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Morte celular programada: Apoptose, autofagia e necrose Dr. Rodrigo Pires Dallacqua Um dos tópicos mais estudados na Biologia moderna Prêmio Nobel em Fisiologia – 2002 – mecanismos genéticos da MCP Juntamente com sinalização celular, controle do ciclo celular, proliferação celular, faz parte dos mecanismos envolvidos no desenvolvimento do câncer: uma das patologias que mais preocupam no contexto científico e social nos dias atuais HISTORICO DAS PESQUISAS COM MORTE CELULAR E/OU APOPTOSE 1800s Numerosas observações de morte celular 1908 Mechnikov ganha o prêmio Nobel (fagocitose) 1930-40 Estudos sobre metamorfose 1948-49 Morte celular nos membros de aves e exploração de NGF 1955 Início dos estudos com lisossomos 1964-66 Necrose e Morte celular programada descritas 1971 Origem do termo apoptose 1977 Identificação dos primeiros genes de morte celular (C. elegans) 1980-82 Observação de DNA ladder & identificação de ced-3 1989-91 Mais genes de apoptose identificados, incluindo bcl-2, fas/apo1 & p53, ced-3 sequenced (Richerd et.al., 2001) http://web.mit.edu/horvitz/www/horvitzlab.html Premio Nobel de Fisiologia em 2002 “Este nemátode possui menos de 1000 células somáticas e padrões fixos de divisão, migração e morte celular, gerando indivíduos de anatomia simples” Vantagens do estudo da morte celular em C. elegans De um total de 1090 células somáticas, sofrem apoptose 131, sobrando 959 células que formarão o corpo do adulto C O O P E R , G .; H A U S M A N , R . T h e C e ll : A M o le cu la r A p p ro a ch ... Crescimento do Embrião e Desenvolvimento ... Estabelecimento e Manutenção da Homoestase Tecidual ... Controle de Populações de Céls. do Sistema Imune ... Infecções Virais Crônicas ... Doenças Neuro Degenerativas ... Diabetes Insulina-dependente ... Aterosclerose ... Infarto do Miocardio ... AIDS ... Etc... Ocorrência de Morte Celular 1-Elimina células danificadas/prejudiciais 2-Fisiologicamente ocorre: na renovação de células epiteliais e hematopoéticas Mantém número constante de células nos tecidos adultos: Ex.: 5x10 células do sangue → eliminadas por morte celular programada (dia/adultos) # colapso endometrial durante a menstruação # deleção de células nas criptas intestinais # na regressão de tumores 3-Papel importante no desenvolvimento embrionário: -eliminação do tecido larval durante metamorfose (anfíbios e insetos) -regressão da cauda do girino -eliminação de tecidos entre os dedos (membrana interdigital) -eliminação de neurônios em excesso 4- Mecanismo de defesa: -células infectadas por vírus -células com danos no DNA -células cancerosas No controle das populações celulares Neurônios (fatores de sobrevivência ) Funções e contexto biológico da MCP Morte celular ajusta o número de células nervosas Células nervosas Células nervosas apoptóticas Fatores de sobrevivência liberados pelas células-alvo células-alvo Molecular Biology of the Cell (© Garland Science 2008) Na eliminação de estruturas (tecidos inteiros) Eliminação da cauda de girinos (anfíbios) Substituição de tecidos e órgãos de insetos conservação evolutiva (similaridade de seqüência) dos genes que codificam as proteínas envolvidas nos processos de MCP esta conclusão se baseia no estudo de organismos genéticos (modelo) Drosophila (inseto), C. elegans (verme), Zebrafish (peixe), G. gallus (ave), M. muscullus (camundongo) em comparação com os genes conhecidos em humanos. Conservação evolutiva da MCP Perspectiva: Conhecimento dos componentes e regulação do processo de morte celular pode ser usado em prol da cura de doenças – Através de Terapia Gênica ou outro tipo de terapia direcionada a um alvo molecular específico Conservação evolutiva Aplicabilidade terapêutica -vacúolos citoplasmáticos -encolhimento e diminuição do contato célula-célula Fragmentação da membrana nuclear -condensação cromatínica -Despolarização da membrana mitocondrial -fragmentação internucleossomal do DNA -desintegração nuclear e corpos apoptóticos -fagocitose pelos macrófagos Ocorrência unicelular Estímulo fisiológico Sem reversibilidade Atinge células individualmente; A célula se “murcha” e o citoplasma fica denso; A cromatina se torna condensada e disposta em grumos colados à carioteca; O núcleo se fragmenta A membrana citoplasmática emite projeções e forma brotamentos que contêm fragmentos do núcleo; Fragmentação das células em múltiplos brotos (corpos apoptóticos). PROCESSO HISTOLÓGICO DA APOPTOSE Passos histológicos distintos: duração de 2-3 horas processo não sincrônico mudanças bioquímicas e morfológicas Fragmentação do DNA internucleossomal produz padrão de escada no gel de eletroforese. http://www.sgul.ac.uk/depts/immunology/~dash/apoptosis/intro.html TROFOBLASTO – ETAPAS DAS MUDANÇAS MORFOLÓGICAS A- Condensação do citoplasma → clivagem da lâmina e filamentos de actina B- Condensação nuclear → quebra da cromatina e proteínas estruturais nucleares C-D- Fragmentação da célula → corpos apoptóticos → translocação de fosfatidilserina superfície celular → degradação macrófagos APOPTOSE E CICLO CELULAR Células em apoptose maioria dos casos na fase Go (sem proliferação) Estímulo apoptótico Fase morfológica de pré-condensação: acúmulo de produtos gênicos necessários para a apoptose Passo irreversível ativação de endonucleases (tempo de duração da apoptose: 2-3 horas) CÉLULA Go FASE A1 DE APOPTOSE FASE A2 DE APOPTOSE www.sghms.ac.uk/.../ ~dash/apoptosis/mito.html APOPTOSE – EFEITO NUCLEAR Clivagem do DNA nas unidades nucleossomais: -PARP (reparo DNA) → clivada pela caspase 3 -Laminas → degradaçãp pela caspase 6 → condensação da cromatina e fragmentação nuclear -Fragmentação do DNA: Realizada pela enzima CAD (DNase ativada por caspase) Complexo inativo CAD+ICAD ICAD clivado → Caspase 3 CAD → fragmentação DNA Toxicol Pathol 2007 35: 495 Coloração H&E: Pâncreas de camundongo: setas células apoptóticas: citoplasma condensado e núcleos picnóticos Coloração H&E: miocárdio de rato: setas indicam células apoptóticas: núcleo fragmentado Maquinaria da Apoptose Procaspase Ativação de procaspase por clivagem Caspase ativa Procaspase s inativas Pró- domínios clivagem Caspas e ativa Molecular Biology of the Cell (© Garland Science 2008) Molecular Biology of the Cell (© Garland Science 2008) Cascata de caspase Uma molécula de caspase iniciadora ativada Muitas moléculas de caspases executoras Clivagem de proteína citosólica Clivagem de lâmina nuclear Componentes do citoesqueleto; proteínas de adesão Caspases Estão presentes no citosol sob a forma de pró-enzimas inativas, tornando-se ativas após clivagem proteolítica. Quando ativas clivam proteínas chaves: - Proteínas que inativam a DNAse - Na manutenção da integridade da estrutura celular. Reação de amplificação- cascata Qual é o sinal para que a primeira procaspase seja ativada?? 2 vias de sinalização: -Via extrínseca (ativação de receptores de superfície por um sinal de morte extracelular) -Via intrínseca (o sinal de morte vem de dentro da própria célula) Ativação de caspases efetoras Via extrínseca: receptor de morte Fas Linfócitos matadores promovem a via extrínseca Molecular Biology of the Cell (© Garland Science 2008) Via intrínseca da apoptose Depende da liberação de proteínas mitocondriais: citocromo C Liga-se à Apaf-1 (proteína adaptadora de ativação da procaspase) Oligomerização de Apaf-1 em um heptâmero chamado apoptossomo Molecular Biology of the Cell (© Garland Science 2008) Proteínas Apaf-1 recrutam procaspases iniciadoras (procaspases-9) . Essas então ativam procaspases executoras para induzir apoptose Recrutamento e ativação de caspase 9 Caspase-9 cliva e então ativa procaspases executoras Cascata de caspase que conduz à apoptose Molecular Biology of the Cell (© Garland Science 2008) COOPER, G.; HAUSMAN, R. The Cell: A Molecular Approach Mitocôndria – alteração da permeabilidade da membrana Liberação de Citocromo c Ativação de caspases. Proteínas reguladoras intracelulares Bcl-2, Bcl-XL, Bcl-w, Bcl-1 e A1 -proteínas anti-apoptóticas Bax, Bad, Bid proteínas pró-apoptóticas IAP- Liga às caspases inibe a atividade ou ativação. Proteínas que controlam o sinal apoptótico e estabelecem conexão ao programa de execução Bcl2 Gene p53 – crítico - envolvido no controle da apoptose. Governa a resposta celular a danos ao DNA. Defeito- células deixam de morrer e proliferam acumulando danos genéticos que podem gerar o câncer Integração de sinais e a homeostase celular Sinais extracelulares regulam os sinais intracelulares apoptóticos (ativa ou inibi). Ação – regulam os níveis ou atividades dos membros das famílias Bcl2 e IAP. Se há danos no DNA, há interrupção do ciclo antes de avançar para fase S O sinal de parada em G1 é dado pela p53 (níveis intracelulares aumentam) Integridade Celular: o poro de transição de permeabilidade mitocondrial se mantém habitualmente fechado. APOPTOSE Depleção de ATP NECROSE expressão p53 Expressão de Bax Abertura do poro mitocondrial Lesão do DNA Ativação das caspases (liberação do citocromo c) Abertura do poro de algumas mitocôndrias Fatores de sobrevivência podem inibir a apoptose Molecular Biology of the Cell (© Garland Science 2008) Alguns fatores estimulam a transcrição de genes que codificam Bcl2 Produção aumentada de Bcl2 antiapoptótica Apoptose bloqueada 1- AIDS destruição apoptótica dos linfócitos T/CD4 indução da permeabilização da membrana mitocondrial 2- Doenças neurodegenerativas: Alzheimer e Parkinson apoptose precoce dos neurônios demência progressiva, perda cognitiva e memória 3- Infarto do miocárdio por isquemia necrose das células que dependem dos vasos afetados e apoptose das células vizinhas pela geração de ROS 4- Doenças hepáticas induzidas por toxinas e alcoolismo 5- Osteoporose perda da massa óssea Doenças Associadas com Aumento da Apoptose NECROSE: -processo patológico (autólise das células): resultado de uma lesão maciça no tecido caracterizada por: -inchaço citoplásmatico e mitocondrial, - ruptura da membrana celular e vazamento do plasma celular -resposta inflamatória e reação de tecido patológico grande número de células afetadas simultaneamente CARACTERÍSTICAS NECROSE APOPTOSE Estímulo Patológico Fisiológico ou Patológico Ocorrência Grupo de Células Células Individuais Reversibilidade Irreversível Irreversível Ativação de Endonucleases Não Sim Liberação de Enzimas Lisossomais Sim Não Inflamação Exudativa Presente Ausente Alterações Nucleares Presente Presente (Cariorrexe) Morfologia Tumefação e Lise Celular Corpos Apoptóticos NECROSE E APOPTOSE Glândulas salivares Intestino larval Picos de ecdisona 0h 2h 4h 6h 8h 10h 12h Terceiro ínstar larval Pré-pupa Pupa Estágio de Desenvolvimento Horas após a Formação do pupário Formação do pupário Eversão da Cabeça Morte Celular Programada por AUTOFAGIA Figura modificada de Thummel, 2001 Habilidade que a célula tem em digerir seus próprios componentes Mecanismos da AUTOFAGIA Ryan, 2012 Célula engloba seus componentes em membranas Se funde com lisossomos autofagossomo lisossomo autolisossomo AUTOFAGIA Modelo glândula salivar de Drosophila Martin, D.N & Baehrecke, E.H.,2004 - Development * vacúolos núcleo
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