Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
16 1 UNIVERSIDADE ANHANGUERA – UNIDERP CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GESTÃO PÚBLICA PROINTER IV GESTÃO URBANA E DE SERVIÇO E DE SERVIÇOS PUBLICOS; LICITAÇÕES, CONTRATOS E CONVÊNIOS; FINANCIAMENTOS PÚBLICOS; POLÍTICAS PÚBLICAS, ESTADO E PODER LOCAL TECNOLOGIA EM GESTÃO PÚBLICA Taguatinga/ DF 2015 UNIVERSIDADE ANHANGUER A – UNIDER P CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCI A PREVIDÊNCIA SOCIAL GESTÃO URBANA E DE SERVIÇO E DE SERVIÇOS PUBLICOS; LICITAÇÕES, CONTRATOS E CONVÊNIOS; FINANCIAMENTOS PÚBLICOS; POLÍTICAS PÚBLICAS, ESTADO E PODER LOCAL TECNOLOGIA EM GESTÃO PÚBLICA Trabalho apresentado para atender às exigências curriculares das disciplinas de GESTÃO URBANA E DE SERVIÇO E DE SERVIÇOS PUBLICOS; LICITAÇÕES, CONTRATOS E CONVÊNIOS; FINANCIAMENTOS PÚBLICOS; POLÍTICAS PÚBLICAS, ESTADO E PODER LOCAL, do curso superior de tecnologia em gestão pública da Universidade Anhanguera – UNIDERP. Taguatinga/ DF 2015 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................ Error! Bookmark not defined. POLÍTICAS PUBLICAS DE PREVIDENCIA SOCIAL .. Error! Bookmark not defined. PRINCIPAIS BENEFÍCIOS OFERECIDOS AOS BENEFICIÁRIOS ........................... 8 ANÁLISE E INDICAÇÃO DAS FRAGILIDADES QUE DÃO ORIGEM A BUROCRACIA ....................................................................................................... 09 SUGESTÃO DE MELHORIAS QUE MINIMIZEM A BUROCRACIA NOS PROCESSOS ................................................................................................... 11 A BUROCRACIA, POLÍTICAS PÚBLICAS, FINANCIAMENTOS PÚBLICOS E A PREVIDÊNCIA...........................................................................................................13 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 15 INTRODUÇÃO A Previdência Social Brasileira, a partir da segunda metade da década de 1990, passou a enf rentar pressões deficitárias em função da construção do sistema de proteção social (regime de repartiçã o, na qual as gerações atuais financiam as gerações p assadas), do crescente núme ro de aposentadorias (aumento do número de idosos na população brasileira), das questõ es demográficas (diminu ição do crescimento vegetativo das famílias) e das recentes alteraç ões no m ercado de trabalho (aumento da informalidade), gerou a perda significativa de arrecadação e elevando o déficit previdenciário 3, que n o ano de 2003 atin giu cerca de R$ 31 bilhões. A Previdência Social nasceu da necessidade de assegurar os bens mate riais essenciais para o futuro dos indivíduos, e resu ltou de um sentimento de solidariedade que se manifestou na assistência à população vulnerável. No entanto, as mudanças na vida econômica e social ocorridas no contexto das tran sformações maiores do capi talismo fazem com que os sistemas de proteção social enfren tem um dilema, pois é preciso continuar a beneficiar os mais vulneráveis, m as o E stado, que é o grande f inanciador dos programas sociais, já não consegue atender a todas as demandas. O fato é que, a despeito da análise gerencial das reformas discut idas atualmente, na qual é ressaltada a busca da eficiência e resultados f inanceiros, a Previdência Social B rasileira tem sido à b ase de sustentação da economia de muitos municípios brasileiros de baixa ren da. É, pois, diante desse contexto, que este trabalho apresenta-se com o objetivo de evidenciar o papel da Previdência So cial como política pública de renda. A partir desta preocupação, formulamos a seguinte p ergunta: As perspectivas favoráveis do ce nário econôm ico e político e o surgimen to da janela d e oportunidade demográfica podem co ntribuir para tornar viável a realização da reforma da previdência social nos próximos anos? Os te rmos “desequilíbrios”, “desajust es” e “distorções” n a previdência so cial são utilizados n este estudo com o m esmo sentido, ou seja, e stão relacionados aos problemas que afetam a previdência so cial, como po r exemplo, o desequilíbrio financeiro e a tuarial do sistema, a questão da transição d emográfica, o desemprego, burocracia, baixa qua lidade dos serviços, corrupção, d esvio de recursos, entre outros, que impactam negativamente na situação financeira e a tuarial do regime geral de p revidência social. Como decorrência d esses desa justes observa -se que o s valores dos benefícios p agos pe lo Regime Geral de Previdência Social estão cada vez menores, o que reflete na qualidade de vida dos beneficiários. Políticas Públicas Ao se referir a institucionalidade da previdência so cial brasileira, considera -se a Lei Eloy Chaves (Decreto -Lei nº 4.682, de 24 de janeiro de 1923) o ponto de partida do sistema previdenciário brasileiro. Essa lei e stabeleceu as bases legais e conceituais da posterior previdência social, e também o precedente do uso da previdência como meio de lidar com a questão social. No decorrer das décadas de 20 e 30, foi incisiva a intervenção do Estado sobre as inst ituições previdenciárias, no sentido d e redirecionar a na tureza de seus objetivos, gestão, organização e padrão de financiamento. A administração dos fundos de aposentadorias, porém, e ra realizada pelos próprios empregadores e empregados, sem a participação do Estado. Como o pequeno n úmero de segurados proporcionava recursos insuficientes para o funcionamento das caixas em moldes estáveis, foi necessário imprimir uma mudança de orientação ao sistema (STEPHANES, 1998). Começou, então, uma nova f ase, em que a vinculação passou a ser feita pela categoria profissional. Foram criados os Institutos de Apo sentadorias e Pensões (IAP’s) e a cobertura previdenciária estendida à virtual totalidade do s trabalhadores urbanos e a boa parte dos trabalhadores a utônomos. O Estado, que até então se m antivera afastado da administração dos sistemas, assumiu m ais estreitamente a gestão d as novas instituições. Mas em m atéria de proteção social, a organização em institutos apresentava uma série d e problemas. Além de excluir os trabalhadores rurais e os do setor informal urbano, não p rotegia muitos assalariados do próprio mercado fo rmal urbano, uma vez que não exerciam profissão nos ramos de ativid ade contemplados pelos institutos. A existência desses problemas alimentou a discussão sobre a necessidade de unificação dos institutos. Com isso, em 1945, tentou -se corrigir esse tipo de d istorção com a criação do In stituto de Serviço So cial do Brasil (IS SB), ó rgão que unificaria as instituições previdenciárias existentes e centralizaria o seguro social de toda a população ativa no país. A primeira medida correta para diminuir a dispa ridade existente entre as categorias profissionais e a unificação da previdê ncia foi a promulgação da “Lei Orgânica da Previdência Social” (LOPS), em 26 de agosto de 1960. Sua grande importância residiu no f ato de haver uniformizado as contribuições e os planos de benefícios dos diversosinstitutos. “A Lei Orgânica de 1960 marc a o definitivo abandono d as soluções diversificadas e da legislação esparsa, excessivamente abundante e algumas vezes contraditória.” (RUSSOMANO, 1983, p. 39). Em 1967, no âmbito das reformas empreendidas pelo regime militar, e decorridos seis anos da promu lgação da LOPS, a unificação institucional f oi efetivada através da criação do Instituto Nacional da Previdência Social (INPS). Em 1974, p or meio do d esdobramento do antigo Ministério do Trabalho e Previdência Social, foi criado o Ministério da Previdência e Assistê ncia Social (MPAS), que veio a responder pela elaboração e e xecução d as políticas de previdência, assistência médica e social. Mas o grande momento de estruturação d a proteção social brasileira ocorreu no ano de 1988. Em primeiro lugar, a previdência so cial se tornou direito social, dispo sto no artigo 6º do capítulo II, “Dos direitos So ciais”, na Constituição B rasileira; em segundo lugar, o desenho do sistema a tual é resultado direto das modificações introduzidas pela Constituição promulgada em 1 988 e pelas leis e regulamentos que a complementaram. A partir da promulgação da nova Constituição, deu -se origem a o conceito de Seguridade Social, com a introdução do direito à assistência médica e ao seguro - desemprego 8 Observa-se que um dos critérios que distingue a previdênc ia e os d emais elementos inte gradores da se guridade social, é que no sistema da previdência social, os participantes pagam para ter acesso aos benefícios, po r sua vez, nos programas de assistência social e de saúde, os benefícios são ofertados sem a contrapartida das contribuições dos participantes, sendo f inanciadas com recursos oriundos do orçamento público. Por sua vez, nos programas de assistência social e de saúde f ica explicita a idé ia d e transferência de renda entre os membros da sociedade. Principais benefícios aos beneficiários A previdência social brasileira está inse rida dentro de um conceito mais amplo de seguridade social, definido na Constituição de 1988. A seguridade social contempla três pilares: previdência, assistência social e saúde. Um dos objetivos dos sistemas previdenciários é g arantir a seus segurados uma velhice tranqüila, como também resguardá -los em caso de eventuais sinistros como a invalidez, o desemprego, doenças, ou ainda, em caso de mo rte dos segurados, garantir o amparo a seus familiares. Regimes financeiros de previdência social. As instituições de previdência podem funcionar com base nos seguintes regimes financeiros: repartição ou capitalização. No regime de repartição, prevalece a lógica de que cada geração custeia os benefícios previdenciários da geração anterior. No regime de capitalização (funding), cada pessoa forma um fu ndo (individual ou coletivo) onde são investidos pecúlios de stinados exclusivamente à sua aposentadoria. Assim, o regime de repartição simples (próprio do Regime Geral de Previdência Social) e o regime de capitalização (próprio da Previdência Privada). Benefícios previdenciários. Os regimes de previdência buscam oferecer a seus segurados os melhores benefícios possíveis, de man eira que no momento da aposentadoria ou de eventual sinistro possam continuar percebendo proventos que não se afastem muito dos seus salários da atividade. Nesse sentido, o f im da relação jurídica previdenciária é a p roteção do trabalhador no seu aspecto econômico. 10 a realização da reforma da previdência no Brasil, torna -se fa ctível n a fase atual, pois além da retomada do crescimento da economia, está havendo uma rápida mudança na estrutura etá ria da população. Isso faz com que se reduzam as razões de d ependência, visto que se a bre para o país a jan ela de opo rtunidade demográfica. Nesse sentido, o dividendo demográfico caracteriza -se p elos benefícios econômicos para a sociedade, associado d e forma dir eta com a queda da fecundidade sobre a estrutura etária, ocorrido im ediatamente após a transição demográfica (RIOS- NETO, 2005, p. 371-408) . Estes benefícios demográf icos podem ser traduzidos, como por exemp lo, melhores po líticas educacionais, pelo menor percen tual de crianças e, crescimento positivo na mão -de-obra sênior, ou seja, dos idosos. Este aspecto traz como d esafio a qualificação d esta mão -de-obra. Os idosos devem estar preparados para a ocorrência deste f enômeno para que seu trabalho não seja cla ssificado somente como subemprego. Ao tratar dos benefícios da janela de oportunidade demográfica , verifica-se que a base de financiamento da previdência social tenderá a diminuir, visto que a população absoluta vai cair e a longevidade aumentando. Com bas e nesse fenômeno, o país terá nesse período, menos contribuintes e mais beneficiários. Com base nesses aspectos é que se faz necessário a intensificação da discussão pela sociedade b rasileira sobre a reforma da p revidência social. Neste estudo, daremos especial atenção à questão do equilíbrio financeiro e atuarial no regime de repartição simples. O crescimento da longevidade e a próp ria maturação dos segurados ativos que passam a demandar benefícios de in atividade são ameaças à solvabilidade fiscal do sistema. Para o autor, é preciso garantir que no lon go prazo o estoque de benefício de manutenção não ultrapasse a taxa de crescime nto do PIB. É necessário um ajuste que não fira direitos adquiridos, mas que indique que idades mínimas, por exemplo, sejam maiores no longo prazo, lá por 2020. Nesse sentido, defende uma reforma com regras de transição longas que respeitem critérios de demografia. Ressalta, também, que o debate da Reforma da Previdência põe em lados o postos um grupo que acha que o setor é apenas um apênd ice da polícia fiscal, e outro que enxerga nele uma função econômica e social. 12 O Brasil vem passando por um fenômeno diferenciado no seu ritmo de crescimento e na estrutura de sua população. O processo de transição demográfica, para diversos auto res, como por exemplo, Alves (2008) , é fruto da queda d as taxas de m ortalidade e natalidade, tem provocado u ma ráp ida mudança na estrutura etária brasileira, com uma red ução da proporção jovem da população, uma elevação imediata da população adulta e uma elevação significativa, no longo prazo , da população idosa. Esta nova realidade abre várias jan elas de oportunidades para as políticas públicas e para a redução da pobreza. Mas ao m esmo tempo, apresenta um desafio para as políticas macroeconômicas do país. O fenômeno denominado janela de oport unidade demográfica (IBGE, 2008) , ocorre quando o número de pessoas com idades potencialmente ativas está em pleno processo de ascensão. Ao me smo tempo, há uma redução do número de crianças, com idades entre 0 e 14 anos, n a comparação com o quadro de pess oas de 15 a 64 anos. Além disso, a po pulação com ida des de ingresso no m ercado de trabalho (15 a 24 anos) contabiliza cerca de 34 milhões de pessoas. Mas esse contingente que tende a diminuir nos próximos an os. O ladopo sitivo desta janela demográfica, que caracteriza um período raro na história dos países, é que seu aproveitamento favorece o mercado de trab alho. A s empresas têm à sua disposição u ma mão -de- obra mais abundante, se as pessoas em idade potencialmente ativa forem preparadas e qualificadas para tal. O quadro preocupante da previdência social delineado neste estudo, o nde estão presentes diversas distorções n o modelo atual, que contribui para crescentes déficits n as contas da previdência, estão refletindo negativamente nas finanças públicas do país. Esse cen ário nos pe rmite argumentar que é preciso adotar ações e medidas políticas e técnicas criativas para organizar a previdência social no Brasil. O objetivo precípuo de um sistema previdenciário, conforme e videnciado, não é o de redistribuir renda. A sua finalidade é repor, total ou parcialmente, o ganho do indivíduo (e de seu grupo familiar) quando ce ssa ou se interrompe a capacidade laborativa em f unção de ida de, desgaste profissional, doença, invalidez, m orte ou desemprego involuntário. A p revidência, portanto, é um seguro, onde existe uma forte relação entre os valores pagos e os b enefícios recebidos. É sobre esse prisma que os a tores mais relevantes para viabilizar uma ref orma da previdência no Brasil – governos, parlamento, em presários e trabalh adores - d everiam posicionar -se para resolver, de forma consistente, os desajustes da previdência social no país. O sistema previdenciário brasileiro, conforme revela a literatura, bem como os relatórios e documentos analisado s, revelam a existência de des ajustes e de diversas ina dequações e inju stiças de regras pontuais do regime de aposentadorias e pe nsões. A f ixação de u ma idade mínima para apo sentadoria por tempo de contribuição, por exemplo, ne cessita ser debatida com a sociedade, com vista a viabilizar as mud anças n a Constituição Federal. A regra que pe rmite que, após a morte d e um pensionista, sua pensão seja deixada para seus dependentes, independentemente do tempo que tenha contribuído antes de morrer e também independentemente da renda do s dependen tes, também necessita se r debatida pela sociedade. A Burocracia, Políticas P úblicas e Financiamentos Públicos focando n a Previdência Social. As políticas públicas são resultados de forças sociais que se opõem , o que faz co m que a forma e o conteúdo das m e smas e stejam diretamente associadas a conjugação de fatores estruturais e conjunturais do processo histórico de um pa ís. No Brasil, a Constituição Federal de 1988 estabeleceu novas diretrizes para a efetivação d as políticas púb licas brasileiras, den tre es sas, destaca-se o controle social por m eio de instrumentos normativos e da criação legal de espa ços institucionais que garantem a participação da sociedade civil organizada na fiscalização direta do executivo na s três esferas de governo. Não obstante, as práticas sociais promovidas pelos conselhos de políticas públicas nesses últimos dezoito anos, enquanto órgãos de controle social, têm produzido efeitos contraditórios em relação a f unção constitucional a eles atribuída. A identificação dos avanços e dos limites à institucionalização do controle social como e xercício regular nas políticas p úblicas se constitui em o bjeto de interesse a cadêmico, político e social uma vez que pode colaborar na instauração de um Estado efetivamente republicano em solo brasileiro. A história econômica, po lítica e so cial de cada país desenha o momento em que as políticas sociais passam a ser adotadas como estratégia de governabilidade. Assim, as políticas sociais adquirem a coloração espe cífica das conjunturas históricas de cada pa ís. Por isso mesmo, a forma como as políticas sociais foram implantadas e operacionalizadas no Brasil tem o seu desenho próprio. É por isso que as políticas públicas em nosso país já tiveram uma marca explicitamente repressiva. O Estado atuava junto a soci edade como aquele que tinha que garantir a ordem e a paz social. A implicação desta conotação é de que as políticas públicas eram organizadas a partir de uma total desconsideração das questões sociais que assolavam a realidade nacional. Um dos temas mais controvertidos no campo da administração pública é o concernente à relação entre política e administração. Em geral, as abordagens a respeito centram-se no estudo dos determinantes macroestruturais das políticas públicas, ou bem limitam-se a aspectos descritivos dos processos decisórios e administrativos a que as políticas dão lugar na fase de sua implementação. A dicotomização dos enfoques, em torno dessas duas visões, tem levado com freqüência a que nos diagnósticos institucionais se relegue a segundo plan o o fato de que a administração é um efeito da política e que os problemas administrativos decorrem principalmente da forma como as políticas foram -se configurando e concretizando ao longo do tempo. Nesse sentido, a construção dos aparatos institucionais, através dos quais se executam as políticas e programas, nunca segue uma trajetória predefinida. Ao invés disso, as análises institucionais põem reiteradamente de manifesto a existência de inúmeras instâncias de diferente hierarquia, dependência administrativa e tamanho, que implementam ações superpostas, descontínuas, erráticas ou até contraditórias em torno da consecução de um mesmo objetivo. Embora essa caracterização seja válida para todo o setor público, ela parece de forma muito mais evidente na área social pois nela o embate entre as classes dominantes e subordinadas se reflete mais diretamente. De um lado, as políticas sociais, via de regra, são utilizadas pelo regime como forma de legitimação e controle social, e, por outro, constituem lugar privileg iado da luta da população pela conquista de seus direitos sociais de cidadania. Um dos enfoques mais comumente utilizados no estudo das organizações complexas é aquele baseado na versão funcionalista da teoria weberiana. Em geral, a estrutura e o modus operandi das grandes organizações, em particular as governamentais, são analisados em termos do "tipo ideal" de organização burocrática desenvolvido por Max W eber e os problemas detectados são explicados em termos de "disfunções" passíveis de racionalização comportamental e gerencial. Nem sempre é dada a devida relevância ao fato de que tais explicações devem ser buscadas fundamentalmente na natureza política das instituições públicas, omissão essa que leva a atribuir àquelas uma neutralidade que as colocaria acim a dos conflitos e contradições particulares a cada formação econômico -social específica. Porém, em lugar de discutir a questão em termos de burocracia como sujeito (tanto quanto como instrumento), deveria-se analisá-la em termos da teoria relacional do poder. Nesta ótica, a autonomia do Estado e, portanto, de seus aparelhos, é relativa na medida que estes constituem a condensação material e específica de uma relação de forças entre classes e frações de classe. Nesse sentido, a burocracia não teria poder político próprio pois seria, em última instância, um sistema específico de organização e funcionamento interno do aparelho de Estado que manifesta o efeito específico da ideologia burguesa, da natureza do Estado capitalista e, sobretudo, das relações da luta de classes com esse Estado. As políticas públicas visam responder a demandas, principalmente dos setores marginalizados da sociedade, considerados como vulneráveis. Essas demandas são interpretadas por aqueles que ocupam o poder, mas influenciada s por uma agenda que se cria na sociedade civil através da pressão e mobilização social. Temos assim um processo dinâmico, com negociações, p ressões, mobilizações, alianças ou coalizões de interesses. Compreende a formação de uma agenda que pode refletir ou não os interesses dos setores majoritários da população, a depender do grau de mobilização da sociedade civil para se f azer ouvir e do grau de institucionalização de mecanismos que viabilizem sua pa rticipação. É preciso entender composição de classe, mecanismos internos de decisão dos diversos aparelhos, seus conflitos e alianças internas da estrutura de poder, que não é monolítica ou impermeável às pressões sociais, já que nela se refletem os conflitos da sociedade. Os objetivos das políticas têm uma referência valorativa e exprimem as opções e visões de mundo daqueles que controlam o poder, mesmo que, para sua legitimação, necessitem contemplar certos interesses de segmentos sociais dominados, dependendo assim da sua capacidade de organização e negociação. Em contra partida, mais da metade do gasto federal social no Brasil é com o Regime Geral de Previdência Social (RGPS), segundo dados do Ipea. Em segundo plano, estão os benefícios dos servidores públicos federais e somente depois despesas com saúde, assistência social e educação. Por essa razão, todos os dias o tema da reforma da previdência social é debatido, em especial quando se vislumbram no horizonte crises financeiras mundiais, como está acontecendo atualmente. Pode-se dizer, sem grande radicalismo, que a previdência nasceu em crise, simplesmente porque nasceu de forma tortuosa, ou seja, ela – na forma próxima que a conhecemos – é filha da própria crise. A previdência social foi mundialmente evoluindo, sempre movida por uma crise. Em todo o mundo, países estão em transição, já há algum tempo, nos seus sistemas de previdência social. Na América Latina a previdência social pública vem sendo paulatinamente reduzida, com a substituição por sistemas de capitalização individual, administrados pelo setor privado. Observa-se que ao redor do mundo a maioria dos países está reavaliando seus sistemas de previdência social. Na medida em que a população envelhece e os antigos sistemas de previdência passam a consumir cada vez maior parte das receitas nacionais, as reformas tornam-se inadiáveis. As reformas parecem sempre caminhar para a implantação de sistemas conjugados de previdência pública, previdência complementar obrigatória e previdência complementar voluntária. No 17 entanto, mesmo aqueles países que já adotaram es sa proposição ainda estão ajustando seus rumos, pois o envelhecimento da população mundial é inexorável. O Brasil, portanto, pode contar com inúmeros paradigmas que podem servir para a implantação de uma reforma previdenciária séria, a qual, no entanto, de verá ser muito mais ampla do que a mera discussão sobre o aumento das fontes de custeio e, portanto, da carga tributária. 18 RECOMENDAÇÕES FINAIS Para ordenar as questões referentes à importância da Previdência Social Brasileira como fato r de desenvolvimento sócio -econômico, buscou-se, inicialmente, resgatar a literatura sobre o surgimento, de senvolvimento e crise do Estado do Bem Estar, pré-condição para a discussão so bre a economia social. A reforma da previdência social – por tratar-se de um a medida e ssencial para permitir que o Brasil continue avançando no seu processo de desenvolvimento socioeconômico e ambiental – necessita ser inserida no atual contexto e na agenda política nacional. É possível especular, por sua vez, que a sua efetivação depende de uma vontade política dos governantes para def inir um conjunto coerente de p rincípios gerais e estratégias para viabilizar a reforma da previdência. As questões normalmente discutidas são os a spectos negativos da previdência, sendo o déficit previdenciário co locado como alvo central para os desajustes fiscais do governo. Não há dúvida que e xistem disparidades no s pagamentos dos benefícios previdenciários, principalmente os do setor público. No e ntanto, os dados mostram que a presença dessa fonte de renda p ara inúmeras famílias brasileiras, que a partir da Constituição de 1988, d entro do conceito de Seguridade Social, passou a ser universal para todos os trabalhadores, em especial aos trabalhadores rurais, to rnou me lhores as c ondições de vida da população, amenizando a questão da pobreza no Brasil, principalmente nos pequenos municípios brasileiros. A proposta da descentralização e do controle social, em termos legais, propõe um caminho inovador para as políticas p úblicas brasi leiras. Permite, em tese, a maior presença do cidadão na fiscalização dos recursos e da gestão das políticas setoriais. Uma presença que pode influir significativamente na agenda do governo em relação as prioridades e as metas a serem desenvolvidas nas áre as compreendidas pelas respectivas políticas. Essa maior presença e influência na agenda governamental requisita um exercício democrático que p rescinde de uma qualificação dos atores que representam a sociedade civil organizada, como também de uma disposiç ão política para a gestão democrática por parte do atores governamentais. Esse exercício, na realidade, está em construção histórica, uma vez que a sociedade brasileira não tem uma experiência republicana que instituiu a cidadania e a democracia como prática social cotidiana nos diferentes espaços sociais em que os brasileiros atuam. Quanto a descentralização das políticas públicas, é importante d estacar que a diversidade geopo lítica dos municípios brasileiros ten de a não ser conside rada na implantação dos processos d e descentralização d as políticas setoriais. A descentralização de competências e responsabilidades para os municípios não estão sendo acompanhadas por uma corresponden te de scentralização de recursos que financiaria as políticas locais para a con strução de propostas efetivamente pautadas nas características do território local. Essa situação tende a manter os municípios prisioneiros dos programa s federais que, centralizados, se tornam os meios para acessarem os recursos financeiros existentes para a realização de a ções setoriais. Acresce-se também um d ilema referente a questão socioeconômica: embora os m unicípios sejam responsáveis p ela elaboraçã o e execução de p olíticas setoriais destinadas a garantia de direitos sociais da população local, até on de se estende a responsabilidade d essa unidade d a federação quan do os efeitos sociais sentidos no local são gerados por d ecisões macro -econômicas em que o município não tem influência BIBLIOGRAFIA BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Disponível em: <www.stn.fazenda.gov.br>. Acesso em: 20 fev. 2004. BRASIL. Ministério da Previdência e Assistência Social. Assessoria Econômica. Disponível em <www.mpas.gov.br/ doc/relatório.pdf>. Acesso em: 4 maio 2000. SILVA, E. R.; SCHW ARZER, H. Proteção Social. Aposentadorias, pensões e gênero no B rasil. Brasília: IPEA, 2002. (Texto para discussão; n. 934). STEPHANES, R. Reforma da P revidência : sem segredos. Rio de Jan eiro: Record, 1998.W INCKLER, C. R.; MOURA NETO, B. T. W elfare Sta te à brasileira. Indicadores Econômicos FEE , Porto Alegre, v.19, n. 4, p. 108-131, 1992 http://www.periodicos.capes.gov.br/index.php?option=com_pmetabusca&mn=88&sm n=88&type=m&metalib=aHR0cDovL21scGx1cy5ob3N0ZW QuZXhsaW JyaXNncm91c C5jb20vcHJpbW9fbGlicmFyeS9saW J3ZW IvYW N0aW 9uL3NlYXJjaC5kbz92aWQ9Q 0FQRVM=&Itemid=119 ABRUCIO, Fernando Luiz. O impacto do modelo gerencial na administração pública: um breve estudo sobre a e xperiência internacional recente, Cadernos ENAP Nº. 10, Brasília, 1997. ANDRADE, Eli Gurgel . (Des)equilíbrio da Previdência Social brasileira 1945 -1997: componentes econômico, demográfico e institucional. 1999 . 232f. Tese (Doutorado em Demografia) - Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional, Universidade Federal de Minas Gerais. ARAÚJO, José Prata. Guia dos direitos previdenciários dos servidores públicos. 2.ed. Belo Horizonte: BIS Editora, 2002. (Caderno Cidadania) ALMEIDA, S. Histórico das Reformas: Mudanças realizadas n a Previdência Social. Relatório Especial. Brasília: Câmara dos Deputados, 2003. ANDRADE, E. G. (Des) Equilíbrio da Previdência Social Brasileira 1945 -1997. Tese de doutorado. Cedeplar, UFMG, 1999. ALBUQUERQUE. J. A. Guilhon. Instituição e Poder – 2ª ed. Rio d e Janeiro: Graal, 1986. 21 ARAÚJO, José Prata de . Manual dos Direitos S ociais da P opulação. Belo Horizonte: Gráfica O Lutador, 1998. ARRETCHE, Marta T . S. “Políticas so ciais no Brasil: d escentralização em um Estado federativo”. Re vista Brasileira de Ciências Socia is, São Paulo, n. 40, p. 111 -141, 1999. ________. Estado federativo e políticas sociais: determinantes da descentralização. Rio de Janeiro: Revan; São Paulo: Fapesp, 2000. http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-311X1988000100003&script=sci_arttext MUTTI, Antonio e SEGATTI, Paolo. A burguesia de Estado: Estrutura e funções da empresa pública. Rio de Janeiro, Zahar, 1979, 147p
Compartilhar