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i acmHii?srrôHorâ»rasOT«aeKE!ajeí ex-Áfomo rara.ne»ti«i «ifro—waajMrclüria):Y_"a £ .V-^v^igJ&^jjw^aàéSgS^^^Sfcj^r^iJ^/^S "Âforçafmnâo mmòe &f&rçês mãos&jfi^JBèsáfa/ pMreffc é'^fh^rfã^á^Mí^:&^'^p^imjwi^'- * Tcifeiss Barreto í-íl^x- .vjrr?rv .'/, M::a^r^y-^u^^^r-.:^.:rr.,jri^j3aj^:j soceacasiEsa; i'.rjí.ifS3lSK-3' -» t)<SVV-Vo Wc©jj6\£jv "J^feicA. RECIFE m'de MAIO ás 2002 Maios de au/a, proferidas pe/os Professores Ddrio Rocha, Gera/do Àreves e Ro.na/do Souto Maior aoi acadêmicos do segartdop/eríodo da Focu/dade de Direito do Recife ;•.. . .' H.Í ••• • • . v • • i *,.' '.' •:• ' ' '. ••' - • r. '• -'' • •. . ;, MIÂGDUÇÃO AO £STÜDO DO DIREIfOg ItBR 2 Io TEMA: Conceito do Direito»... e 01 Conceito d definição. Posição doutrinária emface do conceito deDireito. Prínápais definições do Direito. Conceito integraldeDireito. 2o TEMA: Direito Subjetivo 06 TeoriasoòreaessênciadoDireitoSubjetivo. Negação do DireitoSuòjetívo. 2.1. Sujeito e pessoa no Direito...............................................................................................l3 Conceito e diferenciação. Qualidade, mutaplicideae e reciprocidade de sujeitos. A teoria dos direitossem sujeitos. 2.2. Pessoa em Direito.................................................................»^ Conceitogenérico dapessoa. Pessoa e indivíduo humano em Direito. Conceitojurídico depessoa. 23. Espécie de pessoa em Direito...........................................................................................55 PessoaNatural «fc Pessoa Jurídica. Darealidadeno conceito dePessoa Jurídica. 2.4. Objeto úqí Direitos. .... ............................................................ .................18 Conceito. OA?efá e conteúdo. Coisas como oâ/etos dosDireitos. Pessoas como o&fetos dosDireitos Os Direitos'Sõ&re a própria pessoa. 2.5. Relação Jurídica.. 22 Conceito, Mzmento^ Classificação. 3o TEMA: Teoria da Noreria Jurídica. . 24 Conceito aeNormc Norma &proposição jsúnyíxliva, Normajurídica sê n@ne de Direito. Naturezaiàgica d& normajurídica. Normajurídica cüiKojtiízo Ji como conceito. 3.1. Estoratiira da ruarata JLirídica....................„.....................................................................29 Diversas concepções doutrinárias. Concepção étJfMSMNã de CÔSSIO. Decomposição da Bormajurídica em suaspartesintegrantes. 4o TEMA: OrdeitamsMto iiarfáico., . 36 Conceito. O OrdenatfsexU como estrutura, CompatihdSdadz ÍSOPÍzanted& coMpatiéiíidade vertical 4.1. O processo ó-s.fciíií^açjáG. ................................................................................................55 Criação narmczixy&  norma fiwda&etfIa/& a normaindividual Oprínci/ú' da eficécís & apríncspio dahabilitação. EXERCÍCIOS DE1SVISÂO 40 X*::< (• \ • >• \ s, s >•-» -. -.. X- • -V- INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO II FDR 1° TEMA: Conceito do Direito. Conceito & definição. Posição doutrinária emface do conceito de Direito. Principais definições do Direito. Conceito integral de Direito. Bibliografia: 1. Aftalión {Introduccion ai Derecho) —2. Torre {Introduccion ai Derecho) —3. Paulo Dourado de Gusmão {Introdução ao Estudo do Direito) —4. André Franco Montoro —5. Paulo Náder —6. Tércio Ferraz{Introdução ao Estudo do Direito) —7. Radbruch {Filosofia do Direito) —8. Miguel Reale {Lições Preliminares de Direito) —9. Hans Kelsen {Teoria Pura do Direito) —10. Carlos Cóssio {Teoria Egológica do Direito). A problemática de conceituar e definir tem levado a perplexidade e interrogação. BENETTO, por exemplo, sobre adefinição de arte, leciona: "arte é tudo aquilo que todos sabem o que é\ Da mesma forma, o jurista espanhol ONATE afirmava sobre o conceito de Direito: "Direito e tudo aquilo que todos sabem o que é". Isso poderia parecer uma fuga ao problema, mas, na realidade, não é porque o que sabemos é que a consciência comum, mediana, percebe, por uma intima necessidade, todos os problemas que nos circundam e, inclusive, os problemas da vida espiritual, ainda que essa consciência comum perceba esses problemas de uma forma empírica, de uma forma eclética ou de uma forma assistemática. Então, a Filosofia —que é a crítica do sentido comum das coisas, porque a Filosofia introduz uma consciência reflexa, pensante, mediante sobre o que essa consciência comum, intuitiva, do povo elabora —pega esses conceitos e procura eliminar as contradições; procura tirar desses rcuceitos ou dessas idéias, odesenvolvimento consciente. Quando aFilosofia assim faz, não faz mais do que conceitos. Ela, especificamente, a partir da experiência fundamental, dessa experiência comum, intuitiva, desse saber comum, procura precisar os limites, procura delimitar com nitidez os caracteres, finalmente, delimitar os conceitos. AFilosofia não poderia partir do nada. Ela taz as suas elaborações apartir de experiências vividas, que são de todos nós. Contudo, quando aFilosofia empreende essa tarefa de conceituar, que é exatamente, dar forma precisa a essas idéias gerais, comuns, delimitando os seus limites, fixando seus caracteres, é preciso que façamos uma distinção entre aquilo que seja conceituar e aquilo que seja definir, numa palavra. quaUeja adistinção entre oconceito eadefinição. Portanto, há uma diferença básica entre o conceituar e o definir. Para Pfander, os conceitos são os últimos elementos de todos os pensamentos. Tem-se aí uma definição de conceitos: são elementos últimos de todos os pensamentos. Diz ele que os conceitos são os conteúdos significativos de determinadas palavras. As palavras em si não são conceitos. Elas são símbolos, são unicamente os sinais, são a significação desses conteúdos. Tome como exemplo oconceito de cadeira. Este vai dizer oelemento último que nos vai dar a idéia desse conteúdo, que é uma coisa que existe na realidade. Eà medida que se expressa cadeira, esta palavra é símbolo que significa um conteúdo ouuma idéia. Essa noção de conceito teve uma evolução lenta através da História, principalmente através do filósofo grego PLATÃO, que foi oprimeiro aassinalar oque ele chama apassagem do sensível particular para aquilo que é inteligível universalmente. E com isso teria-se o conceito. Para PLATÃO, ouniversal é condição de todo conhecimento científico. Então, para ele, a idéia de uma coisa significa uma ordenação transcendente. Esta, omundo sensível das coisas apenas nos dá uma imagem defeituosa. Conceito: relaciona-se àessência, constituindo uma idéia ou apreensão mental que possibilita identificar uma espécie de objeto mesmo que esses objetos se manifestem diferentemente; são os elementos últimos de todos os pensamentos, os conteúdos significativos de certas palavras. Ele é formado quando abstraímos os traços individualizantes, peculiares das distmtas formas de apresentação do objeto, restando apenas os traços gerais ecomuns a todos eles, ou seja aquilo que se relaciona à essência. "Definição: éodesenvolvimento e explicação do conceito com vista à sua exteriorização e comunicação. Segundo Aristóteles, adefimção traz ogênero próximo eadiferença específica. Aboa definição, no entanto, ressalte-se, éaquela em que so e possível encaixar um objeto e que abranja sua totalidade. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREÍTOII FDR realmente pT» AÍ^TÓIELE.S> °s .conceitos se adequam, têm uma adequação/ as coisas, realmep e. Para o filosofo, nao havia essa diferenciação..desse universo sensível qfle, para tStZã^T", UmS Ímagem defdtU0Sa ^ Ídéia- El6' 30 COntrári°' "Ueria ^ 0S «»««>• exoíes ão ™i H h! ^ C°1SaS TORCeituadas' Ent^. P*ra ARISTÓTELES, o conceito era a expressão real da verdade. Com isto éque ele apreendeu arealidade. Pode-se então,, fofmülar oconceito de conceito3 edefinição: essenciaTsTS™-^3 °" *foma fdo.Pensa» humano que permite destacar os caracteres essenciais.e geras das coisas,ou os fenômenos que ocorrem na realidade objetiva uma cotfôfd°è SfttT^ JÍdÜ«^ISTÓTELES>éa«™ula que expressa aessência de eTofeado Podei™, fn°- * defi^a° nãci éou^ ^isa senão oconceito desenvolvido eexplicado. Podemos class.fiear as definições de acordo como oseguinte esquema: 1 NOMINAL J SEMÂNTICA ETIMOLÓGICA real j formal Material ""} INDrVnJUAlIZANTE SOCIALIZANTE C"<* "M feriou tA :^^SÍa-SalHE •« a tentativa dos leigos sé ocuparem da construção de umadefinição. Todavia, nesse sentido leigo, tem-se uma visão estreita eequivocada. oróoria nalfvTnJf ^L^ definição nominal, chegâ:se àsignificação (carga significativa) da varSacet^M fi -n0lmnaln;entS f 0bjet0 édefmÍ-'° a^r do seu nome, examinando as eZoIóoST (í IÇa° •"f^.SSHlâBSa) por ele assumidas esua origem (definição nominalSS^mf^ TS ' AsS,m'Gom a^gnificação da palavra, com oseu desenvolvimento, com oconhecimento da etimologia, pode-se captar aidéia. Adefinição aí ésubstantivada. indeoendeJe T defui*a0 ,real P^cura-se indicar a própria natureza das coisas, de forma definia c qUe daS feCebem- Abusca das realidades ontolóricas dos seres levam àsttZ l™ eStã° Subclassificadas * immi (explicita ofenômeno, amaneira como o ^"222? e.ffiâM£iâ! Odentífica ôconteúdo, aessência oculta do fenômeno). Esta última delas condic faf '^fl *? WftWH*» •soçiaüzante, sendo oposicionamento por alguma1 cadaTndfvWuo (mfluenc'ado> Pe!a "W* História, situação econômica opinião política, cultura aue se o.tlTr^0' °RTEGE 6GARCEZ leCÍ0M ^e°Direit0 é' «S™*» aPerspectiva em " * ° 'C°!he- Com lsf°> quena significar que oconceito de Direito écontingenciado4, é um um ve dadriròC,0naa° P persPectiva ^e tenha oindivíduo. Em relação ao conceito de Direito, é um verdadeiro pre-conceito, um conceito formado anteriormente. Isso dificulta aanálise, pois traz TOsL^p^^remrn6™ ' SimPleV?reenSa0 "*** de alguma coisa. Isto seria apenas uma imagem esuaST£ sexp"m os eern^r™, S? n *^ ™daa)feaite P-ememes da descrição da unagem. Observe-se Capta-se aspectos md vmuTit ,? T™™' *" f°' °aptad° P°r ima8em sâo » <>ualidades acidentais- ° a«^no.AOUTNoT Oc° ,^r.o ^formam-se em concertos universais, através do processo de abstração (TOMÁS DF não écoisa. Tod££não «'ES? eSSênda "* ?"* C°nCe,t° éUma ^ eSSênC,a' Produt0 Sem °«ual ac°isaeraciocínio). aba'ha apeDaS C°m °conce,to- este éum el«»ento fundamental, mas nao éoúnico (juízo 4Depende da posição adotada: política, ideológica, filosófica, da posição na qual se observa ofenômeno. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITOII FDR em si uma carga de significações muito amplas. Dessarte, Ora, se toda ciência é conceituai, pode-se afirmar que o Direito é uma ciência plurívoca-análo^a. Observe-se a diferença entre unívoca (apenas um significado) e plurívoçg ou multívoca (vários significados) e análoga, porque traz certas semelhanças, diferentemente de equívoca que traz divergências entre as palavras. Sendo assim, percebe-se que tanto a plurivocidade quanto o fator análogo, trazem dificuldades para o estabelecimento do conceito. DEFINIÇÕES NOMINAIS (Semânticas e Etimológicas) Como foi visto, essa classificação procura definir o objeto a partir do seu nome, examinando as várias acepções por ele assumidas esua origem. Esse tipo de definição é importante porque as palavras carregam o conceito e são o principal meio de comunicação. O vocábulo Direito encontra similares em todas as línguas latinas e ocidentais modernas(francês: droit; espanhol: derecho; italiano: diritío). Tal fato se explica pela origem latina comum a todas essas línguas, processo que se originou apartir das invasões romanas qué difundiram a língua através da dominação militar e até cultural, gerando um novo latim. O latim, em Roma,era falado em dois níveis: o popular e o erudito. Direito, na linguagem do povo era DIRECTUM, é na linguagem formal, das elites, era JUS. Assim, directum ejus não passam de denominações distintas atribuídas ao mesmo fenômeno, o Direito. Apredominância de directum justifica-se pelo fato cie a expansão militar ter sido realizada pelas camadas populares, ou seja, a expansão militarista -romana teve como base a plebe que veio dominar a Península Ibérica. Feito o breve histórico, cabe examinar aorigem de directum ejus. Há duas possibilidades de origem para apalavra directum: \ Yparticípio passado do verbo DIRIGERE (dirigir, orientar, organizar) DIRECTUM^. Dl (prefixo =orientação) +RECTUM (particípio passado do verboREGERE = reger) = orientação em linha reta, regência Das duas possibilidades vislumbradas como origem de directum, em ambas há a idéia de firmeza, orientação em determinado sentido, direção, regulamentação. Como associadas ao Direito há diversas palavras derivadas da forma erudita jus, e como esta também designa este fenômeno, cabe estudar sua etimologia como via de alcançar uma definição de Direito. JUS r JUSSUM = particípio passado do verbo JUBERE (mandar, ordenar, determinar). JUSTUM= aquilo que éjusto. [JVVARE= ajudar, proteger o homem. 1 A expressão erudita jus designou, uma série de expressões vinculadas ao Direito —justiça, fazer jus a, judicial, juiz, jurídico, judiciário, etc. Tanto directum como jus, portanto, possuem uma carga de significação comum que remete à noção de comando, orientação da sociedade. • . DEFINIÇÕES DE DIREITO5 AO TQNGO DA HISTÓRIA 1. Em Roma Os romanos eram peritos em arte e técnica de definição, porém a definição de Direito é algo vago, não é boa. „6Para CELSO, "Jus est ars boni et aequi. Para TORRE: 'o Direito éosistema de normas coercíveis que regem a convivência social'. O Direito é à arte do bom è do justo. Ir- .•• • . .' : INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO II FDR Ao afirmar que Direito é arte, ele está no sentido técnico (meios para alcançar fins). Contudo, sabe-se que a definição deve abarcar todo e apenas o definido. No caso, não é uma boa definição, pois Moral eReligião também visam obom eojusto. Para ULPIANO, "Júris praecepta sunt haechonesí vivere, alterum non lnottijro etiiiui ^>n •',-••. .> «•••&..._ M»laedere. suum cuique tribuere. Esta definição, que mostra os mandamentos do Direito, na verdade, não corresponde ao Direito, visto que pode ser imputado aesta definição amesma crítica de CELSO (não são objetivos exclusivos do Direito, mas também da Moral e da Religião). Éuma definição finalista, pois esses são o objetivo do Direito. 2. Século XIII Para DANTE ALIGHIERE, "Direito é a proporção real e pessoal de homem para homem, que conservada, conserva a sociedade e que destruída, a Hp*- DANTE quase repete a definição de proporcionalidade de ARISTÓTELES. Assim, o Direito éaproporção das coisas determinadas pelas necessidades eméritos. Adefinição escolástica medieval de DANTE translada a concepção jusnaturalista, aproximando Direito de Justiça, atirmando as relações interpessoais e as proporções justas. 3. Século XVII }ara HUGO GROTIUS, "Direito é o conjunto de normas ditadas vela razão (recta ratio) e pela vocação do homem para viver em sociedade japetitus saGÍa4ásf\ GROTIUS vem quebrar dezesseis séculos de pensamento jusnaturalista. afirmando que todo Direito Natural ou não, existe independente de Deus, não é criação do homem. O Direito Natural seria, assim, produto da natureza racional dos homens, sustentado pela razão e sociabihdade. Portanto, o Direito Natural é o conjunto de princípios que a reta razão demonstra conforme a natureza social dos homens, subsistindo ainda que não existisse Deus. O Direito adquire, dessarte, uma postura autônoma, libertando-se de toda teologia, inaugurando as especulações jusfilosóficas modernas e deixando de lado a atitude heterônoma medieval e o método discursivo-expositivo da escolástica. Olegado de GROTIUS gerou várias correntes, desde aqueles discípulos fiéis como também aqueles que (racionalistas) enfatizavam mais a razão, como- PUFFENDORF {"oDireito Natural é ordenado pela reta razão sempre justo e firme'), além dos discípulos que davam maior importância à sociabilidade como LOCKE ("as leis naturais são normasquç regulam a convivência na sociedade rfriTY Continuando o pensamento de GROTIUS. surge oracionalista EMANUEL KANT, defendendo atese de que oDireito Natural era o postulado da razão prática, isto é, tinha origem racional. 4. Século XVIII Para KANT, "O Direito é o complexo de condições pelas quais o arbítrio de cada um pode conviver com n arbítrio dos outros, segundo uma lei universal de liberdade." Os preceitos do Direito são estes: viver honestamente,não enganar os outros, dar acada um oque éseu. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO II FDR A definição kantiana está classificada como uma definição real material individualista, pois confere preeminência ao indivíduo. Observa-se que KANT centraliza o indivíduo e sua liberdade. O Direito protege as órbitas individuais de liberdade, regulamentando essas convivências, restringindo as liberdades e não as criando. O Direito nos veio trazer liberdade, o Direito "poda" essas liberdades regulamentando a convivência humana. Nesses sentido, os conflitos são resolvidos consensualmente e se não for possível compor o conflito, dirimir as contenda, o Poder Judiciário vai determinar as decisões. Ilustrativamente. temos: Relação Perfeita i PAULO NADER critica essa definição por considerar a expressão "conjunto de condições", uma forma muito abstrata e insuficiente para esclarecer o objeto. Üoncretamente, o Direito tolhe as liberdades individuais para permitir a convivência social. Século XIX5, Para RUDOLF VONJHERING, "Direito é o conjunto de condições vividas jmi^dMade easseguradas ji?io Estado por MStÉU!SBSÊ&í/SSÒStlm A definição de JHERING classifica-se também como uma definição reai material. aproximando seu gênero de KANT que também define o Direito como um conjunto de condições. Todavia. JHERING tem uma visão ideológica diferente da de KANT. Este é mais individualista. JHERING é, em oposição, socializante. Para ele o Direito visa a proteção da sociedade pelo Estado, privilegia a sociedade. Assim, os direitos individuais são conseqüência da proteção do grupo. Essa definição pode ser. questionada porque coloca o Direito como necessariamente estatal e por considerar a coação como a sua nota diferenciadora. Há um privilégio da sociedade, sendo os direitos individuais conseqüência da" proteção do grupo. 6. Século XX STAMMLER é o maior expoente da corrente neokàntiana formalista do Direito da Escola de Marburgo (neokantismo lógico), continuando a obra de KANT'-dentro de uma metodologia da razão pura. aplicando-a na seara das ciências Culturais, os mesmos métodos aplicados por KANT nas ciências naturais. .Para STAMMLER, "si o Direito é um fenômeno universal e está presente sempre que o homem está presente, então partiremos do homem para explicar o Direito". O homem percebe a_r.ealidadeT ò fenômeno real (através dos sentidos, intuição), não se limitando na abordagem perspectiva• sensoriali Além de perceber, quer os "por quê", passa de uma abordagem senscrial para uma fílosóficò-científica, -utilizando-o principio da causalidade científica ou ordena as coisas segundo fins. Toda vez que se ordena meios, está-se querendo, toda vez que se ordena as coisas segundo fins. para conseguir algo, isto é uma modalidade do querer, não no sentido vulgar, mas no sentido lógico, portanto. O querer é a energia psíquica ou forma de coerção endógena que determina a impulsão para alguma coisa Éo conceito psicológico usado vulgarmente por nós. O querer usado por STAMMLER. e uma expressão lógica, utilização de meios para se alcançar determinados objetivos, regra de finalidade essencialmente teleológica. Por exemplo.as normas morais, religiosas e jurídicas são meios para que se realize na sociedade os valores morais, religiosos e jurídicos (ordem..segurança..paz,.justiça.-ete,). Realizando esses-valores, ele ordena a convivência social. O Direito é um querer, é a arrumação de normas (meios) para chegar a determinados fins. No gênero querer, para distinguir do querer jurídico (sentido lógico) do da moral INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO II FDR e da religião, faz-se mister algumas diferenças específicas. Poitanto, para STAMMLER: "das ujiverleztbar selbstherrlich, verkindende wolleri". ou seja, 'O Direito é um querer [lógico] vineulatorio [intersubjetivo] autárquico [heterônomo] e inviolável [imutável}." O querer jurídico é vinculalório, na medida em que outrem se subordina aos demais, pois ninguém e isolado no campo do Direito. Todo Direito é entrelaçante, interferente. intersubjetivo —por exemplo, ocontrato no negócio jurídico. Oquerer jurídico éainda autárquico. pois e heterônomo, imposto por outrem (a norma jurídica é imposta pelo Estado, vale por si mesma), nao precisa de que aconheçam, ou seja, não depende da vontade individual. Refere-se aos indivíduos em particular, pois se toda uma sociedade não quiser seguir determinada norma, esta perde a eficácia apesar de continuar em vigência. Oquerer jurídico é, em fim, inviolável, pois a norma jurídica nao pode ser violada. Dessarte, uma vez descumprida, incide automaticamente uma conseqüência. 2o TEMA: Direito Subjetivo. Teoria sobre a essência do Direito Subjetivo. Negação doDireito Subjetivo. Biblioaruna: 1. Aftahon (Introduccion ai Derecho) - 2. Torre (Introduccion ai Derecho - 3. Mieuel Keale (Direito como Experiência) —4. Carneiluiti (Tratado Geral de Ciência do Direito) —4. Pontes de Miranda {Sistema Positivo de Direito) - 5. Caio Mano da Silva Pereira [instituições de Direito Civil) - 6 Serpa Lopes (Curso de Direito Civil). Cada um se sente com um direito. Há aexistência de um Direito do indivíduo (exemplo: o direito de reclamar). A isso é que se chama o direito do sujeito8, o Direito Subjetivo9. No momento em que esse Direito não foi respeitado, você reclama da autoridade que invoca uma norma eaplica uma sanção. Esse Direito Subjetivo tem íntima relação com un dnorma que exjste tie so existe enquanto existe anorma. Note-se que existe Direito em dois sentidos: Direito Objetivo e Direito Suoietivo. Melhor diria: Direito em sentido objetivo e Direito em sentido subjetivo ou direito sob o aspecto objetivo esob oaspecto subjetivo. Para usar uma imagem antiga, éo verso e o reverso, de uma, mesma moeda. São dois ângulos ou aspectos do Direito. Xão são consequentemente, dois Direitos diferentes. É UM SÓ DIREITO Direito em sentido objetivo significa n conjunto de normas jurídicas. normas estas que se referem sempre às condutas, às relações jurídicas. Elas visama regular as condutas dos homrn^ mas não todas as condutas. Então, o direito se refere, sempre, às chamada condutas intersubjetivas. E falar em conduta intersuhjetivaJ_o_mej^^ conduta relacionada ou relação Jurídica. Assim aquele conjunto de normas se refere arelações jurídicas, regulam relações do homem em sociedade Daí se presume do direito em outro sentido, que éoDireito em sentido subjetivo, que é não um conjunto de normas. Direito SuhjPtivp é o conjunto de relações. *Sujeito de Direito significa ter Direito Subjetivo. pre^XT™ JUndÍCa m°dema denomina de Direit0 Subjetivo odireito-raculdade. odireito-poder. odireito- INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO II FDR •OWMíTl-zJeWKM nlll WWIP—iil IM |i|| I • | j |iJLL|_L Os romanos já diziam jus est facultas aeendi.10 Este conceito romano do Direito visualiza só um ângulo deste fenômeno, que é o Direito Subjetivo, porque é a faculdade que cada um tem de agir. E o meu direito de propriedade, direito que eu tenho de assistir à aula, o direito que eu tenho de comprar um automóvel. Então quando dizemos: Direito é a faculdade de agir, estamo- nos referindo a Direito Subjetivo. Este, entendido como faculdade de agir, é o Direito Subjetivo em sentido estrito, porque o conceito de Direito Subjetivo não é restrito apenas à faculdade de agir. Ele tem outros elementos como, por exemplo, o dever jurídico, porquanto a toda faculdade corresponde uma obrigação de alguém. Ao meu direito sobre uma casa, correspondeuma obrigação dos outros de respeitar essa propriedade. Então, a todo direito corresponde uma obrigação. Assim, falar em Direito Subjetivo apenas como faculdade de agir éver apenas um lado da relação. Logo, DIREITO SUBJETIVO11 = FACULDADE DEAGIR + DEVER JURÍDICO Ao conceituar Direito Objetivo e Direito Subjetivo, temos que fazer duas observações: primeira delas é que eles são, essencialmente, a mesma coisa. Muitos autores procuram substantivar o Direito Subjetivo em contraposição ao Direito Objetivo. Todavia, isso é uma falsa oposição. A taculdade de agir não se contrapõe a uma norma jurídica como querem muitos autores. A faculdade de agir não se contrapõe ao dever jurídico e não às normas jurídicas. Não se pode fazer uma falsa oposição entre Direito Objetivo e Direito Subjetivo. Não existe essa oposição. Existe oposição entre dever e faculdade. Esse Direito Subjetivo, stricto senso, ou seja, a faculdade de agir — facultas agendi — manifesta-se de várias maneiras. Em outras palavras, esse termo Direito Subjetivo, em sentido estrito, tem sido entendido com uma denominação única para quatro tenômenos diferentes: 1. Direito Subjetivo pode significar, primeiramente, a situação em que o sujeito de direito se encontra para exigir de outrem o cumprimento de um dever jurídico, e, não conseguindo o cumprimento desse dever jurídico, obter da autoridade estatal, a aplicação de uma sanção, ao infrator, contra aquele que infligiu o seu direito. Então, um credor pode exigir que o devedor pague a promissória na data e, se o devedor não paga, recorre à autoridade estatal para que esta puna o infrator. Esta situação em que a pessoa se encontra de poder exigir de outrem o cumprimento de um dever, chama-se Direito Subjetivo. 2. Uma segunda manifestação do Direito Subjetivo é aquele poder que cada pessoa tem de criar, de modificar ou de extinguir relações jurídicas, pela simples manifestação de vontade, é essencial para que se configure o Direito Subjetivo. Então, para que eu contrate, para que eu teste, para que eu case é necessário a manifestação de vontade. Então, o poder de criar, modificar ou extinguir situações Jurídicas é o Direito Subjetivo de cada um. 3. Uma terceira forma de manifestação são os chamados direitos de liberdade: o direito que eu tenho à vida, o direito que eu tenho à livre locomoção. E uma situação de sujeito detentor de certo direito de liberdade: de certo Direito Subjetivo, diferencia-se daquelas anteriores, porque, naqueles casos, naquelas formas de manifestação, é necessária uma exteriorização de vontade. Eu tenho o direito à vida. quer eudiga, quer não diga que quero viver. 4. Uma quarta forma de manifestação, que é uma colocação de CARLOS CÓSSIO e de GARCIA MAYNEZ, são os chamados, direitos'de cumprir cornos deyer.es. o direito que cada um tem de cumprir os seus deveres. mesmo quando impedido de cumprir esses deveres. hipótese em que ele pode solicitar o auxílio da forca, da autoridade estatal. Exemplo: alguém aluga uma casa de propriedade de Claudiane. Em dado momento, o proprietário se recusa a receber CARNELUTTI lembra que o Direito Subjetivo é a situação jurídica mais conhecida, visto que a ordem jurídica romana é bastante descentralizada e. por isso mesmo, atribui amplamente a formação dos preceitos aos sujeitos dos interesses a ruteiar. Para ele. a dualidade da palavra significa tanto a ordem jurídica no seu conjunto, ou seja. o complexo dos comandos, como o poder de formação do comando atribuído ao interessado, poder esse chamado de ius. Paia CARNELUTTI. o Direito Subjetivo é, não uma liberdade de fazer, mas uma liberdade de comandar, isto. o contudo psicológico do Direito Subjetivo não é umagere, mas sim um iitbere. Segundo ainda CARNELUTTI. só na medida em que o Direito Subjetivo é exercido, é que dele pode derivar-se o binômio: obrigaçào-faculdade. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO II FDR 8 os alugueis. Então, o locatário se vê impedido de cumprir com o próprio dever, isto é, o dever de pagar o aluguel, porque o proprietário não quis receber. Nesta hipótese, recorre ao órgão competente e faz o depósito judicial, para evitar que se configure uma situação de inadimplemento. O grande problema é saber se, diante desses vários tipos de Direito Subjetivo, dessas varias manifestações, existem quatro tipos de Direito Subjetivo, ou um único tipo. Em outras palavras, se o Direito Subjetivo tem uma só essência ou essas manifestações variadas guardam uma so essência. Essa é a pergunta que vamos tentar responder. Existem duas orientações doutrinárias, duas soluções para essa questão. Existem as doutrinas chamadas tradicionais ou substantivas e. por outro lado, existem as chamadas doutrinas modernas ou unificadoras. a) As doutrinas tradicionais, chamadas de substantivas porque substantivam oDireito Subjetivo, em oposição ao Direito Objetivo dizem que são duas coisas contrapostas. As principais doutrinas tradicionais são: Tej)na_da_VojLtade, aTeoria do Interesse e as Teorias Mistas ou Ecléticas12. b) As Q^u^mas_modernas_ou unificadoras consideram que o Direito Subjetivo é um ângulo do Direito e o Objetivo é outro ângulo, mas que o Direito é uma coisa só. Os principais autores que trataram essa matéria foram, LEÓN DUGUIT (Teoria Objetiva)13. CARLOS CÓSSIO (Teoria JE^óaiç^^o_DLr_eito)K e HANS KELSEN (Teoria Pura do Direito). Na chamada Teoria da Vontade13, em síntese, o Direito Subjetivo seria um poder ou imhorJQ-dajlQntade. conferidojjela Ordem Jurídica. Existe a norma, que confere a cada uma o poder de manifestar a vontade ou um senhorio de vontade. Esta colocação parece-me totalmente insatisfatória. Alguns daqueles tipos independem da vontade. Por exemplo, o direito à vida independe da vontade. Dessarte. essa Teoria da Vontade não explica todos os tipos de Direito Subietivo. todas as manifestações de Direirn Subjetivo. Para substituir essa teoria, surgiram as Teorias do Interesse16. Apartir da colocação de IKERLNG. aquela vontade que é tida como essencial no Direito Subjetivo é substituída pelo interesse. Então, o Direito Subjetivo passa a ser considerado como interesse juridicamente protegido. Essa explicação também não satisfaz. O interesse também não explica aquelas manifestações de Direito Subjetivo, porque existe Direito Subjetivo mesmo quando não existe interesse. Por exemplo, se eu empresto dinheiro, não cobro, passa o vencimento da promissória e eu deixo para lá, não tenho interesse em receber esse dinheiro, eu continuo com o Direito Subjetivo sobre aquele débito. Continuo com odireito de cobrai, aqualquer tempo, aquele débito. Ou Oemischttheorien cujos maiores advogados foram JELLINECK ("o Direito Subjetivo é opoder da vontade humana, reconhecido e protegido pela Ordem Jurídica, tendo por objeto um bem ou interesse"): SALLEILES Vo Direito Subjetivo e um poder colocado a serviço de interesses de caráter social e exercido por uma vontade autônoma ): MICHOUD ("o interesse de um homem ou grupo de homens juridicamente protegido por meio do poder, reconhecido a uma vontade para representa-lo ou defende-lo. mesmo quando a vontade que o representa não lhe pertença propriamente1). Nessa teoria, procura-se a simbiose entre os elementos teleolóeieos e psicológicos, isto é. mesclam as duas teorias (do interesse eda vontade). Assim, oDireito Subjetivo éointeresse tutelado pelarei mediante o reconhecimento da vontade individual. Em síntese, para esses teóricos, as tese de prevalência do interesse ou da vontade são inúteis, pois um não existe sem o outro. *Ou Teoria Realista. Para esta teoria, oDireito Subjetivo éalgo inexistente, cientificamente inatingível, um exemplo de uma mentalidade metafísica. Todavia, DUGUIT não nega ao elemento subjetivista. qualquer "função na Ordem Jundica. apenas substitui a expressão por outra —"situação jurídica" —que éa própna regra jurídica aplicada aos sujeitos. Portanto, para ele, as normas jurídicas existentes colocam cada indivíduo numa situação jurídicadeterminada. Nas conclusões finais. COSSIO e KELSEN são bastante semelhantes. Para KELSEN. o Ordenamento Jurídico está contido na norma primária. Já CÓSSIO pane do fato de que anorma jurídica éum juízo disiuntivo. ambas as panes são normas (para ocriador da Teoria Pura do Direito, só aprimána é norma). Não existe dever jurídico —que está contido na pennorma da norma —sem faculdade jurídica. Aperínorma de uma norma pode ser transformar na endonorma de outra norma. Para COSSIO. o Direito Subjetivo está contido dentro da norma jurídica. Para KELSEN. o que está na norma e a negação do dever jurídico, e para CÓSSIO, não. é mais explícito, pois as duas oanes são componentes da norma (perínorma - endonorma) [> Ou Willenstheorien. Seus maiores expoentes foram PLTCHA. SAVIGNY eWINDSCHEID. estudioso positivista da Escola Pandectística. 1(1 Ou Interessentheorien cujo maior expoente foi RUDOLF VON IHERING. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO II FDR Contrapostas a essas teorias tradicionais, existem as teorias modernas, que partem em negar a diferença de natureza, ou a diferença essencial, entre o Direito Objetivo e o Direito Subjetivo. De acordo com a Teoria Monista de KELSF.N17. o Direito Subjetivo está dentro do" Direito Objetivo. Toda norma, para KELSEN, se compõe de duas partes: norma primária e secundária. Na norma primária, ele diz: dada uma não prestação, deve ser dada uma sanção. Na norma secundária: dada uma hipótese, deve ser dada uma prestação. DUGUIT diz que o Direito é. sobretudo, norma. O resto não existe, e que esse chamado Direito Subjetivo foi apenas uma colocação histórica, que alguém, por interesse, fez essa proposição meio filosófica, mas oque existe e o Direito Objetivo. Vocês vêem, portanto, que o Direito Subjetivo, Direito do Sujeito, não éum Direito diferente do Direito Objetivo: é apenas o aspecto subjetivo do Direito. Se ele nasce antes ou depois do Direito Objetivo, éum negócio totalmente prejudicado. No momento em que se entende que, essencialmente, só existe um único Direito, visto sob dois ângulos, esse Direito Subjetivo não pode se visto, como queriam ver os romanos, como uma faculdade de agir, porque o dever se contrapõe à faculdade. Arelação jurídica, que éo tipo de conduta que interessa ao Direito, consagra sempre a faculdade de agir, que é o chamado direito do sujeito ativo da relação, e o dever que é uma obrigação do sujeito passivo. Portanto, a todo direito corresponde um dever. Há uma diferença muito encontradiça entre direitos absolutos e direitos relativos. Direitos absolutos seriam aqueles que se podem opor a todos os membros da comunidade. Meu direito à vida é um direito absoluto- O Direito relativo é aquele que se tem contra apenas uma ou vários membros da comunidade, por exemplo: o direito que eu tenho perante olocador éapenas uma relação de direito relativo entre o locador e o locatário. iiL Sujeito e pessoa no Direito. Conceito e diferenciação. Qualidade, multiplicidade e reciprocidade de sujeitos. A teoria dos direitos sem sujeitos. Essa palavra "pessoa" tem vários significados. Pessoa, para odireito não tem nada a ver com a pessoa humana.Vimos que Direito Subjetivo, no sentido estrito, é a faculdade de agir, a facultas agendi, ou em outras palavras, apossibilidade que apessoa tem de agir no mundo jurídico: e uma possibilidade de ação autorizada pelo Ordenamento Jurídico, pelo Direito Objetivo, pelas normas. Aquele a que a Ordem Jurídica assegura essa faculdade de agir é o chamado Sujeito de Direito. Sujeito de Direito é. portanto, todo aquele que age numa relação jurídica. Daí, uma relação jurídica ser composta de dois sujeitos: um ativo e outro sujeito passivo. Esta relação que se estabelece entre esses dois sujeitos, estabelece-se sempre apropósito de alguma coisa que se chama objeto, objeto da relação jurídica. Então, uma relação jurídica se estabelece entre um sujeito ativo e um sujeito passivo a propósito de um objeto. Isto é. na essência, no esquema mais simplificado o que seria uma relação jurídica. SUJEITO ATIVO VÍNCULO OBJETO SUJEITO PASSIVO SORMA JURÍDICA Segundo GARCIA N.AYNEZ. o erro de KELSEN foi identificar Direito Subjetivo e Direito Objetivo. Para MAYNEZ, o Direito Subjetivo e uma possibilidade de ação de acordo com a norma, isto é. faculdade concedida a uma pessoa fundamentada numa regra normativa. São poderes. faculdades ou prerrogativas, sem dúvida, derivados da norma, mas distintas dela, não são a própria norma. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO II FDR m No momento, o que nos interessa é que, em qualquer relação jurídica existem dois pólos, que se chamam os sujeitos da relação Por exemplo: apropósito de um débito, configurado num certo contrato de compra evenda, existe osujeito ativo (credor) eosujeito passivo (devedor)- alguém que afaculdade ou odireito de exigir odébito ealguém que tem aobrigação de cumprir aquele debito. Não existe, portanto, um sentido subjetivo ou faculdade de agir a oue não corresponda a uma obrigação. Em outras palavras, ainda, para que exista relação jurídica é preciso que existam dois pólos dessa relação. Em outras palavras, ainda. Direito Subjetivo só existe,.no momento em que existe um suieito de Direito. É impossível falar-se em Direito buojetivo, sem que esse Direito se polarize, se materialize em um ente. Éesse ente o sujeito da relaçãojurídica. Então, falar-se em Direito Subjetivo sem falar em sujeito de Direito é impossível, porque sao duas palavras que se complicam. Suieito de Direito é. portanto, aquele a quem a Ordem Jurídica assepura a faculdade de aoir. de se relacionar juridicamente, isto é. todo ser que e capaz de adquirir direitos e obrigações. — Daí, é de se concluir que o suieito de Direito não é necessariamente o homem. Isso aconteceu, historicamente: muitos sujeitos de Direito não eram pessoas. No momento em que CALIGULA deu ao seu cavalo otítulo de Senador, deu-lhe odireito que todos orespeitassem como Senador. Do^pntode.vista jurídico, éperfeitamente possível que oDireito atribua aqualquer ser a capacidade de participar da relação jurídica. Tanto assim que em muitos momentos, seres humanos nao foram considerados sujeitos de Direito. Por exemplo: a mulher durante muito tempo foi considerada uma coisa, não podia participar da relação jurídica. Ora, ser Suieito de Direito é ter possibilidade legais de participar da relação jurídica Hoje em dia, há seres que podem participar de relações jurídicas e que não são seres humanos. Por exemplo, o-Estado, a sociedade comercial, uma fundação, são entes a oue o Direito atribui personalidade: sJo_pessoas. são pessoas jurídicas, ou seja, o Estado, a pessoa jurídica de Direito Publico; uma organização internacional ou uma pessoa jurídica de Direito Privado; uma sociedade provida por ações, uma S.A., uma sociedade civil ou uma fundação, não tem nada a ver com a pessoa humana. Aquele patrimônio, fundação do ponto de vista jurídico, é uma pessoa porque ser pessoa em Direito éter apossibilidade de ser sujeito de Direito, de participar de relaçãojurídicas. Se esses entes, essa fundação ou sociedade comercial cuja personalidade não se identifica com apersonalidade dos sócios, dos componentes, pode ter bens. pode vender, pode comprar, pode doar. e porque ela pode participar de relações jurídicas. Uma compra e venda é uma relação jurídica, uma doação e uma relação jurídica não onerosa. Portanto, enfatize-se. todos aoueles oue podem participar de relações jurídicas, todo, aqueles oue podem ser sujeitos de Direito, são pessoas de Direito. Então, ser pessoa em direito, é uma atribuição do Ordenamento. O Ordenamento Jurídico atribui aquem quiser personalidade e, uma pessoa jurídica éamesma coisa que uma pessoa física para o Direito. O conceito jurídico de pessoa é o seguinte: pessoa, para o Direito, e todo ente, seja humano ou não, que é cana/ de ser suieito de Direito. Em outras palavras, aquele que tem a possibilidade de participar de relaçõesJurídicas, ouem o Direito disser que pode participar de relações Jurídicas, este g uma gesjoa Logo. o conceito de indivíduo nao se justapõe ao conceito de pessoa. Oque nos interessa é fazer uma distinção entre o suieito de Direito e pessoa. Ser sujeito de Direito é participar de uma relação jurídica. Ser pessoa é poder participar de uma relação jurídica. Eu não sou sujeito de Direito, mas continuo a ser Pessoa- Conceito de pessoa é estático enquanto suieito é um conceito dinâmico. Pessoa é um dado potencial, é poder participar de relações. Ser suieito de Direito é participar de relações. Suieito de Direito é a pessoa enquanto participa da relação lundica. Tanto é assim que se fala em suieito ativo e suieito passivo, mas não se podejalar em pessoa ativa epessoa passiva. No momento em que entro na relação. eu sou o sujeito de direito, porque eu utilizei a minha possibilio 1de de pessoa. A j)|ssojy3uando participa da relação, denomina-se suieito. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO II FDR \\ Quando começa o ente humano ser pessoa? No atual estágio da axiologia jurídica, todo ser humano é pessoa. Mas isso é um dado axiológico. É pessoa porque o Direito, hoje em dia, consagra que todos os entes humanos sejam pessoas. Quando o ente humano começa a ser pessoa para o direito? Ser pessoa, em Direito, é uma imputacão. O Direito diz, tranqüila e livremente, a partir de quando o ente humano é pessoa, e até quando. Mas, atualmente, os Ordenamentos Jurídicos, assumem duas posições18. Alguns atribuem a personalidade a partir do nascimento com vida — a personalidade começa no momento em que alguém nasce com vida. Outros, que não o brasileiro, atribuem a personalidade a partir do momento da concepção. Quer dizer, o nascituro, aquele que vai nascer, naquele momento em que é concebido, adquiriu personalidade. No Ordenamento brasileiro: o ente, naquele período, antes do nascimento com vida, não é pessoa, é ente humano, uma pessoa humana, mas não é pessoa no sentido jurídico: não é pessoa para o Direito. Apesar dessa colocação do Direito brasileiro de considerar que a personalidade começa com o nascimento com vida, ela é tremendamente importante para o problema da herança. Exemplo: alguém está no ventre materno, com três meses de vida, o pai morre, ele não herda porque não é pessoa. A legislação brasileira ficou no meio termo porque determinou que a personalidade começa com o nascimento com vida. Entretanto, protege os direitos do nascituro. São consagrados no Ordenamento, alguns tópicos que falam do direito do nascituro. Alguns autores. entre os quais CLÓVTS BEVILÁCQUA. dizem que se existem direitos do nascituro é porque-o nascituro é pessoa, uma vez que só pode ter direitos quem é pessoa. Por outro lado, o Art. 4 do Código Civil de 1916. diz: "Art.4° Apersonalidade civildo homem, começa com o nascimento com vida: mas a lei põe a salvo desde a concepção os direitos do nascituro."1 A proteção que se dá aos chamados direitos do nascituro. cZo expectativas de direito, em função da expectativa da pessoa. Isto é. espera-se que aquele ente nasça com vida. Aquilo que se chama direitos do nascituro são, na realidade, expectativas de direito e não propriamente direito. O direito à vida é um direito que o nascituro tem como expectativa. Esta é a explicação que PONTES DE MIRANDA dá ao caso brasileiro, que diz oue a personalidade começa com o nascimento com vida, mas, em alguns casos, protege aqueles "direitos". Alguns autores falam que pode haver direito sem sujeito, e o exemplo típico que eles dão é o do nascituro, em que existia direito, mas não existia um sujeito, porque não é pessoa: e não sendo pessoa, não pode ser Sujeito de Direito. Esta é a idéia entre nós aceita por CARVALHO DE A problemática da naturezajurídica do nascituro, ou melhor, do início da personalidade da pessoa natural, há muito, encontra na doutrina terreno fértil para o aparecimento de várias e distintas correntes. CLOVIS BEVILÁQUA, ern sua Teoria Geral do Direito Civil, aponta a incerteza, já no Direito Romano, do início da personalidade da pessoa natural: em PAPINIANO. par/wsnondum elitus homo non reciefiasse dicitur. em ULPIANO. partum antequam edatur muiieris portio est, vel viscemm; em PAULO, qui in útero est perinde ac si in rebus humanis esset custoditur, quotien de commodis ipisus queritur. e em JULIANO, qui in uetro sunt in tolo pene jure civili intelliguntur in rerum natura esse. Além disso, o Direúo Romano exigiaainda, que o nascido tivesse forma humana e viabilidade, para que lhe atribuísse a qualidade de pessoa e, dessarte, capacidade jurídica, posição ainda sustentada por uma minoria de Códigos. A doutrina tradicional refere-se a três grandes teorias cujas idéias foram percebidas por muitos Ordenamentos Jurídicos. Entre elas tem-se a corrente natalista — que defende a tese de que a personalidade tem início com o nascimento, preponderante na maioria dos ordenamentos jurídicos modernos, cujo maior representante foi WINDSCHEID. para quem o feto no útero materno ainda não é homem, computando sua personalidade apenas com o nascimento —: a corrente concepcionista — cujos princípios foram alicerçados nos textos romanos do Digesto. advogando o começo da personalidade no instante da concepção e, portanto, desde a geração nidatória no útero. o nascituro é pessoa, é ponador de direitos, influenciou vários estudiosos, como os irmãos MAZEAUD, ROSSEL et MENTHA. M. PLANIOL. JOAQUIM NABUCO, R. LLMONGI FRANÇA. FELÍCIO DOS SANTOS. F AMARAL.—. e a corrente da personalidade condicional — que vê o início da personalidade com a concepção sob a condição de nascimento com vida. apresenta-se como uma simbiose entre aquelas duas outras. Para seus teóricos, a personaüdac.1 do nascituro se materializa desde que nasçacom vida. O ideal desta teoria teve grandes repercussões em alguns ordenamentos jurídicos. No Brasil, chegou a inspirar o grande civilista CLÓV1S BEVILÁQUA no seu Projeto do Código Civil de 1899. que no art.3° positivava o inicio da personalidade desde a concepção sob a condição de nascer com vida. Para ele. era impossível configurar a existência de direitos sem sujeito, dessarte. a atribuição de personalidade ao nascituro seria uma conseqüência naniral. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO II FDR p ' MENDONÇA, no sentido de que, normalmente, os direitos têm Sujeito, mas pode existir casos em que não existe o elemento Sujeito. Há várias teorias para explicar que esse negócio de Direito, é uma explicação fantasiosa; e dizem que o que existem ali, não é Direito sem sujeito, mas expectativa de direito e de sujeito. Um ponto muito importante: falamos na existência de um sujeito ativo ede um sujeito passivo. De ordinário, as relações jurídicas se estabelecem entre um sujeito ativo e um sujeito passivo. Por exemplo: Isaac tem um crédito de RS 500,00, e Victor tem um débito de RS 500,00. Isaac éo sujeito ativo da relação e Victor osujeito passivo da relação. Podem existir casos em que uma relação jurídica se faca entre um sujeito ativo e um suieito passivo e casos em que uma relação se faça entre um suieito ativo e 'W sujeitos ativos. como pode existir caso de "k" sujeitos ativos que se relacionai numa só relação Jurídica com "n" suieitos passivos. Quando há uma composição de muitos sujeitos ativos, denomina-se de partes. Pensem num caso, Isaac deve a Victor RS500,00. Isaac que é devedor, sub-roga essa dívida para Renata. Esta passou adever RS250,00 eIsaac, que era odevedor originário, passou adever apenas RS250.00. Duas relações diferentes. Essas relações permanecem com um sujeito ativo, só que transformou isso em duas relações. Permanece um só sujeito ativo eum sujeito passivo desdobrada essa relação em duas relações. O que há na vida prática, são configurações de casos em que, na realidade, aparece pluralidade de sujeitos ativos e de sujeitos passivos. Oprimeiro caso éa comunhão unitária, em que comunheiros participam de uma relação Jurídica a respeitode um patrimônio comum. Por exemplo: cinco herdeiros. Aherança éuma fazenda. Eles resolvem, por interesses econômicos, não dividir a tazenda. Herdam o bem todo, em comunhão, são comunheiros ou condôminos. Os cinco herdeiros sao proprietários da fazenda. Qualquer relaYao que eu tenha com a fazenda, todas as obrigações, que a comunidade tem com aquela fazenda, são requeridas àqueles cinco herdeiros. Se alguém comprar aquela fazenda, o pólo ativo daquela relação de compra e venda foi os cinco herdeiros, cinco sujeitos, eopólo passivo foi um só sujeito.19 Existe outro caso de comunhão, em que existe ocondomínio, mas este deve permanecer maetermtm: não pode ser_dgsfeito. Eo caso dos proprietários de apartamentos com respeito ao solo criado". Cada proprietário de apartamento édono de Solo criado\ mas com respeito ao solo tísico, cada um deles é dono de uma cota ideal daquele terreno, o que significa que todos os proprietários de apartamento, todos do condomínio, são proprietários de uma a>ta ideal do terreno indivisível. Nesta hipótese, quando se fala em condomínio, fala-se que há multiplicidade de sujeitos, que pode ser passivo ou ativo. Uma outra hipótese de pluralidade de sujeitos éoproblema da solidariedade, que tanto pode ser ativa como passiva. Por exemplo: uma sociedade comercial limitada, em que todos os sócios sejam responsáveis pelo débito até o montante do capital inicial. Então, se uma sociedade tem um debito ese extingue essa sociedade, por qualquer razão, e tem cinco sócios, ocredor pode acionar qualquer um dos cinco sócios, pela totalidade da dívida até o montante do capital inicial. Um deles pagando, os outros não tem mais obrigação de pagar. Porém, o credor pode acionar qualquer um dos cinco para orecebimento da dívida porque eles são solidariamente responsáveis. Da mesma forma, pode haver uma relação em que asolidariedade não seja passiva, mas seja ativa Eo caso do casal —marido e mulher —dois pólos de uma relação. Numa relação de credito, eles podem conhgurar dois pólos positivos, dois sujeitos ativos. Se alguém tem um débito, pode pagar ao mando ou à mulher, pois ambos podem quitar. Então eles são solidariamente credores. 19 Éverdade que. no caso de comunhão unitária, essa comunhão pode ser resolúvel. pode dissolver-se. INTROD UÇÃO AOESTUDO DO DIREITO II FDR 13 2.2. Pessoa em Direito. Conceitogenérico dapessoa. Pessoa e indivíduo humano em Direito. Conceito juridico de pessoa. Bibliosrafia: 1. Gustav Radbruch (Filosofia do Direito) — 2. Hans Kelsen (Teoria Pura do Direito) — 3. Vicente Raó (O Direito e a Vida dos Direitos) Esse problema do estudo da pessoa20, como diz GARCIA MAYNEZ, é um problema extremamente árduo e complexo. A palavra "pessoa" é utilizada, com profundas diferenças, por diversas ciências. Tanto a Filosofia como a Psicologia, a Sociologia e o Direito utilizam esta mesma denominação "pessoa", palavra que vem do etruscofersu, que no latim se transformou tvnperso e daí persona. chegando ao português como "pessoa". Mas é provável que esta palavra seja originária de per ± sonare = "soar através de". Em Filosofia, esse problema de pessoa é extremamente remoto. As origens da Filosofia se confundem com a própria origem do pensar. Desde quando se começou a pensar, começou a preocupação com o problema da pessoa. BOÉCIO dizia que pessoa era individua est substantia naturale, uma substância individual, quer dizer, indivisível, isto é o que seria filosoficamente uma pessoa: a composição da alma e do corpo e que seria a essência do ser. Dentro dessa mesma conotação, poderíamos citar SÃO TOMÁZ DE AQUINO21: "A alma e o corpo se unem de tal forma que é por essa união que o homem é homem". Essa colocação ontológica de verificar o que é pessoa começou a ser contentada pelo racionalismo. Para KANT". personalidade não é n°.da disso porque não adota uma visão ontológica do problema. Ele adota uma visão racionalista. no máximo axiológica: para ser homem é preciso, antes de tudo, ter opção — porque ele diz que personalidade é liberdade. "Meu seré o meu querer". A concepção de pessoa deve ter uma tônica eminentemente axiológica. Pessoa devia ser a instância exclusivamente dos valores. Ser pessoa é poder eleger valores; é poder optar entre vários valores; é ter condições de julgar e de se orientar, de acordo com o julgamento. No mesmo sentido, pensa HARTMAN. para quem a pessoa é um ponto de interseceâo entre o ser e o dever ser. E, nesse mesmo sentido, quase todos os autores racionalistas. Hoje em dia, encontramos, sobretudo, uma corrente filosófica, que são os existencialistas. Para o existencialismo, a existência do homem é vista não sob o seu aspecto ontológico. Ele se preocupa com o existir, com o estar no mundo. Esse é o grande problema existencial e não a pesquisa ontológica do ser, enquanto ser. Então, a problemática é o homem no mundo, preocupando-se com o mundo, seja aquela preocupação banal, seja a preocupação espiritual, com os fatos essenciais da vida, e essa preocupação racional da vida é a essência da personalidade para o existencialismo. A partir dessas colocações, seja a de AQUINO, de BOÉCIO. de KANT, seja do existencialismo, de todas elas de cena maneira, nos dão conta, filosoficamente de como a personalidade humana é um ponto de vista único, individual, seja esse ponto de vista ou preocupações ontclógicas, sejam axiológicas ou existencialistas. Todavia, a análise da pessoa tem outras conotações em outras ciências. Assim, por exemplo, para a Psicologia, ser homem não é nada disso. Personalidade, para a Psicologia, é a polarização de duas características: a unicidade. aquela unidade vital que se traduz na prática, naquilo oue os psicólogos chamam de mesmidade. é a permanência do mesmo eu. apesar das constantes que eu sofro. Pessoa é, para a Psicologia racional, portanto, a unicidade, a unidade do meu eu que permanece a despeito das modificações, inclusive das modificações MIGUEL REALE . define pessoa como a dimensão atributiva do ser humano, ou seja, a ve-ie social do homem, aquilo que o distingue e o projeta na convivência social. Nas palavras do mestre TÉRCIO FERRAZ20, a pessoa nada mais é do que feixe de papéis institucionalizados pela própria sociedade como condiçãoda interação. Conceitua ontologicamente a pessoa como "serexistente e uno, marcado emsi mesmo e de natureza racionar. " Assume uma perspectiva no plano da liberdade, independente dos mecanismos de opressão. , 13 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO II FDR I4 - comportamentais. Para a Sociologia, pessoa também não é nada disso que a Psicologia diz. Personalidade e o resultado da integração nos grupos snHak Pessoa é o resultado do social, das mtennfluencia, da interação social, que se faz através da competição, do conflito, da acomodação, da assimilação. Mas, aqui nos interessa visualizar oque épessoa para oDireito, oconceito jurídico de pessoa. Pessoa jurídica é, portanto, um subtipo de pessoa. Conceito de pessoa, para oDireito, é extremamente assemelhado com o conceito de sujeito de Direito.23 Os autores que fazem a decomposição da norma jurídica, sempre encontram, na norma jurídica, um elemento que se chama sujeito pretensor e o outro que se chama suieito obrwado. Não encontram que o Direito pressupõe o sujeito ativo e o sujeito passivo. Só existe Direito quando existe um pretensor e um obrigado: aiguem que tem uma faculdade ealguém oue tem um dever, uma obrigação. Apartir daí. vocês vêem que o conceito de sujeito de direito é essencial para o próprio conceito de Direito. Não podemos compreender —é absolutamente impossível — a concepção de Direito Subjetivo — sem a existência do suieito de Direito. São conceitos que se complicam. Para que se possa existir sujeitos de Direito, faz-se mister que existam previamente as pessoas, porque pessoa é aquele ente a quem a Ordem Jurídica atribui a possibilidade de vir a participar de relação jurídica como Sujeito de Direito. Daí, falar-seem sujeito ativo e em sujeito passivo; dai, também se falar em pessoa física eem pessoa jurídica. Então, para que haja sujeito, é preciso que, antenormente, se conceitue o que é pessoa24, como dado estático, o dado dinâmico é sujeito. Essas duas colocações são chamadas conceitos fundamentais do Direito ou categorias: são aqueles conceitos que, necessariamente integram anorma jurídica. Pessoa é. portanto, o suieito dos direitos considerados em si mesmos, é o ente substantivo da relação jurídica. Pessoa é o titula- tios direitos. Só as pessoas são mukresdo Direito. SuiejtosdeDireito são os modelos das relações jurídicas. Isto posto, podemos começar asituar o conceito jurídico de pessoa, na visão tradicional que e a seguinte: pessoa é todo ente susceptível de adquirir direitos e contrair obrigações. Esta deiimçao, entretanto, merece séria crítica técnica. TORRE25 mostra que os elementos dessa definição, muitos deles, são improcedentes. A primeira é a inclusão, na definição, do vocábulo ente". Isto porque esse vocábulo tem uma extrema amplitude, éuma palavra multívoca. Ente éuma pedra, e Deus, é um anjo, etc. Diz ele que devemos considerar, para efeito de definir tecnicamente, nao esse vocábulo, porque existem muitos entes que não são sujeitos de Direito, muitos entes que nao podem ser pessoas. Ediz ele que. para oDireito, oente é, necessariamente, homem ou conjunto de homens. Uma segunda observação é a inclusão de deveres jurídicos, porque quando eu digo "tenho direito\ estou dizendo, implícita e necessariamente, que contrai obrigações. Não podem existir direitos, sem que não existam correlatas obrigações. Então é uma redundância. Do exposto, podemos concluir que, para adoutrina tradicional, só os homens podem ser sujeitos de Direito, quer atuem individualmente, ou coletivamente. A colocação de TORRE não satisfaz. Acolocação hodiema do que seja pessoa, para o Direito, é a de que. em determinado momento histórico, dependendo da sensibilidade axiológica do grupo social, o Direito pode considerar pessoas entidades que não são seres humanos. Da mesma forma, entes humanos, na axiologia histórica, não foram considerados como pessoas. - Segundo CAIO MÁRIO, a idéia de personalidade está intimamente ligada à de pessoa, pois exprime aaptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações. R^a;™XEI.RA DE FEITAS, pessoas "são todos os entes suscetíveis de aquisição de direitos". CLÓVIS Hh . ILAQUA diz que pessoa éoser aque se atribuem direitos e obrigações e personalidade é a aptidão reconhecida pela ordem jurídica aalguém para exercer esses atributos, isto é. oconjunto dos direitos atuais ou meramente possíveis das faculdades jurídicas atribuídas a um ser. Nas palavras de CARNELUTTI, as pessoas são os entes que podem ser sujeitos de relações jurídicas (sujeitos de direito), de outro modo. que podem determinar efeitos jurídicos. Essa atribuição e dada pelas normas jurídicas, não a todo homem, mas somente àqueles que possuírem determinados requisitos, entatiza o ilustre jurista - TORRE: "Pessoa é oser humano ou o grupo de serrs humanos, enquanto aptos a serem titulares de Direitos. " 14 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO II FDR 15 Ser pessoa para o Direito, não tem nada a ver com a realidade humana, filosófica. sociológica ou tecnológica do ser humano. A mera possibilidade conferida pelo Ordenamento a qualquer pólo da relação jurídica de contrair direitos é ato de personificação. Personificar, para o Direito, é atribuir a categoria de pessoa. O Direito atribui a categoria de pessoa a quem ele quer, sejam homens ou realidades que não são homens. Os indivíduos humanos que são considerados pessoas para o Direito, nada têm a ver com a pessoa jurídica. Fundação é a personificação de um patrimônio; existe juridicamente sem relação com qualquer pessoa jurídica. É simplesmente um patrimônio personificado; é um conjunto de bens a quem o Direito atribui personalidade. O conferimento dos direitos subjetivos é uma atribuição, é uma imputacão. que cabe exclusivamente, ao Ordenamento Jurídico. Isso é ditado por um momento axiológico do Direito. Num momento em que a sociedade esteia julgando certos valores como nobres. Atualmente, o estudo dos valores do Direito determina que o Direito atribua a todos os seres humanos a categoria de pessoas. Como corolário do que se disse até agora, vocês podem concluir, de logo, que essencialmente, pessoa jurídica e pessoa física são a mesma coisa: é uma imputação. Pessoa é uma construção jurídica que tem como tema central a conduta, enquanto essa conduta constitui conteúdo de uma norma. Portanto, para o Direito, pessoa jurídica é a mesma coisa, substancialmente, que pessoa física. Observações: a pessoa jurídica não pode adotar: tanto as pessoas singulares como as pessoas coletivas são mera criação da lei: a firma individual não é pessoa jurídica: existe apenas o indivíduo. 2.3. Espécie de pessoa em Direito Pessoa Natural & Pessoa Jurídica. Da realidade no conceito de Pessoa Jurídica. Ser pessoa é um atributo conferido pelo Ordenamento Jurídico. Esta é a essência de pessoa: conferimento jurídico. Mesmo se considerarmos do ponto de vista axiológico, podemos tazer distinção entre ser humano e a pessoa que atua no âmbito do Direito ou o sujeito de Direito. Nas relações jurídicas, a mesma pessoa humana pode atuar, representando, ora ele mesmo, como pessoa no sentido jurídico, oraoutra pessoa física, ora uma pessoa jurídica. Assim, a síntese de tudo que já vimos a respeito de pessoa é que pessoa é uma construção jurídica que toma por tema central a conduta, enquanto essa conduta constitui o conteúdo de uma norma jurídica, enquanto essa conduta é apresada pelo Direito, iudicializada. Essa pessoa, entendida assim, no seu sentido jurídico, pode ser de dois tipos: pessoa física, também chamada de pessoa natural ou pessoa de existência visível, e pessoa jurídica.26 Apessoa física hoje em dia corresponde, não ao ser humano Para KELSEN, emsua Teoria Pura do Direito, no sentido formal, o conceito jurídico de pessoa não se traduz através do homem, como realidade física e psíquica, senão como uma construção de uma norma jurídica, ou seja. é a pessoa jurídica reconhecida no mundo do dever-ser (Sollein) distinta da pessoa natural (o homem) do mundo do ser (Sei?i). O conceito de sujeito jurídico, à luz da teoria tradicional, identifica-o com o de pessoa, ouseja. o homem enquanto sujeito de direito. Ele conclui por conceber a personalidade, portanto, como coisa diversa do conceito do sujeito de direito (Rechtsperson), distinguindo-se, igualmente, a pessoa e o homem. Isto porque, não só os homens (pessoa física), como outras entidades (pessoa jurídica), também são pessoas, haja vista são portadoras de direito e deveres. A pessoa física, como pessoa natural, e a pessoa jurídica, como pessoa ••artificiar, ambas, são construções artificiais da Ciência Jurídica, ambas são pessoas jurídicas. Ora, se nas pessoas jurídicas os direitos e deveres jurídicos podem ter como suporte algo que não seja o indivíduo, também no caso das pessoas físicas o que serve de "suporte" aos seus direitos e deveres jurídicos pode não ser o indivíduo, pode não ser este o "ponador"'. mas algo que o indivíduo e as corporações possuam igualmente. Para KELSEN. portanto, ser pessoa ou ter personalidade jurídica é o mesmo que ter deveres jurídicos e direitos subjetivos. Apessoa física ou jurídica que é supone ou portadora desses direitos e deveres jurídicos é exatamente estes direitos subjetivos e deveres jurídicos. A pessoa é tão somente a personificação dessa unidade, entatiza Hans Kelsen. Dizer que o homem é sujeito jurídico é o mesmo que dizer que o homem é pessoa ou tem personalidade. Pessoa jurídica (pessoa emsentido jurídico) é a unidade de um complexo de direitos subjetivos e deveres jurídicos, ou seja. é aunidade de um complexo de normas jurídicas. Em outras palavras, apessoa física kelseniana não é um indivíduo, umarealidade namral. mas uma criação da Ciência do Direito, a unidade personifícadora das normas jurídicas que obrigam e conferem poderes a um mesmo indivíduo. Neste sentido a pessoa física é uma Jnristische Person. INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO II FDR 16 enquanto ser humano, mas enquanto axiologicamente considerado e normado pelo Direito como um feixe de relações. Eoresultado do ato de personificações, que só aOrdem Jurídica pode praticar. Em nossos dias é pacífico que todo ser humano é pessoa, a partir do seu nascimento ou em outras palavras, todo ser humano tem capacidade. Melhor ainda se diria, todo ser humano tem capacidade para ser pessoa. Melhor ainda se diria se todo ser humano tem personalidade epode ou nao ter capacidade de exercitar as suas faculdades inerentes ao Direito.27 Então, a personalidade é a aptidão para ter direito, para ser suieito de direito. Isso tem toda pessoa. A capacidade, ou a aptidão para exercer a faculdade, se adquire com certa idade. Assim, nem todos têm capacidade: os loucos não têm capacidade, mas são pessoas: os surdos-mudos; ocaso dos escravos, que teria personalidade, mas não teriam capacidade de exercitar esse direito. Feito isso, temos que considerar dois aspectos interessantes, na questão de personalidade: é o instante do nascimento dessa personalidade eomomento de sua extinção. Com respeito ao nascimento da personalidade, vimos que existem duas correntes. Alegislação positiva se divide: alguns considerando personalidade a partir da concepção e outros a partir do nascimento com vida, essa última hipótese com o atual regime jurídico brasileiro (An. 4° do Código Civil de 1916). O outro problema que não infocamos ainda é o problema do fim dessa personalidade. Quando deixa o ente humano de ser pessoa? A personalidade acaba com a morte natural. A morte civil não é contemplada, no Código Civil de 1916 como fim da personalidade.Do ponto de vista religioso quando uma pessoa professa os votos religiosos, ainda hoje, éconsiderada morta para o mundo. Uma observação interessante é com respeito ao registro. Afirmei que o inicio da pessoa lurídica éoregistro desta na Junta Comercial. Apessoa física também tem seu registro que é teito no Cartório de Registro CiviL- Mas, esse refiro de pessoa física, da pessoa natural, éapenas urn_ato_administrativo. é apenas um ato declaratórío da existência da pessoa, não é um ato constitutivo da personalidade. Em Direito distingue-se toda gama de atos jurídicos naqueles que sejam declaratórios enaqueles que sejam constitutivos. Oato declaraiório apenas declara acoisa. O ato constitutivo constitui a coisa. O homem tem uma inclinação natural para se associar. Ele se associa e desta associação nasce uma nova pessoa, com o conferimento do Direito. Duas pessoas se juntam para formar uma sociedade conjugai: duas ou mais pessoas sejuntam para fazer uma sociedade comercial; duas ou mais pessoas' se juntam para fazer uma sociedade civil ou um Sindicato; duas ou mais pessoas se juntam para fazer um grupo de estudo. Sao varias as formas de associação. Na primeira forma duas pessoas se juntam para formar uma " Urge, ponanto, como condição sine qua non, não confundir as idéias de personalidade ecapacidade. Esta éaextensão FRFiT°SçP°dereS ^ aÇã° comidos na Personalidade ou o modo de ser geral das pessoas, lembra TEIXEIRA DE FREITAS. Para REALE, capacidade é a extensão do exercício da personalidade, a sua medida em concreto. Personalidade, todos os homens tém independentemente do sexo. idade, ou da saúde mental. Todavia, nem todos poluem igualmente, capacidade, ou melhor, cenas condições de fato que possibilitam exercer cenos atos. epor eles se responsabilizar. Adoutrina tradicional divide a capacidade em duas modalidades distintas: a capacidade de direito{Kecntsjaefugker) que seria a aptidão legal para adquirir direitos eexercê-los por si ou por outrem. ea capacidade de .ato (Geschaeftsfaehfgkeit) que seria afaculdade de agir por si só ou por via de representação, ou seja. são as condições materiais do exercício. Leciona BEVILÁQUA, que a capacidade de direito confunde-se com a personalidade. A capacidade de direito nao pode ser recusada a qualquer indivíduo, sem afetar os atributos da personalidade que não depende dos elementos intelectivos evolitivos do sujeito (consciência e vontade). Capacidade de direito, de sozo ou de aquisição chstmgue-se da capacidade de fato, de exercício ou de ação. Gozar de um direito é ser titular dele. exercé-lo e extrair dele as vantagens que possa fornecer, é o exercício efetivo do sozo. Dessane. a capacidade é a extensão concedida aos poderes de ação, assegurados pela Ordem Jurídica, em que consiste a personalidade, oexercício é um momento posterior, em que apersonalidade age dentro dos limites da capacidade. Segundo Serpa Lopes, a capacidade uvil so penence ao homem esó écompatível com anatureza humana. Sendo assim, não pode ser sujeito de direito, por exemplo, uma planta, um animal úracional ou uma coisa inanimada, como há muito se fazia. Todavia, no que tanae aos dispositivos legais de proteção aos animais irracionais, às plantas, e aos monumentos, não se reconhece o direito à integridade ou. nos casos, à própria vida desses entes. Osistema jurídico não confere a outros seres vivos e às coisas manimadas oatriouto da personalidade quando os protege, enfatize-se. Alei os defcade :: : atenção ao homem que deles destruía, como medida de garantia, e também com opropósito de impedir perventdades inúteis que. segundo KtALh. casocontrano, reduzinam o indivíduo à própria üracionalidade. " 16 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO II FDR 17 sociedade conjugai, permanecem os dois como pessoas físicas individuais. Oque há. na sociedade eoniugal. e a permanência das personalidades sem a formação de uma nova pessoa, porque a chamada sociedade conjugai não é uma sociedade do ponto de vista jurídico: não forma um novo ser polarizado de direitos e ohri^rnp. Ninguém pode demandar contra a sociedade conjugai. Mas,^ se o casal praticar ato de comércio, além da existência da pessoa Leonardo e da pessoa Ana Flávia, passa a existir uma nova pessoa, totalmente distinta da pessoa dos dois. distinta aponto de Leonardo poder sair eentrar novo sócio ou Ana Flávia também poder sair eentrar outro sócio, e a pessoa continua a mesma. A sociedade conjugai não poderia contratar, mas a sociedade comercial pode. Na terceira hipótese, oSindicato, por exemplo, não se confunde com a pessoa do sindicalizado, porque se formou nova pe^on Na última hipótese, quatro alunos se reúnem para estudar Os objetivos são lícitos, a tarefa é comum, mas não existe aí uma nova pessoa. Essas pessoas jurídicas classificam-se, fundamentalmente, em dois tipos: são sociedades chamadas universitas personarum11 e universitas honorum29. Podemos ainda considerar as pessoas jurídicas como pessoas jurídicas de Direito Público e pessoas jurídicas de Direito Privado. As pessoas jurídicas de Direito Público são aquelas que objetivam a prática de serviços comuns que atingem a finalidade pública, objetivam o bem comum. Essas podem ser divididas em Pessoas jurídicas de Direito Público Interno (repartições públicas, autarquias, a União, os Estados, e os Municípios, etc.) pessoas jurídicas de Direito Público Externo (a ONU. a OEA, a OPEP, etc). As pessoas jurídicas de direito privado, segundo adistinção mais clássica que existe. sao as P^soas civis e as pessoas comerciais. As pessoas comerciais são aquelas que visam a pratica de ato de comércio, dessarte, com fins lucrativos. A sociedade cível não se distingue da comercial porque não tenha fim lucrativo. Isto porque a sociedade civil pode ou não ter caráter lucrativo, só que esta pratica atos que não são considerados, legalmente, como atos de comércio — por exemplo: alguns médicos que se reúnem para formar uma clínica. Assim, temob: PESSOA JURÍDICA -< DE DIREITO PÚBLICO J INTERNO 1 EXTERNO j CIVIS DE DIREITO PRIVADO 1COMERCAISi A pessoa jurídica é qualquer unidade orgânica resultante da coletividade de indivíduos ou de um complexo de bens e que, para consecução de um fim social duradouro e lícito, é atribuída uma capacidade de direitos patrimoniais pelo Ordenamento Jurídico. Diversas teorias procuram explicar a natureza das pessoas jurídicas. Para efeito de pesquisa, as principais são a Teoria da Ficção, a Teoria do Interesse (Teoria da Propriedade Coletiva); as Teorias Negativistas e as Teorias Realistas (Teoria da Realidade Psíquica. Teoria da Realidade Orgânica e Teoria da Realidade Técnica). a) Teoria da Ficção: seguida, sobretudo, por SAVIGNY. defende atese de que apessoa jurídica é uma ficção, é uma criação legal, cuja existência só encontra explicação como uma ficção da lei ou da doutrina, é uma irrealidade, portanto OEstado é uma pessoa jurídica. Logo. de acordo com essa doutrina é uma ficção. Ora, as pessoas físicas são uma atribuição do Estado. Destarte. uma entidade, que é uma ficção, estaria constituindo entidades superiores a si mesma. Esta teoria não suporta uma análise lógica e foi sucedida por outras teorias, chamadas Teorias Negativistas. b) Teorias Negativistas,: PLANIOL eJHERING dizem que oque há são os interesses das pessoas tísicas. As pessoas jurídicas são mera representação, mas o interesse que existe dentro de uma Conjunto de pessoas do qual deflui outra pessoa, que é a pessoa jurídica de sociedade, conjunto de pessoas p-e- existentes. Não deflui de uma universalidade de pessoas, mas de uma universalidade de bens. como éo caso da Fundação, ou seja. sao entidades que não são compostas por pessoas existentes, mas por objetos —personificação de bens. valores. 17 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO II FDR pessoa jurídica é o interesse de uma pessoa física. Se os Direitos Subjetivos são interesses projetados, na realidade, a pessoa jurídica está projetando a pessoa física e o que existe, na realidade, são as pessoas físicas. Contra isso, argumenta-se: como uma Sociedade pode demandar contra seu sócio? Porque há um interesse do sócio diferente do interesse da sociedade. Há, portanto, Direito Subjetivo, tanto na pessoa física como na pessoa jurídica. Logo, ninguém pode negar a existência da pessoa jurídica. c) Teorias Realistas: estas teorias cujos maiores expoentes foram DEL VECHIO GIERKE. afirmam que a pessoa jurídica é uma realidade, que ninguém pode negar a realidade da pessoa jurídica. A Teoria da Realidade Orgânica diz que a pessoa jurídica é composta de cabeça. membros, etc, uma verdadeira realidade orgânica. Contudo, essa identidade morfológica leva a uma coisa ridícula. Então, pretende-se explicar que essa realidade não é morfológica, mas psíquica: o que existe em comum na pessoa jurídica é o animus. a alma e não o corpo. A pessoa jurídica teria um animus próprio, uma vontade própria. Ela teria uma realidade do ponto de vista social como as pessoas físicas. Esta teoria também é insatisfatória e tende a ser substituída pela Teoria da Realidade Técnica ou Jurídica, que diz que a pessoa jurídica nasce por um conferimento da Ordem Jurídica. Então, o que existe é uma subjetividade jurídica, uma pessoa do ponto de vista jurídico. Ela é uma realidade para o Direito; é uma realidade tecnicamente considerada, mesmo do ponto de vista jurídico. Esta é a melhor explicação: a realidade da pessoa jurídica é uma realidade técnica ou técnico-jurídica ou jurídica. Assim, entendida a pessoa jurídica como realidade técnica, a ela se adequa, perfeitamente, aquele conceito de pessoa que tanto pode ser aplicado às pessoas físicas quanto às pessoas jurídicas. Na realidade, umas e outras são pessoas da mesma natureza do ponto de vista jurídico, porque ser pessoa é um conferimento que ora se dá à pessoa física, ora se lá à pessoa jurídica. 2.4. Objeto dos Direitos Conceito. Objeto e conteúdo. Coisas como objetos dos Direitos. Pessoas como objetos dos Direitos. OsDireitos sobre aprópria pessoa. E necessário que façamos, preliminarmente, uma advertência: o objeto do Direito a que nós aqui nos referi-nos é o objeto da relação jurídica. Estudamos que uma relação jurídica se forma a partir de um sujeito ativo (portador do direito) e do sujeito passivo (portador da obrigação) em torno de um objeto. Portanto, o tema deste assunto refere-se ao objeto da relação jurídica e não do objeto da Ciência Jurídica, que também é o objeto do Direito. Qual o objeto do estudo do Direito? Uns dizem que é a norma jurídica, outros dizem que não é a norma jurídica, mas a conduta em interferência intersubjetiva. Feita esta observação, podemos dar um conceito de objeto da relação jurídica ou objeto dos Direitos. Faz-se mister saber que esses dois termos da relação jurídica — o sujeito e o objeto — guardam uma correlação essencial. Não se pode falar de um suieito de Direito que não tenha a sua pretensão, sua faculdade, seu direito relativamente a um objeto, como também não tem sentido falar em objeto que não seia relacionado com um sujeito. E ainda: tomamos uma bi-relação. porquanto seria não só um sujeito ativo, mas também com o sujeito passivo. Oestudo do sujeito e do objeto dos direitos ou das relações jurídicas é um estudo co-relacional, é essencialmente ligado e não poderíamos separar, senão por abstração. Formalmente, poderíamos dizer que o objeto dos direitos é o ponto de referência externo da pretensão e da obrigação. A pretensão e a obrigação se reúnem externamente a um respectivo objeto. Mas dizer isso não esclarece todos os aspetos pelos quais se pode orientar uma relação jurídica. A relação jurídica pode apresentar-se de várias formas. AHRENS diz que objeto da relação iundica ou objeto dos direitos é aquilo sobre o qual recai o senhorio da vontade do suieito; é aquilo sobre que se exerce o poder da vontade do sujeito: utiliza-o para a consecução ou realização de um fim. É por isso que COVIELLO acha necessário que distingamos entre o que seja objeto mediato de uma 18 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO II FDR 19 relação jurídico e objeto imediato de uma relação jurídica. Então, mediatamente. o que e um objeto de uma relação jurídica? É o objeto, a finalidade a que a relação jurídica se propõe a alcançar. O objeto imediato seria aquilo sobre que o suieito exerce o seu poder, suas prerrogativas jurídicas. Mediato. seria na realidade, o conteúdo da relação jurídica, o escopo final, a finalidade. Isto seria o objeto mediato ou o conteúdo. Temos que o objeto é um meio através do qual o sujeito ativo exerce o senhorio da vontade. Então o objeto exerce, assim, o papel de um acordo, um compromisso que se dá entre a prestação de um lado e o direito do outro. Mas, é preciso salientar que esse equilíbrio que se dá entre a faculdade do sujeito ativo e a prestação do sujeito passivo se dirige a valores que são relativos a esse objeto. Logo, dizer-se que o objeto é um simples ponto de referência externo entre a obrigação e a prestação, não é dizer tudo sobre o objeto, porque o objeto tem um significado mais amplo. O objeto, já dizia VANNI. é um bem, e a este podemos associar toda a idéia do interesse como também a idéia de um valor que, às vezes, é inquestionável, do ponto de vista meramente patrimonial. O bem implica sempre num juízo de valor. Não é um valor subjetivo, mas é um valor que existe objetivamente, é inerente à própria coisa. Podemos figurar uma relação jurídica. Por exemplo: um acordo de vontade que se dá entre um sujeito ativo e um sujeito passivo a respeito da compra de uma casa. Mas também, as normas jurídicas incidem sobre a relação jurídica, para protegê-la em determinados objetos que não têm um conteúdo meramente patrimonial — por exemplo, meu direito à vida. De um lado, tenho o direito subjetivo à vida e do outro lado se colocam todos aqueles que se obrigam ao respeito à minha vida. Então, o objeto da relação jurídica vai ser o que?30 A vida, que pode chegar a uma avaliação de caráter patrimonial. Exemplo:
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