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1. INTRODUÇÃO
O desempenho funcional dos indivíduos 
declina progressivamente a partir da terceira década de 
vida, devido a processos fisiológicos relacionados ao 
envelhecimento. O envelhecimento pode ser entendido 
como um fenômeno do processor de vida, onde 
ocorrem mudanças biopsicossociais específicas 
desencadeadas pela passagem do tempo (VIEIRA, 
1996). Algumas projeções do Bureau of Census (US 
Department of Commerce, Economics and Statistics 
Administration, 1995) indicam que os países em 
desenvolvimento ao todo abrigarão mais de 470 
milhões de indivíduos acima de 65 anos até 2020. No 
Brasil segundo a Organização Mundial de Saúde 
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Vol – 1 p. 17 - 23 ISSN 1984-431X 
AVALIAÇÃO FUNCIONAL DE IDOSOS DO CRAS – CENTRO DE REFERÊNCIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL 
DE BARRA DO GARÇAS-MT ATRAVÉS DA ESCALA DE EQUILÍBRIO DE BERG E MINIEXAME DO 
ESTADO MENTAL (MEEM), UMA RELAÇÃO ENTRE OS FATORES. 
Giliard Morés
Josemar Limberger
Everton Cardoso Borges
Nara Regina Carneiro Marques
Rodrigo Mendes Elias
Anderson Assis Farias
Lucas Alberi de Souza Marcolan
Sâmua Silva Tavares
Simone Caroline Ribeiro
RESUMO: Os benefícios da atividade física proporcionam uma melhora nos aspectos físicos e psicológicos dos idosos, 
contribuindo para uma melhoria na qualidade de vida dessa grande parcela da população mundial e consequentemente um 
aumento da expectativa de vida. O presente estudo objetivou uma análise entre os aspectos motores e cognitivos dos idosos, 
detectando as principais dificuldades nessas áreas e buscando uma correlação entre esses fatores para uma posterior 
orientação de atividades para melhoria da qualidade de vida dos idosos. O total de idosos avaliados foram 50 (26 homens e 
24 mulheres) com idade entre 60 e 88 anos frequentadores do CRAS – Centro de Referência da Assistência Social da cidade 
de Barra do Garças – MT. Na intenção de obter dados para a correlação foram aplicados os testes da Escala de Equilíbrio de 
Berg e o Miniexame do Estado Mental (MEEM). O tratamento dos dados encontrados foi tabulado de forma descritiva 
considerando as questões e testes, utilizando como coeficiente de correlação a fórmula Correl. A hipótese sugerida é de que a 
avaliação funcional dos idosos seria influenciada por fatores cognitivos e motores ou sua correlação. O resultado da 
correlação dos dados presentes na pesquisa foi insatisfatório, não sendo suficiente para corroborar com o objetivo do estudo. 
Palavras-chaves: Avaliação Funcional, idosos, Escala de Berg, MEEM, Qualidade de vida.
ABSTRACT: The benefits of physical activity provide an improvement in physical and psychological aspects of the elderly, 
contributing to an improved quality of life for the large portion of the world population and consequently an increase in life 
expectancy. The present study aimed analysis between cognitive and motor aspects of the elderly by detecting the major 
difficulties in these areas and looking for a correlation between these factors for further guidance activities for improving the 
quality of life for seniors. The number of subjects evaluated were 50 (26 men and 24 women) aged between 60 and 88 years 
goers CRAS - Reference Center for Social City Bar Herons - MT. With the intention of obtaining data for correlation tests 
were applied the Berg Balance Scale and the Mini Mental State Examination (MMSE). The treatment of the data was 
tabulated descriptively considering the questions and tests, using as correlation coefficient formula Correl. The hypothesis is 
suggested that the functional assessment of older people would be influenced by cognitive factors and their correlation or 
engines. The result of the correlation of the data in the survey was unsatisfactory, being insufficient to corroborate the study 
objective.
Keywords: Functional Assessment, elderly, Berg Balance Scale, MMSE, Quality of life.
1Educador Físico, Especialista em Fisiologia do Exercício, Coordenador e Docente do Curso de Educação Física das 
Faculdades Unidas do Vale do Araguaia (UNIVAR – MT). E-mail: giliardmores@hotmail.com 
2Psicólogo, Mestre em Saúde e Comportamento e Professor de Ensino Superior das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia 
(UNIVAR-MT). Email: josemarlimberger@hotmail.com 
3Educador Físico Especialista em Educação Física e Esporte e Docente do Curso de Educação Física das Faculdades Unidas 
do Vale do Araguaia (UNIVAR-MT). Email: evertoncborges@ibest.com.br
4Professor de Ensino Superior das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia (UNIVAR-MT).
5Acadêmico do 4° ano do curso de Educação Física – Licenciatura das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia (UNIVAR-
MT). Email: lucas-alberi@hotmail.com
6Acadêmicas do 3° ano do curso de Educação Física – Licenciatura das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia (UNIVAR-
MT) Email: gatinhasamua@hotmail.com e simone_carolina93@hotmail.com
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(OMS, 1998), em 2025 haverá aproximadamente 32 
milhões de idosos. 
Em consequência, o aumento das doenças 
consideradas crônicas aumentará, devido a sua 
prevalência neste grupo etário, direcionando a 
responsabilidade em ações e programas de cunho 
governamentais de saúde, ultrapassando o objetivo da 
cura e sobrevivência, para o da melhora do estado 
funcional e do bem-estar dos idosos. Segundo o IBGE 
os indicadores Sociodemográficos e de Saúde do Brasil 
2010 mostram que as doenças crônicas atingem 75,5% 
dos idosos – na faixa etária de 0 a 14 anos, a proporção 
é de 9,3%, sendo as principais causas de morte para 
pessoas acima de 60 anos as doenças circulatórias, 
respiratórias e tumores. Muitas vezes, limitações 
funcionais apresentam maior repercussão na vida diária 
de um idoso do que as doenças crônicas. 
O último relatório do Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística (IBGE) descreve que a 
incapacidade funcional é avaliada frequentemente por 
meio da “declaração indicativa de dificuldade em 
atividades básicas a vida diária, ou seja, cuidado 
pessoal e em atividades cotidianas da vida diária, mais 
complexas, necessárias para viver de forma 
independente na comunidade”. Essas avaliações de 
mobilidade demonstram o declínio funcional de acordo 
com o IBGE. Para Guralnik et al (1995), em estudos 
com idosos nos Estados Unidos, demonstraram que os 
resultados utilizando as medidas de mobilidade tem 
provado ser valiosos no estudo da relação da situação 
funcional com características demográficas, condições 
crônicas e comportamentos relacionados à saúde.
Diagnosticar e tratar as doenças crônicas 
peculiares produz benefícios em qualquer faixa etária, 
principalmente em idosos. Isso inclui detectar, o mais 
precocemente possível, deficiências visuais e auditivas, 
disfunção de membros superiores e inferiores com 
aumento do risco de quedas, sintomas depressivos, 
déficits cognitivos e prejuízos nas atividades 
instrumentais e básicas da vida diária. Segundo Judge 
(2003) os idosos necessitam de independência na 
comunidade para realizarem trabalhos de casa, como 
cozinhar, fazer compras, transferir e alcançar objetos, 
inclinar para pegar objetos do chão, entre outras 
atividades básicas da vida diária. Essa disfunção pode 
levar a dificuldades na execução de tarefas como 
dirigir e vestir-se. Casos de longa duração podem 
determinar fraqueza muscular, transtornos do sono e 
sérias limitações nas atividades da vida diária. 
Segundo Simocel et al (2003) cerca de um 
terço dos idosos caem a cada ano, e esta frequência 
aumenta com o avançar da idade. As quedassão 
responsáveis pela maior parte de danos não fatais nessa 
população, e suas complicações representam uma 
importante causa de morte em pessoas com mais de 65 
anos. As queixas de equilíbrio na população acima dos 
65 anos chegam a 85%, estando associada a várias 
etiologias, podendo se manifestar como desequilíbrio, 
desvio da marcha, instabilidade, náuseas e quedas 
frequentes (SIMOCELI et al, 2003). Investigar a 
funcionalidade dos membros inferiores é de grande 
valia para identificar pacientes com risco potencial de 
quedas, prevenindo problemas de saúde mais sérios.
Por outro lado, as doenças que causam 
limitações na função cognitiva constituem um dos 
grandes problemas nos idosos, pois resultam em perda 
da autonomia e grande sobrecarga para os familiares e 
cuidadores. Existe uma relação entre a função 
cognitiva como afirma Ruwer (2005) onde alguns 
componentes podem modificar o risco de quedas nas 
pessoas com mobilidade comprometida, como o 
suporte social e as funções comportamental e 
cognitiva. 
As perdas funcionais e psicossociais que 
acompanham o envelhecimento podem, 
frequentemente, resultar em depressão. O ser humano 
ganha peso até por volta dos 60 anos e, a partir daí, o 
peso corporal tende a diminuir por causa da perda de 
massa óssea e muscular. Estima-se que, a partir dos 40 
anos, ocorra perda de cerca de 5% de massa muscular a 
cada década, com declínio mais rápido após os 65 anos 
Rosenberg (1997). O emagrecimento sugere que o 
idoso não está bem, seja por problemas médicos, 
sociais ou emocionais. Todo paciente deve ser pesado 
pelo menos a cada 12 meses, já que muitas vezes o 
relato do peso pelo paciente pode não ser acurado. 
Huang et al. (2005) relataram que a prevalência de 
obesidade vem aumentando drasticamente em vários 
países nesta última década, porém vem se tornando 
particularmente elevada na população de idosos.
Uma avaliação funcional eficiente e completa 
direcionada ao contexto de vida do idoso torna-se cada 
vez mais importante. A história, o exame físico e o 
diagnóstico diferencial tradicional, porém, não são 
suficientes para um levantamento extenso das diversas 
funções necessárias à vida diária do indivíduo idoso. O 
foco principal é a preocupação com a qualidade de 
vida, contendo também uma ampla avaliação funcional 
em busca de perdas possíveis destas funções vitais. 
Vários pesquisadores têm repensado o modelo 
de atendimento à população mais idosa, e no bojo 
destas discussões surgem conceitos de atendimento 
interdisciplinar, ao qual a educação física pode fazer 
parte do processo por interferir consideravelmente 
através dos exercícios direcionados a terceira idade 
para melhoria funcional dos idosos e 
consequentemente promover uma melhora nas funções 
necessárias à vida diária do indivíduo. A prática de 
exercícios sistematizados, acompanhados de processos 
de socialização e convivência mútua, a motivação e a 
alegria das atividades voltam-se diretamente para a 
qualidade de vida, comprovando Spirduso et al (2005) 
a diminuição da atividade física induz ao desuso 
característico dessa faixa etária, acelerando de uma 
forma generalizada, todo o processo de 
envelhecimento.
De acordo com o relatório da OMS sobre 
Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde, há 
provas científicas de que as pessoas podem manter-se 
saudáveis depois dos 70 anos se tiverem uma 
alimentação equilibrada, mantiverem uma prática 
regular de atividade física e não fumarem (OMS, 
2004). O estado funcional é a dimensão-base para a 
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avaliação em idosos, resumindo na avaliação dos 
fatores físicos, psicológicos e sociais que afetam a 
saúde dos pacientes mais idosos e frágeis. Para Tribess 
e Virtuoso (2005), o declínio nos níveis de atividade 
física habitual para o idoso contribui de maneira 
significativa para a redução da aptidão funcional e a 
manifestação de diversas doenças relacionadas a este 
processo, trazendo como consequência a perda da 
capacidade funcional.
Outras dimensões, como a avaliação social e 
cognitiva, são também necessárias na avaliação 
geriátrica, mas interagem de tal forma com o estado 
funcional, que uma alteração nesta dimensão pode 
indicar problemas nestas outras. A cognição e o humor 
são duas subdimensões importantes da saúde mental 
que também interagem com a avaliação do estado 
funcional. As alterações cognitivas que surgem com o 
avançar da idade estão relacionadas com o declínio de 
três recursos fundamentais do processo cognitivo: a 
velocidade a que a informação pode ser processada, a 
memoria de trabalho e as capacidades sensorial e 
perceptual (Spar e La Rue, 2005). 
1.1 Importância do Exercício Físico na População 
Idosa
Segundo Rowe apud Brody (1999) cerca de 
30% das características do envelhecimento tem bases 
na genética e o restante 70% relacionados a fatores 
diversos como hábitos alimentares, prática de 
exercícios físicos, meio ambiente entre outros. É 
notável a recente proliferação de programas e serviços 
voltados às pessoas idosas, o que é um indicativo de 
que a sociedade está mais sensível às demandas do 
envelhecimento populacional. Contudo, o sucesso 
surpreendente dessas iniciativas é proporcional à 
precariedade dos mecanismos de que dispomos para 
lidar com a velhice avançada nas mais diversas áreas 
incluindo a relacionada ao exercício físico. 
Muitos idosos mantêm um nível de 
funcionamento perigosamente próximo de suas 
capacidades máximas para desempenhar atividades 
básicas. Atividades físicas diárias como caminhar, 
subir escadas, levantar de uma cadeira e manter a casa 
podem representar 80% do VO2 máximo em pessoas 
idosas sedentárias. De acordo com um estudo de 
Baechle e Westcott (2001), envolvendo 250 homens e 
mulheres acima dos 50 anos revelou uma redução de 4 
% na pressão arterial em repouso, após oito semanas de 
exercícios resistidos padronizados. Dessa forma, 
qualquer pequena alteração ou declínio de ordem física 
poderia levar o indivíduo idoso a torna-se independente 
ou capacitado para determinada tarefa cotidiana. Para 
VELASCO (2006) a pratica de exercícios físicos 
diários principalmente os aeróbios, de impacto, 
exercícios de peso e resistência em intensidade 
moderada, estará garantindo a independência da vida 
do idoso. Os exercícios resistidos contribuem para a 
manutenção da massa muscular e da densidade óssea e 
os exercícios aeróbicos na diminuição da gordura 
corporal e melhoria da eficiência cardiorrespiratória. 
Nieman (1999) enfatiza que um número crescente de 
estudos demonstrou que os idosos mesmo aos 90 anos, 
são capazes de aumentar a massa muscular.
O número de pessoas idosas participantes de 
algum programa de atividade física é cada vez maior. 
Em um estudo Rubenstein et al.(2000), demonstraram 
que um simples programa com exercícios de 
resistência, com treinamentos progressivos com 
contrapesos e o caminhar, pode melhorar a resistência 
do músculo e a mobilidade funcional nos homens 
idosos. Esse tipo de comportamento é uma crescente há 
alguns anos, demonstrando a preocupação com a 
prática de atividade física, uma vez que indivíduos 
ativos tendem a promover uma boa saúde e uma 
melhor qualidade de vida e a prática regular podeprevenir certas doenças. Para Mcardle, Katch e Katch 
(2002), os fatores que contribuem para o declínio na 
força muscular incluem certamente o envelhecimento 
biológico, os efeitos cumulativos de doenças, um estilo 
de vida sedentário e inadequações nutricionais.
A aptidão física está associada à saúde e juntas 
têm grande probabilidade de contribuir para a 
diminuição da mortalidade na população idosa, 
melhorando os hábitos e ocasionando 
consequentemente uma melhora na autoestima. A 
aptidão física consiste em alguns componentes que 
podem ajudar na efetiva função do indivíduo na 
sociedade, sem excessiva fadiga e com reserva de 
energia para desfrutar o tempo livre (PITANGA, 
2007). 
Para Nahas (2010) a aptidão física pode ser 
definida como a capacidade que um indivíduo possui 
para realizar atividades físicas.
2. AVALIAÇÕES FUNCIONAIS
A capacidade funcional pode ser definida 
como a capacidade de manter as habilidades físicas e 
mentais necessárias para uma vida independente e 
autônoma (Gordilho et al., 2000), sendo para o idoso 
uma ligação direta a sua qualidade de vida. Portanto, a 
avaliação da capacidade funcional é importante na vida 
de um indivíduo, independente da faixa etária, 
considerando os idosos torna-se importante, na medida 
em que, a partir dela, é possível encontrar meios de 
prevenir ou retardar o início de fragilidades físicas que 
ocorrem em idades avançadas. 
Os instrumentos de avaliação são inúmeros e 
podem englobar desde aspectos emocionais e 
cognitivos até avaliações de atividades físicas diárias e 
práticas de exercícios físicos. Os métodos habituais de 
se realizar uma avaliação funcional estruturada 
consistem na observação direta (testes de desempenho) 
e por questionários, quer auto aplicados ou concebidos 
para entrevistas, sistematizados por meio de uma série 
de escalas que aferem os principais componentes da 
dimensão. Tais escalas compõem o que se tem 
denominado “instrumentos de avaliação funcional”. 
Percorrendo a literatura específica, observa - se uma 
proliferação de instrumentos que se propõem a avaliar 
o estado funcional.
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Nesta pesquisa procurou-se utilizar o teste da 
Escala de equilíbrio de Berg e o Miniexame do Estado 
Mental (MEEM). 
2.1 - Escala de Equilíbrio de Berg
A Escala de Berg é um instrumento validado, 
de avaliação funcional do equilíbrio composta de 14 
tarefas com cinco itens cada e pontuação de 0-4 para 
cada tarefa: 0 - é incapaz de realizar a tarefa e 4 - 
realiza a tarefa independente. O escore total varia de 0- 
56 pontos. Quanto menor for a pontuação, maior é o 
risco para quedas; quanto maior, melhor o 
desempenho. (GAZZOLA et al., 2006; 
CHRISTOFOLETT et al., 2006). A escala foi adaptada 
para aplicação no Brasil por Miyamoto et al. (2004), 
apresentando em cada item escores de 0-4 e um tempo 
determinado para cada tarefa; tem como pontuação 
para risco de quedas escore abaixo de 45 pontos. Berg 
e Norman (1996) citam os estudos de Whitney et al., os 
quais, realizando pesquisa de revisão bibliográfica, 
evidenciaram que a escala de Berg, comparada a outros 
instrumentos, apresenta maior confiabilidade e 
validade quando utilizada em pesquisas científicas. 
(GAZZOLA et al., 2006; CONRADSSON et al., 
2007).
2.2 - MEEM (Miniexame do Estado Mental)
O Mini Exame do Estado Mental (MEEM) por 
sua vez, foi elaborado por Folstein et al (1975), é um 
dos testes mais empregados e mais estudados em todo 
o mundo. Pode ser usado de forma isolada ou em 
conjunto com outros protocolos de avaliação para ser 
traçado uma correlação entre fatores. Em relação aos 
critérios clínicos mais utilizados para um diagnóstico 
de demência, o comprometimento da memória é o 
principal fator aliado a outra alteração como apraxia, 
agnosia, e afazia, interferindo na vida diária e na 
dependência do idoso. Alguns instrumentos podem 
rastrear as demências leves sugerindo uma combinação 
de escala funcional onde poderão ser avaliadas as 
atividades diárias e um teste cognitivo (FOLSTEIN et 
al, 1975 apud ABREU et al, 2005).
A relação dos testes realizados neste estudo 
envolvendo a Escala de Berg e o Mini Exame do 
Estado Mental pode ser explicado dentre outras 
situações referenciando GAZZOLA et al (2005) 
afirmando que quando ocorre uma alteração no 
equilíbrio corporal e da marcha, a reabilitação 
vestibular é importante na recuperação da perda 
funcional e na prevenção, diminuindo as limitações 
funcionais retardando as sequelas degenerativas 
(GAZZOLA et al 2005). Idosos com alteração 
vestibular bilateral têm predisponência maior a quedas 
do que idosos sem essas desordens, considerando que 
alterações vestibulares também contribuem para 
processos de demência.
3. METODOLOGIA 
O projeto objetivou uma análise entre os 
aspectos motores e cognitivos dos idosos, detectando 
as principais dificuldades nessas áreas e buscando uma 
correlação entre esses fatores para uma posterior 
orientação de ações para melhoria da qualidade de vida 
dos idosos. O auxilio na detecção precoce e na 
prevenção de problemas relacionados ao sistema 
locomotor e a condição poderá contribuir numa 
melhoria da autoestima e na expectativa de vida dos 
idosos. 
Para a realização do estudo, formam avaliados 
50 idosos de ambos os sexos com idade entre 60 e 88 
anos que participaram voluntariamente do estudo. Os 
idosos são frequentadores do CRAS – Centro de 
Referência da Assistência Social de Barra do Garças – 
MT, ao qual oferece atividades diárias que envolvem 
danças de salão, jogos de tabuleiro, atividades de 
artesanato e orientações por meio de palestras sobre 
temas relacionados a manutenção e melhoria da saúde. 
Formam utilizados métodos qualitativos e 
quantitativos por meio da aplicação e análise da 
condição cognitiva através do MEEM (Miniexame do 
Estado Mental) e determinação da avaliação funcional 
através da Escala de Equilíbrio de Berg validado em 
português. 
O tratamento dos dados encontrados foi 
tabulado de forma descritiva considerando as questões 
e testes, utilizando como coeficiente de correlação a 
fórmula Correl conforme mostrado abaixo para se 
caracterizar a amostra. 
Onde x e y são as médias de amostra MÉDIA 
(matriz1) e MÉDIA (matriz2).
Para facilitar a análise foi criada uma planilha 
no Microsoft Excel®, programa no qual foi feito 
também o tratamento estatístico dos métodos acima 
mencionados.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO DOS DADOS
O estudo abrangeu um a população de 50 
idosos voluntários, com idade média de 71 anos, sendo 
um total de 26 idosos do sexo masculino e 24 do sexo 
feminino, sendo a maioria 27 indivíduos classificados 
com o biótipo branco, seguido de pardos 18 e negros 5. 
A pesquisa buscou identificar algumas informações e 
parâmetros que pudesse se correlacionar com os 
resultados da Escala de Berg e do MEEM. Através dos 
dados constatou-se que a população pesquisada 
apresentou em média 2,25 anos de estudo, tendo a 
maioria interrompido os estudos no ensino 
fundamental, muito embora 40% dos idosos, ou seja, 
20 indivíduos só assinam o nome. O tempo médio de 
estudo considerado comprova a baixa na quantidade de 
analfabetos total, sendo totalizado somente 3.
Com relação a atividade laboral ocorreu a 
predominância de trabalhos físicos com profissões quese estendem de atividades domésticas, trabalho no 
campo, motoristas e serviços gerais. Devemos 
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considerar a importância do trabalho ativo no que se 
refere a movimentação corporal constante, elevando o 
gasto calórico diário o que contribuem para um estilo 
de vida mais ativo. Segundo Nahas (2010) o estilo de 
vida passou a ser considerado fundamental na 
promoção da saúde e redução da mortalidade por todas 
as causas. Na sequência foi abordada a prática de 
exercícios físicos sistematizados, 18 idosos afirmaram 
não realizar atividades físicas e a maioria 32 relatou 
praticar exercícios físicos durante a semana. Dos 
praticantes 15 realizam atividades físicas entre 1 e 2 
vezes na semana e 17 de 3 a 5 vezes no mesmo 
período. Entre as atividades relatadas foram citados 
esportes individuais como caminhadas e atividades 
coletivos como participação em grupos de danças. A 
maioria, contudo, afirmou que tinha como finalidade na 
prática de exercícios a melhoria da saúde e em segundo 
plano lazer e recreação. Tais atitudes comprovam a 
preocupação dos idosos em se manterem ativos, 
buscando aliar a prática de exercícios ao combate do 
sedentarismo e melhoria da saúde, muito embora, cabe 
ressaltar que as atividades coletivas contribuem para a 
inserção social fortalecendo a autoestima dos idosos e 
contribuindo para a melhoria da qualidade de vida 
dessa população. 
Devemos considerar a relação da prática de 
exercícios físicos com o resultado satisfatório da Escala 
de Equilíbrio de Berg, onde 45 idosos ficaram 
classificados com baixo risco de queda. Esse resultado 
demonstra a importância das atividades físicas no que 
tange ao fortalecimento dos membros inferiores, que 
quando aumentam sua capacidade de força podem 
contribuir para que os idosos possam manter seu 
controle postural em muitas situações cotidianas 
(FARIA et al., 2003). As atividades físicas contribuem 
para o fortalecimento dos grupos musculares, melhoria 
do equilíbrio, flexibilidade e aumento do gasto calórico 
contribuindo para o combate de doenças crônico-
degenerativas muito comum nessa faixa etária. Um dos 
principais fatores que limita as atividades de vida diária 
do idoso é o desequilíbrio (RUWER et al, 2005). Os 
resultados encontrados com relação a Escala de 
Equilíbrio de Berg avaliando o grupo estudado e 
considerando variáveis como o nível de aptidão física 
ou histórico de prática de exercícios físicos são 
demonstrado no gráfico 1.
 
Gráfico 1: Resultado geral da Escala de Equilíbrio de 
Berg
Analisando o aspecto nutricional dos indivíduos os 
dados apontam para uma prevalência entre os idosos 
em realizar 2 refeições por dia onde 26 indivíduos 
afirmaram tal prática, seguido de 21 que realizam 3 
refeições diárias e somente 3 idosos relatando a 
realização de 1 refeição por dia. Os dados acabam por 
demonstrar uma preocupação com a organização das 
refeições, apesar dos idosos não seguirem um padrão 
correto de alimentação, o que pode interferir no 
desempenho das atividades diárias e em incidências de 
doenças futuras. Um dado importante demonstra que a 
maioria dos pesquisados 39 consomem frutas em seus 
cardápios e 38 afirmaram ingerir mais de 5 copos de 
água por dia. Considerando o intervalo de tempo entre 
as refeições como sendo longo, a preocupação com o 
consumo de alimentos saudáveis, ricos em fibras, 
vitaminas e minerais como as frutas e a hidratação em 
grande proporção pela ingestão de água, demonstram 
que a população estudada preocupa-se com os hábitos 
alimentares e sua influência na qualidade de vida.
Observando a análise do MEEM, o resultado 
geral demonstra em sua maioria uma classificação 
abaixo da média conforme o gráfico 2, muito embora a 
predominância de atividades físicas se sobressaia em 
relação as atividades intelectuais como hábitos de 
leitura, jogos de raciocínio, jogos de tabuleiro entre 
outros. Antunes et al (2001) afirmam que a pratica de 
atividade física e aprimoramento das funções 
fisiológicas e psicológicas são resultados crescente do 
aspecto cognitivo e psicológico. O resultado do MEEM 
corrobora com a baixa média de anos de estudo e o 
desinteresse por atividades intelectuais e culturais, 
contudo, o CRAS oferece oficinas de artesanato e 
palestras orientacionais com temas variados, citando 
como exemplo a prevenção de doenças e consumo de 
alimentos saudáveis.
 
Gráfico 2: Resultado Geral do MEEM
Ao determinarmos uma relação entre os 
fatores relacionados a Escala de Equilíbrio de Berg e o 
MEEM na avaliação funcional dos idosos, foi 
determinado o método estatístico Correl que 
demonstrou uma correlação abaixo do esperado 
determinado pelo valor 0,077, não correspondendo a 
valor de relação considerável para o objetivo do estudo. 
Tal observação pode ser comprovada pelo alto índice 
de praticantes de atividades físicas no grupo estudado, 
sendo classificados como idosos ativos e preocupados 
com a alimentação diária o que contribuiria para o 
aspecto funcional saudável independente da idade, 
muito embora as atividades intelectuais sejam pouco 
trabalhadas pela maioria no cotidiano. 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Considerando o objetivo do estudo em 
relacionar os fatores físicos e intelectuais como 
aspectos determinantes da avaliação funcional dos 
idosos, a correlação dos dados presentes na pesquisa 
foi baixa, não sendo suficiente para uma análise 
satisfatória. Dentro das limitações do presente estudo a 
individualidade é um fator influenciador dos 
resultados, no entanto, devemos considerar os 
resultados da Escala de Equilíbrio de Berg e do 
MEEM, como importantes ferramentas de estudos 
futuros, uma vez que a influência dos fatores físicos e 
psicológicos são determinantes na obtenção de uma 
melhor qualidade de vida, contribuindo para um 
aumento na longevidade dos idosos.
Torna-se fundamental fomentar intervenções 
que estimulem a prática de exercícios físicos 
regularmente, aliados a uma alimentação saudável e 
atividades que desenvolvam e mantenham ativas as 
capacidades cognitivas na população idosa.
Sugere-se a realização de mais estudos que 
possam relacionar os fatores cognitivos e físicos na 
avaliação funcional de idosos em grupos heterogêneos.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 
ABREU, Izabella Dutra de, FORLENZA Arestes 
Vicente, BARROS, Hélio Lauar. Demência de 
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