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Contabilidade Nacional Agosto de 2016 Fabrício de Assis Campos Vieira fabriciovieira@ufv.br 2 Introdução às Contas Nacionais § Macroeconomia: trata da evolução da economia como um todo, analisando a determinação e o comportamento dos agregados econômicos (Advento da teoria de Keynes, 1936). § Com o livro “A teoria geral do emprego, do juros e da renda”, de Keynes, há o surgimento da macroeconomia, e os estudos da economia se deslocam da microeconomia para a macroeconomia; § Assim, o comportamento “do todo” pode ser diferente do comportamento de cada agente em separado 3 Introdução às Contas Nacionais § A macroeconomia negligencia o comportamento das unidades econômicas individuais, mas permite estabelecer relações entre os agregados e melhor compreensão entre eles; § Keynes considerava que os mercados sozinhos não resolvem tudo, sendo necessário a intervenção do Estado na economia para, por exemplo, fazer a economia crescer e gerar postos de trabalho (Ex. Crise dos anos 1930) § Alguns dos principais agregados são: Produto; Renda; Despesa; Consumo; Emprego; Investimento; Poupança. Fonte: Internet 5 Objetivos das Contas Nacionais § Mensurar a totalidade das transações econômicas do país; § Acompanhar as transações monetárias relacionadas ao processo de produção; § A mensuração acurada das transações da economia é muito importante para: v Avaliar teorias macroeconômicas v Prever eventos e tendências futuras § Mas nem tudo é contabilizado, por exemplo, a poluição (externalidade negativa); 6 Objetivo das Contas Nacionais § Fornecer valores para calcular indicadores, como consumo, produção, rendimento, investimento, etc; § Permitir a realização de previsões de caráter econômico a todos os tomadores de decisões, evitando (ou minimizando) o impacto de crises econômicas; § Permitir a tomada de decisões econômicas mais fundamentadas sobre a alocação de recursos do Estado (exemplo, aumento dos impostos); 7 Surgimento das Contas Nacionais § A contabilidade nacional começa a ser “desenhada” a partir dos anos 1940 nos EUA; § Simon Kuznets: Prêmio Nobel de Economia (1971) foi o primeiro economista a obter medidas de produto nacional para os EUA; § Kuznets dedicou-se a montar o sistema de contas nacionais dos EUA nos anos 1940; § No Brasil as contas nacionais começam a ser elaboradas em 1947 pela FGV-RJ, e a partir de 1986 o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) assume esta função; 8 Produto, Renda e Despesa Agregados § Produto, Renda e Despesa representam importantes medidas de desempenho econômico e bem estar da sociedade. § O total da produção de uma economia (Produto Agregado) é o valor de todos os bens e serviços finais produzidos (legalmente) pelas firmas da economia durante determinado período de tempo. § Esta produção engloba os setores primário, secundário e terciário da economia. 9 Produto, Renda e Despesa Agregados § Setor primário: engloba os segmentos da economia que produzem matérias-primas, como a agricultura, a pecuária, a pesca e o extrativismo mineral. § Setor secundário (ou industrial): engloba atividades manufatureiras ou industriais, que promovem a transformação de insumos e matérias-primas em produtos, como automóveis, televisores, celulares, etc. § Setor terciário: engloba atividades relacionadas ao setor de serviços da economia, como bancos, serviços de internet, etc. 11 Fluxo Circular de Renda à No Fluxo Circular de Renda há dois setores institucionais (ou dois agentes), numa “economia simples”: famílias e empresas à Famílias: consomem produtos (bens e serviços) e ofertam mão-de-obra; à Empresas: ofertam bens e serviços e empregam mão-de-obra Mercado de Bens e Serviços Mercado de Fatores de Produção Famílias Empresas Insumos para a produção Salários, Aluguéis e Lucros (=PIB) Terra, trabalho e capital Renda (=PIB) Bens e serviços vendidos Bens e serviços comprados Receita (=PIB) Despesa (=PIB) Fluxo Monetário Fluxo Real O Fluxo Circular da Renda !" O Fluxo Circular de Renda 13 Os bens são heterogêneos à É possível comparar uma tonelada de soja com um computador? à É possível comparar três quilos de laranja com dois celulares? à A resposta é NÃO! à Os bens são HETEROGÊNEOS à Portanto não é possível comparar um bem com outro bem distinto sem usar informações adicionais 14 Os bens são heterogêneos à Haveria outra forma de comparar? à Cada um desses bens não possui um preço? à Então, por que não medir em preços ao invés de medir em quantidades? à Isto é o que fazemos na Contabilidade Nacional, calculamos o Produto (PIB) usando informações do preço de cada produto e da quantidade consumida de de cada produto; 15 Três Óticas de Mensuração do Produto à O total da produção (Produto Agregado), o valor de todos os bens e serviços finais produzidos pelas firmas, pode ser mensurado pelo somatório de todas as rendas ou de todas as despesas da economia. à Este Produto pode, então, ser mensurado sob 3 óticas: 1. Ótica da Produção (Oferta) 2. Ótica da Renda 3. Ótica da Despesa (Demanda) Ótica da Produção (Oferta) 16 Produto Agregado = PiQi i=1 n ∑ em que : Pi = preço médio de mercado do produto (bem/serviço) i Qi = quantidade do produto i i = bens e serviços finais (i = 1,2,3.,....,n) PiQi = valor da produção do produto i § Ainda na Ótica da produção, alternativamente pode- se medir o produto da economia a partir do Conceito de Valor Adicionado. § Em cada etapa do processo produtivo cria-se um montante de Produto igual ao montante do valor que é adicionado durante a produção. § É o cálculo do Produto pelo Valor Adicionado (Receita da venda MENOS os custos intermediários). Produto: Ótica da Produção 17 § Produto final da economia: pão § Bens intermediários (insumos): farinha e trigo § Capital: máquinas e instalação física § Trabalho: mão de obra contratada pela padaria § Para evitar o problema de dupla contagem no cálculo do produto agregado da economia, considera-se somente os bens finais, e não os bens intermediários usados na produção do bem final (pão) Cálculo do Produto pelo Valor Adicionado 18 § Bem final da economia: pão § Bens intermediários: farinha e trigo Cálculo do Produto pelo Valor Adicionado Trigo Farinha Pão Receita de Vendas 10 40 100 100 = Produto Nacional Compras Intermediárias 0 10 40 Valor Adicionado 10 30 60 100 = Produto Nacional 19 Valor da Produção (500 x R$2,00) R$ 1.000,00 Despesas Operacionais R$ 800,00 Pagamento de Salários R$500,00 Custo de matérias-primas R$300,00 Receita Líquida de Vendas R$200,00 - Contribuição da firma ao PIB é de R$700,00 (R$ 1.000,00 – R$ 300,00) PIB – Ótica do Valor Adicionado 21 § Soma dos rendimentos pagos às famílias, que são proprietárias dos fatores de produção, pela utilização de seus serviços, em um período de tempo. § A Renda Agregada representa o total da remuneração dos fatores de produção da economia pago às pessoas físicas. § Fatores de produção são elementos indispensáveis ao processo produtivo: terra; capital (máquinas, instalações, insumos); capital financeiro; trabalho (mão de obra); capacidade gerencial doempresário. Produto : Ótica da Renda 22 § Simplificações: inicialmente consideramos que todos os fatores de produção pertencem às famílias (unidades consumidoras). “Economia Simples” § As famílias fornecem (emprestam) estes fatores de produção às firmas (unidades produtoras de bens e serviços), e recebem remuneração em troca. § O total desta remuneração é a Renda Agregada. Produto : Ótica da Renda Valor da Produção (500 x R$2,00) R$ 1.000,00 Despesas Operacionais R$ 800,00 Pagamento de Salários R$500,00 Custo de matérias-primas R$300,00 Receita Líquida de Vendas R$200,00 - Contribuição da firma ao PIB é de R$700,00 (R$ 500,00 + R$ 200,00) PIB – Ótica da Renda 24 § A Despesa Agregada (D.A) consiste do somatório de todas as despesas realizadas pelos agentes da economia na compra de bens e serviços finais. § Economia em que somente famílias consomem, a D.A consiste da soma do consumo de todas as famílias. § Consumo: valor de todos os bens/serviços absorvidos pelas famílias; § As firmas também podem gastar, visando aumentar a capacidade de produção da economia: INVESTIMENTO Produto : Ótica da Demanda (Despesa) 25 Valor da Produção (500 x R$2,00) R$ 1.000,00 Despesas Operacionais R$ 800,00 Pagamento de Salários R$500,00 Custo de matérias-primas R$300,00 Receita Líquida de Vendas R$200,00 - Contribuição da firma ao PIB é de R$700,00 (R$ 500,00 + R$ 200,00) PIB – Ótica da Despesa (C e I) 26 § Além de consumir bens e serviços, e emprestar fatores de produção para as firmas, as famílias também podem poupar parte da renda não consumida. § A poupança das famílias serve para consumo futuro, e para financiar os gastos (investimento) das firmas. § Obs: Com a inclusão do setor governo, as famílias também destinam parte de sua renda para o pagamento de impostos. Poupança à Identidade básica das contas nacionais Produto Agregado = Renda Agregada = Despesa Agregada à Assim: Produto = Demanda = Renda = C + I + G O enfoque do Produto ou do Gasto deve igualar-se ao enfoque das rendas (ou custos). à Esta situação pode ser representada pelo diagrama de fluxo circular da renda. O Fluxo Circular da Renda 27 Mercado de Bens e Serviços Mercado de Fatores de Produção Famílias Empresas Insumos para a produção Salários, Aluguéis e Lucros (=PIB) Terra, trabalho e capital Renda (=PIB) Bens e serviços vendidos Bens e serviços comprados Receita (=PIB) Despesa (=PIB) Fluxo Monetário Fluxo Real O Fluxo Circular da Renda !" O Fluxo Circular da Renda 29 § Famílias: consomem, poupam, “emprestam” fatores de produção para as firmas e pagam impostos. § Governo: realizam gastos (como pagamentos de funcionários públicos, construção de escolas, etc), e arrecadam receitas via impostos e contribuições, além de fornecer bens/serviços à sociedade. § Firmas: ofertantes de bens/serviços, além de adquirir máquinas e equipamentos visando expandir a capacidade de produção da economia (Investimento). Economia com Governo e Investimento 30 § Famílias: ofertam, consomem, poupam e pagam T § Firmas: ofertam produtos e investem em capital § Governo: arrecadam receitas e gastam § Setor externo: incluímos unidades econômicas de outros países Economia aberta com Governo e Investimento Absorção doméstica Balança Comercial C = Consumo das famílias I = Investimento G = Gastos do Governo X = Exportações M = Importações Produto Interno Bruto (PIB) § Produto Interno Bruto: soma de tudo o que é produzido em determinada economia a preços de mercado, em determinado período de tempo. Mede a riqueza do país. § O PIB diz respeito à produção cuja renda é gerada dentro dos limites territoriais do país (Produto = Renda) § Se uma economia produz somente geladeiras e aço, seu Produto será dado pelo somatório da quantidade de geladeiras vezes seu preço e da quantidade de aço vezes seu preço. 32 O que não se inclui no PIB? Limitações è Primeira: parte da atividade econômica é parcialmente incorporada (ou não é) no PIB. Economia ilegal. è Segunda: transações de compra/venda envolvendo a transferência de bens produzidos em períodos anteriores (ex. Venda de apartamento já construído) è Terceira: não incorpora ganhos de qualidade de vida da população (Brasil: nona economia do mundo, com PIB de US$ 1,77 trilhões, mas possui baixo IDH, ranking 75). è Quarta: não inclui produção de bens/serviços sem valor de mercado (donas de casa). 33 Produto Nacional Bruto § Produto Nacional Bruto (PNB): refere-se ao produto pertencente aos residentes no país, independente do território econômico em que esses recursos são produzidos (Exemplo: Fábrica da Embraer na China). PNB = PIB – RLEE RLEE = Renda Líquida Enviada ao Exterior = Renda Enviada menos Renda Recebida 34 35 § Pelo fluxo circular : § Produto (ótica Oferta) = Produto (ótica Demanda) Indústria + Agro + Serviços = C + I + G + X – M § Os 3 setores da economia devem dar conta da absorção (demanda doméstica) v Se sobrar produto o país exporta v Se faltar produto o país importa A Absorção Doméstica Absorção doméstica 36 § PIB Nominal: Mensuração a preços correntes. § PIB Real: Mensuração a preços constantes de um determinado ano. § Ele não é afetada pela variação de preços. § Exemplo: PIB de 2007 a preços de 2008. § PIB per Capita: § PIB do ano pela população residente no mesmo período. § Medida s ín tese de padrão de v ida e de desenvolvimento econômico dos países. PIB REAL versus PIB NOMINAL R$ milhões Período PIB Nominal PIB (Preços 2008) 1995 705.640,89 1.975.272,24 1996 843.965,63 2.017.750,45 1997 939.146,62 2.085.855,54 1998 979.275,75 2.086.592,80 1999 1.064.999,71 2.091.894,38 2000 1.179.482,00 2.181.975,26 2001 1.302.136,00 2.210.627,19 2002 1.477.822,00 2.269.387,74 2003 1.699.948,00 2.295.408,99 2004 1.941.498,00 2.426.529,46 2005 2.147.239,00 2.503.199,88 2006 2.369.797,00 2.602.602,11 2007 2.597.611,42 2.750.099,89 2008 2.889.718,58 2.889.718,58 Brasil: PIB REAL versus PIB NOMINAL 38 § Aumento no PIB Nominal: pode ocorrer por conta de ↑ na produção ou por conta de ↑ de preços. § Aumento no PIB Real: significa que os habitantes do país produziram mais bens e serviços. § Como a inflação é desconsiderada, o PIB Real é uma melhor medida. Já o PIB per capita calculado usando o PIB Real é uma medida melhor de bem estar econômico dos países. PIB REAL versus PIB NOMINAL Alguns Dados da Economia Brasileira ! ! FIM
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