Buscar

CONTEÚDO ONLINE

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

AULA 1
Ética geral e profissional / Aula 1 - Advocacia e Estado Democrático de Direito 
Introdução
Nesta aula, vamos conhecer o que é denominado de “legislação da OAB”, ou seja, o Estatuto da Advocacia, o Regulamento Geral da OAB, o Código de Ética de 2015 e os Provimentos do Conselho Federal. Nesse caminho, vamos estudar, também, alguns aspectos do Provimento 144/2011 que organiza o Exame de Ordem, requisito necessário para inscrição nos quadros da OAB e a importância da advocacia no estado Democrático de Direito.
Advocacia
O exercício de qualquer profissão é livre no Brasil, mas a liberdade não é irrestrita. Na verdade, depende da lei que regulamenta a atividade no país.
De acordo com o artigo 5º da Constituição:
“XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer” (grifo nosso).
Você sabe a que lei se refere esse dispositivo?
Trata-se da lei nº 8.906/1994 , que dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil (EOAB): uma Lei Ordinária Federal, votada e aprovada pelo Congresso Nacional, conforme processo legislativo discriminado na Constituição.
Criada em sentido formal e material, essa lei regulamenta a advocacia no Brasil, disciplinando:
A atividade em si;
Os direitos ou as prerrogativas;
A inscrição nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB);
O estágio;
A Sociedade de Advogados;
Os advogados empregados;
Os honorários;
As incompatibilidades e os impedimentos;
A ética do advogado;
As infrações;
As sanções;
O processo ético disciplinar;
A organização e a estrutura da OAB.
Atividade advocatícia
Quais são os instrumentos normativos que regulam a atividade advocatícia?
Além do EOAB, existem as seguintes normas:
	
	Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil(CED/2015)
	
	
	
	Regulamento Geral da Ordem dos Advogados do Brasil (RGOAB)
	
	
	
	Provimentos do Conselho Federal da OAB (CFOAB)
	
	
	O CED/2015 foi editado pelo Conselho Federal da OAB com base legal no artigo 54, inciso V, e no artigo 78 do EOAB. Também é uma norma em sentido material e não formal, mas de cumprimento obrigatório, sob pena de processo ético disciplinar.
O objetivo desse código de conduta é ressaltar valores e estabelecer formas de comportamentos adequados ao exercício da profissão.
	
	
	
	Embora não seja uma lei do ponto de vista formal, o RGOAB é uma norma sob a ótica material. Sua finalidade é mostrar o modus operandi do conteúdo expresso no EOAB – justamente por isso, detalha seus procedimentos e sua matéria.
Esse regulamento também tem força cogente. Portanto, é norma de cumprimento obrigatório a ser respeitada pelos advogados.
	
	
	
	Os provimentos do CFOAB tratam de assuntos bem específicos.
Exemplos:
- Provimento nº 114/2006 – versa sobre a Advocacia Pública;
- Provimento nº 144/2011 – versa sobre o Exame de Ordem.
	
Também não são normas em sentido formal, mas guardam força cogente, porque estão em consonância com os ditames gerais do EOAB.
Dessa forma, a atividade de advocacia no Brasil é exercida com base nas regras do EOAB, do CED, do RGOAB e dos provimentos do CFOAB. Acrescente-se, também, regime próprio quando se tratar das carreiras da Advocacia Pública. 
Atenção!
O EOAB atribuiu competência ao CFOAB para editar e alterar o RGOAB – de acordo com os já mencionados artigos 54 e 78 da lei nº 8.906/1994 –, o CED e os provimentos que considerar necessários.
Conselho Federal da OAB
De acordo com o artigo 44 do EOAB, a instituição presta serviço público independente, possui personalidade jurídica própria e forma federativa, sem vínculo com órgão da Administração Pública.
Assim, seus órgãos são:
Conselho Federal (artigos 51 a 55 do EOAB);
Conselhos Seccionais – um em cada ente da federação e do Distrito Federal (artigos 56 a 59 do EOAB);
Subseções em municípios e, atualmente, em bairros sob o comando da seccional (artigos 60 e 61 do EOAB);
Uma Caixa de Assistência dos Advogados em cada seccional (artigo 62 do EOAB).
PROVIMENTO Nº 114/2006
Dispõe sobre a Advocacia Pública.
Data: 10 de outubro de 2006
O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelos arts. 54, V, e 8º, § 1º, da Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994, tendo em vista o decidido no Processo CON nº 0018/2002/COP,
RESOLVE:
Art. 1º A advocacia pública é exercida por advogado inscrito na OAB, que ocupe cargo ou emprego público ou de direção de órgão jurídico público, em atividade de representação judicial, de consultoria ou de orientação judicial e defesa dos necessitados.
Art. 2º Exercem atividades de advocacia pública, sujeitos ao presente provimento e ao regime legal a que estejam submetidos:
I - os membros da Advocacia-Geral da União, da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, da Procuradoria-Geral Federal, da Consultoria-Geral da União e da Procuradoria-Geral do Banco Central do Brasil;
II - os membros das Defensorias Públicas da União, dos Estados e do Distrito Federal;
III - os membros das Procuradorias e Consultorias Jurídicas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das respectivas entidades autárquicas e fundacionais;
IV - os membros das Procuradorias e Consultorias Jurídicas junto aos órgãos legislativos federais, estaduais, distrital e municipais;
V - aqueles que sejam estáveis em cargo de advogado, por força do art. 19 do ADCT.
Art. 3º O advogado público deve ter inscrição principal perante o Conselho Seccional da OAB em cujo território tenha lotação. Parágrafo único. O advogado público, em caso de transferência funcional ou remoção para território de outra Seccional, fica dispensado do pagamento da inscrição nesta, no ano em curso, desde que já tenha recolhido anuidade na Seccional em que esteja anteriormente inscrito.
Art. 4º A aprovação em concurso público de provas e de provas e títulos para cargo na advocacia pública não exime a aprovação em exame de ordem, para inscrição em Conselho Seccional da OAB onde tenha domicílio ou deva ser lotado.
Art. 5º É dever do advogado público a independência técnica, exercendo suas atividades de acordo com suas convicções profissionais e em estrita observância aos princípios constitucionais da administração pública.
Art. 6º Revogado. (Ver Provimento n. 115/2007)
Art. 7º A aposentadoria do advogado público faz cessar o impedimento de que trata o art. 30, I, do EAOAB.
Art. 8º Este provimento entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 10 de outubro de 2006.
PROVIMENTO Nº 144/2011 
Dispõe sobre o Exame de Ordem. 
Data: 13 de junho de 2011 
O CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelos arts. 8º, § 1º, e 54, V, da Lei n. 8.906, de 4 de julho de 1994 - Estatuto da Advocacia e da OAB, tendo em vista o decidido nos autos da Proposição n. 2011.19.02371-02, 
RESOLVE:
CAPÍTULO I
DO EXAME DE ORDEM
Art. 1º O Exame de Ordem é preparado e realizado pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil - CFOAB, mediante delegação dos Conselhos Seccionais.
§ 1º A preparação e a realização do Exame de Ordem poderão ser total ou parcialmente terceirizadas, ficando a cargo do CFOAB sua coordenação e fiscalização. 
§ 2º Serão realizados 03 (três) Exames de Ordem por ano. 
CAPÍTULO II
DA COORDENAÇÃO NACIONAL DE EXAME DE ORDEM
Art. 2º É criada a Coordenação Nacional de Exame de Ordem, competindo-lhe organizar o Exame de Ordem, elaborar-lhe o edital e zelar por sua boa aplicação, acompanhando e supervisionando todas as etapas de sua preparação e realização. (NR. Ver Provimento n. 156/2013) 
Art. 2º-A. A Coordenação Nacional de Exame de Ordem será designada pela Diretoria do Conselho Federal e será composta por: (NR. Ver Provimento n. 150/2013) 
I - 03 (três) Conselheiros Federais da OAB; 
II - 03 (três) Presidentes de Conselhos Seccionais da OAB; 
III - 01 (um) membro da Escola Nacional da Advocacia; 
IV - 01 (um) membro da Comissão Nacional
de Exame de Ordem; 
V - 01 (um) membro da Comissão Nacional de Educação Jurídica; 
VI - 02 (dois) Presidentes de Comissão de Estágio e Exame de Ordem de Conselhos Seccionais da OAB. 
Parágrafo único. A Coordenação Nacional de Exame de Ordem contará com ao menos 02 (dois) membros por região do País e será presidida por um dos seus membros, por designação da Diretoria do Conselho Federal. (NR. Ver Provimento n. 150/2013)
CAPÍTULO III
DA COMISSÃO NACIONAL DE EXAME DE ORDEM, DA COMISSÃO NACIONAL DE EDUCAÇÃO JURÍDICA, DO COLÉGIO DE PRESIDENTES DE COMISSÕES DE ESTÁGIO E EXAME DE ORDEM E DAS COMISSÕES DE ESTÁGIO E EXAME DE ORDEM
Art. 3º À Comissão Nacional de Exame de Ordem e à Comissão Nacional de Educação Jurídica compete atuar como órgãos consultivos e de assessoramento da Diretoria do CFOAB. 
Art. 4º Ao Colégio de Presidentes de Comissões de Estágio e Exame de Ordem compete atuar como órgão consultivo e de assessoramento da Coordenação Nacional de Exame de Ordem.
Art. 5º Às Comissões de Estágio e Exame de Ordem dos Conselhos Seccionais compete fiscalizar a aplicação da prova e verificar o preenchimento dos requisitos exigidos dos examinandos quando dos pedidos de inscrição, assim como difundir as diretrizes e defender a necessidade do Exame de Ordem.
CAPÍTULO IV
DOS EXAMINANDOS
Art. 6º A aprovação no Exame de Ordem é requisito necessário para a inscrição nos quadros da OAB como advogado, nos termos do art. 8º, IV, da Lei n.º 8.906/1994.
§ 1º Ficam dispensados do Exame de Ordem os postulantes oriundos da Magistratura e do Ministério Público e os bacharéis alcançados pelo art. 7º da Resolução n. 02/1994, da Diretoria do CFOAB. (NR. Ver Provimento n. 167/2015)
§ 2º Ficam dispensados do Exame de Ordem, igualmente, os advogados públicos aprovados em concurso público de provas e títulos realizado com a efetiva participação da OAB até a data da publicação do Provimento n. 174/2016-CFOAB. (NR. Ver Provimento n. 174/2016) 
§ 3º Os advogados enquadrados no § 2º do presente artigo terão o prazo de 06 (seis) meses, contados a partir da data da publicação do Provimento n. 174/2016-CFOAB, para regularização de suas inscrições perante a Ordem dos Advogados do Brasil. (NR. Ver Provimento n. 174/2016) 
Art. 7º O Exame de Ordem é prestado por bacharel em Direito, ainda que pendente sua colação de grau, formado em instituição regularmente credenciada. 
§ 1º É facultado ao bacharel em Direito que detenha cargo ou exerça função incompatível com a advocacia prestar o Exame de Ordem, ainda que vedada a sua inscrição na OAB. 
§ 2º Poderá prestar o Exame de Ordem o portador de diploma estrangeiro que tenha sido revalidado na forma prevista no art. 48, § 2º, da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. 
§ 3º Poderão prestar o Exame de Ordem os estudantes de Direito dos últimos dois semestres ou do último ano do curso. (NR. Ver Provimento n. 156/2013) 
CAPÍTULO V
DA BANCA EXAMINADORA E DA BANCA RECURSAL
Art. 8º A Banca Examinadora da OAB será designada pelo Coordenador Nacional do Exame de Ordem. (NR. Ver Provimento n. 156/2013)
Parágrafo único. Compete à Banca Examinadora elaborar o Exame de Ordem ou atuar em conjunto com a pessoa jurídica contratada para a preparação, realização e correção das provas, bem como homologar os respectivos gabaritos. (NR. Ver Provimento n. 156/2013) 
Art. 9º À Banca Recursal da OAB, designada pelo Coordenador Nacional do Exame de Ordem, compete decidir a respeito de recursos acerca de nulidade de questões, impugnação de gabaritos e pedidos de revisão de notas, em decisões de caráter irrecorrível, na forma do disposto em edital. (NR. Ver Provimento n. 156/2013) 
§ 1º É vedada, no mesmo certame, a participação de membro da Banca Examinadora na Banca Recursal. 
§ 2º Aos Conselhos Seccionais da OAB são vedadas a correção e a revisão das provas.
§ 3º Apenas o interessado inscrito no certame ou seu advogado regularmente constituído poderá apresentar impugnações e recursos sobre o Exame de Ordem.(NR. Ver Provimento n. 156/2013) 
Art. 10. Serão publicados os nomes e nomes sociais daqueles que integram as Bancas Examinadora e Recursal designadas, bem como os dos coordenadores da pessoa jurídica contratada, mediante forma de divulgação definida pela Coordenação Nacional do Exame de Ordem. (NR. Ver Provimento n. 172/2016) 
§ 1º A publicação dos nomes referidos neste artigo ocorrerá até 05 (cinco) dias antes da efetiva aplicação das provas da primeira e da segunda fases. (NR. Ver Provimento n. 156/2013) 
§ 2º É vedada a participação de professores de cursos preparatórios para Exame de Ordem, bem como de parentes de examinandos, até o quarto grau, na Coordenação Nacional, na Banca Examinadora e na Banca Recursal. (NR. Ver Provimento n. 156/2013) 
CAPÍTULO VI
DAS PROVAS
Art. 11. O Exame de Ordem, conforme estabelecido no edital do certame, será composto de 02 (duas) provas: 
I - prova objetiva, sem consulta, de caráter eliminatório; 
II - prova prático-profissional, permitida, exclusivamente, a consulta a legislação, súmulas, enunciados, orientações jurisprudenciais e precedentes normativos sem qualquer anotação ou comentário, na área de opção do examinando, composta de 02 (duas) partes distintas: 
a) redação de peça profissional; 
b) questões práticas, sob a forma de situações-problema. 
§ 1º A prova objetiva conterá no máximo 80 (oitenta) questões de múltipla escolha, sendo exigido o mínimo de 50% (cinqüenta por cento) de acertos para habilitação à prova prático-profissional, vedado o aproveitamento do resultado nos exames seguintes.
§ 2º Será considerado aprovado o examinando que obtiver, na prova prático-profissional, nota igual ou superior a 06 (seis) inteiros, vedado o arredondamento.
§ 3º Ao examinando que não lograr aprovação na prova prático-profissional será facultado computar o resultado obtido na prova objetiva apenas quando se submeter ao Exame de Ordem imediatamente subsequente. O valor da taxa devida, em tal hipótese, será definido em edital, atendendo a essa peculiaridade. (NR. Ver Provimento n. 156/2013) 
§ 4º O conteúdo das provas do Exame de Ordem contemplará as disciplinas do Eixo de Formação Profissional, de Direitos Humanos, do Estatuto da Advocacia e da OAB e seu Regulamento Geral e do Código de Ética e Disciplina, podendo contemplar disciplinas do Eixo de Formação Fundamental. (NR. Ver Provimento n. 156/2013) 
§ 5º A prova objetiva conterá, no mínimo, 15% (quinze por cento) de questões versando sobre Estatuto da Advocacia e seu Regulamento Geral, Código de Ética e Disciplina, Filosofia do Direito e Direitos Humanos. (NR. Ver Provimento n. 156/2013) 
CAPÍTULO VII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 12. O examinando prestará o Exame de Ordem no Conselho Seccional da OAB da unidade federativa na qual concluiu o curso de graduação em Direito ou na sede do seu domicílio eleitoral. 
Parágrafo único. Uma vez acolhido requerimento fundamentado, dirigido à Comissão de Estágio e Exame de Ordem do Conselho Seccional de origem, o examinando poderá realizar as provas em localidade distinta daquela estabelecida no caput. 
Art. 13. A aprovação no Exame de Ordem será declarada pelo CFOAB, cabendo aos Conselhos Seccionais a expedição dos respectivos certificados. 
§ 1º O certificado de aprovação possui eficácia por tempo indeterminado e validade em todo o território nacional.
§ 2º O examinando aprovado somente poderá receber seu certificado de aprovação no Conselho Seccional onde prestou o Exame de Ordem, pessoalmente ou por procuração.
§ 3º É vedada a divulgação de nomes e notas de examinados não aprovados. 
Art. 14. Fica revogado o Provimento n. 136, de 19 de outubro de 2009, do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. 
Art. 15. Este Provimento entra em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
Ophir Cavalcante Junior, Presidente
Exame de Ordem
Um dos requisitos para o ingresso nos quadros da OAB é a aprovação no Exame de Ordem. O artigo 8° do EOAB (c/c o provimento nº 144/2011)
elenca todas as condições necessárias para o pedido de inscrição como advogado.
Alterado pela resolução nº 01/2011, o artigo 112 do RGOAB determina que:
“O Exame de Ordem será regulamentado por Provimento editado pelo Conselho Federal”.
Artigo 8° do EOAB
“Para inscrição como advogado, é necessário:
I - capacidade civil;
II - diploma ou certidão de graduação em direito, obtido em instituição de ensino oficialmente autorizada e credenciada;
III - título de eleitor e quitação do serviço militar, se brasileiro;
IV - aprovação em Exame de Ordem;
V - não exercer atividade incompatível com a advocacia;
VI - idoneidade moral;
VII - prestar compromisso perante o conselho.
§ 1º O Exame da Ordem é regulamentado em provimento do Conselho Federal da OAB.” (grifo nosso)
Mas existe alguma exceção nesse caso de aprovação?
O artigo 6º do provimento nº 144/2011 estabelece uma ressalva quando declara que:
“§ 1º Ficam dispensados do Exame de Ordem os postulantes oriundos da Magistratura e do Ministério Público e os bacharéis alcançados pelo art. 7º da Resolução n. 02/1994, da Diretoria do CFOAB”.
Bacharéis-Aqueles que se formaram até julho de 1996.
Em outros termos, os magistrados ou membros do Ministério Público (quando aposentados) podem solicitar sua inscrição nos quadros da OAB, cumprindo todos os demais requisitos, EXCETO o Exame de Ordem.
Trata-se de uma regra de transição para os estudantes dos últimos períodos – por ocasião da criação do novo Estatuto da OAB, em 1994 –, que não se aplica, atualmente, a nenhum Bacharel.
E os estudantes que exercem atividades incompatíveis podem prestar o Exame de Ordem?
Conforme determina o artigo 7º do provimento nº 144/2011:
“§ 1º É facultado ao bacharel em Direito que detenha cargo ou exerça função incompatível com a advocacia prestar o Exame de Ordem, ainda que vedada a sua inscrição na OAB.”
Estudaremos mais adiante, no artigo 28 da lei nº 8.906/1994, que a incompatibilidade prevista no EOAB estabelece a proibição total de exercer a advocacia cumulativamente com determinados cargos e determinadas funções, com base em fundamentos éticos.
Atenção!
O Exame de Ordem tem natureza de prova de habilitação: se tiver êxito nela, o candidato poderá solicitar sua inscrição em momento futuro, de acordo com sua conveniência e possibilidade, pois a validade da prova é indeterminada.
Há uma falsa ideia do senso comum segundo a qual o sucesso nesse exame resultaria em uma suposta inscrição automática nos quadros da OAB. Mas a prova de habilitação representa uma expectativa de Direito.
Assim, após obter essa aprovação, o indivíduo deve verificar os demais incisos do artigo 8° do EOAB – os quais apresentaremos posteriormente.
Nesse sentido, ainda que esteja em situação de incompatibilidade (artigo 28 do EOAB), o Bacharel em Direito pode se submeter ao Exame de Ordem e fazer seu requerimento para a inscrição nos quadros da OAB em momento futuro.
A exigência de que o candidato não exerça atividade incompatível com a advocacia (artigo 8º, inciso V, do EOAB) também é requisito para tal inscrição.
Para Nalini (2008), o princípio da incompatibilidade assevera que a carreira jurídica não é cumulável com os cargos e as funções elencadas no EOAB (artigo 28), porque propicia:
Se estiver nessas condições prévias, ocupando tais cargos, o Bacharel NÃO poderá requerer sua inscrição na OAB.
Por exemplo, os Bacharéis que são policiais, gerentes de banco, serventuários da Justiça ou militares na ativa podem fazer a prova, mas não solicitar essa inscrição, porque encontram-se em circunstâncias incompatíveis.
Atenção!
Conforme prelecionam Gonzaga, Neves e Beijato Junior (2016, p. 56), o incompatível poderá:
“[...] prestar o exame e, se aprovado, guardar a certidão de aprovação para dar entrada quando se aposentar, for exonerado ou ir para reserva [de acordo com a hipótese]”.
Estrangeiro ou brasileiro formado no exterior pode prestar o Exame de Ordem?
De acordo com o artigo 7º do provimento nº 144/2011:
“§ 2º Poderá prestar o Exame de Ordem o portador de diploma estrangeiro [brasileiro ou não] que tenha sido revalidado na forma prevista no art. 48, § 2º, da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996”.
Revalidado
Relativo à revalidação: declaração emitida pelo órgão competente de que o diploma de curso expedido por Instituição de Ensino Superior estrangeira teve grade curricular equivalente ao curso nacional. No Brasil, as universidades públicas que ministram cursos na mesma área são competentes para processar e revalidar diplomas.
Já conforme determina o artigo 8º, parágrafo 2º, do EOAB, o estrangeiro ou brasileiro graduado no exterior deverá fazer prova do título de Graduação, devidamente revalidado, além de cumprir com os demais requisitos prenunciados nesse dispositivo.
Uso da denominação advogado
A lei nº 8.906/1994 estabelece que os inscritos na OAB são chamados de advogados e possuem capacidade postulatória.
De acordo com o artigo 3º do EOAB (c/c artigo 8º):
Artigo 3º do EOAB
“O exercício da atividade de advocacia no território brasileiro e a denominação de advogado são privativos dos inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).”
Somente os Bacharéis em Direito podem se submeter ao Exame de Ordem como um dos requisitos para o ingresso nos quadros da advocacia.
Mas como o advogado está inserido no ordenamento jurídico brasileiro?
O legislador constituinte conferiu importância a essa carreira em razão do papel que o advogado exerce junto à sociedade, quando estabeleceu na Constituição que:
“Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei”.
Para Gonzaga, Neves e Beijato Junior (2016), é nesse sentido que se desvelam quatro características da advocacia:
Indispensabilidade-Princípio da advocacia como instrumento de garantia de efetivação da cidadania;
Função social-Pugna pela concretização da aplicação de direitos na construção da Justiça e do bem comum;
Independência-Defesa das instituições democráticas e luta pela prevalência do bem social.
Estado Democrático de Direito
Nas palavras de Mendes, Coelho e Branco (2013, p. 149):
“[...] o Estado Democrático de Direito [é] a organização política em que o poder emana do povo, que o exerce diretamente ou por meio de representantes, escolhidos em eleições livres e periódicas, mediante sufrágio universal, e voto direto e secreto [...]”. (grifo nosso)
Sle é democrático no sentido de salvaguardar aos cidadãos o exercício efetivo dos direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais.
Com o advento do Estado e o monopólio da jurisdição, a autotutela foi restringida. Assim, para obter a tutela jurídica estatal, surgiu a necessidade do processo judicial.
O advogado tem o papel de intermediar a relação entre juiz, Estado e cidadão na busca de uma prestação jurisdicional justa (artigo 2º da lei nº 8.906/1994 c/c a norma constitucional).
Conforme afirma Martins (1983), é o profissional do Direito que efetua a defesa e a interpretação do ordenamento jurídico. Por isso, ele deve pugnar pelos direitos fundamentais e humanos, pela justiça social, entre outros elementos presentes no EOAB.
2º da lei nº 8.906/1994
“§ 1º No seu ministério privado [no exercício regular da profissão na esfera privada], o profissional presta serviço público e exerce função social”.
§ 2º No processo judicial, o advogado contribui, na postulação de decisão favorável ao seu constituinte, ao convencimento do julgador, e seus atos constituem múnus público.
§ 3° No exercício da profissão, o advogado é inviolável por seus atos e manifestações, nos limites desta lei.” (grifo nosso)
m Longe de ser uma atividade estatal, o serviço público corresponde ao compromisso com os direitos fundamentais na defesa dos coletivos. se submeter ao Exame de Ordem como um 
Princípios da conduta do advogado
No anexo único da resolução nº 02/2015 (CED), encontramos os princípios que devem nortear a conduta do advogado e que reforçam
seu papel na administração da Justiça. São eles:
Em seus primeiros artigos, o CED/2015 estabelece princípios éticos importantes que afastam a possibilidade de a profissão de advogado ser confundida com atividade empresária, por exemplo.
Por isso, não são permitidas práticas comuns ao meio empresarial, tais como:
Captação de clientela;
Exposição excessiva do advogado em publicidades irregulares;
Falsificação da verdade etc.
dVejamos o que preveem, de fato, tais artigos:
“Art. 1º O exercício da advocacia exige conduta compatível com os preceitos deste Código [...].
Art. 2º O advogado, indispensável à administração da Justiça, é defensor do Estado Democrático de Direito, dos direitos humanos e garantias fundamentais, da cidadania, da moralidade, da Justiça e da paz social, cumprindo-lhe exercer o seu ministério em consonância com a sua elevada função pública e com os valores que lhe são inerentes. [...]
Art. 3° O advogado deve ter consciência de que o Direito é um meio de mitigar as desigualdades para o encontro de soluções justas e que a lei é um instrumento para garantir a igualdade de todos.”
Como podemos observar, o artigo 2° desse código reforça o teor do artigo 133 da Constituição.
“Art. 1º O exercício da advocacia exige conduta compatível com os preceitos deste Código [...].
Mas, além desses dispositivos primeiros, o profissional do Direito deve atentar para os artigos subsequentes do CED/2015 e suas respectivas determinações, quais sejam:
 advocaciEntre tais princípios que devem ser respeitados na prática forense, estão:
	
	Os deontológicos( deontologia - estudo das regras e princípios que disciplinam o comportamento dos integrantes de determinada categoria profissional)
	
	
	
	Os vinculados à profissão
	
	
	Os deontológicos (de caráter universal) – tais como a probidade, o desinteresse, o decoro etc.
	
	
	
	Aqueles vinculados à profissão (em particular) – tais como o sigilo profissional, a fidelidade, a legalidade etc.
	
aDe acordo com Coêlho ([s.d.] apud GONZAGA; NEVES; BEIJATO JUNIOR, 2016), a deontologia jurídica é o “estudo dos deveres atinentes aos profissionais do Direito”..
E para Nalini (2008), esse princípio fundamental – que também pode ser chamado de deontologia forense ou deontologia das profissões jurídicas – é aquele que menciona que precisamos “agir segundo a ciência e a consciência”.
Ciência - Conhecimento técnico e adequado para ser eficiente (estudo continuado).
Consciência - Inserir em MODAL o conteúdo: Reconhecimento de uma função social; primado da dignidade humana.
AULA 2
Ética geral e profissional / Aula 2 - Inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil 
Introdução
Nesta aula, conheceremos os procedimentos para o candidato solicitar sua inscrição principal nos quadros da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Saberemos, também, quando é necessário pedir uma inscrição suplementar em território de outra seccional.
Além disso, apresentaremos as atividades privativas da advocacia, as dispensabilidades previstas em lei e a possibilidade de cancelamento ou de licença da inscrição na OAB.
Bons estudos!
Inscrição do advogado
Como já estudamos na aula anterior, o Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil (EOAB) é uma Lei Federal, no sentido material e formal.
Em seu artigo 3º, parágrafo 1º, essa lei estabelece que a Advocacia Pública não está dispensada da inscrição na OAB e do controle de tal entidade, além de seu regime próprio.
De acordo com Gonzaga, Neves e Beijato Junior (2016), o exercício da atividade advocatícia sem a devida habilitação resulta em sanções e penalidades legais nas esferas criminal, cível e disciplinar.
Há uma grande discussão sobre a inscrição obrigatória na OAB por parte de advogados públicos, mas, se estamos considerando uma regra expressa em uma Lei Federal, esta deve se aplicar a todos os integrantes da Advocacia Pública.
Vamos conhecer, a seguir, os requisitos para essa inscrição.
Requisitos para inscrição nos quadros da OAB
O candidato à inscrição nos quadros da OAB, na qualidade de Bacharel, deve comprovar TODOS os requisitos estabelecidos na lei nº 8.906/1994 (EOAB).
A inexistência de qualquer um deles acarretará o indeferimento do pedido.
Isso significa que a aprovação no Exame de Ordem é apenas uma das condições para o exercício da advocacia, mas não a única.
I - Capacidade civil
O candidato precisa:
Ser maior de 18 anos;
Ter concluído o curso de Graduação em Direito;
Não estar sob qualquer restrição em sua capacidade, podendo exercer todos os atos da vida civil (artigo 1º do Código Civil).
Vejamos, então, quais são os requisitos previstos no artigo 8º do EOAB que garantem ao indivíduo a denominação advogado:
II - Diploma obtido em IES
A Instituição de Ensino Superior (IES) tem de ser autorizada e credenciada pelo Ministério da Educação (MEC).
De acordo com o artigo 23 do Regulamento Geral da Ordem dos Advogados do Brasil (RGOAB), na ausência do diploma – que pode demorar a ser emitido –, o candidato deve apresentar a Certidão de Graduação em Direito, com Histórico Escolar oficial expedido pela IES.
III - Título de eleitor e quitação de serviço militar
Para verificar os direitos políticos – elementos importantes da cidadania –, o candidato (brasileiro) precisa apresentar estes documentos.
IV - Aprovação em Exame de Ordem
Conforme determina o Provimento nº 144/2011, o graduando do último ano do curso de Direito pode prestar este exame. Mas, para que seu pedido de inscrição seja deferido, ele terá de concluir o curso. Afinal, todos os requisitos do artigo em comento são necessários para tal.
V - Não exercício de atividade incompatível com a advocacia
Na forma estabelecida pelo artigo 28 do EOAB, este requisito desvela um fundamento ético que ressalta a liberdade, a autonomia e a independência técnica, bem como o repúdio ao tráfego de influência, à informação privilegiada e a todas as formas de patrimonialismo.
VI - Idoneidade moral
O sexto requisito é o da idoneidade moral (art. 8°, inciso VI, e § 3º e 4°, EOAB). E o que significa? Primeiramente, temos duas possibilidades: a) não ter sofrido condenação criminal transitada em julgado; b) não praticar crime infamante. Este inciso consagra o princípio da conduta ilibada que observa uma postura sem mácula, límpida, irrepreensível. Observe-se que se trata de um conceito impreciso quando se vincula ao crime infamante (NALINI, 2008). E o que podemos entender por crime infamante? Não há esse tipo penal. Nos dizeres de Paulo Luiz Netto Lôbo (2010), seria a conduta capaz de causar forte repúdio ético na Sociedade e na OAB, mormente quando o advogado pratica uma conduta que é contrária ao seu dever como patrono.
Neste ponto a lei observa que qualquer pessoa, devidamente qualificada, poderá levar a conhecimento da OAB informações que possam macular a conduta moral do bacharel e, para tanto, instaura-se um procedimento nos moldes do processo ético disciplinar para se verificar a hipótese, o que exigirá quórum de 2/3 dos membros do Conselho Seccional competente para declarar o candidato à inscrição como inidôneo por prática de crime infamante. A idoneidade moral é uma exigência permanente na vida do advogado, porque veremos mais adiante que a condenação por prática de crime transitada em julgado resultará na exclusão dos quadros da OAB.
A inidoneidade moral se configura na conduta inadequada e imprópria para o exercício da profissão de advogado, pois é indispensável possuir idoneidade moral para a sua inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil e manutenção dessa inscrição nos quadros da Ordem. 
Nesse sentido, práticas reiteradas de graves ilícitos de natureza disciplinar e que configuram também prática de crime demonstram claramente uma conduta inidônea. A conduta inidônea denota que o profissional se serviu da profissão para facilitar a prática de ilícitos contra pessoas, seus próprios constituintes ou terceiros. Dentre as condutas que caracterizam uma pessoa inidônea temos: a prática reiterada de retenção
abusiva de autos ou extravio de autos para lesar direito da parte contrária; desvio de valores destinados ao cliente, a falta de prestação de contas, o uso de documento falso, a falsidade ideológica, dentre outros. Há necessariamente a figura do dolo do advogado em valer-se da profissão para obter vantagem indevida.
Há interessantes decisões do Tribunal de Ética e Disciplina sobre inidoneidade moral que ressaltam hipóteses em que a OAB não aguardou a decisão judicial transitar em julgado para apurar a inidoneidade de bacharel, candidato à inscrição, e outras sobre crime infamante, a saber:
RECURSO Nº 2010.08.03997-05. A apuração de inidoneidade moral independe de trânsito em julgado de decisão judicial. Bacharel em direito que confessa a prática de ato delituoso contra sociedade de advogados que a empregava, tomando para si valores devidos a clientes e que responde a ação penal, já tendo sido envolvida em ocorrência policial anterior, embora prescrita, não preenche o requisito da idoneidade moral exigida no art. 8º, VI, da Lei 8.906/94, para concessão da sua inscrição no quadro de advogados da OAB. Inidoneidade reconhecida. (D.O. U, S. 1, 24/03/2011 p. 151) – Fonte: Conselho Federal da OAB.
Recurso nº 2009.08.00740-05. Ementa PCA/27/2010. Pedido de inscrição. Estagiário. Indeferimento. Ex-Servidor Público demitido dos Quadros da Polícia Civil/DF e condenado pela prática de crime infamante. Reprimenda penal em fase de cumprimento. Ausência de reabilitação judicial. Inidoneidade moral. Exegese do Art. 8º, VI e § 4º c/c Art. 9º, I da Lei 8.906/94. Recurso improvido. (DJ, 27.05.2010, p. 15) - – Fonte: Conselho Federal da OAB.
VII - Prestação de compromisso perante o Conselho
De acordo com o artigo 20, parágrafo 1º, do RGOAB, este requisito representa a fase final do pedido de inscrição do candidato nos quadros da OAB.
Trata-se de ato solene, personalíssimo, em que o Bacharel em Direito presta compromisso perante seu Conselho Seccional. Nesse ato, ele recebe a denominação advogado, bem como a identificação profissional, seu cartão e sua carteira – de uso obrigatório (artigo 13 do EOAB). 
Além de usar essa identificação, o advogado deve informar o número de sua inscrição na OAB ou da Sociedade de Advogados (artigo 14, parágrafo único, do EOAB) em:
Todos os documentos com sua assinatura na qualidade de profissional de advocacia; 
Papéis timbrados, cartões de visitas, publicidade e demais formas de apresentação. 
Com o sistema adotado pelo Poder Judiciário, utiliza-se a certificação digital.
Saiba mais
Idoneidade moral - Qualidade indispensável para a inscrição e manutenção do advogado nos quadros da OAB – uma exigência permanente na vida desse profissional. A condenação por prática de crime transitada em julgado resulta na exclusão dessa inscrição.
Crime infamante - De acordo com Lôbo (2015), trata-se da conduta capaz de causar forte repúdio ético à sociedade e à OAB – principalmente a prática do advogado contrária a seu dever como patrono.
Inidoneidade moral - Para saber mais sobre o assunto, entenda o que é Inidoneidade moral.
Inscrição principal
A inscrição principal deve ser feita no Conselho Seccional do domicílio profissional do futuro advogado. Caso haja eventual mudança de domicílio, o advogado poderá requerer a transferência de sua inscrição para outra seccional da OAB.
Na hipótese de vício ou de ilegalidade na inscrição, o pedido ficará suspenso.
De acordo com o EOAB:
“Art. 10. A inscrição principal do advogado deve ser feita no Conselho Seccional em cujo território pretende estabelecer o seu domicílio profissional, na forma do regulamento geral.
§ 1º Considera-se domicílio profissional a sede principal da atividade de advocacia, prevalecendo, na dúvida, o domicílio da pessoa física do advogado.
[...]
§ 3º No caso de mudança efetiva de domicílio profissional para outra unidade federativa, deve o advogado requerer a transferência de sua inscrição para o Conselho Seccional correspondente.
§ 4º O Conselho Seccional deve suspender o pedido de transferência ou de inscrição suplementar ao verificar a existência de vício ou ilegalidade na inscrição principal, contra ela representando ao Conselho Federal.”
Com sua inscrição na OAB, o advogado atua ilimitadamente em toda sua seccional e está apto a realizar atos privativos da profissão em qualquer parte do território nacional, desde que não tenha habitualidade em área de outra seccional senão de sua inscrição.
Habitualidade - Situação comum em que o advogado realiza mais de cinco atos privativos em causas distintas, por ano, em território de outra seccional (artigo 10 do EOAB c/c artigos 26 e 34, parágrafo 1º, do RGOAB). 
Exemplo
Um Bacharel em Direito de São Paulo pode solicitar sua inscrição principal na Seccional da OAB/SP. Se for do Rio de Janeiro, o advogado poderá requisitar sua inscrição na Seccional da OAB/RJ. O critério para a escolha sempre será o domicílio profissional.
Inscrição suplementar
Se configurar a habitualidade (profissional) a que nos referimos em outro território diferente de sua seccional, o advogado terá de solicitar mais uma inscrição.
De acordo com o artigo 10 do EOAB:
. “§ 2º Além da principal, o advogado deve promover a inscrição suplementar nos Conselhos Seccionais em cujos territórios passar a exercer habitualmente a profissão [...]”.
Como vimos, o advogado é livre para atuar de forma ilimitada no território da seccional de sua inscrição principal, mas precisará respeitar o limite legal estabelecido pelo EOAB quando for exercer a profissão em outro ente da Federação, de modo que não necessite de uma segunda inscrição: a suplementar.
O advogado pode patrocinar causas fora de seu domicílio profissional, desde que não ultrapasse o já mencionado limite de cinco causas por ano, acima do qual se lhe obriga à inscrição suplementar (artigo 26 do RGOAB).
Na verdade, o advogado pode ter quantas inscrições suplementares desejar. Cada uma resultará em nova anuidade para ele
causas
Conforme enuncia Lôbo (2015, p. 98-99), trata-se de processos efetivamente ajuizados, de primeira intervenção judicial, desprezando-se o acompanhamento posterior. Nas palavras do autor:
“[...] a defesa em processos administrativos, os inquéritos policiais, o visto em contratos constitutivos de Pessoas Jurídicas, a impetração de habeas corpus e o simples cumprimento de cartas precatórias não constituem intervenção judicial para os efeitos do artigo 10, parágrafo 2º, do EOAB”.
Lembre-se de que o limite de cinco atos privativos é ANUAL.
Nesse sentido, o tempo de duração do processo naquele território não importa. Diante de um novo ano, reinicia-se a contagem, e o advogado pode realizar mais cinco atos em causas distintas.
Exemplo
Um advogado com inscrição na OAB/RJ atua ilimitadamente no Rio de Janeiro e exerce a profissão em todo território nacional (de outras seccionais). Se nunca ultrapassar a quantidade de cinco atos privativos por ano, ele terá apenas uma inscrição: a principal. Se ficar apenas com cinco ações em Minas Gerais, por exemplo, no ano seguinte, uma nova contagem se iniciará até cinco causas por ano.
A inscrição suplementar confere ao advogado nova carteira, com número específico da seccional, identificada pela expressão correspondente. Sendo assim, ele está habilitado a exercer a advocacia, com habitualidade e ilimitadamente, também naquela seccional, além daquela em que possui a inscrição principal.
Não há limites para inscrições suplementares, desde que o advogado tenha condições financeiras para pagar as anuidades.
Atividades privativas da advocacia: procuratório judicial
As atividades privativas dos advogados estão previstas no artigo 1º do EOAB, a saber:
Vamos começar por aquelas que se referem ao procuratório judicial.
Tais atividades envolvem a capacidade postulatória do advogado, que está vinculada a sua inscrição nos quadros da OAB.
Nos termos do Código de Processo Civil:
“Art. 103. A parte será representada em juízo por advogado regularmente
inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil.
Parágrafo único. É lícito à parte postular em causa própria quando tiver habilitação legal.”
Estudamos que a advocacia é indispensável à administração da Justiça, mas sabemos que a indispensabilidade do advogado é relativa, pois existem situações em que a parte pode agir sem a presença desse profissional, quais sejam:
Juizados Especiais Cíveis – lei nº 9.099/1995 (artigo 9º);
Juizados Especiais Cíveis Federais – lei nº 10.259/2001 (artigo 10) (artigo 10);
Justiça do Trabalho – lei nº 5.452/1943 (artigo 791);
Ação Revisional Penal – decreto-lei nº 3.689/1941 (artigo 623);
Processo Disciplinar Administrativo – súmula vinculante n° 5 do STF;
Lei de Alimentos – lei nº 5.478/1968 (artigo 2º);
ADIN proposta pelo Presidente da República.
Juizados Especiais Cíveis – lei nº 9.099/1995
Não podemos confundir as hipóteses em que a parte é livre para agir sozinha perante o Poder Judiciário com a situação em que há a indicação de advogados para figurar nos Juizados Especiais Cíveis.
Trata-se de competência da Subseção da OAB ou, em sua ausência, do Conselho Seccional. Assim, a OAB pode indicar advogados para representar a advocacia perante os Juizados Especiais (artigo 1º, inciso I, do EOAB c/c artigo 8º, parágrafo 2º, do RGOAB).
Juizados Especiais Cíveis Federais – lei nº 10.259/2001
Sobre a dispensabilidade no âmbito dos Juizados Federais, o STF, na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 3.168-6, deu interpretação conforme, para excluir do âmbito de incidência do art. 10 da Lei 10.259/2001 os feitos de competência dos juizados especiais criminais da Justiça Federal (Ver informativo 430 do STF).
Assim, nos Juizados Especiais Criminais, a assistência técnica é absolutamente necessária por força do princípio constitucional expresso no art. 5°, LV, CR/88 que assegura aos acusados a ampla defesa.
Outra situação específica é a do habeas corpus, que pode ser impetrado por qualquer pessoa, por qualquer cidadão, conforme determina a norma constitucional (artigo 5º, inciso LXVIII) e o Código de Processo Penal (artigo 654). Em razão dessa especificidade, esse caso não será contabilizado para fins de inscrição suplementar.
No Mandado de Segurança, na Ação Popular, na Ação Civil Pública e na Ação Coletiva, a presença do advogado é essencial.
De acordo com o artigo 1º do EOAB:
“§ 1º Não se inclui na atividade privativa de advocacia a impetração de habeas corpus em qualquer instância ou tribunal”.
Atividades privativas da advocacia: procuratório extrajudicial
Agora, vamos conhecer as atividades do procuratório extrajudicial. 
Como vimos na tabela anterior, trata-se daquelas relativas à assessoria, à consultoria e à gestão jurídicas, que também não podem ser exercidas por Bacharéis em Direito, mas somente por advogados, sob pena de exercício ilegal da profissão.
Assim, a função de diretoria e gerência jurídica em qualquer empresa pública ou privada é privativa de advogado. Somente esse profissional pode ser gestor de departamento jurídico em Pessoas Jurídicas de Direito Público ou Privado (artigo 1º, inciso II, do EOAB c/c artigo 7º do RGOAB).
Além da função de gestão, no Brasil, há a exigência legal do visto do advogado em atos e contratos constitutivos de Pessoas Jurídicas.
O que isso representa?
Nesse caso, o advogado acompanha a elaboração do contrato da Pessoa Jurídica, oferecendo sua assessoria. O artigo 1º do EOAB fortalece esse tipo de atuação extrajudicial, que é requisito necessário para o deferimento do registro na Junta Comercial competente (GONZAGA; NEVES; BEIJATO JUNIOR, 2016).
Ademais, o artigo 2º do RGOAB adverte que o visto do advogado para atividade extrajudicial deve resultar “da efetiva constatação [...] de que os respectivos instrumentos preenchem as exigências legais pertinentes”.
Artigo 1º do EOAB
“§ 2º Os atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas, sob pena de nulidade, só podem ser admitidos a registro, nos órgãos competentes, quando visados por advogados.”
Exceções
De acordo com o artigo 9º da Lei Complementar nº 123/2006:
“§ 2º Não se aplica às microempresas [MEs] e às empresas de pequeno porte [EPPs] o disposto no § 2º do art. 1º da Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994”.
O Empresário Individual também não necessita dessa assessoria.
Sob o ponto de vista ético, há uma advertência para o advogado nessa atuação extrajudicial, prevista na já citada Lei Complementar e no RGOAB, em seu artigo 2º, conforme descrição a seguir:
“Parágrafo único. Estão impedidos de exercer o ato de advocacia referido neste artigo os advogados que prestem serviços a órgãos ou entidades da Administração Pública direta ou indireta, da unidade federativa a que se vincule a Junta Comercial, ou a quaisquer repartições administrativas competentes para o mencionado registro”.
Exemplo
Imagine a seguinte hipótese:
Certo advogado – Especialista em Direito Empresarial – é contratado para fazer um parecer para a Junta Comercial de sua cidade. Ele faz seu contrato de prestação de serviços advocatícios, e inicia seus estudos e a análise dos documentos de seu cliente.
Alguns meses depois, recebe o telefonema de um novo cliente que deseja consultoria jurídica para a abertura de uma Sociedade Empresária na mesma cidade. Mas esse advogado não pode ter clientes com interesses opostos.
Assim, por motivos éticos e legais, ele não deve atender a esse segundo chamado, porque já está prestando serviços advocatícios para a Junta Comercial perante a qual tem de apresentar os documentos do primeiro cliente, a fim de requerer o deferimento de seu pedido.
Como o advogado pode, então, provar sua prática forense?
Basta seguir os preceitos do artigo 5º do RGOAB, que estabelece como regra a participação mínima em cinco atos privativos da advocacia – em causas distintas – para completar um ano de prática forense.
Inscrição e habilitação do estagiário
Conforme determina o artigo 9º do EOAB, quando alcança certa maturidade acadêmica, o estudante de Direito realiza seu pedido de inscrição na Seccional da OAB, no local de seu curso de Graduação.
Por exemplo, se o aluno estiver matriculado em uma IES na cidade do Rio de Janeiro, ficará inscrito como estagiário na Seccional da OAB/RJ.
Os requisitos para sua inscrição nos quadros de estagiários são basicamente os mesmos exigidos para o advogado – aqueles que estudamos anteriormente e que constam no artigo 8º do EOAB (com EXCEÇÃO da apresentação do diploma e da aprovação em Exame de Ordem).
Além disso, o estudante precisa ser admitido em estágio profissional (artigo 9º, inciso II, do EOAB).
Após o deferimento de sua inscrição, o estagiário pode realizar alguns atos isoladamente e outros sob a supervisão de um advogado responsável.
O estágio compreende uma carga horária de 300 horas e envolve, ainda, o estudo do EOAB e do Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil (CED/2015).
Você deve estar se perguntando:
Qual é a habilitação para o estagiário em Direito?De acordo com o artigo 29, parágrafo 1º, do RGOAB, o estagiário pode realizar sozinho as seguintes atividades:
“I - retirar e devolver autos em cartório, assinando a respectiva carga;
II - obter junto aos escrivães e chefes de secretarias certidões de peças ou autos de processos em curso ou findos;
III - assinar petições de juntada de documentos a processos judiciais e administrativos”.
Para atos extrajudiciais, o parágrafo 2º do mesmo artigo indica que ele pode realizar tudo o que for autorizado pelo cliente e pelo advogado.
Logo, a restrição é apenas para atos no Poder Judiciário, sem prejuízo dos extrajudiciais que a lei estabelecer, de forma específica, com a presença de advogado.
O fato é que o estagiário NÃO POSSUI capacidade postulatória nem participa do recebimento de honorários sucumbenciais.
Para Nery Júnior e Nery (2014):
“Os atos privativos de advogados, tais como petição inicial, contestação, réplica, razões e contrarrazões de recurso, não podem ser praticados por estagiários,
sob pena de nulidade por falta de capacidade postulatória (RJTJRS 61/423)”.
Negrão (2013), por sua vez, afirma:
“Não se conhece recurso cuja petição de interposição não esteja subscrita por advogado, mas por estagiário, com infração à lei nº 8.906 [EOAB]”.
E se exercer atividade incompatível com a advocacia, o estudante poderá solicitar sua inscrição como estagiário?
O artigo 9º do EOAB (c/c artigo 28) indica que não. Nos termos da lei, o aluno do curso de Direito:
“§ 3º [...] pode frequentar o estágio ministrado pela respectiva instituição de ensino superior, para fins de aprendizagem, vedada a inscrição na OAB”.
Após o deferimento de sua inscrição, a validade de sua carteira é de dois anos, prorrogável por mais um ano (Consulta nº 0015/2005 do Conselho Federal da OAB). E o prazo total não pode ultrapassar três anos (artigo 35 do RGOAB).
Atenção
Os incompatíveis não podem ser inscritos na OAB, mas, ao final do curso de Direito, estão aptos a realizar o Exame de Ordem e, em momento futuro – após aposentadoria, por exemplo –, podem requerer sua inscrição.
Cancelamento e licença
O artigo 11 do EOAB nos apresenta, em seus incisos, as hipóteses de cancelamento da inscrição como advogado. Vejamos: 
O pedido de cancelamento pode ser requerido pelo próprio advogado que não deseja mais exercer a profissão.
O pedido de cancelamento também pode ser imposto como consequência de sanção disciplinar (exclusão), facultando-se ao advogado expulso o direito de solicitar sua habilitação um ano após o cumprimento da sanção – desde que a fundamente com provas efetivas de bom comportamento.
Se falecer, por óbvias razões a família irá requerer o cancelamento da inscrição.
Mais frequente nos Exames de Ordem, este inciso trata de uma hipótese muito comum: quando o advogado passa a exercer atividade incompatível com a advocacia em caráter permanente – como, por exemplo, a carreira no Ministério Público.
A incompatibilidade determina a proibição total para advogar, inclusive, em causa própria – sem exceção. Nesse caso, o cancelamento é solicitado nas hipóteses de incompatibilidade permanente. (artigos 27 e 28 do EOAB)
De acordo com o parágrafo 2º do artigo 11 do EOAB, diante da possibilidade de novo pedido de inscrição, o requerente:
• Terá de fazer prova de capacidade civil;
• Não poderá exercer atividade incompatível;
• Deverá ser idôneo moralmente;
• Precisará prestar novo compromisso perante o Conselho.
Somente na hipótese de exclusão, “o novo pedido de inscrição também deve ser acompanhado de provas de reabilitação” (artigo 11, parágrafo 3º, do EOAB).
Ao dispositivo analisado, acrescentamos, ainda, a hipótese do artigo 22 do RGOAB, segundo a qual o advogado inadimplente com as anuidades devidas à OAB deve quitar seu débito no prazo de três meses após a notificação, sob pena de suspensão.
O cancelamento de sua inscrição também poderá ocorrer quando de sua terceira suspensão, “relativa ao não pagamento de anuidades distintas” (artigo 22, parágrafo único, do RGOAB).
Por fim, o artigo 12 do EOAB trata das situações em que o advogado pede licença por tempo determinado. Essa hipótese é muito comum nos casos de:
• Requerimento do interessado, desde que fundamentado – como para mandato eletivo (inciso I);
• Exercício temporário de atividade incompatível com a advocacia – como ocupação de cargo de confiança ou em comissão (inciso II);
• Sofrimento de doença mental – mas curável (inciso III).
A licença é sempre temporária.
Atenção
Conforme prevê o artigo 4º do EOAB, os atos praticados por não Impedidos, Licenciados, Suspensos ou Incompatíveis são NULOS. 
De acordo com o RGOAB:
“Art. 4º A prática de atos privativos de advocacia, por profissionais e sociedades não inscritos na OAB, constitui exercício ilegal da profissão”.
Isso pode levar às sanções previstas no artigo 47 do decreto-lei nº 3.688/1941 – Lei das Contravenções Penais.
Essa nulidade não poderá ser suprida ou sanada e, ao ser declarada, apagará todos as ações realizadas ab initio.
Impedidos - Advogados que têm restrições ao exercício da advocacia contra determinada pessoa de Direito Público, devido ao fato de possuírem uma das condições dispostas no artigo 30 do EOAB (GONZAGA; NEVES; BEIJATO JUNIOR, 2016, p. 17-18).
Licenciados - Advogados que pediram afastamento temporário – e não definitivo – da atividade, com a interrupção do pagamento da anuidade – artigo 12 do EOAB (GONZAGA; NEVES; BEIJATO JUNIOR, 2016, p. 17-18).
Suspensos - Advogados que sofreram como punição disciplinar a impossibilidade temporária e não definitiva de desempenhar a advocacia – artigo 37 do EOAB (GONZAGA; NEVES; BEIJATO JUNIOR, 2016, p. 17-18).
Incompatíveis - Advogados que passam a exercer cargo [definitivo] que impede o exercício da advocacia, como, por exemplo, a Magistratura – artigo 28 do EOAB (GONZAGA; NEVES; BEIJATO JUNIOR, 2016, p. 17-18).
AULA 3
Ética geral e profissional / Aula 3 - Atividade advocatícia 
Introdução
Nesta aula, estudaremos as particularidades do mandato advocatício, as figuras da renúncia, revogação e substabelecimento sem e com reserva de poderes. Ademais, analisaremos também as regras pertinentes para advocacia pública e para o advogado estrangeiro.
O exercício da advocacia decorre de um contrato de mandato, um vínculo que confere poderes para que um profissional, devidamente habilitado na OAB, possa praticar atos ou administrar interesses em nome de seu constituinte, reforçada pelo art. 103 do CPC, segundo o qual a parte será representada em juízo, por advogado regularmente inscrito na OAB (art. 3º do EOAB).
Sabemos que a lei processual exige a capacidade postulatória e que o bacharel em Direito somente a adquire quando regularmente inscrito no quadro de advogados da OAB de sua Seccional. As suas obrigações resultam dessa relação jurídica que lhe confere poderes. Neste ponto, o artigo 5º do EOAB estabelece que “O advogado postula, em juízo ou fora dele, fazendo prova do mandato”.
A prova deste contrato está na procuração. A procuração é um instrumento desse contrato de mandato em que são explicitados os poderes da representação.
Fonte: Uber Images/ Shutterstock
O parágrafo 1º, do art. 5º do EOAB, estabelece uma exceção quando permite a atividade advocatícia sem procuração, em caso de urgência.
Neste caso, o prazo para apresentar o instrumento é de quinze dias, prorrogável por igual período. Observa-se que a declaração de urgência feita pelo advogado é dotada de presunção legal de veracidade (ver art. 104, § 1º do CPC).
Sobre este ponto, Gonzaga, Neves e Beijato Jr. (2016, p. 19) observam que:
Assim, o instrumento que o habilita postular em juízo é a procuração com cláusula ad judicia.
Esta cláusula o habilita a praticar todos os atos processuais previstos no art. 105, CPC, salvo aqueles mencionados, considerados como poderes especiais, tais como: receber citação, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir dentre outros (Procuração ad 
Assim, o instrumento que o habilita postular em juízo é a procuração com cláusula ad judicia.
Esta cláusula o habilita a praticar todos os atos processuais previstos no art. 105, CPC, salvo aqueles mencionados, considerados como poderes especiais, tais como: receber citação, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir dentre outros (Procuração ad judicia et extra)
Art. 5º EOAB (...)
§ 1º - O advogado, afirmando urgência, pode atuar sem procuração, obrigando-se a apresentá-la no prazo de quinze dias, prorrogável por igual período.
§ 2º - A procuração para o foro em geral habilita o advogado a praticar todos os atos judiciais, em qualquer juízo ou instância, salvo os que exijam poderes especiais.
O contrato entre o cliente e o seu advogado difere dos demais mandatos regulados pela lei civil por causa de sua especificidade, encontra-se em lei especial, a lei 8.906/94
Princípio da informação
Neste ponto do EOAB precisamos combinar com o conteúdo do Código de Ética de 2015, no capítulo que trata das relações com o
cliente. E o primeiro artigo que inaugura este capítulo é o art. 9° do CED em que se observa a regra do princípio da informação segundo o qual o advogado tem o dever de informar o cliente, de modo claro e inequívoco, os eventuais riscos da sua pretensão, e das consequências que poderão advir da demanda.
Acrescenta a regra que deve, também, esclarecer, desde logo, a quem lhe solicite parecer ou patrocínio, qualquer circunstância que possa influir na resolução de submeter-lhe a consulta ou confiar-lhe a causa.
Vejamos o referido artigo:
Art. 9º CED. O advogado deve informar o cliente, de modo claro e inequívoco, quanto a eventuais riscos da sua pretensão, e das consequências que poderão advir da demanda. Deve, igualmente, denunciar, desde logo, a quem lhe solicite parecer ou patrocínio, qualquer circunstância que possa influir na resolução de submeter-lhe a consulta ou confiar-lhe a causa.
Sobre este dever pode-se destacar que o advogado que ocultar informações com a finalidade de “iludir” ou “seduzir” o cliente poderá sofrer processo ético disciplinar (GONZAGA; NEVES; BEIJATO Jr., 2016, p. 264).
Princípio da lealdade
Outra regra importante é a expressa no art. 10 do CED em que o se observa que a relação entre advogado e cliente é uma relação e fidúcia e maculada essa confiança recíproca há a possibilidade de rompimento através da figura da renúncia, revogação ou substabelecimento sem reservas de poderes, conforme veremos mais adiante.
Vejamos o referido artigo:
Art. 10 CED. As relações entre advogado e cliente baseiam-se na confiança recíproca. Sentindo o advogado que essa confiança lhe falta, é recomendável que externe ao cliente sua impressão e, não se dissipando as dúvidas existentes, promova, em seguida, o substabelecimento do mandato ou a ele renuncie.
Renúncia - Desistência de um direito por seu titular, sem o ceder a outra pessoa.
 Princípio da independência
No exercício do mandato conferido em procuração, o advogado atua como patrono da parte, seu cliente, e, nesse mister, deve imprimir à causa orientação que lhe pareça mais adequada, sem se subordinar a intenções contrárias do cliente, mas, antes, procurando esclarecê-lo quanto à estratégia traçada.
Por quê?
Porque possui o conhecimento da ciência e a consciência do melhor caminho. Essa recomendação está expressa no art. 11 
do CED.
Acrescente-se a importância do princípio da informação porque inexistindo subordinação numa relação de fidúcia, é importante esclarecer as estratégias para atender os interesses do cliente.
Vejamos o referido artigo:
Art. 11 CED. O advogado, no exercício do mandato, atua como patrono da parte, cumprindo-lhe, por isso, imprimir à causa orientação que lhe pareça mais adequada, sem se subordinar a intenções contrárias do cliente, mas, antes, procurando esclarecê-lo quanto à estratégia traçada.
Ainda nesse sentido, o art. 24 do CED reforça a tese da independência técnica quando observa que o advogado não se sujeita à imposição do cliente que pretenda ver com ele atuando outros advogados, nem fica na contingência de aceitar a indicação de outro profissional para com ele trabalhar no processo.
Vejamos o referido artigo:
Art. 24 CED. O advogado não se sujeita à imposição do cliente que pretenda ver com ele atuando outros advogados, nem fica na contingência de aceitar a indicação de outro profissional para com ele trabalhar no processo.
Prestação de contas
O dever de prestação de contas expresso no art. 12 do CED que assevera:
A conclusão ou desistência da causa, tenha havido, ou não, extinção do mandato, obriga o advogado a devolver ao cliente bens, valores e documentos que lhe hajam sido confiados e ainda estejam em seu poder, bem como a prestar-lhe contas, pormenorizadamente, sem prejuízo de esclarecimentos complementares que se mostrem pertinentes e necessários. Parágrafo único. A parcela dos honorários paga pelos serviços até então prestados não se inclui entre os valores a ser devolvidos.
A prestação de contas é um dever e direito do advogado, sob pena de ação de exigir contas, na forma do art. 550 a 553, do CPC, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, prevista no art. 34, inciso XXI do EOAB.
Se a prestação do serviço advocatício chegou ao fim, deve-se restituir os documentos, prestar contas de eventuais valores recebidos em seu nome, despesas realizadas no curso do processo, sem prejuízo de outros esclarecimentos. Vejamos algumas decisões do Conselho Federal 
da OAB:
RECURSO N. 49.0000.2016.004652-2/SCATTU. (...) Recurso ao Conselho Federal. Locupletamento e ausência injustificada de prestação de contas. Levantamento de alvará e retenção indevida dos valores devidos ao cliente. A prestação de contas é obrigação legal imposta ao advogado, que somente se aperfeiçoa com a efetiva entrega dos valores devidos ao cliente, não sendo suficiente a mera apresentação de cálculos. Para sua configuração, desnecessária qualquer manifestação prévia do cliente, pois decorre de obrigação legal imposta ao profissional, que tem o dever de tomar a iniciativa de prestar as contas ao seu cliente. Recurso parcialmente provido, apenas para excluir da condenação a multa acessoriamente cominada. Brasília, 29 de agosto de 2016. Renato da Costa Figueira, Presidente em exercício e Relator para o acórdão. (DOU, S.1, 05.09.2016, p. 120).
A extinção do mandato
A extinção do mandato ocorre com o término da prestação do serviço conforme estabelece o art. 13 do CED:
“Concluída a causa ou arquivado o processo, presume-se cumprido e extinto o mandato”.
Este artigo deve ser lido com o art. 18 do CED que observa que o mandato não se extingue pelo decurso
de tempo, salvo se expresso no instrumento de mandato. Esta questão é importante porque a OAB
em exames antigos indagava com frequência se a procuração, como
instrumento do mandato, teria prazo de validade.
Assim, podemos responder com tranquilidade que não, sua vigência está vinculada à presunção do 
art. 13, salvo situação de renúncia, revogação ou substabelecimento sem reservas de poderes.
Revogação - Ação ou resultado de revogar, de tornar sem efeito; anulação; extinção.
ATENÇÃO
Ocorre que este artigo deve estar relacionado, também, ao sentido do art. 14 do CED porque em certas ocasiões o advogado poderá receber convites de potenciais clientes para assumir uma causa que já tem, em verdade, patrono constituído nos autos. Esse tipo de convite deve ser analisado com muita cautela. É possível verificar situações em que a parte confunde a demora no andamento processual com a desídia de seu patrono e, por desconhecer as regras deontológicas da advocacia, procura novo patrono sem, no entanto, dar ciência de sua insatisfação e desejo de romper o contrato com o patrono constituído.
Recomenda-se que o advogado verifique e converse com o patrono constituído nos autos antes de qualquer ato, salvo se estiver diante de medidas reputadas inadiáveis e urgentes. Há o princípio do coleguismo e solidariedade reforçado no art. 14 do CED em que se lê: “O advogado não deve aceitar procuração de quem já tenha patrono constituído, sem prévio conhecimento deste, salvo por motivo plenamente justificável ou para adoção de medidas judiciais urgentes e inadiáveis”.
Os dois artigos do CED são importantes porque fazem parte do cotidiano do mandato advocatício e aceitar a procuração de quem já tenha patrono constituído, sem a ciência deste, sem ser uma situação excepcional para medidas urgentes, poderá ensejar infração ético disciplinar.
Gonzaga, Neves e Beijato Jr. (2016, p. 271) fazem uma observação importante, a esse respeito:
O art. 13 determina que o advogado não aceite procuração de quem já tenha advogado constituído, sem lhe dar ciência prévia. Caso, contudo, estejamos já diante de causa concluída ou de processo arquivado, por se presumir extinto o mandato, nos termos do art. 12, não será necessário dar ciência prévia ao advogado anteriormente constituído.
Os princípios da fidelidade e diligência
O art. 15 do CED observa que o advogado não
deve deixar ao abandono ou ao desamparo as
causas sob seu patrocínio, sendo recomendável que, em face de dificuldades insuperáveis ou
inércia do cliente quanto a providências que lhe tenham sido solicitadas,
renuncie ao mandato.
A bem da verdade, mais uma vez, não podemos confundir a desídia do advogado com a demora no
trâmite processual. Para configurar a desídia deverá existir a situação de abandono sem justo motivo.
Conforme prelecionam Gonzaga, Neves e Beijato Jr. (2016) o justo motivo poderia ser motivo de
saúde do advogado.
Vejamos este julgado do Conselho Federal em que se observa uma hipótese de abandono na qual o advogado deixou o feito, sem comunicar o fato ao cliente em flagrante descaso:
RECURSO N. 49.0000.2013.008382-9/OEP. (...) não há nos autos documentos enviados aos seus clientes ou ao procurador destes noticiando a renúncia. Ciência da desistência do patrono por meio de intimação do juízo, após um ano e três meses do seu protocolo no Judiciário. Abandono de causa caracterizado tanto pela ausência de notificação como pelo período em que o processo ficou paralisado. Brasília, 30 de novembro de 2015. Claudio Pacheco Prates Lamachia, Presidente. Pedro Paulo Guerra de Medeiros, Relator ad hoc. (DOU, S.1, 11.12.2015, p. 202-203)
É importante acrescentar a conduta do advogado que muda de endereço inviabilizando contado do constituinte e deixa o cliente em desamparo, sem realizar ato algum processual. Esta situação difere daquele que por esquecimento não informa o novo endereço, mas continua diligente realizando atos necessários para o andamento processual.
A conduta ilibada e sigilo profissional
Os princípios da conduta ilibada e do sigilo profissional expressos no art. 21 e 22 do CED observam a hipótese
de sigilo profissional ao postular em nome de terceiros, contra ex-cliente ou ex-empregador.
Bem como abster-se de patrocinar causa contrária à validade ou legitimidade de ato jurídico em cuja formação haja
colaborado ou intervindo de qualquer maneira e situações similares.
O que se observa é a situação de o advogado utilizar informações recebidas em razão da profissão contra o próprio ex-cliente. Não há consenso sobre o prazo mínimo entre a extinção do mandato e a possibilidade de advogar contra ex-cliente, em algumas Seccionais encontramos a sugestão de prazo de dois anos.
Sobre o art. 22 do CED, Gonzaga, Neves e Beijato Jr. (2016, p. 284) oferecem uma lúcida observação:
O advogado que atua para a constituição de determinado ato jurídico não pode, após constituído o ato, impugnar-lhe a validade ou legitimidade, uma vez que tal ato iria de encontro a sua atuação anterior, violando o próprio sigilo da relação mantida anteriormente. (...) é dever do advogado revelar tais circunstâncias ao ser procurado, declinando seu impedimento ético, portanto.
Advogado ou Preposto
Existe a expressa proibição que o advogado funcione, no mesmo processo, ao mesmo
tempo, como patrono e preposto do empregador ou cliente, conforme estabelece o
art. 25 do CED, porque são duas figuras diferentes: “o preposto é o sujeito nomeado
para representar outro em juízo, ao passo que o advogado representa tecnicamente
seu cliente, exercendo sua capacidade postulatória”
(GONZAGA; NEVES; BEIJATO Jr., 2016, p. 287).
Conflito de interesses
O art. 19 do CED observa um princípio ético importante segundo o qual é vedada ao advogado
ou sociedade de advogados a representação de clientes com interesses opostos.
O presente dispositivo poderá ser analisado em conjunto com a norma expressa no art. 355,
parágrafo único do Código Penal, em que se observa o crime de tergiversação ou
patrocínio simultâneo.
Acrescente-se que sociedade de advogados ou escritório de advocacia, não pode estar,
simultaneamente, no polo passivo e ativo, numa mesma causa judicial.
Com base neste princípio ético, o art. 20 do CED assevera que nas hipóteses de conflitos de interesse entre constituintes e não conseguindo o advogado harmonizá-los, caber-lhe-á optar, com prudência e discrição, por um dos mandatos, renunciando aos demais, resguardado sempre o sigilo profissional. Essa poderá ser a hipótese de litisconsórcio ou a hipótese de divórcio consensual, por exemplo. Se não há mais concordância entre os constituintes deve-se optar um por um deles.
Não há causa criminal indigna de defesa
O art. 23 do CED estabelece que:
“É direito e dever do advogado assumir a defesa criminal, sem considerar sua própria opinião sobre a culpa do acusado”.
E no seu parágrafo único:
“Não há causa criminal indigna de defesa, cumprindo ao advogado agir, como defensor, no sentido de que a todos seja concedido tratamento condizente com a dignidade da pessoa humana, sob a égide das garantias constitucionais”.
No Estado Democrático de Direito, todos possuem o direito à ampla defesa e ao contraditório, uma garantia constitucional. A advocacia tem, por conseguinte, papel fundamental na defesa dos direitos fundamentais, direitos humanos, pugnar pelo cumprimento da Constituição, por isso não há causa criminal indigna de defesa.
Da Renúncia ou Revogação do Mandato
Art. 5º, EOAB
§ 3º - O advogado que renunciar ao mandato continuará, durante os dez dias seguintes
à notificação da renúncia, a representar o mandante, salvo se for substituído antes do
término desse prazo.
O cliente ou advogado podem encerrar o contrato de mandato a qualquer tempo. Para tanto,
temos a figura da revogação ou renúncia, ou ainda o advogado pode substabelecer sem reservas
de poderes a outro advogado, desde que haja prévio consentimento do cliente.
O que temos que respeitar é a recomendação da OAB no sentido de que o advogado não deve abandonar
a causa ou desamparar seu cliente (art. 15, CED) e que em qualquer caso, seja renúncia, seja revogação, a
outra parte deverá ser cientificada.
A renúncia por parte do Advogado é um ato unilateral e implica omissão do motivo (art.16 do CED). Trata-se de uma das formas de extinção do mandato. Por conseguinte, o advogado renunciante deverá cientificar seu cliente para que constitua outro profissional no prazo de 10 dias.
Observa-se que o advogado deve comprovar haver cientificado o seu cliente, uma vez que o termo inicial para a contagem do prazo de 10 dias, em que continua a representá-lo, se conta a partir da data da notificação. Nesse sentido, deverá notificar seu cliente, preferencialmente, por meio de carta com aviso de recebimento e, em seguida, comunicar o juízo (art. 6° RGOAB e art. 112, CPC).
A revogação tácita é aquela que ocorre quando há simples outorga de nova procuração sem ressalvar a procuração anterior. Postura que deve ser evitada. Sabemos que nessa hipótese o cliente será orientado por novo advogado que, por sua vez, deverá observar a recomendação ética de não aceitar procuração de quem já tenha patrono constituído nos autos.
O novo patrono deverá esclarecer ao cliente potencial que este deverá, em primeiro lugar, revogar a procuração anterior dando plena ciência ao advogado da sua intenção e ajustar honorários proporcionais pelos serviços prestados até a data da revogação. A parte ficará obrigada a comunicar a revogação ao antigo mandatário, conforme estabelece o art. 111, CPC.
Neste ponto, observar Gonzaga, Neves e Beijato Jr. (2016, p. 275): “ao renunciar ao mandato, deve o advogado comunicar formalmente ao seu cliente, a fim de que este possa constituir outro causídico. Caso não comunique, o advogado permanecerá responsável pelo feito”.
Poderá ocorrer a contratação de novo patrono antes de findar o prazo de 10 dias, nesta hipótese o advogado renunciante ficará liberado antecipadamente. O cliente poderá optar por revogar o mandato conferido em procuração, com omissão de motivo. Há a possibilidade de revogação voluntária do mandato, podendo ser tácita ou expressa.
Ressalte-se que revogação por vontade do cliente ou renúncia por parte do
advogado não desobriga o pagamento dos honorários devidos até o momento da
prestação dos serviços advocatícios, ou seja, proporcionais ao trabalho realizado,
inclusive
os honorários de sucumbência calculados na proporção da efetiva atuação
do advogado (art. 17, CED).
Do substabelecimento com ou sem reservas de poderes
O Código de Ética e Disciplina de 2015 esclarece em seu art. 24 que o advogado não é obrigado a aceitar a indicação de outro advogado para atuar com ele no processo. Assim, além da renúncia temos a possibilidade de substabelecer com ou sem reservas de poderes a outro advogado.
Dois tipos de substabelecimento diferentes. Vamos conhecê-los:
1º: O primeiro tipo é o substabelecimento com reservas de poderes em que o advogado que está na procuração outorgada, transfere alguns poderes se reservando a condição de patrono do cliente. Trata-se de ato pessoal do advogado e não exigirá o conhecimento do seu cliente, uma vez que o advogado permanece como patrono da causa (art. 26, caput do CED).
Recomenda-se nesta hipótese ajustar os honorários, pois somente o advogado substabelecente poderá levantar os honorários (art. 26, § 2° do CED). Por que um advogado substabelece com reservas de poderes? Porque precisa da colaboração de outro colega para atuar na causa, precisa ainda da colaboração do estagiário na forma do art. 29, § 1º do RGOAB.
2º: O segundo tipo de substabelecimento é o substabelecimento sem reservas de poderes. Este tipo romperá o contrato de mandato e deve ser feito com a devida cautela, pois o advogado está obrigado a cientificar previamente o seu cliente. Por quê? Porque quando substabelece sem reservas de poderes está transferindo todos os poderes recebidos em procuração para outro advogado, imediatamente e, se a relação é de fidúcia, só poderá fazê-lo se autorizado pelo cliente.
Ressalte-se, por fim, que o advogado que respeita as regras deontológicas estabelecidas pela OAB não aceita procuração de quem já tenha patrono constituído, sem o prévio conhecimento do colega de profissão.
Na eventual hipótese de ser procurado para patrocinar causa em que já exista patrono constituído, deve-se em primeiro lugar examinar os autos, em seguida procurar o advogado para saber se renunciará ou se prefere substabelecer sem reservas. Jamais atravesse uma procuração antes da renúncia ou substabelecimento sem reservas do advogado da causa (art. 14, CED).
Advocacia Pública
O EOAB estabelece que os inscritos na OAB são denominados advogados e possuem capacidade postulatória (Art.3º, EOAB). Nesse sentido, como Lei em sentido formal e material, estabelece que exercem a atividade de advocacia os integrantes da Advocacia Geral da União, Procuradoria da Fazenda Nacional, da Defensoria Pública e das Procuradorias e Consultorias Jurídicas dos estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das respectivas entidades de administração indireta e fundacional (AO RGOAB observa, também, que os advogados públicos são elegíveis e podem integrar qualquer órgão da OAB (art. 9º, RGOAB). Como inscritos sujeitam-se ao regime do EOAB, RGOAB, CED, inclusive quanto às sanções disciplinares como os advogados privados, sem prejuízo do regime próprio a que se subordinem (art. 10, RGOAB).rt.3º, §1º, EOAB).
Provimentos do CFOAB n° 114/2006
O Provimento 114/2006 dispõe sobre a Advocacia Pública. O relator foi o Conselheiro Federal da OAB representante do Piauí, Nelson Nery Costa e resulta dos estudos implementados por uma comissão criada na OAB — Comissão Especial da Advocacia Pública (Fonte: Associação Nacional dos Procuradores Municipais – ANPM). Assim, após a leitura do art. 3º, § 1º EOAB devemos analisar o Prov. 114/2006 com as regras específicas para a carreira.
No art. 1º, do Provimento 114/2006, encontramos a definição para “advogado público”. A OAB estabelece que “A advocacia [pública] é exercida por advogado inscrito na OAB, que ocupe cargo ou emprego público ou de direção de órgão jurídico público, em atividades de representação judicial, de consultoria ou de orientação judicial e defesa dos necessitados”.
Carreiras da advocacia pública
O art. 2º, Prov. 114/2006, apresenta o rol das carreiras da advocacia pública e devemos combinar este artigo com os seguintes artigos 131, 132 e 134 da CRFB/1988, bem como o art. 75 do CPC. Assim, podemos afirmar que exercem a advocacia:
Inscrição na OAB
O advogado público deve ter inscrição principal perante o Conselho Seccional da OAB em cujo território tenha lotação (art. 3º Prov. 114/2006). Se o for transferido para o território de outra Seccional, ficará dispensado do pagamento da inscrição no território da nova Seccional, desde que já tenha efetuado o pagamento da anuidade na Seccional primitiva (art. 3º, parágrafo único, Prov. 114/2006).
A aprovação em concurso para cargo da advocacia pública não afasta a obrigatoriedade de aprovação em exame de ordem (art. 4º do Prov. 114/2006). Ocorre que o advogado público deve ter inscrição principal perante o Conselho Seccional da OAB em cujo território tenha lotação 
ou domicílio.
Independência técnica do advogado público
É dever do advogado público a independência técnica, exercendo as atividades de acordo com suas convicções profissionais e em estrita observância aos princípios constitucionais da administração pública (art. 5º, Prov. 114/2006), a saber:
O novo Código de Ética e Disciplina da OAB de 2015 inovou ao trazer um capítulo específico para a advocacia pública e, nesse sentido, no capítulo II, encontramos o art. 8º que estabelece a obrigatoriedade de cumprimento dos preceitos éticos estabelecidas pela OAB, reforça a independência técnica e destaca o dever de urbanidade.
Assim, vejamos o dispositivo em comento:
Art. 8º, CED. As disposições deste Código obrigam igualmente os órgãos de advocacia pública, e advogados públicos, incluindo aqueles que ocupem posição de chefia e direção jurídica.
§ 1º O advogado público exercerá suas funções com independência técnica, contribuindo para a solução ou redução de litigiosidade, sempre que possível.
§ 2º O advogado público, inclusive o que exerce cargo de chefia ou direção jurídica, observará nas relações com os colegas, autoridades, servidores e o público em geral, o dever de urbanidade, tratando a todos com respeito e consideração, ao mesmo tempo em que preservará suas prerrogativas e o direito de receber igual tratamento das pessoas com as quais se relacione.
Impedimento para advogar
Os advogados públicos advogam na categoria de advogados impedidos, ou seja, advogam com restrição, na forma do art. 30, I, EOAB. Todos são advogados, inscritos, também, na OAB, mas em razão do exercício da advocacia pública há uma diminuição da amplitude do exercício. Essa restrição cessará com a aposentadoria (art. 7° do Prov. 114/2006).
Temos a restrição geral prevista no art. 30, inciso I, do EOAB, mas não impede que a instituição estabeleça restrição ainda maior como é o caso da AGU e da Defensoria Pública, por exemplo, em que o advogado não poderá advogar privadamente.
O advogado estrangeiro ou brasileiro formado no exterior, exceto o português, não poderá atuar no procuratório nacional em nenhuma hipótese. Atuará apenas como consultor em Direito de seu país de origem. É o que estabelece o art. 1° do Prov. 91/2000 que dispõe sobre a atividade de consultores e sociedades de consultores em direito estrangeiro no Brasil.
Art. 1º. O estrangeiro profissional em direito, regularmente admitido em seu país a exercer a advocacia, somente poderá prestar tais serviços no Brasil após autorizado pela Ordem dos Advogados do Brasil, na forma deste Provimento.
§ 1º. A autorização da Ordem dos Advogados do Brasil, sempre concedida a título precário, ensejará exclusivamente a prática de consultoria no direito estrangeiro correspondente ao país ou estado de origem do profissional interessado, vedados expressamente, mesmo com o concurso de advogados ou sociedades de advogados nacionais, regularmente inscritos ou registrados na OAB:
I - o exercício do procuratório judicial;
II - a consultoria ou assessoria em direito brasileiro.
O referido art. 1° em seu parágrafo 2° estabelece também que a sociedade de advogados e os consultores estrangeiros

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais