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Ação Civil Pública Ambiental e o Microssistema Processual Coletivo

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AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 DIREITO PROCESSUAL 
AMBIENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Alexandre Pontes Batista 
 
 
 
 
 
02 
INTRODUÇÃO 
 Olá! Seja bem-vindo a mais uma parte do nosso estudo! Neste tema, 
vamos começar a analisar a Ação Civil Pública, conhecendo o conjunto de normas 
formado pelas Leis n° 7.347/85 e n° 8.078/90 (CDC), chamado de microssistema 
processual coletivo. Vamos perceber que as disposições do Código de Processo 
Civil apenas serão aplicadas supletivamente, no que couber, pois o CPC contém 
regras e princípios, em sua maioria, ligados a direitos individuais disponíveis. 
Outra parte do estudo será a Lei n° 7.347, a qual é uma norma de natureza 
eminentemente processual, quase todos seus artigos tratam de normas 
procedimentais para tutelar os direitos metaindividuais. E encerraremos com a 
abordagem da legitimação ativa na Ação Civil Pública, além da passiva. 
No material on-line tem o vídeo do Professor Alexandre apresentando 
melhor tudo o que veremos neste tema. Não deixe de assistir. 
 
PROBLEMATIZAÇÃO 
Senhor "A", brasileiro, advogado devidamente inscrito na OAB, quite com 
suas obrigações eleitorais, é morador de uma cidade litorânea. 
No bairro onde mora está instalada uma peixaria. Nos últimos meses, em 
razão do aumento do movimento, a peixaria aumentou suas instalações e 
começou, além de vender peixes, a processar e vender os derivados do pescado. 
Senhor "A" percebeu que os dejetos dos produtos da peixaria são jogados 
diretamente no mar sem nenhum tratamento, ocasionando visível degradação do 
meio ambiente local. Ele diligenciou por dez vezes até a Prefeitura Municipal de 
sua cidade e pediu a adoção de alguma medida administrativa para cessar a 
degradação ambiental, mas a Prefeitura Municipal se manteve inerte. 
Diante do exposto, senhor "A" quer que os entes responsáveis adotem 
alguma medida jurídica para cessar a atividade ilegal da peixaria bem como 
obrigá-la a reparar o dano já causado. 
Sendo assim, qual medida seria adequada? 
Não precisa responder agora, nós vamos falar sobre isto novamente no 
final do nosso estudo. 
 
 
 
 
 
 
03 
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS 
Para você conseguir compreender bem o estudo, é importante você ter 
noção das práticas sobre a ação civil pública. O Professor Alexandre vai te ajudar 
com isso no vídeo disponível lá no material on-line. 
A ação Civil Pública é regulada principalmente pelas disposições da Lei n° 
7.347/85. O art. 19 da LACP determina que as regras do CPC serão aplicadas 
quando não contrariar as normas da ação civil pública. Já o art. 21 da LACP 
determina que os arts. 81 ao 104 (título III) do CDC se aplicam na defesa dos 
direitos difusos lato sensu. Esse conjunto de normas formado pelas Leis n° 
7.347/85 e n° 8.078/90 (CDC) é chamado de microssistema processual 
coletivo. 
Destaca-se que as disposições do CPC apenas serão aplicadas 
supletivamente, no que couber, pois ele contém regras e princípios, em sua 
maioria, ligados a direitos individuais disponíveis. 
A Ação Civil Pública, a Ação Popular e o Mandado de Segurança Coletivo 
são os instrumentos mais úteis de defesa dos direitos metaindividuais. 
A Ação Civil Pública Ambiental tem a natureza jurídica de garantia 
fundamental, com a finalidade de proteger o direito indisponível ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado. 
A LACP (Lei da Ação Civil Pública – Lei n° 7.347 de 1985) é oriunda de 
estudos realizados por juristas na década de 70, influenciados pela class action 
de países do sistema common law, pois com o desenvolvimento das relações 
jurídicas da sociedade e pela necessidade de proteger os direitos metaindividuais, 
foi verificado que havia a necessidade de desenvolver instrumentos jurídicos mais 
adequados. 
Para a tutela dos direitos metaindividuais, como o direito ao meio ambiente 
equilibrado, o sistema do CPC de 1973 não era adequado por ser individualista, 
isto é, não se preocupando em sistematizar a tutela de direitos supraindividuais. 
De acordo com o art. 1º da Lei n° 7.347/85, as ações de responsabilidade 
por danos morais e patrimoniais causados ao meio ambiente serão regidas pelas 
suas disposições. 
A Lei n° 7.347 é uma norma de natureza eminentemente processual, quase 
todos seus artigos tratam de normas procedimentais para tutelar o meio ambiente; 
o consumidor; bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e 
paisagístico; a qualquer outro interesse difuso ou coletivo; a ordem econômica; a 
 
 
04 
ordem urbanística, a honra e dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos e 
o patrimônio público e social. 
A Ementa da Lei n° 7.347/85 deixa claro sua natureza 
procedimental/processual: “disciplina a ação civil pública de responsabilidade por 
danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor 
artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (VETADO) e dá outras 
providências”. 
Os art. 10 e 13 são normas de direito material. O art. 10 tipifica o crime de 
retardar ou omitir o atendimento a uma requisição do Ministério Público. E o art. 
13 criou um fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais 
de que participarão necessariamente o Ministério Público e representantes da 
comunidade, sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens lesados. 
Portanto, após essa parte introdutória, vamos estudar todos os 23 artigos 
da Lei n° 7.347/85 e os artigos 81 a 104 da Lei n° 8.078/1990. 
 
Legitimidade Ativa 
Para iniciar esta parte do nosso estudo, o Professor Alexandre vai falar 
sobre as questões controvertidas da legitimidade ativa lá no vídeo disponível no 
material on-line. Não deixe de assistir. 
A legitimação ativa na Ação Civil Pública está estabelecida nos arts. 127, e 
129, III, § 1.º, da CRFB, no art. 5.º, caput e § 4.º, da LACP; e nos arts. 82, caput 
e § 1.º, e 91, do CDC. 
São os seguintes legitimados ativos: 
 
 O Ministério Público, destacando nesse caso, que a CRFB 
determina ser função institucional do MP promover o inquérito civil e 
a ação civil pública para a proteção do patrimônio público e social, 
do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; 
 Defensoria Pública (por força da Lei n° 11.448/2007); 
 As entidades políticas, inclusive o Distrito Federal, com previsão 
expressa na Lei n° 11.448/2007; 
 As entidades da Administração Pública Indireta, ou seja, as 
autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de 
economia mista; e 
 A associação que atenda as condições: formal, temporal e 
institucional. 
 
 
05 
O Poder Público e as outras associações legitimadas possuem a faculdade 
de habilitar-se como litisconsortes de qualquer das partes. 
A legitimidade para propositura de Ação Civil Pública é concorrente e 
disjuntiva, pois os cinco legitimados podem atuar de forma independente. 
Diferentemente da Ação Popular e do Mandado de Segurança, o cidadão 
(pessoa física) não é legitimado para a propositura de uma Ação Civil Pública. 
Entretanto, a Lei n° 7.347/85 conferiu a qualquer pessoa o direito de provocar a 
iniciativa do Ministério Público nos casos de lesão ou ameaça de lesão ao meio 
ambiente, informando-lhe sobre fatos que constituam objeto da Ação Civil Pública 
Ambiental. Por sua vez, o servidor público tem a obrigação de provocar a iniciativa 
do MP quando tiver conhecimento de lesão ou ameaça de lesão aos recursos 
naturais. 
Leia no link a seguir uma reportagem como exemplo da legitimidade do 
IBAMA para propor uma ação civil pública. Acesse pelo material on-line. 
http://www.conjur.com.br/2013-jan-15/ibama-propor-acao-civil-publica-reparacao-dano-ambiental CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento 
Dialógico 6 
 
O Ministério Público 
De acordo com a CRFB incumbe ao Ministério Público a promoção de 
ações civis públicas para a defesa do patrimônio público e social, do meio 
ambiente, e de outros interesses difusos e coletivos. Logo, não se exige do 
Ministério Público pertinência temática. 
No tocante ao Ministério Público, a regra é a presunção da 
legitimidade e interesse de agir. Contudo, entende-se que esta 
premissa poderá ser flexibilizada em situações pontuais. Por 
exemplo, se o Ministério Público do Estado da Bahia ajuizar ação 
civil pública para proteger recursos ambientais do Estado do Rio 
Grande do Sul, apenas poderá ser admitido como autor se 
demonstrar que a atividade degradante poderá afetar diretamente 
a Bahia, sob pena de usurpar funções institucionais do parquet 
gaúcho. (AMADO, 2014) 
O Ministério Público, caso não atue no processo como parte, atuará 
obrigatoriamente como fiscal da lei. Leia no link a seguir uma notícia sobre a 
necessidade de atuação do MP nas ações civis públicas. 
http://www.conjur.com.br/2015-out-28/acao-civil-publica-presenca-mp-
nula-decide-trt 
 
 
06 
A lei autoriza de forma expressa a formação de litisconsórcio facultativo 
entre os Ministérios Públicos da União, do Distrito Federal e dos Estados na 
defesa dos interesses e direitos difusos. 
Destaca-se que em caso de desistência infundada ou abandono da ação 
por associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a 
titularidade ativa. 
 
Defensoria Pública 
A Defensoria Pública possui legitimidade ativa para propor Ação Civil 
Pública, não precisando comprovar pertinência temática, mas deve demonstrar 
atribuição institucional. 
Nos termos do art. 134 da Constituição Federal, a Defensoria Pública é 
instituição essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orientação 
jurídica e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, na forma CCDD – 
Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 
 
do art. 5.º, LXXIV (o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita 
aos que comprovarem insuficiência de recursos). 
Nesse sentido, vejamos o seguinte julgado do STJ: 
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NO RECURSO ESPECIAL NOS 
EMBARGOS INFRINGENTES. PROCESSUAL CIVIL. 
LEGITIMIDADE DA DEFENSORIA PÚBLICA PARA A 
PROPOSITURA DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA EM FAVOR DE 
IDOSOS. PLANO DE SAÚDE. REAJUSTE EM RAZÃO DA IDADE 
TIDO POR ABUSIVO. TUTELA DE INTERESSES INDIVIDUAIS 
HOMOGÊNEOS. DEFESA DE NECESSITADOS, NÃO SÓ OS 
CARENTES DE RECURSOS ECONÔMICOS, MAS TAMBÉM OS 
HIPOSSUFICIENTES JURÍDICOS. EMBARGOS DE 
DIVERGÊNCIA ACOLHIDOS. 
1. Controvérsia acerca da legitimidade da Defensoria Pública para 
propor ação civil pública em defesa de direitos individuais 
homogêneos de consumidores idosos, que tiveram seu plano de 
saúde reajustado, com arguida abusividade, em razão da faixa 
etária. 
(...) 
5. O Supremo Tribunal Federal, a propósito, recentemente, ao julgar 
a ADI 3943/DF, em acórdão ainda pendente de publicação, concluiu 
que a Defensoria Pública tem legitimidade para propor ação civil 
pública, na defesa de interesses difusos, coletivos ou individuais 
 
 
07 
homogêneos, julgando improcedente o pedido de declaração de 
inconstitucionalidade formulado contra o art. 5.º, inciso II, da Lei n.º 
7.347/1985, alterada pela Lei n.º 11.448/2007 ("Art. 5.º - Têm 
legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar: ... II - a 
Defensoria Pública"). 
(...). (EREsp 1192577/RS, Rel. Ministra LAURITA VAZ, CORTE 
ESPECIAL, julgado em 21/10/2015, DJe 13/11/2015). 
 
A Associação 
A associação deverá atender algumas condições para possuir a 
legitimidade ativa para propor uma Ação Civil Pública Ambiental. A lei determina 
que ela, para possuir legitimidade ativa, deverá concomitantemente (legitimação 
condicionada): 
 Estar constituída há pelo menos 1 (um) ano (Condição Temporal)/ nos 
termos da lei civil (Condição Formal); e 
 Incluir, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao patrimônio 
público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à 
livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou 
ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (a 
condição institucional). 
A associação deverá demonstrar em juízo a pertinência temática, ou seja, 
a associação para ser legitimada ativa na ação civil pública ambiental, deverá ter 
em seu estatuto a finalidade institucional de proteger o meio ambiente. 
Nesse sentido, vejamos o seguinte julgado do Superior Tribunal de Justiça: 
“AGRAVO REGIMENTAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS 
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. 
AÇÕES COLETIVAS. LEGITIMIDADE. ASSOCIAÇÃO. CONDIÇÃO 
INSTITUCIONAL NÃO PREENCHIDA. 
1. No que tange à titularidade da ação coletiva, prevalece a teoria da 
representação adequada proveniente das class actions norte-
americanas, em face da qual a verificação da legitimidade ativa 
passa pela aferição das condições que façam do legitimado um 
representante adequado para buscar a tutela jurisdicional do 
interesse pretendido em demanda coletiva. 
2. A LACP (art.5º) legitima não apenas órgãos públicos à defesa dos 
interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos. Também 
as associações receberam tal autorização. No entanto, 
 
 
08 
contrariamente aos demais habilitados, possuem (as associações) 
legitimação condicionada. 
3. O exercício do direito de ação por parte das associações demanda 
o cumprimento de condições: (i) a condição formal, que exige 
constituição nos termos da lei civil; a (ii) condição temporal, referente 
à constituição há pelo menos um ano; e (iii) a condição institucional, 
que exige que a associação tenha dentre os seus objetivos 
estatutários a defesa do interesse coletivo ou difuso. 
4. As associações que pretendem residir em juízo na tutela dos 
interesses ou direitos metaindividuais devem comprovar a chamada 
pertinência temática. Cumpre-lhes demonstrar a efetiva 
correspondência entre o objeto da ação e os seus fins institucionais. 
5. A agravante não observa o requisito da representatividade 
adequada, consubstanciado na pertinência temática, visto que seu 
objetivo primordial é atuar em defesa de bares e restaurantes da 
Cidade de São Paulo. A previsão genérica estatutária de defesa dos 
interesses do setor e da sociedade não a legitima para a ação 
coletiva. 
6. Agravo regimental não provido. 
 
(AgRg nos EDcl nos EDcl no REsp 1150424/SP, Rel. Ministro OLINDO 
MENEZES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO), 
PRIMEIRA TURMA, julgado em 10/11/2015, DJe 24/11/2015)”. 
É necessário que a norma prevista no inciso V do art. 5º da LACP deva ser 
interpretado de forma extensiva, pois, como no caso da associação de moradores, 
a proteção ambiental poderá ser posta como um meio para alcançar a finalidade 
da associação, qual seja, uma sadia qualidade de vida numa cidade sustentável. 
Essa matéria foi objeto do Informativo do STJ n° 0442 de agosto de 2010, no 
seguintes termos: 
“STJ. Segunda Turma. ACP. PRESERVAÇÃO. CONJUNTO 
ARQUITETÔNICO. 
A associação de moradores recorrente, mediante ação civil pública (ACP), 
busca o sequestro de importante conjunto arquitetônico incrustado em seu bairro, 
bem como o fim de qualquer atividade que lhe deprede ou polua, além da 
proibição de construir nele anexos ou realizar obras em seu exterior ou interior. 
Nesse contexto, a legitimidade da referida associação para a ACP deriva de seu 
 
 
09 
próprio estatuto, enquanto ele dispõe que umdos objetivos da associação é 
justamente zelar pela qualidade de vida no bairro, ao buscar a manutenção do 
ritmo e grau de sua ocupação e desenvolvimento, para que prevaleça sua feição 
de zona residencial. Sua legitimidade também condiz com a CF/1988, pois o caput 
de seu art. 225 expressamente vincula o meio ambiente à sadia qualidade de vida. 
Daí a conclusão de que a proteção ambiental correlaciona-se diretamente com a 
qualidade de vida dos moradores do bairro. Também a legislação federal agasalha 
essa hipótese, visto reconhecer que o conceito de meio ambiente encampa o de 
loteamento, paisagismo e estética urbana numa relação de continência. Destaca-
se o teor do art. 3º, III, a e d, da Lei n° 6.938/1981, que dispõe ser poluição 
qualquer degradação ambiental oriunda de atividades que, direta ou 
indiretamente, prejudiquem a saúde e o bem-estar da população ou atinjam as 
condições estéticas do meio ambiente. Em suma, diante da legislação vigente, 
não há como invocar a falta de pertinência temática entre o objeto social da 
recorrente e o pleito desenvolvido na ação (art. 5º, V, b, da Lei n° 7.347/1985). 
REsp 876.931-RJ, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 10/8/2010”. 
Sobre a condição temporal (requisito especial de constituição há um ano), 
ela é necessária para evitar que sejam criadas associações casuísticas apenas 
para propor uma ação civil pública. Mas o art. 5º, § 4°, da Lei n° 7.347/85, autoriza 
o juiz a dispensar esse requisito quando houver manifesto de interesse social 
evidenciado pela dimensão ou caracterizado como dano, ou pela relevância do 
bem jurídico a ser protegido. 
Podemos citar como exemplo, o caso em que moradores atingidos por um 
desastre oriundo de uma administração irresponsável de uma empresa, sofram 
danos de grande monta, e essa empresa se nega a indenizá-los. As vítimas 
formam uma associação para requerer ao Poder Judiciário que obrigue essa 
empresa a reparar os danos. Nesse caso, o juiz pode dispensar o requisito 
temporal (vide a tragédia ambiental em Mariana/MG e acidentes aéreos em que 
as empresas não promovem a devida indenização). 
 
Legitimidade Passiva 
O Professor Alexandre vai explicar tudo sobre as questões controvertidas 
da legitimidade passiva. Acesse o vídeo pelo material on-line e não deixe de 
assistir. 
O art. 225 da CRFB em seu parágrafo 3º estabelece que as condutas e 
atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, 
 
 
010 
pessoas físicas ou jurídicas, às sanções penais e administrativas, 
independentemente da obrigação de reparar os danos causados. 
O art. 1º da LACP estabelece que as ações de responsabilidade por danos 
morais e patrimoniais causados, entre outros, ao meio ambiente, deverão figurar 
no polo passivo da demanda. 
O art. 3º, IV, da Lei n° 6.938/81, define como poluidor a pessoa física ou 
jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por 
atividade causadora de degradação ambiental. 
Analisando de forma conjunta o § 3º, do art. 225, da CRFB; o art. 1º da 
LACP; e o inciso IV, do art. 3º, da Lei n° 6.938/81, podemos concluir que todos os 
poluidores, pessoas físicas ou jurídicas, entes públicos ou privados, poluidores 
diretos ou indiretos, ativos ou omissivos terão legitimidade passiva ad causam, 
sendo solidária a responsabilidade civil pela reparação dos danos ambientais, não 
sendo, portanto, obrigatória a formação do litisconsórcio passivo. 
Vamos ver como isso funciona na prática? No link a seguir tem uma notícia 
falando exatamente sobre uma decisão do STJ a respeito do que estamos falando. 
Confira acessando pelo material on-line. 
http://www.conjur.com.br/2013-jul-03/litisconsorcio-nao-necessario-acao-
civil-publica-dano-ambiental 
Segue a ementa de interessantíssimo julgamento do STJ: 
“PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ALÍNEA "A" DO 
PERMISSIVO CONSTITUCIONAL. DISPOSITIVO CONSIDERADO VIOLADO 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 
 
DO QUAL NÃO SE EXTRAI A TESE SUSTENTADA. FUNDAMENTAÇÃO 
DEFICIENTE. APLICAÇÃO ANALÓGICA DA SÚMULA N. 284 DO STF. 
1. Trata-se de ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público do 
Estado do Paraná para responsabilização por danos causados ao 
meio ambiente em áreas às margens e nos próprios Rios Sem Passo 
e Mourão, bem como às margens do Reservatório da Usina Mourão 
I. O feito foi ajuizado contra os proprietários dos lotes nessas áreas, 
a União, o Estado do Paraná, o Município de Campo Mourão e a 
Companhia Paranaense de Energia, com pedido de condenação 
consistente na obrigação de fazer, referente à completa reposição 
florestal das propriedades apontadas - inclusive retirada de bovinos 
e lavouras em área de preservação permanente (faixa de cem 
 
 
011 
metros a contar do último ponto atingido pela lâmina d'água). A 
sentença julgou procedente os pedidos para condenar os réus à 
reparação dos danos ambientais, situação que foi mantida pelo 
acórdão de origem. 
2. Recorre a União alegando ilegitimidade passiva, ao argumento de 
que sua competência ambiental foi descentralizada mediante a 
criação do Ibama, de forma que não há omissão daquele que não 
tem o dever jurídico de impedir ou fiscalizar. 
 
(...) 
 
3. A recorrente aponta violação ao art. 6º da Lei n° 6.938/31, que 
dispõe que "[o]s órgãos e entidades da União, dos Estados, do 
Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, bem como as 
fundações instituídas pelo Poder Público, responsáveis pela 
proteção e melhoria da qualidade ambiental, constituirão o Sistema 
Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA" (negrito acrescentado). 
4. Da leitura do dito dispositivo tido como malferido não se depreende 
a afirmação do recorrente de que toda competência da União relativa 
a danos ao meio ambiente foi descentralizada mediante criação do 
Ibama. Muito pelo contrário, o que fala o artigo de lei é exatamente 
que a União, além de outras entidades, são responsáveis pela 
proteção e melhoria da qualidade ambiental, e constituirão o Sistema 
Nacional do Meio Ambiente. 
 
(...) 
5. Recurso especial não conhecido. (REsp 1266920/PR, Rel. Ministro 
MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 
07/02/2012, DJe 14/02/2012)”. 
 
Para aclarar o tema, devemos citar o seguinte julgamento do Superior 
Tribunal de Justiça: 
 
“ADMINISTRATIVO. AMBIENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANO 
AMBIENTAL. LEGITIMIDADE PASSIVA. RESPONSABILIDADE CIVIL DO 
ESTADO. IBAMA. DEVER DE FISCALIZAÇÃO. OMISSÃO CARACTERIZADA. 
 
 
012 
1. Tratando-se de proteção ao meio ambiente, não há falar em 
competência exclusiva de um ente da federação para promover 
medidas protetivas. Impõe-se amplo aparato de fiscalização a ser 
exercido pelos quatro entes federados, independentemente do local 
onde a ameaça ou o dano estejam ocorrendo. 
2. O Poder de Polícia Ambiental pode - e deve - ser exercido por todos 
os entes da Federação, pois se trata de competência comum, 
prevista constitucionalmente. Portanto, a competência material para 
o trato das questões ambiental é comum a todos os entes. Diante de 
uma infração ambiental, os agentes de fiscalização ambiental 
federal, estadual ou municipal terão o dever de agir imediatamente, 
obstando a perpetuação da infração. 
3. Nos termos da jurisprudência pacífica do STJ, a responsabilidade 
por dano ambiental é objetiva, logo responderá pelos danos 
ambientais causados aquele que tenha contribuído apenas que 
indiretamente para a ocorrência da lesão. 
 
Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 1417023/PR, Rel. Ministro 
HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/08/2015, DJe 
25/08/2015)”. CCDD– Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
013 
REVENDO A PROBLEMATIZAÇÃO 
Agora que você já viu todo o conteúdo teórico, vamos voltar ao nosso 
problema exposto lá no início do estudo. E então, qual a medida mais adequada 
no caso da atividade ilegal da peixaria? 
a. Propor uma Ação Civil Pública visando responsabilizar os autores dos 
danos morais e patrimoniais causados ao meio ambiente. 
b. Senhor "A" poderia informar ao Ministério Público a ocorrência do dano 
e entregar ao órgão do MP documentos que comprovem a ocorrência do dano e 
a omissão da Prefeitura Municipal. 
c. Senhor "A" deve requerer a associação de moradores do bairro que 
busca a manutenção do bem-estar dos moradores que entre com uma Ação Civil 
Pública para que sejam reparados os danos causados ao meio ambiente. 
 
Para consultar o feedback de cada uma das alternativas, acesse o material 
on-line. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
014 
SÍNTESE 
Chegamos ao final de mais um tema. Aprendemos que a ação civil pública 
tem a natureza jurídica de garantia fundamental, com a finalidade de proteger o 
direito fundamental indisponível ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. 
Vimos que para a tutela dos direitos metaindividuais, como o direito ao meio 
ambiente equilibrado, o sistema do Código de Processo Civil de 1973 não era 
adequado por ser individualista, não se preocupando em sistematizar a tutela de 
direitos supraindividuais, além de conhecermos quem são os legitimados ativos 
para propor a ACP. 
Sobre a legitimidade ativa notamos que, analisando de forma conjunta o § 
3º, do art. 225, da CRFB, o art. 1º da LACP e o inciso IV, do art. 3º, da Lei 6.938/81, 
todos os poluidores, pessoas físicas ou jurídicas, entes públicos ou privados, 
poluidores diretos ou indiretos, ativos ou omissivos terão legitimidade passiva da 
causa, sendo solidária a responsabilidade civil pela reparação dos danos 
ambientais, não sendo, portanto, obrigatória a formação do litisconsórcio passivo. 
Para relembrar tudo o que vimos neste tema, acesse o material on-line e 
assista ao vídeo em que o Professor Alexandre recapitula esta parte do nosso 
estudo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
015 
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