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slid dos crimes contra vida

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Dos crimes contra a pessoa - II
Dos crimes contra a vida
Direito Penal I
Curso de Direito
2015.1
Professor EDSON TADASHI SUMIDA
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
Parágrafo único - A pena é duplicada:
Aumento de pena
I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
Introdução
Conhecido como “participação em suicídio” porque pune quem colabora com o suicídio alheio. O legislador tornou crime a participação de fato não criminoso (suicídio).
- Induzir, instigar ou auxiliar outra pessoa a cometer um crime pressupõem a existência da figura do executor. A pessoa que convence outra a matar a vítima, o homicida é chamado AUTOR, e quem a induz a praticar o crime é PARTÍCIPE. No art. 122, quem comete o ato suicida é VÍTIMA, e não pode ser punido e quem induz, instiga ou auxilia um suicídio é AUTOR do delito.
Exemplo:
João instiga Pedro a se matar. João é autor do crime de participação em suicídio.
André convence João a procurar Pedro e instigá-lo a cometer suicídio. Nesse caso, João também é autor do crime de participação em suicídio, pois foi ele quem manteve contato com a vítima Pedro e a convenceu a se matar. André, por sua vez, é partícipe do crime. Nesse caso, é possível participação em participação em suicídio.
Objetividade jurídica
A preservação da vida humana extrauterina. Crime simples.
Para caracterizar suicídio e dar origem ao crime não é suficiente que alguém tire a própria vida. Somente haverá suicídio em caso de supressão consciente e voluntária da própria vida.
Exemplo:
- alguém se aproveita da falta de capacidade de entendimento da vítima, por ser uma criança ou alguém com grave deficiência mental, para convencê-la a pular de uma ponte ou a tomar veneno.
- alguém entrega um granada para outra e a convence de que ela está descarregada. Em seguida, sugere que ela retire o pino de segurança, e a granada estoura causando a morte da vítima.
- mandam a vítima se matar como única forma de pouparem a vida de seus familiares.
- capturam a vítima e dão a ela a opção de tomar veneno, caso contrário, irão torturá-la até a morte.
Tipo Objetivo
A conduta típica consiste em induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça.
Induzir (inspirar, incutir, sugerir)
Instigar (estimular, reforçar uma ideia existente)
Prestar auxílio (material ou moral)
- A prática de mais de uma dessas condutas pelo agente não conduz à pluralidade delitiva.
Induzimento
O agente faz surgir a ideia do suicídio na vítima, sugerindo a ela tal ato e a incentiva a realizá-lo.
- casos dos líderes espirituais ou religiosos que convenceram alguns ou todos os seus seguidores a se matarem. 
- alguém convence o outro, que está prestes a ser preso, a cometer suicídio dizendo que é melhor morrer a ir para o cárcere.
- Quem convence outrem a atuar como homem-bomba, amarrando explosivos no próprio corpo, para cometer atentado matando várias outras vítimas, responde por participação em suicídio e por homicídio em relação às mortes causadas pelo comparsa que se suicidou.
Instigação
Consiste em reforçar a intenção suicida já presente na vítima. Pode se dar em conversa entre amigos ou em bate-papo na internet, mas o principal exemplo a ser lembrado é aquele em que a vítima já se encontra no alto de um prédio dizendo que vai se matar e alguém passa a incentivá-la gritando para que realmente pule.
No induzimento é agente quem sugere o suicídio à vítima, que ainda não havia cogitado esse ato, enquanto, na instigação, ela já estava pensando em ceifar a própria vida, e o agente, ciente disso, a estimula a fazê-lo.
A intenção do agente nas duas modalidades é a de convencer a pessoa a se matar, por isso são conhecidos como participação moral do suicídio.
Auxílio
Conhecido como participação material, consiste em colaborar de alguma forma com o ato executório do suicídio. A vítima já está convicta de que quer se matar, e o agente a ajuda concretizar o ato.
Tratando-se de crime doloso, é necessário que o agente saiba da intenção suicida da vítima.
Ao fornecer a arma ou veneno, deve saber que a vítima irá utilizá-los para se matar; a pessoa diz que quer pular de um prédio e o agente entrega a chave de seu apartamento para que ela pule do edifício; orientar verbalmente do tipo de veneno que deve ser ingerido ou onde é possível comprá-lo, ciente das intenções da vítima.
Tipo Subjetivo
Dolo (direto ou eventual). Não existe modalidade culposa. Considera-se o dolo direto quando evidenciado que o agente queria mesmo que a vítima morresse por meio de um suicídio. O dolo eventual se mostra presente quando o sujeito, com sua conduta, assume o risco de estimular um ato suicida.
Exemplo: 
- Alguém incentiva outra a fazer roleta russa, mirando a arma contra a própria cabeça.
- O carcereiro que não toma qualquer providência em relação a um preso que está fazendo greve de fome.
Júlio Fabbrini Mirabete:	
	“a conduta deve ter como destinatário uma ou várias pessoas certas, 	não ocorrendo o delito quando se trata de induções ou instigações de 	caráter geral e indeterminado. Não há crime quando, por exemplo, um 	autor de obra literária leva leitores ao suicídio, pela influência das 	ideias de suas personagens, como ocorreu após a publicação de Os 	sofrimentos do jovem Werther, de Goethe, e René, de Chateaubriand. 	Na mesma situação, encontra-se 	recente obra em que se expõem os 	vários métodos para a eliminação da 	própria vida”.
- Não se pode punir autores de livros ou músicas que falem em suicídio, e que, eventualmente, levem um desconhecido a cometê-lo, com o argumento de que não há dolo em relação ao suicídio daquela pessoa desconhecida.
Causas de aumento de pena
Motivo egoístico – quando a intenção do agente ao estimular o suicídio é auferir algum tipo de vantagem em decorrência da morte daquela. 
Exemplo: 
- induzir o próprio pai a se matar para ficar com seu dinheiro; 
- auxiliar o chefe a cometer suicídio para ficar com seu posto na empresa.
Vítima menor – pessoa mais de 14 anos e menor de 18 anos, por entender o legislador que, em tal faixa etária, as pessoas são mais suscetíveis de serem levadas ao suicídio.
Se o menor não tiver qualquer capacidade de compreender o que significa um ato suicida, o agente responderá por homicídio. A doutrina presume que o menor de 14 anos não possui capacidade de entendimento.
Vítima com capacidade de resistência diminuída – é a pessoa que está fragilizada, por isso, mais suscetível de ser convencida a cometer o suicídio.
Sujeito Ativo
Qualquer pessoa. Trata-se de crime comum.
Sujeito passivo
Qualquer pessoa que tenha capacidade para entender que determinado ato é suicida. 
- Convencer uma criança, doente mental, pessoa hipnotizada ou sonâmbula a pular de um prédio constitui homicídio.
Consumação
Punível quando do crime de participação em suicídio, a vítima sofre lesão corporal grave (pena de reclusão de um a três anos) ou morre (pena de reclusão de dois a seis anos).
Não se pune quando a vítima não praticou o ato suicida, ou quando o praticou sofreu leões leves.
A consumação ocorre no momento em que ocorre a lesão grave ou a morte. E somente terá havido a infração penal, no instante em que ela agiu contra a própria vida e sofreu ao menos lesão grave. Apenas a partir desse momento o crime se considera consumado.
Tentativa
A tentativa, que teoricamente é possível, não existe porque a lei considera o delito consumado nas hipóteses em que a vítima morre ou sofre lesão grave e, intencionalmente, trata o fato como atípico nas situações em que não ocorre o ato suicida, ou quando ele ocorre, mas a vítima não sofre qualquer lesão ou apenas lesão leve.
≠ a tentativa de suicídio,
que evidentemente existe e se refere ao ato suicida em si, com a impossibilidade de tentativa do crime de participação em suicídio.
Ação Penal e Competência
Pública Incondicionada, de competência do Tribunal do Júri.
Infanticídio
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de dois a seis anos.
Objetividade Jurídica
A preservação da vida humana.
- No direito romano, a morte dada ao filho pela mãe era equiparada ao parricídio. Contudo se o pai fosse o responsável pela morte do filho não incorria em qualquer delito (jus vitae ac necis).
- A Lei das XII Tábuas (séc. V a.C.) autorizava a morte do filho nascido disforme ou monstruoso, mediante julgamento de cinco vizinhos. O pai terá sobre os filhos nascidos de casamento legítimo o direito de vida e de morte e o poder de vende-los.
- No direito germânico, considerava-se infanticídio tão somente a morte dada ao filho pela mãe.
- O direito canônico punia com severidade a morte do filho pelos pais – havido como homicídio -, baseado na debilidade da vítima, na violação dos deveres de proteção e cuidado pelo titular do pátrio poder e na premeditação que, em geral, supõe tal delito. As sanções penais previstas, altamente cruéis, eram a morte pelo fogo, a decapitação e o empalhamento.
- Com o Iluminismo, propugnou-se tratamento mais benigno. Assim, pela primeira vez figura como crime privilegiado (Código Penal austríaco - 1803) consignou expressamente a atenuação da pena imposta. Atenuação da pena pelo infanticídio foi amplamente agasalhada pelas legislações elaboradas a partir do século XIX.
- Código Criminal do Império (1830) previu penas reduzidas não apenas para a mãe que matasse o filho recém-nascido para ocultar desonra própria, mas também o terceiro que o fizesse.
- Código Penal de 1890 aumentou a pena cominada – considera infanticídio a morte dada a recém-nascido nos sete primeiros dias de vida pela mãe, por motivo de honra, ou por terceiros.
Tipo Objetivo
Matar, sob a influência do estado puerperal (elemento fisiopsíquico), o próprio filho, durante o parto ou logo após (elemento normativo). Indispensável a prova pericial da vida extrauterina. 
Estado puerperal
É o conjunto de alterações físicas e psíquicas que ocorrem no organismo da mulher em razão do fenômeno do parto (intensa dor que provoca, da perda de sangue, do esforço necessário, dentre outros fatores decorrentes da grande alteração hormonal por que passa o organismo feminino, que levam a mãe a um breve período de alteração psíquica provocando forte rejeição àquele que está nascendo ou recém-nascido, ao responsabilizá-lo por todo aquele sofrimento).
A perturbação psíquica deve ser provada. Conforme Exposição de Motivos do CP: “o infanticídio é considerado um ‘delictum exceptum’ quando praticado pela parturiente sob a influência do estado puerperal. Esta cláusula, como é óbvio, não quer significar que o puerpério acarrete sempre uma perturbação psíquica: é preciso que fique averiguado ter esta realmente sobrevindo em consequência daquele, de modo a diminuir a capacidade de entendimento ou de auto inibição da parturiente. Fora daí, não há porque distinguir entre infanticídio e homicídio”.
“a decisão dos jurados reconhecendo ter a ré matado o próprio filho sob a influência do estado puerperal se revela manifestamente contrária à prova dos autos, se o exame médico legal precedido na mesma negou qualquer perturbação psíquica decorrente do puerpério” (TJSP – Rel. Martiniano de Azevedo – RT 377/111).
- O estado puerperal é demonstrado cientificamente que leva ao reconhecimento do infanticídio apenas reduz a capacidade de entendimento da mulher e é de duração leve.
- Psicose puerperal, mais rara, a mulher perde por completo a capacidade de entendimento e autodeterminação, sendo, em tal caso, tratada como inimputável.
- Depressão pós parto, a perturbação psíquica que pode se estender por vários meses e que não tem o parto como única fonte desencadeadora, não será infanticídio. Se constatada a depressão, uma situação de semi imputabilidade, a pena poderá ser reduzida, de um a dois terços (CP, art. 26, § único)
Elemento normativo/temporal
Pode ser praticado no momento em que o filho está nascendo ou logo após o nascimento.
A morte do feto, antes do início do trabalho do parto, constitui o crime de auto aborto.
O parto se inicia com a dilatação do colo do útero e finda com a expulsão do feto (nascimento).
O entendimento da expressão “logo após o parto” significa enquanto durar o estado puerperal de cada mãe em cada caso concreto, e que essas alterações duram no máximo alguns dias e que o crime acontece logo depois do nascimento.
Meios de execução
Trata-se de crime de ação livre, ao admitir qualquer meio executório capaz de gerar a morte.
Jurisprudência: sufocação (colocar o recém nascido em saco plástico) e fratura de crânio. Pode ser cometido por omissão, como no caso de mãe que, dolosamente, não amamenta e não alimenta de qualquer outro modo o recém nascido, ou quando dá à luz sozinha e, intencionalmente, não efetua a ligadura do cordão umbilical fazendo com que o bebê morra por hemorragia.
- A adoção de meio executório mais gravoso não torna o delito qualificado pela asfixia, veneno, fogo etc. Pode ser aplicada a agravante genérica (CP, art. 61, II, d – exceto a asfixia, não contida no dispositivo).
Tipo Subjetivo
É dolo direto ou eventual. Não existe modalidade culposa.
A doutrina diverge em torno da responsabilização da mãe que, logo após o parto, por algum ato imprudente, cause a morte do filho recém nascido. 
- A maioria entende que ela responde por homicídio culposo (Hungria, Noronha, Mirabete, Bitencourt, Capez e Luiz Régis) e que ao final recebe perdão judicial. 
- Alguns entendem como conduta atípica (Damásio e Paulo José da Costa Júnior) pois se a mãe se encontra em estado puerperal, não pode dela exigir os cuidados normais inerentes a todos os seres humanos e não há previsão legal da modalidade culposa. 
Sujeito Ativo
Exige que o crime seja cometido pela própria mãe da vítima, em decorrência do estado puerperal, trata-se de crime PRÓPRIO, não pode ser praticado por qualquer pessoa, mas só por aquelas que preencham os requisitos.
Coautoria e Participação - a doutrina atual é quase unânime em admitir a coautoria e a participação. Devido ao art. 30 do CP, se comunicam as circunstâncias e condições se são elementares do crime. O estado puerperal e a condição de mãe são elementares. 
- Para tipificar a conduta, exige-se que a mãe tenha realizado algum ato executório no sentido de matar o próprio filho. Caso alguma outra pessoa tenha tomado parte no ato executório, se a mãe e o terceiro matam o recém nascido, serão considerados coautores. Admite também participação, se estimula a mãe a cometer o ato executório.
- Nesse sentido: Damásio, Capez, Celso Delmanto, Mirabete, Bitencourt e Hungria.
- Contrário: Fragoso (estado puerperal é incomunicável).
Sujeito Passivo
É o filho que está nascendo ou recém nascido. 
- Se a mãe quer matar o próprio filho, mas por erro o confunde com o outro bebê no berçário da maternidade, responde por infanticídio, CP, art. 20, § 3º (erro sobre a pessoa).
- Sob efeito do estado puerperal e logo após o parto, mata algum outro filho, incide em homicídio.
- Não se aplicam as circunstâncias agravantes genéricas do CP, art. 61, II, e e h, pois incorrerão no bis in idem. 
Consumação e tentativa
Consumação - Ocorre com o homicídio, se dá no momento da morte. Trata-se de crime material. Considerando que o crime pode ser cometido durante o parto, não é necessária prova de vida extrauterina, basta a demonstração de que se tratava de feto vivo.
Tentativa – tratando-se de crime plurissubsistente, é perfeitamente possível.
Ação Penal e Competência
Pública incondicionada, de competência do Júri.
controvérsia, quando na votação de quesitos, os jurados, após reconhecerem a autoria, não aceitam que a acusada tenha agido sob a influência do estado
puerperal. 
Para alguns, ela deve ser condenada imediatamente por homicídio, pois reconheceram que matou o filho e refutaram o estado puerperal. 
Para outros, deve ser decretada a absolvição, porque os jurados reconheceram crime distinto da pronúncia e mais grave. 
A tese mais aceita é a de que o juiz deve dissolver o Conselho de Sentença para que a pronúncia seja adaptada à decisão dos jurados, designando novo julgamento.
Existe a tese para que denuncie por crime de homicídio, e posteriormente, se desclassifica para infanticídio.
Aborto
Aborto é a interrupção da gravidez com a consequente morte do produto da concepção. 
Este passa por várias fases durante a gravidez, sendo chamado de ovo nos dois primeiros meses, de embrião nos dois meses seguintes e de feto no período restante.
O aborto é possível desde o início da gravidez, mas o momento exato em que esta se inicia é tema extremamente controvertido, para alguns se dá com a fecundação e, para outros, com a nidação (implantação do óvulo fecundado no útero).
-
A relevância é que existem métodos que após a fecundação pode evitar a nidação (pílula do dia seguinte). Aqueles que entendem que a gravidez inicia com a nidação, tal método não é abortivo, mas para os que entendem que se inicia com a fecundação, sim. 
As normas do Ministério da Saúde permitem o uso da pílula do dia seguinte no Brasil. As mulheres que utilizem o referido medicamento ou os médicos que o prescrevem não correm o risco de serem acusados por crime de aborto.
Diante desse fato, para aqueles que entendem que a gravidez se inicia com a nidação, o fato é atípico, e, para os que acham que já existe gravidez com a fecundação, o uso constitui exercício regular de direito.
Nem sempre o aborto é criminoso. O aborto pode ser: 
Natural: decorrente de causas naturais (malformação do feto, rejeição do organismo da gestante, patologia etc., fato é atípico);
Acidental: devido a queda, colisão de veículos, atropelamento etc., fato atípico;
Criminoso: a interrupção da gravidez é provocada, pela própria gestante ou por terceiro;
Legal: estão presentes quaisquer das hipóteses que excluem a ilicitude do fato.
Aborto Criminoso
Existem quatro figuras de aborto criminoso:
Auto aborto;
Consentimento para o aborto;
Provocação de aborto com o consentimento da gestante;
Provocação de aborto sem o consentimento da gestante.
Objetividade Jurídica
Tutelam a vida humana intrauterina. O ato de provocar aborto implica provocar a morte do feto, quer seja ele expulso, quer permaneça, sem vida, no ventre materno.
Se o feto está morto por causas naturais ou provocadas, mas permanece mumificado no útero da mulher, a conduta posterior, consistente em sua retirada, não constitui ilícito penal.
Tipo Objetivo
Gestante 
Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque.
Terceiro
- Provocar aborto sem o consentimento da gestante.
- Provocar aborto com o consentimento da gestante.
Tipo Subjetivo
É o DOLO. Todas as condutas comportam a modalidade dolosa, o que se verifica quando o agente quer efetivamente causar o aborto. 
As modalidades de auto aborto e provocação de aborto sem o consentimento da gestante admitem o dolo eventual.
Não há modalidade culposa do crime de aborto. Quando alguém o provoca por negligência, imprudência ou imperícia, responde por delito de lesões corporais, nesse caso, a gestante é o sujeito passivo.
Em todo caso de abortamento a gestante sofre algum tipo de lesão. Se a responsável pelo ato culposo tiver sido a própria mulher grávida, o fato será considerado atípico porque não se mostra possível a punição por autolesão.
Consumação
Consuma no momento da morte do feto. Trata-se de crime material. 
A comprovação do crime de aborto pressupõe demonstração de que a mulher estava grávida. 
Essa prova normalmente é pericial (exames no corpo da mulher ou nos próprios restos fetais). Na ausência da prova pericial, a testemunhal poderá suprir.
Tentativa
É possível em todas as figuras de aborto criminoso. Desde que seja realizado um ato capaz de provocar aborto e que a morte do feto não ocorra por circunstâncias alheias à vontade dos envolvidos.
Se não tiver iniciado a execução, o fato será atípico. 
Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: (ADPF 54 – antecipação terapêutica do parto de feto anencefálico) 
Pena - detenção, de um a três anos.
O auto aborto (1ª parte), é a própria gestante quem pratica as manobras a abortivas que levam à morte do feto. O ato executório mais comum é a ingestão de medicamento abortivo. Pode consistir em quedas intencionais, esforços excessivos a fim de provocar o aborto, utilização de brinquedos contraindicados a grávidas, como montanha russa etc.
O consentimento para o aborto (2ª parte), a gestante permite que outra pessoa nela realize a manobra provocadora da morte do feto. Muitas vezes a gestante até paga por isso, o que, todavia, não é requisito do crime, bastando a sua anuência.
Como a pena mínima é de um ano, cabe suspensão condicional do processo.
Sujeito Ativo
No auto aborto e no consentimento que lho provoque – a própria gestante. 
Crime próprio, de mão própria, por isso não admite coautoria, na medida em que somente a gestante pode realizar ato abortivo em si mesma.
Admite-se participação (aqueles que incentivam verbalmente a gestante a ingerir medicamento abortivo ou que adquirem pra ela; o farmacêutico que efetua a venda do medicamento sem a devida receita médica; o médico que prescreve a substância a pedido da gestante que quer abortar). 
Quem age com fim de obter lucro terá a pena agravada por ter agido por motivo torpe (CP, art. 61, II, a).
Aborto social ou por causas econômicas – alegação que praticaram por causas sociais – não serem casadas, ser a gravidez decorrente de aventura sexual, serem muitos jovens -, ou por causas econômicas – falta de condição financeira para criar o filho. Nenhum desses fatores gera a exclusão da pena ou sua redução. 
Sujeito Passivo
O produto da concepção, cuja vida é tutelada pela legislação penal.
Fragoso e Mirabete sustentam que o feto não é titular de bem jurídico e, por isso, os sujeitos passivos seriam o Estado e a comunidade nacional.
Não se pode negar a existência de vida no feto, o que justifica a classificação do delito no capítulo dos crimes contra a vida, referindo-se à vida do feto. A nossa lei, trata o feto de sujeito passivo do auto aborto.
Aborto provocado por terceiro
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante:
Pena - reclusão, de três a dez anos.
É a modalidade mais grave do crime de aborto e pode ser caracterizar em duas hipóteses:
1ª) Quando não houve, no plano fático, qualquer autorização por parte da gestante, o que se dá, por exemplo, quando o agente agride uma mulher grávida para causar o abortamento, ou, ainda, clandestinamente, introduz substância abortiva na bebida dela.
2ª) Quando houve, no plano fático, uma autorização da gestante, mas tal anuência carece de valor jurídico em razão do que dispõe o próprio texto legal. É o que se dá nas cinco hipóteses elencadas no art. 126, § único do CP:
a) Se o consentimento foi obtido com emprego de fraude. Ex.: o médico e o pai da criança em gestação, que, mancomunados, falsificam exame e convencem a moça de que o prosseguimento da gravidez provocará a morte dela e, com isso, obtêm sua assinatura concordando com a realização do aborto. Descoberta a farsa, o médico e o pai respondem por aborto sem o consentimento. Para a gestante enganada, o fato não é considerado crime;
b) Se o consentimento foi obtido com emprego de grave ameaça;
c) Se foi obtido com emprego de violência;
d) Se a gestante não é maior de 14 anos;
e) Se é alienada ou débil mental, de modo que não tenha capacidade para compreender o significado de seu gesto.
Sujeito Ativo
Trata-se de crime comum, pode ser cometido por qualquer pessoa.
Homicídio doloso de mulher grávida e aborto – quem mata uma mulher,
ciente de sua gravidez, e com isso provoca também a morte do feto, responde pelos crimes de aborto sem o consentimento da gestante e homicídio. Se o agente desconhecia a gravidez, responde apenas pelo crime de homicídio.
Latrocínio de mulher grávida e aborto – roubo com emprego de arma de fogo em que o agente, durante a execução do crime, efetua disparo e mata a gestante, causando também a morte do feto. Se tem ciência da gravidez, responde por latrocínio e aborto sem consentimento da gestante. Se desconhecia, só pelo latrocínio.
Sujeito Passivo
É a única modalidade de aborto em que, necessariamente, há duas vítimas, embora o delito seja um só. Além do feto, a gestante é vítima desta infração penal.
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:  (Vide ADPF 54)
Pena - reclusão, de um a quatro anos.
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.
Sujeito Ativo
Crime comum, pode ser cometido por qualquer pessoa, por médico ou por qualquer um que saiba realizar ato abortivo. É possível a participação (a enfermeira que presta assistência a um médico no instante em que ele realiza a curetagem abortiva).
Crime de associação criminosa (CP, art. 288) – se três ou mais pessoas montam, clandestinamente, uma clínica de aborto para atendimento de todas as grávidas que pretendam interromper a gravidez mediante pagamento de valores consideráveis (médicos, secretárias, enfermeiras e seguranças que têm ciência da destinação respondem pelo crime), além do crime de aborto em concurso material.
Sujeito Passivo
É o produto da concepção. A gestante, por prestar consentimento para o ato, não é considerada vítima.
Causas de aumento de pena
Forma qualificada 
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
- Refere aos crimes previstos nos artigos 125 e 126, praticados por terceiros.
- As causas de aumento de pena possuem caráter preterdoloso, que só podem ser reconhecido quando a morte ou a lesão de natureza grave forem consequências culposas do aborto ou doe meios empregados para praticá-lo. Existe dolo no aborto e culpa no resultado agravador.
Aborto Legal
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:  (Vide ADPF 54)
Aborto necessário (terapêutico)
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro (sentimental ou humanitário)
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
- Aborto eugênico ou eugenésico – é aquele realizado quando os exames pré-natais demonstram que o filho nascerá com alguma anomalia como Síndrome de Down, ausência congênita de algum membro etc. a sua realização, por falta de amparo legal que lhe dê suporte, constitui crime. Não é lícito. Na hipótese de anencefalia não há crime.
Ação Penal e Competência
É pública incondicionada, de competência do Tribunal do Júri.
Questões Suicídio, Infanticídio e Aborto
Diferencie: a) induzimento e instigação a suicídio. b) auxílio a suicídio e homicídio eutanásico.
É possível a prática de auxílio ao suicídio por omissão?
Quando se consuma a infração prevista no art. 122 do CP? Admite a tentativa?
Estabeleça os principais traços distintivos entre os delitos de infanticídio, aborto e homicídio.
Qual é o critério acolhido pelo Código Penal na definição da infração penal de infanticídio?
A mãe que, sob a influência do estado puerperal, ofende a integridade física do neonato pode responder pela infração penal de lesão corporal? Justifique.
A gestante que tenta o suicídio, não consumado por circunstâncias alheias à sua vontade, responde pela infração penal de aborto?
O auto aborto admite coautoria? E participação?	
Qual é a tipificação, se dos meios empregados para provocar o aborto não resulta a morte do feto, mas lesão corporal grave ou a morte da gestante?
Quais são as hipóteses em que o Código Penal permite a realização do aborto?

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