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17 1. INTRODUÇÃO O desempenho funcional dos indivíduos declina progressivamente a partir da terceira década de vida, devido a processos fisiológicos relacionados ao envelhecimento. O envelhecimento pode ser entendido como um fenômeno do processor de vida, onde ocorrem mudanças biopsicossociais específicas desencadeadas pela passagem do tempo (VIEIRA, 1996). Algumas projeções do Bureau of Census (US Department of Commerce, Economics and Statistics Administration, 1995) indicam que os países em desenvolvimento ao todo abrigarão mais de 470 milhões de indivíduos acima de 65 anos até 2020. No Brasil segundo a Organização Mundial de Saúde On-line http://revista.univar.edu.br Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2013) n.º9 Vol – 1 p. 17 - 23 ISSN 1984-431X AVALIAÇÃO FUNCIONAL DE IDOSOS DO CRAS – CENTRO DE REFERÊNCIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL DE BARRA DO GARÇAS-MT ATRAVÉS DA ESCALA DE EQUILÍBRIO DE BERG E MINIEXAME DO ESTADO MENTAL (MEEM), UMA RELAÇÃO ENTRE OS FATORES. Giliard Morés Josemar Limberger Everton Cardoso Borges Nara Regina Carneiro Marques Rodrigo Mendes Elias Anderson Assis Farias Lucas Alberi de Souza Marcolan Sâmua Silva Tavares Simone Caroline Ribeiro RESUMO: Os benefícios da atividade física proporcionam uma melhora nos aspectos físicos e psicológicos dos idosos, contribuindo para uma melhoria na qualidade de vida dessa grande parcela da população mundial e consequentemente um aumento da expectativa de vida. O presente estudo objetivou uma análise entre os aspectos motores e cognitivos dos idosos, detectando as principais dificuldades nessas áreas e buscando uma correlação entre esses fatores para uma posterior orientação de atividades para melhoria da qualidade de vida dos idosos. O total de idosos avaliados foram 50 (26 homens e 24 mulheres) com idade entre 60 e 88 anos frequentadores do CRAS – Centro de Referência da Assistência Social da cidade de Barra do Garças – MT. Na intenção de obter dados para a correlação foram aplicados os testes da Escala de Equilíbrio de Berg e o Miniexame do Estado Mental (MEEM). O tratamento dos dados encontrados foi tabulado de forma descritiva considerando as questões e testes, utilizando como coeficiente de correlação a fórmula Correl. A hipótese sugerida é de que a avaliação funcional dos idosos seria influenciada por fatores cognitivos e motores ou sua correlação. O resultado da correlação dos dados presentes na pesquisa foi insatisfatório, não sendo suficiente para corroborar com o objetivo do estudo. Palavras-chaves: Avaliação Funcional, idosos, Escala de Berg, MEEM, Qualidade de vida. ABSTRACT: The benefits of physical activity provide an improvement in physical and psychological aspects of the elderly, contributing to an improved quality of life for the large portion of the world population and consequently an increase in life expectancy. The present study aimed analysis between cognitive and motor aspects of the elderly by detecting the major difficulties in these areas and looking for a correlation between these factors for further guidance activities for improving the quality of life for seniors. The number of subjects evaluated were 50 (26 men and 24 women) aged between 60 and 88 years goers CRAS - Reference Center for Social City Bar Herons - MT. With the intention of obtaining data for correlation tests were applied the Berg Balance Scale and the Mini Mental State Examination (MMSE). The treatment of the data was tabulated descriptively considering the questions and tests, using as correlation coefficient formula Correl. The hypothesis is suggested that the functional assessment of older people would be influenced by cognitive factors and their correlation or engines. The result of the correlation of the data in the survey was unsatisfactory, being insufficient to corroborate the study objective. Keywords: Functional Assessment, elderly, Berg Balance Scale, MMSE, Quality of life. 1Educador Físico, Especialista em Fisiologia do Exercício, Coordenador e Docente do Curso de Educação Física das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia (UNIVAR – MT). E-mail: giliardmores@hotmail.com 2Psicólogo, Mestre em Saúde e Comportamento e Professor de Ensino Superior das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia (UNIVAR-MT). Email: josemarlimberger@hotmail.com 3Educador Físico Especialista em Educação Física e Esporte e Docente do Curso de Educação Física das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia (UNIVAR-MT). Email: evertoncborges@ibest.com.br 4Professor de Ensino Superior das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia (UNIVAR-MT). 5Acadêmico do 4° ano do curso de Educação Física – Licenciatura das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia (UNIVAR- MT). Email: lucas-alberi@hotmail.com 6Acadêmicas do 3° ano do curso de Educação Física – Licenciatura das Faculdades Unidas do Vale do Araguaia (UNIVAR- MT) Email: gatinhasamua@hotmail.com e simone_carolina93@hotmail.com 18 (OMS, 1998), em 2025 haverá aproximadamente 32 milhões de idosos. Em consequência, o aumento das doenças consideradas crônicas aumentará, devido a sua prevalência neste grupo etário, direcionando a responsabilidade em ações e programas de cunho governamentais de saúde, ultrapassando o objetivo da cura e sobrevivência, para o da melhora do estado funcional e do bem-estar dos idosos. Segundo o IBGE os indicadores Sociodemográficos e de Saúde do Brasil 2010 mostram que as doenças crônicas atingem 75,5% dos idosos – na faixa etária de 0 a 14 anos, a proporção é de 9,3%, sendo as principais causas de morte para pessoas acima de 60 anos as doenças circulatórias, respiratórias e tumores. Muitas vezes, limitações funcionais apresentam maior repercussão na vida diária de um idoso do que as doenças crônicas. O último relatório do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) descreve que a incapacidade funcional é avaliada frequentemente por meio da “declaração indicativa de dificuldade em atividades básicas a vida diária, ou seja, cuidado pessoal e em atividades cotidianas da vida diária, mais complexas, necessárias para viver de forma independente na comunidade”. Essas avaliações de mobilidade demonstram o declínio funcional de acordo com o IBGE. Para Guralnik et al (1995), em estudos com idosos nos Estados Unidos, demonstraram que os resultados utilizando as medidas de mobilidade tem provado ser valiosos no estudo da relação da situação funcional com características demográficas, condições crônicas e comportamentos relacionados à saúde. Diagnosticar e tratar as doenças crônicas peculiares produz benefícios em qualquer faixa etária, principalmente em idosos. Isso inclui detectar, o mais precocemente possível, deficiências visuais e auditivas, disfunção de membros superiores e inferiores com aumento do risco de quedas, sintomas depressivos, déficits cognitivos e prejuízos nas atividades instrumentais e básicas da vida diária. Segundo Judge (2003) os idosos necessitam de independência na comunidade para realizarem trabalhos de casa, como cozinhar, fazer compras, transferir e alcançar objetos, inclinar para pegar objetos do chão, entre outras atividades básicas da vida diária. Essa disfunção pode levar a dificuldades na execução de tarefas como dirigir e vestir-se. Casos de longa duração podem determinar fraqueza muscular, transtornos do sono e sérias limitações nas atividades da vida diária. Segundo Simocel et al (2003) cerca de um terço dos idosos caem a cada ano, e esta frequência aumenta com o avançar da idade. As quedassão responsáveis pela maior parte de danos não fatais nessa população, e suas complicações representam uma importante causa de morte em pessoas com mais de 65 anos. As queixas de equilíbrio na população acima dos 65 anos chegam a 85%, estando associada a várias etiologias, podendo se manifestar como desequilíbrio, desvio da marcha, instabilidade, náuseas e quedas frequentes (SIMOCELI et al, 2003). Investigar a funcionalidade dos membros inferiores é de grande valia para identificar pacientes com risco potencial de quedas, prevenindo problemas de saúde mais sérios. Por outro lado, as doenças que causam limitações na função cognitiva constituem um dos grandes problemas nos idosos, pois resultam em perda da autonomia e grande sobrecarga para os familiares e cuidadores. Existe uma relação entre a função cognitiva como afirma Ruwer (2005) onde alguns componentes podem modificar o risco de quedas nas pessoas com mobilidade comprometida, como o suporte social e as funções comportamental e cognitiva. As perdas funcionais e psicossociais que acompanham o envelhecimento podem, frequentemente, resultar em depressão. O ser humano ganha peso até por volta dos 60 anos e, a partir daí, o peso corporal tende a diminuir por causa da perda de massa óssea e muscular. Estima-se que, a partir dos 40 anos, ocorra perda de cerca de 5% de massa muscular a cada década, com declínio mais rápido após os 65 anos Rosenberg (1997). O emagrecimento sugere que o idoso não está bem, seja por problemas médicos, sociais ou emocionais. Todo paciente deve ser pesado pelo menos a cada 12 meses, já que muitas vezes o relato do peso pelo paciente pode não ser acurado. Huang et al. (2005) relataram que a prevalência de obesidade vem aumentando drasticamente em vários países nesta última década, porém vem se tornando particularmente elevada na população de idosos. Uma avaliação funcional eficiente e completa direcionada ao contexto de vida do idoso torna-se cada vez mais importante. A história, o exame físico e o diagnóstico diferencial tradicional, porém, não são suficientes para um levantamento extenso das diversas funções necessárias à vida diária do indivíduo idoso. O foco principal é a preocupação com a qualidade de vida, contendo também uma ampla avaliação funcional em busca de perdas possíveis destas funções vitais. Vários pesquisadores têm repensado o modelo de atendimento à população mais idosa, e no bojo destas discussões surgem conceitos de atendimento interdisciplinar, ao qual a educação física pode fazer parte do processo por interferir consideravelmente através dos exercícios direcionados a terceira idade para melhoria funcional dos idosos e consequentemente promover uma melhora nas funções necessárias à vida diária do indivíduo. A prática de exercícios sistematizados, acompanhados de processos de socialização e convivência mútua, a motivação e a alegria das atividades voltam-se diretamente para a qualidade de vida, comprovando Spirduso et al (2005) a diminuição da atividade física induz ao desuso característico dessa faixa etária, acelerando de uma forma generalizada, todo o processo de envelhecimento. De acordo com o relatório da OMS sobre Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde, há provas científicas de que as pessoas podem manter-se saudáveis depois dos 70 anos se tiverem uma alimentação equilibrada, mantiverem uma prática regular de atividade física e não fumarem (OMS, 2004). O estado funcional é a dimensão-base para a On-line http://revista.univar.edu.br Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2013) n.º9 Vol – 1 p. 17 - 23 ISSN 1984-431X 19 avaliação em idosos, resumindo na avaliação dos fatores físicos, psicológicos e sociais que afetam a saúde dos pacientes mais idosos e frágeis. Para Tribess e Virtuoso (2005), o declínio nos níveis de atividade física habitual para o idoso contribui de maneira significativa para a redução da aptidão funcional e a manifestação de diversas doenças relacionadas a este processo, trazendo como consequência a perda da capacidade funcional. Outras dimensões, como a avaliação social e cognitiva, são também necessárias na avaliação geriátrica, mas interagem de tal forma com o estado funcional, que uma alteração nesta dimensão pode indicar problemas nestas outras. A cognição e o humor são duas subdimensões importantes da saúde mental que também interagem com a avaliação do estado funcional. As alterações cognitivas que surgem com o avançar da idade estão relacionadas com o declínio de três recursos fundamentais do processo cognitivo: a velocidade a que a informação pode ser processada, a memoria de trabalho e as capacidades sensorial e perceptual (Spar e La Rue, 2005). 1.1 Importância do Exercício Físico na População Idosa Segundo Rowe apud Brody (1999) cerca de 30% das características do envelhecimento tem bases na genética e o restante 70% relacionados a fatores diversos como hábitos alimentares, prática de exercícios físicos, meio ambiente entre outros. É notável a recente proliferação de programas e serviços voltados às pessoas idosas, o que é um indicativo de que a sociedade está mais sensível às demandas do envelhecimento populacional. Contudo, o sucesso surpreendente dessas iniciativas é proporcional à precariedade dos mecanismos de que dispomos para lidar com a velhice avançada nas mais diversas áreas incluindo a relacionada ao exercício físico. Muitos idosos mantêm um nível de funcionamento perigosamente próximo de suas capacidades máximas para desempenhar atividades básicas. Atividades físicas diárias como caminhar, subir escadas, levantar de uma cadeira e manter a casa podem representar 80% do VO2 máximo em pessoas idosas sedentárias. De acordo com um estudo de Baechle e Westcott (2001), envolvendo 250 homens e mulheres acima dos 50 anos revelou uma redução de 4 % na pressão arterial em repouso, após oito semanas de exercícios resistidos padronizados. Dessa forma, qualquer pequena alteração ou declínio de ordem física poderia levar o indivíduo idoso a torna-se independente ou capacitado para determinada tarefa cotidiana. Para VELASCO (2006) a pratica de exercícios físicos diários principalmente os aeróbios, de impacto, exercícios de peso e resistência em intensidade moderada, estará garantindo a independência da vida do idoso. Os exercícios resistidos contribuem para a manutenção da massa muscular e da densidade óssea e os exercícios aeróbicos na diminuição da gordura corporal e melhoria da eficiência cardiorrespiratória. Nieman (1999) enfatiza que um número crescente de estudos demonstrou que os idosos mesmo aos 90 anos, são capazes de aumentar a massa muscular. O número de pessoas idosas participantes de algum programa de atividade física é cada vez maior. Em um estudo Rubenstein et al.(2000), demonstraram que um simples programa com exercícios de resistência, com treinamentos progressivos com contrapesos e o caminhar, pode melhorar a resistência do músculo e a mobilidade funcional nos homens idosos. Esse tipo de comportamento é uma crescente há alguns anos, demonstrando a preocupação com a prática de atividade física, uma vez que indivíduos ativos tendem a promover uma boa saúde e uma melhor qualidade de vida e a prática regular podeprevenir certas doenças. Para Mcardle, Katch e Katch (2002), os fatores que contribuem para o declínio na força muscular incluem certamente o envelhecimento biológico, os efeitos cumulativos de doenças, um estilo de vida sedentário e inadequações nutricionais. A aptidão física está associada à saúde e juntas têm grande probabilidade de contribuir para a diminuição da mortalidade na população idosa, melhorando os hábitos e ocasionando consequentemente uma melhora na autoestima. A aptidão física consiste em alguns componentes que podem ajudar na efetiva função do indivíduo na sociedade, sem excessiva fadiga e com reserva de energia para desfrutar o tempo livre (PITANGA, 2007). Para Nahas (2010) a aptidão física pode ser definida como a capacidade que um indivíduo possui para realizar atividades físicas. 2. AVALIAÇÕES FUNCIONAIS A capacidade funcional pode ser definida como a capacidade de manter as habilidades físicas e mentais necessárias para uma vida independente e autônoma (Gordilho et al., 2000), sendo para o idoso uma ligação direta a sua qualidade de vida. Portanto, a avaliação da capacidade funcional é importante na vida de um indivíduo, independente da faixa etária, considerando os idosos torna-se importante, na medida em que, a partir dela, é possível encontrar meios de prevenir ou retardar o início de fragilidades físicas que ocorrem em idades avançadas. Os instrumentos de avaliação são inúmeros e podem englobar desde aspectos emocionais e cognitivos até avaliações de atividades físicas diárias e práticas de exercícios físicos. Os métodos habituais de se realizar uma avaliação funcional estruturada consistem na observação direta (testes de desempenho) e por questionários, quer auto aplicados ou concebidos para entrevistas, sistematizados por meio de uma série de escalas que aferem os principais componentes da dimensão. Tais escalas compõem o que se tem denominado “instrumentos de avaliação funcional”. Percorrendo a literatura específica, observa - se uma proliferação de instrumentos que se propõem a avaliar o estado funcional. On-line http://revista.univar.edu.br Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2013) n.º9 Vol – 1 p. 17 - 23 ISSN 1984-431X 20 Nesta pesquisa procurou-se utilizar o teste da Escala de equilíbrio de Berg e o Miniexame do Estado Mental (MEEM). 2.1 - Escala de Equilíbrio de Berg A Escala de Berg é um instrumento validado, de avaliação funcional do equilíbrio composta de 14 tarefas com cinco itens cada e pontuação de 0-4 para cada tarefa: 0 - é incapaz de realizar a tarefa e 4 - realiza a tarefa independente. O escore total varia de 0- 56 pontos. Quanto menor for a pontuação, maior é o risco para quedas; quanto maior, melhor o desempenho. (GAZZOLA et al., 2006; CHRISTOFOLETT et al., 2006). A escala foi adaptada para aplicação no Brasil por Miyamoto et al. (2004), apresentando em cada item escores de 0-4 e um tempo determinado para cada tarefa; tem como pontuação para risco de quedas escore abaixo de 45 pontos. Berg e Norman (1996) citam os estudos de Whitney et al., os quais, realizando pesquisa de revisão bibliográfica, evidenciaram que a escala de Berg, comparada a outros instrumentos, apresenta maior confiabilidade e validade quando utilizada em pesquisas científicas. (GAZZOLA et al., 2006; CONRADSSON et al., 2007). 2.2 - MEEM (Miniexame do Estado Mental) O Mini Exame do Estado Mental (MEEM) por sua vez, foi elaborado por Folstein et al (1975), é um dos testes mais empregados e mais estudados em todo o mundo. Pode ser usado de forma isolada ou em conjunto com outros protocolos de avaliação para ser traçado uma correlação entre fatores. Em relação aos critérios clínicos mais utilizados para um diagnóstico de demência, o comprometimento da memória é o principal fator aliado a outra alteração como apraxia, agnosia, e afazia, interferindo na vida diária e na dependência do idoso. Alguns instrumentos podem rastrear as demências leves sugerindo uma combinação de escala funcional onde poderão ser avaliadas as atividades diárias e um teste cognitivo (FOLSTEIN et al, 1975 apud ABREU et al, 2005). A relação dos testes realizados neste estudo envolvendo a Escala de Berg e o Mini Exame do Estado Mental pode ser explicado dentre outras situações referenciando GAZZOLA et al (2005) afirmando que quando ocorre uma alteração no equilíbrio corporal e da marcha, a reabilitação vestibular é importante na recuperação da perda funcional e na prevenção, diminuindo as limitações funcionais retardando as sequelas degenerativas (GAZZOLA et al 2005). Idosos com alteração vestibular bilateral têm predisponência maior a quedas do que idosos sem essas desordens, considerando que alterações vestibulares também contribuem para processos de demência. 3. METODOLOGIA O projeto objetivou uma análise entre os aspectos motores e cognitivos dos idosos, detectando as principais dificuldades nessas áreas e buscando uma correlação entre esses fatores para uma posterior orientação de ações para melhoria da qualidade de vida dos idosos. O auxilio na detecção precoce e na prevenção de problemas relacionados ao sistema locomotor e a condição poderá contribuir numa melhoria da autoestima e na expectativa de vida dos idosos. Para a realização do estudo, formam avaliados 50 idosos de ambos os sexos com idade entre 60 e 88 anos que participaram voluntariamente do estudo. Os idosos são frequentadores do CRAS – Centro de Referência da Assistência Social de Barra do Garças – MT, ao qual oferece atividades diárias que envolvem danças de salão, jogos de tabuleiro, atividades de artesanato e orientações por meio de palestras sobre temas relacionados a manutenção e melhoria da saúde. Formam utilizados métodos qualitativos e quantitativos por meio da aplicação e análise da condição cognitiva através do MEEM (Miniexame do Estado Mental) e determinação da avaliação funcional através da Escala de Equilíbrio de Berg validado em português. O tratamento dos dados encontrados foi tabulado de forma descritiva considerando as questões e testes, utilizando como coeficiente de correlação a fórmula Correl conforme mostrado abaixo para se caracterizar a amostra. Onde x e y são as médias de amostra MÉDIA (matriz1) e MÉDIA (matriz2). Para facilitar a análise foi criada uma planilha no Microsoft Excel®, programa no qual foi feito também o tratamento estatístico dos métodos acima mencionados. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO DOS DADOS O estudo abrangeu um a população de 50 idosos voluntários, com idade média de 71 anos, sendo um total de 26 idosos do sexo masculino e 24 do sexo feminino, sendo a maioria 27 indivíduos classificados com o biótipo branco, seguido de pardos 18 e negros 5. A pesquisa buscou identificar algumas informações e parâmetros que pudesse se correlacionar com os resultados da Escala de Berg e do MEEM. Através dos dados constatou-se que a população pesquisada apresentou em média 2,25 anos de estudo, tendo a maioria interrompido os estudos no ensino fundamental, muito embora 40% dos idosos, ou seja, 20 indivíduos só assinam o nome. O tempo médio de estudo considerado comprova a baixa na quantidade de analfabetos total, sendo totalizado somente 3. Com relação a atividade laboral ocorreu a predominância de trabalhos físicos com profissões quese estendem de atividades domésticas, trabalho no campo, motoristas e serviços gerais. Devemos On-line http://revista.univar.edu.br Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2013) n.º9 Vol – 1 p. 17 - 23 ISSN 1984-431X 21 considerar a importância do trabalho ativo no que se refere a movimentação corporal constante, elevando o gasto calórico diário o que contribuem para um estilo de vida mais ativo. Segundo Nahas (2010) o estilo de vida passou a ser considerado fundamental na promoção da saúde e redução da mortalidade por todas as causas. Na sequência foi abordada a prática de exercícios físicos sistematizados, 18 idosos afirmaram não realizar atividades físicas e a maioria 32 relatou praticar exercícios físicos durante a semana. Dos praticantes 15 realizam atividades físicas entre 1 e 2 vezes na semana e 17 de 3 a 5 vezes no mesmo período. Entre as atividades relatadas foram citados esportes individuais como caminhadas e atividades coletivos como participação em grupos de danças. A maioria, contudo, afirmou que tinha como finalidade na prática de exercícios a melhoria da saúde e em segundo plano lazer e recreação. Tais atitudes comprovam a preocupação dos idosos em se manterem ativos, buscando aliar a prática de exercícios ao combate do sedentarismo e melhoria da saúde, muito embora, cabe ressaltar que as atividades coletivas contribuem para a inserção social fortalecendo a autoestima dos idosos e contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dessa população. Devemos considerar a relação da prática de exercícios físicos com o resultado satisfatório da Escala de Equilíbrio de Berg, onde 45 idosos ficaram classificados com baixo risco de queda. Esse resultado demonstra a importância das atividades físicas no que tange ao fortalecimento dos membros inferiores, que quando aumentam sua capacidade de força podem contribuir para que os idosos possam manter seu controle postural em muitas situações cotidianas (FARIA et al., 2003). As atividades físicas contribuem para o fortalecimento dos grupos musculares, melhoria do equilíbrio, flexibilidade e aumento do gasto calórico contribuindo para o combate de doenças crônico- degenerativas muito comum nessa faixa etária. Um dos principais fatores que limita as atividades de vida diária do idoso é o desequilíbrio (RUWER et al, 2005). Os resultados encontrados com relação a Escala de Equilíbrio de Berg avaliando o grupo estudado e considerando variáveis como o nível de aptidão física ou histórico de prática de exercícios físicos são demonstrado no gráfico 1. Gráfico 1: Resultado geral da Escala de Equilíbrio de Berg Analisando o aspecto nutricional dos indivíduos os dados apontam para uma prevalência entre os idosos em realizar 2 refeições por dia onde 26 indivíduos afirmaram tal prática, seguido de 21 que realizam 3 refeições diárias e somente 3 idosos relatando a realização de 1 refeição por dia. Os dados acabam por demonstrar uma preocupação com a organização das refeições, apesar dos idosos não seguirem um padrão correto de alimentação, o que pode interferir no desempenho das atividades diárias e em incidências de doenças futuras. Um dado importante demonstra que a maioria dos pesquisados 39 consomem frutas em seus cardápios e 38 afirmaram ingerir mais de 5 copos de água por dia. Considerando o intervalo de tempo entre as refeições como sendo longo, a preocupação com o consumo de alimentos saudáveis, ricos em fibras, vitaminas e minerais como as frutas e a hidratação em grande proporção pela ingestão de água, demonstram que a população estudada preocupa-se com os hábitos alimentares e sua influência na qualidade de vida. Observando a análise do MEEM, o resultado geral demonstra em sua maioria uma classificação abaixo da média conforme o gráfico 2, muito embora a predominância de atividades físicas se sobressaia em relação as atividades intelectuais como hábitos de leitura, jogos de raciocínio, jogos de tabuleiro entre outros. Antunes et al (2001) afirmam que a pratica de atividade física e aprimoramento das funções fisiológicas e psicológicas são resultados crescente do aspecto cognitivo e psicológico. O resultado do MEEM corrobora com a baixa média de anos de estudo e o desinteresse por atividades intelectuais e culturais, contudo, o CRAS oferece oficinas de artesanato e palestras orientacionais com temas variados, citando como exemplo a prevenção de doenças e consumo de alimentos saudáveis. Gráfico 2: Resultado Geral do MEEM Ao determinarmos uma relação entre os fatores relacionados a Escala de Equilíbrio de Berg e o MEEM na avaliação funcional dos idosos, foi determinado o método estatístico Correl que demonstrou uma correlação abaixo do esperado determinado pelo valor 0,077, não correspondendo a valor de relação considerável para o objetivo do estudo. Tal observação pode ser comprovada pelo alto índice de praticantes de atividades físicas no grupo estudado, sendo classificados como idosos ativos e preocupados com a alimentação diária o que contribuiria para o aspecto funcional saudável independente da idade, muito embora as atividades intelectuais sejam pouco trabalhadas pela maioria no cotidiano. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS On-line http://revista.univar.edu.br Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2013) n.º9 Vol – 1 p. 17 - 23 ISSN 1984-431X 22 Considerando o objetivo do estudo em relacionar os fatores físicos e intelectuais como aspectos determinantes da avaliação funcional dos idosos, a correlação dos dados presentes na pesquisa foi baixa, não sendo suficiente para uma análise satisfatória. Dentro das limitações do presente estudo a individualidade é um fator influenciador dos resultados, no entanto, devemos considerar os resultados da Escala de Equilíbrio de Berg e do MEEM, como importantes ferramentas de estudos futuros, uma vez que a influência dos fatores físicos e psicológicos são determinantes na obtenção de uma melhor qualidade de vida, contribuindo para um aumento na longevidade dos idosos. Torna-se fundamental fomentar intervenções que estimulem a prática de exercícios físicos regularmente, aliados a uma alimentação saudável e atividades que desenvolvam e mantenham ativas as capacidades cognitivas na população idosa. Sugere-se a realização de mais estudos que possam relacionar os fatores cognitivos e físicos na avaliação funcional de idosos em grupos heterogêneos. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABREU, Izabella Dutra de, FORLENZA Arestes Vicente, BARROS, Hélio Lauar. Demência de Alzheimer: correlação entre memória e autonomia. Rev. Psiq. Clín. 32 (3); 131-136, 2005. ANTUNES, Hanna Karen M.; SANTOS, Ruth Ferreira; Heredia, Rimel Amador G.; BUENO, Orlando Francisco A.; MELO, Marco Túlio. Alterações Cognitivas em Idosos Decorrentes do Exercício Físico Sistematizado. Revista da Sobama, Dezembro, vol.6, n.1, pp.27-33, 2001. BAECHLE, Thomas.; WESTCOTT, Wayne. Treinamento de força para a terceira idade. Barueri – SP: Manole, 2001. BERG, K. O.; NORMAN, K. E. 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