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A presente resenha, se refere ao capítulo 3, intitulado “Distribuição para Ricos”, do livro “Porque o Brasil cresce pouco: desigualdade, democracia e baixo crescimento no país do futuro” de autoria de Marcos Mendes.
Este capítulo vem a demonstrar uma visão sobre a teoria econômica no Brasil, e também uma das razões do baixo crescimento no país, assim para um melhor entendimento o autor inicia este capítulo apresentando um situação prática que ocorreu entre o período de 2006 a 2013, em que houve um grande investimento na área de exploração commodities realizado pelo empresário Eike Batista, o qual foi considerado em 2012 a oitavo pessoa mais rica do mundo. 
No entanto no ano de 2013 o império construído pelo empresário começou a ruir, revelando várias falhas no sistema, em razão da utilização indevida de alguns recursos, como na exploração da fragilidade das agências reguladoras, no financiamento junto a bancos públicos e na capitalização com recursos de fundos de pensão controlados por empresas estatais, assim acarretando em prejuízos para acionista minoritários.
Alguns autores debatem sobre o efeito de desigualdade no funcionamento das instituições legais, políticas e regulatórias, também argumentam que os mais ricos e politicamente poderosos podem subverter tais instituições em benefício próprio impactando negativamente no potencial de crescimento econômico. Mencionam também que somente as pessoas que obtém um alto poder aquisitivo e boas conexões, se sentiram seguros para investir em uma sociedade cuja justiça é lenta, onde alguns juízes aceitam suborno ou os burocratas podem realizar alterações nos regulamentos de maneira casual.
Sendo assim, o crescimento pode ser impedido através de no mínimo cinco mecanismos diferentes:
Taxa de investimento baixa, devido ao fato de que a parcela desprivilegiada terá receio de investir;
O investimento tem se concentrado nas mãos de pessoas que não são as mais capazes e eficiente, apenas possuem maior contato político e maior riquezas;
Há um desperdiço de tempo e valores investidos em atividades rente-seeking, deixando de investir na produção de bens e serviços necessários para a sociedade;
Existem uma proteção de mercados controlado por grupos e pessoas influentes, acarretando na baixo concorrência, assim desestimulando a busca de ganhos de produtividade;
O governo é indevidamente utilizado como instrumento para transladar rendas a grupos privilegiados, em vez de ser um provedor de bens públicos essenciais para o desenvolvimento como infraestrutura e educação pública.
Percebe-se que em sociedades desiguais as concorrências tendem a serem menores e os incentivos para produtividade tendem a ser insuficientes, gerando assim um menor crescimento.
O Brasil, tem uma economia caracteristicamente extrativista, no entanto isso faz parte de seu DNA, pois desde a colonização portuguesa se tem esse ciclo vicioso de desigualdade, exclusão e baixo desempenho econômico de longo prazo.
Um dos fatores que colabora para o baixo crescimento, é a fragilidade do sistema judiciário existente, visto que este tem baixa capacidade para forçar o cumprimento de contratos, para solucionar insolvências comerciais e para impor direito de propriedade. Este panorama se torna ideal para aqueles que almejam se beneficiar de procedimento ilegais ou de concorrência desleal, assim podendo escapar impunes de seu comportamento oportunista.
O ordenamento jurídico cível vigente está na legislação processual, devido aos muitas maneiras existentes de protelar decisões quanto a possibilidade de recursos a um número grande de instâncias, com isso os mais ricos tendem a continuar dispondo de uma ampla margem de manobra para lançar mãos de recursos e protelações afim de evitar as devidas punições tirando proveito da lentidão do sistema judiciário.
Quanto as agências reguladoras, estas foram criadas com a finalidade de evitar conflitos, criar condições atraentes de investimento privado para o setor de infraestrutura, ao mesmo tempo, evitar que as empresas e os governantes assumam um comportamento abusivo. Sendo assim as agências reguladoras devem ser órgão de Estado e não de governo.
No Brasil, o montante de recursos disponíveis para o financiamento dos investimentos da empresas é escasso, sendo assim a taxa de juros se torna elevada. Uma maneira de as empresas competirem é estabelecendo conexões políticas afim de conseguir acesso privilegiado ao crédito oferecido pelos bancos públicos e outras fontes de recursos similares.
Os principais setores beneficiados por crédito direcionado são a agricultura o financiamento imobiliário e os investimentos de empresas. Sendo que existem três instituições financeiras líderes em cada segmento, sendo: o Banco do Brasil, na agricultura, a Caixa Econômica Federal, no financiamento imobiliário e o Banco nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no financiamento a empresas.
As grandes empresas em geral tem acesso privilegiado ao crédito público, não somente no caso do BNDES mas também nas operações de fundos constitucionais do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, nestes dois casos o esperado seria que fosse dado o suporte à pequenas empresas das regiões, principalmente as mais afetadas pelo baixo acesso ao crédito por não possuírem garantias a oferecer, no entanto são as grandes empresas que absorvem maior parte destes créditos.
Vários autores destacam a evidência que as conexões políticas proporcionam um maior acesso das empresas ao crédito público, no entanto apesar destas vantagens competitiva, não obtiveram mais lucros que as demais.
Há um longo tempo o Brasil protege fortemente a sua indústria, pois se tem a ideia que o desenvolvimento se faz com a industrialização, resultando no aumento da produtividade geral da economia. Na argumentação em defesa da proteção industrial, tem-se o fato do encadeamento que pode vir a gerar um grande dinamismo estimulando as áreas de produção manufatureira, e também pode vir a ser um centro de geração e difusão de novas tecnologias, outro fator de importância seria que com o desenvolvimento diversificado da produção há uma redução de volatilidade dos ciclos econômicos.
Além do argumentos apresentados em defesa da proteção individual, também existem as críticas como, em relação ao encadeamento em que se argumenta baseando-se em dados empíricos, que nem sempre as industrias dos setores de maiores encadeamento realmente apresentam um maior poder de geração de emprego e também quanto a volatilidade dos ciclos econômicos, acredita-se que é possível ter uma diversificação de estrutura produtiva que reduza tal volatilidade, mas a partir de outros meios que geram menores custos do que subsidiar a indústria ao longo de décadas. 
A partir da leitura deste capítulo, pode-se aprimorar a compreensão sobre a economia brasileira e evidenciar como a redistribuição de valores em geral é realizada de uma forma precária, onde os ricos acabam tendo maiores acesso aos recursos. Outro fator impactante é que o sistema judiciário infelizmente não tem a força necessária pra se fazer valer diante das diversidades, com tudo isso é possível perceber um impacto negativo no desenvolvimento do país.
Referência:
MENDES, José Marcos. Por que o Brasil cresce pouco? Desigualdade, democracia e baixo crescimento no país do futuro. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.

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