Buscar

Atv. Difusos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 15 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

BACHARELADO EM DIREITO
ATIVIDADE EXTRA DE DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS
GUANAMBI/BA
2017.2 
1. Sobre a legitimidade ativa na ação civil pública, responda: 
a) de quais finalidades institucionais necessita a associação para tornar-se legitimada? 
Para se discutir a legitimidade da associação propor uma ação civil pública para defesa coletiva de consumidores é necessário partir da premissa, conforme foi abordado no tópico anterior, de que a Lei nº. 7.347/85 e o Código de Defesa do Consumidor devem ser aplicados conjuntamente. 
Assim, se abordará as questões processuais buscando o que disciplinam as duas normas. A Lei nº. 7.347/85, que disciplina as regras da ação civil pública, define em seu artigo 5º, inciso V, alíneas a e b, os requisitos para que uma associação civil tenha legitimidade para propor uma ação civil pública, veja-se: 10 Art. 5º Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: […] V - a associação que, concomitantemente: a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. […] § 4.° 
O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo juiz, quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido. […] O artigo 82, inciso IV, do Código de Defesa do Consumidor, por sua vez, prevê a legitimidade das associações para defesa dos interesses coletivos de consumidores, verbis: Art. 82. 
Para os fins do art. 81, parágrafo único, são legitimados concorrentemente: [...] IV - as associações legalmente constituídas há pelo menos um ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos por este código, dispensada a autorização assemblear. § 1° O requisito da pré-constituição pode ser dispensado pelo juiz, nas ações previstas nos arts. 91 e seguintes, quando haja manifesto interesse social evidenciado pela dimensão ou característica do dano, ou pela relevância do bem jurídico a ser protegido.
O professor Daniel Amorim Assumpção Neves ensina que existem três requisitos cumulativos para legitimar a associação a propor uma ação civil pública para defesa coletiva de consumidores: (a) constituição nos termos da lei civil; (b) existência a mais de um ano; e (c) pertinência temática (TARTUCE, 2016, p. 771). O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios firmou entendimento no sentido de reconhecer a legitimidade das associações que cumpram os requisitos dos artigos 81 e 82 do Código de Defesa do Consumidor para propositura da ação civil pública para defesa coletiva de consumidores, confira-se: DIREITO DO CONSUMIDOR. ASSOCIAÇÃO. LAPSO TEMPORAL DE CONSTITUIÇÃO. OBSERVÂNCIA. DEFESA DOS DIREITOS E INTERESSES PROTEGIDOS PELO CDC. LEGITIMIDADE. ARTIGOS 81 E 82 DO CDC. 
A associação que comprova estar legalmente constituída há pelo menos um ano e que inclui entre seus fins institucionais a defesa dos interesses e direitos protegidos pelo Código de Defesa do Consumidor tem legitimidade para a propositura de ação visando a defesa coletiva dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas, conforme artigos 81 e 82 do CDC. 
Deu-se provimento ao recurso. 11 (Acórdão n.927262, 20150111020660APC, Relator: JOSÉ DIVINO, Revisor: HECTOR VALVERDE, 6ª TURMA CÍVEL, Data de Julgamento: 09/03/2016, Publicado no DJE: 17/03/2016. Pág.: Sem Página Cadastrada.) O Superior Tribunal de Justiça também já se posicionou no sentido de reconhecer a legitimidade das associações para propor a ação civil pública para defesa coletiva de consumidores, vajamos: AÇÃO CIVIL PÚBLICA - ALEGAÇÃO DE ILEGITIMIDADE "AD CAUSAM" POR AUSÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO DOS ASSOCIADOS - FUNDAMENTO NÃO ATACADO - SÚMULA 283/STF - PREQUESTIONAMENTO - AUSÊNCIA - SÚMULA 211/STJ - ASSOCIAÇÃO CONSTITUÍDA HÁ MAIS DE ANO - DEFESA DOS INTERESSES E DIREITO PROTEGIDOS PELO CDC - LEGITIMIDADE ATIVA RECONHECIDA - PRECEDENTES - PROPOSTA DE ABERTURA DE CONTA E ADESÃO A PRODUTOS E SERVIÇOS BANCÁRIOS DE PESSOA FÍSICA - CLÁUSULAS "F" E "J" - RESOLUÇÃO Nº 2.724, DE 31.05.2000, QUE SUBSTITUIU A RESOLUÇÃO Nº 2.390, DE 22.05.97 - LEI Nº 12.414/2011 - ABUSIVIDADE NÃO VERIFICADA - INEXISTÊNCIA DE PREJUÍZO AOS CONSUMIDORES - CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - CLÁUSULAS CLARAS E PRECISAS - RESPONSABILIDADE CIVIL DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA - INSCRIÇÃO INDEVIDA - PRECEDENTES - PROVIMENTO. [...] 
Quanto ao cabimento da ação civil pública e a legitimidade ativa da associação, vê-se que no caso dos autos, a Recorrida ajuizou ação civil pública pleiteando a declaração de nulidade das cláusulas que previstas em contrato bancário. 
As Turmas que compõem a 2ª Seção desta Corte já se manifestaram em sentido positivo quanto à legitimidade ativa das Associações de Consumidores e ao cabimento da ação civil pública. Precedentes. [...] (REsp 1346050/SP, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 20/11/2012, DJe 06/12/2012) Cabe ressaltar que, quando uma associação propõe uma ação civil pública, ela o faz em seu nome próprio, e não em nome dos associados, conforme disciplina o artigo 91 do Código de Defesa do Consumidor, verbis: Art. 91. 
Os legitimados de que trata o art. 82 poderão propor, em nome próprio e no interesse das vítimas ou seus sucessores, ação civil coletiva de responsabilidade pelos danos individualmente sofridos, de acordo com o disposto nos artigos seguintes. 
Nesse sentido, o doutrinador Marcus Vinicius Rios Gonçalves, ao comentar que a associação não propõe ação civil pública representando seus associados e sim, em nome próprio, ensina que há, no caso, uma legitimidade extraordinária que decorre da lei. 
Entretanto, é indispensável que a associação tenha obtido autorização de sua assembléia ou que exista expressa autorização estatutária para a caracterização da legitimidade, nos termos do artigo 5º, XXI, da Constituição Federal (GONÇALVES, 2016, p. 78/79). 12 Por outro lado, Humberto Theodoro Júnior defende que, em se tratando de direitos individuais homogêneos, a representação das associações civis limita-se aos direitos dos associados que também tenham domicílio no local onde o órgão prolator da decisão tiver competência territorial (THEODORO JÚNIOR, 2016, v. 2, p. 720). 
Conforme se vê, ainda que se reconheça um ou outro requisito relacionado ao domicílio dos associados ou a competência territorial do órgão prolator da sentença, é pacífico, tanto na doutrina quanto na jurisprudência, que a legitimidade das associações para propositura coletiva de direitos de consumidores mediante ação civil pública é garantida na Lei nº. 7.347/85 e no Código de Defesa do Consumidor.
b) é possível o litisconsórcio ativo em ação civil pública? Explique. 
Embora ainda não haja no ordenamento jurídico brasileiro um Código de Processo Coletivo, ao largo de diversos anteprojetos elaborados nesse sentido, a doutrina elaborou e a jurisprudência pátria tem reconhecido a existência de um Microssistema Processual Coletivo, o qual teria como gênese o Código de Defesa do Consumidor e a Lei n. 7.347/85, notadamente seus artigos 81 e 21, respectivamente.
Por ser aplicável às demandas que envolvam tutela de interesses específicos (difusos, coletivos e individuais homogêneos), o Microssistema Processual Coletivo apresenta princípios e regras igualmente especiais, os quais devem prevalecer em face das normas de processo civil individual, conferindo-lhes aplicação subsidiária ao processo coletivo.
Nesse sentido deve ser interpretada a regra prevista no § 2º do artigo 5º da Lei n. 7.347/85, a qual consagra hipótese de litisconsórcio ativo ulterior facultativo unitário, encontrando, como equivalente no processo civil individual, o instituto da assistêncialitisconsorcial.
"A intervenção de colegitimado é hipótese de assistência litisconsorcial, que nada mais é do que um litisconsórcio ulterior unitário, como visto. Essa intervenção, nas causas coletivas, está autorizada pelo § 2º do art. 5º da Lei Federal n. 7.347/1985, que, segundo entendemos, trata de hipótese de assistência litisconsorcial, que é caso de intervenção litisconsorcial voluntária, só que sem ampliação do objeto do processo. Hugo Nigro Mazzilli defende a possibilidade de um colegitimado ingressar em demanda coletiva pendente e alterar/ampliar o objeto do processo. Marcelo Abelha Rodrigues também defende essa possibilidade. Ambos, contudo, afirmam que a alteração/ampliação do objeto do processo deve respeitar as regras dos arts. 264 e 294 do CPC." 
c) O que ocorre em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada? Fundamente sua resposta. 
Diante da importância dos direitos e interesses tutelados, a desistência da ação tem tratamento diverso do conferido pelo Código de Processo Civil. De fato, impõe-se reconhecer neste ponto mais uma especificidade do microssistema de tutela dos direitos coletivos. O parágrafo 3º do art. 5º da Lei n. 7.347/85, abaixo transcrito dispõe:
§ 3° Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa.
Destarte, em caso de desistência infundada poderá o Ministério Público ou outro co-legitimado continuar com a ação. Marcelo Abelha Rodrigues ensina:
O plus em relação ao sistema do CPC (art. 267, VIII e § 4º) diz respeito ao fato de que, no “sistema processual coletivo”, a desistência, para se ter validade e o condão de extinguir o processo nos termos do art. 267, III, do CPC, necessita, além dos requisitos normais estabelecidos no § 4º da norma citada, ser fundada. Justamente porque a legitimação é do tipo concorrente e porque a desistência leva, inexoravelmente, à sentença sem julgamento do mérito, permitindo a re-propositura da demanda, é que nada mais lógico que o sistema preveja a hipótese de que qualquer legitimado possa suceder processualmente o autor desistente.
Cuida-se de um caso de substituição processual superveniente, já que o co-legitimado irá assumir o polo ativo da demanda após o início da ação, estando esta substituição processual condicionada a desistência por parte do autor da ação civil pública, bem como que esta desistência seja infundada.
José dos Santos Carvalho Filho afirma que “a desistência será fundada quando o autor deixar claros os motivos que escoram sua definição de conduta. Ao contrário, será infundada quando se limitar a manifestar sua vontade de não prosseguir o processo, sem, contudo, declinar as razões por que o faz. Se a desistência tiver fundamento, não se autorizará a substituição processual; se for despida de motivação, outro legitimado poderá assumir a titularidade ativa”.
O referido doutrinador destaca, também, que mesmo se estiver arrazoada a desistência, caso o fundamento viole princípios da razoabilidade, veracidade e precisão poderá ser autorizada a substituição processual.
É importante esclarecer que a possibilidade de assunção da demanda ocorrerá independentemente de quem seja autor da ação, como assevera Fredie Didier Jr:
“...embora o legislador se refira apenas às associações, a interpretação correta do dispositivo deve estender sua aplicação à desistência infundada de qualquer co-legitimado ativo.”
Noutro giro, interessante analisar a posição do Ministério Público no que tange à desistência da ação civil pública. Com relação à possibilidade de assumir a ação não há o que se discutir, pois a legislação é expressa em determinar que o Ministério Público integre o polo ativo da demanda em caso de abandono da causa pelo autor co-legitimado, ou na hipótese de sua desistência infundada. 
Contudo, pode o Ministério Público deixar de assumir a titularidade da ação civil pública caso entenda que não há razões para prosseguir com o processo, devendo, entretanto, submeter sua manifestação ao Conselho Superior do Ministério Público como defende Hugo Nigro Mazzilli, em lição a seguir transcrita:
“Se o órgão do Ministério Público entender que não é caso de assumir a promoção da ação civil pública ou coletiva, objeto de desistência por parte de co-legitimados, deverá submeter previamente suas razões ao Conselho Superior, que, caso discorde de seu entendimento, poderá designar outro membro para prosseguir no feito”.
É, também, possível que o Ministério Público desista da ação, se, durante seu curso, verifique inexistir razões fundadas para seu prosseguimento.
Este entendimento destoa do defendido por José dos Santos Carvalho Filho, que afirma que a tutela destes interesses qualificados é indisponível, sendo função institucional do Ministério Público sua proteção. Defende assim, que “tendo os interesses difusos e coletivos a qualificação de interesses sociais indisponíveis e sendo eles considerados como função institucional do Ministério Público, sua indisponibilidade acarretará para seus órgãos, por via de natural consequência, a indisponibilidade também do instrumento adequado para sua tutela”.
Entretanto, esta não é a melhor solução, já que também para o Ministério Público é exigido que a desistência seja fundada. A desistência fundada não implica disponibilidade de direitos indisponíveis, mas tão-somente que a via utilizada, por razões devidamente fundamentadas não precisa ter trânsito.
2. Segundo a disciplina da lei de ação civil pública, o juiz pode conferir efeito suspensivo aos recursos? Justifique. 
De acordo com o art. 14 da Lei 7.347/85, o art. 85 da Lei 10.741/03 e o art. 198, VI da Lei 8.069/90, a regra geral é de que nas ações civil pública e coletiva em sentido amplo os recursos terão apenas efeito devolutivo, uma vez que fica facultado ao juiz, apenas se houver probabilidade de ocorrência de dano de difícil reparação à parte, conceder também o efeito suspensivo. Nesse aspecto, o processo coletivo diferencia-se do processo individual, onde, à exceção dos recursos elencados no art. 497 do CPC, todos os demais possuem efeito suspensivo.
 Essa regra da Ação Civil Pública vale também para as ações coletivas do Código de Defesa do Consumidor na medida em que o art. 90 deste último estatuto prevê que “Aplicam-se às ações previstas neste título as normas do Código de Processo Civil e da Lei n.° 7.347, de 24 de julho de 1985, inclusive no que respeita ao inquérito civil, naquilo que não contrariar suas disposições.”
 Percebe-se, então, que ou por referência direta ao CPC ou indireta a este através de remissão à Lei da Ação Civil Pública, todos os recursos constantes do nosso Código de Processo Civil são também aplicados às ações coletivas, com seus prazos e procedimentos específicos, distinguindo-se apenas quanto ao efeito do seu recebimento, conforme já comentado.
 Não obstante a aplicação subsidiária do CPC, convém ressaltar as peculiaridades do processamento dos recursos nos procedimentos afetos à Justiça da Infância e da Juventude, onde de acordo com a parte final do Art. 198, VI, a apelação interposta de sentença que deferir adoção por estrangeiro será recebida também no efeito suspensivo, além da previsão no inciso II do mesmo artigo, de que em todos os recursos, salvo o de agravo de instrumento e de embargos de declaração, o prazo para sua interposição será sempre de dez dias. Não obstante essa ressalva, Hugo Nigro Mazzilli faz uma pertinente observação:
“Registre-se que o prazo especial de 10 dias, previsto no art. 198, II, do ECA, só se aplica aos procedimentos dos arts. 152 e 197 do mesmo estatuto, mas não às ações civis públicas para defesa de direitos relacionados com a proteção de crianças e adolescentes, porque, quanto a estas, os recursos e os prazos também são aqueles da lei processual civil geral (ECA, art. 212, § 1°).
O Professor Luiz Manoel Gomes Jr., comentando acerca do alcance da regra do art. 14 da Lei da Ação Civil Pública, afirma quepara Theotônio Negrão  “O texto abrange ‘todos’ os recursos, inclusive, portanto, aquelas apelações que, no sistema do CDC, deveriam ser recebidas também no efeito suspensivo. Abre-se, assim, a possibilidade de execução provisória (...) – destaques nossos” (sic). Entender diferente seria desconsiderar a interação que existe entre as leis da Ação Civil Pública e o Código de Defesa do Consumidor, expressamente materializada no art. 1°, II e art. 21 da Lei n.° 7.347/85, bem como art. 90 e art. 100, Parágrafo Único do CDC.
3. Quanto ao inquérito civil, responda: 
a) Quanto à iniciativa, a instauração do inquérito civil pode ocorrer de quais formas? 
a) A instauração do inquérito civil se dá por portaria, e pode ser de ofício, vale dizer, espontaneamente por ato do membro do Ministério Público, independentemente de provocação de terceiros, ou mediante representação, que consiste em petição escrita formulada por qualquer pessoa, contendo requerimento ou notícia de fato ou comportamento que configure violação a interesses difusos ou coletivos. O inquérito também poderá ser instaurado por determinação do Procurador-Geral de Justiça ou do Conselho Superior do Ministério Público.
De qualquer forma, a portaria que instaura o inquérito civil ou o procedimento preparatório do inquérito civil deve ser baixada no prazo máximo de 30 (trinta) dias (artigo 106 e parágrafos da Lei Complementar estadual n. 734/93). No âmbito do Ministério Público do Estado de São Paulo, cópia das portarias de instauração de inquérito civil ou de procedimento preparatório deste último deverão ser encaminhadas, no prazo máximo de 30 (trinta) dias, ao Centro de Apoio Operacional respectivo (artigo 127 do Ato Normativo n. 484-CPJ, de 5 de outubro de 2006).
Na presidência de inquérito civil regularmente instaurado, possui o membro do Ministério Público amplos poderes investigatórios, porém não ilimitados. Assim, poderá realizar diversas diligências investigatórias, como notificar pessoas para ouvir em declarações e requisitar, de qualquer organismo, público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias úteis. Somente nos casos em que a lei impuser sigilo, poderá ser negada certidão ou informação, hipótese em que a ação poderá ser proposta desacompanhada daqueles documentos, cabendo ao juiz requisitá-los. Constitui crime, punido com pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos, mais multa, a recusa, o retardamento ou a omissão de dados técnicos indispensáveis à propositura da ação civil, quando requisitados pelo Ministério Público.
Se após esgotadas todas as diligências investigatórias, e convencendo-se da inexistência de fundamento para a propositura da ação civil, poderá o órgão do Ministério Público, de modo fundamentado, promover o arquivamento do inquérito civil.
Promovido o arquivamento, os autos do inquérito civil deverão ser remetidos, no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério Público. Até que o arquivamento do inquérito seja homologado ou rejeitado pelo Conselho Superior do Ministério Público, poderão as associações legitimadas apresentar razões escritas ou documentos, que serão juntados aos autos. Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção de arquivamento, designará, desde logo, outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação civil pública
Exige-se a justa causa como condição de validade para a instauração, v.g., do inquérito policial, da ação penal, do processo administrativo disciplinar, do inquérito civil e, por fim, para a ação de improbidade administrativa, pois em todas essas situações jurídicas é atingido o status dignitatis do acusado.
Por essa razão, é necessário, pelo menos, indícios suficientes de autoria e a existência de prova direta da materialidade do ilícito praticado, como condição de validade para a instauração dos procedimentos/processos acima referidos, para que eles adequem-se a legalidade da investigação ou da própria acusação.
Portanto, só existe a obrigatoriedade da instauração de um dos procedimentos/processos legais declinados quando presente a justa causa, resultante do fundamento da acusação, com a descrição circunstanciada e detalhada dos fatos, acompanhados das provas, reforçando a tese de que houve a prática de uma infração. A probable cause liga-se à existência de um juízo de probabilidade de condenação para justificar a instauração do processo. Sendo que esse juízo inicial de probabilidade indica, mesmo que superficialmente, que houve um ato ilícito cometido pelo acusado, que deve ser objeto de uma persecução investigatória, para se buscar a verdade real dos fatos.
Sem a existência desse juízo inicial de probabilidade de condenação (base de fundamentação), a investigação/acusação é insustentável, pois a subjetividade da opinio delicti não é algo efêmero, devendo ser justa, equilibrada, plausível e baseada no texto legal.
b) Após arquivado, quais são as possibilidades de desarquivamento do inquérito civil? Fundamente. 
b) Nenhum questionamento exsurge no tocante à necessidade de arquivamento dos procedimentos investigatórios do Ministério Público (tenham o nome que tiverem), ou de quaisquer peças de informação, se forem relacionados às lesões a interesses coletivos lato sensu (difusos, coletivos stricto sensu e individuais homogêneos), por expressa e direta aplicação da LACP.
Insta ressaltar que o representante do Ministério Público não requer ao Conselho Superior o arquivamento do inquérito civil (como faria ao Juiz de Direito no caso de um inquérito policial). Ele promoverá o arquivamento, na linguagem utilizada pelo art. 9° da LACP, e o remeterá ao Conselho Superior apenas para a homologação.
Portanto, o arquivamento de um inquérito civil é um ato administrativo composto, que se aperfeiçoa com a conjugação da vontade de dois órgãos (o órgão de execução que promove o arquivamento e o Conselho Superior do Ministério Público, que o homologa). Enquanto ao Conselho Superior não homologa a Promoção de Arquivamento do órgão de execução, esta ficará com seus efeitos pendentes.
A Promoção de Arquivamento conterá relatório dos fatos, com a menção pormenorizada de todos os atos e principais incidentes ocorridos no curso do inquérito civil, e especificará os motivos de fato e de direito nos quais se baseia a decisão de arquivamento, não sendo suficiente a mera referência a textos legais, e isto porque, além dos atos administrativos deverem ser motivados, deve-se dar condições satisfatórias de cognição aos integrantes do Conselho Superior, para que possam analisar com acuro a motivação administrativa da Promoção de Arquivamento.
 	Observe-se, também, quanto a isto, que todo arquivamento deve ser expresso, não se admitindo o arquivamento implícito.
Ao promover o arquivamento, o órgão de execução deverá dar ciência do mesmo à parte interessada, antes de remeter os autos ao Conselho Superior (Súmula n° 13 do CSMP/MG).
 	Esta Súmula não menciona, mas a finalidade da intimação só pode ser para facultar o eventual arrazoamento do interessado junto ao Conselho Superior, conforme possibilita o art. 11, § 1°, da Resolução PGJ/MG n° 12/90. Por isso, fundamental que se esclareça, no momento em que se der a ciência ao interessado, sobre a possibilidade deste arrazoamento.
Ao remeter os autos ao Conselho Superior, o curador deverá manter arquivado em seu gabinete cópias das principais peças do inquérito civil, sobretudo da portaria inaugural, perícias e relatório (art. 12 da Resolução PGJ/MG n° 12/90).
Pode ser que o Conselho Superior não homologue a Promoção de Arquivamento, o que se dará com dois fundamentos que levarão a consequências diversas. 
O primeiro é por se entender que não é o caso de arquivamento, mas sim de ajuizamento da ação. Aí será designado, pelo Procurador-Geral de Justiça (art. 11, § 3°, da Resolução PGJ/MG n° 12/90), outro membro da instituição para que, atuando longa manus do CSMP, exerça, nesta condição, a opinio actio daquele Colegiado (art. 9°, §4°, da LACP; Súmula n° 24 do CSMP/MG).
A outra possibilidade é que a rejeição da promoção do arquivamento se dê por insuficiência probatória. 
Nesta hipótese, os autos voltarão ao órgão de execução de origem para que, sem prejuízo da coleta das provas e informações complementares que vislumbrar, cumpra as diligências apontadas pelo CSMP no prazo de 30 (trinta) dias, prorrogáveis, ao Þ m do qual, caso mantenha o entendimento quanto à necessidade de arquivamento, elaborará relatório suplementar e remeterá novamente os autos ao CSMP, ou ingressará com ação civil pública, informando ao Conselho Superior do ajuizamento da mesma (Súmulas n° 19 e n° 25 do CSMP/MG).
A decisão do CSMP que homologa a promoção de arquivamento é irrecorrível. 
A investigação criminal realizada por membro do Ministério Público não se submete ao regime de arquivamento da LACP, mas sim ao do art. 28 do CPP, conforme está expresso no art. 16 da Resolução Conjunta n° 02/2004. 
O mesmo se dará com o inquérito civil, caso ele seja utilizado concomitantemente para apurar ilícito civil e criminal. Na hipótese de ser arquivado, quanto ao ilícito civil deverá ser remetido ao CSMP e, quanto ao ilícito penal, deverá ser extraída cópia do inquérito civil e submetido o seu arquivamento ao Juiz competente, na forma do art. 28 do CPP.
4. Acerca do compromisso de ajustamento de conduta responda as seguintes questões: 
a) Quem são os legitimados a firmar compromisso de ajustamento de conduta? 
Nem todos os legitimados ativos da ação civil pública ou coletiva podem tomar compromisso de ajustamento de conduta do causador do dano a interesses transindividuais.
Poderão tomar ajustamento de conduta o MP, União, Estados, Municípios, DF e órgãos públicos ainda que sem personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa de interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos.
Os legitimados para ação civil pública que sem controvérsias, NÃO podem tomar o termo de ajustamento de conduta, são as associações civis, as fundações privadas e os sindicatos.
Quanto aos legitimados em que cabe discussão sobre a possibilidade de propositura de termo de ajustamento de conduta estão as autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista. Neste ponto, o autor efetua o desmembramento da seguinte maneira:
Quando se trate de órgãos pelos quais o Estado administra o interesse público, ainda que integrem a chamada administração indireta (autarquias, fundações públicas ou empresas públicas), nada obsta a que tomem compromissos de ajustamento quando ajam como prestadoras ou exploradoras de serviço público, em tese é aceitável também tomar compromissos de ajustamento.
Contudo, quando as empresas estatais ajam na qualidade de exploradoras da atividade econômica, não se admite que possam tomar compromissos de ajustamento. Com efeito, a esses órgãos e empresas dos quais o Estado participa, quando concorram na atividade econômica em condições empresariais, não se lhes pode conceder a prerrogativa de tomar compromissos de ajustamento de conduta, sob pena de estimular desigualdades afrontosas à ordem jurídica, como é o caso das sociedades de economia mista e empresas públicas quando ajam em condições de empresas de mercado.
Assim, poderão tomar ajustamento de conduta o MP, União, Estados, Municípios, DF e órgãos públicos ainda que sem personalidade jurídica, especificamente destinados à defesa de interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos, além das autarquias, fundações públicas ou empresas públicas, quando ajam como prestadoras ou exploradoras de serviço público.
b) Quem está autorizado a executar o termo de ajustamento de conduta?
O compromisso de ajuste de conduta, mais conhecido como Termo de ajustamento de Conduta (TAC), está previsto nos artigos 5º e 6º da Lei 7.347/1985, constituindo título executivo extrajudicial apto a fundar ação de execução das obrigações nele contidas em caso de inadimplemento. São legitimados para promover essa execução todos os órgãos públicos a que essa Lei conferiu atribuição para o ajuizamento da Ação Civil Pública, quais sejam: o Ministério Público, a Defensoria Pública, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, além da autarquia, da empresa pública, da fundação e da sociedade de economia mista (artigo 5º, I a IV).
Considerando tratar-se da tutela de interesses difusos, diviso que, além do próprio tomador do ajuste e dos demais órgãos legitimados por força da Lei 7.347/1985, qualquer pessoa poderá promover individualmente a execução do Termo de Ajustamento de Conduta, pois ostenta legitimidade para o fazer demonstrado em juízo seu interesse jurídico por ocasião da promoção da execução.
A requerimento de qualquer pessoa interessada o tomador do compromisso de ajustamento de conduta deverá fornecer cópia desse instrumento, em concretização do direito constitucional de petição. Cumprirá, contudo, ao requerente demonstrar o seu interesse jurídico para delinear sua legitimidade para a execução, diretamente ligado ao dano ou ameaça de dano decorrente do descumprimento das obrigações contidas no TAC. Com efeito, o exercício dessa legitimidade atenuará a sobrecarga de trabalho dos órgãos públicos, além de representar a efetivação da cidadania.
REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA
DE JURE - REVISTA JURÍDICA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS. inquérito civil: aspectos práticos e sua regulação normativa federal e no âmbito do estado de minas gerais. Disponível em:<https://aplicacao.mpmg.mp.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/314/inquerito%20civil_macedo.pdf?sequence=1>. Acesso em: 04 nov. 2017.
IDIER JR., Fredie; ZANETI JR., Hermes. Curso de direito processual civil: processo coletivo. v. 4. 3 ed. Salvador: Editora JusPodivm, 2008, p. 265
MAZZILLI, Hugo Nigro. A Defesa dos Interesses Difusos em Juízo: Meio Ambiente, Consumidor e outros. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 510.
NEGRÃO, Theotônio apud GOMES JÚNIOR, Luiz Manoel. Curso de Direito Processual Civil Coletivo. 2. ed. São Paulo: SRS, 2008. p. 330.

Outros materiais