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Cardiopatia e Doenças Relacionadas ao Coração

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS 
FACULDADE DE ENFERMAGEM 
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MARÍLIA CORDEIRO DE SOUSA 
 
 
 
 
 
 
 
 
CARACTERÍSTICAS MATERNAS E NEONATAIS RELACIONADAS 
AO ÓBITO EM RECÉM-NASCIDOS COM CARDIOPATIA CONGÊNITA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GOIÂNIA, 2017 
 
 
 
 
 
MARÍLIA CORDEIRO DE SOUSA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CARACTERÍSTICAS MATERNAS E NEONATAIS RELACIONADAS 
AO ÓBITO EM RECÉM-NASCIDOS COM CARDIOPATIA CONGÊNITA 
 
 
Dissertação de mestrado apresentada ao Programa 
de Pós-graduação em Enfermagem, da Faculdade 
de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás, 
como parte dos requisitos de avaliação para 
obtenção do título de Mestre em Enfermagem. 
 
 
Área de concentração: A enfermagem no cuidado à saúde humana 
Linha de pesquisa: Fundamentação teórica, metodológica e tecnológica para o 
cuidar em saúde e enfermagem. 
Orientadora: Profª. Dra. Ana Karina Marques Salge Mendonça 
Coorientadora: Profª. Dra. Janaína Valadares Guimarães 
 
 
 
 
 
 
 
GOIÂNIA, 2017 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do 
Programa de Geração Automática do Sistema de Bibliotecas da UFG. 
 
 
Cordeiro de Sousa, Marilia 
CARACTERÍSTICAS MATERNAS E NEONATAIS RELACIONADAS AO 
ÓBITO EM RECÉM-NASCIDOS COM CARDIOPATIA CONGÊNITA 
[manuscrito] / Marilia Cordeiro de Sousa. 
- 2017. 
CVII, 107 f.: il. 
 
 
Orientador: Profa. Dra. Ana Karina Marques Salge Mendonça; co 
orientadora Dra. Janaina Valadares Guimarães. 
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Goiás, Faculdade de 
Enfermagem (FEN), Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, 
Goiânia, 2017. 
Bibliografia. Anexos. Apêndice. 
Inclui siglas, abreviaturas, tabelas, lista de figuras, lista de tabelas. 
 
1. cardiopatia congenita. 2. óbito. 3. recém-nascido. I. Marques 
Salge Mendonça, Ana Karina , orient. II. Título. 
 
 
CDU 616-083 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este estudo foi desenvolvido junto ao 
Grupo de Estudos em Saúde da Mulher, 
do Adolescente e da Criança (GESMAC) 
da Faculdade de Enfermagem da 
Universidade Federal de Goiás (UFG). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
Dedico este estudo ao meu Senhor, que me deu 
força, coragem e me manteve em pé. 
À minha amada mãe, Neuza Maria e ao meu 
sempre amado, Ettore Orsoni, que mesmo em 
longe esteve me iluminando. 
Ao meu esposo, Danyllo Alfredo, por 
compreender meus momentos de ausência. 
As amigas que ganhei Lívia, Amanda e 
Laura, pela presença essencial em minha 
jornada. 
AGRADECIMENTOS 
 
À Deus o agradecimento pelo dom da vida, proteção e iluminação. 
À querida professora Dra. Ana Karina, por ter acreditado no meu potencial, pela orientação 
prestada, ensinamentos, oportunidades e paciência. Meu exemplo de conhecimento. Obrigada! 
À minha amada mãe, Neuza Maria, que com seu exemplo me ensinou a nunca desistir e 
acreditar que eu sou capaz, que meus sonhos podem ser realizados. 
Ao meu sempre amado, Ettore Orsoni, Deus te levou antes que você pudesse compartilhar desse 
momento, mas sei que onde quer que esteja, estará feliz com a minha vitória. Porque ela 
também é sua. 
Ao meu esposo, Danyllo Alfredo, por ter caminhado ao meu lado e que em muitos momentos 
compreendeu a minha ausência. Amo você coração! 
Ao meu pai, Amâncio, e aos meus irmãos, Leandro, Maria e Manoel, por acreditarem em mim 
e pelo apoio em todos os momentos difíceis. Amo vocês! 
Aos meus queridos amigos, pela compreensão e ouvidos sempre atentos. Obrigada por fazerem 
parte da minha vida e deixá-la mais feliz. 
À Livia Roberta, minha companheira! Serei sempre agradecida a Deus por tê-la colocado em 
meu caminho, você tornou a minha jornada mais alegre. 
Ao grupo de pesquisa GESMAC pelo acolhimento e experiências vividas. Em especial, às 
colegas Amanda, Fernanda e Laura que disponibilizaram do seu tempo para ajudar-me. 
Às professoras Dra. Flaviana Vieira, Dra. Thaila Castral pelas contribuições que 
enriqueceram este estudo durante a qualificação e que prontamente aceitaram participar de 
minha banca. 
À professora Dra. Janaina Valadares pelo exemplo de profissional e pelas contribuições que 
enriqueceram este estudo. Todo o meu carinho e admiração. 
À equipe de docentes do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Enfermagem e 
funcionários da Faculdade de Enfermagem que contribuíram de forma única para meu 
aprimoramento intelectual, profissional e pessoal. 
À equipe do Hospital Materno Infantil que colaborou com a realização deste estudo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Seu trabalho vai preencher boa parte da sua vida e a única maneira de ser verdadeiramente 
satisfeito é fazer o que acredita ser um ótimo trabalho. E a única maneira de fazer um ótimo 
trabalho é amar o que faz”- Steve Jobs 
SUMÁRIO 
 
LISTA DE QUADROS10 
LISTA DE TABELAS11 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS12 
RESUMO13 
RESUMEN15 
1. INTRODUÇÃO18 
2. OBJETIVOS24 
2.1. Geral24 
2.2. Específicos24 
3. REVISÃO DE LITERATURA25 
3.1 Anatomia e fisiologia cardíaca fetal/neonatal25 
3.2. Anomalias cardíacas congênitas28 
3.2.1. Definição, aspectos clínicos, etiologia e classificação28 
3.2.2. Morbimortalidade e anomalias associadas35 
3.2.3. Diagnóstico pré e pós-natal37 
3.2.4. Complicações das cardiopatias congênitas e tratamento42 
3.2.5. Atuação do enfermeiro na assistência ao RN com cardiopatia congênita44 
4. METODOLOGIA46 
4.1. Delineamento, local e período de estudo46 
4.2. Descrição do cenário da pesquisa47 
4.3. População48 
4.4. Critérios de inclusão48 
4.5. Critérios de exclusão49 
4.6. Fonte de dados49 
4.7. Instrumento de coleta de dados49 
4.8. Procedimento para coleta dos dados50 
4.9. Variáveis de estudo51 
4.9.1 Variáveis preditoras51 
4.9.2. Desfecho52 
4.10. Análise dos dados52 
4.11. Aspectos ético-legais53 
4.12. Responsabilidade do pesquisador54 
5.RESULTADOS55 
5.1. O recém-nascido com Cardiopatia Congênita55 
5.1.1. Dados sociodemográficos maternos55 
5.1.2. Dados obstétricos57 
5.1.3 Dados do recém-nascido59 
 
5.1.4 Dados das variáveis da malformação cardíaca congênita63 
6. DISCUSSÃO72 
6.1. Variáveis sociodemográficas e obstétricasErro! Indicador não definido. 
6.2. Variáveis do nascimento e neonataisErro! Indicador não definido. 
6.3.Variáveis da cardiopatia congênitaErro! Indicador não definido. 
6.4.Associação das variáveis sociodemográficas maternas, obstétricas, neonatais e da 
malformação cardíaca congênita ao óbito neonatalErro! Indicador não definido. 
7. LIMITAÇÕES DO ESTUDO82 
8. CONCLUSÃO83 
9. REFERÊNCIAS85 
ANEXO 1- Parecer consubstanciado do CEP94 
ANEXO 2- Parecer consubstanciado do CEP96 
ANEXO 3- Comprovante de envio do projeto 98 
ANEXO 4- Dados do parecer do projeto de pesquisa99 
APÊNDICE A- Instrumento de coleta de dados101 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
Quadro 1- Principais cardiopatas congênitas classificadas de acordo com a 
presença ou ausência de cianose ............................................................................. 28 
Quadro 2- Características das principais cardiopatias congênitas classificadas de 
acordo com hiperfluxo ou hipofluxo pulmonar ...........................................................29 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
Tabela 1- Variáveis sociodemográficos maternas de recém-nascidos diagnosticados 
com cardiopatia congênita de um Hospital Público da Rede Estadual de Goiânia – 
GO, de 2005 a 2015 .................................................................................................. 49 
Tabela 2 - Variáveis obstétricas das 43 mulheres com recém-nascidos diagnosticado 
com cardiopatia congênita de um Hospital Público da Rede Estadual de Goiânia – 
GO, de 2005 a 2015 .................................................................................................. 50 
Tabela 3 -Variáveis de 43 recém-nascidos com cardiopatia congênita de um Hospital 
Público da Rede Estadual de Goiânia – GO, de 2005 a 2015 .................................. 51 
Tabela 4 – Distribuição de outras anomalias associadas em recém-nascidos 
diagnosticados com cardiopatia congênita em um Hospital Público da Rede Estadual 
de Goiânia – GO, de 2005 a 2015 ............................................................................. 52 
Tabela 5 - Classificação dos tipos de cardiopatias congênitas dos 43 recém-
nascidos de um Hospital Público da Rede Estadual de Goiânia – GO, de 2005 a 
2015 .......................................................................................................................... 53 
Tabela 6 - Distribuição das cardiopatias congênitas acianóticas de um Hospital 
Público da Rede Estadual de Goiânia – GO, de 2005 a 2015 .................................. 53 
Tabela 7 - Distribuição das cardiopatias congênitas cianóticas de um Hospital 
Público da Rede Estadual de Goiânia – GO, de 2005 a 2015 .................................. 53 
Tabela 8 - Classificação dos tipos de óbito em recém-nascidos diagnosticados com 
cardiopatia congênita de um Hospital Público da Rede Estadual de Goiânia – GO, de 
2005 a 2015 .............................................................................................................. 54 
Tabela 9- Óbito e o tipo de cardiopatia congênita em recém-nascidos de um Hospital 
Público da Rede Estadual de Goiânia – GO, de 2005 a 2015 .................................. 54 
Tabela 10 - Associação entre as alterações clínicas maternas e a ocorrência de 
óbito nos recém-nascidos com cardiopatia congênita, Goiânia-Goiás, entre os anos 
de 2005 a 2015015 ................................................................................................... 55 
Tabela 11 - Associação entre as alterações neonatais e a ocorrência de óbito 
nosrecém-nascidos com cardiopatia congênita, Goiânia-Goiás, entre os anos de 
2005 a 2015. ............................................................................................................. 56 
Tabela 12 - Associação entre o tipo de cardiopatia congênita e a ocorrência de óbito 
nos recém-nascidos com cardiopatia congênita, Goiânia-Goiás, entre os anos de 
2005 a 2015 .............................................................................................................. 56 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
AC Anomalias Congênitas 
AHA American Heart Association 
CCC Cardiopatias Congênitas Críticas 
CEC Circulação Extracorpórea 
CEP Comitê de Ética em Pesquisa 
CIA Comunicação Interatrial 
CID-10 Classificação Internacional de Doenças 
CIV Comunicação Interventricular 
CO2 Gás-carbônico 
HC Hospital das Clinicas 
HMI Hospital Materno Infantil 
ICC Insuficiência Cardíaca Congestiva 
MC Malformações Congênitas 
mmHg Milímetros de Mercúrio 
MSD Membro Superior Direito 
O2 Oxigênio 
OMS Organização Mundial de Saúde 
PaO2 Pressão Parcial de Oxigênio no Sangue Arterial 
PCA Persistência do Canal Arterial 
PGE2 Prostaglandinas E2 
RN Recém-nascido 
SAE Sistematização da Assistência de Enfermagem 
SatO2 Saturação de Oxigênio 
SBP Sociedade Brasileira de Pediatria 
SIM Sistema de Informações sobre Mortalidade 
SNC Sistema Nervoso Central 
SUS Sistema Único de Saúde 
TGA Transposição das Grandes Artérias 
TMI Taxa de Mortalidade Infantil 
UFG Universidade Federal de Goiás 
UTIN Unidade de Terapia Intensiva Neonatal 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
SOUSA MC. Características maternas e neonatais relacionadas ao óbito em 
recém-nascidos com cardiopatia congênita. [dissertação]. Goiânia: Faculdade de 
Enfermagem/ Universidade Federal de Goiás (UFG); 2016. 92p. 
 
No mundo, em diversas regiões, as anomalias congênitas têm se destacado como 
uma das principais causas de óbito no primeiro ano de vida, principalmente no 
período neonatal. Entre elas, destacam-se as cardiopatias congênitas, com 
prevalência de 8:1000 nascidos vivos. O objetivo deste estudo foi analisar as 
características neonatais e maternas relacionadas ao óbito em recém-nascidos com 
cardiopatia congênita. Trata-se de um estudo transversal, retrospectivo e com 
abordagem quantitativa. Utilizou-se dados secundários coletados dos prontuários 
das puérperas e de seus RN vivos diagnosticados com anomalias congênitas em um 
Hospital Público em Goiânia-GO, no período de 2005 a 2015. Foram incluídos 43 
recém-nascidos diagnosticados com cardiopatias congênitas, os quais preencheram 
os critérios adotados, incluindo o diagnóstico através de ecocardiograma pós-natal. 
Em relação às variáveis sociodemográficas maternas, 63% apresentaram idade 
entre 15 e 35 anos, 63% eram procedentes do interior do Estado de Goiás, 35% com 
nível de escolaridade maior ou igual a 8 anos, 40% com companheiro e 37% sem 
ocupação. Dentre as variáveis obstétricas, as multíparas representaram 60%, 
gestação a termo em 44%, cesárea em 79%, gestação única em 91% e 46% 
realizaram menos de 6 consultas de pré-natal. A média do número de consultas de 
pré-natal foi de 2,0 ± 2,5 consultas. Em relação às variáveis neonatais dos RN 
acometidos por cardiopatias congênitas, a prevalência foi do sexo feminino com 
54%, com Apgar menor ou igual 7 no 1º minuto em 51% e maior ou igual a 7 no 5º 
minuto em 51%, 93% apresentaram intercorrências no nascimento e 56% possuíam 
anomalias congênitas associadas (prevalecendo a Síndrome de Down). A idade 
gestacional ao nascimento das 43 gestações variou de 34,3 a 38,1 semanas. O peso 
do RN variou de 700g a 5.410g, sendo a média de 2.598g ±134,5g. As cardiopatias 
congênitas acianóticas acometeram 81% (35) dos RN, enquanto as cianóticas 
representaram 19% (8) casos. A taxa geral de mortalidade foi de 39,5%, ou seja, 17 
óbitos. As cardiopatias congênitas acianóticas foram responsáveis por 11 (65%) 
óbitos, enquanto as cianóticas por 6 (35%) óbitos. A média de dias de vida antes do 
óbito foi 8,5 ± 1dia, no período neonatal precoce. Observou-se que o óbito por 
cardiopatia congênita se apresentou significativo em relação às variáveis maternas: 
paridade (0,014) e tipo de gravidez (0,025), multíparas e gestação única, 
respectivamente. Houve uma associação estatisticamente significante entre o óbito 
neonatal e cardiopatia congênita cianótica (0,045). Conclui-se que as cardiopatias 
congênitas são mais prevalentes em mulheres jovens, procedentes do interior, 
multíparas, com gestação única, sendo o óbito mais comum em RN com 
cardiopatias congênitas cianóticas. Assim sendo, a redução do óbito por cardiopatia 
congênita parece depender de um acompanhamento pré-natal de qualidade, com 
diagnóstico precoce e intervenções oportunas no período pós-natal. 
 
Palavras-chaves: cardiopatia congênita, óbito, recém-nascido, gravidez de alto risco. 
 
ABSTRACT 
SOUSA MC. Maternal and newborn characteristics related to newborn children’s 
deaths with congenital cardiopathy. Goiania, Goias State. Nursing School / Goias 
Federal University (UFG); 2016. 92p. 
All over the world, in several regions, the congenital anomalies have stood out as 
one of the main causes of death in their first year of life, specially in thenewborn 
period. Among these anomalies, congenital cadiopathies, with a prevalence of 
8:1000 live births. This study aimed to analyse newborn and maternal characteristics 
related to newborn deaths with congenital cardiopathy. It is a transversal, 
retrospective study with a quantitative approach. For that purpuse, it was used 
secondary collected data from puerperal and their live newborn children patient 
records diagnosed with congenital cardiopathies in a Public Hospital in Goiania, 
Goias State, Brazil, from 2005 to 2015. It was included 43 newborn children 
diagnosed with congenital cardiopathies which fit the criteria adopted, including 
diagnosis by post-natal echocardiogram. Considering the sociodemographic 
maternal variables, 63% were from 15 to 35 years old, 63% were from Goias State 
countryside, 35% had 8 years or less of formal education, 40% were in a relationship 
and 37% were unnemployed. Among the obstetric variables, the mothers who had 
more than one child were 60%, 44% had live births, 79% had cesarean sections, 
91% were single pregnancy and 46% had less than 6 pre-natal consults. The 
average number of pre-natal consults was 2/2,5. Considering the neonatal variables 
of the newborn children who had congenital cardiopathies, most of them were female 
(54%), 51% had Apgar & or below in the first minute and 51% had Apgar 7 or above 
in the fifth minute; 93% had complications in birth and 56% had related congenital 
anomalies (specially Down Syndrome). The gestational age for the 43 pregnancies 
varied between 34,3 to 38,1 weeks. The newborns weight varied from 700g to 
5.410g, average 2.598g ± 134,5g. 81% of the newborns had acyanotic congenital 
cardiopathies while only 19% of them had the cianotic type (8 cases). The general 
mortality rate was 39,5%, i.e., 17 deaths. Acyanotic congenital cardiopathies were 
responsible for 11 deaths (65%), while the cyanotic ones were responsible for 6 
deaths (35%). The avegare of living days before death was 8,5 ± 1 days during the 
early neonatal period. It was observed that the death by congenital cardiopathy 
showed significant difference in relation to the maternal variables: parity (0,014) and 
type of pregnancy (0,025), multiple pregnancies and single gestation, respectively. 
And there was also an association estatistically significant between neonatal death 
and cyanotic congenital cardiopathy (0,045). It is concluded that congenital 
cardiopathies are more prevalent in young women, from the countryside, who had 
more than one child, with single gestation, being the death more common in newborn 
children with cyanotic congenital cardiopathies. Therefore, the reduction of death by 
congenital cardiopathy depends on high quality pré-natal care, early diagnosis and 
post-natal timely intervention. 
Key words: congenital cardiopathy, death, newborn. 
 
RESUMEN 
SOUSA MC. Las características maternas y neonatales relacionadas con la muerte 
en los recién nacidos con cardiopatía congénita. Goiânia: Escuela de Enfermaría/ 
Universidade Federal de Goiás (UFG); 2016. 92p. 
En el mundo, en diversas regiones, anomalías congénitas ha emergido como una 
causa importante de muerte en el primer año de vida, especialmente en el período 
neonatal. Entre las que se encuentran la enfermedad cardíaca congénita, con una 
prevalencia del 8: 1000 nacidos vivos. El objetivo de este estudio fue analizar las 
características neonatal y materna asociados a la muerte en los recién nacidos con 
cardiopatía congénita. Este es un enfoque de estudio de corte transversal, 
retrospectivo y cuantitativa. Se utiliza para esto, los datos secundarios recogidos de 
las historias clínicas de las madres y sus recién nacidos vivos con diagnóstico de 
anomalías congénitas en un hospital público en Goiânia, GO, de 2005 a 2015. Se 
incluyeron 43 recién nacidos con diagnóstico de cardiopatía congénita, que se reunió 
los criterios adoptados, incluyendo el diagnóstico a través de la ecocardiografía 
posnatal. En cuanto a las variables sociodemográficas de la madre, el 63% tenía 
entre 15 y 35 años, el 63% eran del interior del Estado de Goiás, el 35% con un nivel 
superior o educación equivalente a ocho años, el 40% con una pareja y el 37% en 
paro . Entre las variables obstétricas multíparas representaron el 60%, un embarazo 
a término en un 44%, parto por cesárea en un 79%, un embarazo en el 91% y el 
46% tienen menos de seis consultas prenatales. El número promedio de visitas 
prenatales fue de 2,0 ± 2,5 consultas. En relación con las variables neonatales de los 
recién nacidos afectados de prevalencia de la enfermedad cardíaca congénita eran 
de sexo femenino con un 54%, con un menor de Apgar o igual a 7 a 1 minuto y 51% 
mayor que o igual a 7 a los 5 minutos en 51%, 93% tenían complicaciones en el 
nacimiento y el 56% tienen anomalías congénitas (predominantes Síndrome de 
Down). La edad gestacional al nacer de 43 embarazos varió de 34,3 a 38,1 
semanas. El peso del recién nacido varió de 700 g de 5.410G, con una media ± 
134,5g 2.598g. acometeram acianótico congénita 81% (35) NB, mientras cianótica 
representó el 19%) (8) casos. La tasa de mortalidad global fue del 39,5%, es decir 
17 muertes. acianótico enfermedad congénita del corazón representaron 11 (65%) 
muertes, mientras que cianótica por 6 (35%) muertes. . El promedio de días de vida 
antes de la muerte de 8,5 ± 1 días en el período neonatal precoz. Se observó que la 
muerte por enfermedad cardíaca congénita mostró diferencias significativas en 
relación con variables maternas: paridad (0.014) y el tipo de embarazo (0.025), el 
embarazo y la multípara sola, respectivamente. Y también hubo una asociación 
estadísticamente significativa entre la mortalidad neonatal y la enfermedad cardíaca 
congénita cianótica (0.045). Llegamos a la conclusión de que los defectos 
congénitos del corazón son más frecuentes en mujeres jóvenes del campo, 
multíparas, con embarazo único, el más común de muerte en los niños con 
cardiopatía congénita cianótica. Por lo tanto, la reducción de la mortalidad por 
enfermedad cardiaca congénita, parece depender de una calidad de la atención 
 
prenatal, con el diagnóstico precoz y la intervención oportuna en el periodo 
postnatal. 
 
Palabras clave: enfermedad cardíaca congénita, la muerte del recién nacido. 
18 
 
1. INTRODUÇÃO 
A taxa de mortalidade infantil (TMI) é um indicador de saúde relevante para a 
saúde da criança, visto que reflete as condições de desenvolvimento social, 
econômico e infra estrutura de um país e avalia o acesso e a qualidade dos serviços 
disponíveis para a atenção a saúde materna e infantil (ORGANIZAÇÃO PAN-
AMERICANA DE SAÚDE, 2008; PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O 
DESENVOLVIMENTO, 2014). 
A TMI, em menores de 5 anos, em todo mundo, foi reduzida 
aproximadamente 53% em 25 anos. Em 1990, o índice foi de 91 óbitos por mil 
nascidos e, em 2015, foi de 43 óbitos por mil nascidos. Durante esse período, houve 
uma redução de 12,7 milhões de óbitos para 5,9 milhões. A taxa de mortalidade 
neonatal (do nascimento até 28 dias) também apresentou redução de 36 óbitos por 
mil nascidos, em 1990, para 19 óbitos por mil nascidos, em 2015, o que significa 
uma diminuição de 5,1 milhões para 2,7 milhões de óbitos (WORLD HEALTH 
ORGANIZATION/UNITED NATIONS CHILDREN'S FUND, 2015). 
O Brasil está entre os países que conseguiram reduzir consideravelmente a 
TMI. Em 1990, o índice era de 61 óbitos por mil nascidos e em 2015 passou para 16 
(WORLD HEALTH ORGANIZATION/UNITED NATIONS CHILDREN'S FUND, 
2015).De acordo com o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), no Brasil, 
o componente neonatal precoce (0-6 dias) tem sido responsável desde 2011 pormais de 50% dos óbitos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015a). Esse dado confirma que 
as estratégias usadas para reduzir o componente de mortalidade neonatal, 
principalmente perinatal (de 22 semanas gestacionais completas aos sete dias 
completos após o nascimento) foram as que mais falharam e que apresentaram 
menor índice de redução (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012a). 
Em relação à etiologia, a Organização Mundial de Saúde (OMS) indica que 
80% dos óbitos no período neonatal relacionam-se as três principais causas a 
seguir: 1) complicações de prematuridade, seguida de 2) complicações associadas 
19 
 
ao parto (incluindo asfixia ao nascer) e 3) infecções neonatais (incluindo sepse, 
pneumonia, meningite e diarreia), e aproximadamente 10% relacionam-se a 
anomalias congênitas (AC)(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2014a; LAWN, et al, 
2014). 
No Brasil, de acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), 
as afecções perinatais, também denominadas causas perinatais, apresentadas no 
Capítulo XVI, são as principais causas de mortalidade neonatal, correspondendo a 
58% dos óbitos, seguida das anomalias congênitas(AC), apresentadas no Capítulo 
XVII, com 22% dos óbitos no período neonatal (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015a) e 
tem sido a segunda causa de óbito em menores de um ano. Deste modo, no Brasil, 
assim como na América Latina, as anomalias tornaram-se um grave problema de 
saúde pública (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2010). 
Anomalias congênitas (AC) ou malformações congênitas (MC) ou definem-
se por alterações na função e/ou estrutura do corpo detectáveis no momento do 
nascimento. As alterações morfológicas ou anatômicas apresentam expressões 
clínicas muito variadas, desde dismorfias leves, que são de grande prevalência na 
população, até defeitos complexos de órgãos ou segmentos corporais raríssimos. 
Esses defeitos podem ainda ser classificados como isolados ou associados, 
formando síndromes de causas ambientais e/ou genéticas (MINISTÉRIO DA 
SAÚDE, 2012b). 
As AC constituem-se em um grupo de etiologia diversas, de origem pré-
natal, que podem ser causadas por defeitos genéticos, alterações cromossômicas, 
herança multifatorial, fatores ambientais e deficiência de micronutriente (WORLD 
HEALTH ORGANIZATION, 2014b). Outras condições que culminam da deficiência 
de iodo e ácido fólico, exposição a medicamentos e drogas lícitas/ilícitas, contato 
com produtos químicos e altas doses de radiação também são fatores associados a 
anomalias congênitas. Além disso, em países de baixa e média renda, as infecções 
maternas como rubéola e sífilis representam significativa causa de defeitos ao 
nascimento (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2010). 
20 
 
Ainda em relação às infecções maternas, é importante salientar que no 
Brasil, desde outubro de 2015 a dezembro de 2016, segundo as definições do 
Protocolo de Vigilância, foram notificados 10.867 casos de microcefalia. Além disso, 
foram observadas outras anomalias congênitas como calcificações intracerebrais e 
atrofia muscular severa, malformações do desenvolvimento cortical, volume cerebral 
diminuído, ventriculomegalia e hipoplasia do cerebelo ou do tronco cerebral 
(CAVALHEIRO et al., 2016). 
 
Permanecem em investigação 3.183 (29,3%), sendo que os outros 7.684 
(70,7%) casos foram investigados e classificados. Destes casos, 2.366 foram 
confirmados, 49 prováveis e 5.269 descartados como microcefalia, devido à 
ocorrência de infecção materna durante a gestação pelo Zika Vírus, distribuídos em 
1.837 (33,0%) dos 5.570 municípios brasileiros (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016). 
Embora a microcefalia seja a alteração clínica mais evidente, a infecção pelo Zika 
Vírus tem repercussões importantes tanto a nível socioeconômico, quanto 
emocional. É necessário que as implicações sobre a saúde materna e infantil sejam 
melhor avaliadas, pois até o momento esses dados são limitados, para se garantir 
atenção integral e acesso a serviços de qualidade às famílias afetadas 
(KARWOWSKI et al., 2016; BASARAB et al., 2016). 
Mundialmente, as anomalias congênitas afetam aproximadamente um em 
cada 33 recém-nascido (RN) e são responsáveis pela incapacidade de 3,2 milhões 
de RN por ano (ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD, 2015). A Organização 
Mundial de Saúde (OMS) estimou que, no ano de 2010, 276.000 RN morreram no 
período neonatal por anomalias congênitas e que 94% das anomalias congênitas 
graves ocorrem em países de baixa e média renda. Muitas vezes, as mulheres 
desses países têm acesso limitado a alimentos nutritivos e acabam consumindo em 
quantidade insuficiente, estando mais expostos a agentes infecciosos e ambientais, 
como álcool, o que aumenta a incidência de desfecho pré-natal anormal (WORLD 
HEALTH ORGANIZATION, 2014b). 
21 
 
As anomalias congênitas podem ser classificadas como menores e maiores. 
As anomalias menores são alterações anatômicas, funcionais ou estéticas que não 
causam grandes problemas de saúde no período neonatal. Na maioria das vezes 
não requerem intervenção estética, médica ou cirúrgica, podendo ser únicas ou 
múltiplas e estarem associadas a anomalias maiores. Entre elas, cita-se a polidactilia 
e hipospádia (MARCONDES et al., 2002;MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012b).Em 
contrapartida, as anomalias maiores são alterações que resultam em defeitos 
anatômicos, funcionais ou estéticos graves e podem levar à morte ou requerem a 
necessidade de intervenção estética, médica ou cirúrgica, como, defeitos do tubo 
neural e cardiopatia congênita (MARCONDES et al., 2002;WORLD HEALTH 
ORGANIZATION, 2014b). 
As anomalias cardíacas constituem o grupo de anomalias congênitas mais 
comuns ao nascimento e são definidas como alterações que atingem a estrutura 
cardíaca ou de grandes vasos intratorácicos, em diversas formas anatômicas 
(HOFFMAN; KAPLAN, 2002; PARK, 2015). A mortalidade infantil por anomalias 
congênitas cardíacas varia entre os países. Por exemplo, nos Estados Unidos da 
América (EUA) aproximadamente 40 mil RN apresentam, no nascimento, anomalias 
cardíacas congênitas, ou seja, no mínimo 8:1.000 RN apresentam defeitos cardíacos 
(AMERICAN HEARTH ASSOCIATION, 2015). 
Anteriormente, Mitchell, Korones e Berendes (1971), em seu estudo, por 
meio da análise de 56.109 nascimentos dos quais 457 eram portadores de 
cardiopatias, identificaram incidência similar (8:1.000 nascimentos). Ressaltaram 
ainda nas autópsias realizadas que o óbito ocorreu com maior prevalência (89%) no 
período neonatal. Vale salientar que a prevalência das cardiopatias congênitas 
depende da população estudada. Estudos realizados pelo Centers of Disease 
Control and Prevention (2012) identificaram que aproximadamente 24% dos RN que 
morreram no primeiro ano de vida apresentaram algum tipo de cardiopatia 
congênita. 
Estima-se que, no Brasil, a prevalência de anomalias cardíacas congênitas 
seja de 9:1.000 RN por ano, ou seja, 25.757 novos casos de cardiopatias congênitas 
22 
 
por ano (PINTO JUNIOR et al., 2015). A cura é espontânea em aproximadamente 
20% dos casos, estando esses relacionados a defeitos menos complexos e com 
discreta repercussão hemodinâmica (PINTO JUNIOR et al., 2004). 
O diagnóstico da cardiopatia congênita, na maioria das vezes, não é fácil, 
tendo em vista que o quadro clínico depende de fatores como o tipo e a gravidade 
da cardiopatia. Algumas cardiopatias congênitas podem ser identificadas pelo nível 
de cianose que apresentam; outras podem apresentar um sopro inocente e 
permanecerem assintomáticas até a fase adulta (NORDON; PRIGENZI, 2012). 
Portanto, as anomalias cardíacas descrevem um grupo de diversas doenças com 
variadas consequências hemodinâmicas, bem como diferentes necessidades de 
acompanhamento e tratamento(CASTILLO et al., 2010). 
De acordo com avaliação realizada pela Sociedade Brasileira de Cirurgia 
Cardiovascular, apenas 30% dos RN com cardiopatia congênita têm acesso a 
tratamento cirúrgico, ou seja, há um déficit de 70%. No entanto, outras regiões como 
Norte e Nordeste podem apresentar valores ainda mais alarmantes, com um déficit 
de 93,5% e 77,4% respectivamente (PINTO JUNIOR et al., 2004). 
Embora a maioria das anomalias cardíacas congênitas possa ser 
diagnosticada por meio de ultrassonografia cardíaca fetal, alguns defeitos 
permanecem desafiadores e com um diagnóstico pré-natal complicado. A 
persistência de alterações cardíacas comuns no período fetal, após o nascimento, 
pode mascarar outros defeitos cardíacos. Nesse sentido, curta permanência do RN 
na unidade hospitalar pode contribuir para desafios no diagnóstico precoce 
(FILLIPPS; BUCCIARELLI, 2015). Portanto, a identificação, o diagnóstico e o 
tratamento precoce das anomalias congênitas resultam de uma interação de fatores, 
dentre eles o trabalho em equipe multidisciplinar e o grau de comprometimento dos 
envolvidos no processo. Desse modo, o resultado final tem relação direta com a 
participação de cada integrante especialista (FROTA et al., 2014). 
Mediante a importância das anomalias congênitas, dentre as quais 
destacam-se as cardiopatias, percebeu-se a necessidade de realizar uma pesquisa 
23 
 
que verificasse quais características neonatais e maternas estão relacionadas ao 
óbito em RN diagnosticados com cardiopatia congênita, na cidade de Goiânia, haja 
visto que a frequência de anomalias congênitas são a segunda causa de óbito no 
Brasil. Por meio da revisão da literatura, foi possível identificar que estudos sobre 
cardiopatias congênitas são escassos. Nesse sentido, esse estudo visa contribuir 
para disseminação do conhecimento acerca das características neonatais e 
maternas relacionadas ao óbito por cardiopatias congênitas, consequentemente no 
direcionamento da assistência da equipe multiprofissional, na implementação de 
medidas de promoção da saúde materno-infantil e prevenção de morbidade e 
mortalidade no período neonatal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
 
2. OBJETIVOS 
2.1.1. Objetivo Geral 
 
Analisar as características neonatais e maternas relacionadas ao óbito em 
recém-nascidos com cardiopatia congênita. 
 
2.2. Objetivos Específicos 
 
1. Caracterizar os recém-nascidos com cardiopatia congênita, segundo os 
dados maternos, da gestação e do nascimento; 
2. Caracterizar os recém-nascidos com cardiopatia congênita, segundo 
características relacionadas à doença e evolução; 
3. Estimar a prevalência de nascimento e óbito de recém-nascidos com 
cardiopatia congênita entre 2005 a 2015 em um hospital de Goiás. 
4. Verificar a associação entre as alterações clínicas maternas e neonatais e a 
ocorrência de óbito no recém-nascido com cardiopatia congênita; 
 
 
 
 
 
 
25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. REVISÃO DE LITERATURA 
 
3.1 Anatomia e fisiologia cardíaca fetal/neonatal 
 
A formação inicial do coração é estimulada pelos sinais indutores do 
endoderma anterior. Os cordões angioblásticos, também denominados cordões 
endoteliais, são o sinal mais precoce do coração no mesoderma cardiogênico 
durante à terceira semana embrionária. A canalização destes cordões é responsável 
pela formação de dois tubos cardíacos delgados. Os tubos endocárdicos cardíacos 
se aproximam um do outro, conforme vai ocorrendo o dobramento embrionário 
 
26 
 
lateral e se fundem para dar origem a um único tubo cardíaco. A fusão dos tubos 
cardíacos tem origem na extremidade cranial do coração e se estende caudalmente. 
Assim sendo, os batimentos cardíacos iniciam entre os dias 22 e 23 da fecundação 
e o fluxo sanguíneo por volta de quarta semana de gestação (MOORE, PERSAUD, 
TORCHIA, 2012). 
Durante o desenvolvimento do feto, a circulação fetal possui estruturas 
específicas que permitem a troca de substâncias dele com a mãe, ele ainda é apto a 
realizar ajustes regulatórios, quando necessário (REZENDE, 2012). A placenta 
formada no fundo do útero materno se conecta ao feto por meio do cordão umbilical, 
permitindo assim a troca de substância entre a circulação materna e fetal. As 
artérias umbilicais são responsáveis pelo transporte de sangue do feto para 
placenta, assim a placenta faz a captação de oxigênio (O2) e nutrientes, elimina gás-
carbônico (CO2) e ainda excretas. Por sua vez, as veias umbilicais transportam o 
sangue oxigenado e rico em nutrientes que retornou da placenta alcançando o 
fígado do feto, este se divide em dois ramos (seio portal e ducto venoso). Deste 
modo, o seio portal conduz sangue para o fígado e ducto venoso conduz sangue em 
direção ao coração (TORTORA; DERRICKSON, 2012). 
O sangue oxigenado, oriundo do ducto venoso, mistura-se, na veia cava 
inferior, ao sangue desoxigenado que retornou dos membros inferiores do feto. 
Através das diferenças de velocidade e direção o sangue melhor oxigenado é 
dirigido pela crista e dividem-se, através do forame oval, para o átrio esquerdo, 
ventrículo esquerdo, artéria aorta ascendente, fornecendo O2 e nutrientes para o 
coração e cérebro. Enquanto isso, o sangue desoxigenado dos membros superiores 
desemboca no átrio direito. Através da veia cava superior, flui sangue para o 
ventrículo direito e artéria pulmonar. A maior parte desse fluxo é direcionado para o 
ducto arterioso e artéria aorta descendente, uma vez que é elevada a resistência 
vascular pulmonar; a outra parte atinge os pulmões, que ainda não são funcionantes 
(REZENDE, 2012; TORTORA; DERRICKSON,2012). 
O sangue que flui pela artéria aorta descendente é transportado para os 
demais órgãos fetais pela circulação sistêmica. Pelas artérias ilíacas comuns, o 
27 
 
sangue flui para órgãos pélvicos, membros inferiores e artérias umbilicais que 
conduzem sangue para a placenta, promovendo nova troca de substâncias (Figura 
1). 
 
Figura 1: Circulação fetal. 
FONTE: MOORE, K.L.;PERSAUD,T.V.N; TORCHIA, M.G.Embriologia Clínica. Rio de 
Janeiro: Elsevier, 2012. 
 
28 
 
Depois do nascimento, quando a circulação feto placentária é interrompida e 
inicia-se o funcionamento dos diversos sistemas orgânicos, destaca-se que o 
pulmão torna-se funcionante e importantes modificações circulatórias acontecem 
(MOORE; PERSAUD; TORCHIA, 2012). 
O pinçamento do cordão umbilical é um dos fatores que desencadeia uma 
série de alterações do fluxo sanguíneo. A partir desse momento, a circulação 
placentária estará ausente. O resultado será a queda imediata na pressão 
sanguínea da veia cava inferior e do átrio direito, culminando em aumento da 
pressão do lado esquerdo, processo que se acentua com o início da respiração. A 
respiração participa do processo reduzindo a resistência vascular pulmonar, 
conseguinte com o aumento do fluxo sanguíneo pulmonar. Desta forma, em pouco 
tempo ocorre o fechamento do forame oval (REYNOLDS, 2013). 
Ocorre ainda o fechamento do ducto arterioso que, por possuir musculatura 
lisa, se contrai no momento do nascimento. É possível que, alguns dias depois do 
nascimento, persista uma derivação sanguínea da artéria aorta para a pulmonar 
(REZENDE, 2012). O ducto venoso tem o seu fechamento mediado pelo aumento 
do O2 e redução da liberação de prostaglandinas E2 (PGE2), esta responsável pela 
constrição do músculo liso vascular. Associados a esses fatores, estão ainda a 
atividade do sistema nervoso autônomo, reservas nutricionais, maturidade dos 
músculos e trifosfato de adenosina (ATP). Desse modo, ocorre a transição da 
circulaçãofetal para neonatal (REYNOLDS, 2013). 
 
3.2. Anomalias cardíacas congênitas 
 
3.2.1. Definição, aspectos clínicos, etiologia e classificação 
 
29 
 
Grande parte das anomalias cardíacas congênitas não provocam alterações 
durante a vida fetal. No entanto, ao nascer, há a cessação da circulação feto 
placentária. A partir deste momento, as cardiopatias congênitas tornam-se 
evidentes. Algumas anomalias cardíacas congênitas culminam em pouca 
capacidade vital após o nascimento, mas são compatíveis com a vida. Entretanto, 
outras são incompatíveis com a vida extra-uterina (MOORE; PERSAUD; TORCHIA, 
2012). 
As anomalias cardíacas congênitas são definidas como alteração estrutural 
do coração ou dos grandes vasos do toráx, que têm potencial significado funcional 
(MITCHELL; KORONES; BERENDES, 1971). No entanto, essa definição exclui 
anormalidades venosas sistêmicas, como persistência de veia cava superior 
esquerda, anormalidades de ramos arteriais sistêmicos combinados com o tronco da 
artéria esquerda e ainda arritmias associadas a anomalias estruturais, por não ser 
possível obter reconhecimento completo em vida e pós-morte (MITCHELL, 1957). 
Ademais, outras arritmias congênitas são excluídas, como complexo QT longo e 
Síndrome de Wolf-Parkinson-White, hipertrofia cardíaca e cardiomiopatia dilatada, 
mesmo sendo alterações existentes no nascimento (HOFFMAN; KAPLAN, 2002). 
Ainda podem apresentar-se isoladas, em 90% das vezes (GONZALES et al, 
2005), associadas a outras anomalias congênitas ou ainda pertencentes a um grupo 
maior, como síndromes genéticas, sejam cromossômicas ou monogênicas 
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012b). 
A gravidade de algumas alterações cardíacas normalmente presentes no 
nascimento, bem como as alterações fisiológicas que acontecem normalmente no 
período neonatal tornam essa fase crítica para o RN com cardiopatia congênita 
(AMARAL et al.,2002). 
Inúmeras anomalias cardíacas congênitas se manifestam no período 
neonatal, porém, apresentam pouca variação. As cardiopatias congênitas 
apresentam-se com manifestações clínicas variadas (PORTO, 2005; MINISTÉRIO 
DA SAÚDE, 2012c). Os principais sinais clínicos encontrados são: cianose, 
30 
 
presença de sopro cardíaco e taquipnéia. Portanto, na presença de um ou mais 
desses sinais, torna-se necessário investigar a presença de cardiopatia congênita. O 
diagnóstico diferencial torna-se difícil uma vez que os sinais clínicos se apresentam 
em outras patologias no período neonatal (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012c). 
A maioria das anomalias cardíacas congênitas são de etiologia 
desconhecida (GONZALES et al., 2005), porém, podem resultar do uso de drogas 
lícitas/ilícitas, doenças maternas (infecções congênitas ou diabetes mellitus) 
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012b), ou ainda pela associação de fatores ambientais e 
genéticos, ou seja, multifatorial. O entendimento sobre os aspectos moleculares 
envolvidos no desenvolvimento do coração anômalo ainda é pouco compreendido 
(MOORE; PERSAUD; TORCHIA, 2012). 
As principais associações com cardiopatia congênita envolvem infecções 
agudas ocorridas durante o período gestacional, entre elas estão toxoplasmose, 
rubéola, citomegalovírus e herpes simples, também conhecidas como TORCH. Elas 
podem evoluir durante a gestação de forma subclínica, com consequente 
acometimento fetal (LIU et al., 2009). Outros fatores como baixo nível de 
escolaridade, hipóxia ou asfixia neonatal, infecção respiratória em gestações 
anteriores, infecções maternas, número de gestações e estresse materno também 
constituem fatores de risco (LIU et al., 2009; ARAUJO et al., 2014). 
Há ainda relação estatisticamente significante entre óbito e algumas 
variáveis como prematuridade, idade, baixo peso, gemelaridade, história familiar de 
cardiopatia congênita, consanguinidade e gestação tardia (idade materna acima de 
35 anos) (COSTA, OSELLA, 2006; BRUM, 2014).A idade materna menor que 15 e 
maior que 35 anos tem sido um fator de risco para cardiopatias congênitas 
associadas à cromossomopatias, conforme estudo realizado por Benavides-lara et 
al. (2011). No entanto, quando avaliada de forma isolada, os resultados para tal 
variável, isolada de cardiopatia congênita, é inconsistente (MENACKERE, 2008; 
BENAVIDES-LARA et al., 2011). 
31 
 
As classificações das anomalias cardíacas congênitas são diversas, 
podendo ser classificadas de acordo com a presença ou ausência de cianose, bem 
como de acordo com os padrões do fluxo sanguíneo (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 
2012c; WONG, 2014). A cianose é definida como a coloração azulada de 
membranas mucosas e da pele. É resultado da elevação da hemoglobina reduzida, 
geralmente acima de 5g%. A etiologia é variada podendo ser decorrente de 
anomalias cardíacas, doenças pulmonares ou do sistema nervoso central (SNC) 
(PARK, 2015). 
Existem duas classificações para categorizar os problemas cardíacos 
congênitos. A primeira, com um critério tradicional, classifica as cardiopatias 
congênitas pela presença ou ausência de cianose, subdivide em cardiopatias 
cianóticas e acianóticas, respectivamente. No entanto, essa classificação é 
problemática, visto que alguns indivíduos podem ser diagnosticados com cardiopatia 
acianótica e apresentarem cianose. E ainda, as cianóticas podem apresentar-se 
rosadas e possuir características clínicas de insuficiência cardíaca (WONG, 2014). 
A classificação por cianose é utilizada, pois a detecção pode ser realizada 
através da aferição da saturação periférica de oxigênio, que pode ser facilmente 
verificada com a oximetria de pulso, além de ser um procedimento de simples e de 
baixo custo, com efetividade e eficácia (LEVESQUE, 2000; MINISTERIO DA 
SAÚDE, 2014a). O Quadro 1 resume as principais cardiopatias congênitas 
classificadas de acordo com a presença ou ausência de cianose. 
 
Quadro 1- Principais cardiopatias congênitas, classificadas de acordo com a presença ou ausência 
de cianose. 
Acianóticas Cianóticas 
Comunicação interatrial (CIA) Tetralogia de Fallot 
Comunicação interventricular (CIV) Transposição de grandes vasos 
32 
 
Persistência do canal arterial (PCA) Atresia tricúspede e pulmonar 
Síndrome hipoplásica do coração esquerdo Estenose pulmonar grave 
FONTE: WONG, 2014 (adaptado). 
 
A segunda classificação mais utilizada tem sido baseada nas características 
hemodinâmicas, conforme padrões de fluxo sanguíneo cardíaco, classificadas de acordo 
com hiperfluxo ou hipofluxo pulmonar, ou seja, quando a apresentação clínica decorre 
da restrição ou fechamento do canal arterial (WONG, 2014). Quando se manifestam no 
período neonatal, as cardiopatias congênitas são consideradas graves e necessitam de algum 
tipo de intervenção invariavelmente. O Quadro 2 descreve as características das 
principais cardiopatias congênitas, também conhecidas como cardiopatias 
congênitas críticas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012c). 
 
Quadro 2- Características das principais cardiopatias congênitas, classificadas de acordo com 
hiperfluxo ou hipofluxo pulmonar. 
Agrupamento Fisiopatologia Principais anomalias Quadro clínico 
Cardiopatias com 
fluxo pulmonar 
dependente do 
canal arterial 
Caracteriza-se pela 
presença de shunt 
direita-esquerda, com 
consequente redução 
do fluxo pulmonar, 
depende da 
permeabilidade do 
canal arterial. 
Atresia pulmonar 
com septo ventricular 
íntegro; 
Atresia pulmonar 
com comunicação 
interventricular; 
Tetralogia de Fallot 
com atresia 
pulmonar; 
Atresia tricúspede; 
Cianose grave; 
Sat O2 menor 80%; 
Desconforto respiratório 
grave ou ausência de 
débito cardíaco. 
33 
 
Estenose pulmonar 
grave. 
Cardiopatias com 
fluxosistêmico 
dependente do 
canal arterial 
Caracteriza-se pela 
obstrução do fluxo 
sistêmico na saída do 
ventrículo esquerdo 
ou do arco aórtico, 
consequentemente 
torna-se dependente 
do canal arterial. 
Síndrome hipoplásica 
do coração esquerdo; 
Estenose de valva 
aórtica; 
Coarctação de artéria 
aorta; 
Interrupção do arco 
aórtico. 
Taquipnéia; 
Baixo débito cardíaco; 
Cianose discreta (Sat O2 
maior 90%); 
Ausculta cardíaca 
hiperfonética em foco 
pulmonar. 
Cardiopatias com 
circulação em 
paralelo 
Caracteriza-se pelo 
retorno venoso 
sistêmico ser 
orientado para artéria 
aorta, enquanto o 
retorno venoso 
pulmonar ser 
orientado para artéria 
pulmonar, sendo 
necessária a 
presença de uma 
circulação paralela. 
Transposição das 
grandes artérias. 
Taquidispnéia (aumento 
progressivo); 
Cianose generalizada; 
Ausculta cardíaca 
hiperfonética em foco 
pulmonar; 
Área cardíaca normal ou 
levemente aumentada; 
Trama vascular pulmonar 
aumentada. 
Cardiopatias com 
shunt misto 
Caracteriza-se pela 
mistura intracardíaca-
mista, ou seja, há 
shunt direita-
esquerda e shunt 
esquerda-direita. 
Anômala total de 
veias pulmonares; 
Tronco arterial 
comum; 
Ventrículo único sem 
estenose pulmonar. 
Cianose discreta (Sat O2 
85-92%); 
Taquidispnéia; 
ICC; 
Trama vascular pulmonar 
aumentada. 
Cardiopatias com 
shunt esquerda-
direita 
Caracteriza-se pela 
presença do shunt 
esquerda-direita e 
Defeitos septais: 
comunicação 
interventricular e 
Taquidispneia; 
34 
 
hiperfluxo pulmonar. comunicação 
interatrial. 
ICC; 
Ausência de cianose; 
Sopro; 
Cardiomegalia; 
Ausculta cardíaca 
hiperfonética em foco 
pulmonar; 
Trama vascular pulmonar 
aumentada. 
FONTE: Ministério da Saúde, 2012c (adaptado). Sat O2: Saturação de oxigênio; ICC: Insuficiência 
Cardíaca Congestiva. 
Nas cardiopatias congênitas críticas, as alterações estruturais cardíacas e 
grandes vasos permitem que haja mistura de sangue entre as circulações pulmonar 
e sistêmica, com consequente redução da saturação periférica de oxigênio. A 
aferição da oximetria de pulso, após o nascimento, tem sido um instrumento de 
triagem neonatal importante para identificação precoce de alterações cardíacas, no 
Brasil é conhecido como Teste do Coraçãozinho (BORGES, 2013; WONG, 2014). 
Além disso, estudos têm demonstrado que a oximetria de pulso é um método de 
elevada sensibilidade e baixo custo, podendo ser implementado nas unidades de 
atendimento neonatal e com resultados que possam reduzir a morbimortalidade 
neonatal por cardiopatias congênitas cianóticas (GRANELLI et al.,2015; TSAO et al., 
2016). 
De acordo com as classificações mais frequentes para as cardiopatias 
congênitas, estudos realizados por Thangaratinam et al. (2012) e Saxena et al. 
(2016) identificaram que dentre as acianóticas as mais prevalentes são: defeito do 
septo interventricular, coarctação de artéria aorta, estenose de aorta; e dentre as 
cianóticas: transposição de grandes vasos da base, síndrome hipoplásica do 
coração esquerdo, defeito do septo atrioventricular com estenose/atresia pulmonar e 
Tetralogia de Fallot. 
35 
 
 
3.2.2. Morbimortalidade e anomalias associadas 
 
Segundo a OMS, as anomalias cardíacas congênitas estão entre as 
anomalias congênitas mais comuns no mundo (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 
2010), apresentam elevadas taxas de mortalidade e morbidade e podem resultar em 
incapacidade crônica e aumentar os custos de serviços de saúde (CENTERS FOR 
DISEASE CONTROL AND PREVENTION, 2003). No Brasil, no ano de 2014, a partir 
de dados do DataSUS do Ministério da Saúde (MS), foram registrados 2.979.259 
nascimentos. Conforme os dados, a prevalência de cardiopatia congênita no Brasil 
foi de 2.164 (0,07%) casos, sendo distribuídos da seguinte maneira: no Sudeste, 
1.507 (69%); no Sul, 355(16%); no Nordeste, 180(8%); no Centro-Oeste, 80(4%); e 
no Norte, 42 (3%) casos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016). 
As taxas de morbimortalidade elevam-se quando as anomalias cardíacas 
congênitas estão associadas a anomalias cromossômicas ou anomalias extra 
cardíacas (7 a 50% dos casos de cardiopatia congênita). Deste modo, a 
necessidade de procedimento cirúrgico ou intensivo-clínico aumenta, 
independentemente da doença cardíaca (GRECH, GATT, 1999; GONZALES, 2009). 
Neste sentido, estudo retrospectivo realizado pelo Metropolitan Atlanta 
Congenital Defects Program, no período de 1968 a 2005, em Atlanta, Georgia - 
EUA, avaliou o nascimento de 7.984 RN com cardiopatias congênitas, que foram 
diagnosticados pelo exame clínico, autópsia ou ecocardiografia, 71,3% foram 
diagnosticados com cardiopatia congênita isolada, 13,5% com cardiopatia congênita 
múltipla, 13,1% com cardiopatia congênita associada a síndromes e 2% com 
cardiopatias congênitas com defeitos de lateralidade. Dentre as anomalias cardíacas 
congênitas múltiplas mais prevalentes, a comunicação inter-atrial correspondeu a 
18,5% do total, seguido de má rotação do coração (17,2%) e defeitos conotroncais 
(16%) (MILLER et al., 2011). 
36 
 
Por meio do estudo de necropsia, realizado por Leite, Miziara e Veloso 
(2010), foi possível identificar em grupos de fetos, natimortos, lactentes e pré-
escolares a prevalência das cardiopatias congênitas. Foram realizadas, no período 
de janeiro de 1996 a dezembro de 2007, na cidade de Brasília, no Distrito Federal, 
1.591 autópsias, destas, 189 (11,9%) apresentaram cardiopatias, sendo mais 
prevalentes em fetos e natimortos, dos quais 70,4% apresentaram cardiopatias 
múltiplas, observou-se ainda maior prevalência de associação a síndromes entre os 
feto (26,5%). As trissomias mais frequentes foram Síndrome de Down, Edwards e 
Patau. 
Outro estudo realizado no Brasil, de base populacional, no município de 
Novo Hamburgo- Rio Grande do Sul, objetivou avaliar o óbito infantil no período de 
2007 a 2010. A amostra foi composta por 157 fichas de investigação de óbito infantil 
da Vigilância da Saúde e do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM). No 
período investigado, 44,6% dos óbitos ocorreram no período neonatal precoce, 
sendo 22,3% no neonatal tardio e 33,1% no pós-neonatal, com 13,4% das 
cardiopatias congênitas representaram a principal causa de óbito infantil. De acordo 
com as informações da declaração de óbito, dentre as causas de mortalidade 
encontram-se: anomalias cardíacas não especificadas (7,6%) associadas à 
Síndrome de Edwards (1,3%) e as demais como não especificadas das câmaras, 
das comunicações cardíacas e de grande veia, coarctação da aorta, estenose mitral 
congênita, tronco arterial comum, atresia da valva pulmonar e síndrome do coração 
esquerdo hipoplásico (0,6%) (BRUM, 2015). 
Corroborando os estudos anteriores, Rosa et al. (2013) identificaram os 
defeitos cardíacos congênitos entre os principais encontrados associados a 
Síndrome de Patau, no período de 1975 a 2012, em um hospital de referência na 
região sul do Brasil. Denardin et al. (2015) observaram que dos 10 pacientes 
diagnosticados com Síndrome de Edwards, no Serviço de Medicina Fetal do Hospital 
Materno Infantil de Presidente Vargas, Brasil, entre janeiro de 2005 a setembro de 
2013, 7 apresentaram cardiopatia congênita, com risco de óbito fetal e neonatal 
elevado. Doná et al. (2015) identificaram uma prevalência de 10,5% de Síndrome de 
37 
 
Down em 448 crianças com cardiopatia congênita, no período de janeiro de 2006 a 
julho de 2009, no Hospital Infantil de Londrina. 
Salienta-se ainda que RN com artéria umbilical única possuem maior risco 
de apresentar resultados adversos, destacando a presença de anomalias congênitas 
geniturináriase cardíacas como sendo as mais prevalentes. Estudo realizado por 
Defigueiredo et al. (2010) examinou a associação entre artéria umbilical única e 
defeitos cardíacos congênitos em uma amostra de 246 gestações, no segundo 
trimestre de gestação. As anomalias cardíacas congênitas foram identificadas em 16 
casos, correspondendo a 6,5% da amostra. Tasha et al. (2014) reforça a associação 
descrita acima. Neste estudo, foram analisados 182 RN com artéria umbilical única e 
identificada a presença de 38 casos de defeitos cardíacos congênitos (21%). 
Ainda de forma consistente, o diabetes mellitus gestacional tem sido 
considerado um dos fatores de risco mais importantes no desenvolvimento de 
cardiopatias congênitas (SHEFFIELD et al., 2002; COSTA, OSELLA, 2006). Estudo 
realizado por Sheffield et al. (2002) analisou uma amostra composta por 145.196 
mulheres, destas 410 (15%) foram diagnosticadas com diabetes pré-gestacional. 
Comparando a associação de malformações e diabetes mellitus, obtiveram os 
seguintes dados: a prevalência de cardiopatias congênitas nas mulheres diabéticas 
foi de 1,2% em comparação a 1,5% das mulheres não diabéticas que tiveram RN 
com cardiopatias congênitas; 4,8% dos RN com cardiopatia congênita em mulheres 
diabéticas e 6,1% em mulheres diagnósticas com diabetes pré-gestacional. 
 
3.2.3. Diagnóstico pré e pós-natal 
 
A possibilidade de diagnosticar as cardiopatias congênitas ainda na vida 
intra-uterina, através da ecocardiografia fetal, transformou a cardiologia pediátrica 
contemporânea. Esta técnica simples viabilizou que condutas salvadoras pudessem 
ser estabelecidas na vida fetal e mesmo depois do nascimento. Geralmente, a 
38 
 
avaliação do feto com suspeita de cardiopatia congênita surge quando, durante a 
consulta e exames do pré-natal, o profissional identifica fatores de risco para este 
tipo de anomalia congênita (HAGEMANN, ZIELINSKY, 2004). 
Com a ecocardiografia fetal é possível visualizar estruturas cardíacas do feto 
através de um transdutor com o uso de ondas sonoras de alta frequência (WONG, 
2014). O momento ideal para realização é a partir da 18º semana de gestação, pois 
é após esse período que a grande parte das alterações da função e da estrutura 
cardíaca pode ser diagnosticada (HAGEMANN, ZIELINSKY, 2004). 
Igualmente, estudo realizado por Changlani et al. (2015) constatara por meio 
de registros hospitalares e seguimento direcionado, a importância do diagnóstico 
das cardiopatias congênitas no período intra-uterino, através da ecocardiografia 
fetal. O diagnóstico precoce é decisivo para um desfecho favorável, pois este ato 
pode fazer a diferença entre a vida e a morte no período neonatal. Portanto, torna-se 
essencial para o diagnóstico das cardiopatias congênitas o treinamento dos 
profissionais para qualificá-los à identificação ultra-sonográfica com qualidade e 
precisão, bem como o adequado encaminhamento desses RNs a centros 
especializados (BACALTCHUK; ANTUNES; ZIELINSKY, 2001; ANAGNOSTOU et 
al., 2013). 
Além disso, se identificadas cardiopatias congênitas complexas, outros 
métodos podem ser indicados para complementar o diagnóstico, como apontaram 
Uittenbogaard et al. (2008). Eles mostraram que a spatio-temporal imagecorrelation, 
ou correlação têmporo-espacial da imagem, apresentou 75% de eficácia. Quanto 
maior a experiência do profissional, maior o sucesso. No entanto, este sucesso 
baseia-se nas corretas condições de manuseio, sendo tão importante quanto o 
ecocardiograma tridimensional e o tetradimensional (DEVORE, 2005). 
Outros métodos diagnósticos também são recomendados. De acordo com a 
Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a ecocardiografia com mapeamento de 
fluxo em cores, realizada no período fetal ou pós-natal, é o método de diagnóstico 
ideal, masé uma ferramenta de triagem inviável na rotina, pelo alto custo e 
39 
 
necessidade de profissional especializado (SOCIEDADE BRASILEIRA DE 
PEDIATRIA, 2011). 
O diagnóstico precoce das cardiopatias congênitas é essencial para atenuar 
as complicações, melhorar o prognóstico do RN e principalmente reduzir as taxas de 
mortalidade neonatal (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014a). É importante ressaltar que 
devido à evolução natural da patologia, as cardiopatias congênitas no período 
neonatal apresentam menor complexidade e/ou repercussão e, portanto, alterações 
mais complexas não permitem que o indivíduo alcance maior faixa etária (PINTO et 
al.,2004). 
Estudo realizado por Aamir et al. (2007) verificou o nascimento de 670.245 
RN, durante 6 anos. Do total, 47 RN apresentaram cardiopatias congênitas. A 
maioria destes RN que apresentaram cardiopatias recebeu alta da unidade 
hospitalar sem o diagnóstico de cardiopatia congênita ou como RN saudável, no 
entanto, posteriormente tornaram-se sintomáticos e foram diagnósticos como 
portadores de cardiopatias congênitas. 
Geralmente, a alta hospitalar acontece entre 36 e 48 horas após o 
nascimento. Assim, os profissionais de saúde nem sempre identificam as 
cardiopatias congênitas críticas por ainda não terem apresentado alterações 
clínicas. A isso acrescenta-se ainda que a ausculta cardíaca pode ser 
aparentemente normal neste período (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014b). Durante a 
realização do exame físico a presença de alterações na ausculta cardíaca, como 
sopro ou desdobramento de bulhas, dificuldade respiratória, cianose e baixo ganho 
de peso no primeiro mês após o nascimento, deve ser critério para se suspeitar de 
cardiopatias congênitas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012a). Portanto, o exame físico 
do RN deve ser minucioso e com o objetivo de identificar alterações que possam 
indicar cardiopatia congênita. Desta forma, alguns sinais e sintomas devem ser 
avaliados, entre eles: cianose, palidez, deformidades torácicas (cardiomegalia), 
pulsações incomuns, baqueteamento digital (WONG, 2014). 
A cianose nas cardiopatias congênitas resulta de um defeito estrutural, no 
qual há mistura de sangue venoso e arterial ou de circulação paralela em casos de 
40 
 
dextra-transposição de grandes vasos; ou pode resultar de alterações na pressão, 
shunt direito-esquerdo (WONG, 2014). Portanto, a medição não invasiva da 
saturação de O2 tem sido uma medida orientada com o objetivo de detectar 
precocemente cardiopatias congênitas. Essa indicação foi baseada em uma revisão 
realizada nas bases de dados da Medline, no período de 1996 a 2008, pela 
Associação Americana de Cardiologia em conjunto com a Academia Americana de 
Pediatria (MAHLE et al., 2009). 
Para realização de diagnóstico diferencial entre cardiopatias e doenças 
pulmonares, é indicada a realização do Teste de Hiperóxia. Neste teste, avalia-se o 
valor da pressão parcial de oxigênio no sangue arterial (PaO2) por gasometria 
arterial do MSD (pré-ductal) e do MI (pós-ductal), após ofertar O2 na concentração 
de 100%, por 10 minutos. RN portadores de doenças pulmonares apresentam 
alteração de PaO2 para mais de 100 mmHg, enquanto que em RN com cardiopatias 
congênitas cianóticas a alteração é pequena nos valores de PaO2. Caso o RN seja 
portador de hipertensão pulmonar severa e shunt direita-esquerda, os valores de 
PaO2 podem não sofrer alterações com O2 a 100% (KLAUS; FANAROFF, 2015). 
Desta maneira, o ecocardiograma pode ser realizado com o objetivo de 
diferenciar se o RN é portador de cardiopatia congênita ou doença pulmonar quando 
o Teste de Hiperóxia é duvidoso (KLAUS; FANAROFF,2015). 
Granelli et al. (2009) avaliaram o uso da oximetria de pulso para detecção 
precoce de cardiopatia congênita em West Götaland, Suíça, comparando com outras 
regiões que não faziam uso da oximetria de pulso. Em West Götaland, foram 
avaliados 39821 RN, em 5 maternidades.Todos os RN foram diagnosticados com 
cardiopatia congênita critica e não houve óbito neonatal. Entretanto, nas outras 
regiões onde o teste não era realizado, houve RNs que receberam alta sem 
diagnostico da cardiopatia congênita critica e vieram a óbito. Ademais, o estudo 
inferiu que o exame físico associado à oximetria de pulso identificou 100% dos RN 
com cardiopatia congênita critica que os resultados falsos negativos foram 
significativamente menores, somente o exame físico é de baixa sensibilidade, e que 
41 
 
o teste a longo prazo pode ser uma medida de rastreio rentável na prevenção de 
morbidade neurológica e redução dos cuidados intensivos neonatais. 
No Brasil, a Portaria nº 20, de 10 de junho de 2014, tornou pública a 
realização universal da oximetria de pulso, conhecido também como teste do 
coraçãozinho, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), como parte da Triagem 
Neonatal. O teste do coraçãozinho é realizado entre 24 e 48 horas de vida, antes da 
alta hospitalar, a partir da aferição da oximetria de pulso do RN, no membro superior 
direito (MSD) e em um dos membros inferiores (MI). O resultado normal é quando a 
saturação do O2 for maior ou igual que 95%, na medida em ambos os membros, 
com diferença menor que 3% entre ambos os membros. Em caso de resultado 
anormal (saturação de O2 menor que 95% ou houver uma diferença igual ou maior 
que 3% entre os membros), orienta-se a repetição da aferição após 1 hora. Caso o 
resultado se confirme, será necessário encaminhar o RN para realização de 
ecocardiografia para esclarecer o diagnóstico (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014b). 
Estudo realizado por Albuquerque et al. (2015) realizou a triagem de 
cardiopatias congênita em 4027 RNs em uma maternidade no nordeste brasileiro, 
através de exame físico e oximetria de pulso. A triagem foi positiva para 43 (1,1%) 
RNs da amostra e identificou uma associação importante entre o exame físico e o 
teste de oximetria de pulso. No entanto, salienta-se que o estudo é pioneiro no 
nordeste brasileiro, que a incidência de cardiopatia congênita na região é menor que 
a descrita na literatura e que a identificação através do exame físico depende da 
capacitação do profissional. Entretanto, ressalta-se ainda que programas de triagem 
neonatal são essenciais para detecção precoce de cardiopatias congênitas. 
Por fim, a radiografia de tórax é outro exame que pode ser solicitado, e os 
parâmetros a serem avaliados são: tamanho da área cardíaca, ou seja, identificação 
de cardiomegalia, sendo que um padrão de normalidade não exclui cardiopatia; e 
avaliação da trama vascular pulmonar, que pode se apresentar diminuída ou 
aumentada (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012c). 
 
42 
 
3.2.4. Complicações das cardiopatias congênitas e tratamento 
 
O atendimento aos RNs com suspeita de cardiopatia congênita requer 
cuidado especial no sentido de estabelecer cuidados que visem evitar que haja 
deterioração clínica do paciente. Como na maioria das vezes os RNs são portadores 
de quadros clínicos graves, as cardiopatias congênitas devem ser diagnosticadas e 
tratadas imediatamente após a identificação. Além disso, o objetivo é evitar a 
deterioração do RN e lesões de outros órgãos, principalmente SNC (MINISTÉRIO 
DA SAÚDE, 2012c; AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2015). 
Portanto, os RNs que são diagnosticados com alguma alteração patológica 
logo após o nascimento são caracterizados como sendo de alto risco e estão mais 
suscetíveis a infecções (o sistema imunológico ainda é imaturo), visto que estão 
mais expostos a procedimentos invasivos para assegurar a sobrevida (CHAVES et 
al., 2008). Outra complicação comum é a insuficiência cardíaca em RNs portadores 
de cardiopatias congênitas, a qual ocorre quando o coração não é capaz de suprir 
as necessidades metabólicas do tecido (AZEKA et al., 2014). 
Complicações no pós-operatório de cirurgias cardíacas também são 
comuns, as principais são as respiratórias. Estudo realizado com o objetivo de 
avaliar a presença ou ausência de complicações respiratórias no período pós-
operatório de cirurgias cardíacas identificou que estas estavam presentes em 53% 
da amostra. As principais complicações respiratórias foram: derrame pleural (8/55), 
seguido de atelectasia (6/55), associação entre atelectasia e derrame pleural (3/55), 
laringite, pneumomediastino, pneumotórax, lesão pulmonar induzida pela ventilação 
mecânica (VM), um RN para cada (5/55). Além disso, outras complicações cardíacas 
e renais foram identificadas em 24% da amostra, não sendo identificada pneumonia 
(OLIVEIRA et al., 2012). 
Outra complicação que pode ocorrer nas cardiopatias congênitas é a 
condição clinica de crise de anóxia, hipóxia ou ataque anóxico devido a redução 
43 
 
repentina da concentração de O2 arterial, pelo desvio de sangue do lado direito para 
o lado esquerdo do coração. Esta complicação deve ser diferenciada de distúrbios 
respiratórios pela punção de artéria radial e realização de gasometria após 
instalação de O2 a 100% por 10 minutos (Teste de Hiperóxia) (PORTO, 2005). 
Aproximadamente 50% dos RNs morrem no primeiro mês de vida devido às 
complicações (principalmente hipóxia e insuficiência cardíaca- IC). E, sem 
tratamento adequado,esse índice sobe para 50% até o primeiro ano de vida 
(SILVA;GOMES, 2002). Além disso, nos países em desenvolvimento apenas 7% dos 
RNs com cardiopatia congênita têm acesso às cirurgias cardíacas (JANSEN et al., 
2006).O Risco Ajustado para Cirurgia em Cardiopatias Congênitas (RACHS-1) foi 
desenvolvido com o objetivo de correlacionar a mortalidade às cirurgias de 
cardiopatias congênitas, porque, mesmo que o RN tenha sucesso com o tratamento 
até a intervenção cirúrgica corretiva ou paliativa, riscos não estão ausentes 
(JENKINS et al., 2002). 
Estudo realizado por Nina et al.(2007), em um hospital público no Nordeste 
do Brasil, avaliou a aplicabilidade do escore RACHS-1 como preditor de mortalidade 
na infância, no período de junho de 2001 a junho de 2004. O estudo avaliou 145 
pacientes e identificou uma correlação (p< 0,001)entre o RACHS-1 e a taxa de 
mortalidade, acrescentando ainda que o índice de mortalidade foi de 17,2%maior do 
que o esperado. Entretanto, os autores concluíram que,apesar de ser de fácil 
aplicação, ainda é um instrumento que não pode ser usado no país, visto que os 
casos são referenciados tardiamente a tratamentos cirúrgicos e algumas variáveis 
não são contempladas. 
Outro estudo realizado por Cavalcante et al. (2016), em Fortaleza, no 
período de janeiro de 2003 a dezembro de 2014, avaliou 3.201 crianças com o 
objetivo de analisar a mortalidade no ambiente intra-hospitalar em crianças 
submetidas à cirurgia por motivo de cardiopatia congênita baseado no RACHS-1. O 
estudo mostrou que houve uma redução significativa na mortalidade. Por outro lado, 
houve um aumento significativo no número de cirurgias. Concluiu-se ainda que o 
44 
 
RACHS-1 foi útil na avaliação do risco de mortalidade, embora outros fatores, 
estruturais e tecnológicos, estejam relacionados com o impacto da mortalidade. 
Deste modo, algumas limitações que interferem na identificação precoce 
foram identificadas nos estudos de Nina et al.(2007), Pinto et al. (2013) e Cavalcante 
et al. (2016), tais como: falta de recursos na área da cardiologia pediátrica e acesso 
especializado, infra-estrutura precária, profissionais em processo de aprendizagem, 
financiamento inadequado e diagnóstico tardio. 
 
3.2.5. Atuação do enfermeiro na assistência ao RN com cardiopatia congênita 
 
A assistência ao RN com anomalia congênita é um desafio para os 
profissionais de saúde, especialmente para a equipe de enfermagem, visto que o 
objeto dotrabalho da enfermagem é o cuidar, voltado para o atendimento das 
necessidades do paciente. Além disso, há ainda alguns fatores que interferem 
negativamente na prestação do cuidado ao RN malformado, tal como despreparo 
dos profissionais, processo de comunicação deficiente entre o enfermeiro e a família 
e a dificuldade do profissional em lidar com as próprias emoções (ALMEIDA; 
KIMURA, 2008; MELO; PACHECO, 2013). 
A enfermagem visa promover uma assistência integral, universal e com 
acessibilidade às diversas tecnologias disponíveis para o cuidado. Nesta linha, a 
adequada e qualificada atenção no momento do nascimento, bem como os cuidados 
posteriores ao RN, com práticas simples, econômicas e baseadas em evidencias 
científicas podem elevar os índices de sobrevida desses pacientes. Destaca-se entre 
essas práticas a realização do teste do coraçãozinho (KEMPER, 2011). Nesse 
sentido, ele insere-se como uma tecnologia nova de cuidado, que pode ser 
executada pelo enfermeiro e consequentemente alterar o processo saúde-doença, 
identificando precocemente alterações e consequentemente reduzindo as taxas de 
morbimortalidade pela intervenção precoce (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014a). 
45 
 
Além disso, o atendimento ao RN com suspeita de cardiopatia congênita 
requer cuidado especial no sentido de estabelecer cuidados que visem evitar que 
haja deterioração sua clínica (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014a; MINISTÉRIO DA 
SAÚDE, 2012c). Como na maioria das vezes os RNs são portadores de quadros 
clínicos graves (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012c), para atendimento inicial, são 
utilizadas as práticas de reanimação neonatal em sala de parto que se baseiam nas 
diretrizes publicadas pelo International Liaison Committee on Resuscitation 
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2016) e protocolos da American Heart 
Association – AHA (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2015). 
No ano de 2012 a AHA elaborou o Guidelines for Perinatal Care, este 
documento discorre sobre medidas assistências que devem ser prestadas à 
gestante, ao feto e ao RN, com o objetivo de reduzir as taxas de morbimortalidade 
materna e infantil. O documento ressalta que a assistência prestada ao RN deve 
envolver uma equipe multidisciplinar composta por obstetras, pediatras, enfermeiras 
e parteiras dentre outros. São apresentadas ainda condutas para o atendimento à 
mulher durante o trabalho de parto e pós-parto e ao RN, seja na rotina ou àquele 
que necessita de cuidados especializados (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 
2012). 
De acordo com o documento, os cuidados aos RNs são classificados em 
quatro níveis de atendimento: cuidados básicos (nível I), cuidados especiais (nível 
II), e cuidados intensivos subespecialidade (nível III e nível IV). A classificação dos 
cuidados apresenta pontos positivos como: avaliação precoce e contínua de fatores 
de risco para prevenção, reconhecimento e tratamento de condições associadas à 
morbimortalidade materna e neonatal. Além disso, orienta as instituições a 
realizarem cuidados especializados conforme a necessidade do paciente. RN com 
cardiopatias congênitas são classificados no nível IV, visto que necessitam de 
intervenção cirúrgica (com ou sem circulação extracorpórea - CEC), além de 
cuidados para estabilização hemodinâmica, incluindo, principalmente, assistência na 
ventilação mecânica e administração de oxido nítrico (AMERICAN HEART 
ASSOCIATION, 2012). 
46 
 
Mesmo com o avanço da ciência nas cirurgias cardíacas, estas geralmente 
são complexas, sendo os recursos intra-operatórios específicos e pós-operatórios 
relevantes para o sucesso do procedimento cirúrgico. O que exige cuidados 
especializados e intensivos, principalmente frente às principais complicações, as 
pulmonares (LEGUISAMO et al., 2005). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. METODOLOGIA 
4.1. Delineamento, local e período de estudo 
 
 
47 
 
Trata-se de um estudo transversal, retrospectivo e com abordagem 
quantitativa. Utilizou-se, para tanto, dados secundários coletados dos prontuários de 
RN com cardiopatia congênita,atendidos em um Hospital Público em Goiânia-GO, no 
período de 2005 a 2015. 
O estudo de corte transversal constitui uma subcategoria dos estudos 
observacionais mais amplamente difundidos e publicados em pesquisa 
epidemiológica. Esse tipo de delineamento tem como propósito investigar os eventos 
de saúde de uma população específica, averiguar a associação existente entre a 
exposição e a doença, o que reforça a necessidade de se conhecer suas principais 
características para cada um dos indivíduos estudados, e determinar a ocorrência ou 
ausência do incidente (desfecho) (GREENHALGH, 2008). Ademais, um dos 
principais interesses pela escolha desse tipo de estudo, se deve ao baixo custo, 
rapidez, menor complexidade e objetividade na coleta de dados (BASTOS; DUQUIA, 
2007). 
Na pesquisa descritiva, não há interferência do pesquisador, isto é, ele 
descreve o objeto de pesquisa. Procura descobrir a frequência com que um 
fenômeno ocorre, sua natureza, características, causas, relações e conexões com a 
de campo. Conceitua-se a pesquisa documental como a que se efetua tentando 
resolver um problema ou adquirindo conhecimentos, a partir do emprego 
predominante de informações advindas de material gráfico, sonoro ou informatizado 
(BARROS; LEHFELD, 2007). 
 
4.2. Descrição do cenário da pesquisa 
 
De acordo com o regimento interno da instituição (2009), o hospital em 
estudo é uma Unidade de Saúde Estadual, com atendimento de média e alta 
complexidade, referência na área materno-infantil da região Centro-Oeste, bem 
como para outras regiões do país, de médio porte, inserida no contexto do Sistema 
Único de Saúde – SUS. Contribui ainda para o ensino, por meio de convênio com o 
48 
 
Ministério da Educação e Cultura – MEC, para residência de enfermagem obstétrica 
e residências médicas de Ginecologia/Obstetrícia, Pediatria, Terapia Intensiva, 
Mastologia, Vídeo-laparoscopia e Ultrassonografia. Também oferece campo de 
estágio para a formação de profissionais da saúde de nível superior (Universidades 
e Faculdades) e médio (escolas profissionalizantes). 
O hospital dispõe de 181 leitos, sendo 53 críticos, distribuídos em dois 
pavimentos, com atendimentos de: Terapia Intensiva Materna, Pediátrica e 
Neonatal; Emergências e Urgências da Criança e da Mulher; Ambulatórios com 
especialidades médicas em Pediatria de: Cardiologia, Cirurgia Plástica, Nefrologia, 
Neurologia, Otorrinolaringologia, Gastroenterologia, Dermatologia, Hebiatria, 
Crescimento / Desenvolvimento de Alto Risco e Ortopedia; Ambulatórios em 
especialidades médicas em Ginecologia / Obstetrícia: Climatério, Vídeo-laparoscopia 
e Histeroscopia, Esterilidade, Medicina Fetal, Mastologia, Patologia Cervical, 
Planejamento Familiar, Oncologia-ginecológica, Ginecologia Geral, Pré-Natal de Alto 
Risco, Uro-Dinâmica, InfantoPuberal, Puerpério, Cirurgias Plástica e Geral e 
atendimento às vítimas de violência sexual. 
 
4.3. População 
 
A população foi constituída por puérperas e seus RNs vivos diagnosticados 
com anomalias congênitas, na maternidade do Hospital Público. 
4.4. Critérios de inclusão 
 
Puérperas e RN vivos que descritos em seus prontuários apresentaram 
cardiopatia congênita confirmada por meio de ecocardiograma. É considerado vivo 
todo feto que, ao nascer, tenha apresentado quaisquer das seguintes manifestações 
49 
 
compatíveis com a vida: batimentos cardíacos, pulsação de cordão umbilical ou 
movimento de músculos voluntários (CARTLIDGE; STEWART, 1995). 
 
4.5. Critérios de exclusão 
 
Os critérios de exclusão adotados foram erros de registro das internações e

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