mesma relevância, todas se equivalem.
Causa é a ação ou a omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido, sem distinção da maior ou menor relevância que cada uma teve. Por isso, essa teoria é também chamada de conditio sine qua non, ou da equivalência das condições.
VOCÊ SABIA?
Para se saber se uma determinada condição é causa, elimina-se mentalmente essa condição, por meio de um processo hipotético. Se o resultado desaparecer, a condição é causa, mas se persistir, não o será. Destarte, condição é todo antecedente que não pode ser eliminado mentalmente sem que venha ausentar-se o efeito.
Critica-se essa teoria pelo fato de conduzir a um exagero da causalidade e a uma regressão infinita do nexo causal. Por ela, teria que se indenizar a vítima de atropelamento, não apenas quem dirigia o veículo, mas, também, a concessionária que vendeu o bem, a montadora que produziu o mesmo e, assim, sucessivamente.
Por esta teoria equivalem-se as causas, estabelecendo que todas as circunstâncias que concorreram para o dano se equivalem das causas que efetivamente produziram efeitos capazes de gerar o evento. Pouco importando se há uma condição preexistente, concomitante ou superveniente.
Teoria da causalidade adequada - Direito Civil
	Por esta teoria, a causa é não apenas o antecedente necessário à causação do evento, mas, também, adequado à produção do resultado. Nem todas as condições serão causa, mas apenas aquela que for a mais apropriada a produzir o evento. Aquela que colaborou de forma preponderante e mais apropriada para o evento.
	
	A situação tem como revés em saber, exatamente, quem, entre as várias condições ser a mais adequada. Tem-se por praxe considerar, como já descrito, aquela que, de acordo com a experiência comum, for a mais idônea para gerar o evento. Não se limita que a causa seja condição preponderante para o prejuízo, é preciso, ainda que o fato constitua, no caso concreto, uma causa adequada e eficiente para a causação do dano.
	
	Assim, por exemplo, se um agente de viagens retém, de forma desnecessária e ilícita, um passageiro, impedindo-o de embarcar em um determinado navio e, por consequência, embarca-o em um segundo, que vem a afundar, esta retenção, por mais que seja ilícita, não é a causa para o desastre. Por mais que o primeiro barco tenha chegado incólume ao seu destino (diferente do segundo).
Causalidade na omissão
A relevância do instituto encontra sua justificativa, conforme Cavalieri Filho (fl. 63) que:“...embora a omissão não dê causa a nenhum resultado, não desencadeie qualquer nexo causal, pode ser causa para não impedir o resultado.”
A omissão não gera o dano propriamente dito. Mas, é relevante se considerarmos a conduta do agente causador no que tange o seu comportamento. Pois, a omissão somente será relevante quando o agente tiver o dever legal de agir e assim mesmo não o fizer. Fora isso, se não há o já citado dever legal não haverá implicância no nexo de causalidade.
Concausas
É uma outra causa que, aliando-se à principal, concorre para o resultado. Ela não inicia nem interrompe o processo causal, apenas o reforça.
Exemplo: o dever de manutenção de um veículo é a causa geral do evento danoso, que é a derrapagem por pneu careca e posterior abalroamento no 
veículo de um terceiro
Múltiplas podem ser as causas que geram a responsabilização, mas a responsabilidade deve ser atribuída apenas a quem efetivamente a causou.
Causa preexistente
É o evento que já existia quando da conduta ilícita do causador do evento danoso.
É própria do evento, sendo pura consequência da inobservância de um dever de cuidar de seu agente. É a origem, razão ou motivo simultâneo a outro, causa simultânea, e uma concorrência causal.
Exemplo: uma pessoa em cárcere privado que toma um susto com o disparo de uma arma de fogo. Entretanto, ela já tinha um problema cardíaco que é a legítima causa do evento morte da vítima.
Destaca-se que o agente causador responde pelo resultado mais grave, independentemente de ter ou não conhecimento da concausa antecedente que agravou e desencadeou o evento e, por consequência, o dano.
Causa superveniente
É semelhante à preexistente. Ocorre após o seu desencadeamento, e apesar de concorrer para o agravamento do dano, em nada favorece o seu causador, muito menos o desfecho do evento.
Exemplo: a demora no atendimento de uma vítima de atropelamento que teve como causa a hemorragia oriunda deste mesmo evento. 
A sua relevância só fará diferencial se por si só for capaz de mudar o nexo causal existente, sendo, por consequência o efetivo causador do evento, desse modo, um novo nexo de causalidade. 
Exemplo: no mesmo caso retrocitado, em que se constata a demora no atendimento por consequência da demora no acionamento em que a vítima poderia ter sido salva
Causa concomitante
Esta concausa por si só é capaz de acarretar o resultado, como por exemplo: em um parto, a mãe vem a sofrer um aneurisma cerebral que em nada tem com o evento parto. 
Ajuizada, a ação competente foi reformada por não ter nexo de causalidade com o evento parto, não obstante ter sido concomitante com o mesmo.
Causas de exclusão de nexo de causalidade são as impossibilidades supervenientes do cumprimento da obrigação que não pode ser imputável ao devedor ou ao agente. 
Sendo assim, alguém não pode responder por um resultado a que não tenha dado causa. Logo, ausente como causa de exclusão da causalidade não há que se falar em responsabilidade.
Fato exclusivo da vítima
Para a isenção de responsabilidade do pretenso autor, basta que a vítima tenha colaborado de forma decisiva para o evento danoso. Logo, o comportamento da vítima é que determina a exclusão da responsabilidade.
Exemplo
Uma pessoa que atravessa uma avenida pela pista, ao invés de utilizar a passagem de pedestres (passarela).
Nesse exemplo, pode-se observar que fica eliminado a causalidade em relação ao terceiro intervenienteno evento (aquele a quem se imputaria responsabilidade).
Fato de terceiro
O terceiro é, segundo definição de Aguiar Dias, qualquer pessoa além da vítima e do responsável, alguém que não tem nenhuma ligação com o causador aparente do dano e o lesado. Pois, não raro acontece que o ato de terceiro é a causa exclusiva do evento, afastando qualquer relação de causalidade entre a conduta do autor aparente e a vítima.
É o endereçamento errado da ação. A atribuição no polo passivo de forma errônea.
Caso fortuito e força maior
Antes de qualquer coisa, destacamos que até hoje não se definiu, exatamente, a sua diferença. Entretanto, o ponto central é que tanto um como o outro estão fora dos limites da culpa. Fala-se neles quando se trata de acontecimento que escapa toda diligência, inteiramente estranho à vontade do causador.
Caso fortuito e força maior
Tradicionalmente causo forfuito são cláusulas de exoneração devidas a atos humanos (revolução, guerras, greve).
Enquanto a força maior decorreria de fatos da natureza (inundação, tufão, temporal).
O caso fortuito ou de força maior excluem o nexo causal e, por via de consequência, eximem o devedor da responsabilidade pelo não cumprimento do dever de não lesar alguém.
Para uma melhor definição, explicitaremos o caso fortuito e a força maior.
O CC/2002, como se vê no parágrafo único do art. 393, praticamente os considera sinônimos, na medida em que se caracteriza o caso fortuito ou a força maior como sendo o fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir. 
Entendemos, todavia, que há uma diferença, é a seguinte: 
Força maior
Se o evento for inevitável, ainda que previsível, por se tratar de fato superior às forças do agente, como normalmente são os fatos da natureza: as tempestades, enchentes etc.
Os ingleses o denominam de act of god. A inevitabilidade, por sua vez, deve ser considerada dentro de certa relatividade, tendo-se o acontecimento como inevitável em função do que seria razoável exigir-se.
Caso fortuito
Evento imprevisível. Entende-se a imprevisibilidade específica, relativa a um fato concreto, e não a genérica ou abstrata de que poderão ocorrer assaltos, acidentes, atropelamentos etc., porque se assim não for tudo passará a ser previsível. O caso fortuito se subdivide em fortuito interno e externo.
Fortuito interno e fortuito externo
Fortuito interno
O fato imprevisível e, por isso, inevitável, que se liga à atividade da entidade. 
Exemplo: o estouro de um pneu de um ônibus, incêndio de um veículo e outros
Fortuito externo
É, também fato imprevisível e inevitável. Todavia, em nada tem correlação com a atividade da empresa.
Exemplo: roubo a carro forte, em que se procura tomar todas as precauções possíveis.
O que realmente interessa é que ambos excluem o nexo causal por constituírem, também, causa estranha à conduta do aparente agente, ensejadora direta do evento. Eis a razão pela qual a jurisprudência tem entendido que o defeito mecânico em veículo, salvo caso excepcional de total imprevisibilidade, não caracteriza o caso fortuito, por ser possível evitá-lo através de periódica e adequada manutenção.
O mesmo entendimento tem sido adotado no caso de derrapagem, em dia de chuva, porquanto, além de previsível, pode ser evitada pelo cuidado.
É necessário verificar a casuística para se determinar a qualificação mais adequada.
No contrato de transporte, v.g., a obrigação principal do transportador, emergente de contrato, é levar o passageiro incólume ao seu destino. Se, no curso da viagem, ocorre um acidente e o passageiro sofre algum dano, fica caracterizado o inadimplemento, o ilícito contratual, em razão do qual terá o transportador que indenizar.
A lição de Aguiar Dias a este respeito é irreprochável :
“Se o contrato é uma fonte de obrigações, a sua inexecução também o é. Quando ocorre a inexecução, não é a obrigação contratual que movimenta o mundo da responsabilidade. O que se estabelece é uma obrigação nova, que se substitui à obrigação preexistente no todo ou em parte: a obrigação de reparar o prejuízo consequente à inexecução da obrigação assumida.
Essa verdade se afirmará com mais vigor se observamos que primeira obrigação (contratual) tem origem na vontade comum das partes, ao passo que a obrigação que a substitui por efeito da inexecução, isto é, a obrigação de reparar o prejuízo, advém, muito ao contrário, contra a vontade do devedor: este não quis a obrigação nova, estabelecida com a inexecução da obrigação que contratualmente consentira. Em suma: a obrigação nascida do contrato é diferente da que nasce de sua inexecução”.
Estudo de caso
Maria se submeteu à operação plástica para embelezamento. Cirurgia que serviria para a retirada de sinal que deu origem a uma cicatriz maior do que o do próprio sinal. Laudo pericial atesta que o tempo de repouso determinado pelo médico, bem como a prescrição de medicamento eram insuficientes para a adequada recuperação da paciente. Considerando provados os fatos descritos, como advogado (a) de Maria responda quais seriam seus argumentos em ação de responsabilidade civil, especialmente no tocante ao nexo de causalidade.
GABARITO
A conduta de Maria foi capaz de causar o “auto-dano”. Pois ao não acatar a prescrição médica contribuiu, ainda que culposamente, pela ocorrência do próprio dano. Ademais, tal conduta foi demonstrada através de prova pericial. Fato este que tipificou a excludente de responsabilidade culpa exclusiva da vítima. Nos termos o art. 945 da Lei 10.406 de 2002, verbis:
Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano.
Atividades
Assinale a afirmativa que não é excludente do nexo causal.
A culpa exclusiva da vítima
A menoridade do autor do dano
A culpa de terceiro
Por caso fortuito
Por força maior
Raul, dirigindo em alta velocidade, abalroou o veículo de Daniel, que ajuizou ação de indenização. A responsabilização de Raul se dará mediante comprovação de:
Dano, nexo de causalidade e culpa, na modalidade subjetiva.
Dano e nexo de causalidade, na modalidade objetiva.
Dano e nexo de causalidade, na modalidade subjetiva.
Dano, nexo de causalidade e culpa, na modalidade objetiva.
Dano apenas, na modalidade objetiva.
“A imputação de responsabilidade civil, portanto, supõe a presença de dois elementos de fato, que são a conduta do agente e o resultado danoso; e de um elemento lógico- normativo, o nexo causal”. Ministro Carlos Fernando Mathias
Considerando o contexto acima, o caráter lógico-normativo do nexo causal se vincula:
Ao elo referencial que conecta conduta e dano.
Aos efeitos indiretos relacionados à conduta danosa.
Ao grau de culpa do agente do dano.
À reprovabilidade da conduta danosa.
A qualquer condição com potencial para produzir o dano.

Outros materiais