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AULA 6 DIREITO PROCESSUAL AMBIENTAL Prof. Alexandre Pontes Batista 02 INTRODUÇÃO Olá! Vamos estudar agora mais um tema! Você vai ver que a Ação Popular é uma garantia fundamental prevista no art. 5º, LXXIII, da CRFB, que visa proteger, entre outros, o direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. A Ação Popular regida pela Lei n° 4.717/65 é uma medida judicial, onde qualquer cidadão pode requerer a proteção de um bem metaindividual. Em sede de ação popular não pode ser discutido direito individual. A Ação Popular é uma ação coletiva. Vamos estudar a questão da legitimidade ativa do autor popular, de acordo com o art. 5º, LXXIII da CRFB, qualquer CIDADÃO é parte legítima para ajuizar uma Ação Popular. Devemos destacar que o cidadão com 16 anos de idade com capacidade eleitoral ativa, nos termos do art. 14, §1º, II "c" da CRFB, é parte legítima para propor a Ação Popular. Quando do ajuizamento da ação, a parte deverá provar a condição de cidadão, assim, a prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o título eleitoral ou com documento que a ele corresponda. Você vai perceber que de acordo com os arts. 1º e 6º da LAP, serão legitimados passivos as pessoas jurídicas de direito público ou de direito privado; as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissão, tiverem dado oportunidade à lesão; e os beneficiários diretos do ato. Vamos estudar também o objeto da Ação Popular, ela pode ser ajuizada para anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. No material on-line você vai poder assistir ao vídeo do Professor Alexandre apresentando tudo o que veremos neste tema. 03 PROBLEMATIZAÇÃO O prefeito da cidade X determinou o desmatamento de parte de uma área de proteção ambiental. Tendo conhecimento do ato lesivo, Senhor "A" pretende adotar alguma medida judicial para acabar com o desmatamento da área. Qual a medida mais adequada para proteger o meio ambiente? Não respondam agora. Com o estudo do tema vamos achar a melhor solução lá no final! NOÇÕES INTRODUTÓRIAS Lá no material on-line o Professor Alexandre vai explicar tudo sobre a Ação Popular. Não deixe de assistir. A ação popular é uma garantia fundamental, prevista no art. 5º, LXXIII, da CRFB que visa proteger, entre outros, o direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Ela é um instrumento para o exercício da democracia participativa. O parágrafo único do art. 1º da CRFB estabelece que todo o poder emana do povo, e que pode ser exercido diretamente. Assim, a ação popular possibilita ao cidadão, de forma direta, requerer a anulação de ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. Destaca-se que a Ação Popular regida pela Lei n° 4.717/65 é uma medida judicial onde qualquer cidadão pode requerer a proteção de um bem metaindividual. Em sede de ação popular não pode ser discutido direito individual, a Ação Popular é uma ação coletiva. Vejamos o seguinte informativo do STJ: A ação popular é o instrumento jurídico que qualquer cidadão pode utilizar para impugnar atos omissivos ou comissivos que possam causar dano ao meio ambiente. Assim, pode ser proposta para que o Estado promova condições para a melhoria da coleta de esgoto de uma penitenciária com a finalidade de que cesse o despejo de poluentes em um córrego, de modo a evitar dano ao meio ambiente. Se o juiz entender suficientes as provas trazidas aos autos, pode dispensar a prova pericial, mesmo que requerida pelas partes. Precedente citado: REsp 539.203-RS, DJ 29/8/2003. REsp 889.766-SP, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 4/10/2007. 04 Acesse o link a seguir pelo material on-line e leia o artigo “Fundamentos constitucionais do processo ambiental - A ação popular na defesa do meio ambiente”. http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI60554,71043- Fundamentos+constitucionais+do+processo+ambiental+A+acao+popular+na CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 LEGITIMIDADADE ATIVA De acordo com o art. 5º, LXXIII da CRFB, qualquer cidadão é parte legítima para ajuizar uma Ação Popular. Devemos destacar que o cidadão com 16 anos de idade com capacidade eleitoral ativa, nos termos do art. 14, §1º, II "c" da CRFB, é parte legítima para propor a Ação Popular. De acordo com art. 15, III da CRFB, ocorrerá a suspensão de direitos políticos, nos casos de condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos (trata-se de suspensão porque a privação dos direitos políticos vigora apenas enquanto incidentes os efeitos da condenação). Assim, a pessoa condenada não poderá ajuizar a Ação Popular enquanto estiver com os direitos políticos suspensos. Quando do ajuizamento da ação, a parte deverá provar a condição de cidadão, assim, a prova da cidadania, para ingresso em juízo, será feita com o título eleitoral, ou com documento que a ele corresponda. Uma parte da doutrina entende que não é somente o cidadão brasileiro que poderá ajuizar uma Ação Popular Ambiental, mas toda e qualquer pessoa que se sinta lesada pelo ato que violar o direito ao meio ambiente equilibrado. Nesse sentido, vejamos os ensinamentos de Fiorillo (2013): Com isso, denota-se que o destinatário do meio ambiente ecologicamente equilibrado é toda a coletividade — brasileiros e estrangeiros aqui residentes —, independente da condição de eleitor, de modo que, no tocante à proteção dos bens e valores ambientais, o art. 1º, § 3º, da Lei n. 4.717/65 não foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988. (...) Assim, em sede de ação popular ambiental, a legitimação ativa não se restringe ao conceito de cidadão encartado na Lei n. 4.717/65, cabendo esse instrumento a todos aqueles que são passíveis de sofrer os danos e lesões ao meio ambiente, quais sejam, brasileiros e estrangeiros residentes no País. 05 Devemos nesse ponto, citar o seguinte julgado do Superior Tribunal de Justiça: Legitimidade Ativa. Prova da Cidadania. Informativo nº 0476 Período: 6 a 10 de junho de 2011. Segunda Turma. AÇÃO POPULAR. LEGITIMIDADE. CIDADÃO. ELEITOR. A ação popular em questão foi ajuizada por cidadão residente no município em que também é eleitor. Sucede que os fatos a serem apurados na ação aconteceram em outro município. Vem daí a discussão sobre sua legitimidade ad causam a pretexto de violação dos arts. 1º, caput e § 3º, da Lei n. 4.717/1965 e 42, parágrafo único, do Código Eleitoral. Nesse contexto, é certo que o art. 5º, LXXIII, da CF/1988 reconhece a legitimidade ativa do cidadão e não do eleitor para propor a ação popular e que os referidos dispositivos da Lei n. 4.717/1965 apenas definem ser a cidadania para esse fim provada mediante o título de eleitor. Então, a condição de eleitor é, tão somente, meio de prova da cidadania, essa sim relevante para a definição da legitimidade, mostrando-se desinfluente para tal desiderato o domicílio eleitoral do autor da ação, que condiz mesmo com a necessidade de organização e fiscalização eleitorais. Já o citadodispositivo do Código Eleitoral traz requisito de exercício da cidadania em determinada circunscrição eleitoral, o que não tem a ver com a sua prova. Dessarte, conclui-se que, se for eleitor, é cidadão para fins de ajuizamento da ação popular. REsp 1.242.800- MS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 7/6/2011. O cidadão pode ser o autor da ação popular, mas se ele não possuir capacidade postulatória, deverá ser representado por um advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, nos termos do art. 103 do Novo Código de Processo Civil. De acordo com o § 5º, do art. 6º, da LAP (Lei da Ação Popular), qualquer cidadão tem a faculdade de se habilitar como litisconsorte ou assistente do autor da ação popular. LEGITIMIDADE PASSIVA Acesse o material on-line e confira a explicação do Professor Alexandre sobre as questões controvertidas sobre a legitimidade ativa e passiva. Possui legitimidade para figurar no polo passivo da Ação Popular: União; Distrito Federal; Estados; Municípios; entidades autárquicas; sociedades de economia mista; sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, empresas públicas, de serviços sociais autônomos, instituições 06 ou fundações cuja criação ou custeio o tesouro público tenha concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual; empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios; quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos. Assim, de acordo com os arts. 1º e 6º da LAP, serão legitimados passivos as pessoas jurídicas de direito público ou de direito privado; as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissão, tiverem dado oportunidade à lesão; e os beneficiários diretos do ato. Nesse ponto devemos destacar o teor do §3º, do art. 6º, da LAP, que autoriza o sujeito passivo pessoa jurídica de direito público ou de direito privado, abster-se de contestar o pedido, ou atuar ao lado do autor, quando tal ação seja mais benéfica ao interesse público. OBJETO De acordo com a CRFB, a Ação Popular pode ser ajuizada para anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. De acordo com o art. 2º da Lei n° 4.717/65 o ato público será considerado ilegal quando estiver eivado de: incompetência; vício de forma; ilegalidade do objeto; inexistência dos motivos; desvio de finalidade. O pedido na Ação Popular será de uma condenação em uma obrigação de pagar; de fazer; de não fazer; de entregar coisa certa. Ressalte-se que, de acordo com a doutrina, ato lesivo contra o meio ambiente não precisa de comprovação, pois a lesividade é presumida. Para Andrade (2014), a análise inicial da presença do interesse de agir é feita in statu assertionis, ou seja, a partir da simples leitura da argumentação fática exposta na petição inicial. Se, em tese, os fatos tais como noticiados no vestibular importaram ou poderão importar lesão a bem defensável por meio da ação popular, e o pedido é adequado para defendê-lo, está presente o interesse de agir. 07 Embora seja prescindível a existência atual do dano, bastando o risco de que ele venha a ocorrer, é indispensável a existência, no mínimo, de um ato capaz de gerar o dano. Em outras palavras, como a ação popular deve sempre veicular um pedido declaratório de nulidade ou anulatório de um ato, não haverá interesse de agir se ainda não existe um ato a ser invalidado. O que não se exige é que o ato já tenha produzido algum dano, bastando o risco de dano. Se o ato lesivo ainda não foi praticado, mas houver risco de que venha a ser, nada obsta que um dos entes legitimados proponha uma ação civil pública visando a evitá-lo. Na ação popular, contudo, isso não será possível. Nesse ponto, devemos citar o seguinte julgado do STJ que trata de uma ação popular visando anular ato lesivo ao meio ambiente: ADMINISTRATIVO. AÇÃO POPULAR. INTERESSE DE AGIR. PROVA PERICIAL. DESNECESSIDADE. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. (...) 3. A ação popular pode ser ajuizada por qualquer cidadão que tenha por objetivo anular judicialmente atos lesivos ou ilegais aos interesses garantidos constitucionalmente, quais sejam, ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. 4. A ação popular é o instrumento jurídico que deve ser utilizado para impugnar atos administrativos omissivos ou comissivos que possam causar danos ao meio ambiente. 5. Pode ser proposta ação popular ante a omissão do Estado em promover condições de melhoria na coleta do esgoto da Penitenciária Presidente Bernardes, de modo a que cesse o despejo de elementos poluentes no córrego Guarucaia (obrigação de não fazer), a fim de evitar danos ao meio ambiente. (...). 7. Recurso especial conhecido em parte e não provido. (STJ. REsp 889766/SP. Rel. Ministro CASTRO MEIRA. Publ. DJ 18/1 0/2007 p. 333). De acordo com o STJ não é presumida a lesividade do ato impugnado via a Ação Popular, sendo ônus do autor comprovar a potencialidade lesiva do ato. Por sua vez, o Supremo Tribunal Federal, no ano de 2015, julgou desnecessidade de comprovação da existência da lesividade do ato impugnado. Segue o link de uma notícia que trata do julgamento do Supremo Tribunal Federal, acesse pelo material on-line. http://www.conjur.com.br/2015-set-05/acao-popular-independe-comprovacao- prejuizo-reafirma-stf Em razão da controvérsia existente sobre o assunto, cabe aqui mencionar a doutrina de Andrade (2014): 08 Portanto, atualmente, continua pacífico que a lesividade de um ato ao patrimônio público, à moralidade administrativa ou ao meio ambiente é um pressuposto necessário da ação popular. No tocante à ilegalidade do ato, há dois entendimentos. Filiamo-nos à segunda corrente (para quem a ilegalidade não é imprescindível), pois nos parece ser a que extrai maior efetividade das inovações trazidas pela atual Constituição, seja no sentido de conferir maior proteção ao meio ambiente e à probidade administrativa, seja de permitir uma maior participação popular na vida política. FINALIDADE DA AÇÃO POPULAR A Ação popular pode ter a finalidade Preventiva, Repressiva ou Supletiva. Ela pode visar a prevenção da ocorrência de um dano ambiental. Assim, havendo a necessidade de se requerer uma tutela ambiental provisória, baseada na necessidade urgente de se tutelar o meio ambiente, essa tutela será requerida ao juízo competente para conhecer do pedido principal, nos termos do art. 299 do NCPC. A Ação Popular repressiva busca anular o ato lesivo ao meio ambiente. Já a supletiva tem como escopo obrigar o sujeito passivo a agir quando tiver omissa e essa omissão puder causar um dano ao meio ambiente. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 COMPETÊNCIA Para a definição do órgão competente, primeiramente deve ser apurado se a competência é do STF ou do STJ. Após, deve ser verificado se o juízo competente compõe alguma das Justiças Especializadas (Militar, Eleitoral ou Trabalhista). Não sendo de competência de nenhuma delas, verifica-se se a competência é da Justiça Federal, e, após, a competência da Justiça Estadual ou Distrital. Via de regra,a Ação Popular de cunho ambiental será proposta perante a Justiça Estadual ou Distrital. Para a verificação da competência da Justiça Federal devem ser seguidas as regras do art. 109 da CRFB. Mas, nos incisos do art. 109 não existe referência da questão ambiental. A justiça federal será competente nos seguintes casos: 1. COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA PESSOA. Art. 109, I, da CRFB - Nas causas em que a União, o MPF, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho. 09 2. COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA. Art. 109, III, da CRFB - Nas causas fundadas em tratados ou convenções internacionais. Art. 109, V - Nas causas relativas a direitos humanos. Art. 109, XI da CRFB, e nas causas em que há disputa sobre direitos indígenas (CF, art. 109, XI). Sobre o tema é importante citar os ensinamentos de Andrade (2014): O que a LAP diz Como fica diante da atual CF Competência para “causas da União” estaria ditada pela “organização judiciária de cada Estado” (art. 5.º, caput, da LAP). Competência da Justiça Federal é dada pelo art. 109 da CF. O mero interesse patrimonial da União, ou o fato de a União ser acionista ou subvencionar entidade cujo ato é impugnado são determinantes para fixar a competência da Justiça Federal (art. 5.º, caput e § 1.º, da LAP) Os fatores apontados no quadro ao lado não são determinantes para fixar a competência da Justiça Federal: é mister que a União seja parte, assistente ou oponente e tenha interesse jurídico (art. 109, I, da CF), ou estejam presentes outras hipóteses do art. 109 da CF O serviço estatal descentralizado, com personalidade e orçamento independente, bem como a entidade de direito privado que tenha competência para receber e aplicar contribuições parafiscais são equiparadas a autarquias para os fins da LAP (art. 20 da LAP) A equiparação feita pelo art. 20 da LAP, embora permita a incidência da LAP para impugnar os atos lesivos à moralidade administrativa ou patrimônio de tais entidades, não as torna autarquias federais para o fim de fixar a competência da Justiça Federal determinada no art. 109 da CF PROCEDIMENTO Você sabe quais são os aspectos práticos do procedimento da ação popular? Para te ajudar, o Professor Alexandre vai explicar sobre isso no vídeo com acesso pelo material on-line. Confira! São requisitos para a viabilidade da ação popular: O autor deve ser cidadão. O ato comissivo ou omisso impugnado deve ser ilegal. O direito tutelado tem que ser metaindividual. Tem que comprovar a lesividade ao patrimônio público à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. 010 A petição inicial deve ser instruída com documentos que comprovem a ocorrência ou a potencialidade de ocorrência do dano ambiental. O autor popular, quando não tiver a posse dos documentos necessários, poderá requerer às entidades listada no caput do art. 1º da Lei n° 4.717/65 os documentos que entender necessários, bastando para isso indicar a finalidade destes. Nesse sentido, também temos as seguintes normas constitucionais do art. 5º: XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado. XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal. A Lei n °12.527/2011 (lei de acesso à informação) preconiza que: Art. 7o: O acesso à informação de que trata esta Lei compreende, entre outros, os direitos de obter: (...) II - informação contida em registros ou documentos, produzidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou não a arquivos públicos; III - informação produzida ou custodiada por pessoa física ou entidade privada decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado. Sobre a utilização da lei de acesso à informação a fim de se obter documentos para instruir a petição inicial da Ação Popular, segue o link de uma notícia pertinente. Acesse pelo material on-line: http://www.conjur.com.br/2012-mai-22/juiz-manda-autor-acao-popular-usar-lei- acesso-buscar-dados A ação seguirá o rito ordinário, com algumas modificações. Entre elas, devemos destacar as seguintes: a. Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: a) além da citação dos réus, a intimação do representante do Ministério Público; b) a requisição, às entidades 011 indicadas na petição inicial, dos documentos que tiverem sido referidos pelo autor (art. 1º, § 6º), bem como a de outros que se lhe afigurem necessários ao esclarecimento dos fatos, ficando prazos de 15 (quinze) a 30 (trinta) dias para o atendimento. b. O prazo para contestar é de 20 (vinte) dias, prorrogáveis por mais 20 (vinte), a requerimento do interessado, desde que seja particularmente difícil a produção de prova documental. c. O prazo para contestar será comum a todos os interessados, correndo da entrega em cartório do mandado cumprido, ou, quando for o caso, do decurso do prazo assinado em edital. SENTENÇA A sentença na Ação Popular deve seguir as regras previstas nos artigos 489 a 495 do Novo Código de Processo Civil. Na Ação Popular a sentença que julgar procedente o pedido e decretar a invalidade do ato impugnado, condenará ao pagamento de perdas e danos os responsáveis pela sua prática e os beneficiários dele, ressalvada a ação regressiva contra os funcionários causadores de dano, quando incorrerem em culpa. Assim, em sede de Ação Popular, mostra-se viável a reparação dos danos ambientais cometidos em razão do ato impugnado. De acordo com o art. 18 da LAP, a sentença terá eficácia de coisa julgada oponível erga omnes, exceto no caso de haver sido a ação julgada improcedente por deficiência de prova, quando qualquer cidadão poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova. Qualquer cidadão e o órgão do Ministério Público poderão recorrer das sentenças e decisões proferidas contra o autor da demanda. Devemos destacar o teor do: Art. 19 da LAP: A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal; da que julgar a ação procedente caberá apelação, com efeito suspensivo. O Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do AgRg no REsp 1.151.540, julgado em 20.06.2013, assim decidiu: (...) a Lei 4.717/1965 deve ser interpretada de forma a possibilitar, por meio de Ação Popular, a mais ampla proteção aos bens e direitos associados ao patrimônio público, em suas várias 012 dimensões (cofres públicos, meio ambiente, moralidade administrativa, patrimônio artístico, estético, histórico e turístico) (REsp 453.136/PR, Relator Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 14.12.2009). O fato de a Lei Municipal n. 4.437/1996, logo após a sua edição, ter ido [sic] revogada pela Lei Municipal n. 4.466/1996 não ostenta a propriedade de exaurir o objeto da ação popular. Deveras, o autor popular pretendea recomposição do dano ambiental e o embargo definitivo da obra de terraplanagem, além da invalidação da Lei Municipal posteriormente revogada. Logo, o processamento da ação popular é medida que se impõe. Com base nisso, leia o artigo Sentença em ação popular ambiental pode gerar mais malefícios do que benefícios a seguir para aprimorar mais seus conhecimentos. http://www.conjur.com.br/2015-out-05/gabriel-wedy-sentenca-acao-ambiental-gerar- maleficios CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 PRESCRIÇÃO O art. 21 da LAP determina que a Ação Popular prescreve em 5 (cinco) anos. Mas a Ação Popular Ambiental é imprescritível. O Superior Tribunal de Justiça entende que o direito à reparação do meio ambiente é imprescritível em razão da imensa potencialidade lesiva do dano ambiental Ressalve-se, porém, a pretensão à reparação do dano ambiental, que é imprescritível, seja porque se trata de direito fundamental e essencial à vida humana digna e saudável, seja porque não assiste apenas às gerações presentes, como também às futuras (que não poderiam ser prejudicadas pela inércia das gerações presentes), seja porque sua inclusão dentre os bens passíveis de defesa via ação popular deu-se pela Constituição Federal de 1988, que não o submeteu a prazo prescricional. (ANDRADE, 2014). 013 REVENDO A PROBLEMATIZAÇÃO Agora que você já viu todo o conteúdo teórico, vamos retomar o problema exposto lá no início do nosso estudo. E então, qual a medida mais adequada para o Senhor “A” tomar a fim de proteger o meio ambiente? a. Senhor "A", por ser cidadão e por estar quite com suas obrigações eleitorais, ajuíza uma ação popular. b. Senhor "A" impetra um Mandado de Segurança Coletivo em face do ato do prefeito que determinou o desmatamento para proteger o direito metaindividual ao meio ambiente equilibrado. c. Senhor "A" propõe, através de um advogado regularmente inscrito na OAB, uma Ação Popular visando responsabilizar os protagonistas dos danos morais e patrimoniais causados ao meio ambiente. Para consultar o feedback de cada uma das alternativas, acesse o material on-line. 014 SÍNTESE Chegamos ao final de mais um tema. Dentre tantas coisas que vimos aqui, aprendemos que a Ação Popular é um instrumento para o exercício da democracia participativa. Sobre a legitimidade ativa vimos que o cidadão pode ser o autor da ação popular, mas se ele não possuir capacidade postulatória, deverá ser representado por um advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, nos termos do art. 103 do Novo Código de Processo Civil. Vimos ainda, que de acordo com a SÚMULA 365 do Supremo Tribunal Federal, pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular. Estudamos que o sujeito passivo pessoa jurídica de direito público ou de direito privado, pode abster-se de contestar o pedido, ou atuar ao lado do autor, quando tal ação for mais benéfica ao interesse público. A Ação popular pode ter a finalidade preventiva, repressiva ou supletiva. Via de regra, a Ação Popular de cunho ambiental será proposta perante a Justiça Estadual ou Distrital, e para a verificação da competência da Justiça Federal devem ser seguidas as regras do art. 109 da CRFB. Estudamos que a petição inicial deve ser instruída com documentos que comprovem a ocorrência ou a potencialidade de ocorrência do dano ambiental. O autor popular quando não tiver a posse dos documentos necessários poderá requerer às entidades listada no caput do art. 1º da Lei n° 4.717/65, os documentos que entender necessários, bastando para isso indicar qual será a finalidade. O título de eleitor também deve estar acostado à petição inicial. De acordo com o art. 18 da LAP, a sentença terá eficácia de coisa julgada oponível erga omnes, exceto no caso de haver sido a ação julgada improcedente por deficiência de prova, quando qualquer cidadão poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova. Qualquer cidadão ou órgão do Ministério Público poderá recorrer das sentenças e decisões proferidas contra o autor da demanda. Para você relembrar tudo o que vimos aqui, acesse o material on-line e assista ao vídeo do Professor Alexandre recapitulando nosso estudo. Até a próxima! 015 REFERÊNCIAS AMADO, Frederico Augusto Di Trindade. Direito ambiental esquematizado /– 5.ª ed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paul: MÉTODO, 2014. ANDRADE, Adriano. MASSON, Cleber. ANDRADE, Landolfo. Interesses difusos e coletivos esquematizado – 4. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014. ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito Ambiental. -12 ed. – Rio de Janeiro: Lumem Juris, 2010. BECK, Ulrich, Sociedade de risco: rumo a uma outra modernidade. São Paulo: Ed. 34, 2010. CANÁRIO Pedro. Autor de ação deve usar Lei de Acesso para obter dados. Disponível em: < http://www.conjur.com.br/2012-mai-22/juiz-manda-autor-acao- popular-usar-lei-acesso-buscar-dados> . Acesso em: 5 jan. 2017. DIDIER JR., Fredie. BRAGA, Paulo Sarna. OLIVEIRA. Rafael Alexandria de. Curso de Direito Processual Civil: teoria da prova, direito probatório, ações probatórias, decisão, precedente, coisa julgada e antecipação dos efeitos da tutela. Volume 2. 10ª ed. Salvador: Ed. 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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 016 NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Ações constitucionais. – 2. ed. rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2013. NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de processo coletivo, volume único. 2. ed., rev. e atual. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014. NEVES, Daniel Amorim Assumpção. TARTUCE, Flávio. Manual de direito do consumidor: direito material e processual– 3. ed. – Rio de Janeiro: Forense: São Paulo: MÉTODO, 2014. PIETRO, Maria Sylvia Zanella Di. Direito administrativo. São Paulo: Atlas, 2003. SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 17. ed. São Paulo, 2000 THOMÉ, Romeu. Manual de Direito Ambiental. 5ª edição. São Paulo: JusPodivm, 2015. WEDY, Gabriel. Sentença em ação popular ambiental pode gerar mais malefícios do que benefícios. Disponível em: http://www.conjur.com.br/2015- out-05/gabriel-wedy-sentenca-acao-ambiental-gerar-maleficios> . Acesso em: 5 jan. 2017.
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