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Direito Processual Ambiental: Tutela Coletiva e Tutela Provisória

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AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 DIREITO PROCESSUAL 
AMBIENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Alexandre Pontes Batista 
 
 
 
 
 
02 
INTRODUÇÃO 
Olá! Vamos iniciar agora mais uma parte do nosso estudo. Veremos aqui 
as considerações gerais sobre o direito processual coletivo ambiental e a tutela 
provisória no direito processual civil ambiental (art. 294 a 311 do NCPC - Lei n° 
13.105/2015). 
Destaca-se que a proteção processual do meio ambiente pode ocorrer de 
maneira individual ou de forma coletiva, pois o direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado é um direito difuso. 
Vamos estudar alguns princípios que regem a matéria, entre eles o 
princípio do acesso à justiça que está previsto na CRFB no art. 5º, inciso XXXV (a 
lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito). 
Outro tópico abordado são as Tutelas de Urgência no Direito Processual 
Ambiental. Então, vamos lá estudar essas práticas e interessantíssimas questões. 
Quem vai dar o pontapé inicial é o Professor Alexandre com o vídeo 
disponível lá no material on-line. 
Bons estudos! 
 
PROBLEMATIZAÇÃO 
Senhora “A” é proprietária e antiga moradora de um sítio localizado em uma 
área litorânea na região sudeste do Brasil. "A" cuida de seu sítio com a finalidade 
de proteger a fauna e a flora ali presentes. Ressalte-se que a região onde está 
localizado o sítio é uma área de preservação permanente. 
Na data de 10/10/2015, "A" requereu junto à Prefeitura Municipal 
autorização para edificar uma residência de 200 m², o que acarretaria no 
desmatamento de uma área de 300 m². A Prefeitura Municipal não autorizou o 
desmatamento nem a edificação. 
Na data de 10/11/15, época em que a cidade estava com grande 
movimento de turistas, senhora "A" notou a ocorrência de distribuição de panfletos 
e a propaganda em massa de um novo loteamento residencial a ser realizado 
numa área contígua a seu sítio. "A" ainda verificou que com a intensa propaganda 
e com uma grande quantidade de turistas na cidade, a venda dos lotes estava 
ocorrendo rapidamente. 
Duas semanas após o início das propagandas a área onde seria realizado 
o loteamento começou a ser desmatada e edificada. 
 
 
03 
Senhora "A" tem o conhecimento de que não pode edificar na área porque 
já havia feito o pedido para os órgãos competente e foi negado; a negativa foi 
fundamentada em documentos que deixam claro que a área de seu sítio, bem 
como a área onde está ocorrendo o loteamento, faz parte de uma área de 
preservação permanente, onde não pode ocorrer desmatamento nem novas 
edificações. 
Diante do exposto, senhora "A" procura auxílio jurídico para requerer a 
adoção de uma medida judicial para evitar a ocorrência de dano ambiental no 
local. Qual medida jurídica seria a mais adequada? 
Não precisa responder agora. Ainda vamos voltar a falar sobre isso no final 
do nosso estudo! 
 
DIREITO PROCESSUAL COLETIVO 
Considerações gerais sobre o Direito Processual Coletivo Ambiental 
O Professor Alexandre vai iniciar esta parte do nosso estudo explicando 
sobre o Direito Processual Coletivo Ambiental no vídeo disponível lá no material 
on-line. 
A Constituição da República Federativa do Brasil em seu art. 225 
estabelece que: “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se 
ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as 
presentes e futuras gerações”. 
O direito ao meio ambiente equilibrado é um direito metaindividual e 
supraindindividual, onde o titular desse direito são pessoas indeterminadas, e que 
no caso do meio ambiente equilibrado, inclui as futuras gerações. Portanto, 
devemos destacar que o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é 
um direito constitucional fundamental. 
Tais direitos/interesses, de dimensão coletiva, foram sendo 
consagrados, sobretudo, a partir da segunda (direitos sociais, 
trabalhistas, econômicos, culturais) e da terceira (direito ao meio 
ambiente ecologicamente equilibrado etc.) dimensão de direitos 
humanos, e podem ser denominados como transindividuais, 
supraindividuais, metaindividuais (ou, simplesmente, coletivos 
em sentido amplo, coletivos “lato sensu”, coletivos em sentido lato), 
por pertencerem a grupos, classes ou categorias mais ou menos 
extensas de pessoas, por vezes indetermináveis, e, em alguns 
casos (especificamente, nos interesses difusos e nos coletivos em 
 
 
04 
sentido estrito), não serem passíveis de apropriação e disposição 
individualmente, dada sua indivisibilidade. (MASSON, 2014) 
 
Vejamos o seguinte julgamento do STF sobre a proteção ao meio ambiente: 
RE 134. 297, Relator Ministro Celso de Mello, julgamento em 13-6-95, DJ 
de 22-9-95. 
(...) Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Trata-
se de um típico direito de terceira geração (ou de novíssima dimensão), que 
assiste a todo o gênero humano (RTJ 15 8/205-206). Incumbe, ao Estado e à 
própria coletividade, a especial obrigação de defender e preservar, em benefício 
das presentes e futuras gerações, esse direito de titularidade coletiva e de caráter 
transindividual. 
E, ainda, Mandado de Segurança 22. 164 e da ADI 35 40/DF: 
(...) O direito à integridade do meio ambiente - típico direito de terceira 
geração – constitui prerrogativa jurídica de titularidade coletiva, refletindo, dentro 
do processo de afirmação dos direitos humanos, a expressão significativa de um 
poder atribuído, não ao indivíduo identificado em sua singularidade, mas, num 
sentido verdadeiramente mais abrangente, à própria coletividade social. Enquanto 
os direitos de primeira geração (direitos civis e políticos) - que compreendem as 
liberdades clássicas, negativas ou formais - realçam o princípio da liberdade e os 
direitos de segunda geração (direitos econômicos, sociais e culturais) - que se 
identificam com as liberdades positivas, reais ou concretas - acentuam o princípio 
da igualdade, os direitos de terceira geração, que materializam poderes de 
titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as formações sociais, 
consagram o princípio da solidariedade e constituem um momento importante no 
processo de desenvolvimento, expansão e reconhecimento dos direitos humanos, 
caracterizados, enquanto valores fundamentais indisponíveis, pela nota de uma 
essencial inexauribilidade. (MS 22. 164, Relator Ministro Celso de Mello, 
julgamento em 30-10-95”. 
Ainda de acordo com Masson (2014), “quando do estudo do objeto imediato 
do pedido, vimos da leitura dos arts. 1.º, caput, 3.º, e 4.º, da LACP, bem como do 
art. 83 do CDC, que a ação civil pública disciplinada pelo microssistema resultante 
da integração CDC + LACP pode ser intentada visando aos mais diversos tipos 
de provimentos jurisdicionais”. 
 
 
05 
Destaca-se que a proteção processual do meio ambiente pode ocorrer de 
maneira individual ou de forma coletiva, pois o direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado é um direito difuso. 
No âmbito individual qualquer pessoa que verificar a lesão ao meio 
ambiente poderá requerer ao Poder Judiciário uma tutela inibitória ou 
ressarcitória, no que se aplica às normas do Novo Código de Processo Civil. 
Podemos citar como exemplo o proprietário de um sítio onde seu vizinho despeja 
dejetos no lago que fica entre as duas propriedades. Outro exemplo é o caso de 
uma autoridade de algum órgão ambiental que ameaça cassar de forma infundada 
a licença ambiental para a atividade agropecuária legal, a pessoa que sofre a 
ameaça poderá interpor ummandado de segurança contra o ato da autoridade 
coatora. 
No âmbito coletivo, qualquer pessoa também poderá buscar a tutela 
jurisdicional para proteção do meio ambiente. Através da ação popular, os entes 
previstos no art.5º da Lei n° 7.347/85 poderão se utilizar da ação civil pública, e 
os entes previstos no art. 21 da Lei n° 12.016/2009 poderão utilizar o Mandado de 
Segurança Coletivo para tutelar o meio ambiente. 
 
PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL AMBIENTAL 
Princípio do acesso à justiça 
A CRFB, no art. 5º, inciso XXXV, determina que: "a lei não excluirá da 
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito". Esse inciso deixa claro 
que toda pessoa que sofrer uma lesão ou ameaça de lesão a direito, poderá 
requerer a tutela do Poder Judiciário. 
O inciso LXXIII, do art. 5º, da CRFB, também estabelece que qualquer 
cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao 
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade 
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o 
autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da 
sucumbência. Portanto, concede a todo cidadão o acesso ao Poder Judiciário 
para proteger o bem público. 
Já o art. 83 do CDC estabelece que “para a defesa dos direitos e interesses 
protegidos por este código são admissíveis todas as espécies de ações capazes 
de propiciar sua adequada e efetiva tutela”. 
Esse artigo amplia o rol de instrumentos que as pessoas poderão adotar 
para proteger, através do Poder Judiciário seus direitos. 
 
 
06 
Princípio da Igualdade 
O Princípio da Igualdade estabelece uma ferramenta para tentar igualar as 
partes no âmbito processual e está estabelecido no art. 5º da CRFB, in verbis: 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade". 
No artigo 6°, estão os direitos básicos do consumidor: 
(...) VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a 
inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, 
a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele 
hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências. 
 
Princípio do interesse jurisdicional no conhecimento do mérito do processo 
coletivo 
Para Masson (2014), no processo coletivo comum, esse princípio deve ser 
potencializado, pois nele se apresentam os grandes conflitos sociais. Logo, no 
âmbito processual coletivo é ainda mais necessário o abandono do formalismo 
excessivo – que descura dos valores que o processo deve buscar realizar. 
Atualmente, é por meio de um processo coletivo comum eficaz que o 
Judiciário soluciona as grandes causas, cumprindo sua função de pacificação 
social, e, desse modo, legitima sua existência. Para a consecução de tal escopo 
– pacificação advinda da resolução dos grandes conflitos sociais –, mais que uma 
simples intensificação do princípio da instrumentalidade das formas, Masson 
visualiza a existência de um verdadeiro novo princípio, por ele denominado 
princípio do interesse jurisdicional no conhecimento do mérito do processo 
coletivo. 
 
Princípio da economia processual 
De acordo com esse princípio, a demanda judicial ambiental deve ser 
solucionada de forma célere e eficaz, com o mínimo uso de instrumentos 
processuais que possam vir a atrasar a tutela jurisdicional. A tutela antecipada é 
um instrumento processual que visa exatamente efetivar o princípio da economia 
processual. Outro exemplo de efetivação é a reunião de processos e decisões 
conjuntas por conexão e continência, bem como de extinção de processos em 
razão de litispendência e de coisa julgada. 
 
 
07 
TUTELAS DE URGÊNCIA NO DIREITO PROCESSUAL 
AMBIENTAL 
Acompanhe a explicação do Professor Alexandre sobre a tutela provisória 
no vídeo disponível lá no material on-line. 
Primeiramente devemos destacar que aplica-se à tutela processual coletiva 
as disposições do Código de Processo Civil (Lei n° 5.869 de 1973) naquilo em que 
não contrarie suas disposições. A Lei n° 5.869 de 1973 (antigo CPC) foi revogado 
pela Lei n° 13.105 de 2015 (Novo CPC). E o NCPC no art. 1.046, § 4º, prevê que 
as remissões a disposições do Código de Processo Civil revogado, existentes em 
outras leis, passam a referir-se às que lhes são correspondentes neste Código. 
O art. 21 da Lei n° 7.347/85 estabelece que “aplicam-se à defesa dos 
direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que for cabível, os 
dispositivos do Título III do Código de Defesa do Consumidor”. 
Já o art. 90 do CDC (Lei n° 8.078/90) estabelece que “aplicam-se às ações 
previstas neste título as normas do Código de Processo Civil e da Lei n° 7.347, de 
24 de julho de 1985, inclusive no que respeita ao inquérito civil, naquilo que não 
contrariar suas disposições”. 
E ainda o art. 7º da Lei n° 1.717/65 que regula a Ação Popular, determina 
que: 
Art. 7º A ação obedecerá ao procedimento ordinário, previsto no 
Código de Processo Civil, observadas as seguintes normas 
modificativas: 
(...)”. 
De acordo com a lei 13.105/2015 (NCPC) a tutela provisória pode 
fundamentar-se em urgência ou evidência. E a tutela provisória de 
urgência, cautelar ou antecipada (satisfativa), pode ser concedida 
em caráter antecedente ou incidental. 
 
 
Modificação/revogação da Tutela Provisória 
Sobre a modificação/revogação da Tutela Provisória o NCPC determina 
que ela conserva sua eficácia na pendência do processo, mas pode ser revogada 
ou modificada a qualquer tempo. E, salvo decisão judicial em contrário, a tutela 
provisória conservará a eficácia durante o período de suspensão do processo. 
 
 
 
 
 
08 
 
Poder Geral de Cautela 
O chamado “poder geral de cautela do juiz” está estabelecido no art. 297, 
o qual destaca que o juiz poderá determinar as medidas que considerar 
adequadas para efetivação da tutela provisória. 
E o art. 84, § 5º, do CDC, determina que: 
§ 5° Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático 
equivalente, poderá o juiz determinar as medidas necessárias, tais como busca e 
apreensão, remoção de coisas e pessoas, desfazimento de obra, impedimento de 
atividade nociva, além de requisição de força policial. 
Nesse ponto, devemos analisar também os arts. 536, do capítulo VI do 
NCPC, o qual trata do cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de 
obrigação de fazer, de não fazer ou de entrega de coisa, in verbis: 
Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a 
exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, 
de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica 
ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, 
determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente. 
§ 1o Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determinar, 
entre outras medidas, a imposição de multa, a busca e apreensão, 
a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o 
impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário, 
requisitar o auxílio de força policial. 
 
Execução da Tutela Provisória 
De acordo com a norma, a efetivação da tutela provisória observará as 
normas referentes ao cumprimento provisório da sentença, no que couber. 
O cumprimento provisório da sentença está estabelecido nos arts. 520, 521 
e 522 do NCPC. 
Nesse ponto, devemos destacar o art. 12, § 2º, da Lei n° 7.347/85: a multa 
cominada liminarmente só será exigível do réu após o trânsito em julgado da 
decisãofavorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver 
configurado o descumprimento. 
 
 
 
 
 
 
 
09 
Competência Jurisdicional 
O órgão do Poder Judiciário competente para processar e julgar a tutela 
provisória é o juízo da causa e, quando antecedente, ao juízo competente para 
conhecer do pedido principal. E ainda, ressalvada disposição especial, na ação 
de competência originária de tribunal e nos recursos, a tutela provisória será 
requerida ao órgão jurisdicional competente para apreciar o mérito. 
 
TUTELA DEFINITIVA E TUTELA PROVISÓRIA 
Vamos conhecer agora as tutelas definitivas e as tutelas provisórias. Para 
que não fique dúvida, o Professor Alexandre vai explicá-las no vídeo disponível lá 
no material on-line. Não deixe de assistir! 
De acordo com a doutrina abalizada, a tutela do Poder Judiciário pode se 
dar de forma definitiva ou de forma provisória. 
A Tutela Definitiva é aquela concedida pelo Poder Judiciário após o trâmite 
do processo judicial por completo, ela é obtida com base em cognição exauriente, 
com completa discussão e instrução probatória sobre o objeto da lide, dando 
ensejo a aplicação do devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa, e 
chegando ao trânsito em julgado da decisão. 
Por sua vez, a Tutela Provisória é a tutela concedida após cognição judicial 
sumária. A tutela provisória urgente se subdivide em cautelar e antecipada 
(satisfativa), já a tutela provisória pode ser de evidência. Enquanto a tutela 
definitiva pode ser satisfativa ou cautelar. 
Didier Jr (2015) ressalta que a tutela definitiva satisfativa é aquela que visa 
certificar ou efetivar o direito material. Predispõe-se à satisfação de um direito 
material com a entrega do bem da vida almejado. É a chamada tutela-padrão. 
As atividades processuais necessárias para a obtenção de uma tutela 
satisfativa (a tutela-padrão) podem ser demoradas, o que coloca em risco a 
própria realização do direito afirmado. Surge o chamado perigo da demora 
(periculum in mora) da prestação jurisdicional. 
Em razão disso, há a tutela definitiva não-satisfativa, de cunho 
assecuratório, para conservar o direito afirmado e, com isso, neutralizar os efeitos 
maléficos do tempo: a tutela cautelar. 
As características da tutela cautelar são a referibilidade e a 
temporariedade. Ela tem como função assegurar, acautelar outro direito (o direito 
acautelado). Assim, a tutela cautelar serve para preservar e possibilitar o exercício 
de um direito que será requerido através da tutela satisfativa. 
 
 
010 
Nesse passo, a tutela cautelar sempre se refere a outro direito, daí a sua 
característica de referibilildade. 
Didier Jr. (2015) elucida a matéria com o seguinte exemplo: “(...) o arresto 
de dinheiro do devedor inadimplente é instrumento assecuratório do direito de 
crédito do credor. O direito de crédito é o direito acautelado; o direito à cautela é 
o direito à utilização de um instrumento processual que assegure o direito de 
crédito”. 
Outra característica da tutela cautelar é a temporariedade. A 
temporariedade é inerente a ela, pois a tutela cautelar tem sua eficácia limitada 
no tempo. Ela só existe no espaço de tempo necessário para acautelar o direito 
em risco, e com a concessão judicial da tutela satisfativa definitiva ela se extingue. 
 
TUTELA PROVISÓRIA 
Vamos conhecer agora a Tutela Provisória e qual a aplicabilidade dela no 
Direito Ambiental. O Professor Alexandre vai falar sobre isso no vídeo disponível 
lá no material on-line. 
A concessão de tutela pelo Poder Judiciário demanda tempo, pois a parte 
tem que seguir um rito para ver atendido seu pleito. No atendimento de direitos 
que estão em situação de risco ou são evidentes, a demora inerente ao processo 
judicial poderá tornar inócuo o direito, principalmente, em matéria ambiental. 
Assim, a lei previu que a tutela de urgência será concedida quando houver 
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco 
ao resultado útil do processo, e a tutela de urgência pode ser concedida 
liminarmente. A lei previu ainda que a tutela da evidência será concedida, 
independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado 
útil do processo, quando ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o 
manifesto propósito protelatório da parte; ou as alegações de fato puderem ser 
comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de 
casos repetitivos; se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova; e quando 
a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos 
constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar 
dúvida razoável. 
Com a finalidade de mitigar os efeitos danosos do necessário tempo gasto 
para a concessão da tutela jurisdicional, o legislador pátrio estabeleceu a 
antecipação provisória dos efeitos finais da tutela definitiva. 
Sobre o tema devemos atentar para a lição de Marinoni (2015): 
 
 
011 
Houve um momento em que o tempo não era visto como algo 
importante na vida do processo. Nesse mesmo período, o que 
interessava para o processualista era encarar o processo por um 
ângulo estritamente interno de visão, vendo-o tão somente a partir 
de conceitos processuais e dele expurgando tudo que dissesse 
respeito ao direito material. 
(...) 
Os sinais enviados pela prática mostraram, no entanto, que uma 
adequada distribuição do ônus do tempo no processo e a percepção 
de que a técnica processual só tem sentido se vista na perspectiva 
da tutela dos direitos são imprescindíveis para que a administração 
da justiça civil consiga obter seus fins de forma idônea. Com isso, 
procurou-se uma correção de rumo - e o combate contra a 
morosidade na prestação da tutela jurisdicional e contra o asséptico 
processualismo acabaram sendo travados com a colaboração da 
conjugação da técnica processual com a tutela dos direitos – e 
especialmente no que agora interessa, com a compreensão da 
tutela dos direitos na perspectiva da técnica antecipatória. 
 
 
 
Características da Tutela Provisória 
 
Você já viu como funciona e qual o conceito da Tutela Provisória, certo? 
Agora, vai conhecer todas as características desta tutela. O Professor Alexandre 
vai falar no vídeo lá no material on-line. 
A doutrina destaca cinco principais características da Tutela Provisória, a 
inércia, provisoriedade, instrumentalidade, fungibilidade e cognição sumária. 
Vamos conhecer cada uma delas a seguir: 
Inércia 
O art. 295 do NCPC estabelece que a tutela provisória requerida em caráter 
incidental independe do pagamento de custas. Podemos notar que o texto legal é 
expresso sobre a necessidade de requerimento da parte para a concessão da 
tutela provisória. A inércia é uma das garantias fundamentais do processo civil, 
segundo a qual a jurisdição civil somente se exerce por provocação de algum 
interessado, nos limites da demanda por ele proposta. 
Provisoriedade 
O art. 296 do NCPC estabelece que a tutela provisória conserva sua 
eficácia na pendência do processo, mas pode, a qualquer tempo, ser revogada ou 
modificada. 
 
 
 
012 
Instrumentalidade 
O parágrafo único do art. 294 do NCPC estabelece que a tutela provisória 
de urgência, cautelar ou antecipada, pode ser concedida em caráter antecedente 
ou incidental. 
Já o artigo 296 estabelece que a eficácia da tutela provisória está vinculada 
a um processo principal. Enquanto o artigo 299 deixa claro que é a ação principal 
que determina o juízo competente para processar a tutela provisória. 
Revogabilidade 
O art. 296 preconiza que a tutela provisóriaconserva sua eficácia na 
pendência do processo, mas pode, a qualquer tempo, ser revogada ou 
modificada. 
E o art. 298 estabelece que na decisão que conceder, negar, modificar ou 
revogar a tutela provisória, o juiz motivará seu convencimento de modo claro e 
preciso. 
A doutrina entende que não há necessidade de processo autônomo para 
revogação, a qual poderá ser apreciada e decidida nos próprios autos da medida 
cautelar ou do processo principal. Mas, com exceção de extrema urgência, a 
revogação deverá ser antecedida da indispensável audiência das partes que 
poderão formular alegações, propor e produzir provas antes de uma definitiva 
deliberação judicial. 
Fungibilidade 
O artigo 305 e seu parágrafo único estabelecem que a petição inicial da 
ação que visa à prestação de tutela cautelar em caráter antecedente indicará a 
lide e seu fundamento, a exposição sumária do direito que se objetiva assegurar 
e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. 
Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem natureza 
antecipada, o juiz observará o disposto no art. 303. 
Cognição Sumária 
A tutela provisória é concedida sem a existência de discussão aprofundada 
da matéria. O art. 300 estabelece que a tutela de urgência será concedida quando 
houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano 
ou o risco ao resultado útil do processo. 
 
 
 
 
 
 
 
013 
REVENDO A PROBLEMATIZAÇÃO 
Agora que você já viu todo o conteúdo teórico, acredito que já consiga 
encontrara a melhor opção para solucionar o problema exposto lá no início do 
nosso estudo, certo? E então, aual medida jurídica seria a mais adequada para o 
caso da senhora “A”? 
a. Ação Popular com pedido de tutela antecipada. 
b. Ação Civil Pública. 
c. Mandado de segurança contra o ato do prefeito que autorizou o 
loteamento e o desmatamento da área. 
 
Para consultar o feedback de cada uma das alternativas, acesse o material 
on-line. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
014 
SÍNTESE 
Neste tema, destacamos que o direito ao meio ambiente equilibrado é um 
direito metaindividual e supraindindividual, onde o titular desse direito são pessoas 
indeterminadas, e no caso do meio ambiente equilibrado, inclui as futuras 
gerações. Esse direito pode ser tutelado de forma individual ou coletiva. 
Estudamos alguns princípios, entre eles o princípio do interesse 
jurisdicional no conhecimento do mérito do processo coletivo que deve ser 
potencializado no processo coletivo comum, pois nele se apresenta os grandes 
conflitos sociais. Logo, no âmbito processual coletivo é ainda mais necessário o 
abandono do formalismo excessivo – que descura dos valores que o processo 
deve buscar realizar. 
Outro tópico estudado foi a tutela provisória, fundamentada em urgência ou 
evidência, além de ver que a tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada 
(satisfativa), pode ser concedida em caráter antecedente ou incidental. 
Ressaltando que tutela provisória requerida em caráter incidental independe do 
pagamento de custas. 
Vimos também que modificação/revogação da Tutela Provisória pode 
ocorrer a qualquer tempo e ela conserva sua eficácia na pendência do processo; 
salvo decisão judicial em contrário, conservará a eficácia durante o período de 
suspensão do processo. 
Para relembrar tudo o que vimos das tutelas provisórias e dos tópicos 
estudados aqui, acesse o material on-line e assista ao vídeo do Professor 
Alexandre recapitulando o que foi estudado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
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NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Ações constitucionais. – 2. ed. rev., atual. 
e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2013. 
NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de processo coletivo, volume 
único. 2. ed., rev. e atual. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014. 
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consumidor: direito material e processual– 3. ed. – Rio de Janeiro: Forense: São 
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