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aula 02 Direito das sucessões

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Direito das Sucessões 
Aula 2 
1
Pontos a Serem Abordados Nesta Aula 
Discorrer sobre a Indivisibilidade da herança 
Compreender a Responsabilidade dos herdeiros
Conceituar Cessão de Direitos Hereditários e Compreender seus efeitos jurídicos 
Estudar os efeitos da administração provisória da herança 
Compreender a ordem de vocação hereditária e seus efeitos jurídicos 
Direito das Sucessões 
Art. 2.023. Julgada a partilha, fica o direito de cada um dos herdeiros circunscrito aos bens do seu quinhão. CC/2002. 
Antes da partilha, nenhum herdeiro tem a propriedade ou a posse exclusiva sobre um bem certo e determinado do acervo hereditário. Só a partilha individualiza e determina objetivamente os bens que cabem a cada herdeiro. 
Indivisibilidade da Herança 
Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros: Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio.
Cada co-herdeiro tem os mesmos diretos e deveres em relação ao todo, não cabendo nenhum deles direitos e deveres sobre um ou mais bens determinados da herança; estamos diante de universitas iuris. 
A individisibilidade diz respeito ao domínio da posse dos bens hereditários , desde a abertura da sucessão até a atribuição dos quinhões a cada sucessor, na partilha. 
Indivisibilidade do Direito dos Co-herdeiros 
O Co-herdeiro pode alienar ou ceder apenas sua quota ideal, ou seja, o direito a sucessão aberta, que o artigo 80, II do CC considera bem imóvel exigindo escritura pública e outorga uxória, não lhe sendo permitido transferir a terceiro parte certa e determinada do acervo. 
Indivisibilidade dos Bens dos Co-herdeiros 
Art. 1793; §2º: § 2o É ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer bem da herança considerado singularmente.
Sendo a herança uma universalidade, e indivisível, somente com a partilha serão determinados os bens que comporão o quinhão de cada herdeiro. 
As regras aplicadas a essa universalidade de bens são as mesmas aplicadas ao condomínio.
A indivisibilidade do direito do co-herdeiros 
Art. 1.792. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demostrando o valor dos bens herdados.
Pode-se dizer, desse modo, que em nosso direito a aceitação da herança é sempre a benefício de inventário, ex vi legis e sem necessidade de ressalva expressa. 
No inventário é feito o levantamento do patrimônio do falecido relacionando-se os bens, créditos e débitos que deixou. As dívidas são da herança por elas. Só serão partilhados os bens ou valores que restarem depois de pagas as dívidas, isto é, depois de descontado o que de, fato, pertence a outrem. 
Responsabilidade dos herdeiros
Se o Crédito representa um valor patrimonial, assim reconhecido pelo ordenamento jurídico, é evidente que pode ser, objeto do comércio jurídico, do mesmo modo que outros bens integrantes do patrimônio do sujeito. 
O direito a sucessão aberta, portanto, como qualquer direito patrimonial de conteúdo econômico, pode ser transferido mediante cessão. 
Cessão de Direitos Hereditários 
A cessão dos direitos hereditários é negócio jurídico translativo inter vivos, pois só pode ser celebrado depois da abertura da sucessão. O nosso direito não admite essa modalidade de avença estando vivo o hereditando. Antes da abertura da sucessão a cessão configuraria pacto sucessório, contrato que tem por objeto a herança de pessoa viva, que nossa lei proíbe e considera nula de pleno direito. Pacto de Curvina. 
Cessão de Direitos Hereditários 
Pode-se dizer, assim, que a cessão de direitos hereditários, gratuita ou onerosa, “consiste na transferência que o herdeiro, legítimo ou testamentário, faz a outrem de todo quinhão ou de parte dele, que lhe compete após a abertura da sucessão. 
Sendo gratuita, a aludida cessão equipara-se à doação; e à compra e venda, se realiza onerosamente. 
Cessão de Direitos Hereditários 
Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o co-herdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública.
§ 1o Os direitos, conferidos ao herdeiro em conseqüência de substituição ou de direito de acrescer, presumem-se não abrangidos pela cessão feita anteriormente.
§ 2o É ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer bem da herança considerado singularmente.
§ 3o Ineficaz é a disposição, sem prévia autorização do juiz da sucessão, por qualquer herdeiro, de bem componente do acervo hereditário, pendente a indivisibilidade
Cessão de Direitos Hereditários
É comum ouvirmos as pessoas falarem: 
 _ Eu renuncio meu direito a herança, em nome dos meus irmãos. 
Nesse caso ocorre uma renuncia Translativa ou abdicativa. Cede direito à sucessão aberta o herdeiro que ainda não tenha declarado, de forma expressa ou tácita, aceitar a herança. Ao ceder o seu direito à sucessão aberta, pelo mesmo ato estará aceitando a herança, ainda que tácita ou implicitamente, uma vez que o herdeiro só pode ceder direito que tenha aceitado. 
Cessão de Direitos Hereditários
O direito abstrato à sucessão aberta é considerado bem imóvel, ainda que os bens deixados pelo de cujus sejam todos móveis ou direitos pessoais. Neste caso, o que se considera imóvel não é o direito aos bens componentes da herança, mas o direito a esta, como uma unidade abstrata (CC, art. 80, II). A lei não cogita das coisas que estão na herança, mas do direito a esta. Somente depois da partilha é que se poderá cuidar dos bens, individualmente. 
Forma e Objeto 
Sendo assim, a cessão de direitos hereditários, por versar sobre bem imóvel, exige, no tocante à forma, escritura pública e outorga uxória ou autorização marital, como condição de validade do negócio. (Art. 1793, 1647 caput e inciso I e 166, IV). 
Forma e Objeto
No instrumento público deve constar se a cessão é feita a título gratuito ou oneroso, bem como se abrange a totalidade da herança, quando o cedente é herdeiro único, ou de parte dela, e todo o seu quinhão ou parte dele. Os Direitos Hereditários são, em última análise, o objeto do contrato. 
Forma e Objeto
O cedente deve ser capaz de alienar, não bastando a capacidade genérica. O cessionário recebe a herança no estado em que se encontra, correndo, portanto, o risco de ser mais ou menos absorvida pelas dívidas. Aquele garante a existência do direito cedido, não a sua extensão ou quantidade dos bens, a não ser que haja ressalva expressa. Dado carácter aleatório da cessão, não responde o cedente pela evicção. 
Forma e Objeto 
O cessionário assume o lugar e a posição jurídica do cedente, ficando sub-rogado em todos os direitos e obrigações, como se fosse o próprio herdeiro, recebendo, desse modo, na partilha, o que o herdeiro cedente haveria de receber. 
O co-herdeiro somente pode ceder quota-parte ou parcela de quota-parte naquele complexo hereditário (universitas), mas nunca um ou mais bens determinados. Tal regra decorre de indivisibilidade da herança como um todo e da incerteza relativa aos bens que tocarão a cada co-herdeiro quando ultimada a partilha. Se discriminar as coisas que pretende alienar não obriga com isso os co-herdeiros, perante os quais é ineficaz a alienação (CC, art. 1793, §2º). 
Forma e Objeto
ATENÇÃO 
Não se confunde tal situação com a venda de determinado bem feita pelo próprio espólio, também mediante autorização judicial, como comumente se faz para pagamento de dívidas da herança, do imposto de transmissão mortis causa ou de despesas com o inventário. Nesse caso o produto da venda ingressa no acervo e será dividido, no lugar do bem, entre todos os herdeiros, na proporção de suas quotas. 
Forma e Objeto
Art. 1.794. O co-herdeiro não poderá ceder a sua quota hereditária a pessoa estranha à sucessão, se outro co-herdeiro a quiser, tanto por tanto.
Art. 1.795. O co-herdeiro, a quem
não se der conhecimento da cessão, poderá, depositado o preço, haver para si a quota cedida a estranho, se o requerer até cento e oitenta dias após a transmissão.
Parágrafo único. Sendo vários os co-herdeiros a exercer a preferência, entre eles se distribuirá o quinhão cedido, na proporção das respectivas quotas hereditárias.
Direito de Preferência de Co-herdeiro 
Repete o legislador o que já havia determinado no art. 504, caput, ao disciplinar a venda de coisa indivisível em condomínio. O co-herdeiro preterido pode exercer o seu direito de preferência ou prelação pela ação de preempção, ajuizando-a no prazo decadencial de cento e oitenta dias, contados da data em que teve ciência da alienação, e na qual efetuará o depósito do preço pago, havendo para si a parte vendida ao terceiro. 
Direito de Preferência de Co-herdeiro
A intenção é evitar o ingresso de estranho no condomínio de estranho, preservando de futuros litígios inconvenientes. 
A preferência, todavia, só pode ser exercida nas cessões onerosas, como se depreende da expressão “tanto por tanto” (art. 1794). Não há por conseguinte, direito do co-herdeiro se a transferência da quota hereditária é feita gratuitamente. Como não existe preferência se o co-herdeiro cede seu quinhão a outro co-herdeiro, que, logicamente, não é pessoa estranha a sucessão. 
Direito de Preferência de Co-herdeiro
Art. 1.796. No prazo de trinta dias, a contar da abertura da sucessão, instaurar-se-á inventário do patrimônio hereditário, perante o juízo competente no lugar da sucessão, para fins de liquidação e, quando for o caso, de partilha da herança.
Abertura do Inventário 
Art. 611 _ Novo CPC.  O processo de inventário e de partilha deve ser instaurado dentro de 2 (dois) meses, a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar esses prazos, de ofício ou a requerimento de parte.
Abertura do Inventário 
A inobservância do prazo para o início do inventário pode acarretar sanção de natureza fiscal, com imposição de multa sobre o imposto a recolher. Proclama a sumula 542 do “Supremo Tribunal Federal que não é inconstitucional a multa instituída pelo Estado-Membro, como sanção pelo retardamento do início ou da ultimação do inventário”.
Abertura do Inventário 
Foro Competente 
Art. 48. CPC 2015.  O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro.
Parágrafo único.  Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente:
I - o foro de situação dos bens imóveis;
II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes;
III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio.
Abertura do Inventário
Nomeação do inventariante: 
Art. 617. CPC de 2015. O juiz nomeará inventariante na seguinte ordem:
I - o cônjuge ou companheiro sobrevivente, desde que estivesse convivendo com o outro ao tempo da morte deste;
II - o herdeiro que se achar na posse e na administração do espólio, se não houver cônjuge ou companheiro sobrevivente ou se estes não puderem ser nomeados;
III - qualquer herdeiro, quando nenhum deles estiver na posse e na administração do espólio;
IV - o herdeiro menor, por seu representante legal;
V - o testamenteiro, se lhe tiver sido confiada a administração do espólio ou se toda a herança estiver distribuída em legados;
VI - o cessionário do herdeiro ou do legatário;
VII - o inventariante judicial, se houver;
VIII - pessoa estranha idônea, quando não houver inventariante judicial.
Parágrafo único.  O inventariante, intimado da nomeação, prestará, dentro de 5 (cinco) dias, o compromisso de bem e fielmente desempenhar a função.
Obs: os artigos em destaque estão foram acrescentados pelo novo CPC. 
Abertura do Inventário
Nessa linha, proclamou o Superior Tribunal de Justiça: “A ordem de nomeação de inventariante insculpida no art. 990 do CPC deve ser rigorosamente observada, excetuando-se as hipóteses em que o magistrado tenha fundadas razões para desconsiderá-las, com o fim de evitar tumultos processuais desnecessários ou mesmo a sonegação de bens, como no caso, em face da patente litigiosidade existente entre as partes. 
Abertura do Inventário
Função do inventariante: 
É ele quem arrecada os bens e os administra até a entrega de cada porção aos herdeiros por ele relacionados, sendo ainda quem representa a herança até que passe em julgado a sentença de partilha e adjudicação.
Natureza Jurídica da Inventariança 
Há quem considere o inventariante um depositário, pelo fato de ter a posse direta dos bens do espólio, guardando-os até o momento de entregá-los aos herdeiros. No entanto, malgrado algumas semelhanças, a inventariança é mais ampla. O seu exercício tem pertinência com a administração de bens e representação da herança, enquanto as obrigações do depositário limitam-se à guarda, conservação e restituição da coisa. 
Natureza Jurídica da Inventariança
Por outro lado, o compromisso que o inventariante presta não corresponde a um termo de depósito. Embora as suas funções sejam mais amplas, a desídia ou negligência em dar andamento ao inventário e bem administrar o espólio não o sujeita à pena de prisão, como sucede com o depositário infiel. Por mais relapso que seja, poderá apenas ser punido com a destituição do cargo e a apreensão dos bens que se encontram sob sua administração. 
Natureza Jurídica da Inventariança
A analogia da inventariança com o mandato é também lembrada, uma vez que o inventariante representa os demais herdeiros. O mandato é, todavia, um contrato intuito personae, que perdura enquanto subsistir a confiança dos mandantes. O inventariante, entretanto, muitas vezes atua no inventario mesmo contra a vontade dos herdeiros, sem que estes possam removê-los ou destituí-los. 
Natureza Jurídica da Inventariança
A doutrina considera a inventariança um munus público, um encargo público, sujeito à fiscalização judicial. Desempenha o inventariante, efetivamente, as funções de auxiliar da justiça, reunindo poderes de guarda administração e assistência do acervo hereditário. 
Natureza Jurídica da Inventariança
Art. 622.  O inventariante será removido de ofício ou a requerimento:
I - se não prestar, no prazo legal, as primeiras ou as últimas declarações;
II - se não der ao inventário andamento regular, se suscitar dúvidas infundadas ou se praticar atos meramente protelatórios;
III - se, por culpa sua, bens do espólio se deteriorarem, forem dilapidados ou sofrerem dano;
IV - se não defender o espólio nas ações em que for citado, se deixar de cobrar dívidas ativas ou se não promover as medidas necessárias para evitar o perecimento de direitos;
V - se não prestar contas ou se as que prestar não forem julgadas boas;
VI - se sonegar, ocultar ou desviar bens do espólio.
Obs: o ponto em destaque foi acrescentado pelo CPC de 2015. 
Remoção do Inventariante 
Art. 613. Até que o inventariante preste o compromisso, continuará o espólio na posse do administrador provisório.
Art. 614. O administrador provisório representa ativa e passivamente o espólio, é obrigado a trazer ao acervo os frutos que desde a abertura da sucessão percebeu, tem direito ao reembolso das despesas necessárias e úteis que fez e responde pelo dano a que, por dolo ou culpa, der causa.
Administração Provisória da Herança
Art. 1.797. Até o compromisso do inventariante, a administração da herança caberá, sucessivamente:
I - ao cônjuge ou companheiro, se com o outro convivia ao tempo da abertura da sucessão;
II - ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens, e, se houver mais de um nessas condições, ao mais velho;
III - ao testamenteiro;
IV - a pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas nos incisos antecedentes, ou quando tiverem de ser afastadas por motivo
grave levado ao conhecimento do juiz
Administração Provisória da Herança

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