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Desafios rumo a educação jurídica de excelência

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Desafios Rumo à Educação 
Jurídica de Excelência
Ordem dos Advogados do Brasil - Conselho Federal
Gestão 2007/2010
Diretoria
Cezar Britto Presidente
Vladimir Rossi Lourenço Vice-Presidente
Cléa Carpi da Rocha Secretária-Geral
Alberto Zacharias Toron Secretário-Geral Adjunto
Ophir Cavalcante Junior Diretor-Tesoureiro
Conselheiros Federais
AC: Cesar Augusto Baptista de Carvalho, Renato Castelo de Oliveira e Tito Costa 
de Oliveira; AL: Marcelo Henrique Brabo Magalhães, Marilma Torres Gouveia de 
Oliveira e Romany Roland Cansanção Mota; AP: Cícero Borges Bordalo, Guaracy 
da Silva Freitas e Jorge José Anaice da Silva; AM: Eloi Pinto de Andrade, José 
Alfredo Ferreira de Andrade e Oldeney Sá Valente; BA: Durval Julio Ramos Neto, 
Luiz Viana Queiroz e Marcelo Cintra Zarif; CE: Francisco Irapuan Pinho Camurça, 
Paulo Napoleão Gonçalves Quezado e Valmir Pontes Filho; DF: Esdras Dantas 
de Souza, Luiz Filipe Ribeiro Coelho e Marcelo Henriques Ribeiro de Oliveira; 
ES: Agesandro da Costa Pereira, Djalma Frasson e Luiz Antonio de Souza Basílio; 
GO: Daylton Anchieta Silveira, Felicíssimo Sena e Wanderli Fernandes de Sousa; 
MA: José Brito de Souza, Raimundo Ferreira Marques e Ulisses César Martins de 
Souza; MT: Astor Rheinheimer, Dinara de Arruda Oliveira e Francisco Eduardo 
Torres Esgaib; MS: Geraldo Escobar Pinheiro, Lúcio Flávio Joichi Sunakozawa 
e Vladimir Rossi Lourenço; MG: Aristoteles Atheniense, João Henrique Café 
de Souza Novais e Paulo Roberto de Gouvêa Medina; PA: Frederico Coelho de 
Souza, Maria Avelina Imbiriba Hesketh e Ophir Cavalcante Junior; PB: Delosmar 
Domingos de Mendonça Junior, José Araújo Agra e José Edísio Simões Souto; PR: 
Jacinto Nelson de Miranda Coutinho, Manoel Antonio de Oliveira Franco e Romeu 
Felipe Bacellar Filho; PE: Octavio de Oliveira Lobo, Ricardo do Nascimento 
Correia de Carvalho e Sílvio Neves Baptista; PI: Marcus Vinicius Furtado Coelho, 
Reginaldo Santos Furtado e Willian Guimarães Santos de Carvalho; RJ: Carlos 
Roberto Siqueira Castro, Técio Lins e Silva e Nélio Roberto Seidl Machado; RN: 
Felipe Augusto Cortez Meira de Medeiros, Wagner Soares Ribeiro de Amorim e 
Sérgio Eduardo da Costa Freire; RS: Cléa Carpi da Rocha, Luiz Carlos Levenzon 
e Luiz Carlos Lopes Madeira; RO: Gilberto Piselo do Nascimento, Orestes Muniz 
Filho e Pedro Origa Neto; RR: Alexander Ladislau Menezes, Ednaldo Gomes 
Vidal e Francisco das Chagas Batista; SC: Anacleto Canan, Gisela Gondin Ramos 
e José Geraldo Ramos Virmond; SP: Alberto Zacharias Toron, Norberto Moreira 
da Silva e Raimundo Hermes Barbosa; SE: Carlos Augusto Monteiro Nascimento, 
Jorge Aurélio Silva e Miguel Eduardo Britto Aragão; TO: Dearley Kühn, Júlio 
Solimar Rosa Cavalcanti e Manoel Bonfim Furtado Correia.
Comissão Nacional de Ensino Jurídico
Presidente: Rodolfo Hans Geller; Secretário: Ademar Pereira; Membros: Álvaro Melo 
Filho, Eid Badr, Jacinto Nelson de Miranda Coutinho, Luiz Felipe Lima de Magalhães, 
Paulo Roberto Moglia Thompson Flores e Walter Carlos Seyfferth.
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL
CONSELHO FEDERAL
COMISSÃO NACIONAL DE ENSINO JURÍDICO
Desafios Rumo à Educação 
Jurídica de Excelência
Alexandre Bernardino Juliana Neunschwander Magalhães
André Luiz de Lima Loussia Mousse Felix
Cláudio Mendonça Braga Maria Paula Dallari Bucci
Dilvo Ristohh Mary Rosane Ceroni
Frederico Normanha de Almeida Paulo Roberto de Gouvêa Medina
Gustavo Raposo Feitosa Paulo Roberto M. Thompson Flores
Hallrison Dantas Regina Toledo Damião
Inácio José Feitosa Neto Renan Aguiar
José Geraldo de Souza Júnior Robertônio Santos Pessoa
Colaboração de
Evandro Vitoriano Elias e
Tarcizo Roberto do Nascimento
OAB Ensino Jurídico
Brasília
2011
© Ordem dos Advogados do Brasil
Conselho Federal, 2011
Setor de Autarquia Sul - Quadra 5, Lote 1, Bloco M
Brasília - DF
CEP 70070-939
Editoração e distribuição: Gerência de Relações Externas/Biblioteca
Tel.: (61) 2193-9663 e 2193-9605
Fax: (61) 2193-9632
e-mail: biblioteca@oab.org.br
Tiragem: 500 exemplares.
Capa: Susele Bezerra de Miranda
FICHA CATALOGRÁFICA
 
Desafios rumo à educação jurídica de excelência / Alexandre 
Bernardino ... [et al.]; Paulo Roberto Moglia Thompson 
Flores (coordenador); colaboração de Evandro Vitoriano 
Elias e Tarcizo Roberto do Nascimento;. – Brasília: OAB, 
Conselho Federal, Comissão Nacional de Ensino Jurídico, 
2011. – (OAB Ensino Jurídico). 
264 p.
 ISBN 978-85-7966-006-1
 
1. Ensino Jurídico – Brasil. 2. Direito – Brasil. I. Ordem 
dos Advogados do Brasil (OAB). Conselho Federal. Comissão 
Nacional de Ensino Jurídico. II. Bernardino, Alexandre. III. 
Flores, Paulo Roberto Thompson.
 
CDD 340.07
Suzana Dias da Silva – CRB1/1964
SUMÁRIO
Prefácio
Cezar Britto...........................................................................................................9
Apresentação
Paulo R. Thompson Flores (Coordenador)........................................................11
Repercussão do Estado Gestor como regulador na ação pedagógica da educação 
jurídica.
Maria Paula Dallari Bucci.................................................................................13
Novas tecnologias da informação e da comunicação e o planejamento pedagógico 
no campo do direito
Gustavo Raposo Feitosa.....................................................................................27
A interdisciplinaridade como ação pedagógica na execução do currículo e os 
ajustes curriculares para alcançar a visão sistêmica do Projeto Pedagógico.
André Luiz de Lima............................................................................................39
A posição dos novos direitos na concepção e execução do Projeto Pedagógico.
Regina Toledo Damião.......................................................................................47
Educação continuada da docência e a ampliação sistêmica do conhecimento – 
visão de um jurista
José Geraldo de Souza Júnior............................................................................55
Educação continuada da docência e a ampliação sistêmica do conhecimento – 
visão de um pedagogo
Mary Rosane Ceroni...........................................................................................67
Contribuição da formação e práticas pedagógicas da docência e a 
transdisciplinariedade no processo de aprendizagem.
Robertônio Santos Pessoa..................................................................................85
Direito e Literatura
Paulo Roberto de Gouvêa Medina.....................................................................93
Direito e Tecnologia
Hallrison Dantas..............................................................................................101
Direito e Arte Cinematográfica
Juliana Neunschwander Magalhães.................................................................115
Construção de novos parâmetros para avaliação qualitativa: a relação entre o 
Ministério da Educação e a Ordem dos Advogados do Brasil na atividade de 
regulação e supervisão dos cursos jurídicos
Cláudio Mendonça Braga.................................................................................127
Avaliação da qualidade, profissionalização da docência e ensino jurídico
Frederico Normanha Ribeiro de Almeida.........................................................133
Demandas profissionais em direito e avaliação: educação jurídica, competências 
e sua inserção nas carreiras jurídicas por meio dos exames públicos.
Loussia Mousse Felix........................................................................................143
A avaliação e os cursos de direito
Dilvo Ristoff ....................................................................................................161Propostas para uma Educação Jurídica de Excelência
Inácio José Feitosa Neto..................................................................................175
A função social do núcleo de prática jurídica: ações, limites e desafios
Renan Aguiar....................................................................................................195
A função social do núcleo de prática jurídica: ações, limites e desafios
Paulo R. Moglia Thompson Flores...................................................................203
Interdisciplinariedade, ensino, pesquisa e extensão em Direito
Alexandre Bernardino.......................................................................................211
DISCURSOS
Abertura
Rodolfo Hans Geller.........................................................................................233
Educação Jurídica: substituição semântica do modelo jurídico de ensino
Adilson Gurgel de Castro..................................................................................239
O papel da OAB na avaliação de cursos: visão atual da avaliação institucional, 
dos cursos jurídicos, dos desempenhos dos docentes e discentes
Cezar Britto......................................................................................................255
ANEXOS
Carta de Natal ..................................................................................................267
Programação ....................................................................................................271
Desafios Rumo à Educação Jurídica de Excelência
9
PREFÁCIO
O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil está 
vigilante e atento aos rumos da educação jurídica no país. Não desejamos 
mercadores trabalhando em setor tão importante da consciência nacional, 
e precisamos avançar nos marcos referenciais teóricos e normativos. 
A Comissão Nacional de Ensino Jurídico da OAB realizou em 
Natal (RN), no período de 23 a 25 de setembro de 2009, o I SEMINÁRIO 
DE EDUCAÇÃO JURÍDICA, sob o tema central Desafios Rumo à 
Educação Jurídica de Excelência. Participamos e sentimos os debates 
elevados à construção de renovadas bases para o estudo do Direito, que 
agora mais adequada e sistemicamente esta se designando de “Educação 
Jurídica”. 
Visando marcar o evento, divulgar as idéias, os estudos e 
debates havidos, a OAB decidiu fazer a presente publicação, homenagem 
mínima a todos os que lá se reuniram de boa fé para trabalhar com denodo 
e honestidade de propósitos em favor da melhor qualidade dos cursos 
jurídicos no Brasil. 
Não se trata de uma obra acabada, antes constitui mais um 
firme passo no processo de permanente busca da excelência na educação 
jurídica neste país de tantos “jeitinhos” e “arranjos”. A igualdade de 
condições para o acesso, a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar 
e divulgar o pensamento, o pluralismo de idéias e de concepções 
pedagógicas na coexistência de instituições de ensino públicas e privadas 
são alguns vetores principais a considerar nesse processo. Ademais disso, 
a valorização dos profissionais da educação e a garantia de padrão de 
qualidade possuem elevado peso e importância destacada na busca da 
excelência na educação jurídica. 
Todos estão convidados a colaborar e contribuir com essa 
magna tarefa, inclusive criticando, sugerindo medidas e correção de 
rumos, pois a qualidade do serviço público está diretamente relacionada 
com a qualidade dos cursos jurídicos. 
Cezar Britto
Presidente do Conselho Federal da OAB
Desafios Rumo à Educação Jurídica de Excelência
11
APRESENTAÇÃO
Ao receber a gratificante missão do Presidente da Comissão de 
Ensino Jurídico do Conselho Federal da OAB para coordenar o presente 
volume da Coleção- Ensino Jurídico editado pelo Conselho Federal da 
OAB, senti-me simultaneamente honrado e desafiado para o desempenho 
deste trabalho, de ordem a situá-lo no mesmo patamar de excelência dos 
demais exemplares que compõem essa coleção que, hoje é referência para 
tantos quantos se dedicam à questão do ensino e, por que não dizer, da 
educação jurídica no Brasil.
A qualidade dos palestrantes do I SEMINÁRIO DE 
EDUCAÇÃO JURÍDICA, realizado em Natal, de 23 a 25 de setembro 
2009, bem como o trabalho sempre qualificado e exemplar da equipe 
técnica de assessoramento da Comissão, desde logo, asseguraram que o 
desafio seria vencido.
Este Seminário que sucede a nove Seminários de Ensino 
Jurídico promovidos pela OAB Federal, desde 2000, traz em sua 
denominação significativo avanço no que se refere a seu foco e suas 
ambições. Em verdade, ao substituir em seu título a expressão ensino por 
educação jurídica, está indo muito além do sentido meramente semântico 
e situando-se perfeitamente alinhado com o trabalho, ao longo dos anos 
desenvolvidos por esta Comissão, a qual certamente, como já é consenso, 
terá, por igual, seu nome alterado para Comissão de Educação Jurídica.
Quem acompanha os esforços da Comissão, nem sempre bem 
compreendidos, em prol da melhoria da qualidade dos cursos de direito, 
certamente perceberá que, em seus pareceres, resoluções e debates, está 
sempre presente a preocupação com a educação em seu sentido integral 
que transcende ao ensino, na medida que este é um dos aspectos da 
questão educacional. A formação do bacharel em direito, em especial 
do advogado, como ser humano, como cidadão consciente de seu papel 
de protagonista para o aperfeiçoamento das instituições jurídicas e da 
própria sociedade, é o que, em última análise buscamos ferrenhamente.
Desafios Rumo à Educação Jurídica de Excelência
12
A programação do I SEMINÁRIO, emblematicamente 
realizado em Natal, sob a indesmentida tradição potiguar na história das 
discussões e avanços no campo da educação jurídica, foi cuidadosamente 
elaborada para que este rito de passagem, do enfoque no ensino, elemento 
integrante de um conjunto maior, para educação jurídica, responsável 
pela formação integral dos egressos dos cursos jurídicos extraísse das 
palestras e debates lá desenvolvidos, um substrato teórico a sustentar este 
novo marco referencial.
Os textos, compilados nesta obra, resultantes das palestras 
e pronunciamentos que deram origem à Carta de Natal, esperamos 
que expressem com fidelidade o grande manancial de idéias e de ricas 
contribuições que dali brotaram como frutos do empenho e da dedicação 
de tantos homens e mulheres que há décadas dedicam consideráveis 
esforços para que, efetivamente, avancemos na direção da educação 
jurídica de qualidade.
Nesta luta permanente do Conselho Federal da Ordem dos 
Advogados do Brasil, representado por sua Comissão de Ensino (Educação) 
Jurídica, hoje realizada em crescente harmonia com o Ministério da 
Educação, por sua Secretaria de Educação Superior, e com boa parte das 
instituições de ensino Jurídico que norteiam suas práticas educacionais 
pela qualidade, desejamos que esta obra que ora se disponibiliza a toda a 
comunidade jurídica, em especial a acadêmica, venha a contribuir como 
elemento de referência para pesquisa e reflexão dos grandes temas que 
envolvem a educação jurídica e o perene desafio para elevação de sua 
qualidade, tornando-a efetiva para formação de bacharéis e advogados à 
altura de seu papel como agentes transformadores de uma sociedade mais 
humana e justa.
 Paulo R. Thompson Flores
Membro da Comissão Nacional de Ensino Jurídico
Coordenador
Desafios Rumo à Educação Jurídica de Excelência
13
REPERCUSSÃO DO ESTADO GESTOR COMO REGULADOR 
NA AÇÃO PEDAGÓGICA DA EDUCAÇÃO JURÍDICA1
Maria Paula Dallari Bucci2
Muito bom dia a todas, a todos. Inicialmente, cumprimento 
a Comissão de Ensino Jurídico da OAB, na pessoa do Presidente da 
Mesa. Gostaria de cumprimentar nosso amigo, Professor Adilson Gurgel 
e, na pessoa dele e do Doutor Hans Geller, a todos osdemais presentes, 
integrantes da OAB, das Comissões de Ensino Jurídico e das instituições 
aqui presentes.
É muito importante esse tipo de evento, que nos permite 
demarcar os passos já traçados numa caminhada que é de interesse de 
todos nós; e vislumbrar quais são os rumos para onde nós todos queremos 
caminhar, em direção a uma educação mais qualificada, e uma formação 
jurídica mais adequada àquilo que é a necessidade do Brasil.
O tema proposto, o tema do Estado regulador, é da maior 
importância porque nos permite pensar em uma série de questões. E a 
primeira delas, eu, na minha condição de publicista, não poderia deixar 
de pensar quando há cerca de 10 ou 15 anos se começou a falar com 
mais intensidade, no Brasil, sobre o tema da regulação; vários publicitas 
manifestaram uma certa estranheza, disseram: “Que modismo é esse?” 
Porque a Constituição não falava em regulação, e não se falava em 
regulação. Estou falando de tempos pré-privatização.
E se nós formos ao tratamento que a Constituição dá à 
educação, e à educação superior, e à atuação do Estado em relação às 
instituições, nós vamos ver não apenas que não consta o termo “regulação”, 
como o que é expresso na Constituição, no artigo 209. São conceitos há 
muito consagrados e há muito familiares para nós, na nossa vivência 
jurídica, que são as noções de autorização e de avaliação de qualidade. 
Quando o artigo 209 fala de autorização, ele fala de autorização como 
um conceito que já existia, que há muito estava incorporado no nosso 
patrimônio intelectual, sem que precisássemos fazer menção ao termo 
regulação.
Então, eu acho que essa é a primeira questão a pensar: 
1 - Material oriundo de degravação de palestra.
2 - Secretária de Educação Superior do MEC (SESu).
Desafios Rumo à Educação Jurídica de Excelência
14
por que falar em regulação? Qual é o sentido de regulação? Qual é o 
significado e o que nós queremos alcançar com essa menção à regulação? 
E eu acho que a menção à regulação atualiza esse conceito, e ela coloca, 
e nos deve colocar, em um cenário mais de acordo com as demandas 
contemporâneas.
Em relação ao ensino superior, a primeira coisa a destacar 
é que educação superior no Brasil e no mundo inteiro é uma atividade 
em expansão. A atividade de formação em geral, e a formação 
institucionalizada, a formação escolar, por assim dizer, está em franca 
ampliação. Os países todos estão buscando. Há metas de ampliação 
da população escolarizada em todas as faixas etárias. Então, os países 
que atingiram boas marcas e atingiram a integralidade da formação na 
Educação básica, estão se dirigindo à educação superior, aqueles que 
completaram a sua maioria da população na educação superior estão 
mirando a formação de pós-graduação e, no contexto europeu, se fala 
em educação ao longo da vida e educação para a vida toda, educação 
continuada.
Esse é um tema ao qual o Brasil, se não chegou completamente, 
porque ainda está preenchendo um déficit em relação à educação básica, 
vai chegar. Certamente, essa meta do PNE, do Plano Nacional de 
Educação, que está em vias de expirar, de 30% dos jovens de 18 a 24 anos 
na educação superior, e que é possível que nós nos aproximemos dela, se 
nós considerarmos a faixa etária mais larga. Até porque, no Brasil, ainda 
não temos uma regularidade de idade séria que seria desejável, quer dizer, 
na educação brasileira ainda há muita gente que está estudando depois da 
idade. Então, se nós considerarmos essa faixa depois da idade, é possível 
que em 2011 nós atinjamos alguma coisa próxima... a taxa bruta já está 
em 23%, salvo engano. É possível que nós atinjamos a faixa próxima 
de 30%. E, certamente, para o decênio seguinte, a meta vai ser colocada 
mais adiante. Então, estamos falando de expansão. Se tivermos atingido 
próximo de 50%, certamente o Brasil fará uma proposta ambiciosa para 
si mesmo e mirará numa porcentagem mais ampliada.
Então, essa é uma primeira consideração a se ter: o ensino 
superior está em expansão no mundo, e deve percorrer um rumo de 
expansão também no Brasil. E eu sei que essa afirmação causa um certo 
desconforto, porque ela, muitas vezes, é lida como a ideia de que: “Bom, 
o MEC está sinalizando que vai abrir as portas e vai permitir qualquer 
expansão”. Evidentemente, não é disso que se trata, porque se eu começo 
com a menção da Constituição, a Constituição falava em autorização, fala 
Desafios Rumo à Educação Jurídica de Excelência
15
também em qualidade. Mas, mais adiante, vamos refletir um pouco sobre 
o que é a qualidade.
A questão importante é saber que saímos de uma zona de 
conforto, saímos dos conceitos estabelecidos e vamos ter que enfrentar o 
tema da expansão, não apenas porque isso é uma meta legal, mas porque 
hoje, para o desenvolvimento estratégico de qualquer país, a condição 
da formação do seu povo é essencial. Nós vemos movimentos de 
migração, a discussão da globalização, quando ela toca o aspecto humano 
da economia, ela sempre se refere à qualificação das pessoas. Isso vale 
para todos os níveis da educação, não é apenas por um princípio moral, 
filosófico, por uma questão de justiça que se fala em educação e se fala 
em ampliação e educação em todos os níveis.
No Ministério da Educação, o Ministro gosta de usar uma 
figura que é “um passo a mais”, um passo a mais em cada nível. Então, 
quem fez educação básica, o ensino fundamental, deve aspirar o ensino 
médio, quem fez o médio deve aspirar o técnico ou o superior, quem 
fez o superior deve aspirar a pós-graduação, e assim por diante. Trata-se, 
além disso, de uma questão econômica. Não vamos pensar em cenário de 
desenvolvimento se nós não tivermos uma massa de pessoas educadas, 
em todos os níveis e, permanentemente voltadas à educação. Então, esse 
é um desafio para instituições, esse é um desafio para o poder público. 
Quando falamos em expansão, falamos nesse cenário todo.
Então, que expansão é essa e qual é o papel do Estado, em 
relação a esse desafio? E eu já marquei, quis propositadamente marcar que 
isso nos causa um desconforto, e causa porque nos obriga a repensar ou 
rever uma velha concepção que se estabeleceu que opunha, de um lado, 
expansão, de um lado, disseminação e, de outro lado, qualidade, como 
se houvesse uma tensão necessária entre as duas, quer dizer, qualidade, 
fosse na oferta de educação para poucos, e oferta de educação para muitos 
fosse sinônimo de baixa qualidade.
E eu acho que isso é uma falsa dicotomia, assim como houve 
várias falsas dicotomias que se estabeleceram na nossa mentalidade 
e que precisam ser revistas: as dicotomias tradicionais, ou público, 
privado, grande, pequeno, para um grupo maior, para um grupo menor, 
precisamos... presencial ou à distância. Há uma série de dualidades que 
nós precisamos ter o desprendimento de examinar para refletir sobre a 
sua atualidade, a sua pertinência diante desse quadro de necessidade de 
expansão. E, mais do que isso, essa expansão, além de ser um elemento 
Desafios Rumo à Educação Jurídica de Excelência
16
estratégico para o desenvolvimento de qualquer país, e não podia deixar 
de ser assim também para o Brasil. Essa integração das pessoas no ensino 
superior, ela representa... e eu acho importante marcarmos aquilo que 
foi um avanço muito bem definido e muito bem localizado, no âmbito 
da Conferência Latino-Americana de Educação Superior, realizada na 
Colômbia em 2008, que é tratar a educação como bem público.
E essa... é interessante notar que isso ficou marcado 
regionalmente a ponto de, na Conferência de Paris, nesse ano, em julho 
de 2009, a Conferência de Educação Superior, houve uma discussão 
entre as várias regiões do mundo e acabou sendo incluída no texto final 
a menção da educação como bem público, graças à articulação, graças 
à mobilização da América Latina. E isso tem uma razão, porque essa 
expansão, para nós,não pode ser levada a efeito por objetivos outros que 
não os da emancipação das pessoas que moram no país, o compromisso 
com aquilo que acontece, com os desafios do que acontece no país, nas 
regiões, nas comunidades.
Então, temos aqui alguns referenciais, seja para essa 
expansão, seja para a evolução ou seja para a própria permanência da 
oferta daquilo que já existe e que já está instalado: o bem público, o 
compromisso com o bem público. A educação não pode ser mercadoria. 
A educação não é passível de ser entregue como um serviço qualquer, ela 
é um serviço que sempre tem algo a dizer à comunidade que o recebe. E 
isso tudo deve embeber toda a nossa reflexão a respeito de qualidade e 
a respeito de quais as posturas que o Estado deve tomar, no sentido da 
regulação da educação superior, em especial no campo do Direito que, 
sabemos nós, por razões diversas, razões culturais e outras razões, é um 
dos campos que mais imediatamente, talvez até por essa valorização 
cultural que o Direito tem, é o que primeiro... é o objeto de desejo de 
expansão e ampliação.
Isso é alguma coisa que um dia, com mais vagar, eu vou 
refletir. Mas eu não consigo entender por que os mantenedores de 
educação superior, em especial no campo privado, têm um particular 
carinho, uma particular predileção pelo Direito e pela Medicina. Sem 
entrar em outras considerações, de demanda social e etc., mas são dois 
cursos que simbolizam, em termos de prestígio da instituição, uma série 
de coisas, aquilo que se vê, numa visão mais tradicional, como o que seria 
desejável para uma instituição.
Muito bem. Então, quebrados os raciocínios, a priori, vamos 
Desafios Rumo à Educação Jurídica de Excelência
17
começar a pensar o que deve ser e como é que se deve trabalhar a questão 
da relação entre a regulação e a avaliação. Porque esse é o pressuposto: não 
se pode pensar em expansão, como foi feito no passado, descomprometida 
da concepção da educação como bem público e, portanto, não se pode 
pensar sequer em expansão, mas também não na manutenção daquilo que 
já existe, em descompromisso com a qualidade, seja a qualidade o que 
entendamos que queira dizer esse vocábulo.
Esse é um ponto. Porque qualidade, se nós estamos diante 
de um cenário de muitas situações desconformes a um padrão mínimo, 
essa discussão quase não se coloca, ou a premência dessa discussão não 
se coloca, porque existe um senso comum em relação àquilo que não 
é qualidade, em relação àquilo que está tão rebaixado que não atinge 
aquilo que, no senso comum, referimos como qualidade. Mas, eu desejo, 
e tenho certeza que todos aqui também desejam, que a gente supere esse 
momento.
E, aí, vou me referir um pouco àquilo que o MEC vem fazendo 
para superar esse momento, em que as situações mais desconformes, 
mais gritantemente distantes daquilo que o senso comum considera como 
um padrão mínimo de qualidade, essas situações devem, espero, em um 
período breve, ter sido equacionadas e enfrentadas. E, aí, a questão fica 
um pouco mais complexa, um pouco mais sofisticada.
Então, vamos pensar um pouco nessa dualidade, nesse balanço 
avaliação-regulação. Regulação é a atividade do Estado que diz respeito 
a esse termo que consta da Constituição, a autorização. Na verdade, a 
LDB acabou usando cinco termos, dois para se referir às instituições, que 
são credenciamento e recredenciamento; e três para se referir a cursos: 
autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento.
Para simplificar, o marco normativo em vigor, no MEC 
preferiu utilizar o termo mais abrangente: ato autorizativo. Todos os atos 
autorizativos são a expressão do poder decisório exercido pelo MEC 
e pelos órgãos que o compõem, com base em um referencial, que é o 
referencial de qualidade.
E o referencial de qualidade, em primeiro lugar, não é 
estático e, em segundo lugar, não é monopólio do MEC, não é decidido 
pelo MEC. Ao contrário, todo o sistema de avaliação, baseado na Lei dos 
Sinaes mas, mais do que isso, já incorporado à nossa tradição educacional, 
bastante explorado e bastante firmado pela CAPES, é o da avaliação por 
Desafios Rumo à Educação Jurídica de Excelência
18
pares, quem avalia são os pares. As comissões que vão avaliar in loco 
são compostas de pares, quem avalia são docentes, são professores, são 
gestores educacionais, são pessoas que, melhor do que o MEC, conhecem 
o cotidiano das instituições de educação superior.
E essa noção de avaliação por pares perpassa toda a 
sistemática de avaliação do MEC. Quando nos referimos aos instrumentos 
de avaliação, que são aprovados pela Comissão Nacional de Avaliação 
da Educação Superior, ou que são orientados pelas deliberações da 
CONAES e aprovados pelos colegiados pertinentes, também estamos 
trabalhando com a ideia de avaliação entre pares. A CONAES é uma 
Comissão representada por pares.
Isso é importante porque a avaliação tem um componente 
dinâmico. A avaliação precisa incorporar essa... o referencial da avaliação 
é que vai definir essa atualização de patamares que vai se fazer na medida 
em que a educação superior evolui, se expande. Porque essa tendência 
de evolução, de expansão, nós temos que considerar que ela vai levar em 
conta vários fatores. Primeiro, uma diversificação da tipologia da oferta. 
Hoje, o tipo de instituição que oferece educação superior já é diversificado. 
Houve até um certo enxugamento, para que não extrapolássemos aquelas 
três categorias: faculdade, centros e universidades, estipulando, de 
maneira definida, as condições para o uso das prerrogativas de autonomia, 
no caso das duas segundas espécies.
Mas, mais importante, na discussão dos cursos jurídicos não 
é isso. Mais importante, quando se pensa em diversificação, é contemplar 
a diversificação regional. E sabemos que há condições de ofertas distintas, 
conforme as regiões. E não é mau que seja assim, é bom que seja assim.
Condições, diversidade de ofertas conforme o alunado que 
se pretende atingir. Isso também não é mau. Algumas instituições miram o 
alunado que vai exercer determinadas profissões, e outras, outro alunado. 
O que é importante é que cada uma dessas instituições tenha clareza do 
seu papel e do seu projeto.
Não é por outra razão que o instrumento de avaliação de 
curso tem como primeiro quesito, primeiro tópico, qual é o perfil do 
egresso. No fundo, o que o instrumento de avaliação quer saber é se a 
instituição tem clareza de qual é o aluno que ela forma, e se o projeto está 
montado, está estruturado em torno dessa proposta. O projeto não será o 
mesmo se o tipo de aluno for A ou se for B. E é possível desenvolver bons 
Desafios Rumo à Educação Jurídica de Excelência
19
trabalhos, boas propostas, para o aluno A e para o aluno B.
Então, essa diversidade, de alguma maneira, precisava ser 
contemplada nos instrumentos de avaliação. E esses instrumentos de 
avaliação, e toda atividade de avaliação, é referencial básico – essa é a 
expressão usada pela Lei dos Sinaes – para a atividade regulatória do 
poder público. Aquilo que era quase que um lugar comum, passa a ser, 
então, um referencial prático e concreto para a atuação do poder público. 
Lembrando que além das funções de avaliação e de regulação, esse novo 
marco regulatório trabalha também com a função de supervisão.
Então, qual é a ideia que está por trás da articulação das três 
funções? A regulação é uma atuação periódica, que diz respeito à abertura 
e à manutenção do funcionamento de instituições e cursos de educação 
superior. Hoje, de acordo com o marco regulatório, ela está estruturada 
com base no ciclo avaliativo que se repete a cada três anos, por causa do 
calendário do ENADE.
Esse é o funcionamento mais rotineiro do sistema. E ele 
deve, na medida do possível, ser racional, lógico, e não exigir aspectos 
que vão onerar demais aqueles que trabalham bem. Aqueles que não vêmtrabalhando bem, as instituições que não têm bons resultados, elas têm 
que ser abordadas de uma maneira diferente, distinta e, parta isso é que 
foi estruturada a função de supervisão.
Então, o balanço entre as três funções se dá dessa maneira. 
A avaliação é o pressuposto básico da regulação, a regulação é uma 
função de rotina, e os problemas, as irregularidades e outras situações 
que merecem esse acompanhamento mais estreito do MEC devem ser 
dirigidos apenas a alguns cursos, de maneira mais detida, de maneira 
mais próxima, para que aqueles que vêm trabalhando bem sigam em uma 
relação mais leve com o poder público.
Esse, então, é o desenho geral do marco regulatório, que veio 
sendo elaborado desde a edição da Lei dos Sinaes, depois, com o Decreto 
5773, em 2006, se consolida. E depois passa, então, à ação prática, para pôr 
em funcionamento esse conjunto de estratégias de abordagem que visam 
colocar a educação superior, no Brasil, num patamar mais adequado a um 
país em desenvolvimento. E isso contextualiza aquela menção à expansão 
que eu fiz no início. Não podemos nos prender a um acanhamento de uma 
visão que se protegia na reduzida oferta.
Talvez fosse mais uma medida de cautela reduzir a oferta e 
Desafios Rumo à Educação Jurídica de Excelência
20
diminuir, aparentemente, a margem do problema. Mas essa, certamente, 
não é uma solução que, a médio prazo, seja suficiente. Nós precisamos 
dar conta de dois desafios, a ampliação da oferta, mas, primeiro, eliminar, 
banir do cenário, todas as más práticas e todas as perversões porventura 
abrigadas no funcionamento, na oferta de educação superior no País.
O importante é que o marco regulatório leve em conta todos 
esses fatores. A regulação, ela não pode ser um soluço, ela não pode ser 
uma manifestação episódica. É importante que a regulação funcione de 
maneira contínua, permanente. Mais do que isso, é preciso que ela seja 
credível, é preciso que ela seja estruturada de tal maneira racional, nem 
excessivamente e nem lacunosamente, de maneira a criar uma percepção 
de que as regras se fazem valer, de que as decisões são pautadas por 
referenciais racionais, de que não há improviso e que há condição de 
continuidade, não apenas continuidade por força da decisão daqueles 
que têm a incumbência de proferir as decisões, mas continuidade porque 
todo o conjunto regulatório, todo o marco regulatório está estruturado em 
bases sustentáveis.
A sustentabilidade do marco regulatório é a palavra chave 
nesse momento. E a sustentabilidade depende de saber se as regras estão 
calibradas de maneira correta, nem de mais, nem de menos. E se as 
ações que o poder público toma se fazem sustentar, se fazem manter, não 
apenas porque o regramento assim dispõe, mas porque elas encontram 
legitimidade no seio da comunidade para a qual se dirige.
E, nesse sentido, eu quero enaltecer a importância desse 
encontro e, mais do que isso, a importância da colaboração que a OAB 
vem dando, em especial pela Comissão de Ensino Jurídico; e quero 
destacar o trabalho importante, o auxílio e a colaboração valiosos 
prestados pelo Professor Adilson Gurgel, que tem sido um parceiro 
constante na disseminação das razões e dos motivos, e dos meios como 
vem se definindo, como vem se implantando esse marco regulatório, que 
atingem, os senhores sabem, várias situações constituídas, em relação ao 
ensino jurídico.
Se tomarem por base a lista de cursos sob supervisão, 
vão ver que ali são 89 cursos, quer dizer, a amostra não é pequena. Há 
instituições que estão há muito no mercado, há muito oferecendo seus 
serviços; e o cenário, o simples aceno da desconstituição dessas situações 
representa um abalo, uma mexida profunda num estado de coisas que 
estava estabelecido.
Desafios Rumo à Educação Jurídica de Excelência
21
Então, ter tido o apoio, a presença da Ordem nesse trabalho 
foi da maior relevância, e é uma parceria a ser cultivada ao longo dos 
próximos tempos, até porque ela vai garantir a permanência. O MEC 
tem um esforço de permanência, e a OAB também tem que desenvolver 
um esforço de permanência, para que se possa, então, criar esse marco 
regulatório contínuo, credível e, mais do que isso, indutor de qualidade.
E quem está fora, é comum que a imprensa cobre do MEC 
o seguinte: “Vai fechar o curso? Fechou? Tomou uma medida?”. Há 
uma certa aspiração de pirotecnia. E essa é uma tentação à qual nós não 
devemos ceder. Não devemos ceder, porque o papel do poder público, o 
marco regulatório é, antes de mais nada, induzir qualidade.
E, nesse sentido, eu quero já partir para a parte final da 
minha exposição. Eu queria destacar alguns pontos que compõem essa 
estratégia de induzir qualidade num prazo curto, não podemos falar em 
abstrato, indução de qualidade como um desejo, uma aspiração vaga que 
cada um, individualmente, tem. Temos que falar de um objetivo posto 
pela legislação e que precisa ser cumprido.
Nesse sentido, eu acho que há alguns pontos que merecem 
ser destacados, frisados que, na minha opinião, respondem a essa questão 
da sustentabilidade do marco regulatório.
O primeiro ponto é que esse marco regulatório é baseado 
em indicadores objetivos de qualidade. Acho que o nó que o MEC tinha 
diante de si foi desatado quando foi possível, graças a um trabalho muito 
sério e muito bem conduzido, no âmbito do INEP, quando foi possível 
produzir os conceitos, o conceito preliminar de curso e o índice geral de 
cursos da instituição.
Eu repito: eu sei que há algumas questões, há alguma 
controvérsia em relação aos conceitos. Mas assim como nós dissemos 
que a avaliação contempla uma diversidade de olhares, uma diversidade 
de perspectivas, é possível que esses não sejam os únicos conceitos, eu 
posso extrair outros conceitos. Eu posso levar em conta não apenas o 
corpo docente, mas posso pontuar de maneira diferente. E tanto posso 
fazer isso no âmbito dos conceitos que já estão em vigor e, para isso, 
toda essa matéria é discutida, ela passa pelo controle da CONAES, que é, 
como eu disse, uma comissão de pares, que faz o olhar sobre aquilo que o 
poder público, estricto sensu, o INEP realiza e o MEC realiza. É possível 
que esses conceitos até evoluam.
Desafios Rumo à Educação Jurídica de Excelência
22
Mas é importante dizer que esses conceitos não foram 
extraídos arbitrariamente, porque o Professor Reinaldo Fernandes, porque 
o Presidente do INEP ou porque alguém achou que eles deviam ser assim 
ou assado. Eles são baseados em um modelo estatístico, e em um modelo 
estatístico de correlações, que foi organizado do seguinte modo: se 
colheu, se levantou uma amostra do ENADE, em relação a vários cursos, 
e se procurou fazer regressões para entender quais as correlações que 
explicavam aquelas notas elevadas.
Então, se colocou lado a lado alguns fatores controlados: os 
resultados do ENADE e o número de alunos; os resultados do ENADE e 
a composição do corpo docente; os resultados do ENADE e a avaliação 
sobre o projeto pedagógico. E uma série de correlações que eu não vou 
detalhar, até porque a estatística não é a minha área de domínio, mas 
eu entendi o modo como a coisa foi estruturada. Essas correlações 
identificam o que é que tem poder explicativo sobre os resultados altos. 
E, então, a composição do CPC, que é a base do IGC, é extraída dessas 
variáveis que têm poder explicativo sobre o resultado final.
Então, esse modelo é um modelo rigoroso, um modelo 
estatístico controlável, passível de ser visto de fora e de ser calculado de 
fora. E a sua força e a sua legitimidade vêm, em grande medida, daí. Não 
houve uma composição arbitrária. E eu gasto um pouco de tempo nisso, 
porque eu sei que há muita polêmica, especialmente regionalmente, em 
relação à composição do corpo docente. A composição do corpo docente, 
a presença de mestres, a presença de doutores não é uma escolha arbitrária,nem do INEP, e nem da CONADE, e dos pares. Ela é uma variável que 
tem poder explicativo sobre os resultados. Por isso que há uma correlação, 
em geral, há uma correlação entre o serviço que a instituição presta e o 
conceito.
Então, são conceitos que não são definitivos, aí tem toda 
uma mecânica que não cabe aqui detalhar, prevendo o sistema de revisão 
dos conceitos, mas o fato é que eles provêm o MEC de um referencial 
objetivo para fazer as suas... para tomar as consequências regulatórias.
E essa é a palavra importante, também, na reflexão sobre 
a relação entre avaliação, regulação e supervisão. Porque nós vivíamos, 
até 2004, um quadro em que os resultados insuficientes de avaliação não 
desencadeavam consequências regulatórias, não desencadeavam nenhuma 
consequência regulatória. Eu cansei de ver situações de instituições com 
uma série de resultados negativos e a vida regulatória seguindo, como 
Desafios Rumo à Educação Jurídica de Excelência
23
se nada houvesse acontecido, então, credenciando, recredenciando, 
autorizando, reconhecendo, e assim por diante.
O nosso desafio é estabelecer consequências regulatórias. 
Os resultados insatisfatórios precisam gerar alguma resposta, e essa 
resposta não pode ser episódica, não pode ser momentânea, e ela não 
pode ser precária, sob pena de ser desconstituída pelo Poder Judiciário, 
como vinha acontecendo historicamente, de maneira reiterada, reiterada. 
Toda vez que o MEC era cobrado, no passado, por adotar qualquer 
comportamento, ele tomava uma medida isolada, pontual, e, em seguida, 
a Justiça desconstituía essa medida.
Isso é um ponto que eu quero marcar também. Esse 
marco regulatório está, por assim dizer, vacinado. Ele foi contestado 
judicialmente diversas vezes. Em relação ao suposto direito adquirido das 
instituições, que aceitavam, algumas instituições antigas, aceitavam se 
submeter à avaliação, mas não aceitavam as consequências regulatórias. 
Essa questão foi levada ao Judiciário e o Judiciário entendeu que as 
consequências regulatórias devem ser extraídas, não há instituição 
blindada desse mecanismo.
E mais, a Justiça vem se pronunciando em relação à instrução 
dos processos regulatórios, entende que o MEC deve fazer, e deve fazer 
de maneira completa, e em relação a uma série de consequências. O 
marco regulatório passou pelo crivo da Justiça porque ele foi estruturado 
inteiramente em bases legais, inteiramente conforme a Constituição.
Então, um outro ponto a destacar é que foi regulamentado 
pelo Decreto 5773 a figura do saneamento de deficiências, o prazo para 
saneamento de deficiências, que constava do artigo 46 da LDB desde 
1996, e nunca sido utilizado, ou tinha sido utilizado de maneira muito 
localizada ou episódica. Então, a regulamentação do termo de saneamento 
esvazia a ideia de que o MEC está querendo punir ou perseguir. Não, 
a indução de qualidade tem um instrumento. Esse mecanismo tem um 
prazo limitado de duração, é um ano, ao final do qual as consequências 
terminativas e decisivas serão extraídas.
Eu quero lembrar que nós estamos concluindo o processo 
de supervisão de Direito que se iniciou em 2007, e que, como foi o 
primeiro, tinha uma magnitude muito grande, gerou uma série de questões 
operacionais que vieram sendo enfrentadas. Mas estamos chegando ao 
momento de extrair consequências regulatórias que talvez não sejam 
Desafios Rumo à Educação Jurídica de Excelência
24
do agrado dos mantenedores daqueles cursos, em relação aos 89 cursos 
sob supervisão. Então, esse é o grande teste, é saber... Há uma série de 
casos isolados, aqui e ali, em outros processos que já chegaram a essas 
consequências, mas agora nós vamos falar de uma escala maior.
E esse é o momento de saber se, de fato, aquele compromisso 
com a qualidade é um compromisso apoiado socialmente. Porque é 
comum que esse clamor venha pelos jornais, ou venha em artigos, mas 
nas relações diretas que se fazem em relação a cada processo específico, 
a aspiração, a reivindicação muda um pouco de figura.
Então, há um discurso em público pela qualidade, mas 
quando é atingida a instituição X ou Y, a reação sobre aquele curso muda 
inteiramente de figura. E eu entendo que isso é inadequado, isso não é 
o desejável. Nós precisamos saber que essa concepção macro precisa ir 
sendo traduzida e chegar ao caso concreto, no limite, fechar um curso 
ou reduzir as vagas, ou suspender as prerrogativas de autonomia, enfim, 
aplicar uma das sanções que a legislação prevê e que muito remotamente 
acabam sendo aplicadas. Então, a existência dos indicadores é um 
primeiro ponto da estratégia; a regulamentação das medidas de ajuste, 
tanto os termos de saneamento de deficiências como o protocolo de 
compromissos, acho que são outros pontos importantes dessa estratégia.
E, finalmente, a questão da existência dos recursos, no âmbito 
do processo administrativo. Isso nada mais é do que a concretização de 
uma diretriz constitucional. Isso é permitir que haja diálogo, haja exercício 
do contraditório, no âmbito do poder público. Isso, ao contrário do que 
pensavam aqueles que desconhecem o Direito, no âmbito do MEC houve 
uma certa interrogação, num primeiro momento, a existência desses 
recursos esvazia a necessidade de demandas judiciais, porque há espaço 
para rever decisões eventualmente incorretas, imprecisas, no âmbito do 
próprio poder público.
Enfim, é um conjunto de iniciativas, coroadas – e eu 
finalizo já, senhor Presidente – coroadas pela organização de tudo isso 
num processo eletrônico, num processo administrativo eletrônico, cuja 
meta final a ser atingida agora, nos próximos meses, é transparência. 
Transparência não apenas para aquilo que se faz no âmbito do MEC, 
mas para os resultados da atividade regulatória do MEC. De tal maneira 
que quem está fora possa saber exatamente o que é que ocorre com esse 
campo de instituições e cursos, como é que cada uma delas vem atuando 
e em que consiste cada uma delas.
Desafios Rumo à Educação Jurídica de Excelência
25
Isso também parece uma coisa óbvia, parece uma coisa 
banal, mas é possível prever que a transparência total também vai 
encontrar resistências tão logo isso venha a ser implementado. E, por 
essa razão, poder expor esse trabalho, poder expor esses desafios e poder 
compartilhar com as senhoras e os senhores a demanda por uma base de 
legitimidade que sustente a marcha que ainda tem vários passos a serem 
dados, em sentido da qualidade, é algo da maior importância.
E, nesse sentido, eu quero finalizar agradecendo a atenção de 
todos os senhores e o trabalho que a OAB vem fazendo, em nome desse 
objetivo comum. Muito obrigada.
Desafios Rumo à Educação Jurídica de Excelência
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NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA 
COMUNICAÇÃO E O PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO NO 
CAMPO DO DIREITO 
Gustavo Raposo Pereira Feitosa 3
Francisco Otávio de Miranda Bezerra 4
INTRODUÇÃO
Não há jurista, advogado, juiz, promotor e, principalmente, 
professor que não se veja constantemente incomodado com os desafios, 
fragilidades e potencialidades que a nossa experiência no campo do 
ensino do direito evidenciam. Revela-se alentador o evidente crescimento 
da inquietação diante da realidade dos cursos de Direito brasileiros e de 
como estes cursos contribuem para a formação dos nossos bacharéis. 
Certamente, não há curso superior no país objeto de tanta discussão.
O debate em torno do tema mostra uma nova dimensão e 
ganha nos últimos anos grande consistência, especialmente, quando se 
observa o diálogo mais amplo com outras áreas do saber e a quebra gradual 
da tradição de tratar o ensino jurídico e seu planejamento como domínio 
exclusivo dos advogados. O próprio deslocamento da terminologia 
ensino jurídico para educação jurídica mostra uma evolução nos marcos 
definidores da discussão sobre o tema.
Não seremos nós, advogados,que encontraremos sozinhos 
as soluções para os problemas que afligem a educação jurídica brasileira, 
especialmente quando se põe em perspectiva o fato de que grandes 
problemas associados à formação dos bacharéis em Direito envolvem 
necessidades maiores inerentes ao sistema educacional do país.
3 - Advogado, Doutor em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas 
- UNICAMP, Coordenador do Núcleo de Pesquisa do Centro de Ciências Jurídicas da 
Universidade de Fortaleza UNIFOR, professor adjunto da Faculdade de Direito da UFC
4 - Advogado, Mestre em Políticas Públicas e Sociedade pela Universidade Estadual do 
Ceará, Diretor do Centro de Ciências Jurídicas da Universidade de Fortaleza – UNIFOR, 
professor titular da UNIFOR, Acadêmico da Academia Paulista de Letras Jurídicas.
Desafios Rumo à Educação Jurídica de Excelência
28
E é exatamente com este enfoque que pretendemos 
desenvolver a presente análise, tentando destacar algumas dimensões 
da ambiência tecnocientífica das sociedades contemporâneas para que 
possamos rediscutir os pressupostos dos seus usos no planejamento 
pedagógico no campo do Direito.
Antes de empreender qualquer análise, contudo, parece 
essencial iniciar indagando: de que nos servem os cursos de Direito? 
Ou ainda: qual é o bacharel que nós queremos? Para responder a estas 
perguntas, mostra-se necessário refletir um pouco sobre a história do 
ensino jurídico no Brasil.
ENSINO JURÍDICO E O PAPEL DOS BACHARÉIS NA 
FORMAÇÃO NACIONAL
A organização colonial portuguesa não comportava a 
existência de cursos superiores em suas colônias. De modo diferente das 
áreas sob dominação espanhola, o Brasil continuou ao longo de todo o 
período colonial sem uma única universidade em suas terras. O controle 
sobre a formação universitária representava um aspecto estratégico do 
domínio português sobre seus territórios e sobre a coesão interna da sua 
elite nacional. Em Coimbra, forjavam-se os laços iniciais necessários à 
inserção na elite burocrática portuguesa e reafirmava-se uma ideologia 
comum indispensável à vinculação aos interesses do Estado Português 
(CARVALHO, 2003; SCHWARTZ, 1979).
Raymundo Faoro (1984) bem nos ensina que a formação 
jurídica representava não apenas a porta de entrada para os cargos 
públicos, mas um elemento estruturante das relações entre a economia e 
o Estado patrimonialista em Portugal. 
Os egressos de Coimbra percorriam um longo caminho 
através de diversos postos na metrópole e nas colônias antes de chegar 
aos degraus mais altos da burocracia portuguesa. A circulação interna 
dos magistrados constituía uma praxe importante para o seu processo de 
treinamento e socialização. As funções desses bacharéis não envolviam 
a solução apenas de questões de natureza jurídica, mas exigiam também 
sua intervenção direta em assuntos administrativos. Em todos os casos, 
os magistrados representavam, antes de tudo, o interesse da Coroa e não 
deveriam se identificar com os anseios das populações ou lideranças 
locais (SCHWARTZ, 1979).
Desafios Rumo à Educação Jurídica de Excelência
29
A vida e a carreira dos magistrados portugueses no período 
colonial sofriam certo controle, havendo necessidade de autorização 
para contrair núpcias e restrições à propriedade de terras ou ao comércio 
dentro da sua jurisdição. A preocupação central era evitar a ligação com 
as questões locais e com o afastamento dos vínculos com a monarquia 
(SCHWARTZ, 1979).
Todo esse caminho que se iniciava em Coimbra e acarretava 
um intenso processo de socialização e treinamento nos negócios da Coroa 
dava aos magistrados um perfil diferenciado. Não bastasse o fato de se 
apresentarem como letrados em um universo de amplo analfabetismo, 
vinculavam as suas vidas e carreiras à estabilidade e ao funcionamento 
do Estado. Sobre esse Estado, seus territórios, seus bens, seus interesses 
e sobre a sua administração possuíam uma visão privilegiada, fruto da 
circulação interna pelo território português e da passagem por diversas 
funções.
Com a Independência Brasileira, coube a essa elite letrada, 
treinada para cuidar dos interesses do Estado, a construção e consolidação 
das instituições nacionais. José Murilo de Carvalho (2003) considera 
fundamental o papel desses magistrados para a manutenção da unidade 
territorial brasileira e para a relativa estabilidade das suas instituições. 
Principalmente na primeira metade do Império, os magistrados e bacharéis 
oriundos de Coimbra e, posteriormente, dos cursos jurídicos brasileiros, 
ocuparam a maioria dos principais postos da política e da administração. 
A imbricação entre as funções de magistrado e o papel de elite política 
produziria importantes conseqüências no quadro geral da organização das 
instituições de justiça e na sua prática cotidiana.
Observe-se nesse contexto o papel estratégico do curso de 
Direito. Ao nos tornarmos independentes, poderíamos ter investido em 
cursos de Engenharia, no ensino fundamental ou mesmo adotada uma 
postura mais livre e flexível sobre funcionamento das universidades. 
Todavia, optamos por criar dois cursos de Direito, um em Olinda e outro 
em São Paulo, e seguir um modelo centralizado de formação de elites a 
cargo das faculdades de Direito.
A opção do país revela a importância dada a esses cursos 
para a formação nacional. Não necessitávamos verdadeiramente de 
advogados, juízes e promotores. Precisávamos formar uma nova elite. 
Uma elite nacional, educada no Brasil, coesa, dotada de laços comuns e 
interessada na preservação da integridade territorial e na continuidade das 
instituições do Estado herdadas de Portugal.
Desafios Rumo à Educação Jurídica de Excelência
30
Os cursos de Direito estavam longe de oferecer uma grande 
formação jurídica. A maior parte da formação ocorria fora da sala de aula, 
com atividades que envolviam o aprimoramento de capacidades retóricas, 
a participação em debates e grupos políticos, a elaboração literária e a 
atividade jornalística. Permeando tudo isso, havia um curso fortemente 
influenciado pelo Direito Eclesiástico, com um número relativamente 
pequeno de aulas e baixa ênfase na formação prático-profissional 
(VENÂNCIO FILHO, 1982). 
Tratava-se, enfim, de um curso de formação de elites e para 
elites. A localização geográfica de São Paulo e Olinda revelava-se também 
estratégica. Nesse ambiente, mostrava-se mais importante ler os autores 
clássicos da literatura mundial, elaborar e proferir discursos, debater e 
participar da vida política do que se aprofundar no conhecimento das 
instituições do Direito Civil ou preparar-se para vida forense. 
Diante dessa exposição, já podemos vislumbrar que a 
compreensão sobre o papel pretendido para os cursos de Direito apresenta-
se fundamental para entender como se constrói o ensino jurídico do país. 
Nesse cenário, as fragilidades do ensino apresentam pouca importância, 
pois lidávamos com jovens oriundos, em sua maioria, das melhores 
escolas e que não enxergavam verdadeiramente o curso superior como 
uma via de acesso às profissões jurídicas.
A transição para a República não modificou fundamentalmente 
o perfil dos cursos, mas acarretou uma transformação gradual no caráter 
centralizador e nacional destes instrumentos de formação das elites, na 
medida em que se criavam novas faculdades de Direito nos estados. A 
República presenciou ainda uma redução lenta e gradual da importância 
dos bacharéis em Direito, com o crescimento da influência dos militares e 
de outras profissões e formações como a Medicina e a Engenharia. 
A intersecção entre ensino, formação profissional e vida 
política nacional consiste num dos aspectos mais relevantes que precisam 
ser analisados ao se estudar retrospectivamente a educação no Brasil. 
Um exemplo interessante disto, encontra-se na própria formação dos 
militares brasileiros. Por muitas décadas, grande partedas escolas 
militares nacionais pretendeu formar “doutores de farda”, numa espécie 
de concorrência com os “doutores do direito” que dominavam a política 
nacional. Este objetivo acarretava uma menor ênfase nos estudos voltados 
para os temas bélicos e propriamente militares, para se concentrar nas 
grandes doutrinas políticas, nos autores clássicos e na discussão dos 
grandes assuntos nacionais (CARVALHO, 1978).
Desafios Rumo à Educação Jurídica de Excelência
31
O cenário do ensino jurídico brasileiro, todavia, começou 
a mudar de maneira mais intensa sob a influência de transformações 
econômicas, sociais e políticas vividas pelo país, principalmente após os 
anos de 1930. O Brasil vivia um processo de preparação para o avanço 
de um modelo econômico mais industrial e urbano, fundado no trabalho 
livre e sob forte influência do jogo de forças internacionais.
Um movimento renovador da legislação que introduziu na 
década de 1940 o Código de Processo Civil, o Código Penal, a Lei das 
Contravenções Penais, a Consolidação das Leis do Trabalho, entre outras 
normas, projetava um futuro de novas relações econômicas para o qual 
se considerava que os nossos bacharéis não se encontravam preparados. 
Observa-se, assim, ao longo das décadas seguintes, um 
movimento de valorização de competências técnico-profissionais, 
de busca da redução do papel político dos bacharéis em Direito e de 
reformas do ensino superior no Brasil. Não cabe aqui avançar muito nas 
condicionantes destas mudanças, contudo vale a pena destacar que o 
aspecto central destes projetos consistia na prevalência do que se poderia 
chamar de uma formação técnica, voltada para as necessidades práticas 
dos operadores do direito e, principalmente, das demandas do mercado. 
Mais uma vez, chamamos atenção para a necessidade de 
pensar sobre o papel dos cursos de Direito, e sobre o ensino jurídico 
que esses projetos reformadores contemplavam. Antes nós estávamos 
formando elites, agora caminhávamos para formar mão-de-obra para 
o mercado de trabalho. Esta nova realidade veio acompanhada de uma 
expansão do ensino superior, de uma mudança no perfil de renda e 
origem social dos estudantes e de frágeis instrumentos de controle sobre 
a educação ofertada pelos cursos jurídicos. Ao se observar a mudança no 
cenário, entende-se com maior clareza como as distorções e deficiências 
históricas se agudizam ou se tornam mais evidentes diante de um quadro 
de novas demandas e de um “novo” aluno. 
NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA 
COMUNICAÇÃO E OS DESAFIOS PARA O PLANEJAMENTO 
PEDAGÓGICO
Chegamos então num terceiro momento: a fase da 
reconstrução das instituições democráticas, do esforço para redefinir o 
papel da educação superior do Brasil num contexto de redemocratização. 
E nessa etapa, não se pode negar que, desde a década de 1980, discute-
Desafios Rumo à Educação Jurídica de Excelência
32
se com intensidade o ensino jurídico no país. Em todos estes anos foram 
muitas as análises, críticas e propostas, todavia gostaríamos de destacar 
algumas delas: expansão descontrolada dos cursos de Direito; baixa 
qualidade da formação oferecida; excessiva ênfase na formação técnica e 
profissional, gerando bacharéis incapazes de atuar de maneira autônoma 
e crítica na realidade nacional.
Orientados por tais críticas, tentamos reformar o ensino 
jurídico no Brasil para encontrar um ponto de equilíbrio entre a grande 
tradição da formação humanística, marcada por uma inserção mais 
profunda nos problemas nacionais, e o fortalecimento das competências e 
conhecimentos necessários às demandas do mercado de trabalho. Superar, 
assim, uma dicotomia entre o saudosismo do “curso aristocrático”, mas 
capaz de preparar indivíduos para uma participação diferenciada na 
vida política e social do país, e as necessidades imediatas do mercado 
de trabalho que parecem, muitas vezes, aviltar a natureza da formação 
oferecida aos bacharéis.
Eis o enorme desafio que cada curso de Direito do país 
enfrenta desde o momento em que as instituições de ensino elaboram seu 
projeto político pedagógico, passando pelo planejamento das atividades 
de ensino e até chegar às ações concretas em sala de aula.
E aqui chegamos ao ponto pretendido. A tarefa da instituição 
de ensino superior e do professor revela-se enorme e sujeita a forças 
contra as quais se mostra difícil lutar. Precisamos oferecer ao aluno um 
volume enorme de conhecimento, transitar pela sociologia, filosofia, 
economia e antropologia, contribuir para uma compreensão mais ampla 
dos direitos fundamentais e da Constituição, explorar os diversos ramos 
do Direito, oferecer uma rica experiência de estágios, estimular a pesquisa 
e a extensão, entre inúmeras outras exigências. 
Ao mesmo tempo, o estudante que chega às nossas 
faculdades sofre com sérios problemas para ler e compreender textos 
complexos, para usar a linguagem escrita, construir raciocínios a partir 
dos conhecimentos estudados, problematizar os conteúdos apresentados, 
contextualizar o saber e posicionar-se de modo autônomo.
Diante deste descompasso, o que nós temos a oferecer a este 
aluno? Nós temos um curso tradicional, em que o processo de ensino 
Desafios Rumo à Educação Jurídica de Excelência
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e aprendizagem reproduz as velhas fórmulas observadas por nós em 
nossos velhos e queridos professores. Isto significa, na maioria das vezes, 
simplesmente oferecer uma aula expositiva de conteúdos segmentados e 
isolados nas respectivas disciplinas, fruto de um esforço de sistematização 
e síntese dos manuais.
As dificuldades agravam-se diante da influência crescente 
das novas tecnologias sobre a maneira como os jovens lidam com a 
informação e com os instrumentos essenciais para uma boa formação 
jurídica: a leitura e a escrita.
Se no passado o acesso à informação e ao conhecimento 
representavam um enorme obstáculo aos estudantes, hoje vivemos um 
problema oposto, qual seja, a dificuldade em lidar com a avassaladora 
massa de informação oferecida de maneira relativamente simples e ampla. 
Quem ainda lembra do tamanho do investimento necessário para adquirir 
uma enciclopédia Barsa? Ou de como era difícil o acesso às decisões 
dos Tribunais ou aos livros que tratassem dos problemas jurídicos mais 
recentes?
Hoje, o desafio consiste em convencer um jovem, que 
conversa com oito pessoas ao mesmo tempo, usa celular, MSN, e-mail, 
Orkut, facebook e twiter, a ler um livro inteiro. Como fazer com que este 
aluno, que vê o mundo de modo fragmentado, em pedaços dispersos num 
mar de blogs, notícias e textos curtos, consiga encontrar sentido, contexto 
e explicações complexas para os fenômenos que o cercam?
Para responder a tais problemas, precisamos encarar esses 
desafios sob várias perspectivas. No novo cenário das instituições de 
ensino verificado nas últimas décadas, sobressai a necessidade de pensar 
o processo de ensino e aprendizagem como algo que não se desenvolve 
apenas na sala de aula, mas em outras ambiências. 
Em tempos de avanço das tecnologias da informação e da 
comunicação, nada mais natural do que defender a visão do espaço virtual, 
com todas as tecnologias que ele contempla, como uma nova ambiência a 
ser explorada. Esta outra dimensão produzida pelos avanços tecnológicos 
inserir-se-ia como parte essencial do planejamento pedagógico.
Defender o uso do potencial da ambiência tecnocientífica 
Desafios Rumo à Educação Jurídica de Excelência
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como espaço pedagógico parece banal e segue um discurso recebido de 
maneira aparentemente fácil para quem milita no campo da educação 
jurídica. Este parece o caminho mais claro, contudo, tal opção segue 
uma leitura excessivamente simplificada sobre o papel e os usos desta 
nova ambiência. Não são poucas as dificuldades e limitações enfrentadas 
cotidianamente por professores ao se verem diante do desafiode pensar 
possíveis usos para as novas tecnologias na sua rotina docente ou mesmo 
para aplicar as ferramentas disponíveis na interação com os alunos.
De maneira bastante livre, podemos aplicar sobre esta 
questão as categorias desenvolvidas por Umberto Eco (1993) para analisar 
as posições diante da indústria cultural e da cultura de massa no final dos 
anos de 1960. Adaptando-se à distinção feita por Eco entre apocalípticos 
e integrados, podemos dividir as posições diante das novas tecnologias 
entre aqueles que as repelem (apocalípticos), atribuindo a estas a fonte 
de parte significativa dos nossos problemas como educadores, e o que 
aceitam de maneira acrítica (integrados), defendendo-as com o fervor dos 
convertidos. 
No campo do ensino, podemos nos servir desta leitura para 
perceber que há um charme e uma aparente modernidade na defesa dos 
novos recursos tecnológicos. Mas, ao mesmo tempo, encontramos a 
imputação de culpa à internet e seus desdobramentos por deficiências 
apresentadas pelos estudantes.
Quantos de nós já nos deparamos com alunos respondendo 
provas com textos codificados em linguagem de chat, ou seja, contendo 
“vc, tb, naum, bj”, entre outros? Quantos de nós já tiveram a chance de ler 
ou ouvir sobre as maravilhas que o novo mundo da tecnologia nos trará, 
com suas vídeo conferências, com os bancos de dados, com as bibliotecas 
virtuais etc.?
Infelizmente, o caminho mais comum seguido diante de tais 
indagações fundamenta-se numa crença na inexorabilidade dos efeitos 
das revoluções tecnológicas sobre o modo de pensar do jovem. Ou seja, 
se o aluno que nós recebemos no curso de Direito cresceu mergulhado no 
universo das novas tecnologias da informação e da comunicação, se ele 
pensa, lê, escreve e lida com o conhecimento de modo diferente, logo eu 
devo me aproximar do seu mundo para conseguir alcançar meu objetivo 
como educador.
Desafios Rumo à Educação Jurídica de Excelência
35
Em parte esta visão apresenta importância, na medida em 
que me obriga a conhecer como pensa o meu aluno e a buscar formas 
diferentes de interagir. Contudo, ao nos atirarmos na torrente dessas 
transformações, negamos parte importante do que se tem pregado em 
todas as discussões sobre ensino jurídico.
O acesso à informação não é compreensão, articulação, 
contextualização e produção de conhecimento. O mundo da internet e 
suas potencialidades não garantem por si uma experiência que capacite 
a refletir sobre os problemas do país, a se posicionar criticamente sobre 
qualquer assunto, quem dirá a analisar com profundidade os temas do 
Direito. Quando muito, a internet oferece um instrumento para que aquele 
espírito forjado fora do mundo virtual encontre um veículo ágil de difusão 
de informação e integração com outras pessoas. 
Em resumo, pode-se afirmar que a resposta para os desafios 
postos por essa nova ambiência tecnológica não se encontra nos extremos 
sintetizados no confronto entre apocalípticos e integrados. O caminho 
adequado consiste em buscar encontrar, de maneira mais equilibrada, 
formas de utilizar os recursos das novas tecnologias para aprimorar a 
experiência docente ou ainda para efetivamente criar novas ambiências 
pedagógicas.
A aplicação desta abordagem ponderada depende 
inicialmente de uma reflexão sobre o próprio significado que representa 
“inovar”. Aparentemente, qualquer aplicação de computador parece 
inovadora. Muitos professores aderiram às aulas com datashow. Mas qual 
a inovação real de uma aula elaborada com imagens e projetada numa tela 
branca? Da mesma forma, a aplicação de ferramentas de internet também 
pode parecer inovadora. Mas qual ferramentas utilizamos? Trocamos a 
Xerox, pelo blog ou pelo site, enviamos e recebemos e-mails e mensagens 
curtas e, ocasionalmente, participamos de chats ou de comunidades 
virtuais. Tudo isso parece novo, mas até que ponto oferece um espaço 
inovador para aprimorar a experiência de ensino e aprendizagem?
A televisão representou uma revolução nos meios de 
telecomunicação, com enormes impactos sobre a vida cultural, econômica 
e social. Passamos horas diárias usufruindo do que a programação das TVs 
nos oferece, contudo, essa nunca consolidou-se como uma ferramenta de 
ensino realmente interessante (BODIÃO, 1999).
Desafios Rumo à Educação Jurídica de Excelência
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Será que o estudante que passa horas em chats (ou outra 
ferramenta equivalente) está realmente interessando em “teclar” com 
seu professor para discutir questões importantes do processo civil? Ou 
ainda, será que o professor possui condições de estabelecer um diálogo 
proveitoso e rico com 50, 100 ou 150 alunos conectados por meio da 
internet?
Em grande medida, os usos das novas tecnologias da 
comunicação situam-se no campo do prazer e da diversão ou das 
necessidades de mercado, não apresentando a potência atribuída por 
aqueles que enxergam nas inovações tecnológicas e comunicacionais 
uma verdadeira revolução (BODIÃO, 1999). 
Se seguirmos na análise de todas as grandes inovações 
trazidas pelas novas tecnologias da informação e da comunicação, 
verificaremos que cada uma delas apresenta sérias limitações quando 
aplicadas na rotina dos cursos de Direito. As aplicações se mostram 
benéficas apenas para aspectos marginais que pouco, modificam a forma 
como se dá o ensino. Mesmo em seguimentos como o Ensino à Distância 
(EAD), em que já possuímos uma trajetória mais longa de aplicações e 
usos das novas tecnologias, ainda se observa uma grande necessidade 
de aprimoramento das plataformas utilizadas, não se podendo afirmar, 
igualmente, que sua expansão implicou em qualquer potencial renovador 
para o campo da educação jurídica.
CONCLUSÕES
A compreensão sobre os desafios postos ao ensino jurídico 
diante das exigências da nova ambiência tecnocientífica envolve uma 
releitura sobre o papel desempenhado historicamente pelos bacharéis na 
sociedade brasileira e sobre a função atribuída aos cursos de Direito. Sem 
este olhar sobre o processo histórico, não entenderemos parte importante 
das dificuldades e carências apresentadas pelos estudantes de Direito 
nos dias de hoje, bem como das distorções encontradas no cenário da 
educação jurídica nacional.
Enfrentamos o dilema de resgatar uma tradição de formação 
humanística sólida, de preparação de cidadãos autônomos e críticos, ao 
mesmo tempo em que pretendemos atender às demandas de um mercado 
Desafios Rumo à Educação Jurídica de Excelência
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de trabalho que exige competências técnicas, mas produz pressões sobre 
a dinâmica de ensino com grande potencial para distorcer e fragilizar o 
esforço para renovação pedagógica empreendido nas últimas décadas.
Em meio a isso, recebemos alunos com grandes problemas 
oriundos do ensino fundamental e médio que, em grande medida, 
repercutem na dificuldade em implementar um projeto mais amplo de 
transformação da educação jurídica brasileira.
Nesse cenário, as novas tecnologias da informação e da 
comunicação surgem como um fenômeno que condiciona e modifica 
o modo de agir, pensar e estudar dos jovens. Por um lado, esta nova 
realidade se apresenta como algo capaz de oferecer um espaço inovador 
para a reconstrução da experiência de ensino e aprendizagem. Poderíamos, 
assim, nos aproximar da linguagem e da rotina do jovem e aderir ao que 
parece ser uma nova forma de sociabilidade para atingir de maneira mais 
eficaz os objetivos traçados para uma adequada formação acadêmica.
Por outro lado, percebe-se uma visão negativa dos efeitos 
das novas tecnologias, tendo em vista a possibilidade dos seus usos 
acentuarem as dificuldades na utilização da linguagem escrita, na 
compreensão de texto, no tratamento da informação e na reflexão mais 
acurada e cuidadosa sobre as questões do mundo contemporâneo. Some-
se a isso, a constatação de que as ferramentas e recursos introduzidos 
pelas transformaçõestecnológicas não cumpriram ainda, no campo da 
educação, as grandes promessas de revolução e emancipação. 
A leitura sistemática de todo esse cenário e das polêmicas e 
indagações em torno do tema leva a concluir que o caminho mais prudente 
e eficaz não se encontra na rejeição ou adesão à dinâmica imposta pelas 
novas tecnologias. A verdadeira revolução consiste em fortalecer o 
aspecto mais consistente e significativo da experiência docente, qual 
seja, o diálogo em sala de aula. Não se trata pura e simplesmente do 
diálogo como expressão da uma conversa ou de troca de idéias, mas 
do aprofundamento e do aprimoramento daquilo que continua sendo o 
momento mais rico da rotina do professor. 
O maior desafio nesse momento consiste em conhecer o 
aluno, compreender como ele pensa, busca informação e constrói o 
conhecimento para que possamos, assim, contribuir para a criação de 
conflitos cognitivos que servirão de base para o aprendizado, evidenciarão 
contradições e produzirão espanto e interesse pelo conhecimento. A 
internet e toda a revolução que segue na sua esteira não deve impor 
Desafios Rumo à Educação Jurídica de Excelência
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como este processo se dará. Sua utilização se mostra relevante como 
um instrumento que condiciona o planejamento pedagógico ao permitir 
uma aproximação com o aluno, todavia sua utilização jamais deverá 
obscurecer ou afastar os grandes objetivos projetados para uma educação 
jurídica renovada e de qualidade.
REFERÊNCIAS
BODIÃO, Idevaldo da Silva. Estudos sobre o cotidiano das classes do 
telensino de uma escola da Rede Pública Estadual do Ceará.1999. 
212p. Tese (Doutorado em Educação). Faculdade de Educação, 
Universidade de São Paulo, São Paulo, 1999. 
CARVALHO, Jose Murilo de. A Construção da Ordem: elite política 
nacional. Teatro de Sombras: a política imperial. Rio de Janeiro: 
Civilização Brasileira, 2003.
________________. Forças Armadas na Primeira República: o Poder 
Desestabilizador. In: FAUSTO, Boris. História geral da civilização 
brasileira - o Brasil republicano. 2. ed. São Paulo-Rio de Janeiro: 
Difel, 1978. Tomo III, v.2.
ECO, Umberto. Apocalípticos e integrados . São Paulo: Perspectiva, 
1993.
FAORO, Raimundo. Os Donos do Poder - Formação do Patronato 
Político Brasileiro. Vol. I e II. Porto Alegre: Editora Globo, 1984.
SCHWARTZ, Stuart B. Burocracia e Sociedade no Brasil Colonial 
– A Suprema Corte da Bahia e seus Juízes: 1609- 1751. São Paulo: 
Perspectiva, 1979.
VENÂNCIO FILHO, Alberto. Das arcadas ao bacharelismo: 150 anos 
de ensino jurídico no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1982.
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A INTERDISCIPLINARIEDADE COMO AÇÃO PEDAGÓGICA 
NA EXECUÇÃO DO CURRÍCULO E OS AJUSTES 
CURRICULARES PARA ALCANÇAR A VISÃO SISTÊMICA DO 
PROJETO PEDAGÓGICO5
André Luiz de Lima6
Bom dia a todos e a todas. E alguém já tinha me perguntado, 
já, se perguntando porque um coordenador-adjunto, com formação em 
Ciências Sociais e não em Direito. Talvez, na minha explanação, eu possa 
explicar o por quê. É fruto, também, das palestras de ontem e dos reflexos 
no que estão acontecendo nos cursos de Direito no Brasil todo.
E quero, também, não me desculpar, mas dizer para vocês que 
a apresentação não era essa, era mais colorida, tinha mais coisas, mas eu não 
consegui abrir quando cheguei aqui, no evento. E rapidamente o pessoal da 
técnica, aí, conseguiu dar um trato. Mas, mesmo assim, o conteúdo não foi 
perdido, foram perdidas só as cores, não é? Mas, tudo bem.
Pois bem, tenho 30 minutos para expor a nossa ação lá na 
FACEX, que é uma ação que, juntamente com o Professor Adilson Gurgel, 
eu acredito muito e é muito gratificante trabalhar com ele e, também, fazer 
parte dessa nova dinâmica educacional.
Então, partimos do título, apresentação com texto histórico, a 
crise do... (sistema) educacional. Foi falado ontem que a cabeça cheia não 
está em crise, ela está sendo criticada. É muito conteúdo, pouco sentido, 
pouco conteúdo, nenhum sentido, isso, na relação do resumo. Treino, 
instinto para simulados de curso, OAB e carreira jurídica. Avaliação dos 
mais capazes e das instituições que aprovam, principalmente na OAB. E a 
venda dessa proposta.
Então, consideramos a cabeça cheia nessa perspectiva, porque 
vai trazer alguns problemas, problemas principalmente no que se chama de 
educação.
Nessa perspectiva, a gente... a emergência, observo uma 
5 - Material oriundo de degravação de palestra.
6 - Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e 
Coordenador Adjunto do Curso de Direito da Faculdade de Ciências, Cultura e Extensão 
do Rio Grande do Norte - FACEX.
Desafios Rumo à Educação Jurídica de Excelência
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emergência na elaboração ou estratégia educacional, a cabeça bem feita, 
que Paulo Freire já comentava, bem anteriormente, e agora que está sendo 
resgatado muito do seu discurso para dentro de sala de aula, e como é a 
prática do educador.
As críticas: discursamos aulas, não debatemos ou discutimos 
temas. Não proporcionamos ao educando meios para o pensar autêntico, 
porque recebemos a fórmula como damos, simplesmente se guarda, não se 
incorpora, porque a incorporação é o resultado de busca de algo que exige, 
de quem o tenta, esforço de recriação e procura.
Então, eu escolhi Paulo Freire apenas como exemplo, 
porém existem outros autores que discutem muito essa nova perspectiva 
educacional. Esse resgate desses pensadores é de fundamental importância 
para a nossa proposta pedagógica, principalmente do que eu considero 
na parte dos professores, dos educadores. Eles precisam incorporar essas 
novas lógicas, para que a sala de aula, ela seja um local de prazer e não de 
conteúdo apenas.
Eu gosto muito quando o Professor Adilson fala assim: “Nós 
temos que dar sempre a melhor aula, sempre. Nunca esquecer nossos 
problemas, esquecer todas as questões que estão envolvidas, sociais. Mas, 
quando entrar em sala de aula, dê a melhor aula”. E isso é fundamental. E 
digo mais para vocês, como trabalho de coordenação: isso alivia em mais 
de 80% os problemas com os alunos.
Então, diante disso, esse conteúdo tem que ser resgatado, 
dado um sentido, criar uma inter-relação. A proposta é educação e 
formação, principalmente no resgate dos valores e práticas educacionais 
e éticas. Mas nós não estamos, aqui, abolindo o que nós chamamos de 
“cabeça cheia” como crítica. Nós tentamos aqui, na FACEX, criar uma 
relação que é possível aos extremos: a construção de um equilíbrio entre a 
cabeça cheia e a cabeça bem feita. É possível relacionar conteúdo e sentido, 
trabalhar estratégia para concurso através de um planejamento, e as ações 
relacionadas com demandas sociais, projeto de curso e extensão. Então, 
para isso, a prática pedagógica, na execução do currículo, os reflexos do 
PPC.
Então, a primeira grande necessidade é o atendimento ao 
educando, planejar para o educando as suas dimensões: atendimento, 
anseios, trocas e complementação. O educando vem pensando que ele vai 
se formar em Direito em seis meses ou um mês. E ele começa a perceber 
que o curso não é fácil. O curso requer outros níveis de conhecimento que 
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não só leis, o curso requer noção de filosofia, sociologia, as propedêuticas 
faladas. E isso cria um certo anseio, porque eles querem, de toda forma, 
resolver o problema, principalmente da disciplina Direito, esquecendo as 
outras, que são complementares a esse curso.
E, a verificação de práticas de avaliação, refletidas no plano 
de ensino, nas ações dos professores em sala de aula, e as avaliações 
integradas. O que eu estou querendo falar com isso? Os planos de ensino, 
como prática dessa proposta pedagógica, eles têm que refletir a proposta do 
curso, principalmente como vai ser avaliado esse aluno.
Geralmente,

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