Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM MARÍLIA CORDEIRO DE SOUSA CARACTERÍSTICAS MATERNAS E NEONATAIS RELACIONADAS AO ÓBITO EM RECÉM-NASCIDOS COM CARDIOPATIA CONGÊNITA GOIÂNIA, 2017 MARÍLIA CORDEIRO DE SOUSA CARACTERÍSTICAS MATERNAS E NEONATAIS RELACIONADAS AO ÓBITO EM RECÉM-NASCIDOS COM CARDIOPATIA CONGÊNITA Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Enfermagem, da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás, como parte dos requisitos de avaliação para obtenção do título de Mestre em Enfermagem. Área de concentração: A enfermagem no cuidado à saúde humana Linha de pesquisa: Fundamentação teórica, metodológica e tecnológica para o cuidar em saúde e enfermagem. Orientadora: Profª. Dra. Ana Karina Marques Salge Mendonça Coorientadora: Profª. Dra. Janaína Valadares Guimarães GOIÂNIA, 2017 Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do Programa de Geração Automática do Sistema de Bibliotecas da UFG. Cordeiro de Sousa, Marilia CARACTERÍSTICAS MATERNAS E NEONATAIS RELACIONADAS AO ÓBITO EM RECÉM-NASCIDOS COM CARDIOPATIA CONGÊNITA [manuscrito] / Marilia Cordeiro de Sousa. - 2017. CVII, 107 f.: il. Orientador: Profa. Dra. Ana Karina Marques Salge Mendonça; co orientadora Dra. Janaina Valadares Guimarães. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Enfermagem (FEN), Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Goiânia, 2017. Bibliografia. Anexos. Apêndice. Inclui siglas, abreviaturas, tabelas, lista de figuras, lista de tabelas. 1. cardiopatia congenita. 2. óbito. 3. recém-nascido. I. Marques Salge Mendonça, Ana Karina , orient. II. Título. CDU 616-083 Este estudo foi desenvolvido junto ao Grupo de Estudos em Saúde da Mulher, do Adolescente e da Criança (GESMAC) da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás (UFG). DEDICATÓRIA Dedico este estudo ao meu Senhor, que me deu força, coragem e me manteve em pé. À minha amada mãe, Neuza Maria e ao meu sempre amado, Ettore Orsoni, que mesmo em longe esteve me iluminando. Ao meu esposo, Danyllo Alfredo, por compreender meus momentos de ausência. As amigas que ganhei Lívia, Amanda e Laura, pela presença essencial em minha jornada. AGRADECIMENTOS À Deus o agradecimento pelo dom da vida, proteção e iluminação. À querida professora Dra. Ana Karina, por ter acreditado no meu potencial, pela orientação prestada, ensinamentos, oportunidades e paciência. Meu exemplo de conhecimento. Obrigada! À minha amada mãe, Neuza Maria, que com seu exemplo me ensinou a nunca desistir e acreditar que eu sou capaz, que meus sonhos podem ser realizados. Ao meu sempre amado, Ettore Orsoni, Deus te levou antes que você pudesse compartilhar desse momento, mas sei que onde quer que esteja, estará feliz com a minha vitória. Porque ela também é sua. Ao meu esposo, Danyllo Alfredo, por ter caminhado ao meu lado e que em muitos momentos compreendeu a minha ausência. Amo você coração! Ao meu pai, Amâncio, e aos meus irmãos, Leandro, Maria e Manoel, por acreditarem em mim e pelo apoio em todos os momentos difíceis. Amo vocês! Aos meus queridos amigos, pela compreensão e ouvidos sempre atentos. Obrigada por fazerem parte da minha vida e deixá-la mais feliz. À Livia Roberta, minha companheira! Serei sempre agradecida a Deus por tê-la colocado em meu caminho, você tornou a minha jornada mais alegre. Ao grupo de pesquisa GESMAC pelo acolhimento e experiências vividas. Em especial, às colegas Amanda, Fernanda e Laura que disponibilizaram do seu tempo para ajudar-me. Às professoras Dra. Flaviana Vieira, Dra. Thaila Castral pelas contribuições que enriqueceram este estudo durante a qualificação e que prontamente aceitaram participar de minha banca. À professora Dra. Janaina Valadares pelo exemplo de profissional e pelas contribuições que enriqueceram este estudo. Todo o meu carinho e admiração. À equipe de docentes do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Enfermagem e funcionários da Faculdade de Enfermagem que contribuíram de forma única para meu aprimoramento intelectual, profissional e pessoal. À equipe do Hospital Materno Infantil que colaborou com a realização deste estudo. “Seu trabalho vai preencher boa parte da sua vida e a única maneira de ser verdadeiramente satisfeito é fazer o que acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um ótimo trabalho é amar o que faz”- Steve Jobs SUMÁRIO LISTA DE QUADROS10 LISTA DE TABELAS11 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS12 RESUMO13 RESUMEN15 1. INTRODUÇÃO18 2. OBJETIVOS24 2.1. Geral24 2.2. Específicos24 3. REVISÃO DE LITERATURA25 3.1 Anatomia e fisiologia cardíaca fetal/neonatal25 3.2. Anomalias cardíacas congênitas28 3.2.1. Definição, aspectos clínicos, etiologia e classificação28 3.2.2. Morbimortalidade e anomalias associadas35 3.2.3. Diagnóstico pré e pós-natal37 3.2.4. Complicações das cardiopatias congênitas e tratamento42 3.2.5. Atuação do enfermeiro na assistência ao RN com cardiopatia congênita44 4. METODOLOGIA46 4.1. Delineamento, local e período de estudo46 4.2. Descrição do cenário da pesquisa47 4.3. População48 4.4. Critérios de inclusão48 4.5. Critérios de exclusão49 4.6. Fonte de dados49 4.7. Instrumento de coleta de dados49 4.8. Procedimento para coleta dos dados50 4.9. Variáveis de estudo51 4.9.1 Variáveis preditoras51 4.9.2. Desfecho52 4.10. Análise dos dados52 4.11. Aspectos ético-legais53 4.12. Responsabilidade do pesquisador54 5.RESULTADOS55 5.1. O recém-nascido com Cardiopatia Congênita55 5.1.1. Dados sociodemográficos maternos55 5.1.2. Dados obstétricos57 5.1.3 Dados do recém-nascido59 5.1.4 Dados das variáveis da malformação cardíaca congênita63 6. DISCUSSÃO72 6.1. Variáveis sociodemográficas e obstétricasErro! Indicador não definido. 6.2. Variáveis do nascimento e neonataisErro! Indicador não definido. 6.3.Variáveis da cardiopatia congênitaErro! Indicador não definido. 6.4.Associação das variáveis sociodemográficas maternas, obstétricas, neonatais e da malformação cardíaca congênita ao óbito neonatalErro! Indicador não definido. 7. LIMITAÇÕES DO ESTUDO82 8. CONCLUSÃO83 9. REFERÊNCIAS85 ANEXO 1- Parecer consubstanciado do CEP94 ANEXO 2- Parecer consubstanciado do CEP96 ANEXO 3- Comprovante de envio do projeto 98 ANEXO 4- Dados do parecer do projeto de pesquisa99 APÊNDICE A- Instrumento de coleta de dados101 LISTA DE QUADROS Quadro 1- Principais cardiopatas congênitas classificadas de acordo com a presença ou ausência de cianose ............................................................................. 28 Quadro 2- Características das principais cardiopatias congênitas classificadas de acordo com hiperfluxo ou hipofluxo pulmonar ...........................................................29 LISTA DE TABELAS Tabela 1- Variáveis sociodemográficos maternas de recém-nascidos diagnosticados com cardiopatia congênita de um Hospital Público da Rede Estadual de Goiânia – GO, de 2005 a 2015 .................................................................................................. 49 Tabela 2 - Variáveis obstétricas das 43 mulheres com recém-nascidos diagnosticado com cardiopatia congênita de um Hospital Público da Rede Estadual de Goiânia – GO, de 2005 a 2015 .................................................................................................. 50 Tabela 3 -Variáveis de 43 recém-nascidos com cardiopatia congênita de um Hospital Público da Rede Estadual de Goiânia – GO, de 2005 a 2015 .................................. 51 Tabela 4 – Distribuição de outras anomalias associadas em recém-nascidos diagnosticados com cardiopatia congênita em um Hospital Público da Rede Estadual de Goiânia – GO, de 2005 a 2015 ............................................................................. 52 Tabela 5 - Classificação dos tipos de cardiopatias congênitas dos 43 recém- nascidos de um Hospital Público da Rede Estadual de Goiânia – GO, de 2005 a 2015 .......................................................................................................................... 53 Tabela 6 - Distribuição das cardiopatias congênitas acianóticas de um Hospital Público da Rede Estadual de Goiânia – GO, de 2005 a 2015 .................................. 53 Tabela 7 - Distribuição das cardiopatias congênitas cianóticas de um Hospital Público da Rede Estadual de Goiânia – GO, de 2005 a 2015 .................................. 53 Tabela 8 - Classificação dos tipos de óbito em recém-nascidos diagnosticados com cardiopatia congênita de um Hospital Público da Rede Estadual de Goiânia – GO, de 2005 a 2015 .............................................................................................................. 54 Tabela 9- Óbito e o tipo de cardiopatia congênita em recém-nascidos de um Hospital Público da Rede Estadual de Goiânia – GO, de 2005 a 2015 .................................. 54 Tabela 10 - Associação entre as alterações clínicas maternas e a ocorrência de óbito nos recém-nascidos com cardiopatia congênita, Goiânia-Goiás, entre os anos de 2005 a 2015015 ................................................................................................... 55 Tabela 11 - Associação entre as alterações neonatais e a ocorrência de óbito nosrecém-nascidos com cardiopatia congênita, Goiânia-Goiás, entre os anos de 2005 a 2015. ............................................................................................................. 56 Tabela 12 - Associação entre o tipo de cardiopatia congênita e a ocorrência de óbito nos recém-nascidos com cardiopatia congênita, Goiânia-Goiás, entre os anos de 2005 a 2015 .............................................................................................................. 56 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AC Anomalias Congênitas AHA American Heart Association CCC Cardiopatias Congênitas Críticas CEC Circulação Extracorpórea CEP Comitê de Ética em Pesquisa CIA Comunicação Interatrial CID-10 Classificação Internacional de Doenças CIV Comunicação Interventricular CO2 Gás-carbônico HC Hospital das Clinicas HMI Hospital Materno Infantil ICC Insuficiência Cardíaca Congestiva MC Malformações Congênitas mmHg Milímetros de Mercúrio MSD Membro Superior Direito O2 Oxigênio OMS Organização Mundial de Saúde PaO2 Pressão Parcial de Oxigênio no Sangue Arterial PCA Persistência do Canal Arterial PGE2 Prostaglandinas E2 RN Recém-nascido SAE Sistematização da Assistência de Enfermagem SatO2 Saturação de Oxigênio SBP Sociedade Brasileira de Pediatria SIM Sistema de Informações sobre Mortalidade SNC Sistema Nervoso Central SUS Sistema Único de Saúde TGA Transposição das Grandes Artérias TMI Taxa de Mortalidade Infantil UFG Universidade Federal de Goiás UTIN Unidade de Terapia Intensiva Neonatal RESUMO SOUSA MC. Características maternas e neonatais relacionadas ao óbito em recém-nascidos com cardiopatia congênita. [dissertação]. Goiânia: Faculdade de Enfermagem/ Universidade Federal de Goiás (UFG); 2016. 92p. No mundo, em diversas regiões, as anomalias congênitas têm se destacado como uma das principais causas de óbito no primeiro ano de vida, principalmente no período neonatal. Entre elas, destacam-se as cardiopatias congênitas, com prevalência de 8:1000 nascidos vivos. O objetivo deste estudo foi analisar as características neonatais e maternas relacionadas ao óbito em recém-nascidos com cardiopatia congênita. Trata-se de um estudo transversal, retrospectivo e com abordagem quantitativa. Utilizou-se dados secundários coletados dos prontuários das puérperas e de seus RN vivos diagnosticados com anomalias congênitas em um Hospital Público em Goiânia-GO, no período de 2005 a 2015. Foram incluídos 43 recém-nascidos diagnosticados com cardiopatias congênitas, os quais preencheram os critérios adotados, incluindo o diagnóstico através de ecocardiograma pós-natal. Em relação às variáveis sociodemográficas maternas, 63% apresentaram idade entre 15 e 35 anos, 63% eram procedentes do interior do Estado de Goiás, 35% com nível de escolaridade maior ou igual a 8 anos, 40% com companheiro e 37% sem ocupação. Dentre as variáveis obstétricas, as multíparas representaram 60%, gestação a termo em 44%, cesárea em 79%, gestação única em 91% e 46% realizaram menos de 6 consultas de pré-natal. A média do número de consultas de pré-natal foi de 2,0 ± 2,5 consultas. Em relação às variáveis neonatais dos RN acometidos por cardiopatias congênitas, a prevalência foi do sexo feminino com 54%, com Apgar menor ou igual 7 no 1º minuto em 51% e maior ou igual a 7 no 5º minuto em 51%, 93% apresentaram intercorrências no nascimento e 56% possuíam anomalias congênitas associadas (prevalecendo a Síndrome de Down). A idade gestacional ao nascimento das 43 gestações variou de 34,3 a 38,1 semanas. O peso do RN variou de 700g a 5.410g, sendo a média de 2.598g ±134,5g. As cardiopatias congênitas acianóticas acometeram 81% (35) dos RN, enquanto as cianóticas representaram 19% (8) casos. A taxa geral de mortalidade foi de 39,5%, ou seja, 17 óbitos. As cardiopatias congênitas acianóticas foram responsáveis por 11 (65%) óbitos, enquanto as cianóticas por 6 (35%) óbitos. A média de dias de vida antes do óbito foi 8,5 ± 1dia, no período neonatal precoce. Observou-se que o óbito por cardiopatia congênita se apresentou significativo em relação às variáveis maternas: paridade (0,014) e tipo de gravidez (0,025), multíparas e gestação única, respectivamente. Houve uma associação estatisticamente significante entre o óbito neonatal e cardiopatia congênita cianótica (0,045). Conclui-se que as cardiopatias congênitas são mais prevalentes em mulheres jovens, procedentes do interior, multíparas, com gestação única, sendo o óbito mais comum em RN com cardiopatias congênitas cianóticas. Assim sendo, a redução do óbito por cardiopatia congênita parece depender de um acompanhamento pré-natal de qualidade, com diagnóstico precoce e intervenções oportunas no período pós-natal. Palavras-chaves: cardiopatia congênita, óbito, recém-nascido, gravidez de alto risco. ABSTRACT SOUSA MC. Maternal and newborn characteristics related to newborn children’s deaths with congenital cardiopathy. Goiania, Goias State. Nursing School / Goias Federal University (UFG); 2016. 92p. All over the world, in several regions, the congenital anomalies have stood out as one of the main causes of death in their first year of life, specially in thenewborn period. Among these anomalies, congenital cadiopathies, with a prevalence of 8:1000 live births. This study aimed to analyse newborn and maternal characteristics related to newborn deaths with congenital cardiopathy. It is a transversal, retrospective study with a quantitative approach. For that purpuse, it was used secondary collected data from puerperal and their live newborn children patient records diagnosed with congenital cardiopathies in a Public Hospital in Goiania, Goias State, Brazil, from 2005 to 2015. It was included 43 newborn children diagnosed with congenital cardiopathies which fit the criteria adopted, including diagnosis by post-natal echocardiogram. Considering the sociodemographic maternal variables, 63% were from 15 to 35 years old, 63% were from Goias State countryside, 35% had 8 years or less of formal education, 40% were in a relationship and 37% were unnemployed. Among the obstetric variables, the mothers who had more than one child were 60%, 44% had live births, 79% had cesarean sections, 91% were single pregnancy and 46% had less than 6 pre-natal consults. The average number of pre-natal consults was 2/2,5. Considering the neonatal variables of the newborn children who had congenital cardiopathies, most of them were female (54%), 51% had Apgar & or below in the first minute and 51% had Apgar 7 or above in the fifth minute; 93% had complications in birth and 56% had related congenital anomalies (specially Down Syndrome). The gestational age for the 43 pregnancies varied between 34,3 to 38,1 weeks. The newborns weight varied from 700g to 5.410g, average 2.598g ± 134,5g. 81% of the newborns had acyanotic congenital cardiopathies while only 19% of them had the cianotic type (8 cases). The general mortality rate was 39,5%, i.e., 17 deaths. Acyanotic congenital cardiopathies were responsible for 11 deaths (65%), while the cyanotic ones were responsible for 6 deaths (35%). The avegare of living days before death was 8,5 ± 1 days during the early neonatal period. It was observed that the death by congenital cardiopathy showed significant difference in relation to the maternal variables: parity (0,014) and type of pregnancy (0,025), multiple pregnancies and single gestation, respectively. And there was also an association estatistically significant between neonatal death and cyanotic congenital cardiopathy (0,045). It is concluded that congenital cardiopathies are more prevalent in young women, from the countryside, who had more than one child, with single gestation, being the death more common in newborn children with cyanotic congenital cardiopathies. Therefore, the reduction of death by congenital cardiopathy depends on high quality pré-natal care, early diagnosis and post-natal timely intervention. Key words: congenital cardiopathy, death, newborn. RESUMEN SOUSA MC. Las características maternas y neonatales relacionadas con la muerte en los recién nacidos con cardiopatía congénita. Goiânia: Escuela de Enfermaría/ Universidade Federal de Goiás (UFG); 2016. 92p. En el mundo, en diversas regiones, anomalías congénitas ha emergido como una causa importante de muerte en el primer año de vida, especialmente en el período neonatal. Entre las que se encuentran la enfermedad cardíaca congénita, con una prevalencia del 8: 1000 nacidos vivos. El objetivo de este estudio fue analizar las características neonatal y materna asociados a la muerte en los recién nacidos con cardiopatía congénita. Este es un enfoque de estudio de corte transversal, retrospectivo y cuantitativa. Se utiliza para esto, los datos secundarios recogidos de las historias clínicas de las madres y sus recién nacidos vivos con diagnóstico de anomalías congénitas en un hospital público en Goiânia, GO, de 2005 a 2015. Se incluyeron 43 recién nacidos con diagnóstico de cardiopatía congénita, que se reunió los criterios adoptados, incluyendo el diagnóstico a través de la ecocardiografía posnatal. En cuanto a las variables sociodemográficas de la madre, el 63% tenía entre 15 y 35 años, el 63% eran del interior del Estado de Goiás, el 35% con un nivel superior o educación equivalente a ocho años, el 40% con una pareja y el 37% en paro . Entre las variables obstétricas multíparas representaron el 60%, un embarazo a término en un 44%, parto por cesárea en un 79%, un embarazo en el 91% y el 46% tienen menos de seis consultas prenatales. El número promedio de visitas prenatales fue de 2,0 ± 2,5 consultas. En relación con las variables neonatales de los recién nacidos afectados de prevalencia de la enfermedad cardíaca congénita eran de sexo femenino con un 54%, con un menor de Apgar o igual a 7 a 1 minuto y 51% mayor que o igual a 7 a los 5 minutos en 51%, 93% tenían complicaciones en el nacimiento y el 56% tienen anomalías congénitas (predominantes Síndrome de Down). La edad gestacional al nacer de 43 embarazos varió de 34,3 a 38,1 semanas. El peso del recién nacido varió de 700 g de 5.410G, con una media ± 134,5g 2.598g. acometeram acianótico congénita 81% (35) NB, mientras cianótica representó el 19%) (8) casos. La tasa de mortalidad global fue del 39,5%, es decir 17 muertes. acianótico enfermedad congénita del corazón representaron 11 (65%) muertes, mientras que cianótica por 6 (35%) muertes. . El promedio de días de vida antes de la muerte de 8,5 ± 1 días en el período neonatal precoz. Se observó que la muerte por enfermedad cardíaca congénita mostró diferencias significativas en relación con variables maternas: paridad (0.014) y el tipo de embarazo (0.025), el embarazo y la multípara sola, respectivamente. Y también hubo una asociación estadísticamente significativa entre la mortalidad neonatal y la enfermedad cardíaca congénita cianótica (0.045). Llegamos a la conclusión de que los defectos congénitos del corazón son más frecuentes en mujeres jóvenes del campo, multíparas, con embarazo único, el más común de muerte en los niños con cardiopatía congénita cianótica. Por lo tanto, la reducción de la mortalidad por enfermedad cardiaca congénita, parece depender de una calidad de la atención prenatal, con el diagnóstico precoz y la intervención oportuna en el periodo postnatal. Palabras clave: enfermedad cardíaca congénita, la muerte del recién nacido. 18 1. INTRODUÇÃO A taxa de mortalidade infantil (TMI) é um indicador de saúde relevante para a saúde da criança, visto que reflete as condições de desenvolvimento social, econômico e infra estrutura de um país e avalia o acesso e a qualidade dos serviços disponíveis para a atenção a saúde materna e infantil (ORGANIZAÇÃO PAN- AMERICANA DE SAÚDE, 2008; PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO, 2014). A TMI, em menores de 5 anos, em todo mundo, foi reduzida aproximadamente 53% em 25 anos. Em 1990, o índice foi de 91 óbitos por mil nascidos e, em 2015, foi de 43 óbitos por mil nascidos. Durante esse período, houve uma redução de 12,7 milhões de óbitos para 5,9 milhões. A taxa de mortalidade neonatal (do nascimento até 28 dias) também apresentou redução de 36 óbitos por mil nascidos, em 1990, para 19 óbitos por mil nascidos, em 2015, o que significa uma diminuição de 5,1 milhões para 2,7 milhões de óbitos (WORLD HEALTH ORGANIZATION/UNITED NATIONS CHILDREN'S FUND, 2015). O Brasil está entre os países que conseguiram reduzir consideravelmente a TMI. Em 1990, o índice era de 61 óbitos por mil nascidos e em 2015 passou para 16 (WORLD HEALTH ORGANIZATION/UNITED NATIONS CHILDREN'S FUND, 2015).De acordo com o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), no Brasil, o componente neonatal precoce (0-6 dias) tem sido responsável desde 2011 pormais de 50% dos óbitos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015a). Esse dado confirma que as estratégias usadas para reduzir o componente de mortalidade neonatal, principalmente perinatal (de 22 semanas gestacionais completas aos sete dias completos após o nascimento) foram as que mais falharam e que apresentaram menor índice de redução (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012a). Em relação à etiologia, a Organização Mundial de Saúde (OMS) indica que 80% dos óbitos no período neonatal relacionam-se as três principais causas a seguir: 1) complicações de prematuridade, seguida de 2) complicações associadas 19 ao parto (incluindo asfixia ao nascer) e 3) infecções neonatais (incluindo sepse, pneumonia, meningite e diarreia), e aproximadamente 10% relacionam-se a anomalias congênitas (AC)(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2014a; LAWN, et al, 2014). No Brasil, de acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), as afecções perinatais, também denominadas causas perinatais, apresentadas no Capítulo XVI, são as principais causas de mortalidade neonatal, correspondendo a 58% dos óbitos, seguida das anomalias congênitas(AC), apresentadas no Capítulo XVII, com 22% dos óbitos no período neonatal (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015a) e tem sido a segunda causa de óbito em menores de um ano. Deste modo, no Brasil, assim como na América Latina, as anomalias tornaram-se um grave problema de saúde pública (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2010). Anomalias congênitas (AC) ou malformações congênitas (MC) ou definem- se por alterações na função e/ou estrutura do corpo detectáveis no momento do nascimento. As alterações morfológicas ou anatômicas apresentam expressões clínicas muito variadas, desde dismorfias leves, que são de grande prevalência na população, até defeitos complexos de órgãos ou segmentos corporais raríssimos. Esses defeitos podem ainda ser classificados como isolados ou associados, formando síndromes de causas ambientais e/ou genéticas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012b). As AC constituem-se em um grupo de etiologia diversas, de origem pré- natal, que podem ser causadas por defeitos genéticos, alterações cromossômicas, herança multifatorial, fatores ambientais e deficiência de micronutriente (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2014b). Outras condições que culminam da deficiência de iodo e ácido fólico, exposição a medicamentos e drogas lícitas/ilícitas, contato com produtos químicos e altas doses de radiação também são fatores associados a anomalias congênitas. Além disso, em países de baixa e média renda, as infecções maternas como rubéola e sífilis representam significativa causa de defeitos ao nascimento (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2010). 20 Ainda em relação às infecções maternas, é importante salientar que no Brasil, desde outubro de 2015 a dezembro de 2016, segundo as definições do Protocolo de Vigilância, foram notificados 10.867 casos de microcefalia. Além disso, foram observadas outras anomalias congênitas como calcificações intracerebrais e atrofia muscular severa, malformações do desenvolvimento cortical, volume cerebral diminuído, ventriculomegalia e hipoplasia do cerebelo ou do tronco cerebral (CAVALHEIRO et al., 2016). Permanecem em investigação 3.183 (29,3%), sendo que os outros 7.684 (70,7%) casos foram investigados e classificados. Destes casos, 2.366 foram confirmados, 49 prováveis e 5.269 descartados como microcefalia, devido à ocorrência de infecção materna durante a gestação pelo Zika Vírus, distribuídos em 1.837 (33,0%) dos 5.570 municípios brasileiros (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016). Embora a microcefalia seja a alteração clínica mais evidente, a infecção pelo Zika Vírus tem repercussões importantes tanto a nível socioeconômico, quanto emocional. É necessário que as implicações sobre a saúde materna e infantil sejam melhor avaliadas, pois até o momento esses dados são limitados, para se garantir atenção integral e acesso a serviços de qualidade às famílias afetadas (KARWOWSKI et al., 2016; BASARAB et al., 2016). Mundialmente, as anomalias congênitas afetam aproximadamente um em cada 33 recém-nascido (RN) e são responsáveis pela incapacidade de 3,2 milhões de RN por ano (ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD, 2015). A Organização Mundial de Saúde (OMS) estimou que, no ano de 2010, 276.000 RN morreram no período neonatal por anomalias congênitas e que 94% das anomalias congênitas graves ocorrem em países de baixa e média renda. Muitas vezes, as mulheres desses países têm acesso limitado a alimentos nutritivos e acabam consumindo em quantidade insuficiente, estando mais expostos a agentes infecciosos e ambientais, como álcool, o que aumenta a incidência de desfecho pré-natal anormal (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2014b). 21 As anomalias congênitas podem ser classificadas como menores e maiores. As anomalias menores são alterações anatômicas, funcionais ou estéticas que não causam grandes problemas de saúde no período neonatal. Na maioria das vezes não requerem intervenção estética, médica ou cirúrgica, podendo ser únicas ou múltiplas e estarem associadas a anomalias maiores. Entre elas, cita-se a polidactilia e hipospádia (MARCONDES et al., 2002;MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012b).Em contrapartida, as anomalias maiores são alterações que resultam em defeitos anatômicos, funcionais ou estéticos graves e podem levar à morte ou requerem a necessidade de intervenção estética, médica ou cirúrgica, como, defeitos do tubo neural e cardiopatia congênita (MARCONDES et al., 2002;WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2014b). As anomalias cardíacas constituem o grupo de anomalias congênitas mais comuns ao nascimento e são definidas como alterações que atingem a estrutura cardíaca ou de grandes vasos intratorácicos, em diversas formas anatômicas (HOFFMAN; KAPLAN, 2002; PARK, 2015). A mortalidade infantil por anomalias congênitas cardíacas varia entre os países. Por exemplo, nos Estados Unidos da América (EUA) aproximadamente 40 mil RN apresentam, no nascimento, anomalias cardíacas congênitas, ou seja, no mínimo 8:1.000 RN apresentam defeitos cardíacos (AMERICAN HEARTH ASSOCIATION, 2015). Anteriormente, Mitchell, Korones e Berendes (1971), em seu estudo, por meio da análise de 56.109 nascimentos dos quais 457 eram portadores de cardiopatias, identificaram incidência similar (8:1.000 nascimentos). Ressaltaram ainda nas autópsias realizadas que o óbito ocorreu com maior prevalência (89%) no período neonatal. Vale salientar que a prevalência das cardiopatias congênitas depende da população estudada. Estudos realizados pelo Centers of Disease Control and Prevention (2012) identificaram que aproximadamente 24% dos RN que morreram no primeiro ano de vida apresentaram algum tipo de cardiopatia congênita. Estima-se que, no Brasil, a prevalência de anomalias cardíacas congênitas seja de 9:1.000 RN por ano, ou seja, 25.757 novos casos de cardiopatias congênitas 22 por ano (PINTO JUNIOR et al., 2015). A cura é espontânea em aproximadamente 20% dos casos, estando esses relacionados a defeitos menos complexos e com discreta repercussão hemodinâmica (PINTO JUNIOR et al., 2004). O diagnóstico da cardiopatia congênita, na maioria das vezes, não é fácil, tendo em vista que o quadro clínico depende de fatores como o tipo e a gravidade da cardiopatia. Algumas cardiopatias congênitas podem ser identificadas pelo nível de cianose que apresentam; outras podem apresentar um sopro inocente e permanecerem assintomáticas até a fase adulta (NORDON; PRIGENZI, 2012). Portanto, as anomalias cardíacas descrevem um grupo de diversas doenças com variadas consequências hemodinâmicas, bem como diferentes necessidades de acompanhamento e tratamento(CASTILLO et al., 2010). De acordo com avaliação realizada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular, apenas 30% dos RN com cardiopatia congênita têm acesso a tratamento cirúrgico, ou seja, há um déficit de 70%. No entanto, outras regiões como Norte e Nordeste podem apresentar valores ainda mais alarmantes, com um déficit de 93,5% e 77,4% respectivamente (PINTO JUNIOR et al., 2004). Embora a maioria das anomalias cardíacas congênitas possa ser diagnosticada por meio de ultrassonografia cardíaca fetal, alguns defeitos permanecem desafiadores e com um diagnóstico pré-natal complicado. A persistência de alterações cardíacas comuns no período fetal, após o nascimento, pode mascarar outros defeitos cardíacos. Nesse sentido, curta permanência do RN na unidade hospitalar pode contribuir para desafios no diagnóstico precoce (FILLIPPS; BUCCIARELLI, 2015). Portanto, a identificação, o diagnóstico e o tratamento precoce das anomalias congênitas resultam de uma interação de fatores, dentre eles o trabalho em equipe multidisciplinar e o grau de comprometimento dos envolvidos no processo. Desse modo, o resultado final tem relação direta com a participação de cada integrante especialista (FROTA et al., 2014). Mediante a importância das anomalias congênitas, dentre as quais destacam-se as cardiopatias, percebeu-se a necessidade de realizar uma pesquisa 23 que verificasse quais características neonatais e maternas estão relacionadas ao óbito em RN diagnosticados com cardiopatia congênita, na cidade de Goiânia, haja visto que a frequência de anomalias congênitas são a segunda causa de óbito no Brasil. Por meio da revisão da literatura, foi possível identificar que estudos sobre cardiopatias congênitas são escassos. Nesse sentido, esse estudo visa contribuir para disseminação do conhecimento acerca das características neonatais e maternas relacionadas ao óbito por cardiopatias congênitas, consequentemente no direcionamento da assistência da equipe multiprofissional, na implementação de medidas de promoção da saúde materno-infantil e prevenção de morbidade e mortalidade no período neonatal. 24 2. OBJETIVOS 2.1.1. Objetivo Geral Analisar as características neonatais e maternas relacionadas ao óbito em recém-nascidos com cardiopatia congênita. 2.2. Objetivos Específicos 1. Caracterizar os recém-nascidos com cardiopatia congênita, segundo os dados maternos, da gestação e do nascimento; 2. Caracterizar os recém-nascidos com cardiopatia congênita, segundo características relacionadas à doença e evolução; 3. Estimar a prevalência de nascimento e óbito de recém-nascidos com cardiopatia congênita entre 2005 a 2015 em um hospital de Goiás. 4. Verificar a associação entre as alterações clínicas maternas e neonatais e a ocorrência de óbito no recém-nascido com cardiopatia congênita; 25 3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1 Anatomia e fisiologia cardíaca fetal/neonatal A formação inicial do coração é estimulada pelos sinais indutores do endoderma anterior. Os cordões angioblásticos, também denominados cordões endoteliais, são o sinal mais precoce do coração no mesoderma cardiogênico durante à terceira semana embrionária. A canalização destes cordões é responsável pela formação de dois tubos cardíacos delgados. Os tubos endocárdicos cardíacos se aproximam um do outro, conforme vai ocorrendo o dobramento embrionário 26 lateral e se fundem para dar origem a um único tubo cardíaco. A fusão dos tubos cardíacos tem origem na extremidade cranial do coração e se estende caudalmente. Assim sendo, os batimentos cardíacos iniciam entre os dias 22 e 23 da fecundação e o fluxo sanguíneo por volta de quarta semana de gestação (MOORE, PERSAUD, TORCHIA, 2012). Durante o desenvolvimento do feto, a circulação fetal possui estruturas específicas que permitem a troca de substâncias dele com a mãe, ele ainda é apto a realizar ajustes regulatórios, quando necessário (REZENDE, 2012). A placenta formada no fundo do útero materno se conecta ao feto por meio do cordão umbilical, permitindo assim a troca de substância entre a circulação materna e fetal. As artérias umbilicais são responsáveis pelo transporte de sangue do feto para placenta, assim a placenta faz a captação de oxigênio (O2) e nutrientes, elimina gás- carbônico (CO2) e ainda excretas. Por sua vez, as veias umbilicais transportam o sangue oxigenado e rico em nutrientes que retornou da placenta alcançando o fígado do feto, este se divide em dois ramos (seio portal e ducto venoso). Deste modo, o seio portal conduz sangue para o fígado e ducto venoso conduz sangue em direção ao coração (TORTORA; DERRICKSON, 2012). O sangue oxigenado, oriundo do ducto venoso, mistura-se, na veia cava inferior, ao sangue desoxigenado que retornou dos membros inferiores do feto. Através das diferenças de velocidade e direção o sangue melhor oxigenado é dirigido pela crista e dividem-se, através do forame oval, para o átrio esquerdo, ventrículo esquerdo, artéria aorta ascendente, fornecendo O2 e nutrientes para o coração e cérebro. Enquanto isso, o sangue desoxigenado dos membros superiores desemboca no átrio direito. Através da veia cava superior, flui sangue para o ventrículo direito e artéria pulmonar. A maior parte desse fluxo é direcionado para o ducto arterioso e artéria aorta descendente, uma vez que é elevada a resistência vascular pulmonar; a outra parte atinge os pulmões, que ainda não são funcionantes (REZENDE, 2012; TORTORA; DERRICKSON,2012). O sangue que flui pela artéria aorta descendente é transportado para os demais órgãos fetais pela circulação sistêmica. Pelas artérias ilíacas comuns, o 27 sangue flui para órgãos pélvicos, membros inferiores e artérias umbilicais que conduzem sangue para a placenta, promovendo nova troca de substâncias (Figura 1). Figura 1: Circulação fetal. FONTE: MOORE, K.L.;PERSAUD,T.V.N; TORCHIA, M.G.Embriologia Clínica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. 28 Depois do nascimento, quando a circulação feto placentária é interrompida e inicia-se o funcionamento dos diversos sistemas orgânicos, destaca-se que o pulmão torna-se funcionante e importantes modificações circulatórias acontecem (MOORE; PERSAUD; TORCHIA, 2012). O pinçamento do cordão umbilical é um dos fatores que desencadeia uma série de alterações do fluxo sanguíneo. A partir desse momento, a circulação placentária estará ausente. O resultado será a queda imediata na pressão sanguínea da veia cava inferior e do átrio direito, culminando em aumento da pressão do lado esquerdo, processo que se acentua com o início da respiração. A respiração participa do processo reduzindo a resistência vascular pulmonar, conseguinte com o aumento do fluxo sanguíneo pulmonar. Desta forma, em pouco tempo ocorre o fechamento do forame oval (REYNOLDS, 2013). Ocorre ainda o fechamento do ducto arterioso que, por possuir musculatura lisa, se contrai no momento do nascimento. É possível que, alguns dias depois do nascimento, persista uma derivação sanguínea da artéria aorta para a pulmonar (REZENDE, 2012). O ducto venoso tem o seu fechamento mediado pelo aumento do O2 e redução da liberação de prostaglandinas E2 (PGE2), esta responsável pela constrição do músculo liso vascular. Associados a esses fatores, estão ainda a atividade do sistema nervoso autônomo, reservas nutricionais, maturidade dos músculos e trifosfato de adenosina (ATP). Desse modo, ocorre a transição da circulaçãofetal para neonatal (REYNOLDS, 2013). 3.2. Anomalias cardíacas congênitas 3.2.1. Definição, aspectos clínicos, etiologia e classificação 29 Grande parte das anomalias cardíacas congênitas não provocam alterações durante a vida fetal. No entanto, ao nascer, há a cessação da circulação feto placentária. A partir deste momento, as cardiopatias congênitas tornam-se evidentes. Algumas anomalias cardíacas congênitas culminam em pouca capacidade vital após o nascimento, mas são compatíveis com a vida. Entretanto, outras são incompatíveis com a vida extra-uterina (MOORE; PERSAUD; TORCHIA, 2012). As anomalias cardíacas congênitas são definidas como alteração estrutural do coração ou dos grandes vasos do toráx, que têm potencial significado funcional (MITCHELL; KORONES; BERENDES, 1971). No entanto, essa definição exclui anormalidades venosas sistêmicas, como persistência de veia cava superior esquerda, anormalidades de ramos arteriais sistêmicos combinados com o tronco da artéria esquerda e ainda arritmias associadas a anomalias estruturais, por não ser possível obter reconhecimento completo em vida e pós-morte (MITCHELL, 1957). Ademais, outras arritmias congênitas são excluídas, como complexo QT longo e Síndrome de Wolf-Parkinson-White, hipertrofia cardíaca e cardiomiopatia dilatada, mesmo sendo alterações existentes no nascimento (HOFFMAN; KAPLAN, 2002). Ainda podem apresentar-se isoladas, em 90% das vezes (GONZALES et al, 2005), associadas a outras anomalias congênitas ou ainda pertencentes a um grupo maior, como síndromes genéticas, sejam cromossômicas ou monogênicas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012b). A gravidade de algumas alterações cardíacas normalmente presentes no nascimento, bem como as alterações fisiológicas que acontecem normalmente no período neonatal tornam essa fase crítica para o RN com cardiopatia congênita (AMARAL et al.,2002). Inúmeras anomalias cardíacas congênitas se manifestam no período neonatal, porém, apresentam pouca variação. As cardiopatias congênitas apresentam-se com manifestações clínicas variadas (PORTO, 2005; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012c). Os principais sinais clínicos encontrados são: cianose, 30 presença de sopro cardíaco e taquipnéia. Portanto, na presença de um ou mais desses sinais, torna-se necessário investigar a presença de cardiopatia congênita. O diagnóstico diferencial torna-se difícil uma vez que os sinais clínicos se apresentam em outras patologias no período neonatal (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012c). A maioria das anomalias cardíacas congênitas são de etiologia desconhecida (GONZALES et al., 2005), porém, podem resultar do uso de drogas lícitas/ilícitas, doenças maternas (infecções congênitas ou diabetes mellitus) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012b), ou ainda pela associação de fatores ambientais e genéticos, ou seja, multifatorial. O entendimento sobre os aspectos moleculares envolvidos no desenvolvimento do coração anômalo ainda é pouco compreendido (MOORE; PERSAUD; TORCHIA, 2012). As principais associações com cardiopatia congênita envolvem infecções agudas ocorridas durante o período gestacional, entre elas estão toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus e herpes simples, também conhecidas como TORCH. Elas podem evoluir durante a gestação de forma subclínica, com consequente acometimento fetal (LIU et al., 2009). Outros fatores como baixo nível de escolaridade, hipóxia ou asfixia neonatal, infecção respiratória em gestações anteriores, infecções maternas, número de gestações e estresse materno também constituem fatores de risco (LIU et al., 2009; ARAUJO et al., 2014). Há ainda relação estatisticamente significante entre óbito e algumas variáveis como prematuridade, idade, baixo peso, gemelaridade, história familiar de cardiopatia congênita, consanguinidade e gestação tardia (idade materna acima de 35 anos) (COSTA, OSELLA, 2006; BRUM, 2014).A idade materna menor que 15 e maior que 35 anos tem sido um fator de risco para cardiopatias congênitas associadas à cromossomopatias, conforme estudo realizado por Benavides-lara et al. (2011). No entanto, quando avaliada de forma isolada, os resultados para tal variável, isolada de cardiopatia congênita, é inconsistente (MENACKERE, 2008; BENAVIDES-LARA et al., 2011). 31 As classificações das anomalias cardíacas congênitas são diversas, podendo ser classificadas de acordo com a presença ou ausência de cianose, bem como de acordo com os padrões do fluxo sanguíneo (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012c; WONG, 2014). A cianose é definida como a coloração azulada de membranas mucosas e da pele. É resultado da elevação da hemoglobina reduzida, geralmente acima de 5g%. A etiologia é variada podendo ser decorrente de anomalias cardíacas, doenças pulmonares ou do sistema nervoso central (SNC) (PARK, 2015). Existem duas classificações para categorizar os problemas cardíacos congênitos. A primeira, com um critério tradicional, classifica as cardiopatias congênitas pela presença ou ausência de cianose, subdivide em cardiopatias cianóticas e acianóticas, respectivamente. No entanto, essa classificação é problemática, visto que alguns indivíduos podem ser diagnosticados com cardiopatia acianótica e apresentarem cianose. E ainda, as cianóticas podem apresentar-se rosadas e possuir características clínicas de insuficiência cardíaca (WONG, 2014). A classificação por cianose é utilizada, pois a detecção pode ser realizada através da aferição da saturação periférica de oxigênio, que pode ser facilmente verificada com a oximetria de pulso, além de ser um procedimento de simples e de baixo custo, com efetividade e eficácia (LEVESQUE, 2000; MINISTERIO DA SAÚDE, 2014a). O Quadro 1 resume as principais cardiopatias congênitas classificadas de acordo com a presença ou ausência de cianose. Quadro 1- Principais cardiopatias congênitas, classificadas de acordo com a presença ou ausência de cianose. Acianóticas Cianóticas Comunicação interatrial (CIA) Tetralogia de Fallot Comunicação interventricular (CIV) Transposição de grandes vasos 32 Persistência do canal arterial (PCA) Atresia tricúspede e pulmonar Síndrome hipoplásica do coração esquerdo Estenose pulmonar grave FONTE: WONG, 2014 (adaptado). A segunda classificação mais utilizada tem sido baseada nas características hemodinâmicas, conforme padrões de fluxo sanguíneo cardíaco, classificadas de acordo com hiperfluxo ou hipofluxo pulmonar, ou seja, quando a apresentação clínica decorre da restrição ou fechamento do canal arterial (WONG, 2014). Quando se manifestam no período neonatal, as cardiopatias congênitas são consideradas graves e necessitam de algum tipo de intervenção invariavelmente. O Quadro 2 descreve as características das principais cardiopatias congênitas, também conhecidas como cardiopatias congênitas críticas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012c). Quadro 2- Características das principais cardiopatias congênitas, classificadas de acordo com hiperfluxo ou hipofluxo pulmonar. Agrupamento Fisiopatologia Principais anomalias Quadro clínico Cardiopatias com fluxo pulmonar dependente do canal arterial Caracteriza-se pela presença de shunt direita-esquerda, com consequente redução do fluxo pulmonar, depende da permeabilidade do canal arterial. Atresia pulmonar com septo ventricular íntegro; Atresia pulmonar com comunicação interventricular; Tetralogia de Fallot com atresia pulmonar; Atresia tricúspede; Cianose grave; Sat O2 menor 80%; Desconforto respiratório grave ou ausência de débito cardíaco. 33 Estenose pulmonar grave. Cardiopatias com fluxosistêmico dependente do canal arterial Caracteriza-se pela obstrução do fluxo sistêmico na saída do ventrículo esquerdo ou do arco aórtico, consequentemente torna-se dependente do canal arterial. Síndrome hipoplásica do coração esquerdo; Estenose de valva aórtica; Coarctação de artéria aorta; Interrupção do arco aórtico. Taquipnéia; Baixo débito cardíaco; Cianose discreta (Sat O2 maior 90%); Ausculta cardíaca hiperfonética em foco pulmonar. Cardiopatias com circulação em paralelo Caracteriza-se pelo retorno venoso sistêmico ser orientado para artéria aorta, enquanto o retorno venoso pulmonar ser orientado para artéria pulmonar, sendo necessária a presença de uma circulação paralela. Transposição das grandes artérias. Taquidispnéia (aumento progressivo); Cianose generalizada; Ausculta cardíaca hiperfonética em foco pulmonar; Área cardíaca normal ou levemente aumentada; Trama vascular pulmonar aumentada. Cardiopatias com shunt misto Caracteriza-se pela mistura intracardíaca- mista, ou seja, há shunt direita- esquerda e shunt esquerda-direita. Anômala total de veias pulmonares; Tronco arterial comum; Ventrículo único sem estenose pulmonar. Cianose discreta (Sat O2 85-92%); Taquidispnéia; ICC; Trama vascular pulmonar aumentada. Cardiopatias com shunt esquerda- direita Caracteriza-se pela presença do shunt esquerda-direita e Defeitos septais: comunicação interventricular e Taquidispneia; 34 hiperfluxo pulmonar. comunicação interatrial. ICC; Ausência de cianose; Sopro; Cardiomegalia; Ausculta cardíaca hiperfonética em foco pulmonar; Trama vascular pulmonar aumentada. FONTE: Ministério da Saúde, 2012c (adaptado). Sat O2: Saturação de oxigênio; ICC: Insuficiência Cardíaca Congestiva. Nas cardiopatias congênitas críticas, as alterações estruturais cardíacas e grandes vasos permitem que haja mistura de sangue entre as circulações pulmonar e sistêmica, com consequente redução da saturação periférica de oxigênio. A aferição da oximetria de pulso, após o nascimento, tem sido um instrumento de triagem neonatal importante para identificação precoce de alterações cardíacas, no Brasil é conhecido como Teste do Coraçãozinho (BORGES, 2013; WONG, 2014). Além disso, estudos têm demonstrado que a oximetria de pulso é um método de elevada sensibilidade e baixo custo, podendo ser implementado nas unidades de atendimento neonatal e com resultados que possam reduzir a morbimortalidade neonatal por cardiopatias congênitas cianóticas (GRANELLI et al.,2015; TSAO et al., 2016). De acordo com as classificações mais frequentes para as cardiopatias congênitas, estudos realizados por Thangaratinam et al. (2012) e Saxena et al. (2016) identificaram que dentre as acianóticas as mais prevalentes são: defeito do septo interventricular, coarctação de artéria aorta, estenose de aorta; e dentre as cianóticas: transposição de grandes vasos da base, síndrome hipoplásica do coração esquerdo, defeito do septo atrioventricular com estenose/atresia pulmonar e Tetralogia de Fallot. 35 3.2.2. Morbimortalidade e anomalias associadas Segundo a OMS, as anomalias cardíacas congênitas estão entre as anomalias congênitas mais comuns no mundo (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2010), apresentam elevadas taxas de mortalidade e morbidade e podem resultar em incapacidade crônica e aumentar os custos de serviços de saúde (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION, 2003). No Brasil, no ano de 2014, a partir de dados do DataSUS do Ministério da Saúde (MS), foram registrados 2.979.259 nascimentos. Conforme os dados, a prevalência de cardiopatia congênita no Brasil foi de 2.164 (0,07%) casos, sendo distribuídos da seguinte maneira: no Sudeste, 1.507 (69%); no Sul, 355(16%); no Nordeste, 180(8%); no Centro-Oeste, 80(4%); e no Norte, 42 (3%) casos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016). As taxas de morbimortalidade elevam-se quando as anomalias cardíacas congênitas estão associadas a anomalias cromossômicas ou anomalias extra cardíacas (7 a 50% dos casos de cardiopatia congênita). Deste modo, a necessidade de procedimento cirúrgico ou intensivo-clínico aumenta, independentemente da doença cardíaca (GRECH, GATT, 1999; GONZALES, 2009). Neste sentido, estudo retrospectivo realizado pelo Metropolitan Atlanta Congenital Defects Program, no período de 1968 a 2005, em Atlanta, Georgia - EUA, avaliou o nascimento de 7.984 RN com cardiopatias congênitas, que foram diagnosticados pelo exame clínico, autópsia ou ecocardiografia, 71,3% foram diagnosticados com cardiopatia congênita isolada, 13,5% com cardiopatia congênita múltipla, 13,1% com cardiopatia congênita associada a síndromes e 2% com cardiopatias congênitas com defeitos de lateralidade. Dentre as anomalias cardíacas congênitas múltiplas mais prevalentes, a comunicação inter-atrial correspondeu a 18,5% do total, seguido de má rotação do coração (17,2%) e defeitos conotroncais (16%) (MILLER et al., 2011). 36 Por meio do estudo de necropsia, realizado por Leite, Miziara e Veloso (2010), foi possível identificar em grupos de fetos, natimortos, lactentes e pré- escolares a prevalência das cardiopatias congênitas. Foram realizadas, no período de janeiro de 1996 a dezembro de 2007, na cidade de Brasília, no Distrito Federal, 1.591 autópsias, destas, 189 (11,9%) apresentaram cardiopatias, sendo mais prevalentes em fetos e natimortos, dos quais 70,4% apresentaram cardiopatias múltiplas, observou-se ainda maior prevalência de associação a síndromes entre os feto (26,5%). As trissomias mais frequentes foram Síndrome de Down, Edwards e Patau. Outro estudo realizado no Brasil, de base populacional, no município de Novo Hamburgo- Rio Grande do Sul, objetivou avaliar o óbito infantil no período de 2007 a 2010. A amostra foi composta por 157 fichas de investigação de óbito infantil da Vigilância da Saúde e do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM). No período investigado, 44,6% dos óbitos ocorreram no período neonatal precoce, sendo 22,3% no neonatal tardio e 33,1% no pós-neonatal, com 13,4% das cardiopatias congênitas representaram a principal causa de óbito infantil. De acordo com as informações da declaração de óbito, dentre as causas de mortalidade encontram-se: anomalias cardíacas não especificadas (7,6%) associadas à Síndrome de Edwards (1,3%) e as demais como não especificadas das câmaras, das comunicações cardíacas e de grande veia, coarctação da aorta, estenose mitral congênita, tronco arterial comum, atresia da valva pulmonar e síndrome do coração esquerdo hipoplásico (0,6%) (BRUM, 2015). Corroborando os estudos anteriores, Rosa et al. (2013) identificaram os defeitos cardíacos congênitos entre os principais encontrados associados a Síndrome de Patau, no período de 1975 a 2012, em um hospital de referência na região sul do Brasil. Denardin et al. (2015) observaram que dos 10 pacientes diagnosticados com Síndrome de Edwards, no Serviço de Medicina Fetal do Hospital Materno Infantil de Presidente Vargas, Brasil, entre janeiro de 2005 a setembro de 2013, 7 apresentaram cardiopatia congênita, com risco de óbito fetal e neonatal elevado. Doná et al. (2015) identificaram uma prevalência de 10,5% de Síndrome de 37 Down em 448 crianças com cardiopatia congênita, no período de janeiro de 2006 a julho de 2009, no Hospital Infantil de Londrina. Salienta-se ainda que RN com artéria umbilical única possuem maior risco de apresentar resultados adversos, destacando a presença de anomalias congênitas geniturináriase cardíacas como sendo as mais prevalentes. Estudo realizado por Defigueiredo et al. (2010) examinou a associação entre artéria umbilical única e defeitos cardíacos congênitos em uma amostra de 246 gestações, no segundo trimestre de gestação. As anomalias cardíacas congênitas foram identificadas em 16 casos, correspondendo a 6,5% da amostra. Tasha et al. (2014) reforça a associação descrita acima. Neste estudo, foram analisados 182 RN com artéria umbilical única e identificada a presença de 38 casos de defeitos cardíacos congênitos (21%). Ainda de forma consistente, o diabetes mellitus gestacional tem sido considerado um dos fatores de risco mais importantes no desenvolvimento de cardiopatias congênitas (SHEFFIELD et al., 2002; COSTA, OSELLA, 2006). Estudo realizado por Sheffield et al. (2002) analisou uma amostra composta por 145.196 mulheres, destas 410 (15%) foram diagnosticadas com diabetes pré-gestacional. Comparando a associação de malformações e diabetes mellitus, obtiveram os seguintes dados: a prevalência de cardiopatias congênitas nas mulheres diabéticas foi de 1,2% em comparação a 1,5% das mulheres não diabéticas que tiveram RN com cardiopatias congênitas; 4,8% dos RN com cardiopatia congênita em mulheres diabéticas e 6,1% em mulheres diagnósticas com diabetes pré-gestacional. 3.2.3. Diagnóstico pré e pós-natal A possibilidade de diagnosticar as cardiopatias congênitas ainda na vida intra-uterina, através da ecocardiografia fetal, transformou a cardiologia pediátrica contemporânea. Esta técnica simples viabilizou que condutas salvadoras pudessem ser estabelecidas na vida fetal e mesmo depois do nascimento. Geralmente, a 38 avaliação do feto com suspeita de cardiopatia congênita surge quando, durante a consulta e exames do pré-natal, o profissional identifica fatores de risco para este tipo de anomalia congênita (HAGEMANN, ZIELINSKY, 2004). Com a ecocardiografia fetal é possível visualizar estruturas cardíacas do feto através de um transdutor com o uso de ondas sonoras de alta frequência (WONG, 2014). O momento ideal para realização é a partir da 18º semana de gestação, pois é após esse período que a grande parte das alterações da função e da estrutura cardíaca pode ser diagnosticada (HAGEMANN, ZIELINSKY, 2004). Igualmente, estudo realizado por Changlani et al. (2015) constatara por meio de registros hospitalares e seguimento direcionado, a importância do diagnóstico das cardiopatias congênitas no período intra-uterino, através da ecocardiografia fetal. O diagnóstico precoce é decisivo para um desfecho favorável, pois este ato pode fazer a diferença entre a vida e a morte no período neonatal. Portanto, torna-se essencial para o diagnóstico das cardiopatias congênitas o treinamento dos profissionais para qualificá-los à identificação ultra-sonográfica com qualidade e precisão, bem como o adequado encaminhamento desses RNs a centros especializados (BACALTCHUK; ANTUNES; ZIELINSKY, 2001; ANAGNOSTOU et al., 2013). Além disso, se identificadas cardiopatias congênitas complexas, outros métodos podem ser indicados para complementar o diagnóstico, como apontaram Uittenbogaard et al. (2008). Eles mostraram que a spatio-temporal imagecorrelation, ou correlação têmporo-espacial da imagem, apresentou 75% de eficácia. Quanto maior a experiência do profissional, maior o sucesso. No entanto, este sucesso baseia-se nas corretas condições de manuseio, sendo tão importante quanto o ecocardiograma tridimensional e o tetradimensional (DEVORE, 2005). Outros métodos diagnósticos também são recomendados. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a ecocardiografia com mapeamento de fluxo em cores, realizada no período fetal ou pós-natal, é o método de diagnóstico ideal, masé uma ferramenta de triagem inviável na rotina, pelo alto custo e 39 necessidade de profissional especializado (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2011). O diagnóstico precoce das cardiopatias congênitas é essencial para atenuar as complicações, melhorar o prognóstico do RN e principalmente reduzir as taxas de mortalidade neonatal (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014a). É importante ressaltar que devido à evolução natural da patologia, as cardiopatias congênitas no período neonatal apresentam menor complexidade e/ou repercussão e, portanto, alterações mais complexas não permitem que o indivíduo alcance maior faixa etária (PINTO et al.,2004). Estudo realizado por Aamir et al. (2007) verificou o nascimento de 670.245 RN, durante 6 anos. Do total, 47 RN apresentaram cardiopatias congênitas. A maioria destes RN que apresentaram cardiopatias recebeu alta da unidade hospitalar sem o diagnóstico de cardiopatia congênita ou como RN saudável, no entanto, posteriormente tornaram-se sintomáticos e foram diagnósticos como portadores de cardiopatias congênitas. Geralmente, a alta hospitalar acontece entre 36 e 48 horas após o nascimento. Assim, os profissionais de saúde nem sempre identificam as cardiopatias congênitas críticas por ainda não terem apresentado alterações clínicas. A isso acrescenta-se ainda que a ausculta cardíaca pode ser aparentemente normal neste período (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014b). Durante a realização do exame físico a presença de alterações na ausculta cardíaca, como sopro ou desdobramento de bulhas, dificuldade respiratória, cianose e baixo ganho de peso no primeiro mês após o nascimento, deve ser critério para se suspeitar de cardiopatias congênitas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012a). Portanto, o exame físico do RN deve ser minucioso e com o objetivo de identificar alterações que possam indicar cardiopatia congênita. Desta forma, alguns sinais e sintomas devem ser avaliados, entre eles: cianose, palidez, deformidades torácicas (cardiomegalia), pulsações incomuns, baqueteamento digital (WONG, 2014). A cianose nas cardiopatias congênitas resulta de um defeito estrutural, no qual há mistura de sangue venoso e arterial ou de circulação paralela em casos de 40 dextra-transposição de grandes vasos; ou pode resultar de alterações na pressão, shunt direito-esquerdo (WONG, 2014). Portanto, a medição não invasiva da saturação de O2 tem sido uma medida orientada com o objetivo de detectar precocemente cardiopatias congênitas. Essa indicação foi baseada em uma revisão realizada nas bases de dados da Medline, no período de 1996 a 2008, pela Associação Americana de Cardiologia em conjunto com a Academia Americana de Pediatria (MAHLE et al., 2009). Para realização de diagnóstico diferencial entre cardiopatias e doenças pulmonares, é indicada a realização do Teste de Hiperóxia. Neste teste, avalia-se o valor da pressão parcial de oxigênio no sangue arterial (PaO2) por gasometria arterial do MSD (pré-ductal) e do MI (pós-ductal), após ofertar O2 na concentração de 100%, por 10 minutos. RN portadores de doenças pulmonares apresentam alteração de PaO2 para mais de 100 mmHg, enquanto que em RN com cardiopatias congênitas cianóticas a alteração é pequena nos valores de PaO2. Caso o RN seja portador de hipertensão pulmonar severa e shunt direita-esquerda, os valores de PaO2 podem não sofrer alterações com O2 a 100% (KLAUS; FANAROFF, 2015). Desta maneira, o ecocardiograma pode ser realizado com o objetivo de diferenciar se o RN é portador de cardiopatia congênita ou doença pulmonar quando o Teste de Hiperóxia é duvidoso (KLAUS; FANAROFF,2015). Granelli et al. (2009) avaliaram o uso da oximetria de pulso para detecção precoce de cardiopatia congênita em West Götaland, Suíça, comparando com outras regiões que não faziam uso da oximetria de pulso. Em West Götaland, foram avaliados 39821 RN, em 5 maternidades.Todos os RN foram diagnosticados com cardiopatia congênita critica e não houve óbito neonatal. Entretanto, nas outras regiões onde o teste não era realizado, houve RNs que receberam alta sem diagnostico da cardiopatia congênita critica e vieram a óbito. Ademais, o estudo inferiu que o exame físico associado à oximetria de pulso identificou 100% dos RN com cardiopatia congênita critica que os resultados falsos negativos foram significativamente menores, somente o exame físico é de baixa sensibilidade, e que 41 o teste a longo prazo pode ser uma medida de rastreio rentável na prevenção de morbidade neurológica e redução dos cuidados intensivos neonatais. No Brasil, a Portaria nº 20, de 10 de junho de 2014, tornou pública a realização universal da oximetria de pulso, conhecido também como teste do coraçãozinho, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), como parte da Triagem Neonatal. O teste do coraçãozinho é realizado entre 24 e 48 horas de vida, antes da alta hospitalar, a partir da aferição da oximetria de pulso do RN, no membro superior direito (MSD) e em um dos membros inferiores (MI). O resultado normal é quando a saturação do O2 for maior ou igual que 95%, na medida em ambos os membros, com diferença menor que 3% entre ambos os membros. Em caso de resultado anormal (saturação de O2 menor que 95% ou houver uma diferença igual ou maior que 3% entre os membros), orienta-se a repetição da aferição após 1 hora. Caso o resultado se confirme, será necessário encaminhar o RN para realização de ecocardiografia para esclarecer o diagnóstico (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014b). Estudo realizado por Albuquerque et al. (2015) realizou a triagem de cardiopatias congênita em 4027 RNs em uma maternidade no nordeste brasileiro, através de exame físico e oximetria de pulso. A triagem foi positiva para 43 (1,1%) RNs da amostra e identificou uma associação importante entre o exame físico e o teste de oximetria de pulso. No entanto, salienta-se que o estudo é pioneiro no nordeste brasileiro, que a incidência de cardiopatia congênita na região é menor que a descrita na literatura e que a identificação através do exame físico depende da capacitação do profissional. Entretanto, ressalta-se ainda que programas de triagem neonatal são essenciais para detecção precoce de cardiopatias congênitas. Por fim, a radiografia de tórax é outro exame que pode ser solicitado, e os parâmetros a serem avaliados são: tamanho da área cardíaca, ou seja, identificação de cardiomegalia, sendo que um padrão de normalidade não exclui cardiopatia; e avaliação da trama vascular pulmonar, que pode se apresentar diminuída ou aumentada (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012c). 42 3.2.4. Complicações das cardiopatias congênitas e tratamento O atendimento aos RNs com suspeita de cardiopatia congênita requer cuidado especial no sentido de estabelecer cuidados que visem evitar que haja deterioração clínica do paciente. Como na maioria das vezes os RNs são portadores de quadros clínicos graves, as cardiopatias congênitas devem ser diagnosticadas e tratadas imediatamente após a identificação. Além disso, o objetivo é evitar a deterioração do RN e lesões de outros órgãos, principalmente SNC (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012c; AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2015). Portanto, os RNs que são diagnosticados com alguma alteração patológica logo após o nascimento são caracterizados como sendo de alto risco e estão mais suscetíveis a infecções (o sistema imunológico ainda é imaturo), visto que estão mais expostos a procedimentos invasivos para assegurar a sobrevida (CHAVES et al., 2008). Outra complicação comum é a insuficiência cardíaca em RNs portadores de cardiopatias congênitas, a qual ocorre quando o coração não é capaz de suprir as necessidades metabólicas do tecido (AZEKA et al., 2014). Complicações no pós-operatório de cirurgias cardíacas também são comuns, as principais são as respiratórias. Estudo realizado com o objetivo de avaliar a presença ou ausência de complicações respiratórias no período pós- operatório de cirurgias cardíacas identificou que estas estavam presentes em 53% da amostra. As principais complicações respiratórias foram: derrame pleural (8/55), seguido de atelectasia (6/55), associação entre atelectasia e derrame pleural (3/55), laringite, pneumomediastino, pneumotórax, lesão pulmonar induzida pela ventilação mecânica (VM), um RN para cada (5/55). Além disso, outras complicações cardíacas e renais foram identificadas em 24% da amostra, não sendo identificada pneumonia (OLIVEIRA et al., 2012). Outra complicação que pode ocorrer nas cardiopatias congênitas é a condição clinica de crise de anóxia, hipóxia ou ataque anóxico devido a redução 43 repentina da concentração de O2 arterial, pelo desvio de sangue do lado direito para o lado esquerdo do coração. Esta complicação deve ser diferenciada de distúrbios respiratórios pela punção de artéria radial e realização de gasometria após instalação de O2 a 100% por 10 minutos (Teste de Hiperóxia) (PORTO, 2005). Aproximadamente 50% dos RNs morrem no primeiro mês de vida devido às complicações (principalmente hipóxia e insuficiência cardíaca- IC). E, sem tratamento adequado,esse índice sobe para 50% até o primeiro ano de vida (SILVA;GOMES, 2002). Além disso, nos países em desenvolvimento apenas 7% dos RNs com cardiopatia congênita têm acesso às cirurgias cardíacas (JANSEN et al., 2006).O Risco Ajustado para Cirurgia em Cardiopatias Congênitas (RACHS-1) foi desenvolvido com o objetivo de correlacionar a mortalidade às cirurgias de cardiopatias congênitas, porque, mesmo que o RN tenha sucesso com o tratamento até a intervenção cirúrgica corretiva ou paliativa, riscos não estão ausentes (JENKINS et al., 2002). Estudo realizado por Nina et al.(2007), em um hospital público no Nordeste do Brasil, avaliou a aplicabilidade do escore RACHS-1 como preditor de mortalidade na infância, no período de junho de 2001 a junho de 2004. O estudo avaliou 145 pacientes e identificou uma correlação (p< 0,001)entre o RACHS-1 e a taxa de mortalidade, acrescentando ainda que o índice de mortalidade foi de 17,2%maior do que o esperado. Entretanto, os autores concluíram que,apesar de ser de fácil aplicação, ainda é um instrumento que não pode ser usado no país, visto que os casos são referenciados tardiamente a tratamentos cirúrgicos e algumas variáveis não são contempladas. Outro estudo realizado por Cavalcante et al. (2016), em Fortaleza, no período de janeiro de 2003 a dezembro de 2014, avaliou 3.201 crianças com o objetivo de analisar a mortalidade no ambiente intra-hospitalar em crianças submetidas à cirurgia por motivo de cardiopatia congênita baseado no RACHS-1. O estudo mostrou que houve uma redução significativa na mortalidade. Por outro lado, houve um aumento significativo no número de cirurgias. Concluiu-se ainda que o 44 RACHS-1 foi útil na avaliação do risco de mortalidade, embora outros fatores, estruturais e tecnológicos, estejam relacionados com o impacto da mortalidade. Deste modo, algumas limitações que interferem na identificação precoce foram identificadas nos estudos de Nina et al.(2007), Pinto et al. (2013) e Cavalcante et al. (2016), tais como: falta de recursos na área da cardiologia pediátrica e acesso especializado, infra-estrutura precária, profissionais em processo de aprendizagem, financiamento inadequado e diagnóstico tardio. 3.2.5. Atuação do enfermeiro na assistência ao RN com cardiopatia congênita A assistência ao RN com anomalia congênita é um desafio para os profissionais de saúde, especialmente para a equipe de enfermagem, visto que o objeto dotrabalho da enfermagem é o cuidar, voltado para o atendimento das necessidades do paciente. Além disso, há ainda alguns fatores que interferem negativamente na prestação do cuidado ao RN malformado, tal como despreparo dos profissionais, processo de comunicação deficiente entre o enfermeiro e a família e a dificuldade do profissional em lidar com as próprias emoções (ALMEIDA; KIMURA, 2008; MELO; PACHECO, 2013). A enfermagem visa promover uma assistência integral, universal e com acessibilidade às diversas tecnologias disponíveis para o cuidado. Nesta linha, a adequada e qualificada atenção no momento do nascimento, bem como os cuidados posteriores ao RN, com práticas simples, econômicas e baseadas em evidencias científicas podem elevar os índices de sobrevida desses pacientes. Destaca-se entre essas práticas a realização do teste do coraçãozinho (KEMPER, 2011). Nesse sentido, ele insere-se como uma tecnologia nova de cuidado, que pode ser executada pelo enfermeiro e consequentemente alterar o processo saúde-doença, identificando precocemente alterações e consequentemente reduzindo as taxas de morbimortalidade pela intervenção precoce (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014a). 45 Além disso, o atendimento ao RN com suspeita de cardiopatia congênita requer cuidado especial no sentido de estabelecer cuidados que visem evitar que haja deterioração sua clínica (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014a; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012c). Como na maioria das vezes os RNs são portadores de quadros clínicos graves (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012c), para atendimento inicial, são utilizadas as práticas de reanimação neonatal em sala de parto que se baseiam nas diretrizes publicadas pelo International Liaison Committee on Resuscitation (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2016) e protocolos da American Heart Association – AHA (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2015). No ano de 2012 a AHA elaborou o Guidelines for Perinatal Care, este documento discorre sobre medidas assistências que devem ser prestadas à gestante, ao feto e ao RN, com o objetivo de reduzir as taxas de morbimortalidade materna e infantil. O documento ressalta que a assistência prestada ao RN deve envolver uma equipe multidisciplinar composta por obstetras, pediatras, enfermeiras e parteiras dentre outros. São apresentadas ainda condutas para o atendimento à mulher durante o trabalho de parto e pós-parto e ao RN, seja na rotina ou àquele que necessita de cuidados especializados (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2012). De acordo com o documento, os cuidados aos RNs são classificados em quatro níveis de atendimento: cuidados básicos (nível I), cuidados especiais (nível II), e cuidados intensivos subespecialidade (nível III e nível IV). A classificação dos cuidados apresenta pontos positivos como: avaliação precoce e contínua de fatores de risco para prevenção, reconhecimento e tratamento de condições associadas à morbimortalidade materna e neonatal. Além disso, orienta as instituições a realizarem cuidados especializados conforme a necessidade do paciente. RN com cardiopatias congênitas são classificados no nível IV, visto que necessitam de intervenção cirúrgica (com ou sem circulação extracorpórea - CEC), além de cuidados para estabilização hemodinâmica, incluindo, principalmente, assistência na ventilação mecânica e administração de oxido nítrico (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2012). 46 Mesmo com o avanço da ciência nas cirurgias cardíacas, estas geralmente são complexas, sendo os recursos intra-operatórios específicos e pós-operatórios relevantes para o sucesso do procedimento cirúrgico. O que exige cuidados especializados e intensivos, principalmente frente às principais complicações, as pulmonares (LEGUISAMO et al., 2005). 4. METODOLOGIA 4.1. Delineamento, local e período de estudo 47 Trata-se de um estudo transversal, retrospectivo e com abordagem quantitativa. Utilizou-se, para tanto, dados secundários coletados dos prontuários de RN com cardiopatia congênita,atendidos em um Hospital Público em Goiânia-GO, no período de 2005 a 2015. O estudo de corte transversal constitui uma subcategoria dos estudos observacionais mais amplamente difundidos e publicados em pesquisa epidemiológica. Esse tipo de delineamento tem como propósito investigar os eventos de saúde de uma população específica, averiguar a associação existente entre a exposição e a doença, o que reforça a necessidade de se conhecer suas principais características para cada um dos indivíduos estudados, e determinar a ocorrência ou ausência do incidente (desfecho) (GREENHALGH, 2008). Ademais, um dos principais interesses pela escolha desse tipo de estudo, se deve ao baixo custo, rapidez, menor complexidade e objetividade na coleta de dados (BASTOS; DUQUIA, 2007). Na pesquisa descritiva, não há interferência do pesquisador, isto é, ele descreve o objeto de pesquisa. Procura descobrir a frequência com que um fenômeno ocorre, sua natureza, características, causas, relações e conexões com a de campo. Conceitua-se a pesquisa documental como a que se efetua tentando resolver um problema ou adquirindo conhecimentos, a partir do emprego predominante de informações advindas de material gráfico, sonoro ou informatizado (BARROS; LEHFELD, 2007). 4.2. Descrição do cenário da pesquisa De acordo com o regimento interno da instituição (2009), o hospital em estudo é uma Unidade de Saúde Estadual, com atendimento de média e alta complexidade, referência na área materno-infantil da região Centro-Oeste, bem como para outras regiões do país, de médio porte, inserida no contexto do Sistema Único de Saúde – SUS. Contribui ainda para o ensino, por meio de convênio com o 48 Ministério da Educação e Cultura – MEC, para residência de enfermagem obstétrica e residências médicas de Ginecologia/Obstetrícia, Pediatria, Terapia Intensiva, Mastologia, Vídeo-laparoscopia e Ultrassonografia. Também oferece campo de estágio para a formação de profissionais da saúde de nível superior (Universidades e Faculdades) e médio (escolas profissionalizantes). O hospital dispõe de 181 leitos, sendo 53 críticos, distribuídos em dois pavimentos, com atendimentos de: Terapia Intensiva Materna, Pediátrica e Neonatal; Emergências e Urgências da Criança e da Mulher; Ambulatórios com especialidades médicas em Pediatria de: Cardiologia, Cirurgia Plástica, Nefrologia, Neurologia, Otorrinolaringologia, Gastroenterologia, Dermatologia, Hebiatria, Crescimento / Desenvolvimento de Alto Risco e Ortopedia; Ambulatórios em especialidades médicas em Ginecologia / Obstetrícia: Climatério, Vídeo-laparoscopia e Histeroscopia, Esterilidade, Medicina Fetal, Mastologia, Patologia Cervical, Planejamento Familiar, Oncologia-ginecológica, Ginecologia Geral, Pré-Natal de Alto Risco, Uro-Dinâmica, InfantoPuberal, Puerpério, Cirurgias Plástica e Geral e atendimento às vítimas de violência sexual. 4.3. População A população foi constituída por puérperas e seus RNs vivos diagnosticados com anomalias congênitas, na maternidade do Hospital Público. 4.4. Critérios de inclusão Puérperas e RN vivos que descritos em seus prontuários apresentaram cardiopatia congênita confirmada por meio de ecocardiograma. É considerado vivo todo feto que, ao nascer, tenha apresentado quaisquer das seguintes manifestações 49 compatíveis com a vida: batimentos cardíacos, pulsação de cordão umbilical ou movimento de músculos voluntários (CARTLIDGE; STEWART, 1995). 4.5. Critérios de exclusão Os critérios de exclusão adotados foram erros de registro das internações e
Compartilhar