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IMUNOLOGIA 01 Introdução (2012)

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Arlindo Ugulino Netto –IMUNOLOGIA I – MEDICINA P3 – 2008.2
1
FAMENE
NETTO, Arlindo Ugulino.
IMUNOLOGIA
INTRODUÇÃO AO SISTEMA IMUNOLÓGICO
(Professora Karina Carla)
O sistema imunológico (do latim: imuunis = 
insento de pagamento de impostos; logos = estudo, 
conhecimento), tamb€m conhecido como sistema
imunitário, compreende todos os mecanismos pelos 
quais um organismo multicelular se defende de 
invasores internos, como bact€rias, vrus ou parasitas.
Por tanto, a imunologia € a ci‚ncia que estuda o 
sistema imunitƒrio: suas c€lulas e „rg…os, sua fisiologia e 
patologia e suas rea†‡es com os demais sistemas 
orgˆnicos.
Existem dois tipos de mecanismos de defesa: os inatos ou n…o especficos (imunidade inata), como a prote†…o 
da pele, a acidez gƒstrica, as c€lulas fagocitƒrias ou a secre†…o de lƒgrimas; e o sistema imunitƒrio adaptativo
(imunidade adquirida), como a a†…o direcionada dos linf„citos e a sua produ†…o de anticorpos especficos.
 Imunidade Inata: primeira linha de defesa do nosso organismo, com a qual, jƒ nascemos. Como exemplo de um 
dos integrantes desse sistema t‚m-se os macrófagos e neutrófilos, c€lulas fagocitƒrias com receptores de 
baixa especificidade (MHC – Complexo Principal de Histocompatibilidade – € um complexo prot€ico da c€lula 
fagocitƒria responsƒvel por apresentar o antgeno ao linf„cito).
 Imunidade Adquirida: sistema imunitƒrio que se potencializa a partir da exposi†…o Š antgenos, sendo ela mais 
especfica. Como exemplo de integrantes, t‚m-se os linfócitos com receptores CD (Classes de Diferencia†‡es) 
muito mais especficos e seletivos. Esses receptores tamb€m determinam o grau de maturidade da c€lula.
OBS1: Antígeno € toda partcula ou mol€cula capaz de iniciar uma resposta imune, a qual come†a pelo reconhecimento 
pelos linf„citos e cumula com a produ†…o de um anticorpo especfico. Anticorpo (imunoglobulinas) s…o glicoprotenas
sintetizadas e excretadas por c€lulas plasmƒticas derivadas dos linf„citos B, os plasm„citos, presentes no plasma, 
tecidos e secre†‡es que atacam protenas estranhas ao corpo (antgenos), realizando assim a defesa do organismo (
imunidade humoral). Depois que o sistema imunol„gico entra em contato com um antgeno (proveniente de bact€rias, 
fungos, etc.), s…o produzidos anticorpos especficos contra ele.
OBS²: Epítopo (determinante antigenico) s…o sequ‚ncias de aminoƒcidos presentes na estrutura prot€ica do antgeno 
que € reconhecida por receptores especficos nos anticorpos.
HISTRICO
 S€culo XV: Chineses e turcos tentam induzir imunidade atrav€s da variola†…o.
 1546: Girolamo Fracastoro, Univ. Pƒdua, diz "O contƒgio € uma infec†…o que passa de um para outro...a 
infec†…o se origina de partculas muito pequenas - imperceptveis"
 1798: Sir Edward Jenner, vacina†…o, o pai da imunologia, observou que os fazendeiros que contraram varola 
bovina ficavam protegidas da varola humana. Inoculou ent…o um menino de 8 anos com a varola bovina e 
obteve resultados satisfat„rios. A t€cnica foi denominada de “vacina†…o” (de vaca).
 1879-1881: Louis Pasteur, vacinas atenuadas. Estava estudando a bact€ria que causa a c„lera, cultivando-a e 
injetando em galinhas. Ao voltar de f€rias, ele usou uma cultura velha para injetar e, surpreendentemente, as 
galinhas adoeceram mas melhoraram. Pasteur concluiu: cultura velha, e fez uma cultura fresca. Desta vez, como 
ele tinha poucas galinhas, resolveu usar algumas do experimento anterior. Resultado: as galinhas do 
experimento anterior sobreviveram e as n…o inoculadas previamente morreram. Pasteur reconheceu que o 
envelhecimento da cultura tinha enfraquecido a bact€ria, a ponto de tornƒ-la n…o letal, e aplicou este 
conhecimento para proteger outras doen†as. Ele chamou a linhagem atenuada de VACINA, de vaca. Pasteur 
ent…o produz vacinas para cólera, anthrax, e raiva.
 Elie Metchnikoff, teoria dos fag„citos. Observou a fagocitose de esporos de fungos por leuc„citos e antecipou a 
id€ia de que a imunidade era devido Šs c€lulas brancas do sangue. Partiu da a defini†…o de imunidade celular.
 1890: Emil von Behring e Kitasato, antitoxina da difteria. Demonstram que o soro de animais imunes Š difteria 
pode transferir a prote†…o. Esse componente, antitoxina, era capaz de neutralizar, precipitar toxinas, aglutinar e 
lisar bact€rias. Partiu da a defini†…o de imunidade humoral.
 1974: Peter Doherty e Rolf Zinkernagel, descoberta da especificidade das respostas imunes mediadas por 
c€lulas T (restri†…o das c€lulas T).
 1989: Tim Mosmann e Robert Kopfman, descoberta dos subtipos de c€lulas Th1/Th2, atrav€s do perfil de 
citocinas que produzem.
Arlindo Ugulino Netto –IMUNOLOGIA I – MEDICINA P3 – 2008.2
2
SISTEMA IMUNE E HOMEOSTASIA
Os sistemas imune, nervoso e end„crino s…o considerados os tr‚s principais sistemas de contato entre o 
indivduo e seu meio ambiente.
 Sistema Nervoso  origem embrionƒria: ectoderma; c€lulas: neurnios; substˆncias: neurotransmissores.
 Sistema End„crino  origem embrionƒria: endoderma; substˆncias: hormnios
 Sistema Imunol„gico  origem embrionƒria: mesoderma; c€lulas: leuc„citos; substˆncias: citocinas.
As c€lulas do sistema imune, diferentemente das c€lulas desses outros dois sistemas, exercem suas fun†‡es 
circulando pelas mucosas e tecidos internos e identificando a entrada de mol€culas pr„prias. Essas c€lulas utilizam 
como principais vias de entrada as mucosas e tecidos os vasos sanguneos e linfƒticos, que seriam como estradas de 
acesso aos tecidos.
As respostas imunes adquiridas podem ser divididas em tr‚s fases: o reconhecimento do antgeno, a ativa†…o 
dos linf„citos e a fase efetora. Todas as respostas imunes s…o iniciadas pelo reconhecimento do antgeno especfico. 
Isso induz a ativa†…o do linf„cito que reconhece o antgeno e culmina na instala†…o de mecanismo efetores que 
medeiam a fun†…o fisiol„gica da resposta, ou seja, a elimina†…o do antgeno. Depois de eliminado o antgeno, a rea†…o 
imune € atenuada e a homeostase € restaurada.
 Reconhecimento dos Antígenos: todo indivduo possui numerosos linf„citos derivados clonalmente. Cada 
clone origina-se de um precursor Žnico e € capaz de reconhecer e responder a um determinante antig‚nico 
distinto e, quanto o antgeno entra, seleciona um clone especfico pr€-existente, ativando-o. Em um primeiro 
momento, a linha primordial de defesa imune – imunidade inata – entra em cena por meio de c€lulas 
apresentadoras de antgenos (macr„fagos), que fagocitam e “digerem” o antgeno patog‚nico, degradando-o em
nvel de peptdeo (eptopo). Esse mesmo macr„fago apresenta o eptopo aos linf„citos por meio do seu MHC.
 Ativação dos Linfócitos: a ativa†…o dos linf„citos requer dois sinais distintos: o primeiro € o antgeno e o 
segundo, os produtos microbianos ou os componentes das respostas imunes inatas aos microorganismos. A 
exig‚ncia do antgeno (sinal 1) assegura que a resposta imune a seguir seja especfica. A exig‚ncia de um 
estmulo adicional, desencadeado pelos microorganismos ou por rea†‡es imunes inatas (sinal 2), assegura que 
as respostas imunes sejam induzidas quando necessƒrias (isto €, contra microorganismos e outras substˆncias 
nocivas), e n…o contra substˆncias in„cuas, incluindo os antgenos pr„prios. As respostas dos linf„citos aos 
antgenos e aos segundos sinais constituem da sntese de novas protenas, prolifera†…o celular e diferencia†…o 
em c€lulas efetoras e de mem„ria.
Arlindo Ugulino Netto –IMUNOLOGIA I – MEDICINA P3 – 2008.2
3
o Sntese de Novas protenas: os linf„citos come†am a transcrever os genes que anteriormente estavam 
silenciosos e a sintetizar uma variedade de novas protenas (citocinas secretadas que estimulam o 
crescimento e a diferencia†…o dos pr„prios linf„citos e de outras c€lulas efetoras; receptores de citocinas; e 
outras protenas envolvidas na transcri†…o dos genese na divis…o das c€lulas).
o Prolifera†…o celular: em resposta ao antgeno e aos fatores de crescimento formados pelos linf„citos 
estimulados pelos antgenos e por outras c€lulas, os linf„citos antgeno-especfico sofrem divis…o mit„tica. 
Isso resulta em prolifera†…o e aumento de tamanho do clone antgeno-especfico, a chamada expans…o 
clonal.
o Diferencia†…o em c€lulas efetoras: parte da prog‚nie de linf„citos estimulados por antgenos diferenciam-se 
em c€lulas efetoras, cuja fun†…o € a de eliminar o antgeno. As c€lulas T auxiliares diferenciadas secretam 
citocinas que ativam outras c€lulas.
o Homeostase – declnio das respostas imunes: ao final de uma resposta imune, o sistema imune retorna ao 
seu estado basal, em grande parte porque a maioria da prog‚nie de linf„citos estimulados por antgenos 
morre por apoptose (morte celular limpa, fisiol„gica e regulada). Uma grande fra†…o dos linf„citos estimulados 
por antgenos sofrem apoptose, provavelmente porque a sobreviv‚ncia desses linf„citos € dependente do 
antgeno, e dos fatores de crescimento induzidos pelo antgeno e, como a resposta imune elimina o antgeno 
que a iniciou, o linf„cito fica privado do estimulo essencial para a sobreviv‚ncia.
o Diferencia†…o em c€lulas de mem„ria: parte da prog‚nie dos linf„citos B e T estimulados por antgenos n…o se 
diferenciam em c€lulas efetoras. Em vez disso, tornam-se linf€citos de mem€ria funcionalmente 
quiescentes, que s…o capazes de viver por longos perodos, aparentemente na aus‚ncia de antgenos. 
 Fase Efetora das Respostas Imunes – elimina‚ƒo de ant„genos: Durante a fase efetora das respostas 
imunes, os linf„citos que foram ativados especificamente por antgenos executam as fun†‡es efetoras que 
induzem a elimina†…o dos antgenos. Os anticorpos e os linf„citos T eliminam, respectivamente, os 
microorganismos extracelulares e os intracelulares. Essas fun†‡es dos anticorpos e das c€lulas T exigem, 
muitas vezes, a participa†…o de outras c€lulas n…o-efetoras e de mecanismos de defesa que tamb€m operam na 
imunidade inata. Assim, os mesmos mecanismos inatos que proporcionam as linhas de defesa iniciais contra 
agentes infecciosos podem ser usados pela resposta adquirida subseqente para eliminar microorganismo. De 
fato, como mencionado anteriormente, uma fun†…o geral importante das respostas imunes adquiridas € a de 
facilitar os mecanismos efetores da imunidade inata e de focalizar esses mecanismos efetores sobre os tecidos 
e c€lulas que contenham antgenos estranhos. A fase efetora, por tanto, necessita da participa†…o de vƒrios 
mecanismos de defesa, incluindo o sistema do complemento e os fag„citos, que tamb€m atuam na imunidade 
inata. As respostas adquiridas facilitam os mecanismos de defesa da imunidade inata.
MECANISMOS INATOS (N‚O-ESPECƒFICOS)
O sistema inato € composto por todos os mecanismos que defendem o organismo de forma n…o especfica, 
contra um invasor, respondendo da mesma forma, qualquer que ele seja. Constituem as estrat€gias de defesa mais 
antigas, sendo algumas destas formas encontradas nos seres multicelulares mais primitivos, nas plantas e fungos.
BARREIRAS F…SICAS
 A pele € a principal barreira fsica. A sua superfcie lipoflica € constituda de c€lulas mortas ricas em queratina, 
uma protena fibrilar, que impede a entrada de microorganismos. As secre†‡es ligeiramente ƒcidas e lpidicas 
das glˆndulas sebƒcea e sudorpara criam um microambiente cutˆneo hostil ao crescimento excessivo de 
bact€rias. 
 O †cido g†strico € uma poderosa defesa contra a invas…o por bact€rias do intestino. Poucas esp€cies s…o 
capazes de resistir ao baixo pH e enzimas destruidoras que existem no estmago. 
 A saliva e as l†grimas cont‚m enzimas bactericidas, como a lisozima, que destroem a parede celular das 
bact€rias. 
 No intestino, as numerosas bact‡rias da flora normal competem com potenciais patog€nios por comida e locais 
de fixa†…o, diminuindo a probabilidade de estes Žltimos se multiplicarem em nŽmero suficiente para causar uma 
doen†a.  por isso que o consumo de demasiados antibi„ticos orais pode levar Š deple†…o da flora benigna 
normal do intestino. Com cessa†…o do tratamento, esp€cies perigosas podem multiplicar-se sem competi†…o, 
causando, posteriomente, diversas doen†as. 
 O muco € outra defesa, revestindo as mucosas. Ele sequestra e inibe a mobilidade dos corpos invasores, sendo 
a sua composi†…o hostil para muitos microorganismos. Al€m disso, cont€m anticorpos do tipo IgA.
FAGˆCITOS
Os fag„citos s…o as c€lulas, como neutr„filos e macr„fagos, que t‚m a capacidade de estender por†‡es 
celulares (pseud„podes) de forma direcionada, englobando uma partcula ou microorganismo estranho. Este 
microrganismo € contido num vacŽolo, o fagossoma, que depois € fundido com lisossomas, vacŽolos ricos em enzimas e 
ƒcidos, que digerem a particula ou organismo. 
Arlindo Ugulino Netto –IMUNOLOGIA I – MEDICINA P3 – 2008.2
4
Os fagócitos reagem a citocinas produzidas pelos linfócitos, mas também fagocitam, ainda 
que menos eficazmente, de forma autónoma sem qualquer estimulação. Naturalmente esta forma de 
defesa é importante contra infecções bactérianas, já que virus são demasiado pequenos e a maioria 
dos parasitas demasiado grandes para serem fagocitados. A fagocitose também é importante na 
limpeza dos detritos celulares após infecção ou outro processo que leve a morte celular nos tecidos. 
No entanto os fagocitos morrem após algumas fagocitoses, e se o numero de invasores e de detritos 
for grande, poderão ambos, fagocitos e bactérias, ficarem presos num liquido pastoso e rico em 
proteínas estruturais, que se denomina pús.
Além disso, estas células produzem radicais livres, formas altamente reativas de oxigênio, 
que danificam as bactérias e outros invasores, além dos tecidos a sua volta.
 Neutrófilos: são granulócitos, fagocíticos móveis, o mais abundante e é sempre o primeiro a 
chegar ao local da invasão e sua morte no local da infecção forma o pus. Eles ingerem, 
matam e digerem patógenos microbianos. São derivados dos mastócitos e basófilos. 
 Macrófago: célula gigante, sendo forma madura do monócito, tem capacidade de fagocitar e 
destruir microorganismos intracelulares. A sua diferenciação é estimulada por citocinas. É 
mais eficaz na destruição dos microorganismos, tem vida longa ao contrário do neutrófilo.
São móveis e altamene aderentes quando em atividade fagocítica. Macrófagos 
especializados incluem: células de Kupffer (figado), células de Langerhans (pele) e micróglias
(Sistema Nervoso Central).
 Basófilo e Mastócito: são granulócitos polimorfonucleados que produzem citocinas em defesa 
contra parasitas, também são responsáveis pela inflamação alégica mediadas por IgE. 
 Eosinófilo: São granulócitos polimorfonucleados que participam na defesa contra parasitas 
também participando de reações de hipersensibilidade via mecanismo de citotoxidade. 
Envolvido em manifestações de alergia e asma, via espeficidade por antígeno IgE. 
SISTEMA COMPLEMENTO
O sistema complemento é um grupo de proteínas produzidas pelo fígado, presentes no sangue. Elas 
reconhecem e ligam-se a algumas moléculas presentes em bactérias (via alternativa), ou são ativados por anticorpos
ligados a bactérias (via clássica). Então se inserem na membrana celular do invasor e criam um poro (chamdo de MAC, 
ou Complexo de Ataque a Membrana), pelo qual entra água excessiva, levando à lise (rebentamento osmótico da 
célula).
Outras proteínas não específicas incluem a proteína c-reactiva, que também é produzida no fígado e se liga a 
algumas moléculas comuns nas bactérias mas inexistentes nos humanos, ativando o complemento e a fagocitose.
RESPOSTA INFLAMATÓRIA
A resposta inflamatória é fundamentalmente uma reação inespecífica, apesar de ser na prática controlada pelos 
mecanismos específicos (pelos linfócitos). Caracteriza-se por cinco sintomas e sinais,definidos na antiguidade greco-
romana: calor, rubor, tumor (edema), dor e em último caso (crôcicos) perda da função.
A inflamação é desencadeada por fatores libertados pelas células danificadas, mesmo se por danos mecânicos. 
Esses mediadores (bradicinina, histamina) sensibilizam os receptores da dor, e produzem vasodilatação local (rubor e 
tumor), mas também atraem os fagócitos, principalmente neutrófilos (quimiotaxia). Os neutrofilos que chegam primeiro 
fagocitam invasores presentes e produzem mais mediadores que chamam linfócitos e mais fagócitos. Entre as citocinas 
produzidas, as principais sao InterLeucina 1 (IL-1) e TNF (Fator de necrose Tumoral).
MECANISMOS ADAPTATIVOS OU ADQUIRIDOS (ESPECƒFICOS)
Todo o sistema específico se concentra na capacidade das células imunitárias distinguirem proteínas produzidas 
pelas células do próprio corpo (antigénio "self" - ou seja do próprio organismo), e proteínas produzidas por invasores ou 
pelas células humanas sob o controle de vírus (antigénio "non-self" - ou seja, que não é reconhecido como sendo do 
próprio organismo). Esta distinção é feita através de receptores, os TCR (T-cell receptors) ou BCR (B cell receptors que 
são anticorpos presos à membrana). Estes receptores, TCR ou BCR, para serem eficazes têm de ser produzidos com 
milhões de conformações. De outro modo não se ligariam a muitos tipos de proteínas de invasores, e não os 
reconheceriam.
Muitos dos TCR e BCR assim gerados vão reagir com péptidos próprios. Uma das funções do Timo e Medula 
óssea é manter os jovens linfócitos sequestrados até que seja possivel determinar quais reagem com moléculas do 
próprio organismo. Essa função é feita por células especializadas desses orgãos que apresentam aos linfócitos jovens 
moléculas produzidas por elas (e, portanto, próprias). Todos os linfócitos que reagem a elas são destruidos, e apenas 
aqueles indiferentes a própria (mais possivelmente reativos a não-próprios) são largados na corrente sanguinea.
Os linfocitos que não reagem a própria são milhões, cada um com milhões de configurações possiveis de 
receptores e haverá inclusive vários, cada um com receptor para zonas diferentes de cada proteína microbiana possivel. 
A esmagadora maioria dos linfócitos nunca encontra uma proteina para a qual o seu receptor seja específico. Aqueles 
poucos que a encontram, são estimulados e multiplicam-se. São geradas células efetoras com o receptor específico 
Arlindo Ugulino Netto –IMUNOLOGIA I – MEDICINA P3 – 2008.2
5
(produtoras de anticorpos ou citotóxicas, ou ainda coordenadoras) e células memória. As células de memória são 
quiescentes, têm vida longa e são capazes de reconhecer esse antígeno mesmo muito depois, multiplicando-se em 
maior numero e respondendo mais rapidamente a infecções futuras.
LINFÓCITOS B E PRODUÇÃO DE ANTICORPOS
Os linfócitos B possuem um BCR (IgD e IgM), que é em tudo semelhante ao anticorpo, mas está preso na 
membrana. Os linfócitos B concentram-se nos ganglios linfáticos, onde filtram a linfa, à espera de uma molécula que seja 
não-self e reaja especificamente com o seu receptor aleatório. Para cada molécula possivel há vários linfócitos 
específicos. Logo assim que haja uma ligação específica antigênio-receptor e se o linfócito for estimulado 
simultaneamente por citocinas produzidas pelos linfócitos T CD4+ (reguladores,ou Helper), eles multiplicam-se e 
diferenciam-se em plasmócitos e em células-memória. Estas, se a infecção se repetir muitos anos depois, podem iniciar 
a reposta mais rapidamente. Os plasmócitos produzem então grandes quantidades BCR solúvel e não preso à 
membrana, ou seja, anticorpos específicos para aquela molécula.
Os anticorpos são assim proteinas receptoras livres no sangue, que são especificas e se ligam à molecula não-
self e possivelmente invasora. Os anticorpos podem assim ligar-se a antígenos na superfície de bactérias, virus ou 
parasitas. Eles os eliminam de várias formas. Podem neutralizar o invasor diretamente (cobrindo a superficie de um virus 
e impedindo-o de se ligar aos seus receptores nas células por exemplo); atrair fagócitos (que reconhecem e são 
estimulados por eles); ativar o sistema complemento de forma a lisa-los; ou ainda estimular as células citotóxicas 
(assassinas) para destruirem as células identificadas pelo anticorpo.
Há vários tipos de anticorpos: IgM é sempre o primeiro tipo a ser produzido; IgG é o principal grupo de anticorpos 
sangüíneos e há vários subtipos, aparece mais tarde que IgMs, e têm maior afinidade após hipermutação; os IgAs são 
anticorpos secretados para as mucosas, como intestino, genitais e bronquios; as IgE têm funções de luta contra 
parasitoses; os IgD estimula o sistema imunitário.
LINFÓCITO T E CITOTOXICIDADE
Os Linfócitos T CD8+ são os linfócitos citotóxicos ou também chamado de Killers. Eles têm cada um, um tipo de 
receptor especifico nas suas membranas, gerado aleatóriamente numa fase de recombinação genética do seu 
desenvolvimento, denominado de TCR (T-cell receptor, semelhante aos anticorpos da célula B, mas de localização 
membranar). Esses receptores ligam-se a outros que todas as células humanas possuem (complexo MHC I), e que 
apresentam peptídios (fragmentos de proteínas) que elas estejam a produzir à superficie da célula. No caso que os 
complexos MHC I (Complexo de Histocompatibilidade) - péptido seja reconhecidos por uma célula T CD8+, esta última 
desencadeará a morte da célula que apresenta o péptido atravéz de enzimas citoliticas chamadas de perfurinas e 
granzimas que induzem a apoptose da célula alvo por desequilíbrio osmótico.
Todos os linfócitos T CD8+ que têm receptores que reagem a substâncias do próprio corpo morrem durante o 
seu "estágio" no timo. Quando o linfócito T CD8+ reconhece um antígeno não-self com o seu receptor numa molécula 
MHC classe I de uma célula do organismo, ele liberta substâncias (perforina) que criam um poro na membrana, lisando 
(rompendo osmoticamente) a célula, ou então libertam mediadores (granzima) que induzem a célula a iniciar a apoptose
(morte celular programada). Há milhões de linfócitos CD8+ em circulação no organismo, cada um com receptores 
aleatórios para todos os péptidos possiveis não-self. Normalmente o linfócito T CD8+ só destrói as células se for 
estimulado por citocinas dos linfócitos T CD4+ (reguladores). Se um linfócito T CD8+ com determinado receptor for 
estimulado dessa forma, ele divide-se em mais células citotóxicas e um pequeno grupo de células quiescentes e de 
longa esperança de vida, as células memória, manter-se-ão em circulação (entre o sangue e os gânglios linfáticos). 
Estas células de memória podem ser ativadas mais tarde de uma forma mais eficiente, mais rápida e 
independentemente da presença de citocinas produzidas pelos linfócitos CD4+, após reconhecimento do péptido para o 
qual são específicas apresentado por uma molécula de MHC classe I.
FAGÓCITOS
Apesar de os fagócitos serem um mecanismo inato, já que respondem a qualquer corpo estranho, eles também 
são efetores de primeira linha das decisões dos linfócitos.
Os fagócitos, especialmente os macrófagos, respondem a citocinas geradas pelos linfócitos (IL-1). Os monócitos
são os precursores dos macrófagos e eles transformam-se em macrófagos se estimulados por citocinas dos T4. Além 
disso são atraidos por outras citocinas e fatores libertados de células em locais de infecção activa.
Se estimulados apropriadamente pelas citocinas libertadas de forma localizada e controlada pelos linfócitos T4, 
os macrófagos libertam suficientes quantidades de enzimas e radicais livres para destruir totalmente uma região 
localizada, matando ambos invasores e células humanas.
Além disso, sob controle dos linfócitos, os macrófagos são responsáveis por algumas reações imunológicas 
especificas como o granuloma e o abcesso. O granuloma ocorre na invasão por micobactériase fungos, sendo o 
exemplo mais célebre a tuberculose. É uma reação ordenada por citocinas dos T4, quando há infecção intracelular dos 
próprios fagocitos. De forma a impedir a disseminação pelo sangue do invasor dentro dessas células móveis, os 
linfócitos T4 secretam citocinas que chamam mais macrófagos, e os tornam mais resistentes à infecção ("alerta de 
bactéria endocelular"). 
Arlindo Ugulino Netto –IMUNOLOGIA I – MEDICINA P3 – 2008.2
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Além disso as citocinas provocam a adaptação pelos macrofagos de morfologia epitelial em volta do nucleo da 
invasão, com numerosas camadas de células imobilizadas ligadas por conexões impermeáveis, de forma a sequestrar o 
invasor.
FILOGENIA DO SISTEMA IMUNE
Em nível da escala evolutiva, o Sistema Imune Inato (sistema fagocitário) é muito mais antigo que o Sistema 
Imune Adquirido (sistema linfóide). A grosso modo, desde o surgimento dos invertebrados, já apresentavam células 
fagocitárias. A partir do surgimento de peixes cartilaginosos, viu-se o surgimento do sistema linfóide e dos órgãos 
linfóides.

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