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AULA 2 DIREITO PROCESSUAL AMBIENTAL Prof. Alexandre Pontes Batista 02 INTRODUÇÃO Olá! Vamos iniciar agora mais uma parte do nosso estudo. Veremos aqui as considerações gerais sobre o direito processual coletivo ambiental e a tutela provisória no direito processual civil ambiental (art. 294 a 311 do NCPC - Lei n° 13.105/2015). Destaca-se que a proteção processual do meio ambiente pode ocorrer de maneira individual ou de forma coletiva, pois o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito difuso. Vamos estudar alguns princípios que regem a matéria, entre eles o princípio do acesso à justiça que está previsto na CRFB no art. 5º, inciso XXXV (a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito). Outro tópico abordado são as Tutelas de Urgência no Direito Processual Ambiental. Então, vamos lá estudar essas práticas e interessantíssimas questões. Quem vai dar o pontapé inicial é o Professor Alexandre com o vídeo disponível lá no material on-line. Bons estudos! PROBLEMATIZAÇÃO Senhora “A” é proprietária e antiga moradora de um sítio localizado em uma área litorânea na região sudeste do Brasil. "A" cuida de seu sítio com a finalidade de proteger a fauna e a flora ali presentes. Ressalte-se que a região onde está localizado o sítio é uma área de preservação permanente. Na data de 10/10/2015, "A" requereu junto à Prefeitura Municipal autorização para edificar uma residência de 200 m², o que acarretaria no desmatamento de uma área de 300 m². A Prefeitura Municipal não autorizou o desmatamento nem a edificação. Na data de 10/11/15, época em que a cidade estava com grande movimento de turistas, senhora "A" notou a ocorrência de distribuição de panfletos e a propaganda em massa de um novo loteamento residencial a ser realizado numa área contígua a seu sítio. "A" ainda verificou que com a intensa propaganda e com uma grande quantidade de turistas na cidade, a venda dos lotes estava ocorrendo rapidamente. Duas semanas após o início das propagandas a área onde seria realizado o loteamento começou a ser desmatada e edificada. 03 Senhora "A" tem o conhecimento de que não pode edificar na área porque já havia feito o pedido para os órgãos competente e foi negado; a negativa foi fundamentada em documentos que deixam claro que a área de seu sítio, bem como a área onde está ocorrendo o loteamento, faz parte de uma área de preservação permanente, onde não pode ocorrer desmatamento nem novas edificações. Diante do exposto, senhora "A" procura auxílio jurídico para requerer a adoção de uma medida judicial para evitar a ocorrência de dano ambiental no local. Qual medida jurídica seria a mais adequada? Não precisa responder agora. Ainda vamos voltar a falar sobre isso no final do nosso estudo! DIREITO PROCESSUAL COLETIVO Considerações gerais sobre o Direito Processual Coletivo Ambiental O Professor Alexandre vai iniciar esta parte do nosso estudo explicando sobre o Direito Processual Coletivo Ambiental no vídeo disponível lá no material on-line. A Constituição da República Federativa do Brasil em seu art. 225 estabelece que: “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. O direito ao meio ambiente equilibrado é um direito metaindividual e supraindindividual, onde o titular desse direito são pessoas indeterminadas, e que no caso do meio ambiente equilibrado, inclui as futuras gerações. Portanto, devemos destacar que o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito constitucional fundamental. Tais direitos/interesses, de dimensão coletiva, foram sendo consagrados, sobretudo, a partir da segunda (direitos sociais, trabalhistas, econômicos, culturais) e da terceira (direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado etc.) dimensão de direitos humanos, e podem ser denominados como transindividuais, supraindividuais, metaindividuais (ou, simplesmente, coletivos em sentido amplo, coletivos “lato sensu”, coletivos em sentido lato), por pertencerem a grupos, classes ou categorias mais ou menos extensas de pessoas, por vezes indetermináveis, e, em alguns casos (especificamente, nos interesses difusos e nos coletivos em 04 sentido estrito), não serem passíveis de apropriação e disposição individualmente, dada sua indivisibilidade. (MASSON, 2014) Vejamos o seguinte julgamento do STF sobre a proteção ao meio ambiente: RE 134. 297, Relator Ministro Celso de Mello, julgamento em 13-6-95, DJ de 22-9-95. (...) Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Trata- se de um típico direito de terceira geração (ou de novíssima dimensão), que assiste a todo o gênero humano (RTJ 15 8/205-206). Incumbe, ao Estado e à própria coletividade, a especial obrigação de defender e preservar, em benefício das presentes e futuras gerações, esse direito de titularidade coletiva e de caráter transindividual. E, ainda, Mandado de Segurança 22. 164 e da ADI 35 40/DF: (...) O direito à integridade do meio ambiente - típico direito de terceira geração – constitui prerrogativa jurídica de titularidade coletiva, refletindo, dentro do processo de afirmação dos direitos humanos, a expressão significativa de um poder atribuído, não ao indivíduo identificado em sua singularidade, mas, num sentido verdadeiramente mais abrangente, à própria coletividade social. Enquanto os direitos de primeira geração (direitos civis e políticos) - que compreendem as liberdades clássicas, negativas ou formais - realçam o princípio da liberdade e os direitos de segunda geração (direitos econômicos, sociais e culturais) - que se identificam com as liberdades positivas, reais ou concretas - acentuam o princípio da igualdade, os direitos de terceira geração, que materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as formações sociais, consagram o princípio da solidariedade e constituem um momento importante no processo de desenvolvimento, expansão e reconhecimento dos direitos humanos, caracterizados, enquanto valores fundamentais indisponíveis, pela nota de uma essencial inexauribilidade. (MS 22. 164, Relator Ministro Celso de Mello, julgamento em 30-10-95”. Ainda de acordo com Masson (2014), “quando do estudo do objeto imediato do pedido, vimos da leitura dos arts. 1.º, caput, 3.º, e 4.º, da LACP, bem como do art. 83 do CDC, que a ação civil pública disciplinada pelo microssistema resultante da integração CDC + LACP pode ser intentada visando aos mais diversos tipos de provimentos jurisdicionais”. 05 Destaca-se que a proteção processual do meio ambiente pode ocorrer de maneira individual ou de forma coletiva, pois o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito difuso. No âmbito individual qualquer pessoa que verificar a lesão ao meio ambiente poderá requerer ao Poder Judiciário uma tutela inibitória ou ressarcitória, no que se aplica às normas do Novo Código de Processo Civil. Podemos citar como exemplo o proprietário de um sítio onde seu vizinho despeja dejetos no lago que fica entre as duas propriedades. Outro exemplo é o caso de uma autoridade de algum órgão ambiental que ameaça cassar de forma infundada a licença ambiental para a atividade agropecuária legal, a pessoa que sofre a ameaça poderá interpor ummandado de segurança contra o ato da autoridade coatora. No âmbito coletivo, qualquer pessoa também poderá buscar a tutela jurisdicional para proteção do meio ambiente. Através da ação popular, os entes previstos no art.5º da Lei n° 7.347/85 poderão se utilizar da ação civil pública, e os entes previstos no art. 21 da Lei n° 12.016/2009 poderão utilizar o Mandado de Segurança Coletivo para tutelar o meio ambiente. PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL AMBIENTAL Princípio do acesso à justiça A CRFB, no art. 5º, inciso XXXV, determina que: "a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito". Esse inciso deixa claro que toda pessoa que sofrer uma lesão ou ameaça de lesão a direito, poderá requerer a tutela do Poder Judiciário. O inciso LXXIII, do art. 5º, da CRFB, também estabelece que qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. Portanto, concede a todo cidadão o acesso ao Poder Judiciário para proteger o bem público. Já o art. 83 do CDC estabelece que “para a defesa dos direitos e interesses protegidos por este código são admissíveis todas as espécies de ações capazes de propiciar sua adequada e efetiva tutela”. Esse artigo amplia o rol de instrumentos que as pessoas poderão adotar para proteger, através do Poder Judiciário seus direitos. 06 Princípio da Igualdade O Princípio da Igualdade estabelece uma ferramenta para tentar igualar as partes no âmbito processual e está estabelecido no art. 5º da CRFB, in verbis: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade". No artigo 6°, estão os direitos básicos do consumidor: (...) VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências. Princípio do interesse jurisdicional no conhecimento do mérito do processo coletivo Para Masson (2014), no processo coletivo comum, esse princípio deve ser potencializado, pois nele se apresentam os grandes conflitos sociais. Logo, no âmbito processual coletivo é ainda mais necessário o abandono do formalismo excessivo – que descura dos valores que o processo deve buscar realizar. Atualmente, é por meio de um processo coletivo comum eficaz que o Judiciário soluciona as grandes causas, cumprindo sua função de pacificação social, e, desse modo, legitima sua existência. Para a consecução de tal escopo – pacificação advinda da resolução dos grandes conflitos sociais –, mais que uma simples intensificação do princípio da instrumentalidade das formas, Masson visualiza a existência de um verdadeiro novo princípio, por ele denominado princípio do interesse jurisdicional no conhecimento do mérito do processo coletivo. Princípio da economia processual De acordo com esse princípio, a demanda judicial ambiental deve ser solucionada de forma célere e eficaz, com o mínimo uso de instrumentos processuais que possam vir a atrasar a tutela jurisdicional. A tutela antecipada é um instrumento processual que visa exatamente efetivar o princípio da economia processual. Outro exemplo de efetivação é a reunião de processos e decisões conjuntas por conexão e continência, bem como de extinção de processos em razão de litispendência e de coisa julgada. 07 TUTELAS DE URGÊNCIA NO DIREITO PROCESSUAL AMBIENTAL Acompanhe a explicação do Professor Alexandre sobre a tutela provisória no vídeo disponível lá no material on-line. Primeiramente devemos destacar que aplica-se à tutela processual coletiva as disposições do Código de Processo Civil (Lei n° 5.869 de 1973) naquilo em que não contrarie suas disposições. A Lei n° 5.869 de 1973 (antigo CPC) foi revogado pela Lei n° 13.105 de 2015 (Novo CPC). E o NCPC no art. 1.046, § 4º, prevê que as remissões a disposições do Código de Processo Civil revogado, existentes em outras leis, passam a referir-se às que lhes são correspondentes neste Código. O art. 21 da Lei n° 7.347/85 estabelece que “aplicam-se à defesa dos direitos e interesses difusos, coletivos e individuais, no que for cabível, os dispositivos do Título III do Código de Defesa do Consumidor”. Já o art. 90 do CDC (Lei n° 8.078/90) estabelece que “aplicam-se às ações previstas neste título as normas do Código de Processo Civil e da Lei n° 7.347, de 24 de julho de 1985, inclusive no que respeita ao inquérito civil, naquilo que não contrariar suas disposições”. E ainda o art. 7º da Lei n° 1.717/65 que regula a Ação Popular, determina que: Art. 7º A ação obedecerá ao procedimento ordinário, previsto no Código de Processo Civil, observadas as seguintes normas modificativas: (...)”. De acordo com a lei 13.105/2015 (NCPC) a tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou evidência. E a tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada (satisfativa), pode ser concedida em caráter antecedente ou incidental. Modificação/revogação da Tutela Provisória Sobre a modificação/revogação da Tutela Provisória o NCPC determina que ela conserva sua eficácia na pendência do processo, mas pode ser revogada ou modificada a qualquer tempo. E, salvo decisão judicial em contrário, a tutela provisória conservará a eficácia durante o período de suspensão do processo. 08 Poder Geral de Cautela O chamado “poder geral de cautela do juiz” está estabelecido no art. 297, o qual destaca que o juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação da tutela provisória. E o art. 84, § 5º, do CDC, determina que: § 5° Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático equivalente, poderá o juiz determinar as medidas necessárias, tais como busca e apreensão, remoção de coisas e pessoas, desfazimento de obra, impedimento de atividade nociva, além de requisição de força policial. Nesse ponto, devemos analisar também os arts. 536, do capítulo VI do NCPC, o qual trata do cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer, de não fazer ou de entrega de coisa, in verbis: Art. 536. No cumprimento de sentença que reconheça a exigibilidade de obrigação de fazer ou de não fazer, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento, para a efetivação da tutela específica ou a obtenção de tutela pelo resultado prático equivalente, determinar as medidas necessárias à satisfação do exequente. § 1o Para atender ao disposto no caput, o juiz poderá determinar, entre outras medidas, a imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário, requisitar o auxílio de força policial. Execução da Tutela Provisória De acordo com a norma, a efetivação da tutela provisória observará as normas referentes ao cumprimento provisório da sentença, no que couber. O cumprimento provisório da sentença está estabelecido nos arts. 520, 521 e 522 do NCPC. Nesse ponto, devemos destacar o art. 12, § 2º, da Lei n° 7.347/85: a multa cominada liminarmente só será exigível do réu após o trânsito em julgado da decisãofavorável ao autor, mas será devida desde o dia em que se houver configurado o descumprimento. 09 Competência Jurisdicional O órgão do Poder Judiciário competente para processar e julgar a tutela provisória é o juízo da causa e, quando antecedente, ao juízo competente para conhecer do pedido principal. E ainda, ressalvada disposição especial, na ação de competência originária de tribunal e nos recursos, a tutela provisória será requerida ao órgão jurisdicional competente para apreciar o mérito. TUTELA DEFINITIVA E TUTELA PROVISÓRIA Vamos conhecer agora as tutelas definitivas e as tutelas provisórias. Para que não fique dúvida, o Professor Alexandre vai explicá-las no vídeo disponível lá no material on-line. Não deixe de assistir! De acordo com a doutrina abalizada, a tutela do Poder Judiciário pode se dar de forma definitiva ou de forma provisória. A Tutela Definitiva é aquela concedida pelo Poder Judiciário após o trâmite do processo judicial por completo, ela é obtida com base em cognição exauriente, com completa discussão e instrução probatória sobre o objeto da lide, dando ensejo a aplicação do devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa, e chegando ao trânsito em julgado da decisão. Por sua vez, a Tutela Provisória é a tutela concedida após cognição judicial sumária. A tutela provisória urgente se subdivide em cautelar e antecipada (satisfativa), já a tutela provisória pode ser de evidência. Enquanto a tutela definitiva pode ser satisfativa ou cautelar. Didier Jr (2015) ressalta que a tutela definitiva satisfativa é aquela que visa certificar ou efetivar o direito material. Predispõe-se à satisfação de um direito material com a entrega do bem da vida almejado. É a chamada tutela-padrão. As atividades processuais necessárias para a obtenção de uma tutela satisfativa (a tutela-padrão) podem ser demoradas, o que coloca em risco a própria realização do direito afirmado. Surge o chamado perigo da demora (periculum in mora) da prestação jurisdicional. Em razão disso, há a tutela definitiva não-satisfativa, de cunho assecuratório, para conservar o direito afirmado e, com isso, neutralizar os efeitos maléficos do tempo: a tutela cautelar. As características da tutela cautelar são a referibilidade e a temporariedade. Ela tem como função assegurar, acautelar outro direito (o direito acautelado). Assim, a tutela cautelar serve para preservar e possibilitar o exercício de um direito que será requerido através da tutela satisfativa. 010 Nesse passo, a tutela cautelar sempre se refere a outro direito, daí a sua característica de referibilildade. Didier Jr. (2015) elucida a matéria com o seguinte exemplo: “(...) o arresto de dinheiro do devedor inadimplente é instrumento assecuratório do direito de crédito do credor. O direito de crédito é o direito acautelado; o direito à cautela é o direito à utilização de um instrumento processual que assegure o direito de crédito”. Outra característica da tutela cautelar é a temporariedade. A temporariedade é inerente a ela, pois a tutela cautelar tem sua eficácia limitada no tempo. Ela só existe no espaço de tempo necessário para acautelar o direito em risco, e com a concessão judicial da tutela satisfativa definitiva ela se extingue. TUTELA PROVISÓRIA Vamos conhecer agora a Tutela Provisória e qual a aplicabilidade dela no Direito Ambiental. O Professor Alexandre vai falar sobre isso no vídeo disponível lá no material on-line. A concessão de tutela pelo Poder Judiciário demanda tempo, pois a parte tem que seguir um rito para ver atendido seu pleito. No atendimento de direitos que estão em situação de risco ou são evidentes, a demora inerente ao processo judicial poderá tornar inócuo o direito, principalmente, em matéria ambiental. Assim, a lei previu que a tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo, e a tutela de urgência pode ser concedida liminarmente. A lei previu ainda que a tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte; ou as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos; se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova; e quando a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável. Com a finalidade de mitigar os efeitos danosos do necessário tempo gasto para a concessão da tutela jurisdicional, o legislador pátrio estabeleceu a antecipação provisória dos efeitos finais da tutela definitiva. Sobre o tema devemos atentar para a lição de Marinoni (2015): 011 Houve um momento em que o tempo não era visto como algo importante na vida do processo. Nesse mesmo período, o que interessava para o processualista era encarar o processo por um ângulo estritamente interno de visão, vendo-o tão somente a partir de conceitos processuais e dele expurgando tudo que dissesse respeito ao direito material. (...) Os sinais enviados pela prática mostraram, no entanto, que uma adequada distribuição do ônus do tempo no processo e a percepção de que a técnica processual só tem sentido se vista na perspectiva da tutela dos direitos são imprescindíveis para que a administração da justiça civil consiga obter seus fins de forma idônea. Com isso, procurou-se uma correção de rumo - e o combate contra a morosidade na prestação da tutela jurisdicional e contra o asséptico processualismo acabaram sendo travados com a colaboração da conjugação da técnica processual com a tutela dos direitos – e especialmente no que agora interessa, com a compreensão da tutela dos direitos na perspectiva da técnica antecipatória. Características da Tutela Provisória Você já viu como funciona e qual o conceito da Tutela Provisória, certo? Agora, vai conhecer todas as características desta tutela. O Professor Alexandre vai falar no vídeo lá no material on-line. A doutrina destaca cinco principais características da Tutela Provisória, a inércia, provisoriedade, instrumentalidade, fungibilidade e cognição sumária. Vamos conhecer cada uma delas a seguir: Inércia O art. 295 do NCPC estabelece que a tutela provisória requerida em caráter incidental independe do pagamento de custas. Podemos notar que o texto legal é expresso sobre a necessidade de requerimento da parte para a concessão da tutela provisória. A inércia é uma das garantias fundamentais do processo civil, segundo a qual a jurisdição civil somente se exerce por provocação de algum interessado, nos limites da demanda por ele proposta. Provisoriedade O art. 296 do NCPC estabelece que a tutela provisória conserva sua eficácia na pendência do processo, mas pode, a qualquer tempo, ser revogada ou modificada. 012 Instrumentalidade O parágrafo único do art. 294 do NCPC estabelece que a tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada, pode ser concedida em caráter antecedente ou incidental. Já o artigo 296 estabelece que a eficácia da tutela provisória está vinculada a um processo principal. Enquanto o artigo 299 deixa claro que é a ação principal que determina o juízo competente para processar a tutela provisória. Revogabilidade O art. 296 preconiza que a tutela provisóriaconserva sua eficácia na pendência do processo, mas pode, a qualquer tempo, ser revogada ou modificada. E o art. 298 estabelece que na decisão que conceder, negar, modificar ou revogar a tutela provisória, o juiz motivará seu convencimento de modo claro e preciso. A doutrina entende que não há necessidade de processo autônomo para revogação, a qual poderá ser apreciada e decidida nos próprios autos da medida cautelar ou do processo principal. Mas, com exceção de extrema urgência, a revogação deverá ser antecedida da indispensável audiência das partes que poderão formular alegações, propor e produzir provas antes de uma definitiva deliberação judicial. Fungibilidade O artigo 305 e seu parágrafo único estabelecem que a petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem natureza antecipada, o juiz observará o disposto no art. 303. Cognição Sumária A tutela provisória é concedida sem a existência de discussão aprofundada da matéria. O art. 300 estabelece que a tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. 013 REVENDO A PROBLEMATIZAÇÃO Agora que você já viu todo o conteúdo teórico, acredito que já consiga encontrara a melhor opção para solucionar o problema exposto lá no início do nosso estudo, certo? E então, aual medida jurídica seria a mais adequada para o caso da senhora “A”? a. Ação Popular com pedido de tutela antecipada. b. Ação Civil Pública. c. Mandado de segurança contra o ato do prefeito que autorizou o loteamento e o desmatamento da área. Para consultar o feedback de cada uma das alternativas, acesse o material on-line. 014 SÍNTESE Neste tema, destacamos que o direito ao meio ambiente equilibrado é um direito metaindividual e supraindindividual, onde o titular desse direito são pessoas indeterminadas, e no caso do meio ambiente equilibrado, inclui as futuras gerações. Esse direito pode ser tutelado de forma individual ou coletiva. Estudamos alguns princípios, entre eles o princípio do interesse jurisdicional no conhecimento do mérito do processo coletivo que deve ser potencializado no processo coletivo comum, pois nele se apresenta os grandes conflitos sociais. Logo, no âmbito processual coletivo é ainda mais necessário o abandono do formalismo excessivo – que descura dos valores que o processo deve buscar realizar. Outro tópico estudado foi a tutela provisória, fundamentada em urgência ou evidência, além de ver que a tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada (satisfativa), pode ser concedida em caráter antecedente ou incidental. Ressaltando que tutela provisória requerida em caráter incidental independe do pagamento de custas. Vimos também que modificação/revogação da Tutela Provisória pode ocorrer a qualquer tempo e ela conserva sua eficácia na pendência do processo; salvo decisão judicial em contrário, conservará a eficácia durante o período de suspensão do processo. Para relembrar tudo o que vimos das tutelas provisórias e dos tópicos estudados aqui, acesse o material on-line e assista ao vídeo do Professor Alexandre recapitulando o que foi estudado. 015 REFERÊNCIAS AMADO, Frederico Augusto Di Trindade. Direito ambiental esquematizado. 5.ª ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014. ANDRADE, Adriano. MASSON, Cleber. ANDRADE, Landolfo. Interesses difusos e coletivos esquematizado – 4. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014. ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. 12ª ed. – Rio de Janeiro: Lumem Juris, 2010. DIDIER JR., Fredie. BRAGA, Paulo Sarna. OLIVEIRA. Rafael Alexandria de. Curso de Direito Processual Civil: teoria da prova, direito probatório, ações probatórias, decisão, precedente, coisa julgada e antecipação dos efeitos da tutela. Volume 2. 10ª ed. Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015. DIDIER JR., Fredie. ZANETI JR, Hermes. Curso de Direito Processual Civil: processo coletivo. Volume 4. 9ª ed. Salvador: Ed. Jus Podivm, 2014. FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro — 14. ed. rev., ampl. e atual. em face da Rio+20 e do novo “Código” Florestal — São Paulo: Saraiva, 2013. GAJARDONI, Fernando da Fonseca. Direitos difusos e coletivos II. São Paulo: Saraiva, 2012. MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sergio Cruz. MITIDIERO, Daniel. Novo Curso de Processo Civil. Volume 1. Revista dos Tribunais. São Paulo. 2015. MAZZILLI, Hugo Nigro. A defesa dos interesses difusos em juízo. 20. Ed. Rev., ampl. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2007. NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Ações constitucionais. – 2. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2013. NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de processo coletivo, volume único. 2. ed., rev. e atual. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014. NEVES, Daniel Amorim Assumpção. TARTUCE, Flávio. Manual de direito do consumidor: direito material e processual– 3. ed. – Rio de Janeiro: Forense: São Paulo: MÉTODO, 2014. THOMÉ, Romeu. Manual de Direito Ambiental. 5ª edição. São Paulo: JusPodivm, 2015.
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