Buscar

relato de caso Intussucepção.docx certo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE DE UBERABA
BRUNA GONZAGA DE FREITAS
RA: 5118117
Relatório do caso clínico da segunda semana
UBERABA
2017
INTUSSUSCEPÇÃO INTESTINAL EM UM CÃO: RELATO DE CASO
INTRODUÇÃO
Intussuscepção é uma afecção digestiva relativamente comum na clínica veterinária. Caracteriza-se pela invaginação de uma parte do trato gastrintestinal (intussuscepto) no lúmen do segmento contíguo (intussuscipiente). Nesse distúrbio, a excessiva motilidade do peristaltismo força um segmento do intestino para o interior do segmento adjacente. Afeta mais cães do que gatos sendo que os Pastores Alemães e Siameses são os mais frequentemente acometidos. Apresenta-se mais comumente em animais jovens e ocorre geralmente na junção ileocecal. A enfermidade tem como fator predisponente a hipermotilidade secundária a infecções virais, bacterianas, parasitárias, corpo estranho, alterações dietéticas e massas abdominais, porém em muitos casos são idiopáticos (ANDERLINE et al., 2006). 
A sintomatologia pode variar de acordo com a localização, com o tempo de evolução e com o grau de integridade vascular. Os sinais clínicos mais comuns são êmese, regurgitação dor abdominal, fezes mucosas ou mucosanguinolentas, dispneia, anorexia, depressão e desidratação. Intussuscepções crônicas podem causar diarreia sem muco, hematoquezia, vômito ou dor abdominal. Enteropatia com perda de proteína em cães diarréicos jovens sugere intussuscepção crônica, que tipicamente provoca perda de proteína apesar da ausência de hemorragia (JERGENS, 2004).
A intussuscepção pode causar uma obstrução parcial ou total. Animais com obstrução parcial, que mantém um equilíbrio eletrolítico razoável, podem sobreviver por semanas caso não haja isquemia na área envolvida. Contudo, animais que apresentam obstrução total com envolvimento da vascularização do intussuscepto, podem desenvolver uma toxemia resultante do aumento da permeabilidade da parede intestinal ou até mesmo peritonite devido à necrose da área lesionada (ANDERLINE et al., 2006).
O diagnóstico é baseado na anamnese, exame físico e nos exames complementares como o ultrassom abdominal e radiografia simples ou de contraste. O tratamento de escolha é o cirúrgico, com redução manual ou remoção do seguimento afetado (FOSSUM, 2001).
Devido a gravidade desta enfermidade, o presente trabalho tem como objetivo relatar um caso de intussuscepção prolapsada, abordando os principais aspectos clínicos e cirúrgicos utilizados para a resolução do quadro. 
RELATO DE CASO
Foi atendido no Hospital Veterinário de Uberaba (HVU) um canino, fêmea, SRD, de 4 meses de idade e peso corporal de 8,3 kg. O animal deu entrada no hospital já com intussuscepção prolapsada. Segundo o proprietário o animal já estava apresentando diarréia sanguinolenta e vômito há duas semanas, tendo o prolapso retal ocorrido na madrugada antecedente ao atendimento. O proprietário realizou tratamento com anti-inflamatório durante uma semana, mas não soube informar qual medicamento foi utilizado e apresentava contradições nas informações. O animal foi vermifugado, mas não vacinado. Coabitava com outro animal que se apresentava hígido. Desde o início dos sintomas o animal apresenta hiporexia. 
Ao exame clínico o animal apresentava-se em decúbito esternal, prostrado, com estado nutricional ruim e grau de desidratação de 8%. Durante a realização do exame, apresentou vômito escuro com sangue digerido e sem presença de alimento, sendo ainda observado que parte da porção prolapsada já se encontrava inviável (Fig.1). De acordo com os sinais clínicos e histórico do paciente, suspeitou-se de intussuscepção secundária a parvovirose. Devido a baixa condição financeira do proprietário foram realizados apenas os exames complementares de hemograma, que revelou leucocitose, neutrofilia, monocitose e linfopenia, função renal e hepática, que se apresentaram dentro dos parâmetros normais. 
B
A
Figura 1. Foto de prolapso anorretal ocasionado por intussuscepção intestinal. Observa-se nas imagens “A” e “B” o aspecto de isquemia e inviabilidade de parte da região prolapsada.
 
O animal foi então encaminhado para a realização do procedimento cirúrgico de laparotomia exploratória. Realizou-se a preparação para uma cirurgia asséptica procedendo-se a ampla tricotomia e higienização do local cirúrgico, sendo a antissepsia local realizada com clorexidine degermante e alcoólico. Foi realizada medicação pré-anestésica com lidocaína (2 mg/kg), fentanil (2µg/kg) e midazolam (0,2 mg/kg), indução anestésica com propofol (3 mg/kg IV), e manutenção com isoflurano inalatório. 
O procedimento cirúrgico se iniciou com a tração manual da intussuscepção prolapsada para dentro da cavidade abdominal. Em seguida foi realizada a abertura da cavidade abdominal através de incisão pré-retroumbilical e identificação do local de intussuscepção. Com a localização, foi realizada a tração manual com movimentos de ordenha sobre a base da intussuscepção de modo a retirar o ápice do intussuscipiente. Com a retirada, foi então realizada a avaliação da viabilidade intestinal, sendo identificada uma área inviável de aproximadamente 20 cm (Fig. 2). 
B
A
Figura 2. Laparotomia exploratória em um cão com intussuscepção intestinal. Observa-se na imagem “A” a localização da intussuscepção e realização de tração sobre a base para retirar o ápice do intussuscipiente. A imagem “B” mostra a individualização da parte inviável para ressecção. 
Com isso, foi realizada a ressecção da área, com o lúmen ocluído, seguida de enteroanastomose com sutura em padrão simples interrompido com fio absorvível caprofyl 3-0 (Fig. 3), em seguida foi realizada colopexia (em sua posição anatômica normal). Após isso, foi realizada a sutura da musculatura abdominal em padrão sultan com fio caprofyl 0, abolição de espaço morto em padrão zigue-zague com fio absorvível vicryl 2-0 e sutura de pele padrão wolff com fio inabsorvível naylon 3-0. No pós-operatório o animal recebeu antibiótico, analgésico e anti-inflamatório não esteroidal. Foi indicada a realização de dieta parenteral e microenteral nos primeiros três dias do pós-operatório. 
B
A
C
Figura 3. Laparotomia exploratória em um cão com intussuscepção intestinal. Observa-se na imagem “A” a realização da enteroanastomose, após a enterectomia da área inviável. Nota-se na imagem “B” a finalização da enteroanastomose e na imagem “C” a avaliação da impermeabilização da sutura pela aplicação de solução salina no lume da alça intestinal anastomosada.
DISCUSSÃO
Não existe predisposição sexual e racial descritas na literatura, mas quanto a distribuição etária, estudos demonstram que aproximadamente 82% dos casos de intussuscepção intestinal ocorrem em cães com menos de um ano de idade, provavelmente relacionado à grande incidência de enterites infecciosas (CHERYL 2005), faixa etária compatível com o paciente deste relato. 
A afecção tem sua etiologia nas contrações vigorosas consequentes a distúrbios da motilidade intestinal, que pode ser provocado, dentre outras causas, por enterites virais, como por exemplo, a provocada pelo parvovírus canino, suspeitado como causa primária da intussuscepção neste relato. Neste caso, a irritação intestinal promove hipermotilidade e consequente invaginação de um segmento de alça no interior de outro, onde o segmento invaginado sofre uma congestão e fica edematoso, ficando rapidamente irredutível devido à congestão, ocorrendo derramamento de exsudato fibrinoso das superfícies serosas invaginadas (ORSHER e ROSIN, 1998). Apesar da suspeita, no presente relato, não foi possível realizar a confirmação da ocorrência de parvovirose, devido a não realização de exames diagnósticos para esta enfermidade. 
Na sintomatologia podem ser observados vômitos, mas diarréia é o sinal mais frequente principalmente quando sanguinolenta, como observado neste caso. Pode ainda ser observados sinais como regurgitação, dor abdominal, dispneia, anorexia, depressão e desidratação(MAGALHÃES, 2009). O diagnóstico é baseado nos sintomas, histórico, anamnese, exame físico, onde à palpação abdominal pode ser detectada a massa, que é a massa intestinal espessada e alongada. E o diagnóstico pode ser confirmado com exames radiográficos e de ultrassonografia (BURROWNS et al., 1997). Neste caso não foi necessária a realização dos exames de imagem uma vez que a intussuscepção pode ser observada na área de prolapso. 
Se a intussuscepção se estender além do reto, como neste caso, pode se assemelhar a um prolapso retal. Portanto, se o tecido estiver se projetando do reto, o clínico deve realizar uma palpação retal cuidadosa para verificar se o fórnice existe em vez de uma intussuscepção, na qual o fórnice não pode ser observado (NELSON e COUTO, 2010).
O tratamento é feito através da laparotomia exploratória, após a estabilização do paciente com fluidoterapia e iniciada a antibioticoterapia para reduzir a translocação bacteriana das alças intestinais estagnadas (STURGESS, 2001). O acesso pré-retroumbilical permitiu a correção cirúrgica da intussuscepção e visualização de todo o trajeto intestinal, descartando a ocorrência de intussuscepção simultânea em outro local.
Durante a cirurgia pode-se tentar a redução manual, quando não há a formação de aderência e quando as alças intestinais estiverem íntegras. A enterectomia seguida de enteroanastomose é recomendada quando a coloração estiver alterada e houver ausência de pulsação arterial e contração da camada muscular (BROWN, 2007), assim como foi realizado neste relato.
A técnica de sutura por aproximação, como realizada neste relato, produz regeneração mais rápida sobre a incisão, menor deposição de tecido conjuntivo fibroso e menor resposta inflamatória do que a técnica de inversão ou eversão. A omentalização diminui a incidência de extravasamento pós-operatório pelo local da anastomose, além de incrementar a vascularização local e prevenir aderência de outros órgãos (COLOMÉ et al., 2006). 
Pode ocorrer recidiva após a redução cirúrgica de intussuscepção. Alguns autores recomendam técnicas de enteroplicatura para impedir recorrência, contudo, outros trabalhos demonstram resultados desencorajadores na aplicação dessas técnicas. Quanto mais avançado o quadro, pior é o prognóstico e mais frequentes são as complicações pós-operatórias, como a peritonite devido à intensa desvitalização do tecido intestinal e extravasamento do conteúdo para a cavidade abdominal (CHERYL, 2005). Informações a cerca da recuperação do animal não puderam ser obtidas. 
De acordo com Magalhães et al. (2009) é recomendado que após o procedimento cirúrgico, o animal permaneça internado com dieta alimentar líquida durante os três primeiros dias e, depois realizar, gradativamente, a transição para dieta pastosa até ração seca. Esta recomendação foi indicada ao proprietário do presente relato, porém o mesmo não autorizou a internação do paciente no pós-operatório, devido aos gastos financeiros com as diárias. 
CONCLUSÃO
Conclui-se que a intussuscepção intestinal é um achado relativamente frequente na medicina veterinária, sendo que sua resolução é considerada um procedimento de emergência, realizado através da redução manual ou ressecção e anastomose do segmento afetado. 
REFERÊNCIAS
ANDERLINE, G. P. O. S.; BARBOSA, L. C.; CORREIA, X. M. B. Intussuscepção ileocecal: relato de caso. Revista Nosso Clínico. v. 9, n. 52, p. 30 – 35, Jul/Ago, 2006. 
BROWN, D. C. Intestino Delgado. In: SLATTER, B. V. D. Manual de Cirurgia de Pequenos Animais. 3ed. São Paulo: Manole, cap. 41, p. 644 – 664, 2007.
BURROWNS, C. F.; BATT, R.M.; SHERDING, R.G. Afecções do intestino delgado. In: ETTINGER, S.J.; FELDMAN, E.C. Tratado de Medicina Interna Veterinária. 4. ed. São Paulo: Manole, 2v, p.1618-1705, 1997.
CHERYL S.H. Intussuscepção. In: FOSSUM T.W. Cirurgia de pequenos animais. 2.ed. São Paulo: Roca, p.391-393, 2005.
COLOMÉ, L.M.; CONTESINI, E.A.; BECK, C.A.C. et al. Intussuscepção jejunoileal dupla em um cão. Acta Scientiae Veterinariae, v.34, n.2, p.225-228, 2006. 
FOSSUM, T.W. Cirurgia do Sistema Digestório. In: FOSSUM, T.W. Cirurgia de Pequenos Animais. São Paulo: Roca, p.222-405, 2001.
JERGENS, A.E. Doenças do intestino grosso. In: ETTINGER, S. J. & FELDMAN, E. C. Tratado de Medicina Interna Veterinária. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, cap. 138, p. 1305 – 1325, 2004.
MAGALHÃES, F.J.R.; CAMARGO, N.I.; MARTINS NETO, J.C. et al. Intussuscepção intestinal em cadela diagnosticado através de ultra-sonografia abdominal: relato de caso. 2009. Disponível em: <http://www.eventosufrpe.com.br/jepex2009/cd/resumos/R0018-3.pdf>. Acesso em: 17 set. 2017.
NELSON, R.W., COUTO, C.G. Medicina Interna de Pequenos Animais. 4.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
ORSHER, R.J,; ROSIN, E. Intestino delgado. In: SLATTER, D. Manual de cirurgia de pequenos animais. 2. ed. São Paulo: Manole, v.2, p.720-742, 1998.
STURGESS, C. P. Doenças do trato alimentar. São Paulo: Roca, cap. 36, p. 367 – 443, 2001.

Outros materiais