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16/11/2016 1 Max Scheler: valor, liberdade e telos 1 Nathalie Barbosa de La Cadena Relações aprióricas entre a altura do valor e os depositários puros dos valores • Há duas ordens a considerar: ▫ a primeira contém, disposto hierarquicamente, a altura dos valores determinada com relação a seus depositários essenciais (ordem formal); ▫ a segunda é uma ordem puramente material, uma série de qualidades valiosas ou modalidades de valor. 2 Nathalie Barbosa de La Cadena 16/11/2016 2 Ordem formal – depositários • São depositários essenciais dos valores: ▫ valores de pessoas e valores de coisas (bens); ▫ valores próprios e alheios (tem a mesma altura); ▫ valores de atos, de função e reação; ▫ valores de disposição de ânimo, de ação ou êxito; ▫ valores de intenção e de estado; ▫ valores de fundamento, forma e relação; ▫ valores individuais e coletivos; ▫ valores por si mesmos e de referência (consecutivos). Nathalie Barbosa de La Cadena 3 Depositários – pessoas • Apenas as pessoas podem ser originariamente boas ou más. • Todo o demais é bom ou mal unicamente em relação com as pessoas, por mediata que seja esta relação. • A constituição da pessoa em dependência da bondade é virtude. • A constituição da pessoa em dependência da maldade é vício. Nathalie Barbosa de La Cadena 4 16/11/2016 3 Pessoa X objetos • Os atos de vontade e ações somente podem ser considerados bons ou maus quando derivados de uma pessoa ativa (livre). • Uma pessoa não pode ser considerada agradável ou útil, estes são valores de coisas. • Do mesmo modo, valores estéticos são valores de objetos. • Valores éticos são valores que estão nas pessoas. • Valores nobres e vulgares, valores vitais, tem por depositários seres vivos. Nathalie Barbosa de La Cadena 5 Ordem material – sensíveis • A ordem dos valores é autônoma. • A série do agradável e desagradável, em relação ao corpo, isto é, dos valores sensíveis, é percebida afetivamente em sua ordem a priori. (v. pág. 174) • O que é agradável / desagradável se apoia na essência dos valores e na essência do perceber afetivo. • Os valores mesmos e sua lei de preferência são válidos independentemente de toda organização. Nathalie Barbosa de La Cadena 6 16/11/2016 4 Ordem material - vitais • Correspondem a esses valores aqueles da esfera do bem estar, relacionados ao sentimento do nobre e vulgar. • Por exemplo: saúde e enfermidade, velhice e juventude, morte e dor, esgotado e vigoroso, alegra-se e afligir-se, angústia, vingança e cólera. • São valores fundados na vida, uma essencialidade autêntica. Nathalie Barbosa de La Cadena 7 Ordem material – espirituais • São independentes do corpo e entorno. • É evidente que os valores vitais devem ser sacrificados perante estes. • Os valores do belo e feio, puramente estéticos. • Os valores do justo e injusto são distintos do reto e não reto, pois estes são conforme (ou não) a lei. • Valor da verdade e o valor da ciência. • Valores da cultura que se relacionam a bens. Nathalie Barbosa de La Cadena 8 16/11/2016 5 Ordem material – espirituais • Os sentimentos relacionados aos valores espirituais são agradável e desagradável espirituais, aprovação ou desaprovação, apreço e menosprezo, desejo de revanche e a simpatia espiritual que funda a amizade. Nathalie Barbosa de La Cadena 9 Ordem material – sagrado • Os valores do sagrado correspondem a modalidade santo e profano. • Se mostram em objetos que são dados na intenção como "objetos absolutos". • "Esta modalidade de valor es, a su vez, independiente por completo de todo lo que em épocas y pueblos diversos há valido como "santo"; ya fueran cosas, fuerzas, personas reales, instituciones, etcétera (desde las representaciones feticihistas hasta el concepto más puro de Dios)." Nathalie Barbosa de La Cadena 10 16/11/2016 6 Ordem material – sagrado • São captados por uma determinada classe de amor. • É da essência deste ato dirigir-se a pessoas, isto é, "hacia algo que reviste forma de ser personal, indiferentemente de qué contenido y qué "concepto" de persona se tenga presente." • O valor essencial do sagrado é o valor pessoa. Nathalie Barbosa de La Cadena 11 Problema da liberdade • Somos realmente livres? • O conhecimento é uma condição para o atuar moral? • São os sentimentos determinantes para o atuar moral? • O que significa ser livre? Nathalie Barbosa de La Cadena 12 16/11/2016 7 Problema da liberdade • Liberdade como consciência do poder, vontade de decidir, possessão da força de decidir. A condição é estar livre de qualquer forma de coação. • Liberdade como a capacidade de decidir a escolher, capacidade de escolher entre as várias possibilidades, podendo aumentar ou diminuir conforme aumentam e diminuem o número de opções. Nathalie Barbosa de La Cadena 13 Diferenças • Determinismo – sujeito determinado por fatores externos. • Indeterminismo – vivência caprichosa, imotivada, a ação satisfaz os impulsos mais instintivos e imediatos, é causada por fatores internos. • Não-determinismo – ausência de coação por fator externo ou outra pessoa. Presença da espontaneidade. O sujeito tem consciência do poder e pode exercê-lo. Nathalie Barbosa de La Cadena 14 16/11/2016 8 Seres humanos • Seres humanos são seres não-determinados, nosso comportamento não é derivado de fatores internos ou externos. Em ambos os casos, seria um comportamento imprevisível! • Seres humanos são seres não-determinados, são livres. Somente a liberdade permite a previsibilidade do comportamento Nathalie Barbosa de La Cadena 15 Liberdade e previsibilidade • A liberdade é exercida quando as ações são motivadas, realizadas após reflexão, quanto mais comprometido com uma finalidade, mais previsível será o comportamento do sujeito. • Scheler: “un hombre es tanto más incomprensible cuanto más explicable sea él y su vida.” • SCHELER, Max. Metafísica de la Libertad. [Phaenomenologie und Metaphysik der Freiheit] Buenos Aires: Editorial Nova, [sin año]. Pág. 12. Nathalie Barbosa de La Cadena 16 16/11/2016 9 Liberdade – previsibilidade – estabilidade • A liberdade (não-determinação) garante que os comportamentos sejam motivados, pensados, e, portanto, mais previsíveis possibilitando maior compreensão e mais estabilidade nas relações. • A possibilidade de compreensão da motivação das ações, de argumentação e convencimento garante maior estabilidade das relações (e social). Nathalie Barbosa de La Cadena 17 Previsibilidade e finalidade “Es pues una ficción, que la creencia en el fenómeno de la libertad signifique una destrucción de toda seguridad y confianza, y que conduzca al caos.” SCHELER, Max. Metafísica de la Libertad. [Phaenomenologie und Metaphysik der Freiheit] Buenos Aires: Editorial Nova, [sin año]. Pág.13. Nathalie Barbosa de La Cadena 18 16/11/2016 10 Liberdade e Telos • Há, portanto, uma relação entre liberdade e telos. • A liberdade (não-determinação) permite ações motivadas, previsíveis, estáveis, pois comprometidas com um telos que por sua vez é admitido pelo sujeito com base na argumentação, assumido por livre escolha e comprometimento. Nathalie Barbosa de La Cadena 19 Graus de liberdade • Não somos seres completamente livres, estamos sujeitos às leis da lógica, da física, da biologia. • Na verdade, tais leis permitem a previsibilidade dos comportamentos e a compreensão de suas possíveis conseqüências, o que torna possível a tomada de decisãomotivada. Nathalie Barbosa de La Cadena 20 16/11/2016 11 Graus de liberdade • Há pessoas mais livres e pessoas menos livres, um mesmo sujeito pode estar sujeito a diferente graus de liberdade no decorrer de sua vida. • Por exemplo, podemos estar sujeitos a alguma espécie de coerção (justa ou não), podemos ver vítima de uma enfermidade. Nathalie Barbosa de La Cadena 21 Graus de liberdade “Libertad es la denominación para una relación vivenciada de la causalidad superior y más amecánica con la inferior y mecánica.” SCHELER, Max. Metafísica de la Libertad.[Phaenomenologie und Metaphysik der Freiheit] Buenos Aires: Editorial Nova, [sin año]. Pág. 18. Nathalie Barbosa de La Cadena 22
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