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D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 74 AULA 02: Direitos Sociais. Nacionalidade. Direitos Políticos. Partidos Políticos. SUMÁRIO PÁGINA 1 – Direitos Sociais 1-21 2 - Nacionalidade 22-32 3 – Direitos Políticos 33-56 4 – Partidos Políticos 57-62 5 - Lista de questões 63-71 6 - Gabarito 72-74 Direitos Sociais I. As Gerações dos Direitos e Garantias Fundamentais Iniciaremos nossos comentários com a classificação dos direitos e garantias fundamentais. Esses direitos, segundo a doutrina, se dividem em: Direitos de primeira geração: relacionam-se com a liberdade, visando à proteção dos indivíduos perante o Estado. São as chamadas liberdades- negativas, por limitarem o poder estatal. Fazem parte desses direitos a liberdade de expressão, a liberdade de consciência e o direito à propriedade privada, dentre outros. Também incluem os direitos políticos, que permitem ao indivíduo participar da vontade do Estado. Direitos de segunda geração: relacionam-se com o ideal de igualdade. São os direitos sociais, culturais e econômicos bem como os direitos coletivos ou de coletividade. Em regra, exigem do Estado prestações sociais, como saúde, educação, trabalho, previdência social, entre outras. A liberdade, aqui, aparece de forma positiva, em que se exige do Estado uma ação perante os indivíduos. Direitos de terceira geração: estão associados ao princípio da fraternidade. Incluem o direito ao desenvolvimento, à paz, ao meio ambiente, à propriedade sobre o patrimônio comum da humanidade e à comunicação. Parte da doutrina considera, ainda, a existência de direitos de quarta geração. Esses incluiriam: o direito à democracia, o direito à informação e o direito ao pluralismo. Desses direitos dependeria a concretização de uma “civitas máxima”, uma sociedade sem fronteiras e universal. Os direitos sociais, como vimos, pertencem à segunda geração. Por esse motivo, exigem do Estado prestações positivas. Veja como isso foi cobrado pelo Cespe: 1 (Cespe/2012/TER-RJ) As normas que tratam de direitos sociais são de eficácia limitada, ou seja, de aplicabilidade mediata, já que, para que se efetivem de maneira adequada, se devem cumprir D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 74 exigências como prestações positivas por parte do Estado, gastos orçamentários e mediação do legislador. Comentários: De fato, as normas que tratam de direitos sociais são de eficácia limitada e aplicabilidade mediata. Questão correta. II. Conceito Dando continuidade à nossa aula, que tal lermos juntos o art. 6º da Constituição? Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. Esse artigo trata dos direitos sociais, que são prestações positivas (ações) realizadas pelo Estado para melhorar a qualidade de vida dos hipossuficientes, ou seja, dos mais necessitados. Segundo Alexandre de Moraes, esses direitos constituem normas de ordem pública, com a característica de imperativas, sendo invioláveis, portanto, pela vontade das partes da relação trabalhista. A alimentação foi incluída no rol de direitos sociais pela Emenda Constitucional no 64/2010. O objetivo dessa inclusão foi o fortalecimento das políticas públicas de segurança alimentar, em consonância com vários tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário. Vejamos como isso foi cobrado em prova: 2 (Cespe/2012/TRE-RJ) A alimentação tem, no ordenamento jurídico nacional, o estatuto de direito fundamental, o que obriga o Estado a garantir a segurança alimentar de toda a população. Comentários: De fato, trata-se de direito fundamental, conforme dispõe o art. 6º da Constituição Federal. Questão correta. III. O Papel do Judiciário na Proteção dos Direitos Sociais Os direitos sociais são indispensáveis para que a realização da dignidade da pessoa humana. Assim, o “mínimo existencial” referente a cada um desses direitos deve ser objeto de proteção judicial. Nesse sentido, entende o STF que “embora inquestionável que resida, primariamente, nos Poderes Legislativo e Executivo, a prerrogativa de formular e executar políticas públicas, revela-se possível, no entanto, ao Poder D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 74 Judiciário, ainda que em bases excepcionais, determinar, especialmente nas hipóteses de políticas públicas definidas pela própria Constituição, sejam estas implementadas, sempre que os órgãos estatais competentes, por descumprirem os encargos político-jurídicos que sobre eles incidem em caráter impositivo, vierem a comprometer, com a sua omissão, a eficácia e a integridade de direitos sociais e culturais impregnados de estatura constitucional. (...)A intervenção do Poder Judiciário, em tema de implementação de políticas governamentais previstas e determinadas no texto constitucional, notadamente na área da educação infantil, objetiva neutralizar os efeitos lesivos e perversos, que, provocados pela omissão estatal, nada mais traduzem senão inaceitável insulto a direitos básicos que a própria Constituição da República assegura à generalidade das pessoas.”1 IV. Os Direitos Sociais e a Reserva do Possível A teoria da reserva do possível serve para determinar os limites em que o Estado deixa de ser obrigado a dar efetividade aos direitos sociais. Segundo ela, a efetivação dos direitos sociais encontra dois limites: a suficiência de recursos públicos e a previsão orçamentária da respectiva despesa. Assim, trata-se de uma teoria que afasta a aptidão do Poder Judiciário de intervir na garantia da efetivação de direitos sociais. Para que esse limite à ação do Judiciário seja válido, entretanto, é necessária a comprovação da ausência de recursos orçamentários suficientes para a implementação da ação estatal. É importante destacar que a reserva do possível tem sido paulatinamente abandonada pelo STF, em seus julgados. A Corte Suprema, quando da análise de situações em que o Estado descumpriu uma obrigação de efetivar uma prestação positiva, tem exigido, para fazer uso da reserva do possível, não só a confirmação da inexistência de recursos, mas também a denominada exaustão orçamentária. E o que é exaustão orçamentária? É a situação em que inexistem recursos suficientes para que a Administração cumpra determinada decisão judicial. É a famosa “falta de verbas”. 3 (Cespe/2010/DPU) Os direitos sociais são exemplos típicos de direitos de 2.ª geração. 1 STF, ARE 639337 SP, DJe-177 DIVULG 14-09-2011 PUBLIC 15-09-2011 EMENT VOL-02587-01 PP-00125 D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 74 Comentários: Os direitos sociais, como dissemos, são exemplos de direitos de segunda geração, relacionando-se com o ideal de igualdade. Questão correta. 4 (Cespe/2010/DPU) Os direitos sociais são exemplos de liberdades negativas. Comentários: Os direitos sociais são exemplos de liberdades positivas, pois exigem do Estado uma ação em prol dos indivíduos. Questão incorreta. 5 (Cespe/2012/TRE-RJ) Entre osdireitos sociais garantidos na CF se incluem o direito à alimentação e o direito ao trabalho. Comentários: É o que dispõe o art. 6º da Constituição Federal. Questão correta. D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 74 V. O Art. 7º da Constituição Federal No art. 7º da Constituição, são enumerados os direitos sociais individuais dos trabalhadores. Leia-o atentamente, pois ele costuma ser cobrado em sua literalidade. Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: Note que a Constituição, no caput do art. 7º, equipara os direitos do trabalhador rural aos do trabalhador urbano. I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos; Segundo o ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias), art. 10, até a promulgação dessa lei complementar essa indenização ficará restrita a 40% sobre os depósitos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), realizados em favor do empregado. Além disso, ficará vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa: Do empregado eleito para cargo de direção de comissões internas de prevenção de acidentes, desde o registro de sua candidatura até um ano após o final de seu mandato; Da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após o parto. Questão de prova: 6 (Cespe/2010/Abin) Para aprovação de lei que preveja indenização compensatória como meio de proteção contra a despedida arbitrária ou sem justa causa, exige-se quórum de votação de maioria simples, conforme determina a CF. Comentários: Segundo a Constituição, a regulamentação da despedida arbitrária ou sem justa causa cabe à lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos (art. 7o, I, CF). Questão incorreta. II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; Note que o seguro-desemprego só é devido no caso de desemprego involuntário. III - fundo de garantia do tempo de serviço; D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 74 Destaca-se, no que se refere a esse inciso, que o FGTS não é direito dos servidores públicos estatutários. IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; Observe que o salário mínimo é fixado em lei formal, é único em todo o território nacional e não pode sofrer vinculação, ou seja, servir como indexador, para qualquer fim. Essa vedação à vinculação, assim como a garantia de reajustes periódicos, visa a resguardar o seu poder aquisitivo. V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho; VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; Ressalta-se, quanto a esse dispositivo, que há uma hipótese excepcional em que é possível a redução do salário: a determinação dessa medida em convenção ou acordo coletivo. Essa flexibilidade se deve ao fato de que muitas vezes é mais benéfico para uma categoria aceitar uma redução salarial (numa crise econômica, por exemplo), que arcar com um grande aumento do desemprego. Questão de prova: 7 (Cespe/2012/TRE-RJ) A CF garante ao trabalhador a irredutibilidade salarial, o que impede que o empregador diminua, por ato unilateral ou por acordo individual, o valor do salário do trabalhador. A redução salarial só será possível se estiver prevista em convenção ou acordo coletivo. Comentários: É o que determina o art. 7º, VI, da Constituição. Questão correta. VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável; VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria; IX - remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 74 X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; Note que o benefício do salário-família só é devido ao trabalhador de baixa renda, em razão de seu dependente (filho menor, por exemplo), sendo os critérios para seu recebimento definidos em lei formal. XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; A regra é a prestação de trabalho por até 8 horas diárias e 44 semanais. Caso haja necessidade de maior dedicação ao labor, haverá pagamento de hora-extra, nos termos do inciso XVI, que veremos a seguir. Também pode, excepcionalmente, haver redução da jornada de trabalho, mediante acordo ou convenção coletiva. XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; O trabalho prestado em turnos ininterruptos de revezamento é aquele prestado por trabalhadores que se revezam nos postos de trabalho nos horários diurno e noturno, com freqüência diária, semanal ou mensal. Nesse caso, devido ao grande desgaste para a saúde do trabalhador, a Constituição prevê uma jornada de seis horas. Note que esta poderá, excepcionalmente, ser aumentada, em caso de negociação coletiva XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; Atente para a palavra preferencialmente. Não há obrigação de concessão desse repouso no domingo: ele pode acontecer em qualquer outro dia da semana. XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal; Note a expressão no mínimo. Uma questão de concurso que disser que essa remuneração é necessariamente 50% superior à do serviço normal estará errada. D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 74 XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal; Da mesma forma que no inciso superior, a Constituição estabelece um piso para o adicional de férias. Este poderá ser maior. XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; A licença-paternidade é benefício que até hoje não foi regulamentado pela legislação infraconstitucional, continuando em vigor o mandamento previsto no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). Entretanto, o ADCT, em seu art. 10, § 1º, determina que "até que lei venha a disciplinar o disposto no art. 7º, XIX da Constituição, o prazo da licença- parternidade a que se refere o inciso é de cinco dias". XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivosespecíficos, nos termos da lei; XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; Veja que o aviso prévio poderá ser maior que 30 dias. A Constituição apenas estabelece um limite mínimo para esse direito. XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança; XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; XXIV - aposentadoria; XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré- escolas; Atente para o limite de 5 anos. Ele tem sido bastante cobrado nos concursos. XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 74 Observe que, mesmo pagando seguro contra acidentes de trabalho, o empregador continua sujeito à indenização caso estes ocorram. Entretanto, é necessário que haja dolo ou culpa. XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; Esse inciso precisa ser analisado com atenção. Inicialmente, verifique que, tanto para o trabalhador urbano quanto para o rural, há possibilidade de se requererem créditos relativos aos últimos cinco anos do contrato de trabalho. Entretanto, desfeito o vínculo laboral, o trabalhador terá apenas dois anos para reclamar tais créditos na Justiça. Nesse caso, entretanto, a cada dia de inércia, perderá um dia de direito. Se entrar com uma ação trabalhista no último dia do prazo de dois anos, só poderá reaver os créditos referentes aos três últimos anos do contrato de trabalho, por exemplo. XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos; XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; “Dissecando-se” o artigo, temos que: A idade mínima para se trabalhar é aos dezesseis anos; Há, entretanto, uma exceção a esse limite mínimo de idade: pode-se trabalhar a partir dos quatorze anos de idade, na condição de aprendiz; Os menores de dezoito anos jamais poderão exercer trabalho noturno, perigoso ou insalubre. XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso. D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 74 Esse dispositivo tem importância imensa quando do estudo da Seguridade Social. Por enquanto, apenas memorize-o. O parágrafo único do art. 7º da Constituição sofreu importantes modificações no ano de 2013, por meio de emenda constitucional que assegurou importantes direitos trabalhistas aos empregados domésticos. Veja: Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social. Na tabela abaixo, relaciono todos os direitos dos domésticos e destaco, em negrito, tudo aquilo que resulta de previsão da EC no 72/2013: Direitos do doméstico Salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim. Irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo. Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável (direito assegurado após a EC no 72/2013). Proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa (direito assegurado após a EC no 72/2013). Décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria. Duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho (direito assegurado após a EC no 72/2013). Repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos. D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 74 Remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal (direito assegurado após a EC no 72/2013). Gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal. Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias. Licença-paternidade, nos termos fixados em lei. Aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei. Redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança (direito assegurado após a EC no 72/2013). Aposentadoria. Reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho (direito assegurado após a EC no 72/2013). Proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil (direito assegurado após a EC no 72/2013). Proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência (direito assegurado após a EC no 72/2013). Proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos (direito assegurado após a EC no 72/2013). Integração à previdência social. Relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos (direito assegurado após a EC no 72/2013). Seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário (direito assegurado após a EC no 72/2013). Fundo de garantia do tempo de serviço (direito D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 74 assegurado após a EC no 72/2013). Remuneração do trabalho noturno superior à do diurno (direitoassegurado após a EC no 72/2013). Salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei (direito assegurado após a EC no 72/2013). Assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas (direito assegurado após a EC no 72/2013). Seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa (direito assegurado após a EC no 72/2013). Outro ponto importante é que alguns dos direitos previstos pela EC no 72/2013 precisam de regulamentação para que possam ser usufruídos. São eles: Relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos; Seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; Fundo de garantia do tempo de serviço; Remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; Salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; Assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; Seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa. Não custa sistematizar tudo isso em outra tabela, para melhor compreensão: Direitos assegurados aos domésticos por normas originárias da Constituição Direitos assegurados aos domésticos pela PEC no 72/2013 Salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, De exercício imediato: Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável; Proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa; Duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 74 vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; Irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; Décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria; Repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos; Gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal; Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; Licença-paternidade, nos termos fixados em lei; Aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; Aposentadoria; Integração à previdência social. mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; Remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal; Redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança; Reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho; Proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil; Proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; Proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos. Direitos de exercício condicionado à obediência à regulamentação legal Relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos; Seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário; Fundo de garantia do tempo de serviço; Remuneração do trabalho noturno superior à do diurno; Salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; Assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; Seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa. Como poucos direitos listados nos incisos do art. 7º da Constituição ficaram “de fora”, ou seja, poucos não foram atribuídos aos domésticos, acho interessante lista-los abaixo, para que você não caia em eventuais “pegadinhas” de prova: Direitos que não foram, atribuídos, pela CF/88, aos domésticos Piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho; Participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 74 Jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; Proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei; Adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; Proteção em face da automação, na forma da lei; Ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; Proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos; igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso. Obviamente, alguns desses direitos não foram previstos para o doméstico pelas próprias características do trabalho. Não faria sentido, por exemplo, prever uma “participação nos lucros”, já que não trabalham em uma pessoa jurídica. De todo modo, peço que preste atenção na lista acima, com destaque para aquilo que deixei em negrito, combinado? Apesar dessa aparente falta de isonomia, é importante que você atente para um detalhe: a Constituição Federal prevê, sim, a igualdade de direitos entre domésticos e demais trabalhadores, urbanos e rurais. Nos termos da PEC no 72/2013, diz-se que esta “altera a redação do parágrafo único do art. 7º da Constituição Federal para estabelecer a igualdade de direitos trabalhistas entre os trabalhadores domésticos e os demais trabalhadores urbanos e rurais”. Resolvamos, agora, algumas questões... D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 74 8 (Cespe/2012/TJ-AC) Os direitos sociais elencados no texto constitucional são integralmente assegurados aos trabalhadores urbanos, rurais e domésticos. Comentários: Nem todos os direitos assegurados aos trabalhadores urbanos e rurais são assegurados aos domésticos. Apenas aqueles previstos no parágrafo único do art. 7º o são. Questãoincorreta. 9 (Cespe/2012/Câmara dos Deputados) Ao trabalhador doméstico são garantidos todos os direitos previstos no art. 7º da CF. Comentários: Questão praticamente idêntica à anterior. Nem todos os direitos assegurados aos trabalhadores urbanos e rurais são assegurados aos domésticos. Apenas aqueles previstos no parágrafo único do art. 7º o são. Questão incorreta. 10 (Cespe/2010/Prefeitura de Boa Vista) Tanto o trabalhador urbano quanto o trabalhador rural têm direito a assistência gratuita para seus filhos e dependentes, em creches e pré-escolas até determinada idade. Comentários: Segundo o art. 7º, XXV, da Constituição, é assegurado aos trabalhadores urbanos e rurais a assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas. Questão correta. 11 (Cespe/2010/TRE-MT) A CF assegura ao trabalhador assistência gratuita aos seus filhos e dependentes desde o nascimento até seis anos de idade em creches e pré-escolas. Comentários: Cuidado com a “pegadinha”! De acordo com o art. 7º, XXV, da Constituição, é assegurado aos trabalhadores urbanos e rurais a assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas. Questão incorreta. 12 (Cespe/2010/TRE-MT) A licença-paternidade é benefício que até hoje não foi regulamentado pela legislação infraconstitucional, continuando em vigor o mandamento previsto no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, que fixou o prazo de sete dias corridos para sua concessão. Comentários: D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 74 A licença-paternidade é benefício que até hoje não foi regulamentado pela legislação infraconstitucional, continuando em vigor o mandamento previsto no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT). Entretanto, o ADCT, em seu art. 10, § 1º, determina que "até que lei venha a disciplinar o disposto no art. 7º, XIX da Constituição, o prazo da licença- paternidade a que se refere o inciso é de cinco dias". Questão incorreta. 13 (Cespe/2010/TRE-MT) A CF elevou o décimo terceiro salário a nível constitucional, colocando-o na base da remuneração integral, para o trabalhador na ativa, e do valor da aposentadoria, para o aposentado. Comentários: De fato, a Constituição garante aos trabalhadores urbanos e rurais o décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria (art. 7º, VIII, CF). Questão correta. 14 (Cespe/2010/TRE-MT) O salário mínimo pode ser fixado tanto por lei em sentido formal quanto por decreto legislativo, com vigência em todo o território nacional, que consubstancia a participação do Congresso Nacional na definição do montante devido à contraprestação de um serviço. Comentários: Nada disso! De acordo com o art. 7º, IV, da Constituição Federal, o salário-mínimo deverá ser fixado somente em lei. Questão incorreta. 15 (Cespe/2009/TCE-RN) A CF insere, entre os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, a igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso. Comentários: É o que se observa no art. 7º, XXXIV, da Carta Magna. Questão correta. 16 (Cespe/2009/TRE-MG) Não constitui direito social dos trabalhadores urbanos e rurais a garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável. Comentários: A Constituição assegura, sim, a trabalhadores urbanos e rurais a garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável (art. 7º, VII, CF). Questão incorreta. 17 (Cespe/2009/TRE-MG) Não constitui direito social dos trabalhadores urbanos e rurais o seguro contra acidentes de trabalho, D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 74 a cargo do empregador, excluindo-se a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa. Comentários: Segundo a Constituição da República, é direito dos trabalhadores urbanos e rurais o seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa; (art. 7º, XXVIII). Portanto, a previsão do enunciado, de fato, não constitui direito social dos trabalhadores urbanos e rurais. Questão correta. 18 (Cespe/2009/TRE-MG) Não constitui direito social dos trabalhadores urbanos e rurais a irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo. Comentários: A Constituição assegura, sim, aos trabalhadores urbanos e rurais, a irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo (art. 7º, VI, CF). Questão incorreta. 19 (Cespe/2009/Banco Central) É direito social dos trabalhadores urbanos e rurais a jornada de sete horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva. Comentários: Cuidado com a “pegadinha”! A Constituição Federal assegura aos trabalhadores urbanos e rurais jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva (art. 7º, XIV, CF). Questão incorreta. 20 (Cespe/2012/Câmara dos Deputados) A CF assegura expressamente a igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso. Comentários: É o que está previsto no art. 7º, XXXIV, da Constituição. Questão correta. 21 (Cespe/2012/Câmara dos Deputados) O direito de ação, quanto a créditos resultantes das relações de trabalho, prescreve em cinco anos após a extinção do contrato de trabalho, para os trabalhadores urbanos, e em dois anos, para os trabalhadores rurais. Comentários: D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 74 Segundo o art. 7º, XXIX, da Constituição, o prazo prescricional é de cinco anos tanto para trabalhadores urbanos quanto para rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho. Questão incorreta. D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 74 VI. Direitos sociais coletivos dos trabalhadores Em seus arts. 8º a 11, a Constituição enumera vários direitos coletivos dos trabalhadores. Que tal lermos esses dispositivos juntos, fazendo os apontamentos necessários para gabaritar as questões de prova a eles referentes? Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical; Note que esse dispositivo estabelece que a fundação de sindicato independe de autorização (nem lei poderá exigir isso), mas que é necessário registro no órgão competente. Veda, também, a interferência do Poder Público nos sindicatos, fortalecendo a liberdade sindical. II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município; Tem-se, aqui, a defesada unicidade da organização sindical. Assim, não podem coexistir mais de um sindicato da mesma categoria profissional (trabalhadores) ou econômica (empregadores), dentro de uma idêntica base territorial. Em caso de conflito, a solução dar-se-á pela anterioridade, ou seja, a categoria será representada ela entidade que primeiro realizou seu registro no órgão competente. Questão de prova: 22 (Cespe/2012/TJ-AC) Em decorrência do princípio da unicidade sindical, é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que não pode ser inferior à área de um município. Comentários: É o que determina o art. 8º, inciso II, da Constituição. Questão correta. III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas; D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 74 Destaca-se que o STF, com base nos incisos acima, entende que o sindicato pode atuar na defesa de todos os direitos individuais e coletivos dos integrantes da categoria que representa. Exemplo: o sindicato dos Auditores da Receita Federal poderá atuar na defesa judicial ou administrativa de um único membro acusado de acesso imotivado aos sistemas do órgão. IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei; A contribuição confederativa possui caráter facultativo e seus valores são fixados em assembleia pelos filiados da entidade associativa, enquanto que a contribuição sindical é exigida de todos os integrantes da categoria econômica ou profissional, independentemente de serem sindicalizados ou não, orientando-se pelos princípios estabelecidos no Direito Tributário. Trata-se de tributo fixado no artigo 149 da Constituição Federal, de cobrança compulsória2. Para melhor fixação das duas possíveis contribuições a serem fixadas por sindicato, veja o quadro abaixo: V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato; VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho; VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais; VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. Atente para os prazos. Caso um membro do sindicato se candidate a cargo de direção ou representação sindical, não poderá ser dispensado a partir do registro de sua candidatura. Se eleito (mesmo suplente), não poderá ser 2 STF, RE 534829 MT, DJe-158, 24/08/2009. Contribuição confederativa • É facultativa; • Fixada pela assembleia geral Contribuição sindical • É obrigatória; • Fixada em lei; • Natureza de tributo D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 74 dispensado até um ano depois de findo o mandato, exceto se cometer falta grave, nos termos da lei. Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer. Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. § 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. § 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei. O art. 9º da CF assegura aos trabalhadores o direito de greve. Entretanto, determina que tal direito não é absoluto, uma vez que as necessidades inadiáveis da comunidade deverão ser atendidas e aqueles que abusarem do direito ficarão sujeitos a penas fixadas em lei. Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e deliberação. Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é assegurada a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores. D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 74 Nacionalidade Os arts. 12 e 13 da Constituição, de que trataremos a seguir, relacionam-se à nacionalidade. “E o que é nacionalidade, professora?” É o vínculo jurídico e político existente entre a pessoa (nacional) e a nação. Esta, por sua vez, é o grupo humano fixado em um território cujos membros se sentem parte de uma unidade (apresentam consciência de sua nacionalidade), tendo em comum laços históricos, culturais, econômicos e linguísticos. Há dois tipos de nacionalidade: a primária (originária) e a secundária (adquirida). A primeira resulta do nascimento, sendo estabelecida por critérios sanguíneos ou territoriais. Já a segunda depende de ato volitivo (da vontade), praticado depois do nascimento (em regra, pela naturalização). Como dissemos, a nacionalidade primária pode ser estabelecida tanto pela origem sanguínea da pessoa (“ius sanguinis”) quanto pela origem territorial (“ius soli”). Pelo primeiro critério, é nacional todo aquele filho de nacionais, independentemente de onde tenha nascido. Já pelo segundo, é nacional quem nasce no território do Estado que o adota, independentemente da origem sanguínea dos seus pais. A Constituição Brasileira, como você verá a seguir, adotou em regra o “ius soli”. Há, entretanto, exceções, nas quais predomina o “ius sanguinis”. Vamos à análise do art. 12 da CF? No inciso I do artigo 12, tem-se as hipóteses de aquisição originária da nacionalidade. Tente memorizá-las, caro (a) aluno (a), pois são cobradas nos concursos em sua literalidade. NACIONALIDADE PRIMÁRIA (ORIGINÁRIA) NASCIMENTO “IUS SOLI” (REGRA) OU “IUS SANGUINIS” (EXCEÇÃO) SECUNDÁRIA (ADQUIRIDA OU DERIVADA) ATO VOLITIVO D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 74 Art. 12. São brasileiros: I - natos: a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; Veja que a Constituição adota, nessa hipótese, o critério “ius soli”, considerando nato qualquer pessoa nascida em território nacional, mesmo que de pais estrangeiros. Entretanto, há uma exceção: se o nascido no Brasil for filho de estrangeiros a serviço de seu país, não será brasileiro nato. b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; Adota-se, nessa hipótese, o “ius sanguinis”, com um requisito adicional: o fato de qualquer um dos pais (ou ambos) estar a serviço da República Federativa do Brasil, o que significaqualquer serviço prestado por órgão ou entidade da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Questão de prova: 23 (Cespe/2012/TJ-RR) Suponha que Jean tenha nascido na França quando sua mãe, diplomata brasileira de carreira, morava naquele país em razão de missão oficial. Nessa hipótese, segundo a CF, Jean será automaticamente considerado brasileiro naturalizado, com todos os direitos e deveres previstos no ordenamento jurídico brasileiro. Comentários: Nesse caso, Jean será automaticamente considerado brasileiro nato, com base no art. 12, I, “b”, da Constituição Federal. Questão incorreta. c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; Nessa alínea “c” do inciso I, verifica-se a existência de duas possibilidades distintas de aquisição de nacionalidade daquele que tem pai ou mãe brasileira: Registro em repartição brasileira competente; D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 74 Residência no território brasileiro e, uma vez adquirida a maioridade, a opção expressa pela nacionalidade brasileira. É a chamada nacionalidade potestativa, por depender da vontade da pessoa. “Puxa, Nádia! E se o menor filho de pai ou mãe brasileira (ou ambos) vier a residir no Brasil? Não será brasileiro nato não?” Excelente pergunta! Nesse caso, o menor será considerado, sim, brasileiro nato. Entretanto, a aquisição definitiva de sua nacionalidade dependerá de sua manifestação após a maioridade. Uma vez esta tendo sido atingida, a opção passa a ser condição suspensiva da nacionalidade brasileira. Entenda que, sendo condição suspensiva, a opção pela nacionalidade brasileira paralisa os efeitos desta até sua implementação. Questão de prova: 24 (Cespe/2013/TRF 2ª Região) Com a Emenda Constitucional n.º 54/2007, passaram a ser considerados brasileiros natos os nascidos no estrangeiro, de pai e mãe brasileiros, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir no Brasil após atingir a maioridade. Comentários: Não basta vir a residir no Brasil após a maturidade. É necessário que haja a opção expressa pela nacionalidade brasileira. Questão incorreta. Dando continuidade à análise do art. 12, que tal verificarmos as condições para a aquisição secundária da nacionalidade? Observe que esta sempre se dará por manifestação do interessado (ou seja, sempre será expressa), mediante naturalização. Art. 12. São brasileiros: (...) II - naturalizados: a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; Tem-se, aqui, a naturalização ordinária, concedida aos estrangeiros que cumpram os requisitos descritos em lei. No caso daqueles originários de países de língua portuguesa, o processo de naturalização é facilitado, sendo apenas exigidos dois requisitos: residência no Brasil por um ano ininterrupto e idoneidade moral. Entretanto, o mero cumprimento dos requisitos não assegura ao estrangeiro a nacionalidade brasileira. A concessão desta é ato discricionário do Chefe do Poder Executivo, ou seja, depende de uma análise quanto à conveniência e à oportunidade por parte deste. D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 74 b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. Nessa alínea, há previsão da naturalização extraordinária, que depende de três requisitos: Residência ininterrupta no Brasil por mais de quinze anos; Ausência de condenação penal; Requerimento do interessado. Ao contrário do que ocorre na naturalização ordinária, o interessado tem direito subjetivo à nacionalidade brasileira. Portanto, esta não pode ser negada pelo Chefe do Executivo. Por fim, é importante destacar entendimento do STF no sentido de que não se revela possível, em nosso sistema jurídico-constitucional, a aquisição da nacionalidade brasileira jure matrimonii, vale dizer, como efeito direto e imediato resultante do casamento civil”3. Isso porque tal hipótese não foi contemplada pela Constituição. Esquematizando: Brasileiros natos Os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país (critério “ius soli”) Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil (critério “ius sanguinis”) Os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira (nacionalidade potestativa) Brasileiros naturalizados Os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral (naturalização ordinária – concessão ato discricionário do Presidente da República) Os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira (naturalização extraordinária – concessão é direito subjetivo do interessado) 3 Ext 1.121, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 18-12-2009, Plenário, DJE de 25-6-2010. D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 74 Questão de prova: 25 (Cespe/2013/TRF 2ª Região) Serão considerados brasileiros naturalizados os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes no Brasil há mais de quinze anos ininterruptos, mas, com relação aos originários de países de língua portuguesa, a CF prevê somente que tenham residência permanente no país como condição para adquirir a nacionalidade brasileira. Comentários: A Constituição Federal prevê que serão considerados brasileiros naturalizados os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes no Brasil há mais de quinze anos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. Não basta, portanto, ter residido no nosso país por mais de quinze anos para adquirir a nacionalidade brasileira. Também no caso de originários de países de língua portuguesa, não basta a residência permanente no Brasil por um ano ininterrupto (prazo mínimo que o enunciado nem mencionou!). Exige-se, também, idoneidade moral. Questão incorreta. § 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. Não temos, no parágrafo acima, uma hipótese de naturalização: o português residente no Brasil continuará sendo português. O que se tem é uma previsão de se estender, a ele, os direitos inerentes ao brasileiro naturalizado,se atendidas duas condições: reciprocidade no ordenamento jurídico português e residência permanente no Brasil. § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição. Só a Constituição pode estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, jamais a lei! Uma dessas distinções diz respeito à ocupação de alguns cargos, conforme veremos a seguir. § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presidente da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V - da carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas; VII - de Ministro de Estado da Defesa. D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 74 Essa lista é taxativa, caro (a) aluno (a)! Quem não está na lista não precisa ser brasileiro nato para assumir o cargo. Como decorar a lista? Achando a lógica dela! Vamos à explicação... O legislador constituinte buscou assegurar que Presidente da República fosse brasileiro nato para garantir a soberania nacional. Ou seja, para garantir que o Chefe do Executivo não usaria o cargo para servir a interesses de outros Estados. Para isso, também só permitiu a brasileiros natos o acesso a cargos que podem suceder o Presidente: Vice-Presidente da República, Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente do Senado Federal e Ministro do Supremo Tribunal Federal. Também em nome da defesa da soberania nacional, nosso constituinte restringiu o acesso à carreira diplomática. Isso porque o diplomata representa o Brasil em outros Estados, e poderia mais facilmente sucumbir aos interesses destes se fosse naturalizado. Seria difícil para um argentino naturalizado brasileiro celebrar um tratado que favorecesse o Brasil em detrimento da Argentina, por exemplo. A explicação para o acesso somente de brasileiros natos aos dois últimos cargos é ainda mais óbvia! Somente o nato pode ser oficial das Forças Armadas ou Ministro do Estado da Defesa. Isso para diminuir o risco de os ocupantes desses cargos favorecerem qualquer outra nação em caso de guerra. Imagine as Forças Armadas pedirem a um naturalizado que bombardeie a terra em que nasceu! Dificilmente a ordem seria acatada, não é mesmo? E o Ministro da Defesa? Como planejaria usar as Forças Armadas brasileiras contra seus próprios conterrâneos? Seu julgamento certamente ficaria comprometido, com graves danos à segurança do Brasil... Vejamos como isso tem sido cobrado em prova: 26 (Cespe/2012/TJ-AC) O cargo de ministro de Estado das Relações Exteriores e o de ministro da Defesa são privativos de brasileiros natos. Comentários: O cargo de Ministro das Relações Exteriores não é privativo de brasileiro nato. Questão incorreta. 27 (Cespe/2013/TRE-MS) O brasileiro naturalizado não pode ocupar o cargo de deputado federal, privativo de brasileiro nato. Comentários: O cargo de deputado federal não é privativo de brasileiro nato. Segundo o § 3º do art. 12 da Constituição, são privativos de brasileiro nato os cargos: D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 74 De Presidente e Vice-Presidente da República; De Presidente da Câmara dos Deputados; De Presidente do Senado Federal; De Ministro do Supremo Tribunal Federal; Da carreira diplomática; De oficial das Forças Armadas; De Ministro de Estado da Defesa. Questão incorreta. Agora que já sabemos tudo sobre a aquisição da nacionalidade, que tal analisarmos as hipóteses em que esta pode ser perdida? 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; II - adquirir outra nacionalidade, salvo no casos: a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; Verifica-se que a perda da nacionalidade pode se dar por sentença judicial (se for praticada atividade nociva ao interesse nacional) ou por aquisição de outra nacionalidade. Entretanto, no último caso, a nacionalidade brasileira não será perdida se for reconhecida pela lei estrangeira ou se a naturalização for condição imposta pela lei estrangeira para que o brasileiro possa permanecer no território estrangeiro ou lá exercer direitos civis. Nessas hipóteses excepcionais, o indivíduo terá dupla nacionalidade: a brasileira e a estrangeira. A perda da nacionalidade tem caráter personalíssimo. Não se estende a ascendentes ou descendentes, limitando-se à pessoa em questão. Veja como isso já foi cobrado em prova: 28 (Cespe/2012/TRE-RJ) Os efeitos jurídicos de sentença transitada em julgado que trate da perda da nacionalidade brasileira não são personalíssimos, podendo-se estender, portanto, a terceiros. Comentários: Os efeitos jurídicos da perda de nacionalidade são, sim, personalíssimos. Não se estendem a terceiros. Questão incorreta. D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 74 Só para cobrirmos qualquer surpresa na prova, peço que leia o art. 13, transcrito a seguir: Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil. § 1º - São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais. § 2º - Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios. 29 (Cespe/2010/TRT 21ª Região) Segundo estipula a CF, na parte em que trata dos direitos de nacionalidade, é privativo de brasileiro nato o exercício do cargo de ministro de Estado. Comentários: Segundo a CF/88. São privativos de brasileiro nato os seguintes cargos: Questão incorreta. 30 (Cespe/2009/MPE-RN) Os cargos de deputado federal e senador da República são privativos de brasileiros natos. Comentários: C A R G O S P R I V A T I V O S D E B R A S I L E I R O N A T O PRESIDENTE E VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS PRESIDENTE DO SENADO FEDERAL MINISTRO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL CARREIRA DIPLOMÁTICA OFICIAL DAS FORÇAS ARMADAS MINISTRO DE ESTADO DA DEFESA D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 74 Nenhum desses cargos consta da lista do art. 12, § 3º, da Constituição. Portanto, não se trata de cargos privativos de brasileiros natos. Questão incorreta. 31 (Cespe/2010/MPE-SE) Os estrangeiros originários de países de língua portuguesa adquirirão a nacionalidade brasileira se mantiverem residência contínua no território nacional pelo prazo mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores ao pedido de naturalização. Comentários: Os estrangeiros originários de países de língua portuguesa adquirem nacionalidade brasileira cumprida a exigência de residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral (art. 12, II, “a”, CF). Questão incorreta. 32 (Cespe/2010/TCE-BA) Somente o brasileiro naturalizadopode perder sua nacionalidade em virtude de atividade nociva ao interesse nacional. Comentários: É verdade! Trata-se, nesse caso, de cancelamento de naturalização (art. 12, § 4º, I, CF). Questão correta. 33 (Cespe/2010/TRT 21ª Região) Os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira somente podem ser considerados brasileiros natos se, após registrados em repartição brasileira competente, vierem a residir no Brasil e optarem pela nacionalidade brasileira. Comentários: Reza o art. 12, I, “c”, da Carta Magna, que será considerado brasileiro nato o nascido no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe brasileira se: For registrado na repartição brasileira competente OU Vier a residir na República Federativa do Brasil e optar, a qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira. Trata-se, portanto, de duas hipóteses distintas. No segundo primeiro caso, não há necessidade de o brasileiro nato vir a residir no Brasil e optar pela nacionalidade brasileira. Questão incorreta. 34 (Cespe/2010/TRE-MT) A legislação infraconstitucional não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, de modo que, em virtude do princípio da igualdade, as únicas hipóteses de tratamento diferenciado são as que constam expressamente do texto constitucional. Comentários: D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 31 de 74 É isso mesmo! De acordo com o § 2º do art. 12 da Constituição, a lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição. Questão correta. 35 (Cespe/2010/TRE-MT) A naturalização é um direito público subjetivo que constitui ato administrativo de caráter vinculado, uma vez que o chefe do Poder Executivo encontra-se obrigado a concedê-la, desde que sejam atendidos os requisitos legais e constitucionais para sua obtenção. Comentários: Isso só ocorre na naturalização extraordinária (art. 12, II, “b”, CF). A naturalização ordinária é ato discricionário, comportando análise quanto à sua conveniência e oportunidade (art. 12, II, “a”, CF). Questão incorreta. 36 (Cespe/2010/TRE-MT) Aos portugueses com residência permanente no Brasil, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro nato. Comentários: Preste atenção neste detalhe: aos portugueses com residência permanente no Brasil, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro naturalizado (art. 12, § 1º, CF). Questão incorreta. 37 (Cespe/2009/Banco Central) A perda da nacionalidade brasileira pode decorrer de ato do ministro da Justiça ou de decisão judicial e tem como consequência o retorno do indivíduo à situação de estrangeiro. Comentários: A perda da nacionalidade pode se dar por sentença judicial (se for praticada atividade nociva ao interesse nacional) ou por aquisição de outra nacionalidade. (art. 12, § 4º, CF). Questão incorreta. 38 (Cespe/2009/OAB) Em nenhuma hipótese, brasileiro nato perde a nacionalidade brasileira. Comentários: É possível que o brasileiro nato perca sua nacionalidade caso adquira outra nacionalidade, ressalvados os seguintes casos: Reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; Imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis. D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 74 Questão incorreta. 39 (Cespe/2009/ANATEL) Mário, casado com Ângela, é analista administrativo da ANATEL e esteve a serviço dessa agência em Paris nos meses de outubro e novembro de 2008, quando, nesse período, nasceu seu filho Lúcio, em hospital de Brasília. Caso Lúcio tivesse nascido em Paris, ele não poderia ocupar os cargos de ministro do Supremo Tribunal Federal e de oficial das Forças Armadas, haja vista que esses cargos são privativos de nascidos no Brasil. Comentários: Ainda que Lúcio tivesse nascido em Paris, seria brasileiro nato, por incidir na hipótese do art. 12, I, “b”, da Constituição Federal. Por isso, poderá, sim, ocupar esses cargos, que são privativos de brasileiro nato. Questão incorreta. 40 (Cespe/2010/INSS) O filho do embaixador da China no Brasil, caso nasça em território nacional, é considerado brasileiro nato. Comentários: Veja o que determina a Constituição: Art. 12. São brasileiros: I - natos: a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; Como o pai, que é chinês, está a serviço da China, o filho do embaixador não é brasileiro nato. Questão incorreta. 41 (Cespe/2012/Câmara dos Deputados) As distinções entre brasileiros natos e naturalizados, além das constantes na CF, devem ser previstas em lei complementar. Comentários: Somente a Constituição pode estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados. Veja o que determina o § 2º do art. 12 da Constituição: § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição. Questão incorreta. D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 74 Direitos Políticos Para iniciarmos nosso estudo sobre os direitos políticos, nada melhor que defini-los, não é mesmo? Os direitos políticos são aqueles que garantem a participação no processo político e nos órgãos governamentais, por meio das diversas formas de sufrágio: direito de voto, direito à elegibilidade, direito à participação popular etc. “Nádia, e o que significa sufrágio? Sempre achei que fosse sinônimo de voto...” Não confunda os conceitos, meu aluno (ou minha aluna). O sufrágio é a capacidade de votar e ser votado, a essência dos direitos políticos. De acordo com a doutrina, o sufrágio pode ser de dois tipos: Universal: quando o direito de votar é concedido a todos os nacionais, independentemente de condições econômicas, culturais, sociais ou outras condições especiais; Restrito (qualificativo): quando o direito de votar depende do preenchimento de algumas condições especiais, sendo atribuído a apenas uma parcela dos nacionais. O sufrágio restrito pode ser censitário, quando depender do preenchimento de condições econômicas (renda, bens, etc.) ou capacitário, quando exigir que o indivíduo apresente alguma característica especial (ser alfabetizado, por exemplo). O sufrágio apresenta dois aspectos: a capacidade eleitoral ativa e a capacidade eleitoral passiva. A primeira – ativa - representa o direito de votar e de alistar-se como eleitor (alistabilidade). A segunda – passiva - compreende o direito de ser votado e eleger-se para um cargo político (elegibilidade). Os direitos políticos são, portanto, instrumentos de exercício da soberania popular, característica dos regimes democráticos. Esses regimes podem ser de três diferentes espécies: Democracia direta: é aquela em que o povo exerce o poder diretamente, sem intermediários ou representantes; Capacidade eleitoral ativa Capacidade eleitoral passiva Sufrágio D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br34 de 74 Democracia representativa ou indireta: é aquela em que o povo elege representantes4 que, em seu nome, governam o país; Democracia semidireta ou participativa: é aquela em que o povo tanto exerce o poder diretamente quanto por meio de representantes. Trata-se de um sistema híbrido, com características tanto da democracia direta quanto da indireta. É adotada no Brasil. Feitas essas observações, que tal a leitura do art. 14 da Constituição? Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: I - plebiscito; II - referendo; III - iniciativa popular. Como você percebeu, lendo o “caput” desse artigo, nossa Constituição consagra o sufrágio universal, assegurando o direito de votar a todos os nacionais, independentemente de qualquer requisito. Além disso, note que os direitos políticos expressamente consignados na Constituição compreendem o direito ao sufrágio; o direito ao voto nas eleições, plebiscitos e referendos e o direito à iniciativa popular de lei. “O que são plebiscito e referendo, professora?” Tanto o plebiscito quanto o referendo são formas de consulta ao povo sobre matéria de grande relevância. A diferença entre esses institutos reside no momento da consulta. Enquanto no plebiscito a consulta se dá previamente à edição do ato legislativo ou administrativo, que retratará a decisão popular, no referendo ela ocorre posteriormente, cabendo ao povo ratificar (confirmar) ou rejeitar o ato. Questão de prova: 42 (Cespe/2013/TRE-MS) O plebiscito e o referendo são formas de exercício indireto da soberania popular. A participação popular, em ambos os casos, faz-se posteriormente à promulgação da lei. Comentários: Trata-se de formas de exercício direto da soberania popular. No referendo, 4 Na representação, o representante exerce um mandato e não fica vinculado à vontade do povo (mandato livre), diferentemente do que ocorre no mandato imperativo, em que o representante se vincula à vontade dos representados, sendo apenas um veículo de transmissão desta. Além disso, ele não representa apenas os seus eleitores, mas toda a população de um território (mandato geral). D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 74 faz-se posteriormente à promulgação da lei; no plebiscito, previamente. Questão incorreta. i. Capacidade eleitoral ativa Como vimos, a capacidade eleitoral ativa é aquela que assegura ao nacional o direito de votar nas eleições, plebiscitos e referendos. Falando nisso, você sabe a diferença entre plebiscito e referendo? No Brasil esta é adquirida mediante alistamento eleitoral, a pedido do interessado. É com o alistamento que se adquire, portanto, a capacidade de votar. Questão de prova: 43 (Cespe/2013/TRF 2ª Região/Juiz) No Brasil, o alistamento eleitoral depende da iniciativa do nacional que preencha os requisitos constitucionais e legais exigidos, não havendo inscrição de ofício por parte da autoridade judicial eleitoral. Comentários: O alistamento eleitoral, no Brasil, se dá somente a pedido do interessado. Questão correta. Além da capacidade de votar, a qualidade de eleitor dá, ao nacional, a condição de cidadão, tornando-o apto a exercer vários direitos políticos, mas nem todos. Para fruir de todos os direitos políticos, é necessário o preenchimento de outras condições. Assim, com o alistamento o cidadão garante seu direito de votar, mas não o de ser votado, uma vez que o alistamento é apenas uma das condições da elegibilidade. Art. 14, §1º - O alistamento eleitoral e o voto são: I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; II - facultativos para: a) os analfabetos; b) os maiores de setenta anos; c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. Memorize isto: o alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para os maiores de 18 anos e facultativos para os analfabetos, os maiores de 70 anos e aqueles entre 16 e 18 anos. E a quem é vedado o alistamento? A resposta é dada pelo art. 14, §2º da CF: § 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos. D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 74 No que concerne ao art. 14, § 1º, I, da Carta Magna, destaca-se a posição do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) acerca da obrigatoriedade do voto dos portadores de deficiência grave, cuja natureza e situação impossibilite ou torne extremamente oneroso o exercício de suas obrigações eleitorais. Nesse sentido, a Corte observou a existência de “lacuna”, e não, silêncio, da Constituição. Assinalou que o legislador constitucional, ao facultar o voto aos maiores de setenta anos, certamente atentou para as prováveis limitações físicas decorrentes de sua idade. Nesse sentido, o Tribunal Superior Eleitoral apontou que pessoas com deficiências graves, como os tetraplégicos e os deficientes visuais inabilitados para a leitura em braile, por exemplo, poderiam se encontrar em situação até mais onerosa que a dos idosos. Assim, o próprio art. 5º, § 2º, da Constituição Federal autorizaria a interpretação que legitimava a extensão do direito reconhecido aos idosos e aos portadores de deficiência grave. Com esses fundamentos, expediu-se a Resolução no 21.920/2004, que eximiu de sanção “pessoa portadora de deficiência que torne impossível ou demasiadamente oneroso o cumprimento das obrigações eleitorais, relativamente ao alistamento e ao exercício do voto”. Outra questão relevante analisada pelo TSE, que deu origem à Resolução no 20.806/2001 diz respeito à exigência de comprovação de quitação do serviço militar para fins de alistamento dos indígenas. Constatando lacuna na legislação, o Tribunal considerou que somente os índios integrados (excluídos os isolados e os em via de integração) seriam obrigados a tal comprovação. No que se refere ao § 2º do art. 14 da CF/88, como você viu, o alistamento é vedado aos estrangeiros e aos conscritos. Para seu melhor entendimento (e memorização), esclareço que conscrito é, em linhas gerais, o brasileiro que compõe a classe de nascidos entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de um mesmo ano, chamada para a seleção, tendo em vista a prestação do serviço militar inicial obrigatório. Além disso, o TSE considera conscritos os médicos, dentistas, farmacêuticos e veterinários que prestam serviço militar obrigatório.5 Esquematizando: 5 Resolução do TSE no 15.850/89. D. Constitucional p/PC-DF Profa. Nádia Carolina – Aula 02 Profa. Nádia Carolina www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 74 44 (Cespe/2010/TRE-BA) A participação indireta do povo no poder ocorre com a representação. Nesta, o representante exerce um mandato e não fica vinculado à vontade dos representados. Além disso, o eleito não representa apenas os seus eleitores, mas toda a população de um território. Desse modo, o mandato é considerado livre e geral. Comentários: É isso mesmo! O mandato é considerado livre porque o representante tem total liberdade, não estando vinculado à vontade do eleitor. Esse tipo de mandato se contrapõe ao mandato imperativo, em que o representante se vincula à vontade do representado. Além disso, é considerado geral porque o representante representa
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