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DIREITO CIVIL - Introdução

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DIREITO OBJETIVO E SUBJETIVO: aquele é a norma de agir, a conduta social-padrão regulamentada (norma agendi), o complexo de regras impostas a todos por terem sido valoradas juridicamente como relevantes. Este é a faculdade (facultas agendi), é inerente à pessoa, podendo exercitá-lo a qualquer tempo, dependendo só de sua vontade. 
Enquanto a expressão direito objetivo exprime o conjunto de regras normativas que disciplinam um determinado ordenamento, o direito subjetivo, por seu turno, diz respeito ao poder de exigir ou de pretender de alguém um comportamento específico.
Nessa linha de ideias, observa-se que o direito subjetivo encontra-se envolto por algumas características evidentes: 1. Corresponde a uma pretensão conferida ao titular, paralelamente a um dever jurídico imposto a outrem; 2. Adite violação, pois o terceiro pode não se comportar de acordo com a pretensão do titular (gerando o direito à indenização pelo prejuízo causado); 3. É coercível, podendo o sujeito ativo coagir o passivo a cumprir o seu dever; 4. O seu exercício depende fundamentalmente, da vontade do titular.
Obs.: não há, efetivamente, direito subjetivo sem titular. O que pode ocorrer é uma indeterminação temporária do sujeito do direito subjetivo, como no exemplo do título de crédito ao portador ou da instituição de herança em favor da prole eventual, o chamado concepturo (art. 1804 §ú CC). Jamais haverá, entretanto, um direito subjetivo sem titular. 
Convém destacar que os direitos subjetivos podem ser absolutos ou relativos. São absolutos quando traduzem uma pretensão oponível à generalidade das pessoas, à coletividade. É o exemplo dos direitos reais, como o direito de propriedade. De outro lado, serão relativos os direitos subjetivos quando o dever jurídico é imposto a pessoas determinadas ou determináveis, fazendo com que a pretensão nele contida seja dirigida contra uma pessoa (ou grupo de pessoas). Ilustrando, lembre-se o direito ao crédito que é exercido relativamente a uma pessoa certa e determinada ou determinável.
NORMA JURÍDICA: Trata-se de elemento essencial do Direito Objetivo.
Características: 
Bilateralidade: a norma possui dois lados, um representado pelo direito subjetivo e outro pelo dever jurídico, de tal sorte que um não pode existir sem o outro. 
Generalidade: a norma é preceito de ordem geral, obrigatório a todos que se acham em igual situação jurídica. Deduz-se dessa característica o p. da isonomia.
Abstratividade: visando atingir o maior número possível de situações, a norma jurídica é abstrata, regulando os casos dentro do seu denominador comum, ou seja, como ocorrem via de regra.
Imperatividade: o caráter imperativo da norma significa imposição da vontade e não mero aconselhamento.
Classificação: 
Quanto ao sistema a que pertencem – a. nacionais: fazem parte do ordenamento jurídico de um Estado; b. estrangeiras – quando em uma relação jurídica existente em um Estado, for aplicável a norma jurídica própria de outro Estado, ter-se-á configurada a norma jurídica estrangeira; c. uniforme: quando dois ou mais Estados resolvem, mediante Tratado, adotar internamente uma legislação padrão.
Quanto à fonte: a. legislativas: normas jurídicas escritas, corporificadas nas leis, MPs, decretos. b. consuetudinárias: não escritas, elaboradas espontaneamente pela sociedade. Note-se que para que uma prática social se caracterize costumeira, necessita ser reiterada, constante e uniforme, além de achar-se enraizada na consciência popular como regra obrigatória; c. jurisprudenciais.
Quanto aos diversos âmbitos de validez – I. espacial de validez: a. gerais: são as que se aplicam em todo o território nacional (sempre federais); b. locais: destinadas à apenas parte do território do Estado (poderão ser federais, estaduais ou municipais). II. Temporal de validez: a. por prazo determinado; b. por prazo indeterminado. III. Material de validez: a. D. público; b. D. privado. VI. Pessoal de validez: a. genéricas; b. individualizadas: designam ou facultam a um ou a vários membros da mesma classe, individualmente determinados.
Quanto à hierarquia: a. constitucionais; b. complementares; c. ordinárias; d. regulamentares; e. individualizadas – denominação para a grande variedade dos negócios jurídicos: testamentos, sentenças, contratos, etc.
Quanto à sanção: a. perfeita: no ponto de vista da sanção, a norma será perfeita, quando prever a nulidade do ato, na hipótese de sua violação; b. mais do que perfeita: além da nulidade, estipular pena para os casos de violação; c. menos do que perfeita: é a norma que determina apenas a penalidade; d. imperfeita: sob o aspecto da sanção, quando não considera nulo ou anulável o ato que a contraria, nem comina penalidade.
Quanto à qualidade: a. positivas: permissivas; b. negativas: proibitivas.
Quanto às relações de complementação: a. primárias; b. secundárias;
Quanto à vontade das partes: a. taxativas; b. dispositivas.
Quanto à flexibilidade ou arbítrio do juiz: a. cerradas ou rígidas: não deixam margem à discricionariedade do juiz; b. elásticas ou abertas: expressam conceitos vagos, amplos, como boa-fé objetiva, justa causa.
Quanto ao modo de presença no ordenamento: a. normas implícitas; b. normas explícitas.
FONTES DO DIREITO
Fontes materiais ou no sentido sociológico: causas que determinam a formulação da norma jurídica (direito objetivo). Podem ser classificadas em históricas, orgânicas, filosóficas, sociológicas, etc.
Fontes formais: indicam os meios através dos quais o direito objetivo se manifesta.
Fontes não formais: doutrina e jurisprudência.
Fonte imediata: lei
Fontes meditas: analogia, costumes, princípios gerais do direito.
VIGÊNCIA DA LEI PENAL NO TEMPO
Início da vigência: a CF dispõe no §ú do art. 59 que “Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidações das leis”. Tal lei é a LC 95/98, que estabelece que “A vigência da lei será indicada de forma expressa e de modo a contemplar prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, reservada a cláusula ‘entra em vigor na data de sua publicação’ para as leis de pequena repercussão” (art. 8º). Normalmente há um período compreendido entre a publicação da lei e o começo de sua vigência, conhecido com vacatio legis, ou seja, período de vacância da lei, destinado à sua adaptação, por parte dos cidadãos, para que seja melhor compreendida e aplicada, como, aliás, exigido pela LC 95/98. Já o art. 1º da LINDB estabelece que, “Salvo disposição em contrária, a lei começa a vigorar em todo o País 45 dias depois de oficialmente publicada”, ou seja, este dispositivo atua supletivamente, caso a lei seja publicada sem que exista menção ao momento em que deva entrar em vigor, o prazo será de 45 dias.
Importante ressaltar que a LINDB adotou o princípio da Vigência Sincrônica, ao prever prazo único para que a lei entre em vigor em todo o território nacional. 
A lei pode determinar que não haverá vacância ou que o período seja maior que 45 dias.
Esgotado completamente o prazo previsto na lei para sua entrada em vigor, esta passará a viger no dia imediatamente seguinte, pouco importando que este dia caia em um feriado, ou um dia não-útil. A lei deverá ser observada todos os dias, úteis ou não, pouco importando o dia em que entre em vigor (Art. 8º§1ºLC 95/98 – computa-se o dia da publicação e o último dia do prazo) .
Havendo extraterritorialidade da lei brasileira, isto é, quando sua aplicação for admitida nos Estados estrangeiros, o período de vacância é de 03 meses.
Não se aplica o §2º do art. 1º da LINDB por não ter sido recepcionado. Permanece apenas a regra de que os Estados fixarão o prazo de vacância de suas próprias leis, não necessitando mais de aprovação do governo federal para a edição dessas normas, desde que dentro de sua competência legislativa.
Casos em que lei é republicada em razão de erro de grafia ou até mesmo de conteúdo, o prazo de vacância será contado da nova publicação.
O §4º do art. 1º da LINDB dispõe que “as correções a texto de lei já em vigor consideram-selei nova”, o que significa que o novo texto produz efeitos somente a partir de sua própria publicação, não retroagindo à data da primitiva edição.
- Lei parcialmente vetada: quando a lei é parcialmente vetada, a parte não vetada é encaminhada para publicação. Quanto à parte vetada é necessária a deliberação do órgão legislativo para, em caso de derrubada do veto do executivo, induzir a sua vigência. No entanto, o restante da lei, quanto à parte não vetada, em tese, já foi publicado e se encontra em vigor; sendo assim, a parte vetada, cujo veto foi rejeitado pelo legislativo, entrará em vigor a partir de que momento? O STF decidiu que “quando há veto parcial, e a parte vetada vem a ser, por causa da rejeição dele, promulgada e publicada, ela se integra na lei que decorreu do projeto. Em virtude dessa integração, a entrada em vigor da parte vetada segue o mesmo critério estabelecido para vigência da lei a que ela foi integrada, considerado, porém, o dia de publicação da parte vetada que passou a integrar a lei, e, não, o desta.”
- Fim da vigência da lei: a lei pode ser destinada à vigência temporária ou por tempo indeterminado. A vigência da lei por tempo indeterminado perdurará até que outra lei a modifique ou revogue, o que decorre do principio da continuidade.
A vigência se vincula a existência da lei como norma componente do ordenamento jurídico. Já a eficácia se prende à sua execução.
Obs.: se uma lei de vigência temporária determina a revogação de uma lei de vigência indeterminada, mas somente enquanto perdurar a vigência da primeira, as duas – lei revogada e lei revogadora – serão vigentes ao mesmo tempo, mas somente a segunda – a revogadora – será eficaz, pelo menos até o fim de sua vigência. 
- Revogação da lei: é a perda de sua vigência. Pode ser dar:
a. Revogação expressa ou direta: quando lei posterior expressamente declara.
b. Revogação tácita ou oblíqua: 1. Por incompatibilidade – quando a lei posterior for incompatível com a anterior: embora a nova lei não o declare expressamente, ela revoga a lei anterior quando seus conteúdos forem incompatíveis. 2. Por substituição – quando a lei posterior regular inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior: se ocorre da nova lei tratar inteiramente da matéria que constituía o objeto da anterior, esta também sofre o efeito da revogação tácita ou implícita por substituição.
c. Ab-rogação e derrogação: a primeira é quando acontece a revogação total, e a segunda quando revogação parcial.
- Principio da especialidade: aplicável aos casos que existam, sobre alguns temas, leis gerais e especiais. Por ele, alei geral será aplicada sempre que a hipótese não se amolde à espécie prevista para a lei especial. Se o caso se encaixar na previsão da lei especial, aí sim, na hipótese em concreto, tem-se a lei geral como especialmente derrogada, donde ressai a velha parêmia latina lex specialis derogat lex generalis.
Além disso, caso surja uma lei nova, com disposições gerais ou especiais sobre a mesma matéria tratada pela lei anterior, não se tomará esta por revogada, a não ser que a legislação mais recente o determine expressamente.
Continuam ambas em vigor no mundo jurídico, mas uma delas (a especial) derroga a aplicação da outra (geral) no caso concreto.
- A intertemporalidade do direito e as antinomias jurídicas: 1. Antinomia de primeiro grau – quando temos conflitos envolvendo critérios de hierarquia e cronologia ou especialidade não há maiores problemas. Por exemplo: conflito entre hierarquia e cronologia – Constituição mais antiga x lei mais nova = prevalecerá a Constituição; Constituição gral x lei especial = prevalecerá a Constituição.
Caso ocorra uma situação de impasse entre os critérios de anterioridade e de especialidade, como por exemplo se tivermos uma lei anterior e especial em confronto com uma lei geral e posterior, estar-se-ia diante de uma chamada antinomia de segundo grau, que, para a quase absoluta totalidade da doutrina, se resolve através de critérios chamados de metajurídicos, o que levaria á prevalência do critério da especialidade, pois exatamente o critério especializante, sendo adequado ao caso concreto, levaria, a priori, a uma decisão mais justa.
- Repristinação: fenômeno pelo qual o fim da vigência de uma lei revogadora restaura o vigor da lei revogada. É admitida no ordenamento pátrio, mas não ocorre de forma automática. Não basta que a lei revogadora simplesmente perca sua vigência, mas que haja um outro dispositivo que de forma explícita determine a repristinação. Além disso, pode se dar quando a lei revogadora for declarada inconstitucional.
PROIBIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DA LEI: ninguém pode deixar de cumprir a lei, conhecendo-a ou não. Não há que se falar e ficção legal uma vez que a li é de fato imperativa, por força de sua legitimação estatal. Não se trata de obra meramente encampada na intelectualidade das pessoas; é de fato, imposição jurídica.
Tampouco pode-se falar em presunção absoluta de conhecimento de todas as normas pelo cidadão, diante da imensa quantidade de atos normativos em vigência, isto se torna impossível. 
REGRAS DE INTEGRALIZAÇÃO DO DIREITO: havendo lacuna na lei, o juiz decidirá de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Lacuna normativa – ausência de norma que solucione determinada situação; lacuna ontológica – ausência da eficácia social do texto da norma; lacuna axiológica – quando o texto legal próprio á solução contrarie os princípios que regem a própria justiça; antinomias – conflito de conteúdo.
- Analogia: aplicar a um fato disposições legais previstas para situações semelhantes.
- Costume: somente servirá para a solução de uma pendência quando não houver, a resposta da situação, uma fonte formal imediata, da qual o operador sempre se socorrerá em primeiro lugar. Se divide em: a. De acordo com a lei – aquele que já foi acolhido pelo órgão legiferante e transformado em lei; b. Fora da lei – costume arraigado nos usos de uma comunidade, mas que não tem previsão legal, no entanto, não se confronta com ela; c. Contra a lei – se configura por uma prática contrária à lei e que, portanto, não pode ser admitido pelo julgador para solucionar caso em que necessita do amparo das regras de integração.
- Princípios gerais do direito: enunciações genéricas, admitidas de forma universal, que deve servir, em primeiro plano, para orientar na produção da norma positiva. Devem ser eles tomados como norma de decidir, no caso concreto, à falta de norma expressa que solucione a questão.
- Equidade (implícita): consiste em decidir o caso concreto de acordo com a regra que distribua de forma mais igualitária a justiça. 
MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO
Gramatical – o intérprete se socorre simplesmente aos elementos verbais da norma.
Lógico – recorre ao raciocínio, à análise, à comparação, a todos os meios que fornecem à ciência jurídica a exata compreensão do direito na mecânica social.
Histórico – busca o contexto político-jurídico no qual a norma foi elaborada.
Autêntico – tem por escopo obter do próprio elaborador da norma a sua exegese sobre ela.
Sistemático – busca a significação da norma dentro do sistema em que está inserta, a fim de harmonizá-la com as demais regras contidas no mesmo todo.
Teleológico – art. 5º LINDB. Por esta forma, a aplicação da lei seguirá a marcha dos fenômenos sociais, receberá, continuamente, vida e inspiração do meio ambiente, e, poderá produzir a maior soma possível de energia jurídica. Ex. desconsideração inversa da personalidade jurídica.
APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO: a lei em vigor terá efeito imediato e geral.
Princípio da irretroatividade das leis – se fundamenta na proteção das situações jurídicas consolidadas à luz do direito anterior. Existem duas teorias a esse respeito: a. teoria subjetiva: a lei nova não pode ofender o direito adquirido; b. teoria objetiva: a irretroatividade não é um fenômeno individual, mas sim de caráter público e objeto para o qual se devem fixar determinadas regras de aplicação. 
- Níveis deretração quanto à lei nova:
a. irretroatividade – a lei nova não alcança o ato jurídico já praticado em nenhum de seus efeitos, prevalecendo todas as normas estatuídas para a relação jurídica quanto à lei em vigor no momento em que realizado o ato.
b. retroatividade mínima – a lei nova alcança efeitos ainda não consumados do ato. No entanto, as prestações ainda pendentes e não vencidas podem ser alcançadas pela lei nova, pois, embora emanadas de um ato jurídico perfeito e celebrado antes da sua entrada em vigor, ainda não se exauriram e podem ser tidas como atos jurídicos autônomos, sem qualquer ofensa à segurança jurídica, desde que se trate de lei de alcance social.
c. retroatividade média – a lei nova pode alcançar prestações sucessivas e mesmo já vencidas, desde que ainda não adimplidas. 
d. retroatividade máxima – aplicação da lei nova a todos os efeitos do ato praticado anteriormente a ela, não só quanto a prestação pendentes, mas até mesmo quanto à própria validade e eficácia do ato. Segundo entendimento majoritário, ainda que de ordem pública, a não ser que decorra de disposição expressa da referida lei e desde que não ofenda o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e coisa julgada. 
ATO JURÍDICO PERFEITO – ato já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. O ato jurídico se torna perfeito quando já reuniu todos os seus elementos de existência (agente, vontade, objeto e forma), em ordem a poder produzir os efeitos jurídicos que dele se intencionam (criar, modificar, transmitir, garantir ou extinguir direitos).
Distingue-se do ato jurídico exaurido, porque o perfeito há apenas a criação de obrigações entre as partes, mas não seu cumprimento total. Se a obrigação contraída através do ato já fora cumprida, diz-se que o negócio já foi exaurido, ou seja, além de perfeito, não cabe mais qualquer intervenção da nova lei sobre seus efeitos (ainda que se trate de lei de ordem pública), porque já se encontra satisfeito e extinto seu objeto.
DIREITO ADQUIRIDO – haverá quando já praticados todos os atos ou realizados todos os fatos exigidos pela lei para a formação da relação jurídica. O STF não admite a invocação do direito adquirido contra a norma constitucional, resulte ele do poder constituinte originário ou derivado.
Nem todo direito adquirido surge ou depende de uma relação jurídica. Ou seja, uma pessoa pode aferir de determinadas situações, certos direitos adquiridos independentemente da formação de qualquer relação jurídica, como por ex. apropriar-se de coisa sem dono. São os chamados direitos potestativos, pois dependem, para sua aquisição e principalmente para o seu exercício, apenas da atuação do próprio titular.
COISA JULGADA – decisão judicial de que já não caiba recurso. Em resumo, uma ação judicial tem três elementos: partes, pedidos e causa de pedir. Para se contrapor o fenômeno da coisa julgada a uma lei nova que a contrarie, e necessário que a legislação posterior venha a disciplinar exatamente a mesma situação verificada entre os elementos constantes da relação processual que existiu quando da prolação da sentença transitada em julgado. Não se admite a proposição de ação rescisória com fundamento em lei nova surgida após o trânsito em julgado da decisão. 
- Relativização da coisa julgada: a CF eleva a coisa julgada como direito fundamental. Tem se aplicado o fenômeno da relativização da coisa julgada quando a imposição desse axioma significar hipótese de evidente injustiça no caso concreto (que coloque em conflito o valor constitucional da própria coisa julgada com outro direito fundamental) ou quando se basear em norma declarada inconstitucional. 
APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO: as questões relativas à vigência da lei no espaço se referem à necessidade de afirmação da soberania do país para a regulação de determinadas situações. O Brasil adotou o principio da territorialidade temperada ou mitigada.
- quanto às pessoas: a lei do país em que for domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.
- quanto aos bens: compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil. Às coisas moveis, a lei põe a salvo a aplicação da legislação do país em que for domiciliado o proprietário, desde que tenham sido trazidos por ele ou se destinem ao transporte para outros lugares.
- quanto aos fatos jurídicos: rege uma obrigação a lei do país em que foi celebrado o acordo de vontades. Quando acontecer da obrigação ser constituída no estrangeiro mas tiver de ser executada no Brasil, sob forma essencial, a forma será observada de acordo com a lei brasileira, pois a lei estrangeira somente será aplicada quanto aos requisitos extrínsecos do ato, ou seja, a lei nacional deve ser observada quanto às formalidades essenciais do negócio, como, por exemplo, a exigência de escritura pública para a transmissão de propriedade imóvel.
Conforme os artigos 12 da LINDB e 21, II do CPC, se a obrigação tiver de ser cumprida no Brasil, tem competência para eventual processo a autoridade brasileira, todavia, a competência será concorrente.
Pode ocorrer ainda que em um determinado contrato as partes tenham domicílios ou residências nacionais diferentes, hipótese na qual a obrigação resultante do negócio se reputa constituída no lugar em que residir aquele que fez a proposta (regra para conflito internacional).
- quanto às sucessões: deverá ser observada a lei do país em que era domiciliado o extinto ou desaparecido, para inventário e partilha de seus bens, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.

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