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CADERNO DE HUMANOS (1) (1)

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DIREITOS HUMANOS 
1. FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS .................................. 4 
1.1. Tratados internacionais ..................................................................................................... 4 
1.2. Costume Internacional ...................................................................................................... 5 
1.3. Princípios gerais do direito ................................................................................................ 5 
1.4. Fontes auxiliares do DIDH ................................................................................................ 5 
1.5. Outras fontes .................................................................................................................... 6 
2. CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ....................................................................... 6 
2.1. Classificação clássica – gerações de direitos humanos .................................................... 6 
2.2. Classificação conforme o direito internacional: os direitos humanos civis e políticos, os 
econômicos, sociais e culturais ................................................................................................... 7 
2.3. Direitos humanos globais ................................................................................................... 14 
3. CARACTERÍSTICAS (PRINCÍPIOS) DO DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS 
HUMANOS ................................................................................................................................... 15 
3.1. Inerência ......................................................................................................................... 15 
3.2. Universalidade ................................................................................................................ 15 
3.3. Indivisibilidade e interdependência ................................................................................. 16 
3.4. Transnacionalidade ........................................................................................................ 16 
3.5. Proibição do Regresso ou Vedação do Retrocesso ........................................................ 16 
3.6. Imprescritibilidade ........................................................................................................... 16 
3.7. Inalienabilidade ............................................................................................................... 17 
3.8. Irrenunciabilidade ........................................................................................................... 17 
3.9. Efetividade ...................................................................................................................... 17 
3.10. Historicidade ............................................................................................................... 17 
SISTEMA INTERNACIONAL DE PROTEÇÃO E PROMOÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS: 
DECLARAÇÕES E TRATADOS DA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS E DA 
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS. ....................................................................... 17 
I. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 17 
II. SISTEMA UNIVERSAL: A CARTA INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS ................. 18 
1. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (DUDH) ......................................... 18 
2. PACTOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS DE 1966 ........................................... 21 
2.1. Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos ................................................................. 23 
2.1.1. Mecanismo de Proteção: Comitê de Direitos Humanos ............................................... 30 
2.2. Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (PIDESC) ....................... 34 
2.2.1. Mecanismo de proteção: Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais ............ 37 
III. SISTEMA UNIVERSAL: TRATADOS ESPECÍFICOS .............................................................. 38 
 
 
 
1. CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE 
DISCRIMINAÇÃO RACIAL ........................................................................................................... 38 
1.1. Comitê para a Eliminação da Discriminação Racial ........................................................ 40 
2. CONVENÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO 
CONTRA A MULHER ................................................................................................................... 42 
2.1. Protocolo Facultativo à Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de 
Discriminação contra a Mulher .................................................................................................. 43 
2.2. Comitê sobre a Eliminação da Discriminação Contra a Mulher........................................... 43 
3. CONVENÇÃO CONTRA A TORTURA E OUTROS TRATAMENTOS OU PENAS CRUÉIS, 
DESUMANOS OU DEGRADANTES ............................................................................................. 46 
3.1. Protocolo Facultativo à Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas 
Cruéis, Desumanos ou Degradantes ......................................................................................... 50 
3.2. Comitê ................................................................................................................................ 50 
3.3. Subcomitê para Prevenção da Tortura ............................................................................... 54 
4. CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS DA CRIANÇA .............................. 55 
4.1. Protocolo Facultativo à Convenção Internacional sobre os Direitos das Crianças, relativo à 
Venda de Crianças, Prostituição Infantil e Pornografia Infantil ................................................... 58 
4.2. Protocolo Facultativo à Convenção Internacional Sobre Os Direitos Da Criança, Relativo à 
Participação De Crianças Em Conflitos Armados ...................................................................... 59 
4.3. Comitê sobre os Direitos das Crianças ............................................................................... 59 
5. CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA ........................ 61 
5.1. Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência .......... 64 
5.2. Comitê dos Direitos das Pessoas com Deficiências ........................................................ 64 
6. CONVENÇÃO PARA A PREVENÇÃO E PUNIÇÃO AO CRIME DE GENOCÍDIO ................. 65 
7. CONVENÇÃO INTERNACIONAL PARA A PROTEÇÃO DE TODAS AS PESSOAS CONTRA 
OS DESAPARECIMENTOS FORÇADOS..................................................................................... 65 
7.1. Comitê contra Desaparecimentos Forçados ................................................................... 67 
8. CONVENÇÃO PARA A PROTEÇÃO DOS DIREITOS DE TODOS OS TRABALHADORES 
MIGRANTES E MEMBROS DAS SUAS FAMÍLIAS ...................................................................... 68 
8.1. Comitê ............................................................................................................................ 69 
IV – SISTEMA REGIONAL AMERICANO ..................................................................................... 69 
1. CARTA DA OEA .................................................................................................................... 69 
2. DECLARAÇÃO AMERICANA DOS DIREITOS E DEVERES DO HOMEM ............................ 70 
3. CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS HUMANOS ....................................................... 72 
3.1. Comissão Interamericana de Direitos Humanos ............................................................. 79 
3.2. Corte Interamericana de Direitos Humanos ....................................................................82 
3.3. Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos Referente à Abolição 
da Pena de Morte ...................................................................................................................... 84 
 
 
 
3.4. Protocolo Adicional à Convenção Americana sobre Direitos Humanos em Matéria de 
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, “Protocolo de San Salvador” .................................... 85 
4. CONVENÇÃO INTERAMERICANA PARA PREVENIR E PUNIR A TORTURA ..................... 86 
5. CONVENÇÃO INTERAMERICANA PARA PREVENIR, PUNIR E ERRADICAR A VIOLÊNCIA 
CONTRA A MULHER, CONVENÇÃO DE BELÉM DO PARÁ ....................................................... 87 
6. CONVENÇÃO INTERAMERICANA PARA ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE 
DISCRIMINAÇÃO CONTRA AS PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA ........................... 91 
7. CONVENÇÃO INTERAMERICANA SOBRE O DESAPARECIMENTO FORÇADO DE 
PESSOAS..................................................................................................................................... 93 
V. OPINIÕES CONSULTIVAS ...................................................................................................... 94 
1. Opinião Consultiva 1/82 ......................................................................................................... 95 
2. Opinião Consultiva 2/82 ......................................................................................................... 95 
3. Opinião Consultiva 3/83 ......................................................................................................... 97 
4. Opinião Consultiva 4/84 ......................................................................................................... 98 
5. Opinião Consultiva 5/85 ......................................................................................................... 98 
6. Opinião Consultiva 6/86 ......................................................................................................... 99 
7. Opinião Consultiva 7/86 ....................................................................................................... 100 
8. Opinião Consultiva 8/87 ....................................................................................................... 101 
9. Opinião Consultiva 9/87. ...................................................................................................... 102 
10. Opinião Consultiva 10/89 ................................................................................................. 104 
11. Opinião Consultiva 11/90. ................................................................................................ 105 
12. Opinião Consultiva 12/91 ................................................................................................. 106 
13. Opinião Consultiva 13/93 ................................................................................................. 107 
14. Opinião Consultiva 14/94. ................................................................................................ 108 
15. Opinião Consultiva 15/97. ................................................................................................ 109 
16. Opinião Consultiva 16/99 ................................................................................................. 110 
17. Opinião Consultiva 17/97 ................................................................................................. 113 
18. Opinião Consultiva 18/03 ................................................................................................. 113 
19. Opinião Consultiva 19/05 ................................................................................................. 114 
20. Opinião Consultiva 20/09 ................................................................................................. 114 
21. Opinião Consultiva 21/11. ................................................................................................ 115 
 
 
 
 
 
1. FONTES DO DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS 
Entende-se como Direitos Humanos Internacionais1 a soma dos direitos civis, políticos, 
econômicos, sociais, culturais e coletivos estipulados pelos instrumentos internacionais e 
regionais e pelo costume internacional. Deste conceito extraem-se as principais fontes formais do 
DIDH, quais sejam: os tratados internacionais e o costume internacional – os princípios também 
são considerados como fonte formal primária. Há, ainda, as fontes auxiliares, tais como a doutrina 
e decisões judiciais. 
O art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça traz as fontes do Direito 
Internacional. 
Artigo 38 
1. A Corte, cuja função seja decidir conforme o direito internacional as 
controvérsias que sejam submetidas, deverá aplicar; 
2. As convenções internacionais, sejam gerais ou particulares, que 
estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes; 
3. O costume internacional como prova de uma prática geralmente aceita 
como direito; 
4. Os princípios gerais do direito reconhecidos pelas nações civilizadas; 
5. As decisões judiciais e as doutrinas dos publicitários de maior 
competência das diversas nações, como meio auxiliar para a determinação 
das regras de direito, sem prejuízo do disposto no Artigo 59. 
6. A presente disposição não restringe a faculdade da Corte para decidir um 
litígio ex aequo et bono, se convier às partes 
 
Segundo André de Carvalho Ramos, são fontes do Direito Internacional, apesar de não 
mencionadas no artigo 38, os atos unilaterais e as resoluções vinculantes das organizações 
internacionais. 
1.1. Tratados internacionais 
Importante ressaltar que não existe hierarquia entre as fontes principais. Embora seja mais 
fácil e prático aplicar um tratado internacional, pois está escrito, do que um costume internacional, 
algo “invisível”. 
Tradados são acordos juridicamente obrigatórios e vinculantes, firmados entre sujeitos de 
Direito Internacional, também chamados de Convenções, Pactos. Não se confundem com as 
declarações (DUDH e a Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem, por exemplo) 
que, por não gerarem efeitos jurídicos (direitos e obrigações), não podem ser entendidas como 
tratados, constituindo categoria diversa2. 
No âmbito do sistema global têm-se os seguintes tratados (considerados os mais 
importantes3): os Pactos de Direitos Humanos de 1966, as Convenções sobre a Eliminação de 
Todas as Formas de Discriminação Racial, de 1966, e contra a Mulher, de 1979; a Convenção 
contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, de 1984, e 
a Convenção sobre os Direitos da Criança, de 1989; a Convenção Internacional sobre a Proteção 
 
1 Conceito extraído do Manual Prático de Direitos Humanos Internacionais, da ESMPU. 
2 Explicadas em tópico apropriado. 
3 Há alguns tratados que não tratam exclusivamente de direitos humanos, como exemplo os tratados de Direito Penal Internacional 
(Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio, de 1948), bem como os tratados que tratam de direito 
humanitário. Porém, isto não lhes tira a qualidade de fonte de DIDH. 
 
 
 
dos Direitos de Todos os Migrantes Trabalhadores e dos Membros de suas Famílias, de 1999; a 
Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, assim como a 
Convenção Internacional para a Proteção de Todas as Pessoas contra Desaparecimento Forçado. 
Além disso, é também amplamente reconhecido que à categoria de tratados universais de 
direitos humanos acrescenta-se algumas convenções da OIT, como, por exemplo, a Convenção n. 
1694 da OIT sobre Povos Indígenas e Tribais, de 1989, e a Convenção n. 182 sobre a Proibição e 
a Ação Imediata para a Eliminação das Piores Formas de Trabalho Infantil, de 1999. 
No sistema regional (OEA) tem-se a Convenção Americana sobre Direitos Humanos(Pacto de San José), de 1969; a Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura, de 
1985; a Convenção Interamericana sobre o Desaparecimento Forçado de Pessoas, de 1994; e, do 
mesmo ano, a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a 
Mulher; a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação 
contra Pessoas Portadoras de Deficiência, de 1999. 
1.2. Costume Internacional 
O costume internacional resulta da prática geral e consistente dos Estados de reconhecer 
como válida e juridicamente exigível determinada obrigação. 
Os costumes aplicam-se a todos os Estados, até àqueles que deliberadamente recusaram-
se a ratificação de um tratado internacional de direitos humanos, ou que tentaram liberar-se de 
uma das suas disposições por meio de reservas. 
O costume internacional é formado por dois elementos, quais sejam: 
a) Elemento objetivo: é a prática geral, ou seja, a conduta oficial de órgãos estatais; 
referem-se aos fatos interestaduais, e, por isso, podem ter relevância para a formação 
do novo Direito Internacional Público. 
b) Elemento subjetivo: é a opinião jurídica dos Estados. Determina que os atos praticados 
pelos Estados sejam uma obrigação jurídica, por isso surgem novos direitos. 
A Corte Internacional de Justiça decidiu expressamente pelo caráter de norma costumeira 
da Declaração Universal de Direitos Humanos, considerada como elemento de interpretação do 
conceito de direitos fundamentais insculpido na Carta da ONU. 
1.3. Princípios gerais do direito 
Prevalece a posição de que os princípios gerais de direito internacional são aqueles 
aceitos por (quase) todos os ordenamentos jurídicos, a exemplo da boa-fé, do respeito à coisa 
julgada, do direito adquirido e do pacta sunt servanda. 
1.4. Fontes auxiliares do DIDH 
 
a) Decisões judiciais: são as chamadas jurisprudências internacionais. As quais são 
reiteradas decisões no mesmo sentido. Nota-se que é chamada de fonte auxiliar, pois 
não criam novos direitos, mas sim determinam o modo como devem ser interpretados. 
 
 
4 Na segunda fase da DPE/ES, em Direitos Humanos, caiu uma questão sobre esta Convenção. 
 
 
 
b) Doutrina: refere-se aos autores de renome. Além disso, inclui-se aqui a Comissão de 
Direito Internacional da ONU, criada pelas Nações Unidas para “incentivar o 
desenvolvimento progressivo do direito internacional e a sua codificação”. 
1.5. Outras fontes 
Embora não constem no rol do art. 38 do Estatuto da CIJ, são considerados como fonte de 
DIDH: 
a) Atos unilaterais dos Estados: são atos que não possuem normatividade. Contudo, 
criam obrigações aos Estados que os proclamam. Assim, quando assumir 
unilateralmente um compromisso publicamente, mesmo quando não efetuado no 
contexto das negociações internacionais, o Estado deverá cumpri-lo obrigatoriamente, 
em respeito à boa-fé. 
 
b) Decisões de organizações internacionais: a partir do momento que um Estado é parte 
em uma organização internacional, ele assume obrigações para com ela, dentre as 
quais a de cumprir aquilo que vier a ser decidido em suas assembleias ou órgãos 
deliberativos. 
 
c) Analogia e equidade: são soluções eficientes para enfrentar o problema da falta de 
norma jurídica regulamentadora a determinado caso concreto, ou ainda para suprir a 
inutilidade da norma existente, a fim de que se possa solucionar, com um mínimo de 
justiça, o conflito de interesses. 
 
2. CLASSIFICAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 
 
2.1. Classificação clássica – gerações de direitos humanos 
Primeiramente, destaca-se que a doutrina moderna prefere a expressão “dimensões” e não 
“gerações”, pois esta traz a ideia de sucessão, contrariando o caráter complementar dos direitos 
humanos. Assim, com o surgimento de uma nova dimensão a anterior não deixa de existir. 
Bonavides afirma que a melhor expressão seria “dimensão”, que se justifica tanto pelo fato 
de não existir realmente uma sucessão ou desaparecimento de uma geração por outra, mas 
também quando novo direito é reconhecido, os anteriores assumem uma nova dimensão, de 
modo a melhor interpretá-los e realizá-los. 
a) 1ª Geração/Dimensão: surgiu com as revoluções burguesas dos séculos XVI e XIX. 
Englobam os chamados direitos de liberdade, chamados prestações negativas, nas 
quais o Estado deve proteger a esfera de autonomia do indivíduo. Assim, Estado não 
poderia interferir na orbita individual, salvo para garantir a prevalência do máximo de 
liberdade possível para todos. 
Exemplos: direito à liberdade, igualdade perante a lei, propriedade, intimidade e 
segurança, traduzindo o valor de liberdade. 
 
b) 2ª Geração/Dimensão: surgiu em decorrência da deplorável situação da população 
pobre das cidades industrializadas. Englobam os chamados direitos de igualdade. 
 
 
 
Impõe aos Estados obrigações positivas, defendendo a intervenção estatal, como 
forma de reparar a iniquidade vigente. 
Exemplos: direito à saúde, educação, previdência social, habitação. 
 
c) 3ª Geração/Dimensão: surgiu recentemente. Englobam os chamados direitos de 
solidariedade. 
Exemplos: direito ao desenvolvimento, direito à paz, direito à autodeterminação e, em 
especial, o direito ao meio ambiente equilibrado. 
Além disso, segundo Paulo Bonavides, há os direitos de quarta geração, decorrentes do 
desenvolvimento da globalização política, correspondente à derradeira fase de institucionalização 
do Estado Social. Exemplos: direito à democracia, direito à informação. 
2.2. Classificação conforme o direito internacional: os direitos humanos civis e políticos, os 
econômicos, sociais e culturais 
a) Direitos Civis: são os direitos de autonomia do indivíduo contra interferências indevidas 
do Estado ou de terceiros. Assim, o conteúdo de tais direitos é relativo à proteção dos atributos da 
personalidade e dignidade da pessoa humana. Liberdade-autonomia. 
O Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos prevê, expressamente, os seguintes 
direitos civis: 
 Direito à vida (art. 6º), estabelecendo restrições à prática da pena de morte; 
Art. 6º 
1. O direito à vida é inerente à pessoa humana. Este direito deverá ser 
protegido pela lei. Ninguém poderá ser arbitrariamente privado de sua vida. 
2. nos Países em que a pena de morte não tenha sido abolida, esta poderá 
ser imposta apenas nos casos de crimes mais graves, em conformidade 
com legislação vigente na época em que o crime foi cometido e que não 
esteja em conflito com as disposições do presente pacto, nem com a 
Convenção sobre a Prevenção e a Punição do Crime de Genocídio. Poder-
se-á aplicar essa pena apenas em decorrência de uma sentença transitada 
em julgado e proferida por tribunal competente. 
3. Quando a privação da vida constituir um crime de genocídio, entende-se 
que nenhuma disposição do presente artigo autorizará qualquer Estado 
Parte do presente pacto a eximir-se, de modo algum, do cumprimento de 
quaisquer das obrigações que tenham assumido em virtude das disposições 
da Convenção sobre a Prevenção e a Punição do Crime de Genocídio. 
4. Qualquer condenado à morte terá o direito de pedir indulto ou comutação 
da pena. A anistia, o indulto ou a comutação de pena poderão ser 
concedidos em todos os casos. 
5. A pena de morte não deverá ser imposta em casos de crimes cometidos 
por pessoas menores de 18 anos, nem aplicada a mulheres em estado de 
gravidez. O Pacto de San José da Costa Rica inclui o maior de 70 anos. 
6. Não se poderá invocar disposição alguma do presente artigo para 
retardar ou impedir a abolição da pena de morte por um Estado Parte do 
presente pacto. 
 
 Direito à integridade física, abolindo os tratamentos cruéis, degradantes e 
desumanos (art. 7º); 
Art. 7º ninguém poderá ser submetido à tortura, nem a penas ou 
tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. Será proibido, sobretudo, 
 
 
 
submeter uma pessoa, semseu livre consentimento, a experiências 
médicas ou científicas. 
 
 Direito à liberdade (art. 11), admitindo-se os trabalhos forçados como pena, mas 
proibindo-se expressamente a prisão por descumprimento de obrigação contratual; 
Art. 11 Ninguém poderá ser preso apenas por não poder cumprir com uma 
obrigação contratual. 
 
 Direito ao devido processo legal (art. 9º); 
Art. 9º 
1. Toda pessoa tem à liberdade e a segurança pessoais. Ninguém poderá 
ser preso ou encarcerado arbitrariamente. Ninguém poderá ser privado de 
sua liberdade, salvo pelos motivos previstos em lei e em conformidade com 
os procedimentos. 
2. Qualquer pessoa, ao ser presa, deverá ser informada das razões da 
prisão e notificada, sem demora, das acusações formuladas contra ela. 
3. Qualquer pessoa presa ou encerrada em virtude de infração penal 
deverá ser conduzida, sem demora, à presença do juiz ou de outra 
autoridade habilitada por lei a exercer funções e terá o direito de ser julgada 
em prazo razoável ou de ser posta em liberdade. A prisão preventiva de 
pessoas que aguardam julgamento não deverá constituir a regra geral, mas 
a soltura poderá estar condicionada a garantias que assegurem o 
comparecimento da pessoa em questão à audiência, a todos os atos do 
processo e, se necessário for, para a execução da sentença. 
4. Qualquer pessoa que seja privada de sua liberdade por prisão ou 
encarceramento terá de recorrer a um tribunal para que este decida sobre a 
legalidade de seu encarceramento e ordene sua soltura, caso a prisão tenha 
sido ilegal. 
5. Qualquer pessoa vítima de prisão ou encarceramento ilegais terá direito 
à reparação. 
 
 Direito de locomoção e direito de intimidade (art. 12); 
Art. 12 
1. Toda pessoa que se ache legalmente no território de um Estado terá o 
direito de nele livremente circular e escolher sua residência. 
2. Toda pessoa terá o direito de sair livremente de qualquer país, inclusive 
de seu próprio país. 
3. Os direito supracitados não poderão constituir objeto de restrição, a 
menos que estejam previstas em lei e no intuito de proteger a segurança 
nacional e a ordem, a saúde ou a moral pública, bem como os direitos e 
liberdades das demais pessoas, e que sejam compatíveis com os outros 
direitos reconhecidos no presente pacto. 
4. Ninguém poderá ser privado do direito de entrar em seu próprio país. 
 
 Direito à igualdade perante a lei (art. 26); 
Art. 26 Todas as pessoas são iguais perante a lei e têm direito, sem 
discriminação alguma, a igual proteção da lei. A este respeito, a lei deverá 
proibir qualquer forma de discriminação e garantir a todas as pessoas 
proteção igual e eficaz contra qualquer discriminação por motivo de raça, 
cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem 
nacional ou social, situação econômica, nascimento ou qualquer outra 
situação. 
 
 
 
 
 Garantias de um julgamento justo, o que inclui o direito ao duplo grau de jurisdição 
(art. 14); 
Art. 14 
1. Todas as pessoas são iguais perante os tribunais e as cortes de justiça. 
Toda pessoa terá o direito de ser ouvida publicamente e com as devidas 
garantias por um tribunal competente, independente e imparcial, 
estabelecido por lei, na apuração de qualquer acusação de caráter penal 
formulada contra ela ou na determinação de seus direitos e obrigações de 
caráter civil. A imprensa e o público poderão ser excluídos de parte ou da 
totalidade de um julgamento, que por motivo de moral pública, de ordem 
pública ou de segurança nacional em uma sociedade democrática, quer 
quando o interesse da vida privada das partes o exija, quer na medida em 
que isso seja estritamente necessário na opinião da justiça, em 
circunstâncias específicas, nas quais a publicidade venha a prejudicar os 
interesses da justiça; entretanto, qualquer sentença proferida em matéria 
penal ou civil deverá tornar-se pública, a menos que o interesse de menores 
exija procedimento oposto, ou o processo diga respeito à controvérsia 
matrimoniais ou á tutela de menores. 
2. Toda pessoa acusada de um delito terá direito a que se presuma sua 
inocência enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. 
3. Toda pessoa acusada de um delito terá direito, em plena igualdade, a, 
pelo menos, as seguintes garantias: 
a) de ser informado, sem demora, numa língua que compreenda e de forma 
minuciosa, da natureza e dos motivos da acusação contra ela formulada; 
b) de dispor do tempo e do meios necessários à preparação de sua defesa 
e a comunicar-se com defensor de sua escolha; 
c) de ser julgado sem dilações indevidas; 
d) de estar presente no julgamento e de defender-se pessoalmente ou por 
intermédio de defender de sua escolha; de ser informado, caso não tenha 
defensor, do direito que lhe assiste de tê-lo e, sempre que o interesse da 
justiça assim exija, de ter um defensor designado "ex offício" gratuitamente, 
se não tiver meios para remunerá-lo; 
e) de interrogar ou fazer interrogar as testemunhas da acusação e de obter 
o comparecimento e o interrogatório das testemunhas de defesa nas 
mesmas condições de que dispõe as de acusação; 
f) de ser assistida gratuitamente por um intérprete, caso não compreenda ou 
não fale a língua empregada durante o julgamento; 
g) de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a confessar-se 
culpada. 
4. O processo aplicável a jovens que não sejam maiores nos termos da 
legislação penal levará em conta a idade dos menores e a importância de 
promover sua reintegração social. 
5. Toda pessoa declarada culpada por um delito terá o direito de recorrer 
da sentença condenatória e da pena a uma instância, em conformidade com 
a lei. 
6. Se uma sentença condenatória passada em julgado for posteriormente 
anulada ou se indulto for concedido, pela ocorrência ou descoberta de fatos 
novos que provem cabalmente a existência de erro judicial, a pessoa que 
sofreu a pena decorrente dessa condenação deverá ser indenizada, de 
acordo com a lei, a menos que fique provado que se lhe pode imputar, total 
ou parcialmente, não-revelação dos fatos desconhecidos em tempo útil. 
7. Ninguém poderá ser processado ou punido por um delito pelo qual já foi 
absolvido ou condenado por sentença passada em julgado, em 
conformidade com a lei e os procedimentos penais de cada país. 
 
 Direito à liberdade religiosa e seus consectários (art. 18); 
Art. 18 
 
 
 
1. Toda pessoa terá direito à liberdade de pensamento, de consciência e de 
religião. Esse direito implicará a liberdade de ter ou adotar uma religião ou 
uma crença de sua escolha e a liberdade de professar sua religião ou 
crença, individual ou coletivamente, tanto pública como privadamente, por 
meio do culto, da celebração de ritos, de práticas e do ensino. 
2. Ninguém poderá ser submetido a medidas coercitivas que possam 
restringir sua liberdade de ter ou de adotar uma religião ou crença de sua 
escolha. 
3. A liberdade de manifestar a própria religião ou crença estará sujeita 
apenas a limitações previstas em lei e que se façam necessárias para 
proteger a segurança, a ordem, a saúde ou a moral públicas ou os direitos e 
as liberdades das demais pessoas. 
4. Os Estados partes do presente Pacto comprometem-se a respeitar a 
liberdade dos pais - e, quando for o caso, dos tutores legais - de assegurar 
a educação religiosa e moral dos filhos que esteja de acordo com suas 
próprias convicções. 
 
 Direito à liberdade de expressão (art. 19 e 20); 
Art. 19 
1. Ninguém poderá ser molestado por suas opiniões. 
2. Toda pessoa terá direito à liberdade de expressão; esse direito incluirá a 
liberdade de procurar, receber e difundir informações e ideias de qualquer 
natureza, independentemente de considerações de fronteiras, verbalmente 
ou por escrito, em forma impressa ou artística, ou qualquer outro meio de 
sua escolha. 
3. O exercício do direito previsto no § 2º do presente artigo implicará 
deveres e responsabilidades especiais. 
Consequentemente, poderá estar sujeito a certas restrições,que devem, 
entretanto, ser expressamente previstas em lei e que se façam necessárias 
para: 
a) assegurar o respeito dos direitos e da reputação das demais pessoas; 
b) proteger a segurança nacional, a ordem, a saúde ou a moral pública. 
Art. 20 
1. Será proibida por lei qualquer propaganda em favor de guerra. 
2. Será proibida por lei qualquer apologia do ódio nacional, radical, racial ou 
religioso que constitua incitamento à discriminação, à hostilidade ou à 
violência. 
 
 Direito à associação (art. 22); 
Art. 22 
1. Toda pessoa terá o direito de associar-se livremente a outras, inclusive o 
direito de construir sindicatos e de a eles filiar-se, para a proteção de seus 
interesses. 
2. O exercício desse direito estará sujeito apenas às restrições previstas 
em lei e que se façam necessárias, em uma sociedade democrática, no 
interesse da segurança nacional, da segurança e da ordem públicas, ou 
para proteger a saúde ou a moral públicas ou os direitos a liberdades das 
demais pessoas. O presente artigo não impedirá que se submeta a 
restrições legais o exercício desse direito por membros das forças armadas 
e da polícia. 
3. Nenhuma das disposições do presente artigo permitirá que Estados 
Partes da Convenção de 1948 da Organização do Trabalho, relativa à 
liberdade sindical e à proteção do direito sindical, venham a adotar medidas 
legislativas que restrinjam - ou aplicar a lei de maneira a restringir - as 
garantias previstas na referida Convenção. 
 
 Direito a constituir família (art. 23); 
 
 
 
Art. 23 
1. A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e terá o 
direito de ser protegida pela sociedade e pelo Estado. 
2. Será reconhecido o direito do homem e da mulher de, em idade núbil, 
contrair casamento e construir família. 
3. Casamento algum será sem o consentimento livre e pleno dos futuros 
esposos. 
4. Os Estados Partes do presente Pacto deverão adota as medidas 
apropriadas para assegurar a igualdade de direitos e responsabilidades dos 
esposos quanto ao casamento, durante o mesmo e o por ocasião de sua 
dissolução. Em caso de dissolução, deverão adotar-se disposições que 
assegurem a proteção necessária para os filhos. 
 
 Direito da criança a medidas de proteção por parte da sociedade e do Estado (art. 
24). 
Art. 24 
1. Toda criança, terá direito, sem discriminação alguma por motivo de cor, 
sexo, religião, origem nacional ou social, situação econômica ou 
nascimento, às medidas de proteção que a sua condição de menor requerer 
por parte de sua família, da sociedade e do Estado. 
2. Toda criança deverá ser registrada imediatamente após seu nascimento 
e deverá receber um nome. 
3. Toda criança terá o direito de adquirir uma nacionalidade. 
 
b) Direitos Políticos: são direitos de participação, ativa ou passiva, na elaboração das 
decisões políticas e na gestão da coisa pública. Liberdade-participação. 
Estão previstos no art. 25 do PIDCP, garantem o direito de participar na condução dos 
assuntos públicos, bem como de votar e ser votado. 
Art. 25 
Todo cidadão terá o direito e a possibilidade, sem qualquer das formas de 
discriminação mencionadas no artigo 2° e sem restrições infundadas: 
a) de participar da condução dos assuntos públicos, diretamente ou por 
meio de representantes livremente escolhidos; 
b) de votar e de ser eleito em eleições periódicas, autênticas, realizadas por 
sufrágio universal e igualitário e por voto secreto, que garantam a 
manifestação da vontade dos eleitores; 
c) de ter acesso em condições gerais de igualdade, às funções públicas de 
seu país. 
 
 c) Direitos Econômicos: possuem uma dimensão institucional, baseada no poder estatal de 
regulamentar o mercado, em vista do interesse público. 
 Estão previstos expressamente no Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e 
Culturais (PIDESC), são eles: 
 Direito à associação sindical (art. 8º); 
Art. 8º 
1. Os Estados Partes do presente pacto comprometem-se a garantir: 
a) o direito de toda pessoa de fundar com outros sindicatos e de filiar-se ao 
sindicato de sua escolha, sujeitando-se unicamente a organização 
interessada, com o objetivo de promover e de proteger seus interesses 
econômicos e sociais. O exercício desse direito só poderá ser objeto das 
restrições previstas em lei e que sejam necessárias, em uma sociedade 
 
 
 
democrática, no interesse da segurança nacional ou da ordem pública, ou 
para proteger os direitos e as liberdades alheias; 
b) o direito dos sindicatos de formar federações ou confederações nacionais 
e o direito desta de formar organizações sindicais internacionais ou de filiar-
se às mesmas; 
c) o direito dos sindicatos de exercer livremente suas atividades, sem 
quaisquer limitações além daquelas previstas em lei e que sejam 
necessárias, em uma sociedade democrática, no interesse da segurança 
nacional ou da ordem pública, ou para proteger os direitos e as liberdades 
das demais pessoas; 
d) o direito de greve, exercido de conformidade com as leis de cada país. 
2. O presente artigo não impedirá que se submeta a restrições legais o 
exercício desses direitos pelos membros das forças armadas, da política ou 
da administração pública. 
3. Nenhuma das disposições do presente artigo permitirá que os Estados 
Partes da Convenção de 1948 da Organização Internacional do Trabalho, 
relativa à liberdade sindical e à proteção do direito sindical, venha a adotar 
medidas legislativas que restrinjam - ou a aplicar a lei de maneira a restringir 
- as garantias previstas na referida Convenção. 
 
 Direito a gozar de condições justas e dignas de trabalho (art. 7º) 
Art. 7º 
Os Estados Partes do presente pacto o reconhecem o direito de toda 
pessoa de gozar de condições de trabalho justas e favoráveis, que 
assegurem especialmente: 
a) uma remuneração que proporcione, no mínimo, a todos os trabalhadores: 
i) um salário equitativo e uma remuneração igual por um trabalho de igual 
valor, sem qualquer distinção; em particular, as mulheres deverão ter a 
garantia de condições de trabalho não inferiores às dos homens e receber a 
mesma remuneração que ele por trabalho igual; 
ii) uma existência decente para eles e suas famílias, em conformidade com 
as disposições do presente Pacto. 
b) a segurança e a higiene no trabalho; 
c) igual oportunidade para todos de serem promovidos, em seu trabalho, á 
categoria superior que lhes corresponda, sem outras considerações que as 
de tempo de trabalho e capacidade; 
d) o descanso, o lazer, a limitação razoável das horas de trabalho e férias 
periódicas remuneradas. 
 
d) Direitos sociais: são prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou 
indiretamente, que possibilitam melhores condições de vida dos mais fracos, direitos que tendem 
a realizar a igualização de situações sociais desiguais. 
De acordo com o PIDESC, compreendem: 
 Direito à vida digna (art. 11) 
Art. 11 
1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito de toda 
pessoa a um nível vida adequado para si próprio e sua família, inclusive à 
alimentação, vestimenta e moradia adequadas, assim como a uma melhoria 
contínua de suas condições de vida. Os Estados Partes tomarão medidas 
apropriadas para assegurar a consecução desse direito, reconhecendo, 
nesse sentido, a importância essencial da cooperação internacional fundada 
no livre consentimento. 
2. Os Estados Partes do presente pacto, reconhecendo o direito 
fundamental de toda pessoa de estar protegida contra a fome, adotarão, 
 
 
 
individualmente e mediante cooperação internacional, as medidas, inclusive 
programas concretos, que se façam necessárias para: 
a) melhorar os métodos de produção, conservação e distribuição de 
gêneros alimentícios pela plena utilização dos conhecimentos técnicos e 
científicos, pela difusão de princípios de educação nutricional e pelo 
aperfeiçoamento ou reforma dos regimes agrários, de maneira que se 
assegurem a exploração e a utilização mais eficazes dos recursosnaturais; 
b) assegurar uma repartição equitativa dos recursos alimentícios mundiais 
em relação às necessidades, levando-se em conta os problemas tanto dos 
países importadores quanto dos exportadores de gêneros alimentícios. 
 
 Direito à saúde (art. 12) 
Art. 12 
1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito de toda 
pessoa desfrutar o mais elevado nível possível de saúde física e mental. 
2. As medidas que os Estados partes do presente Pacto deverão adotar 
com o fim de assegurar o pleno exercício desse direito incluirão as medidas 
que se façam necessárias para assegurar: 
a) a diminuição da mortalidade infantil, bem como o desenvolvimento das 
crianças; 
b) a melhoria de todos os aspectos de higiene do trabalho e do meio 
ambiente; 
c) a prevenção e tratamento das doenças epidêmicas, endêmicas, 
profissionais e outras, bem como a luta contra essas doenças; 
d) a criação de condições que assegurem a todos assistência médica e 
serviços médicos em caso de enfermidade. 
 Direito à educação (art. 13) 
Art. 13 
1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem o direito de toda 
pessoa à educação. Concordam em que a educação deverá visar o pleno 
desenvolvimento da personalidade humana e do sentido de sua dignidade e 
fortalecer o respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais. 
Concordam ainda em que a educação deverá capacitar todas as pessoas a 
participar efetivamente de uma sociedade livre, favorecer a compreensão, a 
tolerância e a amizade entre todas as nações e entre todos os grupos 
raciais, étnicos ou religiosos e promover as atividades das Nações Unidas 
em prol da manutenção da paz. 
2. Os Estados partes do Presente Pacto reconhecem que, com o objetivo 
de assegurar o pleno exercício desse direito: 
a) a educação primária deverá ser obrigatória e acessível gratuitamente a 
todos; 
b) a educação secundária em suas diferentes formas, inclusive a educação 
secundária técnica e profissional, deverá ser generalizada e tornar-se 
acessível a todos, por todos os meios apropriados e, principalmente, pela 
implementação progressiva do ensino gratuito; 
c) a educação de nível superior deverá igualmente tronar-se acessível a 
todos, com base na capacidade de cada um, por todos os meios 
apropriados e, principalmente, pela implementação progressiva do ensino 
gratuito; 
d) dever-se-á fomentar e intensificar, na medida do possível, a educação de 
base para aquelas que não receberam educação primária ou não 
concluíram o ciclo completo de educação primária; 
e) será preciso prosseguir ativamente o desenvolvimento de uma rede 
escolar em todos os níveis de ensino, implementar-se um sistema de bolsas 
estudo e melhorar continuamente as condições materiais do corpo docente. 
 
 
 
2. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a respeitar a 
liberdade dos pais - e, quando for o caso, dos tutores legais - de escolher 
para seus filhos escolas distintas daquelas criadas pelas autoridades 
públicas, sempre que atendam aos padrões mínimos de ensino prescritos 
ou aprovados pelo Estado, e de fazer com que seus filhos venham a 
receber educação religiosa ou moral que seja de acordo com suas próprias 
convicções. 
3. Nenhuma das disposições do presente artigo poderá ser interpretada no 
sentido de restringir a liberdade de indivíduos e de entidades de criar e 
dirigir instituições de ensino, desde que respeitados os princípios 
enunciados no § 1° do presente artigo e que essas instituições observem os 
padrões mínimos prescritos pelo Estado. 
 
e) Direitos Culturais: relacionados à participação do indivíduo na vida cultural de uma 
comunidade, bem como a manutenção do patrimônio histórico-cultural, que concretiza sua 
identidade e a memória. 
Segundo o art. 15 do PIDESC, são os direitos de participar da vida cultural e de conhecer 
os avanços científicos. 
Art. 15 
1. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem a cada indivíduo o 
direito de: 
a) Participar da vida cultural; 
b) desfrutar o progresso científico e suas aplicações; 
c) beneficiar-se da proteção dos interesses morais e materiais decorrentes 
de toda a produção científica, literária ou artística de que seja autor. 
2. As medidas que os Estados Partes do presente Pacto deverão adotar 
com a finalidade de assegurar o pleno exercício desse direito aquelas 
necessárias à conservação, ao desenvolvimento e à difusão da ciência e da 
cultura. 
3. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a respeitar a 
liberdade indispensável à pesquisa científica e à atividade criadora. 
4. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem os benefícios que 
derivam do fomento e do desenvolvimento da cooperação e das ralações 
internacionais no domínio da ciência e da cultura. 
 
2.3. Direitos humanos globais 
Tais direitos adquirem sua especificidade, em relação aos demais, diante da titularidade 
coletiva ou difusa, pertencendo aos grupos sociais determinados, a um povo, ou mesmo, à 
Humanidade inteira. Esta titularidade decorre do fato de que esses direitos objetivam proteger os 
interesses que transcendem a órbita individual, o que os torna distintos dos civis, políticos, 
econômicos, sociais e culturais, que, direta ou indiretamente, visam estabelecer e garantir a 
liberdade individual. 
Destes novos direitos, os que merecem maior destaque são o direito ao desenvolvimento e 
o direito ao meio ambiente sadio. 
Por ser o mais recente ramo surgindo no direito internacional dos direitos humanos, ele 
ainda se encontra nos estágios iniciais de evolução, encontrando problemas quanto à precisão de 
seu conteúdo. Em primeiro lugar, a noção de “povo” ainda é extremamente vaga, sendo apenas 
certo que o critério quantitativo não é suficiente. Isso é fundamental ao se cuidar do direito à 
autodeterminação, que curiosamente é previsto pelos pactos internacionais de 1966, embora não 
se possa classificá-los como direitos civis e políticos, nem como econômicos, culturais e sociais. 
 
 
 
3. CARACTERÍSTICAS (PRINCÍPIOS) DO DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS 
HUMANOS 
 
3.1. Inerência 
Decorre do fundamento jusnaturalista, traz a noção de que os direitos humanos são 
inerentes a cada pessoa, pelo simples fato de existir como ser humano. 
O reconhecimento da inerência é premissa racional para a construção da noção de direitos 
humanos, porque a existência do ser humano livre, anterior à criação do estado, permite a 
limitação da ação deste ou seu direcionamento para a criação de condições favoráveis à vida em 
sociedade. 
Além disso, exerce a função de propiciar a constante alteração do sistema normativo dos 
direitos humanos, sempre que se renovar ou ampliar o entendimento do que seja dignidade 
inerente a todos os membros da família humana. É dizer que neste campo do Direito talvez mais 
que em qualquer outro, a elaboração de suas normas tem em mente consolidar a noção 
atualizada da dignidade fundamental do ser humano, fonte de seus direitos positivados, 
estabelecendo, desta forma, um equilíbrio dinâmico entre direito natural e direito positivo. 
Outra consequência fundamental é o caráter não taxativo dos direitos humanos até agora 
reconhecidos, eis que, sendo inerentes aos seres humanos, em grupo ou individualmente, se 
apresentam em constante mutação, acompanhando e interferindo na evolução social, regional e 
global. 
3.2. Universalidade 
A concepção universal dos direitos humanos decorre da ideia de inerência. Significa que 
estes direitos pertencem a todos os membros da espécie humana, sem qualquer distinção 
fundada em atributos inerentes aos seres humanos ou na posição social que ocupem. 
Tal concepção, embora consagrada nos documentos internacionais, é constantemente 
questionada pelos adeptos do chamado “Relativismo Cultural”, corrente de pensamento que vê os 
direitos humanos como fruto da evolução e cristalização dos valores da “civilização ocidental”. 
Entendem que conferir ao direito internacional dos direitos humanoscaráter cogente implicaria 
uma tentativa de impor aos demais povos determinada “cultura”, prevalecente apenas diante da 
conjuntura geopolítica. Em última instância, os direitos humanos universais fariam parte de 
projetos imperialistas das potências ocidentais. 
Porém, a desconsideração da dignidade fundamental de cada ser humano não tem 
fronteiras e não tem lugar na cultura humana. 
De acordo com Carlos Weis, citando José Augusto Alves, as afirmações de que a 
Declaração Universal é um documento de interesse apenas ocidental, irrelevante e inaplicável em 
sociedades com valores histórico-culturais distintos, são falsas e perniciosas. Falsa porque todas 
as Constituições nacionais redigidas após a adoção da Declaração pela Assembleia Geral da 
ONU nela se inspiraram ao tratar dos direitos e liberdades fundamentais, pondo em evidência, 
assim, o caráter hoje universal de seus valores. Perniciosas porque abrem possibilidades à 
invocação do relativismo cultural como justificativa para violações concretas dos direitos já 
internacionalmente reconhecidos. 
 
 
 
A universalidade dos direitos sociais pode ser entendida no contexto mais amplo da 
dignidade humana, a que toda pessoa tem direito. Não há como pensar em respeito aos direitos 
humanos sem que o Estado tome providências que lhe competem visando a assegurar a elevação 
das condições de vida ao que se convencionou chamar de padrão mínimo de dignidade humana. 
3.3. Indivisibilidade e interdependência 
Conferência Internacional de Teerã 13 – “Como os direitos humanos e as 
liberdades fundamentais são indivisíveis, a realização dos direitos civis e 
políticos sem o gozo dos direitos econômicos, sociais e culturais torna-se 
impossível”. 
Viena 1993 “Todos os direitos humanos são universais, indivisíveis, 
interdependentes e inter-relacionados” 
A indivisibilidade está ligada ao objetivo maior do sistema internacional de direitos 
humanos, a promoção e garantia da dignidade humana. Não existe meio-termo: só há vida 
verdadeiramente digna se todos os direitos previstos no direito internacional dos direitos humanos 
estiverem sendo respeitados, sejam civis e políticos, sejam econômicos, sociais e culturais. Trata-
se de uma característica do conjunto de normas e não de cada direito individualmente 
considerado. 
A interdependência diz respeito aos direitos humanos considerados em espécie, ao se 
entender que certo direito não alcança a eficácia plena sem a realização simultânea de alguns ou 
de todos os outros direitos humanos. E essa característica não distingue direitos civis e políticos 
ou econômicos, sociais ou culturais, pois a realização de um direito específico pode depender 
(como geralmente ocorre) do respeito e promoção de diversos outros, independente de sua 
classificação. 
3.4. Transnacionalidade 
Carlos Weis afirma que esta característica é bem resumida por Dalmo de Abreu Dallari, 
para quem: “os direitos fundamentais da pessoa humana são reconhecidos e protegidos por todos 
os Estados, embora existam variações quanto à enumeração desses direitos, bem como quanto à 
forma de protegê-los. Esses direitos não dependem da nacionalidade ou cidadania, sendo 
assegurados a qualquer pessoa”. 
Também tem como finalidade a proteção do ser humano quando lhe recusam uma 
nacionalidade e a proteção estatal dela decorrente. Se à pessoa não for garantido os direitos 
fundamentais, tem a ordem internacional o dever de intervir, em face do caráter transcendental 
dos direitos humanos. 
3.5. Proibição do Regresso ou Vedação do Retrocesso 
 Uma vez conferido, concedido um direito fundamental, o Estado não poderá retroceder, 
diminuir a sua proteção aos direitos humanos em relação ao estágio em que esta tutela encontra-
se. 
3.6. Imprescritibilidade 
 Os direitos humanos não podem ser atingidos pelo lapso temporal. 
 Em 2002, o Brasil incorporou o Estatuto de Roma (Decreto 4.388/2002), que elenca como 
crimes imprescritíveis os crimes contra a humanidade, crimes de guerra, genocídio e agressão. 
 
 
 
 Desta forma, o rol constitucional de imprescritibilidades é EXEMPLIFICATIVO, pois cuida 
de direito fundamental que estabelece uma proteção mínima aos direitos humanos, podendo ser 
ampliada. Assim, outros crimes imprescritíveis podem ser incluídos no rol do art. 5º da CF, desde 
que o objetivo seja a proteção dos direitos humanos. 
3.7. Inalienabilidade 
 Os direitos humanos não podem ser alienados, transferidos, ainda que com anuência de 
seu titular, e qualquer manifestação de vontade nesse sentido é nula de pleno direito. 
3.8. Irrenunciabilidade 
 Os direitos humanos são irrenunciáveis, não podem ser abdicados, abjurados, e qualquer 
manifestação de vontade nesse sentido é nula de pleno direito. 
3.9. Efetividade 
 Não basta o singelo reconhecimento pelo Estado dos direitos humanos; ele deve empregar 
medidas efetivas para a sua aplicação. 
3.10. Historicidade 
Os direitos humanos são históricos, pois são construídos pela convivência coletiva, que 
teve origem nos direitos civis e políticos – 1ª geração – se desenvolveram como direitos 
econômicos, sociais e culturais – 2ª geração – e chegaram ao seu ápice na institucionalização das 
garantias coletivas – 3ª geração. 
SISTEMA INTERNACIONAL DE PROTEÇÃO E PROMOÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS: 
DECLARAÇÕES E TRATADOS DA ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS E DA 
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS. 
 
I. INTRODUÇÃO 
É possível traçar direitos comuns a todos os seres humanos, os quais resultaram nas 
Declarações de Direitos dos séculos XVII e XVIII, bem como contribuíram para o surgimento do 
Sistema Internacional de Promoção e Proteção dos Direitos Humanos. 
A partir da crise do modelo de Estado Democrático-Liberal, desde meados do século XIX, 
as doutrinas políticas passaram a desdenhar do fundamento jusnaturalista dos direitos humanos, 
afastando a ideia de que o ser humano possui direitos a ele inerentes, decorrentes 
exclusivamente de sua condição humana, os quais constituíam limite à ação estatal. Ao contrário, 
o novo pensamento via no Estado a fonte única e legítima dos direitos fundamentais, resultando 
que estes não eram mais descobertos ou revelados, senão que concedidos ou outorgados pelo 
Poder Público. 
O não reconhecimento de freios de direito natural ao poder estatal resultou em regimes 
políticos que, embora de diferentes origens, traziam um elemento em comum: a convicção de que 
era o Estado, por si próprio, quem deveria definir qual o bem comum de seus súditos e traçar os 
meios para alcançá-los. 
Diante disso, a consciência mundial despertou para conceber a necessidade do 
restabelecimento dos paradigmas jusnaturalistas, os quais, embora não possam ser 
demonstrados empiricamente, são reconhecidamente os pressupostos racionais universais para a 
 
 
 
garantia do poder estatal e de seu uso de forma relativamente limitada e voltada à construção do 
bem comum de todos. 
Ressuscitou a ideia de uma Comunidade Internacional de Nações, a que deram o nome de 
Organização das Nações Unidas, no bojo da qual haveria de nascer um conjunto de normas e 
organismos voltados à construção e preservação daqueles direitos inerentes aos seres humanos. 
II. SISTEMA UNIVERSAL: A CARTA INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS 
É composta pelos seguintes instrumentos: 
a) Declaração Universal dos Direitos Humanos; 
b) Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e seus dois Protocolos Opcionais; 
c) Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e seu Protocolo 
Facultativo. 
1. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (DUDH) 
No preambulo da Declaração Universal, de 1948, encontra-se a motivação para a 
elaboração de um documento universal sobre os direitos humanos, sendo a mesma motivação 
que levou a criação da ONU. 
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os 
membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o 
fundamentoda liberdade, da justiça e da paz no mundo, 
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos humanos 
resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência da Humanidade e 
que o advento de um mundo em que os homens gozem de liberdade de 
palavra, de crença e da liberdade de viverem a salvo do temor e da 
necessidade foi proclamado como a mais alta aspiração do homem comum, 
Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo 
Estado de Direito, para que o homem não seja compelido, como último 
recurso, à rebelião contra tirania e a opressão, 
Considerando essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas 
entre as nações, 
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua 
fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa 
humana e na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, e que 
decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em 
uma liberdade mais ampla, 
Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a desenvolver, 
em cooperação com as Nações Unidas, o respeito universal aos direitos 
humanos e liberdades fundamentais e a observância desses direitos e 
liberdades, 
Considerando que uma compreensão comum desses direitos e liberdades é 
da mais alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso, 
A Assembleia Geral proclama 
A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum 
a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que 
cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta 
Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o 
respeito a esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas 
 
 
 
progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu 
reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre os 
povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios 
sob sua jurisdição. 
 
Aliado a isso, havia a necessidade de dar concretude aos direitos humanos e liberdades 
fundamentais referidos na Carta da ONU5 (art. 1ª, 3). 
Artigo 1. Os propósitos das Nações unidas são: 
1. Manter a paz e a segurança internacionais e, para esse fim: tomar, 
coletivamente, medidas efetivas para evitar ameaças à paz e reprimir os 
atos de agressão ou outra qualquer ruptura da paz e chegar, por meios 
pacíficos e de conformidade com os princípios da justiça e do direito 
internacional, a um ajuste ou solução das controvérsias ou situações que 
possam levar a uma perturbação da paz; 
2. Desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no respeito 
ao princípio de igualdade de direitos e de autodeterminação dos povos, e 
tomar outras medidas apropriadas ao fortalecimento da paz universal; 
3. Conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas 
internacionais de caráter econômico, social, cultural ou humanitário, e para 
promover e estimular o respeito aos direitos humanos e às liberdades 
fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião; e 
4. Ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a 
consecução desses objetivos comuns. 
 
Afirma-se que o significado da DUDH decorre dos próprios objetivos da criação das 
Nações Unidas, relacionados com a reconstrução da ordem mundial fundada em novos conceitos 
de direito internacional, contrários à doutrina da soberania nacional absoluta e à exacerbação do 
positivismo jurídico. 
Pretendia-se formular um rol atualizado dos direitos humanos, com a criação de 
obrigações para os Estados em decorrência da normativa internacional. 
Carlos Weis, citando Dalmo Abreu Dallarri, afirma que o exame dos artigos da Declaração 
revela que ela consagrou três objetivos fundamentais: 
 A certeza dos direitos, exigindo que haja uma fixação prévia e clara dos direitos e 
deveres, para que os indivíduos possam gozar dos direitos ou sofrer imposições; 
 A segurança dos direitos, impondo uma série de normas tendentes a garantir 
que, em qualquer circunstância, os direitos fundamentais serão respeitados; 
 A possibilidade dos direitos, exigindo que se procure assegurar a todos os 
indivíduos os meios necessários à fruição dos direitos, não se permanecendo no 
formalismo cínico e mentiroso da afirmação de igualdade de direitos aonde grande 
parte do povo vive em condições subumanas. 
A DUDH possui natureza jurídica de recomendação da Assembleia-Geral, com caráter 
especial, diante de sua universalidade e solenidade. 
 
5 Também chamada de Carta de São Francisco, é de 1945. É um tratado internacional - fala em DH, mas não define seu 
conteúdo. 
 
 
 
Foi o primeiro documento internacional a tratar dos direitos humanos, tanto civis e políticos 
quanto econômicos, sociais e culturais, de maneira indivisível, ainda que tenha reconhecido sua 
distinta natureza jurídica. 
Apresentou como novidade: a proibição à escravidão e à tortura; o reconhecimento da 
personalidade jurídica; o direito ao asilo e à nacionalidade. Além disso, fez menção ao direito de 
propriedade, seja com titularidade individual, seja coletiva. 
Artigo IV - Ninguém será mantido em escravidão ou servidão, a 
escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas 
formas. 
Artigo V - Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou 
castigo cruel, desumano ou degradante. 
Artigo VI - Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares, 
reconhecida como pessoa perante a lei. 
Artigo XIV - 1. Toda pessoa, vítima de perseguição, tem o direito de 
procurar e de gozar asilo em outros países. 2. Este direito não pode 
ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por 
crimes de direito comum ou por atos contrários aos propósitos e 
princípios das Nações Unidas. 
Artigo XV - 1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade. 2. 
Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do 
direito de mudar de nacionalidade. 
Artigo XVII - 1. Toda pessoa tem direito à propriedade, só ou em 
sociedade com outros. 2. Ninguém será arbitrariamente privado de 
sua propriedade. 
Conforme se percebe, a DUDH não faz qualquer distinção entre as categorias dos direitos 
humanos, no que diz respeito ao seu reconhecimento e gozo, ainda que o regime de 
implementação das liberdades e dos demais direitos humanos possa ser diferenciado. 
Há na DUDH uma completa ausência de mecanismos de implementação dos direitos 
humanos – o que é explicado pelo contexto político em que se vivia, tendo-se chegado à solução 
pela criação da Carta Internacional dos Direitos Humanos, com a edição dos pactos de 1966. 
Não foi subscrita por todos os Países-membros das Nações Unidas quando de sua 
proclamação, sendo notável o silêncio dos Países aliados à União Soviética, provocando oito 
abstenções dentre os 58 Países então membros. 
A DUDH reflete o conteúdo da dignidade humana auferido no pós-guerra, o qual vem 
sofrendo a ação da História – o que confere aos direitos humanos contemporâneos a 
característica da historicidade. 
Apesar de inúmeros preceitos estarem ultrapassados (ex: casamento entre homem e 
mulher apenas), não retiram o caráter simbólico da Declaração Universal, e sua quase total 
atualidade demonstra a inconveniência política de se alterar seu consagrado texto, até porque a 
atualização do catálogo dos direitos humanos tem se realizado constantemente, por meio de 
novos tratados, declarações e programas de ação, de que fazem exemplo os do Rio de Janeiro 
 
 
 
sobre o Meio Ambiente (1992), de Viena sobre Direitos Humanos (1993), do Cairo sobre 
População e Desenvolvimento (1994) e de Pequim sobre Direitos da Mulher (1995). A vitalidade 
do Sistema Universal dos Direitos Humanos, portanto, mantém em constante afinidade com os 
valores que traduzem a dignidade fundamental do ser humano. 
Pontos Importantes! Ano: 1948 
 Primeiro documento que tratou das duas gerações de Direitos Humanos (1ª e 2ª) 
 Universalidade, indivisibilidade e interdependência dos direitos civis, políticos, econômicos 
e sociais. 
 Direito de propriedade: reconhecido tanto em caráter individual quanto coletivo; 
 Implementação progressiva, de acordo com as possibilidades, dos direitos econômicos, 
sociais e culturais; 
 Família é o núcleo natural e fundamental da sociedade 
 
Novidades 
 
• Proibição à escravidão e à tortura 
• Reconhecimento da personalidade jurídica 
• Direito ao asilo 
• Direito à nacionalidade 
 
2. PACTOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS DE 1966 
Os pactos internacionais constituem o mais abrangente catálogo de direitos humanos hoje 
existentes, de aplicação universal, complementando e aprofundando muitos dispositivos da 
Declaração Universal de 1948. 
Para a elaboração de pactos distintos foram utilizados os seguintes argumentos: 
1º Direitos civis e políticos têm natureza distinta dos direitos econômicos, culturais e 
sociais, especialmente porque os primeiros seriam de aplicação imediata (passíveis de cobrança), 
enquanto os demais seriam realizáveis progressivamente, sem que se pudesse exigir do Estado a 
sua concretização. 
2º Diz respeito aos mecanismos de supervisão. Os direitos civis e políticos deveriam ser 
implementados imediatamente (referem-se às liberdades individuais), sua violação poderia ser 
denunciada a um órgão fiscalizador (posteriormente denominado de Comitê de Direitos 
Humanos). Por outro lado, os econômicos, sociais e culturais se realizariam apenas diante da 
cooperação internacional e dos esforços de cada Estado, não sendo possível a aplicação do 
sistema de denúncias. 
Contudo, tentativa de partir os direitos humanos em duas categorias com importância 
desigual foi posta por terra menos de dois anos após a adoção dos pactos internacionais, na 
Conferência Mundial realizada em Teerã em 1968, em que se afirmou peremptoriamente a 
indivisibilidade dos direitos humanos: “13 – Como os direitos humanos e as liberdades 
fundamentais são indivisíveis, a realização dos direitos civis e políticos sem o gozo dos direitos 
econômicos, sociais e culturais torna-se impossível”. 
 
 
 
Da análise comparada dos pactos percebem-se a semelhança dos preâmbulos, 
enfatizando a inerência dos direitos humanos aos seres humanos e a inalienabilidade da liberdade 
e da igualdade humana, e a perfeita identidade dos arts. 1º, introduzindo o direito à 
autodeterminação dos povos, ausente no texto da Declaração Universal dos Direitos Humanos, 
mas decorrente do propósito da ONU de desenvolver relações amistosas entre as nações. 
ARTIGO 1º 
1. Todos os povos têm direito à autodeterminação. Em virtude desse 
direito, determinam livremente seu estatuto político e asseguram livremente 
seu desenvolvimento econômico, social e cultural. 
2. Para a consecução de seus objetivos, todos os povos podem dispor 
livremente de suas riquezas e de seus recursos naturais, sem prejuízo das 
obrigações decorrentes da cooperação econômica internacional, baseada 
no princípio do proveito mútuo, e do Direito internacional. Em caso algum, 
poderá um povo ser privado de seus meios de subsistência. 
3. Os Estados partes do presente pacto, inclusive aqueles que tenham a 
responsabilidade de administrar territórios não-autônomos e territórios sob 
tutela, deverão promover o exercício do direito à autodeterminação e 
respeitar esse direito, em conformidade com as disposições da Carta das 
nações unidas. 
De outro lado, a diferença fundamental entre os pactos é justamente aquela que originou a 
edição de dois documentos distintos, estampada nos respectivos arts. 2º. Enquanto o PIDCP cria 
a obrigação estatal de “tomar as providências necessárias”, inclusive de natureza legislativa, para 
“garantir a todos os indivíduos que se encontrem no território e que estejam sujeitos à sua 
jurisdição os direitos reconhecidos no presente Pacto”, o tratado referente aos direitos 
econômicos, sociais e culturais, também no art. 2º, prevê a adoção de medidas, tanto por esforço 
próprio como pela cooperação e assistência internacionais, “que visem a segurar, 
progressivamente, por todos os meios apropriados, o pleno exercício dos direitos reconhecidos no 
presente Pacto”. 
PIDCP - ARTIGO 2º 
1. Os Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a respeitar e a 
garantir a todos os indivíduos que se achem em seu território e que estejam 
sujeito a sua jurisdição os direitos reconhecidos no presente Pacto, sem 
discriminação alguma por motivo de raça, cor, sexo, religião, opinião política 
ou outra natureza, origem nacional ou social, situação econômica, 
nascimento ou qualquer outra condição. 
2. Na ausência de medidas legislativas ou de outra natureza destinadas a 
tornar efetivos os direitos reconhecidos no presente Pacto, os Estados do 
presente Pacto comprometem-se a tomar as providências necessárias com 
vistas a adota-las, levando em consideração seus respectivos 
procedimentos constitucionais e as disposições do presente Pacto. 
3. Os Estados Partes do presente pacto comprometem-se a: 
a) garantir que toda pessoa, cujos direitos e liberdades reconhecidos no 
presente pacto tenham sido violados, possa dispor de um recurso efetivo, 
mesmo que a violência tenha sido perpetrada por pessoa que agiam no 
exercício de funções oficiais; 
b) garantir que toda pessoa que interpuser tal recurso terá seu direito 
determinado pela competente autoridade judicial, administrativa ou 
legislativa ou por qualquer outra autoridade competente prevista no 
 
 
 
ordenamento jurídico do Estado em questão; e a desenvolver as 
possibilidades de recurso judicial; 
c) garantir o cumprimento, pelas autoridades competentes, de qualquer 
decisão que julgar procedente tal recurso. 
 
PIDESC - ARTIGO 2º 
1. Cada Estados Partes do presente Pacto comprometem-se a adotar 
medidas, tanto por esforço próprio como pela assistência e cooperação 
internacionais, principalmente nos planos econômico e técnico, até o 
máximo de seus recursos disponíveis, que visem assegura, 
progressivamente, por todos os meios apropriados, o, pleno exercício e dos 
direitos reconhecidos no presente Pacto, incluindo, em particular, a adoção 
de medidas legislativa. 
2. Os Estados Partes do presente pacto comprometem-se a garantir que os 
direitos nele enunciados se exercerão sem discriminação alguma por motivo 
de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, 
origem nacional ou social, situação econômica, nascimento ou qualquer 
outra situação. 
3. Os países em desenvolvimento, levando devidamente em consideração 
os direitos humanos e a situação econômica nacional, poderão determinar 
em que medida garantirão os direitos econômicos reconhecidos no presente 
Pacto àqueles que não sejam seus nacionais. 
 
Porém, ainda que se entenda que tais direitos não possam ser inaugurados 
imediatamente, por demandarem uma série de medidas estatais relacionadas com uma política 
publica, não se pode daí inferir que não surja para os cidadãos de um dado Estado-Parte no Pacto 
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais o direito subjetivo de exigir a sua 
implementação, especialmente tendo em vista a melhoria de uma situação específica que viole a 
dignidade fundamental dos seres humanos, ao se mostrar contrária aos patamares mínimos 
estatuídos pelo Pacto ou por outros de natureza semelhante. 
2.1. Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos 
Cuida dos direitos humanos relacionados à liberdade individual, à proteção da pessoa 
contra a ingerência estatal em sua órbita privada, bem como à participação popular na gestão da 
sociedade. 
Da análise de suas normas substantivas, vale registrar as alterações feitas pelo PIDCP em 
relação ao texto da Declaração Universal (arts. III a XXI), como: direitoà vida (art. 6º); a não ser 
submetido à tortura ou tratamentos cruéis desumanos ou degradantes (art. 7º); de não ser 
escravizado ou submetido à servidão (art. 8º); à liberdade e segurança pessoal – incluindo não ser 
sujeito à prisão ou detenção arbitrária (art. 9º); à igualdade perante a lei (art. 3º); a um julgamento 
justo (art. 14); às liberdades de locomoção (art. 12), consciência, manifestação do pensamento, 
religião (art. 18), associação (inclusive de fundar sindicatos e a eles aderir – art. 22), reunião 
pacífica (art. 21); a casar e constituir família (art. 23); a ter nacionalidade (art. 24); e de votar, 
tomar parte do governo – diretamente ou por meio de representantes – e ter acesso às funções 
públicas de seu País (art. 25). 
ARTIGO 3º Os Estados partes do presente pacto comprometem-se a 
assegurar a homens e mulheres igualdade no gozo de todos os direitos civis 
e políticos enunciados no presente pacto. 
 
 
 
 
ARTIGO 6º 
1. O direito à vida é inerente à pessoa humana. Este direito deverá ser 
protegido pela lei. Ninguém poderá ser arbitrariamente privado de sua vida. 
2. Nos Países em que a pena de morte não tenha sido abolida, esta poderá 
ser imposta apenas nos casos de crimes mais graves, em conformidade 
com legislação vigente na época em que o crime foi cometido e que não 
esteja em conflito com as disposições do presente pacto, nem com a 
Convenção sobre a Prevenção e a Punição do Crime de Genocídio. Poder-
se-á aplicar essa pena apenas em decorrência de uma sentença transitada 
em julgado e proferida por tribunal competente. 
3. Quando a privação da vida constituir um crime de genocídio, entende-se 
que nenhuma disposição do presente artigo autorizará qualquer Estado 
Parte do presente pacto a eximir-se, de modo algum, do cumprimento de 
quaisquer das obrigações que tenham assumido em virtude das disposições 
da Convenção sobre a Prevenção e a Punição do Crime de Genocídio. 
4. Qualquer condenado à morte terá o direito de pedir indulto ou comutação 
da pena. A anistia, o indulto ou a comutação de pena poderão ser 
concedidos em todos os casos. 
5. A pena de morte não deverá ser imposta em casos de crimes cometidos 
por pessoas menores de 18 anos, nem aplicada a mulheres em estado de 
gravidez. 
6. Não se poderá invocar disposição alguma do presente artigo para 
retardar ou impedir a abolição da pena de morte por um Estado Parte do 
presente pacto. 
 
ARTIGO 7º ninguém poderá ser submetido à tortura, nem a penas ou 
tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. Será proibido, sobretudo, 
submeter uma pessoa, sem seu livre consentimento, a experiências 
médicas ou científicas. 
 
ARTIGO 8º 
1. Ninguém poderá ser submetido à escravidão; a escravidão e o tráfico de 
escravos, em todos as suas formas, ficam proibidos. 
2. Ninguém poderá ser submetido à servidão. 
3. a) Ninguém poderá ser obrigado a executar trabalhos forçados ou 
obrigatórios; 
b) A alínea "a" do presente parágrafo não poderá ser interpretada no sentido 
de proibir, nos países em que certos crimes sejam punidos com prisão e 
trabalhos forçados, o cumprimento de uma pena de trabalhos forçados, 
imposta por um tribunal competente; 
c) Para os efeitos do presente parágrafo, não serão considerados "trabalhos 
forçados ou obrigatórios": 
i) qualquer trabalho ou serviço, não previsto na alínea "b", normalmente 
exigido de um indivíduo que tenha sido encerrado em cumprimento de 
decisão judicial ou que, tendo sido objeto de tal decisão, ache-se em 
liberdade condicional; 
ii) qualquer serviço de caráter militar e, nos países em que se admite a 
isenção por motivo de consciência, qualquer serviço nacional que a lei 
venha a exigir daqueles que se oponha ao serviço militar por motivo de 
consciência; 
iii) qualquer serviço exigido em casos de emergência ou de calamidade que 
ameacem o bem-estar da comunidade; 
 
 
 
iv) qualquer trabalho ou serviço que faça parte das obrigações cívicas 
normais. 
 
ARTIGO 9° 
1. Toda pessoa tem à liberdade e a segurança pessoais. 
Ninguém poderá ser preso ou encarcerado arbitrariamente. Ninguém 
poderá ser privado de sua liberdade, salvo pelos motivos previstos em lei e 
em conformidade com os procedimentos. 
2. Qualquer pessoa, ao ser presa, deverá ser informada das razões da 
prisão e notificada, sem demora, das acusações formuladas contra ela. 
3. Qualquer pessoa presa ou encerrada em virtude de infração penal 
deverá ser conduzida, sem demora, à presença do juiz ou de outra 
autoridade habilitada por lei a exercer funções e terá o direito de ser julgada 
em prazo razoável ou de ser posta em liberdade. A prisão preventiva de 
pessoas que aguardam julgamento não deverá constituir a regra geral, mas 
a soltura poderá estar condicionada a garantias que assegurem o 
comparecimento da pessoa em questão à audiência, a todos os atos do 
processo e, se necessário for, para a execução da sentença. 
4. Qualquer pessoa que seja privada de sua liberdade por prisão ou 
encarceramento terá de recorrer a um tribunal para que este decida sobre a 
legalidade de seu encarceramento e ordene sua soltura, caso a prisão 
tenha sido ilegal. 
5. Qualquer pessoa vítima de prisão ou encarceramento ilegais terá direito 
à reparação. 
 
ARTIGO 12 
1. Toda pessoa que se ache legalmente no território de um Estado terá o 
direito de nele livremente circular e escolher sua residência. 
2. Toda pessoa terá o direito de sair livremente de qualquer país, inclusive 
de seu próprio país. 
3. Os direitos supracitados não poderão constituir objeto de restrição, a 
menos que estejam previstas em lei e no intuito de proteger a segurança 
nacional e a ordem, a saúde ou a moral pública, bem como os direitos e 
liberdades das demais pessoas, e que sejam compatíveis com os outros 
direitos reconhecidos no presente pacto. 
4. Ninguém poderá ser privado do direito de entrar em seu próprio país. 
 
ARTIGO 14 
 1. Todas as pessoas são iguais perante os tribunais e as cortes de justiça. 
Toda pessoa terá o direito de ser ouvida publicamente e com as devidas 
garantias por um tribunal competente, independente e imparcial, 
estabelecido por lei, na apuração de qualquer acusação de caráter penal 
formulada contra ela ou na determinação de seus direitos e obrigações de 
caráter civil. A imprensa e o público poderão ser excluídos de parte ou da 
totalidade de um julgamento, que por motivo de moral pública, de ordem 
pública ou de segurança nacional em uma sociedade democrática, quer 
quando o interesse da vida privada das partes o exija, quer na medida em 
que isso seja estritamente necessário na opinião da justiça, em 
circunstâncias específicas, nas quais a publicidade venha a prejudicar os 
interesses da justiça; entretanto, qualquer sentença proferida em matéria 
penal ou civil deverá tornar-se pública, a menos que o interesse de menores 
 
 
 
exija procedimento oposto, ou o processo diga respeito à controvérsia 
matrimonial ou á tutela de menores. 
2. Toda pessoa acusada de um delito terá direito a que se presuma sua 
inocência enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. 
3. Toda pessoa acusada de um delito terá direito, em plena igualdade, a, 
pelo menos, as seguintes garantias: 
a) de ser informado, sem demora, numa língua que compreenda e de forma 
minuciosa, da natureza e dos motivos da acusação contra ela formulada; 
b) de dispor do tempo e dos meios necessários à preparação de sua defesa 
e a comunicar-se com defensor de sua escolha; 
c) de ser julgado sem dilações indevidas; 
d) de estar presente no julgamento e de defender-se pessoalmente ou por 
intermédio de defender de sua escolha; de ser informado, caso não tenha 
defensor, do direito que lhe assiste de tê-lo e, sempre que o interesse da 
justiça assim exija, de ter um defensor designado "ex offício" gratuitamente, 
se não tiver meios para remunerá-lo; 
e) de interrogar ou

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