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Simulado Estácio Penal

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SIMULADO DIREITO PENAL III
Uma pessoa, vendo que um louco (doente mental completo) está querendo se suicidar, entrega-lhe um revólver, com o qual o alienado acaba se matando. Houve infração penal na hipótese retratada? Em caso afirmativo, qual? Justificar e fundamentar a resposta.
R: Houve autoria mediata de homicídio doloso, uma vez que o delito capitulado no art. 122 do CP, exige que a vítima tenha um mínimo de discernimento, o que não ocorreu no caso em tela.
Joana, namorada de Sérgio, convida sua rival Cristina para um almoço, oportunidade em que coloca veneno na refeição que lhe oferece. Ao ver Cristina passando mal, arrepende-se, chama uma ambulância e acompanha-a a um hospital, salvando-lhe a vida. No entanto, Cristina ficou impossibilitada de trabalhar durante quarenta e cinco dias. Qual a situação jurídico-penal de Joana. Justificar e fundamentar a resposta.
R: Joana responderá por lesão corporal de natureza grave, já que restou verificada a incapacidade para as ocupações habituais (como o trabalho) por mais de trinta dias (CP, art. 129, § 1º, I). Joana deve ser beneficiada pelo arrependimento eficaz, já que impediu que o resultado (homicídio qualificado) se produzisse, motivo pelo qual responderá apenas pelos atos já praticados (art. 15, CP).
Um sujeito, desejando ofender a integridade física de uma gestante, agride-a a socos, sabendo-a estar grávida, porém sem qualquer intenção de lesionar o feto. Em conseqüência, houve aceleração de parto, tendo o feto nascido com vida, contudo, morrendo em face às lesões sofridas, dias depois. Tipificar a conduta do agressor, justificando e fundamentando a resposta.
R: Não há como falar em lesão corporal gravíssima, ou seja, cujo resultado mais grave é o aborto, pois este é um termo específico, que significa a morte do feto antes do nascimento, tratando-se, pois de lesão corporal grave (aceleração de parto).
Tratando-se de homicídio, é possível o reconhecimento da figura privilegiada, prevista no § 1º do artigo 121, com uma das qualificadoras do seu § 2º? Justifique sua resposta e exemplifique.
R: Sim. As três únicas espécies de privilégios são de caráter subjetivo. Já as qualificadoras, algumas são objetivas e outras subjetivas. Tendo em vista várias decisões do STF, no sentido de que no julgamento perante o Tribunal do Júri, o privilégio é votado antes da qualificadora, casos os jurados digam “sim” ao privilégio, ficará prejudicada a votação das qualificadoras de caráter subjetivo. Assim, o homicídio poderá ser privilegiado e qualificado ao mesmo tempo, quando a qualificadora for objetiva. Em regra, pode-se dizer que as circunstâncias previstas nos incisos III e IV, do § 2º do artigo 121, são de natureza objetiva. Exemplo: eutanásia cometida por inoculação de veneno.
A, casada, 28 anos de idade, deu a luz a B, sexo feminino, saudável, na maternidade “Nossa Senhora das Dores”, às 14h00 do dia 30 de maio de 2007. Tendo sido realizado o procedimento de cesárea, com algumas complicações durante o parto, e também por encontrar-se a mãe um pouco abalada e fraca, o obstetra comunicou à família que, tanto ela quanto a criança, deveriam permanecer por 48 horas na maternidade. Desorientada e confusa, A dirigiu-se ao berçário para ver B, durante a madrugada, e, aproveitando-se da distração da enfermeira plantonista, num ímpeto, pegou a recém-nascida e levou-a para seu quarto. Horas depois, dando por falta da criança, a enfermeira dirigiu-se ao quarto de A, onde a encontrou dormindo, tendo ao lado da cama, no chão, a criança já sem vida. Acordada e indagada sobre o ocorrido, informou à equipe de enfermagem que não se lembrava do que havia ocorrido, mas mostrava-se claramente perturbada. Posteriormente, verificou-se que a criança não se trava de B, mas de C, que estava no berço adjacente e que havia nascido uma hora após B. Pergunta-se: qual a conseqüência jurídica da conta de A?
R: Trata-se de situação em que a mãe, por erro in persona, matou filha alheia, supondo ser a sua. Praticou o crime de infanticídio (art. 123, CP), pois se encontrava sob a influência do estado puerperal, e na hipótese não são consideradas as condições ou qualidades da vítima real, senão as da vítima contra quem queria praticar o crime (arts. 20, § 3º e 73, CP).
BRUNO desejava matar seu pai, LUIZ, combinado com JOSÉ que se esconderia no escuro, na sala da casa de JOSÉ, enquanto este, José, levaria Luiz até a o local para ser morto. O que Bruno não sabia é que José iria se aproveitar da situação para promover a morte de ANTONIO, seu desafeto, o que fez empurrando o rapaz, no lugar de Luiz, para dentro da sala e gritando para Bruno desferir o tiro. A bala, entretanto, após ferir mortalmente Antonio, que vem a óbito, ultrapassou seu corpo, atingiu o braço de José de raspão, ferindo-o levemente, e quebrou valioso vaso de cristal ali existente. Quanto a Bruno, consta que ele tinha pleno conhecimento de que José poderia vir a ser atingido durante tal ação e que aceitava tal resultado sem qualquer problema. Tipifique a conduta de Bruno à luz do Direito Penal Brasileiro, indicando qual(is) crime(s) ele teria cometido e se cabe, na hipótese, algum tipo de concurso de crimes.
Resposta:
O artigo 73 do CP prevê que “quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do artigo 20 do CP (erro sobre a pessoa). No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do artigo 70 deste Código”.
Trata o aludido dispositivo do erro na execução. Nele o agente por inabilidade ou acidente, acerta, não a vítima visada, mas outra que se encontrava próxima daquela, motivo pelo qual o agente responde como se tivesse praticado o crime contra a pessoa visada ou pretendida.
Considerando que no caso em tela a vítima pretendida era o pai do agente, este responderá por homicídio doloso qualificado pela emboscada (artigo 121, § 2º, IV, CP), e terá sua pena agravada em virtude do que dispõe o artigo 61, inciso II, alínea “e”, do CP (são circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime ter o agente cometido o crime contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge). 
Responderá, ainda, em concurso formal, pelas lesões corporais leves causadas em José, visto que tanto o resultado morte quanto as lesões decorreram de uma única ação (CP, artigo 70).
Não responderá pelo crime de dano (quebra do vaso de cristal), haja vista tratar-se de aberratio criminis (resultado diverso do pretendido), nos moldes do artigo 74 do CP, uma vez que o dano em questão foi produzido a título de culpa e inexiste previsão de dano culposo no ordenamento jurídico penal brasileiro. Ademais, mesmo que existe tal modalidade delitiva, este ficaria absorvido pelo crime de homicídio, de modo que só existe crime de dano quando o fato constitui fim em si mesmo. Se ele é meio para outro crime, perde sua autonomia e passa a ser elemento de crime complexo ou progressivo. 
Frise-se que na hipótese apresentada o agente atuou com dolo eventual em relação a José (prevê que poderia atingi-lo, mas assume o risco), razão pela qual continuará havendo concurso formal, mas aplicando-se as penas cumulativamente, na forma prevista pelo final do artigo 70 (concurso formal imperfeito), entendendo-se aqui que há desígnios autônomos, não havendo que se confundir, portanto, com crime continuado.

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