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APOSTILA DE AÇÃO PENAL PROCESSO PENAL I

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CURSO DE DIREITO
PROCESSO PENAL I
PROFESSOR : RENÉ ALMEIDA
PROCESSO PENAL I
AÇÃO PENAL
CONCEITO
É o direito de pedir a tutela jurisdicional relacionada a um caso concreto. Com a ocorrência de um crime nascerá para o Estado o persecutio criminis, ou seja, o direito/dever de submeter o autor dos fatos ao processo penal para que seja aplicada a pena. A persecutio criminis se divide em duas fases distintas, quais seja, em fase investigatória (pré-processual) e a fase judicial.
Em termos constitucionais, o direito de ação fundamenta-se no art. 5°., XXXV, da CF. Ao dispor que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça do direito” 
CARACTERISTICAS
Direito Público:a atividade jurisdicional que se pretende provocar é de natureza pública. 
Direito Subjetivo:primeiro porque é um direito que tem titular e segundo porque o titular tem o direito de exigir do estado à prestação jurisdicional;
Direito Específico:o direito de ação deve estar relacionado a um caso concreto, não podendo ser utilizado para discutir, por exemplo, teses doutrinários.
CONDIÇÕES DA AÇÃO PENAL
São necessárias para o exercício regular da ação. Elas subdividem-se em genéricas e específicas. As genéricas são as que estão presentes em toda e qualquer ação penal e as específicas são apenas para algumas, também recebem o nome de condição de procedibilidade(tem doutrinador, porém que utiliza esta expressão como sendo sinônimo das condições específicas). Ex. de condições específicas a representação, a requisição. Exigência de requisição do Ministro da Justiça para ingresso de ação penal por crime contra a honra do Presidente da República (art. 145, § único, CP)
CONDIÇÕES GENÉRICAS:
1) POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO: o pedido que se endereça ao juízo é o de condenação do acusado a uma pena ou medida de segurança. Para ser possível deve encontrar amparo no ordenamento jurídico. (Extingue-se o processo sem julgamento do mérito, art. 267, VI, do CPC), ou após oferecida a defesa dos arts. 396 e 396-A do CPP, dar causa à absolvição sumária do agente (art. 397, III do CPP). 
2) LEGITIMIDADE PARA AGIR: (quem é que pode ajuizar a ação)
Pólo ativo O MP na ação penal pública e o ofendido na ação penal privada.(arts. 24, 29, 30 CPP)
Pólo passivo é o culpado pelo agente do fato delituoso.
 Legitimidade extraordinária Ou seja, alguém age em nome próprio na defesa de interesse alheio. (art. 6º, do CPP). Pode ocorrer esse fenômeno no processo penal? Resposta: ação penal privada; e, art. 68 do CPP, no caso de vítima pobre o MP pode propor ação civil ex delito.
Obs: O art. 68 do CPP é dotado de uma inconstitucionalidade progressiva, ou seja, nos municípios em que não houver defensoria pública o art. 68 continua válido. 
Diante do aparente descompasso entre o artigo 68 do Código de Processo Penal e artigos 127 e 134 da Constituição Federal, o Supremo Tribunal Federal se manifestou e (prudentemente) não declarou, de imediato, a inconstitucionalidade daquele. Adotou o Colendo Tribunal uma posição intermediaria entre estado de plena constitucionalidade ou de absoluta inconstitucionalidade (RE 341.717-SP), abraçando a chamada teoria da inconstitucionalidade progressiva. 
b)Legitimidade concorrente Ou seja, duas ou mais pessoas estão autorizadas legalmente a agir. Quem vir a propor primeira irá afastar o outro. Pergunta-se: Existe tal modalidade no Processo Penal? Resposta: sim. Nas seguintes hipóteses:
 Súmula 714 do STF714. É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções.
 Ação penal privada subsidiaria da pública, depois de decorrido o prazo do MP para oferecimento da denúncia.
3) INTERESSE DE AGIR : Para que a ação penal seja admitida é necessária a existência de indícios suficientes de autoria e de materialidade a ensejar sua propositura.
4) Justa causa: a ação só pode ser validamente exercida se a parte autora lastrear a inicial com um mínimo probatório que indique os indícios de autoria e da materialidade delitiva, e da constatação de infração penal em tese (art. 395 III, CPP) 
CONDIÇÕES ESPECIFICAS
as condições genéricas devem estar presentes em toda e qualquer ação penal. Já as condições especificas, como o próprio nome informa, só estão presentes em algumas hipóteses.
Representação do ofendido;
Requisição do Ministro da Justiça;
Exibição do jornal ou periódico nos crimes de imprensa;
Condição de militar no crime de deserção;
CLASSIFICAÇÃO
AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA
TITULARIDADE
 O Ministério Público detém a titularidade exclusiva da ação penal pública, seja ela incondicionada ou condicionada (CF, art. 129, I), promovendo desde a peça inicial (denúncia) cujo prazo réu preso é de05 (cinco) dias e réu soltoé de15 (quinze) dias até os termos finais, fiscalizando a seqüência dos atos processuais e zelando pela observância da lei (art. 100, § 1° CP, e art. 24, caput do CPP). Exceção: art. 5°, LIX da CF, caso o MP não ofereça denúncia no prazo legal, é admitida a ação penal privada subsidiaria, proposta pelo ofendido ou seu representante legal.
AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA: seu exercício não depende de qualquer condição. É aquela que para ser iniciada independe da manifestação de vontade da vitima ou de quem quer que seja. Nessa ação, a vontade da vitima é irrelevante. Atualmente, a ação pública incondicionada corresponde à aproximadamente 90% dos crimes.
Observação: a respeito do prazo para oferecimento da denúncia pelo MP, no tráfico de drogas (Lei n. 11.343/06), o prazo será de 10 (dez) dias (preso ou solto). O mesmo prazo (10 dias, preso ou solto) será seguido nos crimes eleitorais. Nos crimes contra a economia popular (Lei n. 1.521/51) o prazo será de 02 dias (prezo ou solto). Finalmente, a Lei de abuso de autoridade (Lei n. 4.868/64) prevê o prazo de 48 horas (preso ou solto)
PRINCÍPIOS
a) PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE: havendo indícios de autoria e prova da materialidade quanto a pratica de um fato típico e não se fazendo presentes causas extintivas da punibilidade (ex. morte do agente, prescrição) não pode o MP, como regra, deixar de ajuizar ação penal. Exceção: Juizado Especial Criminal, transação penal prevista nas Leis 9.099/95, art. 76, e 10.259/01, admitida na CF, art. 98, I.
b) PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE: uma vez ajuizada ação penal, dela não pode desistir o MP, consoante proibição expressa incorporada ao art. 42 do CPP.
c) PRINCIPIO DA OFICIALIDADE: a ação penal pública será deflagrada por iniciativa de órgão oficial, o MP, independentemente da manifestação de vontade expressa ou tácita de qualquer pessoa. O prazo conferido ao MP para oferecimento da denúncia é impróprio, não esta sujeito à preclusão.
d) PRINCIPIO DA AUTORITARIEDADE: são as autoridades públicas os encarregados da persecução penal.
e) PRINCIPIO DA OFICIOSIDADE: os encarregados da persecução penal devem agir de ofício, independentemente de provocação.
f) PRINCÍPIO DA DIVISIBILIDADE: havendo mais de um suposto autor do crime, nada impede que venha o MP a ajuizar a ação penal apenas em relação a um ou alguns deles, relegando a propositura quanto aos demais para momento posterior.
g) PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA: a ação penal só pode ser proposta contra a pessoa a quem se imputa a prática do delito. Decorre da garantia constitucionalestatuída no art. 5° XLV, CF, “nenhuma pena passará da pessoa do condenado”.
AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA A REPRESENTAÇÃO
Conceito: 
é aquela cujo exercício se subordina a uma condição. Essa condição tanto pode ser a manifestação de vontade do ofendido ou de seu representante legal (representação) como também a requisição do Ministro da Justiça.
Ação penal pública condicionada à representação
O MP, titular dessa ação, só pode a ela dar inicio se a vitima ou seu representante legal o autorize, por meio de uma manifestação de vontade. O crime afeta tão profundamentea esfera intima do individuo, que a lei, a despeito da sua gravidade, respeita a vontade daquele, evitando o escândalo do processo se torne um mal maior para o ofendido do que a imputabilidade dos responsáveis.
Sem a permissão da vitima, nemse quer poderá ser instaurado inquérito policial (CPP, art. 5°, § 4°).
Exemplo. Crime de lesão corporal leve (CP, art. 129, caput, c/c o art. 88 da Lei. 9.099/95); perigo de contagio venéreo (CP, art. 130, § 2°); crime contra a honra de funcionário público, em razão de suas funções (art. 145, II, c/c 145, § único); ameaça (art. 147, § único). A Lei 12.015/09 modificou Titulo VI do CP,de “crimes contra os costumes” para “crimes contra a dignidade sexual” os arts. 213 a 218 B do CP passarama ser apurados como regra ação penal pública condicionada a representação, salvo se a vitima for menor de 18 anos ou pessoa vulnerável (ação penal pública incondicionada), ). Injuria por preconceito de raça, cor, etnia, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência Lei 12.033/09.
Natureza jurídica da representação: é de condição de procedibilidade.
 Direcionamento: de acordo com o art. 39 do CPP, a representação pode ser direcionada ao MP, ao Delegado de Policia e ao Juiz.
Forma da representação: não há necessidade de formalismo, que pode ser oferecida oralmente ou por escrito, inclusive por procurador do ofendido, desde que tenha poderes especiais. Art. 39, § 1°, CPP.
Há julgados dizendo que um simples boletim de ocorrência ou exame de corpo de delito, já seria representação.
Legitimados para o oferecimento da representação: Ofendido maior e capaz (18 anos); menor de 18 anos/representante legal (ver art. 33, CPP); Pessoas jurídicas (art. 37, CPP); Morte do ofendido, ocorre sucessão processual, CADI (cônjuge, ascendente, descendente, irmão) 
 Irretratabilidade: a representação é irretratável após o oferecimento da denúncia (CPP, art. 25,CPP; art. 102,CP). A retratação só pode ser feita antes de oferecida a denúncia, pela mesma pessoa. A revogação da representação após esse ato processual não gerará qualquer efeito.
A retratação da retratação, ou seja, o desejo do ofendido de não mais abrir mão da representação, não pode ser admitida. No momento em que se opera a retratação, verifica-se a abdicação da vontade de ver instaurado o inquérito policial ou oferecida a denúncia, com a consequente extinção da punibilidade do ator. 
Atenção à Lei Maria da Penha -11.340/06, art. 16. 
(Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público.) 
Prazo: o art. 38 do CPP, estabelece o prazo para oferecimento da representação, será de seis meses, contados do dia em que o ofendido vier a saber quem foi o autor do crime, sob pena de decadência. 
 Não vinculação: a representação não obriga o MPa oferecer a denúncia, devendo este analisar se é ou não caso de propor a ação penal, podendo concluir pela sua instauração, pelo arquivamento do inquérito, ou pelo retorno dos autos à policia, para novas diligencias.
O art. 127, § 1°, da CF confere aos membros do MPa independência funcional no sentido de tomarem suas decisões, no exercício das funções, de acordo com própria convicção, sendo que tais decisões só poderão ser eventualmente revista pelo Procurador-Geral de Justiça.
Se o juiz discorda do pedido de arquivamento do MP, aplicará a regra do art. 28, do CPP, remetendo os autos ao Procurador-Geral de Justiça, a quem incumbirá dar a palavra final.
“Processo Penal – Representação – Arquivamento. Assentada jurisprudencial do Tribunal sobre legalidade do arquivamento de representação criminal, determinado pelo Procurador-Geral a quem cabe decidir, em última instancia, quanto à propositura da ação penal” (STJ – Relator Ministro José Dantas – RSTJ 83/298).
“Ação pública condicionada à representação – Arquivamento de representação solicitada pelo Ministério Público- Recurso - Impossibilidade. É irrecorrível a decisão judicial que, acolhendo solicitação do Parquet, determinar o arquivamento de representação do ofendido. Muito embora através da representação a lei confira ao ofendido uma parcela de vontade sobre a instauração do processo-crime, tratando-se de ação penal publica, somente o Ministério Público, na qualidade de dominus litis, pode avaliar se os fatos levados a seu conhecimento constituem crime na forma do estatuto repressivo, com a finalidade de dar inicio à ação penal”(TRF – 4° Região – AP 403.226-07 – Rel. Des. Tânia Escobar – DJU 31/07/1996 – pg. 53.129).
REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA
É uma condição específica de procedibilidade. Exemplo.: crime contra a honra do Presidente da República (art. 145, parágrafo único CP). Requisição não é sinônimo de ordem. O MP não está obrigado a denunciar por conta desta requisição. 
 Prazo: não está sujeito a prazo decadencial, porém o crime está sujeito à prescrição;
 Retratação: alguns doutrinadores não admitem (Capez e Paulo Rangel) outros admitem (LFG, Nucci e Denilson Feitosa), até o oferecimento da denúncia. Não vincula o MP, porque a Ação Penal continua sendo pública.
AÇÃO PENAL PRIVADA
Conceito: é aquela em que o Estado, titular exclusivo do direito de punir, transfere a legitimidade para a propositura da ação penal à vitima ou a seu representante legal. Vale ressaltar, que mesmo na ação privada, o Estado continua sendo o único titular do direito de punir e, portanto, da pretensão punitiva.
O direito de punir todo aquele que cometeu um ilícito penal (jus puniendi) é sempre do Estado. Tanto é assim que somente o Estado, através do juiz, pode aplicar uma pena. Para exercer, em nome do Estado, o direito de acusar em juízo (jus accusationis), há um órgão oficial especialmente concebido para esse fim que é o Ministério Público. Em determinadas situações, porém, o Estado transfere ao particular o direito de acusar. Ou seja, o jus accusationis que, normalmente, tem como titular o MP, em hipóteses expressamente previstas na lei, é transferido para o particular. É o que ocorre na ação penal privada.
São três motivos que justificam a existência da ação penal privada:
O delito atingiu de forma imediata (direta) a vitima e apenas de forma mediata (indireta) a sociedade.
O bem jurídico atingido é muito particular, pessoal,subjetivo, por isso, cabe ao ofendido decidir se quer ou não o processo.
O chamado strepitusprocessusou strepitusjudicii, ou seja, o escândalo do processo
Fundamento: evitar que o escândalo processual provoque no ofendido um mal maior do que a impunidade do criminoso, decorrente da propositura da ação penal.
Titular: o ofendido ou seu representante legal (CP, art. 100, § 2°, CPP, art. 30). O autor denomina-se querelante e o réu, querelado. No caso de morte do ofendido, o direito de queixa passa a seu cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (CPP, art.31). 
 Princípio da oportunidade ou conveniência: o ofendido tem a faculdade de propor ou não a ação de acordo com a sua conveniência, ao contrario da pública. Neste caso a autoridade policial se deparar com uma situação de flagrante delito de ação privada, ela só poderá prender o agente se houver expressa autorização do particular (CPP, art. 5°, § 5°).
 Princípio da disponibilidade: a decisão de prosseguir ou não até o final é do ofendido. É uma decorrência do principio da oportunidade.
 Princípio da indivisibilidade:previsto no art. 48 do CPP, o ofendido pode escolher entre propor ou não a ação. Não pode escolher dentre os ofensores qual irá processar. Ou processa todos, ou não processa nenhum. O MP, não pode aditar a queixa para nela incluir os outros ofensores, porque estaria invadindo a legitimação do ofendido.
 Princípio da intranscendência: a ação penal só pode ser proposta em face do autor e do participe da infração penal, não podendo se estender a quaisquer outras pessoas.
Espécies de ação penal privada:Exclusivamente privada ou propriamente dita, personalíssima, subsidiária da pública.
EXCLUSIVAMENTE PRIVADA, OU PROPRIAMENTE DITA
Pode ser proposta pelo ofendido, se maior de 18 anos e capaz; por seu representante legal, se o ofendido for menor de 18 anos; ou, no caso de morte do ofendido ou declaração de ausência, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (CPP, art. 31)
AÇÃO PRIVADA PERSONALÍSSIMA
Sua titularidade é atribuída única e exclusivamente ao ofendido, sendo o seu exercício vedado até mesmo ao seu representante legal, inexistindo, ainda, sucessão por morte ou ausência. Falecendo o ofendido, nada há de que se fazer a não ser aguardar a extinção da punibilidade do agente. Só há um exemplo que é o crime de induzimento a erro essencial ou ocultação de impedimento, previsto no CP, artigo 236, parágrafo único. Obs. Seria também o adultério, mais foi revogado este artigo.
Se o ofendido for menor de 18 anos, ou ter enfermidade mental, não poderá ser exercida, devido a incapacidade. Resta apenas aguardar a cessação da sua incapacidade.
Induzimento a Erro Essencial e Ocultação de Impedimento
Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganadoe não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.
AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA
Prevista no art. 29 do CPP e ocorre quando o crime é originalmente de ação pública, condicionada ou incondicionada, quando o MP ao receber o inquérito policial que apura o crime, deixar de denunciar no prazo legal, sendo cinco dias indiciado preso e de quinze dias o indiciado solto. Findo esse prazo, sem que o MP tenha se manifestado (ficado omisso), surge para o ofendido o direito de oferecer queixa subsidiária em substituição à denuncia. É a única exceção prevista na própria CF, à regra da titularidade exclusiva do MP sobre ação pública (CF, art. 5°, LIX, e 129, I).
Só tem lugar no caso de inércia do MP, jamais na hipótese de arquivamento do inquérito, ou o retorno do mesmo a Delegacia para novas diligencias conforme entendimento pacifico do STF.
Observação: AÇÃO PENAL POPULAR ocorreria nos casos de habeas corpus e nos termos da Lei n. 1.079/50 (possibilidade de qualquer do povo provocar a atuação da Câmara ou Senado para julgamento de certas autoridades nos crimes de responsabilidade). A doutrina majoritária é contra essa terminologia de ação penal popular, nesses casos, pois os crimes de responsabilidade representam, em verdade, infrações de caráter politico-administrativo, ao passo que habeas corpus não tem caráter punitivo. 
Crimes de ação penal privada no CP
calúnia, difamação e injuria (arts. 138, 139 e 140 caput)
Dano (art. 163)
Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia (art. 164 c/c o art. 167) etc.
 Prazo da ação penal privada
 O ofendido ou seu representante legal poderão exercer o direito de queixa dentro do prazo de seis meses, sob pena de decadência, contado do dia em que vierem a saber quem foi o autor do crime ( CPP, art. 38).
 Queixa é a petição inicial na ação penal privada, formulada pela vitima (querelante), assim como a denuncia é na ação penal pública , subscrita pelo MP.
■ DECADÊNCIA: prevista no arts. 38, do CPP e 103, do CP. Consiste na perda do direito de ação por não ter sido ele exercido dentro do prazo legal. É de seis meses e começa a fluir da data em que o ofendido toma conhecimento sobre quem é o autor do ilícito penal.(Obs: gera a extinção da punibilidade do autor da infração penal). Somente é possível antes do inicio da ação penal e comunica-se a todos os autores do crime. O prazo não se interrompe e não se suspende.
■ PEREMPÇÃO: prevista no art. 60, I, II, III, IV do CPP, ele importa na perda do direito de prosseguir com ação penal privada em razão de sua inércia e é aplicada ao querelante que demonstra desinteresse pelo processo. Somenteé possível após o inicio da ação penal e, uma vez reconhecida, estende-se a todos os autores do delito Ex. quando o querelante não comparece a ato relevante do processo ou deixa de pedir a condenação do querelado nas alegações finais.
■ RENÚNCIA: É um ato pelo qual o ofendido abre mão (abdica) do direito de oferecer a queixa. Consiste na desistência do direito de ação pela vitima. Antes de ajuizada a ação, tácitaex. casamento do autor do crime com a vitimaou expressamente art. 50 CPP (escrita e assinada pelo ofendido), o ofendido revela que não irá propô-la. A renuncia pode partir apenas do titular do direito de queixa.
Havendo duas vitimas a renúncia por parte de uma não atinge o direito de a outra oferecer queixa. Nos termos do art. 49 do CPP, a renúncia em relaçãoum dos autores do crime a todos se estende.
■ PERDÃO: representa a desistência do querelante da ação penal privada que promoveu, por ter desculpado o querelado pela pratica da infração penal. Só é possível , depois de iniciada a ação penal, desde que não tenha havido transitado em julgado da sentença condenatória. Depende da aceitação do querelado. (art. 58 do CPP, o querelado será intimado a dizer em 03 dias se aceita, no seu silêncio importará em aceitação).
Obs: se o querelante processou vários querelados e depois os perdoou, caso um deles não aceite o perdão, o processo deverá continuar somente em relação a ele (art. 51 do CPP). Também o perdão em relação a um dos querelados, se estende aos demais (art. 106, I, CP, e 51 do CPP) desde que todos aceite. 
DENÚCIA OU QUEIXA
A denúncia é peça inicial acusatóriada ação penal pública e a queixa, da ação penal privada. Ambas devem conter os mesmos requisitos, sendo que diferenciam, formalmente, pelo subscritor: a denúncia é oferecida pelo MP, e queixa, pelo ofendido ou por seu representante legal.
Requisitos da Denúncia e da Queixa-Crime (art. 41 do CPP)
Exposição do fato
 Deve-se atribuir ao acusado o fato com todas as suas circunstâncias. A descrição minuciosa do fato é essencial para o exercício do direito de defesa do acusado (art. 5°, LV, da CF).
 No caso de concurso de agentes, deve-se pormenorizar a conduta de cada um dos acusados.
b) Qualificação do acusado ou esclarecimento que possibilitem sua identificação
 É o conjunto de dados que compõem a identidade civil. É a individualização do acusado. A denúncia ou a queixa deve ser oferecida contra a pessoa certa (nome, apelido, data e local de nascimento, traços característicos etc.).
c) Classificação jurídica do crime
O autor da ação penal deverá indicar o dispositivo legal em que se enquadra a conduta do acusado. A tipificação poderá ser alterada até a sentença, do que se depreende que o juiz não deve rejeitar a peça inicial, caso entenda estar errada a tipificação (art. 383 do CPP).
d) Rol de testemunha da acusação
O momento oportuno para apresentação do rol de testemunhas, para acusação, é a petição inicial. Tal requisito é facultativo e o número de testemunhas dependerá do procedimento.
e) Pedido de condenação
Não precisa ser expresso, bastando que esteja implícito na peça. 
f) O endereçamento da petição
O endereçamento equivocado não impede o recebimento da denúncia, tratando-se de mera, irregularidade sanável com a remessa ou recebimento dos autos pelo juízo competente (é a posição do STF, RHC 60.126 – 1982)
g) O nome, o cargo e a posição funcional do denunciante.
h) A assinatura: a falta de assinatura não invalida a peça, se não houver dúvidasquanto à sua autenticidade.
Requisitos Específicos da Queixa-Crime
A queixa apresenta um requisito a mais que a denúncia, além daqueles comuns a ambas, qual seja: a constituição de advogado via procuração, com poderes especiais, que deverá ser anexada à queixa-crime.
Da procuração deverão constar expressamente os poderes especiais do procurador, o nome do querelado e a menção do fato criminoso quea ele se imputará (art. 44 do CPP). 
As falhas e as omissões da queixa no tocante a formalidade poderão ser sanadas a qualquer tempo até a sentença.
O MP pode aditar a queixa para nela incluir circunstânciasque possam influir na caracterização do crime e na sua classificação, ou ainda na fixação da pena (dia, hora, local, meios, modos, motivos, dados pessoais do querelado etc.) (CPP, art.45).Não poderá, entretanto, aditar a queixa para imputar aos querelados novos crimes, nem incluir novos ofensores, estaria invadindo a legitimidade do ofendido.
CAUSAS DE REJEIÇÃO DA DENÚNCIA OU QUEIXA
Art. 395, do CPP. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: (Alterado pela Lei n.11.719-2008)
I - for manifestamente inepta; 
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.
I- Inépcia da denúncia ou queixa: caracteriza-se pela ausência do preenchimento dos requisitos da inicial (art. 41 do CPP): a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstancias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.
II- Ausência de pressuposto processual: 
a) quanto ao juiz (investidura, competência – art. 95, II do CPP, Imparcialidade – arts. 95, I, e 112 do CPP) 
b) quanto as partes ( capacidade de ser parte, capacidade processual, capacidade postulatória – art. 44 do CPP).
 II- Ausência de condição para o exercício da ação penal:
a) possibilidade jurídica do pedido;
 b) interesse de agir;
c) legitimidade para agir.
III-Ausência de justa causa para o exercício da ação penal: consiste no lastro probatório mínimo para oferecimento de peça acusatória, demonstrando a viabilidade da pretensão punitiva.
RECURSO CABÍVEL CONTRA A REJEIÇÃO
 ■ Da decisão do Juiz que rejeitar a denúncia ou a queixa caberá Recurso em Sentido Estrito (RESE), previsto no art. 581, inciso I do CPP.
 ■ Da decisão que receber denúncia ou queixa, e assim instaurar a ação penal, caberá habeas corpus para trancamento da ação penal, no caso de falecer justa causa (indícios de autoria e prova da materialidade) para a propositura e instauração (art. 648, I do CPP). 
Dica: 
- Questão processual? Rejeição da denúncia Recurso: RESE
- Mérito? Absolvição sumária, art. 397 de CPP Recurso: apelação.
OBSERVAÇÃO:
1) No crime tentado, o promotor deve descrever o inicio da execução do crime, bem como a circunstancia alheia à vontade do(s) agente(s) que impediu(ram) a consumação do delito.
2) No crime culposo, o MP deve descrever minuciosamente a imprudência, negligência ou imperícia do autor do delito,
3) No crime de desacato, deve-se mencionar quais foram as palavras desrespeitosa dirigidas ao funcionário público.
4) No caso de concurso de agentes, deve-se descrever a conduta de todos eles, da forma mais clara possível, para que se possa estabelecer qual responsabilidade individual de cada um. Se não for possível faz a descrição de forma genérica. Ex. linchamento praticado por diversas pessoas.
AÇÃO CIVIL EX DELICTO
CONCEITO
Trata-se da ação ajuizada pelo ofendido, na esfera civil, para obter indenização pelo dano causado pela infração penal, quando existente. O dano pode ser material ou moral, ambos sujeitos à indenização, ainda que cumulativa. Art. 91, I do CP. De tal forma que, uma vez transitada em julgado a sentença condenatória proferida pelo juiz penal, pode a vitima, seu representante legal ou seus herdeiros, promoverem, no âmbito civil, ação de reparação de dano, segundo prevê expressamente o art. 63, do CPP.
Logo, reconhecida a responsabilidade do agente pela pratica de um crime, diz-se que essa sentença criminal faz coisa julgada no civil, onde será apenas liquidada.
Caso ocorra um homicídio culposo e ainda não ocorreu uma condenação, cumpre aos herdeiros a comprovação da culpa do agente. O parágrafo único do art. 64, do CPP, permite ao juiz da ação civil a suspensão deste processo, pelo prazo máximo de um ano (art.265, IV, a, e § 5° do CPC), até que julgue a ação criminal, tudo como forma de evitar decisões conflitantes. 
A sentença penal condenatória – repita-se – torna certa a obrigação de indenizar.
Não impedem, ainda, propositura da ação civil, nos termos do art. 67, do CPP:
O despacho de arquivamento do inquérito policial ou das peças de informações; (art. 67, I do CPP);
A decisão que julga extinta a punibilidade;(art. 67, II do CPP);
A sentença absolutória que decidir que o fato imputado não constitui crime (art. 67, III do CPP);
As Sentenças absolutórias proferidas com base no art. 386, II, V, VI e VII do CPP.
II – não haver prova da existência do fato;
V – não existir prova de ter o réu concorrido para a infração penal;
VI – existirem circunstância que excluam o crime ou isentemo réu de pena;
VII – que declara não existir prova suficiente para a condenação. 
Por exemplo, se o réu foi absolvido porque não existia prova suficiente para a condenação (art. 386,VI), nada impede que, no juízo civil, o autor da ação produza a prova que faltou na esfera criminal. Ou ainda, se o réu é absolvido porque o fato não constitui infração penal (art. 386, III), pode ser que tal fato configure um ilícito civil, passível de indenização.
As EXCEÇÕES com a absolvição criminal impede a o ajuizamento de futura ação civil para reparação de danos:
1) Absolvição criminal fundamentada em excludente de ilicitude (art. 386, VI, 1ª parte, CPP);
Neste caso, a vinculação entre a sentença penal absolutória transitada em julgado e a responsabilidade civil é consequencia do art. 65 do CPP “faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legitima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito” (art. 23 do CPe art. 188, I e II do CC), são penalmente lícitos e civilmente lícitos.
O Código Civilnos artigos 929 e 930 aduz três exceções mesmo absolvido na égide de excludente, o ofendido pode ingressar na orbita cível:
a) Estado de necessidade agressivo (art. 24 CP “quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio...”) Verifica-se quanto a pratica do ato necessário importa em sacrifício de bem jurídico de terceiro inocente. 
Ex. visando fugir de um desafeto que perseguia, Juninho invade domicilio alheio, causando danos materiais para nele ingressar.
b) Legitima defesa em que, por erro na execução, atinge-se terceiro inocente.
Ao defender-se de agressão injusta, atual ou iminente, por acidente ou erro na execução, atinja a pessoa de um terceiro completamente inocente, não estava envolvido na relação que motivou a reação legitima. Ainda que o autor da repulsa venha a ser absolvido sob a égide de legitima defesa, estará isento da obrigação de indenizar os danos pessoais ou patrimoniais que tiver causado a vitima lesada pelo erro na realização do gesto defensivo. (art. 930, parágrafo único do CC).
c) Descriminante putativa
Chama-se as condutas praticadas pelo agente que, por erro plenamente justificado pela circunstancias, julgando estar albergado por uma excludente de ilicitude, comete um ato ilícito.
Ex. supondo Juninho que está na iminência de sofrer a agressão de Cabeção desfere-lhe um tiro. Destarte, constatou-se que Cabeção estava desarmado.
Em síntese, as discriminante putativas não excluindo a ilicitude, não impede de ingressar na esfera cível para reparação de dano sofrido pelo ofendido. (STJ, RE 513.891/RJ, 3.ª Turma, 2007).
2) Absolvição criminal fundada na circunstância de estar provada a inexistência do fato (art. 386, I, do CPP).
3) Reconhecimento da existência de prova de que o réu não concorreu para a infração penal (art. 386, IV, do CPP).
Também nesta duas situações impede a dedução de ação de indenização contra o ofensor absolvido em processo criminal.
A legitimidade ativa para propositura da ação, nos termos do art. 63, do CPP,é do ofendido, de seu representante legal e de seus herdeiros. Ou, ainda, do MP quando, segundo o art. 68, o titular do direito à reparação for pobre. A legitimidade passiva é do autor do crime. A competência para a execução da sentença penal condenatória art. 575, IV, CPC, deve ser proposta no juízo cível.
Prescrição: não prevê o Código Civil, especificamente, o prazo prescricional para ajuizamento da ação de execução exdelicto. Aduz uma corrente doutrinaria que o prazo é de três anos, para tanto, a regra do art. 206, § 3°, V do CC, que disciplina a prescrição da “pretensão de reparação civil”.

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