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LÓGICA JURÍDICA Uma proposta de definição (Montoro) Profº. Ritinha Stevenson 1) Importância da lógica A observância de suas regras é condição necessária para qualquer ciência (Klug). Portanto, a lógica é condição e instrumento necessário ao estudo em todos os campos do Direito (Montoro). O jurista sempre usa a lógica em seus trabalhos. 2) Várias conceituações e abordagens - Etimologicamente: Lógica deriva do grego “logos” = razão. Portanto, Lógica é o estudo da razão, instrumento para aquisição e progresso de conhecimentos. Ou simplesmente = estudo do raciocínio e seus elementos. - Lógica Clássica Nela, observam-se – momento clássico – (Aristóteles) – momento moderno Subdivide-se em Lógica Formal – ocupa-se da estrutura ou concatenação do pensamento Lógica Material – ocupa-se da validade, da verdade, ou valor de seus conteúdos - Lógica simbólica – ou matemática, ou moderna ou logística É uma evolução da lógica formal – não usa palavras, mas símbolos ou letras, como a álgebra. Constitui-se de fórmulas desprovidas de conteúdo, vale dizer, somente de relações formais (p = p). - Lógica da linguagem Alguns consideram lógica, em nossos dias, a semiótica, isto é, reduzem a ciência à sua linguagem, a qual é importante, sem dúvida, mas não se reduz a esse aspecto. - Lógica deôntica ou das normas Trata das relações formais entre as proposições normativas; estas não tratam daquilo que é, mas do que deve ser. Podem ser julgadas válidas ou não válidas e não, verdadeiras e falsas. Refere-se a todas as espécies de normas: jurídicas, morais, técnicas. A Lógica Jurídica é uma das partes da Lógica Deôntica. - Lógicas do concreto – especialmente aplicadas no direito e ciências humanas.7 a) Lógica do Razoável – Luis Recaséns-Siches – opõe-se à lógica do racional dedutivo. b) Nova Retórica – Chaim Perelman e escola de Bruxelas – sustentam que a lógica jurídica é lógica do provável, da persuasão, da controvérsia. c) Tópica – Theodor Viehweg – preconiza tratamento tópico para a Ciência do Direito, que trabalha com problemas concretos e não com sistemas abstratos. d) Lógica da “Invenção” – Michel Villey – diferente da “demonstração” trata da investigação, da descoberta. Tais tendências trabalham com a dialética (de diálogo) aristotélica, isto é, lógica não da demonstração, mas da investigação, da descoberta – a ciência parte de princípios, a dialética busca os princípios a partir das opiniões. Todas as abordagens mencionadas são úteis e se complementam, para a solução dos vários problemas com que lida a Ciência do Direito. 3) Definição proposta A Lógica Jurídica tem por objeto - o estudo dos princípios e regras - relativos às operações intelectuais efetuadas pelo jurista - na elaboração, interpretação, aplicação e estudo do direito. Vejamos: Ciência – trabalha com princípios (ou leis científicas) – princípio é uma proposição teórica geral que enuncia uma relação constante entre objetos; exemplo, princípio da tríplice identidade Lógica é Arte – trabalha com regras – regra é uma proposição prática geral que indica o modo de realizar corretamente uma operação, inclusive o pensamento. Exemplos: a definição deve convir exatamente ao definido. A divisão deve ter um único fundamento. b) Operações intelectuais do jurista: - Conjunto de raciocínios ou argumentos ou demonstrações, por ele utilizados, isto é deduções induções generalizadoras analogias (além de intuições) - Estes são conjuntos ordenados de proposições ou orações. - Estas são conjuntos ordenados de conceitos ou termos. Ex.: Todo homicida deve ser condenado à reclusão. F é homicida Logo, F deve ser condenado à reclusão. Com que finalidade? c) Para a elaboração de normas, ou seja, no processo legislativo; - na interpretação das normas – esclarecimento do seu sentido e integração, quando incompleto. - na aplicação do direito ao caso concreto. - no estudo e ensino do direito. A lógica jurídica ocupa-se também dos métodos seguidos nas pesquisas e reflexões realizadas pelos operadores, professores e estudantes de direito. A doutrina contemporânea critica o caráter excessivamente dedutivo, formulada ao padrão ainda predominante, no ensino do direito. A moderna tendência é partir de casos concretos e daí “descobrir” o feixe de normas aplicável a determinada situação (como preconizava o Prof. Caio Tácito Pereira de Vasconcelos, por exemplo), para melhor realizar as finalidades do direito. Bibliografia: André Franco Montoro. Dados Preliminares de Lógica Jurídica. Nome do arquivo: LÓGICA JURÍDICA – UMA PROPOSTA DE DEFINIÇÃO
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