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D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 1 Este material constituiEste material constituiEste material constituiEste material constitui----se em mero subsídio ao aluno, não se em mero subsídio ao aluno, não se em mero subsídio ao aluno, não se em mero subsídio ao aluno, não dispensando a leitura da bibliografia recomendada. Suas cópias dispensando a leitura da bibliografia recomendada. Suas cópias dispensando a leitura da bibliografia recomendada. Suas cópias dispensando a leitura da bibliografia recomendada. Suas cópias NÃONÃONÃONÃO poderão ser utilizadas em prova.poderão ser utilizadas em prova.poderão ser utilizadas em prova.poderão ser utilizadas em prova. # UNIDADE 1: CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA INTERNACIONAL CONTEMPORÂNEO: ���� Universal - Porque abrange todos os entes do globo. ���� Paritário - Porque estes atuam em igualdade jurídica. ���� Aberto - Pois todo ator, ao reunir determinados elementos se torna seu membro sem que seja necessário que os demais se manifestem. ���� Autotutelado - Porque é um sistema anárquico (ausência de governo & hierarquia), composto por Estados Soberanos – não há uma superestrutura supragovernamental. Estes Estados Soberanos convencionam as normas que irão reger a sua interação, ponderam o cumprimento/descumprimento das mesmas e sancionam aquelas condutas transgressivas consideradas graves. A leitura de obras doutrinárias demonstra que há grande divergência acerca do designativo que podemos/devemos empregar – Sociedade Internacional, Sistema Internacional, Comunidade Internacional, entre outros. Optamos, neste Curso, em considerá-los sinônimos, para efeitos meramente operacionais. CARACTERÍSTICAS DO DIREITO INTERNACIONAL: O DIP pressupõe, intrinsecamente, a existência de bases sociológicas: A. Pluralidade de Estados soberanos - pois regula relações entre Estados e seus respectivos cidadãos; B. Princípios Jurídicos coincidentes - pois se não existissem valores comuns não Haveria D.I.; C. Comércio Internacional - pois uma relação de comércio provoca imediatamente o aparecimento de Normas para regulá-lo. O Direito Internacional - é um Direito Originário, não se fundamenta em outro ordenamento positivo, apenas no Direito Natural. D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 2 PROTAGONISTAS DO SISTEMA INTERNACIONAL - Sujeitos de D.I.: Sujeito de D.I. é todo ente que possui direitos de deveres perante a Ordem Jurídica Internacional. Trata-se dos criadores e, simultaneamente, destinatários das Normas Jurídicas Internacionais, pessoas físicas ou jurídicas à quem a Ordem Internacional atribui Direitos e deveres (obs.: Estes variam através dos tempos). Classificação das Pessoas de D.I. cf. Charles Rousseau: a) Coletividades Estatais b) Coletividades Interestatais c) Coletividades Não-Estatais d) Indivíduo (Em situações especialíssimas) A - Coletividades Estatais: O Estado, como Instituição imaterial que é, define-se pelos seus elementos formais: I. População, II. Território, III. Soberania. I. População: Elemento humano formador do Estado, composto por nacionais e estrangeiros, capazes, relativamente incapazes e absolutamente incapazes. (Obs.: vide art. 5º, Caput, da CF e art. 12º da CF, respectivamente quanto à Personalidade e quanto à Capacidade de Nacionais e Estrangeiros, no caso brasileiro). Considera-se o aspecto quantitativo e qualitativo da população como irrelevantes, pelo menos teoricamente. II. Território: Elemento Fundamental do Estado - espaço onde este exerce sua soberania, dentro dos limites estabelecidos pelo D.I. Trata- se de uma Noção Jurídica (não apenas geográfica): Domínio de validade da Ordem Jurídica de determinado Estado Soberano. III. Soberania: O conceito de soberania é eminentemente histórico - varia no tempo e no espaço. Atualmente, soberania é a subordinação direta e imediata do Estado à Ordem Jurídica Internacional, sem que exista entre ele e o D.I. qualquer outra coletividade de permeio. Significa dizer que soberania é a existência de um ordenamento legal a reger D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 3 as relações interpessoais internas, soberania é a existência de um aparato judiciário a compor os conflitos decorrentes destas relações interpessoais mediante a aplicação das Leis. A soberania constitui meio de defesa dos Estados mais fracos, na medida em que fundamenta o princípio da não intervenção e da não-agressão. Por outro lado, justifica a autonomia governamental, assegurada pela Ordem Jurídica Internacional. B - Coletividades Interestatais: Por coletividades interestatais compreendem-se as Organizações Internacionais – Associações voluntárias de Estados, constituídas por Tratado Internacional, providas de Personalidade Jurídica Internacional distinta dos Estados-Membro, com finalidades, atribuições e poderes determinados pelo seu Tratado Constitutivo (fundacional). Não devem ser confundidas com as Organizações Não-Governamentais (ONG’s), pois estas se constituem em Sociedades Civis, muito embora possam atuar internacionalmente. C - Coletividades Não-Estatais: Por coletividades Não-Estatais compreendem-se aqueles entes internacionais que não seguem o modelo Estatalista de organização ou cuja Personalidade Jurídica encontra-se em um status peculiar. É o caso dos Insurgentes, movimentos independentistas, frentes de libertação nacional (como os Palestinos, os Curdos, os Chechenos), cujo reconhecimento como Estados constitui fato potencial e futuro. Há situações, igualmente, em que se incluem nesta categoria os Beligerantes – ocorrem guerras em que há a negação da Personalidade Jurídica de um Estado por outro Estado (No caso da invasão do Kuwait pelo Iraque, em 1989/1990, por exemplo, o invasor alegava estar restaurando o Estado de Direito, já que o vizinho país nada mais seria do que uma antiga província sua). A Santa-Sé, Pessoa Jurídica do Vaticano, da Igreja Católica Apostólica Romana poderia, também, ser aqui incluída – conforme alguns como uma reminiscência histórica do período em que o Papa era o Juiz das causas entre os príncipes e reis por ele entronizados; conforme outros como decorrência da combinação entre a função humanizadora do cristianismo e o pragmatismo que viabiliza a arbitragem, pelo Papa, das questões entre Estados. (Há, ainda, quem pondere que o modelo Estatalista não é a única forma de gestão possível da Sociedade. Embora se deva ter um certo cuidado no D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 4 emprego desta percepção, principalmente em meios jurídicos conservadores, há, no cenário Internacional Contemporâneo, aqueles que argumentam que os Povos da Floresta, muito embora não empreguem o modelo Estatalista, apresentam perfeitas condições de reprodutibilidade social). D - Indivíduos: O indivíduo está, em princípio, inserido no sistema internacional como destinatário final do mesmo. Ele é representado neste sistema pelo seu Estado de Nacionalidade (Nacionalidade = vínculo de natureza político- jurídica que une o indivíduo a um Estado, ensejando uma reciprocidade de Direitos e Deveres, concretizando o Contrato Social concebido pelos pensadores políticos modernos, como Rousseau). Considera-se, neste sentido, o Estado como mero instrumento de concretização de suas finalidades precípuas, especialmente a garantia dos Direitos Fundamentais – estatuídos na Declaração Universal dos Direitos do Homem (ONU-1948), detalhados nos diversos Tratados que compõe a chamada “Carta dos Direitos Humanos” e internalizados no Capítulo “Direitos e GarantiasFundamentais” das Constituições. Entende-se, então, que, se o Estado romper, de forma unilateral e sem fundamento legal, o mencionado vínculo passa o indivíduo a ser provido temporária e excepcionalmente de Personalidade Jurídica Internacional, a fim de poder demandar em Tribunais Internacionais a garantia dos seus Direitos Fundamentais. Imprescindível para isto é a cabal comprovação do esgotamento de todas as instâncias jurisdicionais internas do Estado sem obter qualquer reação judicante destas a uma violação grave cometida contra os seus Direitos Fundamentais.... FONTES DE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO: FONTES constituem os modos pelos quais o Direito se manifesta, as maneiras pelas quais surge a Norma Jurídica. "São fontes de Direito aqueles atos ou aqueles fatos aos quais determinado Ordenamento Jurídico atribui a idoneidade ou a capacidade de produzir Norma Jurídica" (Norberto Bobbio). Manifesta-se, neste sentido, o art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça (anexo à Carta da ONU): D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 5 “Art. 38: 1. A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará:] a) As convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes; b) O costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito; c) Os princípios gerais de direito reconhecidos pelas nações civilizadas; d) Sob ressalva da disposição do art. 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos publicistas mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito. 2. A presente disposição não prejudicará a faculdade da Corte de decidir uma questão ex aerque et bono, se as partes com isto concordarem.” SÃO NORMAS IMPERATIVAS / PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS: Estas Normas Imperativas resultam do consenso dos Estados acerca de seu teor e obrigatoriedade, somente sendo passíveis de alteração, substituição ou revogação por idêntico consenso. Convém atentar para o fato que são produto histórico e, assim, passíveis de sofrerem acréscimos (p/ex.: o professor tem a convicção de que é mera questão de tempo o acréscimo de um sexto princípio, abordando a preservação ambiental... ���� O princípio Pacta sunt servanda, (salvo nas situações em que se considere admissível a incidência da cláusula Rebus sic stantibus); ���� A Igualdade jurídica dos Estados; ���� O princípio da Autodeterminação dos Povos; ���� A proibição do uso espúrio da força (Por definição da Carta da ONU, somente é legítimo o uso da força nos casos de Legítima Defesa ou quando este é deliberado pelo Conselho de Segurança desta Organização, consoante o art. 42 da Carta ); ���� Os Direitos Fundamentais do homem. D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 6 Características das Normas Internacionais dispositivas: 1. São pouco numerosas; 2. São extremamente abstratas; 3. São atributivas (definem competências sem indicar a materialidade da ação a executar); 4. São de lenta elaboração; 5. Não possuem hierarquia clara; 6. São relativas (cada Estado pode interpretá-las); 7. São de modificação mais lenta e complexa do que no D. Interno; 8. A obrigatoriedade da Norma em geral só se estabelece com o tempo; 9. A sanção não é um elemento inerente à Norma, é elemento de execução. Uma das questões que costumam causar grande perplexidade é a violação das Normas Internacionais, em função dos interesses nacionais dos Estados. Se desejarmos transcender, neste sentido, a mera indagação filosófico-sociológica acerca das condutas transgressivas, devemos considerar que a conduta Estatal apresenta (ou deveria apresentar) uma racionalidade – é produto de um cálculo pragmático – em seu processo de tomada de decisões. Assim: As Violações das Normas Internacionais levam em consideração: � Cálculo de custos/benefícios (balance of Power) – Violar-se-á a norma sempre que os benefícios disto serão maiores que os benefícios do seu cumprimento e vice-versa; � Interesse na obtenção/ manutenção da confiança recíproca; � Interesse na Ordem nas Relações Internacionais � Medo de represálias � Medo de sanções de ordem moral � Legalidade ou justeza da violação de Normas ultrapassadas Em suma: As Normas Internacionais são cumpridas porque são desejadas pelos Estados. O D.I. é essencial para a diplomacia porque prevê mecanismos, formas e procedimentos pelos quais as Nações mantém suas relações. O D.I. é uma forma de comunicação entre Governos - a linguagem jurídica é técnica, D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 7 sem conotações emocionais, retirando a passionalidade das relações interestatais. FUNDAMENTOS DO DIREITO INTERNACIONAL: A análise dos fundamentos do D.I. busca explicar a obrigatoriedade do mesmo, bem como os limites de sua aplicação. Existem inúmeras teorias que procuram fundamentar o D.I., embora estas apresentem convergência nas correntes principais: Doutrinas voluntaristas – propõe que a obrigatoriedade do D.I. decorreria da vontade dos próprios Estados; baseiam-se ora na idéia da vontade coletiva dos Estados – a Norma Internacional é produto da vontade coletiva dos Estados; ora no consentimento mútuo destes – há Norma Internacional porque os Estados consentem na sua existência (muito embora a soberania, a priori, poderia liberá-los de tal consentimento...). Doutrinas normativistas – Partindo do reconhecimento da existência e possibilidade de aferição do conteúdo de Normas de Direito Internacional cogente, reconhecidas expressamente pela Convenção sobre o Direito dos Tratados, limita-se a escolha dos Estados e a esfera de atuação voluntarista destes: além e acima da vontade dos Estados existem normas cogentes, não passíveis de derrogação por ação positivista unilateral do Estado. O jus cogens tem caráter universal e se aplica indistintamente a todos os integrantes da sociedade internacional, constitui a base de Ordem Pública Internacional, na qual a defesa do interesse geral pode mesmo se sobrepor ao interesse nacional específico. Doutrinas sociológicas – Coadunam-se com os aforismos latinos “Ubi societas, ibi jus” (onde há sociedade, há Normas) e/ou “Ubi commercium, ibi jus” (onde há comércio, há Normas). Conforme estas concepções o Direito é produto histórico da própria convivência social, tal fato é corroborado, inclusive, por estudos teóricos que demonstram que da anarquia (ausência de ordem ou governo) podem se originar Normas (Stephen Krassner, em International Regimes, analisa tal fenômeno; aplica, inclusive, tal paradigma ao surgimento da Convenção Internacional para o Direito do Mar; Maria Regina Soares de Lima (IUPERJ), em sua tese de doutorado, na Universidade de Vanderbilt, aplica tal paradigma às regulações de atividades nucleares e controle de material físsil, surgidas após o advento da bomba atômica.). Doutrinas Jusnaturalistas – porpõe que a obrigatoriedade do D.I. é baseada em razões objetivas, além e acima da vontade dos Estados. Para Hugo D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 8 Grotius, por exemplo, o Direito Natural não é baseado na vontade divina, pois tem valor próprio; segundo ele: “consiste em certos princípios de razão sã, que nos fazem conhecer quando uma ação é moralmente honesta ou desonesta, segundo a sua conformidade ou desconformidade com uma natureza razoável e sociável.” Dito por outras palavras, a Ordem Internacionalnão seria decorrente de revelação ou manifestações transcendentais, mas fruto da própria razão. A adoção de uma ou de outra corrente, de qualquer forma, apresentará a consequência de alterar substancialmente os critérios norteadores da ação dos Estados em sua relação com os demais. RELAÇÕES ENTRE O DIREITO INTERNACIONAL E O DIREITO INTERNO: A relação entre o Direito Internacional e o Direito Interno é um dos problemas mais delicados e controvertidos, pois o fundamento atribuído ao D.I. influi decisivamente na posição adotada pelos Estados. Tal questão não é meramente teórica ou acadêmica, na medida em que a dificuldade de um juiz, diante de um caso concreto, consiste em optar por uma das duas Ordens Jurídicas, em caso de conflito entre o Direito Interno e o Direito Internacional, ou melhor dito: entre uma Lei interna e um Tratado ratificado. Verifica-se, assim, que o enfoque eventualmente dado por um juiz nacional poderá não ser o mesmo de um juiz de tribunal internacional. A questão de fundo é: Direito Internacional e Direito Interno são dois Ordenamentos independentes, ou são apenas ramos distintos de um mesmo Sistema Jurídico? A Doutrina Dualista pressupõe que o Direito Internacional e o Direito Interno são dois sistemas distintos, independentes e separados que não se confundem. O Direito Internacional trata de relações entre Estados e o Direito Interno visa a regulamentação das relações entre pessoas naturais ou jurídicas. Enquanto o D.I. depende da vontade comum de vários Estados, os Direitos Internos dependem da vontade unilateral do Estado. Conseqüência: O D.I. NÃO cria obrigações para o indivíduo, a não ser que suas Normas sejam transformadas em (recepcionadas/incorporadas pelo) Direito Interno. A Doutrina Monista parte da premissa que, em princípio, o Direito é um só, quer se apresente nas relações internas de um Estado, quer nas relações internacionais. Para alguns Monistas há um primado do Direito Internacional já que “É princípio geralmente reconhecido, do Direito Internacional, que, nas relações entre potências contratantes de um Tratado, D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 9 as disposições de uma Lei interna não podem prevalecer sobre as do Tratado” (Parecer da CPIJ, em 1930). Para outros Monistas há um primado do Direito Interno já que “Embora sem emprego de linguagem direta, a Constituição brasileira deixa claro que os Tratados se encontram aqui sujeitos ao controle de constitutcionalidade, a exemplo dos demais componentes infraconstitucionais do Ordenamento Jurídico” (Francisco Rezek). A incorporação dos Tratados ao sistema interno brasileiro, equiparando-os à Lei interna, transforma-os em uma Lei nacional e, por conseguinte, extingue o conflito próprio da teoria monista, pois a regra vigente de revogação de lei anterior pela lei posterior é princípio consolidado no nosso sistema jurídico e aplicável ao ordenamento como um todo. Com isso fica claro o entendimento brasileiro que os dois sistemas – o interno e o internacional – são separados, pois ocorre, muitas vezes, de o Brasil continuar obrigado internacionalmente por dispositivo de tratado (uma vez que os demais contratantes não foram notificados da modificação, enquanto a legislação interna já o modificou). É bem verdade que desse sistema decorre certa insegurança no plano internacional e mesmo o descumprimento de obrigações assumidas, pois a maneira correta de deixar de aplicar o Tratado seria através de sua denúncia, no plano internacional, seguido do competente decreto, para ciência dos interessados no plano interno. Soluções teóricas para os conflitos de Leis no Direito Internacional Privado: Direito Uniforme: é constituído por regras idênticas e designativas do direito aplicável em mais de um Estado. O Direito Internacional Uniforme tem como instrumento jurídico o Tratado Internacional. Os tratados podem ser multilaterais (Convenções) ou bilaterais, estes últimos são minoritários. Na prática proliferam as Convenções Internacionais. As convenções internacionais podem ser abertas ou fechadas, conforme possam ou não a ela aderir Estados terceiros não participantes das conferências especializadas que as elaboram. As Convenções abertas (lois uniformes), com efeito erga omnes, substituem as normas de Direito Internacional de origem interna e são aplicáveis frente a todos os Estados, inclusive os não vinculados à Convenção, ou seja, aqueles não signatários. D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 10 Ainda nos parece distante a uniformidade do D.I., pois as diferenças raciais, culturais e religiosas impedem a criação de regras comuns aos Estados que compõe a comunidade internacional, exceto no que concerne às normas de comercio e finanças. Direito Uniformizado: atividades de caráter internacional, objeto de Convenções internacionais que uniformizam as normas jurídicas disciplinadoras da matéria indicando a aplicação da Lei de um determinado Estado – especifica qual a legislação Nacional aplicável à situação e/ou determina a competência judicante para conhecer da lide eventualmente decorrente de tal atividade internacional. (Por exemplo: no caso recente e rumoroso do “Menino Sean”, o STF aplicou a Convenção de Genebra, segundo a qual: “sempre que, na dissolução da Sociedade Conjugal, um dos cônjuges conduzir indevidamente o menor ao exterior, sem que haja sido decidida a guarda do menor, será competente para conhecer desta causa o judiciário do local de nascimento da criança” – Observe bem: A Convenção de Genebra NÂO especifica, de fora para dentro do(s) Estado(s), se o menino ficará com o pai ou com os avós, determina que o Juiz Norte-Americano devera decidir a este respeito.) Talvez, com maior propriedade, poderíamos designar esta espécie como: Direito Internacional Privado Harmonizado: Para evitar conflitos entre as regras de D.I. de dois ou mais sistemas criam-se Convenções Internacionais que estabelecem regras de conexão aceitas pelos países signatários e, como tal, harmonizadas. Direito Comparado: é a ciência ou o método que estuda por meio de contraste, dois ou mais Sistemas Jurídicos, sob o ponto de vista de suas similitudes e/ou discrepâncias. D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 11 # UNIDADE 2: O ESTADO E A NACIONALIDADE: Em sua dimensão horizontal: Constitui a Nacionalidade a série de liames sócio-culturais que identificam determinado indivíduo com uma coletividade. Em sua dimensão vertical: Constitui a Nacionalidade o vínculo político-jurídico que une determinado indivíduo a um Estado, ensejando Direitos e Deveres recíprocos. A Nacionalidade acompanhará o indivíduo onde quer que este vá, indicando a Lei reguladora das Relações Jurídicas nas quais o mesmo seja parte, desde que não se encontrem sob a jurisdição do local onde sua apreciação seja provocada. O vínculo se constitui a partir do nascimento e prolongar-se-á por toda a vida, a não ser que o indivíduo, por manifestação de vontade aceita por outro Estado, a ele renuncie. CRITÉRIOS DE ATRIBUIÇÃO DE NACIONALIDADE ORIGINÁRIA: A Nacionalidade originária é aquela que se adquire quando do nascimento, podendo ser atribuída pelos seguintes critérios: •••• JUS SANGUINIS: Atribuir-se-á ao recém-nascido a nacionalidade dos pais, predominando, em caso de dúvida a nacionalidade do pai, e, desconhecido este, a nacionalidade da mãe. Este critério independe totalmente do local do nascimento. •••• JUS SOLIS: Por este critério, atribui-se ao recém-nascido a nacionalidade do localonde se deu o parto, independentemente de qualquer consideração a respeito da nacionalidade dos progenitores. •••• CRITÉRIO MISTO: Trata-se de uma justaposição do Jus Sanguinis e do Jus Solis, mediante a qual a nacionalidade é atribuida seja pela nacionalidade dos pais, seja pelo local do nascimento. É o sistema adotado pela C.F. Brasileira, de 1988, em seu art. 12, I, a e c. D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 12 NACIONALIDADE DERIVADA – NATURALIZAÇÃO: Conceito: Nacionalidade Derivada é a resultante da constituição de novo vínculo político-jurídico entre o indivíduo e um Estado diverso daquele ao qual pertenciam seus antepassados e/ou daquele em cujo território o indivíduo nasceu, convergindo neste ato a manifestação de vontade o indivíduo e a aceitação discricionária do Estado requerido. A manifestação expressa da vontade é essencial para qualquer troca de nacionalidade. A naturalização, entretanto somente se aperfeiçoa quando admitida pelo Estado requerido – Porque é ato unilateral e discricionário do Estado no exercício da sua soberania conceder ou negar a Nacionalidade ao estrangeiro que a requeira. O Estado NÃO está obrigado a concedê-la, mesmo que o requerente preencha os requisitos da Lei. No Brasil: É regulada pelas Leis Nº 6.815, de 19/8/80 e pelo Decreto nº 86.715, de 10/12/81. A Emenda Constitucional de Revisão Nº 3, de 1994, retira a discricionariedade do Estado nos casos em que é demandada por cidadão residente por 15 anos ininterruptos, sem condenação penal, que a requeira, além de equiparar o brasileiro naturalizado ao brasileiro nato, a não ser nos termos e fins do Art. 12, § 3º, da CFRB. Procedimentos para requerer Naturalização no Brasil: O Requerimento solicitando a naturalização deverá ser encaminhado ao Ministério da Justiça, dando ingresso em alguma das diversas Delegacias da Polícia Federal, devidamente instruído pela documentação a seguir especificada: 1. Carteira de identidade para estrangeiro, 2. Atestado policial de residência continua no Brasil (pelo menos por mais de 5 anos), 3. Atestado policial de bons antecedentes, 4. Atestado de folha corrida D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 13 5. Carteira profissional, diploma, atestado de associação, sindicatos ou empresas empregadoras 6. Atestado de sanidade física 7. Titulo de propriedade. Atenção: Só pagará o naturalizando, a audiência do expediente das publicações. Modelo de Pedido de Naturalização: Ex.mo, Sr. Ministro da Justiça: Thor Öhnsten, natural de Upsala – Suécia, onde nasceu a 5 de agosto de 1954, filho de Ingwer Öhnsten e de Irmgaard Öhnsten, de nacionalidade sueca, casado, comerciário, residente à Rua Jacá n.º 2110, Quitungo, nesta cidade do Rio de Janeiro, pretendendo adquirir a nacionalidade brasileira e renunciar à nacionalidade atual, vem declarar a Vossa Excelência: 1 – que tem capacidade civil, segundo a Lei brasileira; 2 – que tem residência continua no Brasil há mais de 15 (quinze) anos, tendo residido, só e unicamente, nesta cidade desde que chegou ao Brasil; (se já esteve noutras cidades é bom dizer e discriminar os seus endereços ); 3 – que sabe ler e escrever a língua portuguesa, fazendo uso adequado do idioma pátrio; 4 – que está no exercício da profissão de Engenheiro da qual aufere renda suficiente para manter-se a si e à família; 5 – que tem bom procedimento; e 6 – que não está processado ou pronunciado e que jamais foi condenado por crime cuja pena seja superior a um ano. Nestas condições, requer a V. Ex.a, observadas as formalidades legais, lhe seja concedida a naturalização prevista na Lei Nº 6.815, de 19/8/80 c/c o Decreto Nº 86.715, de 10/12/81. Nestes termos P. Deferimento Rio de Janeiro, 26 de fevereiro de 2017 Thor Öhnsten D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 14 O procedimento de Naturalização se constitui, no Brasil, de um processo de natureza mista com: •••• Uma primeira etapa intrinsecamente administrativa: o estrangeiro ingressa com o pedido junto à DPF, esta realiza as sindicâncias cabíveis acabando por remeter o feito ao Ministro da Justiça. Mesmo atendidos todos os requisitos para a Naturalização poderá não ser concedida (cabendo embargos de declaração e, não se constituindo em Coisa Julgada – por sua natureza administrativa). Quando concedida, culmina com a publicação no DOU da Portaria de Naturalização e emissão do Certificado. •••• Uma segunda etapa de natureza judicial: O decurso de todo o procedimento administrativo, mencionado na etapa 1, não tem o efeito de aperfeiçoar a naturalização, embora publicada a portaria e emitido o certificado, este aperfeiçoamento somente se dá em Audiência, perante Juiz Federal (a ser marcada no prazo de 12 meses, sob pena de preclusão). Trata-se de audiência corriqueira, de Jurisdição Voluntária, em que será tomada a termo a manifestação do Naturalizando e realizada a entrega do Certificado emitido pelo Ministério da Justiça. Em resumo, podemos constatar que o procedimento de naturalização, no Brasil, tem três pontos nevrálgicos, a saber: •••• Tempo de Permanência: definido no Art. 12, II, da CFRB – 15 anos para estrangeiros em geral, 1 ano para estrangeiro proveniente de País da CPLP (Comunidade dos Povos de Língua Portuguesa). Importante notar que não se computam, para estes fins, períodos de permanência irregular no país. •••• Conduta Ilibada: o estrangeiro não poderá ter sido condenado, pronunciado ou denunciado (recebimento da denúncia pelo Juiz) por crime doloso (teoricamente: aqueles a que se imputa pena superior a 1 ano, praticamente: o melhor é que tenha uma FAC (folha de antecedentes criminais in albis.) Veja que, no que se refere à ausência de condenação pretérita no exterior, prevalece a declaração de inocência do naturalizando; contudo, se verificada a inverdade desta declaração não só a naturalização será nula de pleno Direito, quanto responderá penalmente o naturalizando por Falsidade. D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 15 •••• Condição financeira e saúde: Não só no Brasil como na grande parte dos países, hoje, a condição financeira e sanitária do estrangeiro são nucleares para efeitos da concessão de permanência e/ou nacionalidade. Trata-se de constatação pragmática, embora polêmica no plano das considerações éticas, sendo recomendável a ênfase nos apensos comprobatórios do pedido de naturalização no que se refere a certidões imobiliárias, contratos de trabalho, ações, fundos de investimento, além da certificação da condição sanitária do naturalizando. EXTERIORIZAÇÃO DA NACIONALIDADE: Fora do território do Estado este vínculo da Nacionalidade se exterioriza no Passaporte, que comporta as modalidades: •••• Passaporte Comum - indicador da existência de um vínculo de natureza corriqueira entre o seu detentor e o Estado Emissor, não só estabelece a Titularidade do Estado nos deveres de proteção do portador, em seus deslocamentos internacionais como, também, é indicador de legislação aplicável ou de jurisdição competente nas conexões convencionadas por Lex Patriae; •••• Passaporte Diplomático – indicador não só dos vínculos decorrentes da nacionalidade mas, também, das prerrogativas e imunidades previstas na Convenção de Viena para Relações Diplomáticas e Consulares – exterioriza o vínculo especialíssimo com o Estado: o de representa-lo diplomaticamente; •••• Passaporte Especial – Exterioriza a existência de um vínculo especialíssimoentre o portador e o Estado Emissor: o seu portador exerce importante cargo ou função governamental no país emissor ou, alternativamente, encontra-se a serviço do seu país no exterior. •••• Passaportes Sui Generis – Atualmente são admitidos o passaporte de Refugiado, com capa de cor amarela, fundado em convenções internacionais humanitárias, o Laissez Passer, destinado a cidadão originário de Estado Não-reconhecido como tal (ex.: Palestinos, Curdos, D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 16 Chechenos, etc.) e o passaporte de Apátrida, fundamentado na Convenção Internacional para a Proscrição da Apatridia, de capa marron. O passaporte tem como contrapartida o VISTO DE ENTRADA, exigência estabelecida no plano do poder discricionário do Estado, que condiciona o ingresso em território de determinada Nação, por indivíduo de Nacionalidade diversa daquela, a uma autorização prévia. Observe que a Nacionalidade estabelece a prerrogativa da livre circulação do indivíduo pelo território do Estado de sua Nacionalidade (garantida pelo Habeas Corpus), o nacional somente em situações muito excepcionais é privado do Direito de permanecer em seu país de nacionalidade (normalmente esta supressão só ocorre quando se quebra o Estado de Direito e se instalam no país regimes ditatoriais.) Esta livre-circulação, entretanto, pode sofrer restrições ao pretender o indivíduo ingressar em um terceiro Estado: Este tem o Poder Discricionário de controlar o ingresso, a permanência e, até mesmo, determinar compulsoriamente a retirada deste indivíduo do seu espaço territorial. Esta autorização de ingresso é formal e é emitida pelas representações consulares do Estado a ser visitado. A questão dos vistos será abordada a seguir, em condição jurídica do estrangeiro. D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 17 O ESTADO E A CONDIÇÃO JURÍDICA DO ESTRANGEIRO: O tratamento dado ao Estrangeiro determina o grau de civilização e humanismo de um povo. A Condição Jurídica conferida ao Estrangeiro afeta diretamente: 1. Sua entrada em Território de outra Nação; 2. Os Direitos que, como admitido, invocará; 3. Sua retirada compulsória daquele Território. Esta Condição Jurídica, que atinge primordialmente aos estrangeiros permanentes no país e a própria obtenção da permanência, possui como determinantes a Questão Migratória Internacional e a Política Imigratória de cada Estado: É necessário conciliar os interesses dos Estados e os da Comunidade Internacional. ANÁLISE COMPARATIVA DAS POLÍTICAS IMIGRATÓRIAS DOS E.U.A. E DO BRASIL: O caso Norte-Americano: Até 1882: Total ausência de restrições à imigração e programas de estímulo e atração de imigrantes. A partir de 1882: Estabelecido Programa de Controle da Imigração: O Congresso tem poder de regulamentar, podendo mesmo discriminar classes ou raças. A partir de 1924: É instituído o Sistema de Cotas, permitindo o ingresso de grupos discriminados por nacionalidade, à razão de 2% anuais relativos ao número de estrangeiros de mesma nacionalidade presentes nos E.U.A. no ano de 1890. A partir de 1965: Fixado o teto máximo de ingresso de 290.000 imigrantes por ano, havendo um limite máximo de 20.000 por nacionalidade. Este patamar máximo de 20.000 é, por sua vez, subdividido em 8 categorias referenciadas em ocupação, formação, origem social, etc. D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 18 O caso Brasileiro: Até 1808: O ingresso de estrangeiros estava diretamente condicionado aos interesses político-estratégicos da metrópole colonial. A partir de 1808: A Carta-Régia de Abertura dos Portos, de D. João VI, teve o efeito de estimular a imigração para o Brasil, garantido ao estrangeiro a liberdade de ENTRAR e SAIR com seus bens. No século XX: Esta Liberdade diminui por influência do sistema de restrições adotado pelos E.U.A. A C.F. de 1934: Institui o Sistema de Cotas, limitando o ingresso de estrangeiros em 2% do total de indivíduos daquela nacionalidade fixados no Brasil nos 50 anos anteriores. A C.F. de 1937: Manteve o Sistema de Cotas. A C.F. de 1945: Aboliu o Sistema de Cotas e remeteu a Política Imigratória à Coordenação Federal. A C.F. de 1967: Passa a regulamentar a matéria através do Estatuto do Estrangeiro - decreto-lei nº 941, de 13/10/69 (Posteriormente substituído pela Lei Nº 6.815, de 19/8/80, regulamentada pelo Decreto Nº 86.715, de 10/12/81. A C.F. de 1988: Reafirma a competência da União a este respeito, recepciona a Leis 6.815/81 e o Decreto 86.715/81. Sob a filosofia do atendimento à Segurança Nacional, da Organização Institucional, aos interesses políticos, sociais, econômicos e culturais, bem como da defesa do Trabalhador Nacional, recepciona e fortalece o: CONSELHO NACIONAL DE IMIGRAÇÃO: O Conselho Nacional de Imigração - CONIM, é um órgão colegiado, criado pela Lei n° 6.815, de 19 de agosto de 1980, vinculado ao Ministério do D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 19 Trabalho, com organização e funcionamento definidos pelos Decretos n° 840, de 22 de junho de 1993, e nº 3.574, de 23 de agosto de 2000, e tem por finalidade: I. Formular a política de imigração; II. Coordenar e orientar as atividades de imigração; III. Efetuar o levantamento periódico das necessidades de mão- de-obra estrangeira qualificada, para admissão em caráter permanente ou temporário; IV. Definir as regiões de que trata o art. 18 da Lei n° 6.815, de 19 de agosto de 1980, e elaborar os respectivos planos de imigração; V. Promover ou fornecer estudos de problemas relativos à imigração; VI. Estabelecer normas de seleção de imigrantes, visando proporcionar mão-de-obra especializada aos vários setores da economia nacional e captar recursos para setores específicos; VII. Dirimir as dúvidas e solucionar os casos omissos, no que diz respeito a imigrantes; VIII. Opinar sobre alteração da legislação relativa à imigração, quando proposta por qualquer órgão do Poder Executivo; IX. Elaborar seu regimento interno, que deverá ser submetido à aprovação do Ministro de Estado do Trabalho. ENTRADA OU PERMANÊNCIA DO ESTRANGEIRO: Sistemas de Vistos: Podemos observar que, em seu poder discricionário, os Estados estabelecem os seguintes sistemas de vistos: •••• Dispensa desta formalidade, em geral, por reciprocidade; •••• Condicionamento da emissão do Visto de Entrada ao pagamento de uma Taxa; •••• Condicionamento da emissão do Visto de Entrada à especificação, pelo estrangeiro, dos objetivos de seu ingresso no país pretendido; •••• Formalmente dispensam o Visto de Entrada, embora, de Fato condicionem o ingresso do estrangeiro à verificação de suficiência de meios para a sua permanência em território do país (caso em evidência, sob a égide do Protocolo de Schengen, da União Européia, na recente crise entre Brasil e Espanha). D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 20 A exigência de Visto de Entrada, em geral, é estabelecida em um plano de reciprocidade, como já dito. Nos casos, contudo, em que se adota o sistema de concessão de visto mediante a especificação dos objetivos da viagem (como é o caso da Lei 6.815/80, a Lei do Estrangeiro), teremos, também, uma variação nas modalidades dos vistos, conforme o propósito do viajante, nas seguintes espécies: •••• Visto de Turista – arts. 9 – 12, Lei nº 6815/80; •••• Visto Temporário – arts. 13 – 15, Lei nº6815/80; •••• Visto Permanente – arts. 16 – 18, Lei nº 6815/80; •••• Visto de Cortesia – art. 19, Lei nº 6815/80; •••• Visto Oficial – art. 19, Lei nº 6815/80; •••• Visto Diplomático – art. 19, Lei nº 6815/80; •••• Visto de Trânsito – art. 8, Lei nº 6815/80. É de se observar, todavia, que o Visto constitui mera expectativa de Direito, nunca um Direito Adquirido, ex-vi o disposto pelo Art. 26 da Lei 6.815/80. RETIRADA COMPULSÓRIA DO ESTRANGEIRO: Deportação: Consiste no processo de devolução do estrangeiro que se encontra irregularmente no país (desprovido de visto, visto vencido, visto incompatível com sua atividade no país), para o país de sua nacionalidade ou de sua procedência. Enquanto a expulsão atinge ao estrangeiro legalmente residente, a deportação atinge ao estrangeiro que não chegou a obter residência legal no país. O procedimento de Deportação é singelo: o estrangeiro é intimado a se retirar voluntariamente do país em um prazo pré-fixado na intimação (No Brasil a intimação é feita pela Polícia Federal, sendo, em geral, concedido um prazo de 72 horas para que o estrangeiro pague a multa e se retire voluntariamente do país. Poderá ser dispensado da multa, inclusive, se somente dispuser de numerário suficiente para a aquisição da passagem.). D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 21 Se não o fizer voluntariamente será detido a fim de que o Estado possa expeli-lo. O deportado poderá retornar ao país de onde foi retirado, desde que atenda às exigências da Lei. Repatriamento: Consiste no processo de devolução do estrangeiro cuja presença no país constitui-se em grave ameaça à saúde pública por ser o mesmo portador de moléstia infecto-contagiosa grave. O repatriamento é hoje objeto de controvérsias, alinhavando, por um lado considerações acerca do dever de proteção que o Estado tem para com o ser humano – Princípio da Dignidade da Pessoa Humana - e, por outro lado as considerações de caráter orçamentário – Estado Mínimo, “Enxugamento” de gastos públicos, etc. Em alguns países do assim chamado “primeiro mundo” percebe-se que tem ocorrido o repatriamento de indivíduos soropositivos e desprovidos de recursos para arcar com um tratamento estabilizador que é altamente dispendioso (Veja que o custo mensal, no Brasil, de cada Tutela Antecipada demandando o fornecimento estatal dos fármacos componentes do “Coquetel de Anti-Retro-Virais” oscila entre R$ 2.000,00 e R$ 3.000,00 mensais, segundo informações do próprio Ministério da Saúde). O repatriado poderá retornar ao país de onde foi retirado, desde que esteja curado, por mais sarcástico que isto possa soar. Extradição: É o processo pelo qual um Estado atende ao pedido de Outro estado, remetendo-lhe pessoa processada no país solicitante por crime punido na legislação de ambos os países. Salvo casos excepcionais, em geral, não se extradita o próprio nacional. D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 22 Extradição Passiva – Solicitada ao Brasil: 1. Pedido é encaminhado por via diplomática; 2. M.R.E. recebe e envia ao Min. Justiça; 3. Min. Justiça encaminha ao S.T.F.; 4. S.T.F. pronuncia-se sobre a legalidade do pedido, SEM APRECIAR O MÉRITO DA AÇÃO PENAL. Questão que tem sido intensamente indagada em sala de aula é: Qual o fundamento legal da recente decisão do STF, remetendo à Presidência da República a decisão final acerca da extradição de Cesare Battisti? Parece-nos que se trata, aqui, de decisão predominantemente política, consoante o juízo de oportunidade, tendente a evitar a abertura de nova frente de crise institucional, colocando o Judiciário em oposição ao Executivo, na medida em que este último concedeu refúgio ao extraditando, em decisão altamente controvertida. Não se procure dispositivo na Lei, a amparar tal decisão de remessa da decisão final à Presidência da República, porque não existe. Extradição Ativa – Solicitada pelo Brasil: 1. Pedido é encaminhado pela Vara Criminal ao M.J.; 2. M.J. encaminha ao M.R.E.; 3. M.R.E. encaminha ao Embaixador estrangeiro do país requerido que, por sua vez encaminha ao seu superior; 4. Suprema Corte do País Requerido pronuncia-se sobre a legalidade do pedido, SEM APRECIAR O MÉRITO DA AÇÃO PENAL movida no Brasil; 5. Chefe de Estado concede-a, ou não, com base no pronunciamento do Supremo, embora não esteja a isto obrigado. Parâmetros legais p/ concessão de extradição: •••• Similitude de tipificação - o fato gerador do processo deve ser tipificado como delitivo em ambas as legislações; •••• Equivalente dosimetria de penas – embora os Tratados de Extradição solucionem os problemas de equivalência de pena (e, por isso mesmo, são considerados equivocadamente como condição essencial) – é possível que a ausência de Tratado de Extradição seja sanada D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 23 mediante o compromisso de aplicação de pena equivalente àquela cominada pela Ordem Penal do requerido; •••• Exclusão da extradição do perseguido político ou refugiado; •••• Exclusão da extradição nos casos de prescrição; •••• Exclusão da extradição pedida por Tribunal de Exceção; •••• Exclusão da extradição do próprio Nacional •••• Reciprocidade – prevista em Tratado de Extradição ou expressa diretamente no pedido. No processo de extradição não se admitem Recursos, exceto Embargos de Declaração. Para efeitos de requerer a extradição, no Sistema Constitucional Brasileiro, a competência é do Poder Executivo. Cuidado extremamente recomendável: É corriqueiro no Brasil o mito de que a existência de cônjuge ou filho brasileiro se constituiria em caso impeditivo da Extradição. Este mito costuma, inclusive, ser corroborado com o caso Ronald Biggs olvidando, contudo, que o caso Ronald Biggs ocorreu em 1961 e, desde então, houve significativa alteração neste campo. Observe que o STF, em sua Súmula n º 421, enuncia que “Não impede a Extradição a circunstância de ser o Extraditando casado com brasileira ou ter filho brasileiro.” Note, então, que a existência de cônjuge ou filho brasileiro poderá impedir a Expulsão de estrangeiro (art. 75, II, da Lei 6.815/80) e NÃO impedirá a Extradição (Súmula 421, STF). Expulsão: É o processo pelo qual um país expele de seu território o estrangeiro que lá reside licitamente, em razão de crime ali praticado ou de comportamento nocivo aos interesses nacionais. Expulsão NÃO é pena, constitui medida administrativa, exercida em proteção do Estado, como manifestação de sua soberania. D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 24 No Brasil são objeto de expulsão direta e imediata: •••• Os crimes contra a Segurança Nacional •••• Os crimes contra a Estrutura das Instituições •••• Os crimes contra a Tranqüilidade Pública •••• Os crimes contra a Economia Popular No Brasil são expulsos após cumprir pena: •••• Condenados por contrabando •••• Condenados por falsificação de moeda •••• Condenados por venda de entorpecentes •••• Condenados por corrupção de menores •••• Condenados por crimes inafiançáveis em geral Nos casos da Expulsão de estrangeiro motivada pelo cometimento de crime comum, compete ao Ministério Público, ex officio, comunicar a condenação do estrangeiro ao Ministério da Justiça, em um prazo de até 30 dias após o trânsito em julgado da sentença condenatória, a fim de que se instaure o inquérito de expulsão (art. 68, Lei do Estrangeiro). A Nocividade da presença doestrangeiro é apreciada exclusivamente pelo Presidente da República (art. 66, Lei 6.815/80). Expulsão - Tramitação processual no Brasil: 1. O processo é iniciado por Portaria do Min. Da Justiça, ex officio ou mediante representação fundamentada; 2. Designa-se o Delegado Federal que presidirá o inquérito; 3. O expulsando é intimado para se apresentar à D.P.F. num prazo de 2 dias - NÃO se aceita a revelia; 4. Feito o interrogatório, passa a fluir o prazo de 6 dias para a apresentação de defesa escrita; D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 25 5. O Delegado Federal tem 12 dias para fazer o relatório e encaminhar o processo ao Min. Justiça; 6. Ministro da Justiça pode decretar a Prisão Administrativa (que não pode ultrapassar 90 dias, com possibilidade de 1 prorrogação por igual período); Caberá Habeas Corpus toda a vez que a Prisão Administrativa ultrapassar estes prazos; 7. Expulsão e revogação de expulsão são de competência do Presidente da República, que o faz através de Decreto; 8. O Decreto executivo é publicado no D.O.U. Desta decisão cabe H.C. e Recurso Administrativo, a ser interposto no prazo de 10 dias, dirigido ao próprio Presidente e pedindo a reconsideração (tem efeito suspensivo e devolutivo). Defesa do Expulsando: A defesa mais comum é aquela que invoca os benefícios do art. 74 da Lei 6.815/80: A existência de família constituída no país. Não se deve perder de vista, contudo, que é a nocividade da presença do estrangeiro o determinante máximo de sua expulsão, cabendo, portanto enfatizar os questionamentos da mesma ou, alternativamente, a sua atenuação quando cabível. Efeito: Consumada a expulsão, fica o estrangeiro proibido de retornar ao território do país de onde foi expulso, a não ser que se revogue sua expulsão. Observe-se que este efeito distingue a Expulsão de todas as demais formas de retirada compulsória de estrangeiro: o Expulso, ao contrário do Deportado, do Repatriado ou do Extraditado não poderá retornar ao país de onde foi expulso. Não se trata, outrossim, de um impedimento absoluto uma vez que o Presidente da República (ou Chefe de Estado em outros países) poderá revogar, no caso brasileiro consoante o art. 66, da Lei do Estrangeiro, mediante Decreto, a Expulsão. D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 26 CRITÉRIOS DE ATRIBUIÇÃO DE NACIONALIDADE À PESSOA JURÍDICA: Embora o tema da Globalização esteja na pauta do dia, mesmo que predominem as empresas que atuem transnacionalmente, por vezes importa determinar a Nacionalidade da Pessoa Jurídica. Porque, muito embora atuem diretamente no espaço jurisdicional de vários países, situações há em que importa determinar sua nacionalidade, a fim de encontrar a legislação aplicável àquela espécie de relação jurídica. Rege-se, portanto, a determinação da Nacionalidade da Pessoa Jurídica pelos sistemas: Teoria do Local de Constituição: que leva em consideração, na determinação da nacionalidade da pessoa jurídica o local em que foi celebrado e registrado o seu Contrato Social. Teoria da Nacionalidade da Matriz: que leva em consideração o local onde se situa o Centro Administrativo da Empresa ou do conjunto de empresas. Há divergências, neste sentido, entre aqueles que consideram o Centro Administrativo o local onde opera a Diretoria de escalão mais elevado e aqueles que consideram como Centro Administrativo o local onde se situa a Contabilidade da Empresa ou do Conglomerado, o local onde seus balanços internacionais são produzidos e publicados. Teoria da Maioria do Capital Acionário: embora com bem menor aceitação do que as duas teorias acima mencionadas, propõe-se, neste caso, que se atribua à Pessoa Jurídica a Nacionalidade equivalente à de seus acionistas majoritários. D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 27 # UNIDADE 3: Tratados Internacionais: Conceito: Conforme a Convenção de Viena para o Direito dos Tratados, de 1969, que, atualmente, regula todas as Convenções: "Tratado significa um acordo internacional concluído entre Estados em forma escrita e regulado pelo D.I., consubstanciado em um único instrumento ou em 2 ou mais instrumentos conexos qualquer que seja a sua designação específica". Comentário: Os tratados são considerados a fonte mais importante do D.I. não só por sua multiplicidade mas também porque regulam as matérias mais importantes. Conforme Mohammed Bedjaoui: "Constituem a fonte mais democrática do D.I. porque há a participação direta dos Estados em sua elaboração". CONDIÇÕES DE VALIDADE DOS TRATADOS: I - Capacidade das Partes: São Providos de Capacidade para celebrar Tratados: •••• Os Estados •••• As Organizações Internacionais •••• A Santa Sé •••• Os Beligerantes e Insurgentes reconhecidos II - Habilitação dos Agentes Signatários que devem estar supridos de plenos poderes. III - Objeto Lícito e possível: É nulo o tratado que violar Norma Imperativa de D.I. Esta nulidade ocorre mesmo quando a Norma Imperativa for posterior a ele. A respeito dispõe a Convenção de Viena, de 1969: "Norma Imperativa de D.I. é a Norma aceita e reconhecida pela Comunidade Internacional de Estados como um todo, como uma D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 28 Norma não-derrogável e que somente poderá ser modificada por outra Norma de D.I. geral de mesmo caráter." IV - Consentimento Mútuo: O acordo de vontades não deve sofrer vício. A Convenção de Viena considera a admissibilidade de vícios nas condições seguintes: 1 - ERRO: •••• Quando atingir a base essencial do consentimento; •••• Quando não se tratar de erro de redação que seja sanável; •••• Que se constitua em erro de fato, pois o erro de Direito não constitui vício de consentimento; •••• Que esteja sendo invocado por Estado que NÃO tenha contribuído para sua ocorrência. 2 - DOLO: •••• É essencial que tenha sido praticado por parte contratante; •••• É fundamental que o erro devido à fraude de outrem seja escusável para a vítima e determinante de seu consentimento. O Dolo acarreta a Responsabilidade Internacional do Estado que o praticou. 3 - COAÇÃO: •••• A coação em face do representante do Estado sempre anulará o Tratado •••• A coação em face do próprio Estado (ameaça ilícita do uso da força, exceto nos tratados de paz) é objeto de controvérsias quanto a ensejar a nulidade do tratado. A China defendeu, até 1990, a nulidade dos tratados concluídos entre Estados com poderio desigual, considerando que teria este poderio sido utilizado para pressionar o mais fraco. Atualmente abstém-se de reafirmar ou negar tal ponto de vista. D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 29 FASES DE CELEBRAÇÃO DE UM TRATADO: NEGOCIAÇÃO: De competência, dentro da Ordem Constitucional, do Poder Executivo. A competência geral é do Chefe de Estado, delegado a seus representantes em função da validação. A negociação multilateral se desenvolve nas grandes Conferências e Congressos Internacionais. ASSINATURA - Efeitos: •••• Autentica o texto do tratado; •••• Atesta o acordo dos negociadores quanto ao texto do tratado; •••• Quando estabelecidos prazos para ratificação ou adesão, estes começam a correr; •••• Os contratantes devem se abster de atos que atentem substancialmente o valor do instrumento assinado; •••• A assinaturatem valor político; •••• Pode significar que o Estado reconhece as normas costumeiras tornadas convencionais. RATIFICAÇÃO: "É o ato pelo qual a autoridade nacional competente informa às autoridades correspondentes dos Estados cujos plenipotenciários concluíram, com os seus, um projeto de tratado, a aprovação que dá a este projeto e que o faz doravante um tratado obrigatório para o Estado que esta autoridade encarna nas Relações Internacionais". É ato do poder executivo, exigindo ou não a prévia autorização do legislativo. Competência p/ ratificar: A competência é fixada livremente pelo D. Constitucional de cada Estado, existindo 3 sistemas consagrados: •••• Competência exclusiva do Executivo; •••• Primazia do Legislativo; •••• Competência dividida entre Executivo e Legislativo. D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 30 No Brasil vige o sistema de competência compartilhada entre os Poderes Executivo e Legislativo, conforme o texto constitucional: Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: ... VIII – celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional; e Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: I – resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional; ... Os tratados somente passam a ser obrigatórios depois de ratificados, mesmo quando a ratificação não estiver expressamente prevista. A ratificação é ato "sui generis" cuja principal característica é sua discricionariedade - decorrendo daí: 1. A indeterminação de prazo para ratificação, 2. A licitude de recusa de ratificação; 3. O tratado só produzirá efeitos a partir da troca ou do depósito dos instrumentos de ratificação. A ratificação não pode ser condicional e deve abranger todo o tratado. Podem-se, todavia, formular reservas. PROMULGAÇÃO: É ato jurídico de natureza interna pelo qual o governo de um Estado afirma ou atesta a existência de um Tratado por ele celebrado e o preenchimento das formalidades exigidas para sua conclusão e, além disso, ordena sua execução dentro dos limites aos quais se estende a competência estatal. Efeitos: D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 31 •••• Tornar o tratado executório no plano interno, •••• Constatar a regularidade do processo que torna obrigatória a norma para o Estado. PUBLICAÇÃO: É condição essencial para que o tratado seja aplicado no plano interno. A publicação é adotada por todos os países. No Brasil é realizada no Diário Oficial da União (DOU). RECEPÇÃO DO TRATADO PELO DIREITO INTERNO: até 2004 todos os Tratados ratificados, promulgados e publicados pelo Brasil passavam a incorporar-se ao Direito Interno com status equivalente ao de Lei Ordinária, no plano da hierarquia das Normas Brasileiras. Note-se, entretanto, que neste momento a matéria merece a ressalva que lhe é aposta pela Emenda Constitucional nº 45: EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 45 Publicada no DOU de 31/12/2004 Altera dispositivos dos arts. 5º, 36, 52, 92, 93, 95, 98, 99, 102, 103, 104, 105, 107, 109, 111, 112, 114, 115, 125, 126, 127, 128, 129, 134 e 168 da Constituição Federal, e acrescenta os arts. 103-A, 103-B, 111-A e 130-A, e dá outras providências. As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, nos termos do § 3º do art. 60 da Constituição Federal, promulgam a seguinte Emenda ao texto constitucional: Art. 1º Os arts. 5º, 36, 52, 92, 93, 95, 98, 99, 102, 103, 104, 105, 107, 109, 111, 112, 114, 115, 125, 126, 127, 128, 129, 134 e 168 da Constituição Federal passam a vigorar com a seguinte redação: "Art. 5º..................................... § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 32 § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão." ADESÃO: É cláusula inserida em um tratado que permite a um Estado não- contratante a se tornar parte dele. Caso o Tratado não mencione a possibilidade de adesão, será necessário o consentimento dos Estados-parte no tratado. A adesão não tem tempo determinado - pode ocorrer antes e entrar o tratado em vigor ou depois que isso ocorra. Formas de realizá-la: •••• Por meio de um tratado especial, •••• Por meio de Declarações (adesão e aceitação), •••• Por ato unilateral. RESERVAS: Conceito: Conforme a Convenção de Viena para o Direito dos Tratados, de 1969: "É uma declaração unilateral, qualquer que seja sua redação ou denominação, feita por um Estado ao assinar, ratificar, aceitar ou aprovar um tratado, ou a ele aderir, com o objetivo de excluir ou modificar os efeitos jurídicos de certas disposições do tratado em sua aplicação a este Estado." Principais características das reservas: Cf. a natureza: •••• excluindo a incidência de cláusulas, •••• excluindo a incidência de interpretações. Conforme os efeitos: •••• restritivas, •••• extensivas. D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 33 As Reservas podem ser retiradas por seus autores, mas a aceitação é irrevogável. Retirada ou objeção devem ser apresentadas por escrito. Sua apresentação dar-se-á: •••• Na assinatura do tratado, •••• Na ratificação do tratado, •••• Na adesão ao tratado. Condições para a validade de reservas: De Forma: Estas devem ser apresentadas por escrito, pelo Poder Competente do Estado para tratar de assuntos internacionais (em geral o Executivo); De Fundo: A aceitação da reserva pelos demais contratantes. Não-Aceitação de reservas, conforme a Convenção de Viena: •••• Quando proibidas pelo tratado (in totum); •••• Quando a reserva apresentada não é permitida pelo tratado; •••• Quando a reserva é incompatível com o objeto ou a finalidade do tratado. EXECUÇÃO DE TRATADO: A execução do Tratado é questão de boa-fé. O tratado é executado pelo Estado na mais completa independência e sob sua única responsabilidade. O D.I. Geral somente apresenta um instituto para o rompimento dos tratados - a Responsabilidade Internacional. EFEITO DOS TRATADOS: D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 34 Em princípio os efeitos se limitam às partes contratantes - esta é uma decorrência da não-hierarquização da Sociedade Internacional. INTERPRETAÇÃO DOS TRATADOS: Esta é realizada geralmente com normas que tiveram sua origem no D. Civil, na interpretação dos contratos. A interpretação do tratado pode ser dada no plano unilateral - interno de um dos contratantes, ou no plano internacional pelos contratantes - convencional ou tacitamente ou, ainda, nos tribunais internacionais. Normas Doutrinárias p/ interpretação: •••• Deve-se procurar produzir efeito útil; •••• sentido dos termos é o atribuído à época da celebração; •••• Deve-se presumir o tratado como um todo, cujas partes se completam; •••• Optar-se-á pela interpretação menos restritiva à soberania; •••• Prevalecem Normas especiais sobre as gerais; •••• Em caso de dúvida, adotar-se-á a interpretação menos favorável ao redator do tratado; •••• Não será interpretado oque não necessita interpretação. Normas p/ interpretação - Convenção de Viena: •••• Presumem-se a boa-fé e o sentido comum; •••• Devem ser considerados o Preâmbulo e os Anexos; •••• Considerar acordos entre as partes, práticas aplicativas e Normas de D.I.; •••• Sentido terminológico especial só será dado quando as partes o desejarem; •••• Considerar trabalhos preparatórios e circunstâncias de conclusão do tratado; •••• Desconsiderar a diversidade de idiomas - os textos tem a mesma autenticidade. D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 35 EXTINÇÃO DOS TRATADOS: Ocorre por: •••• Execução integral, •••• Consentimento mútuo, •••• Termo, •••• Condição resolutória, •••• Renúncia do beneficiário, •••• Caducidade, •••• Guerra, •••• Fato de terceiro, •••• Impossibilidade de execução, •••• Ruptura de relações diplomáticas e consulares, •••• Inexecução por parte contratante, •••• Denúncia unilateral: O Estado deverá comunicar com anterioridade às demais partes contratantes a sua intenção de deixar de observar o que fora convencionado. D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 36 # UNIDADE 4: Organizações Internacionais: As Organizações Internacionais são associações voluntárias de Estados, constituídas por tratado internacional, com o objetivo de atuarem em áreas específicas da relação interestatal, ocorrentes na sociedade internacional. A sua criação corresponde à percepção que há âmbitos e problemas, na relação internacional, que transcendem a possibilidade de serem eficaz e eficientemente enfrentadas pelo Estado soberano de forma isolada. Percebem os Estados que se multiplicam, hoje, aquelas questões e problemas cujos efeitos não reconhecem fronteiras ou bandeiras nacionais, que se projetam para além do seu âmbito interno, assim como aquelas originadas na ação dos Estados coirmãos e/ou seus agentes, porém, que repercutem em seu próprio âmbito interno. Diante de tais interações que ocorrem encontrou-se a solução de propugnar uma ação comum (de todos) e/ou concatenada, para o que se associam os Estados nas Organizações Internacionais. Do ponto de vista histórico, surgiram as primeiras Organizações Internacionais ao final da I Guerra Mundial, ilustrando esta necessidade de ação cooperativa e associada, destacando-se como iniciativas pioneiras: 1. A Cruz Vermelha Internacional: Organização Internacional humanitária destinada a complementar a ação Estatal naquelas situações catastróficas (naturais ou humanas) em que a demanda por socorro ultrapassa as possibilidades de serem atendidas pela infraestrutura de um Estado isoladamente. 2. A Organização Internacional do Trabalho, OIT: Com o processo de industrialização, desde 1850 se faziam ouvir reivindicações no sentido de que o Estado interviesse de forma reguladora nas relações entre o capital e o trabalho. Havia, todavia, a percepção de que, se um Estado interviesse internamente regulando isoladamente a relação econômica, o efeito seria a migração do capital para aqueles outros Estados que não o fizessem, gerando desindustrialização e desemprego (semelhante ao que em nossos dias ocorre com a migração das empresas ocidentais para a China, Vietname, etc. – países que deixam de aplicar as Convenções Internacionais do Trabalho e, com isto, barateiam o D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 37 custo de produção). A resposta encontrada para este problema, ao final da I Guerra Mundial (na qual a questão da produção industrial, bem como da causa operária se manifestaram em toda a sua repercussão estratégica) foi a criação da OIT, com o intuito de, através das Convenções Internacionais do Trabalho, homogeneizar a interferência reguladora dos Estados no campo das relações internas entre o capital e o trabalho. 3. A Liga das Nações, ou Sociedade das Nações: Ao observarmos a história do Direito Internacional Público (e o livro do Celso Duvivier de Albuquerque Melo publica um capítulo primoroso a este respeito) constatamos que este sempre primou pelo esforço em colocar limitações à guerra e/ou de estabelecer regulamentos para balizarem o “estado de natureza” em que os Estados dirimem os seus conflitos de interesse, conflitos diante dos quais a diplomacia se demonstrou ineficaz (Karl von Klausewitz: “a guerra nada mais é do que a continuação da diplomacia por outros meios”). Ocorre, entretanto, que a I Guerra Mundial extrapolou totalmente a escala em que se manifestavam estes conflitos até então, pois eram conflitos episódicos e limitados – a I Guerra Mundial, por outro lado, durou 4 anos ininterruptos, teve proporções globais, utilizou-se da capacidade industrial para transformá-la numa espécie de “linha de produção da morte e destruição” e, ainda, suas causas, com certeza, eram bem mais amplas e complexas que o mero assassinato do herdeiro do trono austríaco por um terrorista sérvio... Para fazer face a tudo isto criou-se a Liga das Nações, ou, também chamada Sociedade das Nações, para manter a paz e a segurança internacionais. A ocorrência de uma II Guerra Mundial, a seguir, obviamente, demonstra que as disposições contidas no Pacto da Liga das Nações eram ineficazes para concretizar o pacifismo almejado pelos seus fundadores (muito interessante a este respeito é a leitura de Eric Hobsbawn, ERA DOS EXTREMOS, O breve século XX, Cia. Das Letras), tendo, em síntese, a Liga das Nações se constituído em uma experiência-piloto de cujos erros se conseguiu adquirir aprender logo adiante. A segunda geração das Organizações Internacionais surge ao final da II Guerra Mundial, com a criação da Organização das Nações Unidas – ONU: D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 38 Após o fracasso na Liga das Nações, o tema segurança coletiva ainda era pauta para a sociedade internacional. Durante a segunda guerra, a preocupação com os princípios que deveriam reger as relações internacionais após o seu fim era constante. Em janeiro de 1942, com a entrada dos EUA e da URSS na guerra, já se prevendo a vitória eminente contra o Eixo (Alemanha, Itália, Japão), realizou-se a Conferência de Washington, na qual os Estados (China, URSS, EUA e Reino Unido) reiteraram (Declaração de 1942) os princípios contidos na Carta do Atlântico, acordando ainda a criação de uma organização internacional, na qual os Estados soberanos vencedores estariam unidos fazendo frente ao Eixo. Ainda durante a 2ª guerra, em outubro de 1943, realizou-se a Conferência de Moscou durante a qual os reiteraram seu interesse na criação de uma OI baseada na igualdade entre os Estados soberanos, com o objetivo de manter a paz e a segurança internacionais. Diferentemente da Liga das Nações, na qual reinava o espírito da verdadeira igualdade entre os Estados na condução dos objetivos que pretendia alcançar, a nova OI teria suas decisões originadas de um pequeno e seleto grupo de Estados, as potências vitoriosas que teriam as condições necessárias (capacidade militar) - a manutenção da paz e da segurança internacionais, além do fato de que as potências realmente desejavam manter uma posição privilegiada na OI. Tratado constitutivo: Em 25 de junho de 1945, 51 países assinaram a Carta de São Francisco. Definição: A ONU é organização internacional, sendo a arena mais universal para a negociação de normas internacionais, mas que também assume posições e produz ideias dentro dos limites estabelecidos pelos Estados que a constituíram. Os objetivose os princípios da ONU estão previstos nos arts. 1º e 2º da Carta de São Francisco, dentre os princípios lá estabelecidos encontram-se o princípio da igualdade soberana dos Estados, da boa-fé e da não intervenção. Recomenda-se a leitura da Carta de São Francisco (disponibilizada, entre outros, na biblioteca do professor, no SIA), e não somente do belo preâmbulo da Carta, a seguir: D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 39 “NÓS, OS POVOS DAS NAÇÕES UNIDAS, RESOLVIDOS a preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra, que por duas vezes, no espaço da nossa vida, trouxe sofrimentos indizíveis à humanidade, e a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor do ser humano, na igualdade de direito dos homens e das mulheres, assim como das nações grandes e pequenas, e a estabelecer condições sob as quais a justiça e o respeito às obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes do direito internacional possam ser mantidos, e a promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de uma liberdade ampla. E para tais fins praticar a tolerância e viver em paz, uns com os outros, como bons vizinhos, e unir as nossas forças para manter a paz e a segurança internacionais, e a garantir, pela aceitação de princípios e a instituição dos métodos, que a força armada não será usada a não ser no interesse comum, a empregar um mecanismo internacional para promover o progresso econômico e social de todos os povos. Resolvemos conjugar nossos esforços para a consecução desses objetivos. Em vista disso, nossos respectivos Governos, por intermédio de representantes reunidos na cidade de São Francisco, depois de exibirem seus plenos poderes, que foram achados em boa e devida forma, concordaram com a presente Carta das Nações Unidas e estabelecem, por meio dela, uma organização internacional que será conhecida pelo nome de Nações Unidas.” Personalidade Jurídica das Organizações Internacionais: Estas entidades são providas de Personalidade Jurídica Internacional, fundamentando-se esta no associativismo (tal como as pessoas jurídicas que já conhecemos do Direito Interno), não nos elementos fundamentais da Teoria Geral dos Estados. São os Estados, já providos de Personalidade Jurídica por se constituírem em membros originários da Sociedade Internacional que, ao se associarem, outorgam tal Personalidade ao ente por eles constituído. Observe que, já em 1949, consultada, a Corte Internacional de Justiça definia ser plenamente cabível a responsabilidade civil da ONU em face de pleitos indenizatórios de funcionários - e/ou seus sucessores - vítimas de emboscadas fatais em missões perfeitas no Oriente Médio. Capacidade Jurídica das Organizações Internacionais: A gradação da Capacidade Jurídica das OI’s, entendida como a aptidão para praticar atos que gerem efeitos jurídicos internacionais, estará sempre definida em seu D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 40 tratado constitutivo (fundacional), tanto no que se refere à dimensão material, quanto aos requisitos formais para a sua consecução. Modelo Organizacional: As OI’s tendem a replicar a estrutura fundamental da ONU, a saber: a) Assembleia Geral: composta por todos os Estados-membro, que se reúnem com regularidade anual ou multianual, para apreciar as realizações concretizadas, traçar diretrizes para a sua atuação adiante, deliberar sobre as questões mais sensíveis em seu campo de atuação. Rege-se pelo princípio de “cada Estado tem 1 voto, de igual peso aos demais”. b) Conselho(s): que pode(m) ser técnico(s) ou político(s), constituído(s) de membros eleitos pela assembleia (exceto os membros permanentes do conselho de segurança da ONU), para um mandato determinado. Os membros do Conselho constituirão um representante que resida junto à sede da OI, sendo que estes representantes serão convocados a se reunir em caráter de emergência a fim de decidir (ad hoc da assembleia) iniciativas a serem tomadas em face de uma crise internacional que se declare, de surpresa, no campo de atuação da OI. c) Secretariado: Setor que responde pela administração burocrática da OI, coordenando os quadros funcionais internos da OI, seu apoio logístico e seus atos de administração em geral. Em alguns casos, especialmente no caso da ONU, este secretário geral também pode desempenhar, por prática aplicativa, funções políticas, de mediação de conflitos, etc. O leigo costuma criticar a ONU porque esta “não conseguiu acabar com todas as guerras”, porém, uma analise mais cuidadosa demonstra que desde a sua fundação até aqui tivemos tão somente conflitos regionais, episódicos ou localizados, não houve a reincidência em conflitos de proporções globais, até mesmo mantendo “fria” a guerra desencadeada entre os EUA e a URSS, em busca de uma hegemonia internacional no período posterior à II Guerra Mundial. Tal feito, de manter fria a guerra fria, foi acolhido como um sucesso do modelo associativo, encadeando uma série de criações de Organizações Internacionais Regionais, destinadas à manutenção da paz e da segurança internacionais no âmbito do respectivo continente. São exemplos desta proliferação de Organizações Internacionais de âmbito regional e político: a Organização dos Estados Americanos – OEA, a Liga Árabe, a Organização da Unidade Africana – OUA, etc. D. Internacional – 2017 - 1 – Parte I - Prof. Carlos R. Dörner 41 A partir dos anos 1990 constatamos uma nova tendência, no que costumo chamar de “a terceira geração de Organizações Internacionais”: o associativismo internacional centra-se, a partir de então, na priorização das questões macroeconômicas de integração e cooperação, visando uma melhor inserção ou funcionalidade em um mundo globalizado - cujas economias e mercados demonstram-se interdependentes e integrados. Em 1995 funda-se a Organização Mundial do Comércio – OMC, reconfiguração (“upgrade”) do Sistema de Bretton Woods e do Acordo Geral de Tarifas e Comércio – GATT: O sistema de Bretton Woods surge da doutrina de John Maynard Keynes, baseado na ideia de crescimento econômico no plano global. Para alcançar este objetivo o plano se baseava em pilares institucionais: construção de um banco mundial, criação de um fundo para reconstrução e desenvolvimento e a criação de um programa de ajuda vinculado as Nações Unidas. Em 27.7.1944, em Bretton Woods, teve lugar a fundação do Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento - BIRD e do Fundo Monetário Internacional - FMI. Em 1948, o plano continua com a instituição do Acordo Geral de Tarifas e Comércio - GATT e em 1995, com a fundação da Organização Mundial do Comércio - OMC. A Organização Mundial do Comércio atua na fiscalização e regulamentação do comércio mundial. Com sede em Genebra (Suíça), foi criada em 1994 durante a Conferência de Marrakech e estabelecida a partir de 1º de janeiro de 95 na qual se elaborou o acordo constitutivo da OMC. Da rodada de Havana à de Marrakech o sistema de comércio era regulado pelo GATT (General Agreement on Tariffs and Trade) que ajudou a estabelecer um sistema multilateral de comércio. A OMC é um fórum de negociação de acordos de comércio e local de solução de disputas também comerciais. O procedimento de solução de diferenças na OMC, regido pelas Normas e Procedimentos sobre Solução de Controvérsias é um mecanismo eficiente firmado sob o império da lei e que visa garantir mais segurança e previsibilidade ao sistema de comercio global. Os objetivos e as funções da OMC estão previstos nos artigos 2º e 3º do Acordo constitutivo, sendo limitadores da capacidade de agir da organização. D. Internacional
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