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APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS

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APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
 Noções básicas
 No momento que emerge uma nova Constituição , torna-se imprescindível uma reformulação do ordenamento jurídico infraconstitucional. Isso ocorre na medida em que nem todos os dispositivos de uma Constituição escrita são auto-aplicáveis . A maioria depende
 de regulamentação. Por essa razão, as normas constitucionais podem, em princípio , ser classificadas em normas auto-aplicáveis ( auto-executáveis) e normas não auto-aplicáveis ( não –auto-executáveis). 
 Normas auto-aplicáveis ( normas de eficácia plena ) = são aquelas que , independe de qualquer condição, por serem completas e definidas quanto à hipótese e à disposição , são passíveis de imediata aplicação.
 Normas não-auto-aplicáveis = são caracterizadas por um tipo específico de regramento constitucional que não pode ser auto-executável ( ou seja, não podem possuir aplicação imediata) , considerando a necessidade de posterior regulamentação ( por serem
 incompletas ( eficácia limitada) ou condicionadas ( eficácia contida) ou por serem essencialmente programáticas ( eficácia limitada quanto aos princípios programáticos).
 Segundo Rui Barbosa : “ as disposições constitucionais , em sua maioria, não são auto-aplicáveis , porque a Constituição não se executa a si mesma, antes impõe ou requer a ação legislativa , para lhe tornar efetivos os preceitos , o que não quer dizer , porém , que a Lei
 Maior possua cláusulas ou preceitos a que se deva atribuir o valor moral de simples conselhos, avisos ou lições, até porque todos têm a força imperativa de regras, ditadas pela soberania nacional ou popular aos seus órgãos”.
 Segundo o STF , os ministros consideram que não existe um critério objetivo que permita identificar com segurança, quais dispositivos constitucionais representam-se auto- aplicáveis e quais outros dependem de regulamentação.
 Todas as normas constitucionais são dotadas de eficácia . Algumas, de eficácia jurídica e de eficácia social ; outra , apenas de eficácia jurídica.
Aplicabilidade das normas constitucionais
 Classificação de José Afonso da Silva:
 a) Normas constitucionais de eficácia plena.
 São as de aplicabilidade imediata, direta e integral , não dependendo da edição de qualquer legislação posterior.
 Exemplos: o mandado de injunção, o Habeas data e o mandado de segurança coletivo foram utilizados mesmo antes de regulamentação por legislação ordinária. Também vemos: nos art. 2º, 5º,XI, 14,§ 2º, 17,§4º , 19, 20, 21 , etc.
 b) Normas constitucionais de eficácia contida.
 São as de aplicabilidade imediata, mas cujos efeitos podem ser limitados pela legislação infraconstitucional.
 Ex: Art. 5º, XIII e inc. XXIV ; art.9º, § 1º.
 Normas constitucionais de eficácia limitada.
 São as que dependem de complementação do legislador infraconstitucional para que se tornem exequiveis. Abrangem as normas declaratórias de princípios institutivos ou organizativos e as declaratórias
 de princípios programáticos. As primeiras são as que estabelecem o esquema geral de estruturação e atribuições de órgãos , entidades ou institutos públicos , para que o legislador ordinário as regulamente. 
Ex: art. 18,§ 2º, 22 , par. único ;
 33; 113; 121, etc. As normas programáticas são as que fixam princípios , programas e metas a serem alcançados pelos órgãos do Estado. 
Ex: Art. 7º, XX ; XXVII ; 196; 205;215; 218 ...
 José A. da Silva concebe como programáticas “ aquelas normas constitucionais através das quais o constituinte , em vez de regular, direta e imediatamente, determinados interesses, limitou-se a traçar-lhes os princípios para serem cumpridos pelos seus órgãos ( legislativo ,
 executivo, jurisdicional e administrativo) , como programas das respectivas atividades , visando à realização dos fins sociais do Estado.
 Os professores Pinto Ferreira e Maria Helena Diniz estabelecem uma distinção entre normas constitucionais de eficácia absoluta, que são de aplicação imediata e não admitem alteração por emenda constitucional , as denominadas cláusulas pétreas , e normas 
 constitucionais de eficácia plena, que, embora de aplicação imediata , podem ser modificadas pelo poder constituinte derivado de reforma.
 Classificação de Celso Bastos e Carlos Ayres Britto:
Normas de aplicação: já estão aptas a produzir todos os seus efeitos, dispensando regulamentação. Ex.: art. 2º.
 Normas de integração: são integradas pela legislação infraconstitucional. Ora são compatíveis – exigem uma legislação integrativa para a completa produção de seus efeitos; ora restringíveis – estabelecem a possibilidade de o legislador infraconstitucional 
 reduzir o comando constitucional.
Segundo Uadi Bulos, existem também Normas Constitucionais de eficácia exaurida e aplicabilidade esgotada. São aquelas que já extinguiram a produção de seus efeitos. Por
 isso, estão esgotadas, condicionando , assim, sua aplicabilidade. Ex. as do ADCT , notadamente aquelas que já cumpriram o papel para o qual foram propostas. Ex. art. 1º, 2º, 3º, 14, 20 e etc.
Efeitos temporais da norma constitucional
 a) Princípio da recepção:
 Com o advento de uma nova constituição , as leis e atos normativos da ordem jurídica pregressa continuam válidos ou precisam ser refeitos ?
 Pelo princípio da recepção, continuam válidos todos os atos legislativos editados na vigência
 do ordenamento anterior, sendo recebidos e adaptados à nova ordem jurídica, desde que sejam compatíveis com a nova carta maior.
 b) Princípio da revogação:
 O que ocorre com atos legislativos incompatíveis com a nova Constituição ?
 Pelo princípio da revogação , atos legislativos incompatíveis com o novo documento supremo são expulsos.
 Princípio da represtinação:
 Pode a nova constituição revalidar leis ou atos normativos revogados por constituições antigas ?
 Conforme esse princípio é possível, porém essa prática deve ser repelida, porque compromete a certeza e a segurança das relações jurídicas.
 Princípio da desconstitucionalização:
 Normas constitucionais revogadas na vigência da ordem jurídica antiga podem passar à categoria de leis comuns com o surgimento do novo texto magno?
 Segundo esse princípio , normas constitucionais revogadas podem passar ao nível infraconstitucional. A nova constituição recepciona as antigas normas constitucionais, mas na qualidade de leis ordinárias.

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