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18 A U L A 18 A U L A Depois de muitos anos de trabalho e economia, vocŒ decidiu comprar seu primeiro carro zero quilômetro. Na agŒncia, no entanto, o vendedor nem lhe deu tempo de respirar e foi logo disparando: – `lcool ou gasolina? Motor 1.0, 1.4 ou 1.6? Interior em napa, couro ou corvim? Direçªo hidrÆulica? E ar-condicionado? Olha que o verªo promete, hein! Vidros elØtricos? Painel analógico ou digital? Digital vai parecer um aviªo. Rodas de ferro ou alumínio? Duas ou quatro portas? Ainda completamente atordoado com tantas possibilidades, o vendedor levanta a cabeça da tabela de preços e lhe dÆ o golpe de misericórdia: – E a cor? O outro lado da moeda Na extremidade oposta ao do conceito de produçªo em massa, encontra-se a produçªo sob encomenda. Normalmente trata-se de um lote unitÆrio, ou seja, composto por um œnico produto. O caso típico Ø o da noiva que contrata uma costureira para fazer seu vestido de casamento. Ela deseja algo exclusivo, que retrate sua personalidade e ressalte suas qualidades. Para isso, terÆ que pagar mais e esperar mais tempo do que se comprasse um vestido pronto numa loja do ramo. Começou-se, entªo, a estudar a viabilidade de mØtodos de fabricaçªo que aliassem o baixo custo e o prazo de entrega da produçªo em massa com o respeito aos desejos íntimos do consumidor, típico da produçªo sob encomenda. Esse meio-termo, constituído pela chamada produçªo em lotes, com quantidades inferiores a 50 peças, necessitava de formas de produçªo mais flexíveis. E flexibilidade, ou seja, capacidade de se adaptar rapidamente a mudanças Ø justamente a característica principal de uma mÆquina chamada computador. Embora um sistema de fabricaçªo flexível nªo precise necessariamente de computadores, sua presença, se bem explorada, acaba por aumentar a eficiŒncia de produçªo. Em muitos casos, a flexibilidade propiciada pela utilizaçªo Um problema Sistemas flexíveis de manufatura 18 A U L A dos computadores acaba se tornando atØ um fator de sobrevivŒncia da empresa em face da concorrŒncia cada vez maior. Sistemas flexíveis de manufatura A palavra “sistema” significa um conjunto de elementos interligados, destinados a uma determinada funçªo. No nosso caso, essa funçªo Ø a produçªo de bens. Costuma-se utilizar a palavra “manufatura” para significar produçªo, embora em seu sentido original – “fazer à mªo” – a palavra nªo represente a realidade atual, em que cada vez mais as mÆquinas substituem a habi- lidade manual do artesªo. Assim, a expressªo “sistema de manufatura” nªo Ø nova. A novidade estÆ no adjetivo “flexível”. Essa característica foi se incorporando aos sistemas de produçªo à medida em que a presença dos computadores nesses sistemas se tornava mais freqüente. Embora nªo haja consenso entre os vÆrios autores quanto à origem do primeiro sistema flexível de manufatura, alguns consideram a indœstria inglesa de mÆquinas-ferramenta Mollins como sendo a primeira a implantar, em 1968, um sistema desse tipo. Ele teria sido construído para fabricar uma grande variedade de componentes e poder operar, sem a presença do homem, por longos períodos. Desde a dØcada de 60, os sistemas flexíveis de manufatura tornaram-se cada vez mais sofisticados. Os pioneiros no estudo dos mØtodos e processos de produçªo criaram, no início do sØculo, algumas formas de se representar os sistema de produçªo. Uma dessas formas Ø a dos chamados fluxogramas de produçªo. Com símbolos, conforme ilustra a figura a seguir, represen- tavam-se as vÆrias fases pelas quais passava o material ao ser processado. Assim, podia-se indicar as operaçıes, inspeçıes, transportes, armazenamentos e tempos de espera do material em processo. Em seguida, tentava-se reduzir ou eliminar as atividades que apenas aumentavam o custo do produto. Os fluxogramas foram substituídos por formas mais modernas de representaçªo, muitas delas realizadas com o auxílio do próprio computador. No entanto, se vocŒ observar as pessoas trabalhando numa fÆbrica hoje, perceberÆ que cada uma delas estÆ envolvida numa atividade que pode ser representada por um dos símbolos da figura. Assim, se quisermos criar um sistema automatizado de manufatura, devemos considerar a possibilidade de automatizar cada uma dessas atividades, que sªo os elementos que compıem o sistema de manufatura. símbolos utilizados em fluxogramas de produção 18 A U L AOperaçªo Operaçªo Ø a atividade de adicionar um valor ao material em processo. Imagine uma fundiçªo que decide comprar um robô industrial para rebarbar certo tipo de peça. Algum tempo depois, descobre que as rebarbas eram causadas por falhas no próprio processo de fundiçªo. Solucionadas essas falhas, o robô torna-se desnecessÆrio. Na linha de evoluçªo de um torno mecânico, por exemplo, notamos que os comandos numØricos deslocaram o torneiro da atividade principal de transformaçªo para uma atividade secundÆria de carregamento e descarregamento da mÆquina. PorØm, se o que se deseja Ø chegar a um sistema de manufatura totalmente automÆtico, sem interferŒncia humana, esta situaçªo ainda nªo Ø satisfatória. O próximo passo Ø retirar o homem de sua tarefa de carregar e descarregar o torno, substituindo-o por outra mÆquina: um robô industrial. Assim, o robô tambØm pode ser um elemento de operaçªo. Sua funçªo Ø a de retirar a matØria- prima de um recipiente (caixa, pallet etc.) e colocÆ-la na mÆquina. Após a usinagem, deve retirar a peça da placa, depositando-a num outro local. Assim, o homem acabou de perder tambØm a tarefa de carregar e descarregar a mÆquina. Agora, serÆ encarregado apenas da verificaçªo da qualidade do produto. O conjunto formado por torno CNC, robô industrial, homem e dispositivos acessórios Ø um exemplo do que se denomina cØlula de manufatura. Mais especificamente, cØlula de torneamentocØlula de torneamentocØlula de torneamentocØlula de torneamentocØlula de torneamento. A reuniªo de vÆrias cØlulas de manufatura dÆ origem ao chamado sistemasistemasistemasistemasistema de manufaturade manufaturade manufaturade manufaturade manufatura. Inspeçªo Continuando no processo de substituiçªo do homem por dispositivos auto- mÆticos, queremos agora eliminar sua participaçªo no controle de qualidade do produto. Controlar a qualidade significa, em primeiro lugar, medir a característica que define a qualidade desejada e, em seguida, atuar no processo para corrigir os desvios verificados. Se quisermos medir as dimensıes da peça produzida, podemos utilizar uma mÆquina de mediçªo dimensional CNC. Esta mÆquina possui um sensor que, seguindo um programa predefinido, “apalpa” a peça em regiıes determinadas. Como a mÆquina de mediçªo e o torno estªo conectados, a medida obtida Ø comunicada ao controle numØrico do torno que faz, entªo, as correçıes necessÆrias. exemplo de uma célula de torneamento com máquina de medição dimensional CNC 18 A U L A Alguns tornos mais sofisticados possuem um sistema de mediçªo integrado à própria mÆquina, dispensando assim o uso de uma mÆquina separada para realizar o controle dimensional. A manipulaçªo de material entre as mÆquinas e dispositivos acessórios Ø feita pelo robô industrial. HÆ, ainda, uma sØrie de sensores espalhados pela cØlula destinados a garantir o trabalho harmônico entre as mÆquinas e prevenir acidentes. Transporte O operÆrio a que usinava peças passou, sucessivamente, a carregar as peças na mÆquina e medi-las. Mas tambØm foi substituído nessa tarefa. Resta-lhe, entªo, transportar a matØria-prima de um armazØm atØ um local de onde o robô possa carregÆ-las na mÆquina. Mas, a caminho de um sistema flexível de manufatura, atØ mesmo dessa atividade ele serÆ poupado. HÆ vÆrios tipos de mÆquinas, controladas por computador, destinadas a transportar materiais. Entre elas, destacam-se os AGVs e os RGVs. Esses nomes estranhos, na verdade, sªo siglas de termos em inglŒs. Vejamos: AGV =Automatically Guided Vehicle, ou seja, Veículo Guiado Automaticamente; RGV = Rail Guided Vehicle, ou seja, Veículo Guiado por Trilho. Os AGVs sªo pequenos carros sobre rodas. Eles apresentam um suporte para carga composto por mecanismos de elevaçªo, correntes, correias ou simplesmente por roletes, sobre os quais Ø disposto o pallet, que Ø uma base de sustentaçªo do material. Os RGVs sªo veículos guiados por trilhos, como mostra a figura. exemplo de um AGV exemplo de um RGV 18 A U L ANormalmente, o sistema de controle deste tipo de veículo Ø mais simples, uma vez que sua trajetória jÆ se encontra predefinida pelo próprio trilho. Os RGVs sªo muito utilizados para carga e descarga de pallets em armazØns verticais. Esteiras transportadoras Embora nªo sejam tªo flexíveis como os AGVs e RGVs, as esteiras transportadoras, como a apresentada abaixo, sªo meios baratos de transportar materiais por trajetórias fixas. As esteiras podem ser de vÆrios tipos: correias, correntes, roletes etc. Sªo utilizadas hÆ muito tempo, desde a introduçªo das linhas de produçªo. Existem em sistemas rígidos de produçªo, onde a diversidade de produtos Ø pequena. Apesar disso, costumam aparecer como componentes acessórios em sistemas flexíveis de manufatura. RGV trabalhando num armazém vertical exemplo de esteira transportadora 18 A U L A Armazenamento A atividade de armazenamento tambØm pode ser automatizada por meio de depósitos atendidos por RGVs. O trabalho nas estaçıes de carga Ø realizado pelo homem. O operador, de acordo com um plano de produçªo e contando com o auxílio de um RGV, preenche o depósito com a matØria-prima a ser processada. Esta atividade, embora tambØm possa ser automatizada por meio de robôs, nªo costuma dispensar o homem, principalmente se Ø grande o nœmero de variÆveis envolvidas, como ocorre quando se fixam peças em dispositivos para usinagem. Integraçªo e comunicaçªo Para que os equipamentos de produçªo trabalhem de forma cooperativa, Ø necessÆrio que estejam integrados, ou seja, conectados a um controle central, encarregado de comandÆ-los de forma harmônica. Este controle central deve enviar ordens aos controladores de cada equipamento e deles receber informaçıes sobre o que se passa no processo de produçªo (nœmero de peças produzidas, desgaste de ferramentas, falhas de mÆquinas etc). O controle central troca informaçıes com os controladores dos equipamentos de produçªo por meio de uma rede de comunicaçªo. Os controladores sªo computadores, conversam por meio de sinais elØtricos. Assim, uma rede de comunicaçªo conta, em primeiro lugar, com cabos elØtricos ligando os controladores. Quando o volume de dados ou as distâncias entre os equipamentos sªo grandes, podem-se utilizar cabos ópticos. sistema flexível de manufatura 18 A U L A AlØm dos cabos, os controladores que desejam se comunicar devem ser equipados com hardware (placas eletrônicas para comunicaçªo de dados) e software (programas de comunicaçªo) adequados. A distribuiçªo, ao longo da rede, dos controladores dos equipamentos em relaçªo ao computador central pode se dar de vÆrias maneiras. Cada uma dessas maneiras denomina-se arquitetura da rede de comunicaçªo. HÆ quatro arquiteturas bÆsicas para redes de comunicaçªo: estrela, barramento, anel e Ærvore. ARQUITETURAS BÁSICAS DE REDES DE COMUNICAÇÃO esquema de uma rede de comunicação ESTRELA BARRAMENTO ANEL ÁRVORE 18 A U L A MÆquinas integradas, homens separados Embora o ser humano continue sempre a aprimorar suas invençıes, a integraçªo e comunicaçªo entre equipamentos de produçªo Ø um assunto tecnicamente jÆ solucionado. No entanto, para aumentar as possibilidades de Œxito na implantaçªo de sistemas flexíveis de manufatura, só a integraçªo de mÆquinas nªo Ø suficiente. Os departamentos da empresa e as pessoas que nela trabalham tambØm devem estar unidos num mesmo objetivo. Essa Ø uma tarefa mais difícil, porque as pessoas nªo podem ser programadas, nem obedecem à lógica típica dos sistemas eletrônicos. Sªo condicionadas por fatores psicológicos, políticos e culturais. Se o projetista nªo conversa com o analista de processo e se o programador de mÆquinas CNC nªo compartilha das preocupaçıes e dificuldades do pessoal da produçªo, integrar mÆquinas Ø uma tarefa dispendiosa e inœtil. Um bom torneiro teria sua habilidade manual inutilizada pela introduçªo de um torno CNC. No entanto, seus conhecimentos do processo de fabricaçªo ainda continuariam sendo œteis. Assim, ele poderia ser aproveitado, após o devido treinamento, como analista de mØtodos e processos de fabricaçªo ou como programador de comando numØrico. AlØm disso, a automaçªo de processos abre novos campos de trabalho. Primeiramente, nas empresas que fabricam os equipamentos automÆticos e, num segundo momento, na manutençªo, corretiva ou preventiva, desses equipamentos. Essa possibilidade depende, no entanto, de aspectos políticos e econômicos do país e das empresas. O que fica claro, no entanto, Ø que um processo de automaçªo bem-sucedido necessita de mªo-de-obra qualificada, devido à mudança de foco de uma tarefa manual para uma atividade mental. Mas um torneiro, por exemplo, nªo precisaria ser transformado num operador de estaçªo de carga. Provavelmente, seria aproveitado em outra funçªo mais digna de seus conhecimentos. E outro operÆrio de funçªo menos especializada seria treinado para operar a estaçªo de carga. Se a funçªo da automaçªo industrial Ø, de fato, auxiliar no progresso do homem, parece que este Ø um caminho satisfatório. Teste sua aprendizagem. Faça os exercícios e confira suas respostas com as do gabarito. 18 A U L AMarque com X a resposta correta. Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1Exercício 1 O contrÆrio de uma produçªo em massa pode ser a produçªo: a)a)a)a)a) ( ) em sØrie; b)b)b)b)b) ( ) exclusiva; c)c)c)c)c) ( ) com intervalos; d)d)d)d)d) ( ) em lote. Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2Exercício 2 A manufatura se tornou flexível com a presença do: a)a)a)a)a) ( ) robô; b)b)b)b)b) ( ) computador; c)c)c)c)c) ( ) CNC; d)d)d)d)d) ( ) controle programÆvel. Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3Exercício 3 Uma das formas de representar a produçªo chama-se: a)a)a)a)a) ( ) fluxograma; b)b)b)b)b) ( ) diagrama; c)c)c)c)c) ( ) cronograma; d)d)d)d)d) ( ) sociograma. Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4Exercício 4 O conjunto formado por torno CNC, robô industrial, homem e dispositivos acessórios recebe o nome de: a)a)a)a)a) ( ) sistema de torno; b)b)b)b)b) ( ) cØlula unitÆria; c)c)c)c)c) ( ) cØlula de torneamento; d)d)d)d)d) ( ) sistema sensorial. Exercício 5Exercício 5Exercício 5Exercício 5Exercício 5 O meio mais barato de transportar materiais segundo trajetórias fixas denomina-se: a)a)a)a)a) ( ) carregamento; b)b)b)b)b) ( ) esteira transportadora; c)c)c)c)c) ( ) rolamento; d)d)d)d)d) ( ) carriola. Exercícios
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