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Direito Civil SEÇÃO 5 SUA PETIÇÃO Seção 5 Direito Civil Sua causa! Seja bem-vindo à quinta seção do NPJ. Nos trabalhos anteriores, considerando a propriedade de um único imóvel e a análise de sua cadeia dominial subjetiva, você foi convidado a trabalhar sob perspectivas distintas: (i) na Seção I como advogado de Juliana Faria Rodrigues – com a fi nalidade de pleitear a desconstituição de um contrato de compra e venda, haja vista a ausência da outorga uxória para a alienação de bem imóvel de propriedade do cônjuge, durante a constância de casamento celebrado sob o regime de separação obrigatória de bens; (ii) na Seção II como advogado de Breno Santos Bernardes e sua esposa Marta Guimarães Bernardes – para a proposição de uma ação de usucapião tendo por objeto a aquisição originária da propriedade do mesmo imóvel; (iii) na Seção III novamente como advogado de Juliana Faria Rodrigues – desta vez visando seus interesses, juntamente com o ex-marido Raimundo Dutra Rodrigues, elaborando a peça necessária para refutar os argumentos apresentados no pedido inicial da ação de usucapião ordinário; e 2 NPJ - NÚCLEO DE PRÁTICA JURÍDICA DIREITO CIVIL - SUA PETIÇÃO - SEÇÃO 5 (iv) na Seção IV novamente como advogado de Breno Santos Bernardes e sua esposa Marta Guimarães Bernardes – para a elaboração da peça recursal viável a desafiar a sentença que indeferiu o pedido de reconhecimento do domínio sobre o imóvel litigado. Considerando sua atuação em todos os casos, torna-se imprescindível sua compreensão e a avaliação quanto às possibilidades distintas de defesa dos direitos das partes adversas com base no ordenamento jurídico vigente, seja sob os aspectos do direito material, seja no âmbito puramente processual. Neste sentido, você é agora convidado a se manter na defesa dos interesses de Breno Santos Bernardes e sua esposa Marta Guimarães Bernardes, desta vez ainda no trâmite da ação de usucapião, objeto da Seção II, porém, sob uma perspectiva estritamente processual. Em momento anterior você ajuizou uma ação de usucapião com vistas à aquisição originária da propriedade do imóvel, tendo como fundamento o exercício da posse dos Requerentes sobre o imóvel de forma mansa, pacífica e ininterrupta, com boa-fé e mediante justo título, por período superior a 10 anos, conforme provas documentais anexadas à petição inicial. Uma vez distribuída a inicial, o processo foi cadastrado para tramitar perante a 1ª Vara de Registros Públicos da Comarca de Belo Horizonte, a qual tem como juiz titular Luiz Boaventura Diniz, notadamente credor dos seus clientes, em decorrência de um contrato de locação de outro imóvel – distinto do imóvel usucapiendo. Isto porque o Juiz Luiz Boaventura Diniz firmou com Breno Santos Bernardes e sua esposa Marta Guimarães Bernardes um contrato de locação de um imóvel residencial pelo prazo de 4 (quatro) anos, estando o pagamento dos alugueis mensais em atraso já há 6 meses. Em outras palavras, seus clientes são devedores do juiz. Em decorrência da relação obrigacional, Luiz Boaventura Diniz ajuizou ação de conhecimento visando 33 Direito Civil - Sua Petição - Seção 5NPJ ao despejo do casal, ação esta distribuída para a 9ª Vara Cível da comarca de Belo Horizonte. Diante dessas considerações iniciais, vamos à problematização do novo cenário encontrado – você deverá iniciar o procedimento judicial cabível na defesa dos interesses de seus clientes Breno Santos Bernardes e sua esposa Marta Guimarães Bernardes, na ação de usucapião, tendo em vista a informação obtida de que a ação fora distribuída para o juiz impedido Luiz Boaventura Diniz. Importante mencionar que a ciência do fato ocorreu imediatamente à distribuição da ação de usucapião. Fundamentando! Partindo-se da teoria do processo como relação jurídica e, considerando-se esta relação no seu formato triangular, chama- se atenção para as três fi guras que coexistem: a parte ativa, a parte passiva e ainda o Estado – este último encarregado de prestar a jurisdição. Embora as partes detenham a característica da parcialidade como razão e condição de existência do próprio pleito objeto da ação, o Estado, enquanto materializado na fi gura do juiz, deve se comprometer com a imparcialidade de forma a nortear o princípio do juiz natural, juntamente com os requisitos de investidura, competência e ausência de impedimento. Trata-se de garantia fundamental não prevista expressamente, mas que resulta da conjugação de dois dispositivos constitucionais: o que proíbe o juízo ou tribunal de exceção e o que determina que ninguém será processado senão pela autoridade competente (incisos XXXVII e LIII do art. 5º da CF/88). Trata-se essa garantia de uma conquista moderna. (DIDIER, 2016, p. 183). Não se pode confundir neutralidade e imparcialidade. O mito da neutralidade funda-se na possibilidade de o juiz ser desprovido de vontade inconsciente; predominar no processo o interesse das partes e não o interesse geral de administração da Justiça; que o juiz nada tem a ver com o resultado da instrução (DIDIER, 2016, p. 157). 44 Direito Civil - Sua Petição - Seção 5NPJ Tem-se que os fatos que causam os impedimentos e a suspeição afastam a imparcialidade do juiz em relação ao processo judicial em questão, determinando um poder-dever do magistrado declarar-se impedido ou suspeito, para que seja consequentemente afastado da jurisdição. Neste sentido, o novo código de processo civil – Lei nº 13.105/2015 – manteve os institutos do Impedimento e da Suspeição já tratados no diploma anterior com o objetivo de garantir a condução e o julgamento imparciais. Ambos são tratados pela doutrina como incidentes processuais decorrentes de questões controvertidas originadas no curso de uma ação judicial, cuja solução é necessária e essencial de forma prévia à conclusão do objeto da ação, uma vez que suas consequências estão intimamente ligadas ao desfecho da questão dita como principal. Neste sentido, “o incidente de arguição de impedimento ou suspeição é a forma estabelecida em lei para afastar o juiz da causa, por lhe faltar a imparcialidade, que é pressuposto processual subjetivo referente ao juiz” (DIDIER, 2016, p. 681). Ressalva-se a importância do acompanhamento crítico por parte do aluno em relação às mudanças ocorridas nas regras processuais, ainda que o procedimento em questão já se promova na vigência do novo código de processo civil, o qual, conforme o anteprojeto e exposição de motivos levada à Presidência da República, determinou a manutenção dos incidentes processuais. No caso em apreço, importante ressalvar que o Juiz Luiz Boaventura Diniz é credor direto dos seus clientes, bem como figura como parte ativa em uma ação de conhecimento visando ao despejo dos locatários inadimplentes – ou seja, o juiz possui relação direta e de cunho pessoal com os Requerentes, sendo que sua atuação como magistrado na ação de usucapião poderá ser influenciada pelos desafetos entre eles. Dito isso, passemos à análise das hipóteses e das diferenças entre o impedimento e a suspeição. 55 Direito Civil - Sua Petição - Seção 5NPJ São hipóteses de impedimento, segundo o art. 144, NCPC, o exercício do juiz nos seguintes processos: 1- Em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha. 2- De que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão. 3- Quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive – sendo que o impedimento só se verifica quando o defensorpúblico, o advogado ou o membro do Ministério Público já integrava o processo antes do início da atividade judicante do juiz. Neste caso também se enquadra o caso de mandato conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado que individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente no processo. 4- Quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive. 5- Quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo. 6- Quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes. 7- Em que figure como parte da instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços. 8- Em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório. 9- Quando promover ação contra a parte ou seu advogado. 66 Direito Civil - Sua Petição - Seção 5NPJ Salienta-se que é vedada a criação de fato superveniente, no curso da ação, a fim de caracterizar impedimento do juiz. Mas, ainda assim, uma vez declarado o impedimento, é vedado ao magistrado o exercício de suas funções no processo de forma absoluta. Tem-se, portanto, que as situações impeditivas são ditas “objetivas” exatamente para que tenham efeito absoluto, não cabendo discussão subjetiva sobre intenção ou aspectos psíquicos do juiz, caso constatada uma das hipóteses acima listadas. Neste sentido, seguem abaixo julgados que expressam o entendimento do Tribunal de Justiça Mineiro, considerando-se que a ação em comento tramita perante a Comarca de Belo Horizonte. Processo: Conflito de Competência - 1.0024.94.083372-6/005 - EMENTA: PROCESSO CIVIL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. IMPEDIMENTO DA DESEMBARGADORA QUE PROFERIU DECISÃO NO MESMO PROCESSO EM GRAU DE JURISDIÇÃO DISTINTO. ART. 144, II, DO CPC/15. AUSÊNCIA. DESPACHOS DE MERO IMPULSIONAMENTO DO FEITO. COMPETÊNCIA DA SUSCITADA. O escopo da norma contida no art. 134,III, NCPC (art. 144, II, NCPC), segundo a qual é impedido o Juiz que proferiu decisão no mesmo processo em outro grau de jurisdição, é assegurar a imparcialidade do magistrado e garantir ao jurisdicionado o duplo grau de jurisdição, de modo que não pode ser considerada impedida a Desembargadora que se limitou praticar atos de impulsionamento do feito e sem conteúdo meritório em primeiro grau de jurisdição. Data de Julgamento: 10/12/2016 Data da publicação da súmula: 10/03/2017. Processo: Comunicação-Susp.Afir. JD - 1.0000.17.005490- 2/000 - EMENTA: CONSELHO DA MAGISTRATURA - COMUNICAÇÃO - IMPEDIMENTO DECLARADO POR JUIZ DE DIREITO - CIRCUNSTÂNCIA DE CARÁTER OBJETIVO - ARTIGO 144 VIII DO NCPC - APRECIAÇÃO PELO CONSELHO DA MAGISTRATURA - DESNECESSIDADE - NÃO CONHECIMENTO E ARQUIVAMENTO DA COMUNICAÇÃO. 1. O artigo 55 inciso XVII da Lei Complementar nº 59/2001 determina a comunicação pelo Juiz ao Conselho da Magistratura das suspeições declaradas, mas, não há exigência sobre a comunicação dos casos de impedimento, sendo este de caráter objetivo. 2. Comunicação 77 Direito Civil - Sua Petição - Seção 5NPJ não conhecida e arquivada. Data de Julgamento: 06/03/2017 Data da publicação da súmula: 31/03/2017 Processo: Incidente Suspeição -1.0000.15.036288-7/000 EMENTA: PROCESSUAL CIVIL - EXCEÇÃO DE IMPEDIMENTO - JUIZ DE DIREITO - AÇÃO CIVIL PÚBLICA - PARTE NO PROCESSO - INOCORRÊNCIA - REJEIÇÃO DO INCIDENTE PROCESSUAL - INTELIGÊNCIA DO ART. 134, DO CPC. A Exceção de Impedimento é medida de caráter excepcional, por implicar o afastamento do magistrado da condução do processo, sendo imprescindível a cabal demonstração de alguma das circunstâncias taxativamente elencadas pelo Digesto Processual Civil. Data de Julgamento: 09/10/0015 Data da publicação da súmula: 20/10/2015. Noutro giro, passemos à análise das hipóteses de suspeição nos termos do art. 145, NCPC : 1- Quando o juiz for amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados. 2- Quando o juiz receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois de iniciado o processo, aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou subministrar meios para atender às despesas do litígio. 3- Quando qualquer das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive. 4- Quando o juiz for interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes. Importante ter em mente que tanto as partes como o magistrado poderão alegar a suspeição. No primeiro caso, pelo próprio juiz por motivo de foro íntimo, sendo-lhe desnecessário declarar suas razões. Já no segundo caso, porém, será ilegítima a alegação 88 Direito Civil - Sua Petição - Seção 5NPJ quando a suspeição houver sido provocada pela própria parte que a alega, ou quando a parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta aceitação do arguido – o que indica o caráter relativo da suspeição. Neste sentido, poderia se dizer que o impedimento seria mais grave ou danoso às partes do que a própria suspeição, em decorrência de seu caráter absoluto. Nos termos do novo código de processo civil, Lei nº 13.105/2015, as partes terão o prazo de 15 (quinze) dias, contados da ciência do fato que causa suspeição ou impedimento, para alegá-los, sob pena de preclusão do direito. Art. 146. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conhecimento do fato, a parte alegará o impedimento ou a suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas.(...) (Lei nº 13.105/2015 - <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015- 2018/2015/lei/l13105.htm> - acesso em: 25 maio 2017) Ainda em relação à alegação de impedimento ou suspeição – quando realizada pela parte – esta deverá ocorrer por meio de petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual deverá ser indicado o fundamento pelo qual se entende pela imparcialidade, podendo ser apresentadas neste momento as provas documentais e até mesmo rol de testemunhas. Sim! A petição é endereçada ao próprio juiz considerado suspeito, o qual, ao apreciá-la, poderá concordar com sua parcialidade e reconhecer que não deve processar e julgar a ação, remetendo os autos ao seu substituto legal, ou discordar e, no mesmo prazo seguinte de 15 (quinze) dias, apresentar suas contra razões, provas documentais e até mesmo rol de testemunhas, ordenando a remessa dos autos ao Tribunal. Note que o magistrado poderá postular em causa própria quando discordar da alegação de sua parcialidade, sendo desnecessário advogado para tanto. 99 Direito Civil - Sua Petição - Seção 5NPJ Porém, como o impedimento é absoluto, o prazo de 15 dias para sua alegação não poderia ser peremptório sob pena de lesão aos direitos constitucionais e processuais das partes. As hipóteses de impedimento (art. 144 do CPC) dão ensejo à nulidade do ato, pois há uma presunção legal absoluta de que o magistrado não tem condições subjetivas para atuar com imparcialidade. É vício que pode ser alegado em qualquer tempo e grau de jurisdição (...). (DIDIER, 2016, p. 683) Ainda, havendo um único juiz na comarca para julgar a causa, o impedimento ou a suspeição podem ser alegados concomitantemente ao ajuizamento da demanda. Cumpre ressalvar que, uma vez instaurado o incidente processual, ele poderá ser recebido com ou sem efeito suspensivo e, enquanto nãofor declarado o efeito em que é recebido o incidente ou quando este for recebido com efeito suspensivo, a tutela de urgência será requerida ao substituto legal, sendo o juiz já afastado ad cautelam. Por fim, verifica-se que o incidente de impedimento ou suspeição deve ser julgado pelo juízo ad quem e não há diferenciação entre processos em jurisdição voluntária ou contenciosa, uma vez que a imparcialidade consiste numa das condições do princípio do juiz natural. Ressalva-se que, para enfrentamento do caso aqui proposto ao aluno, um ponto de extrema importância é a definição do momento em que o fato se tornou de conhecimento de seus clientes, o que ocorreu no momento exato da distribuição. Você deverá avaliar as consequências de todos os eventuais atos praticados no processo pelo juiz, desde a distribuição da ação. É certo que, em se tratando de incidentes de impedimento ou suspeição, o próprio Tribunal, ao julgar a alegação, deverá determinar o momento a partir do qual o juiz não poderia mais atuar no processo – momento em que se tornou parcial - declarando a nulidade dos atos desde então e retornando o processo ao status a quo. 1010 Direito Civil - Sua Petição - Seção 5NPJ Diante dessas colocações, encerramos nossos apontamentos e convidamos o aluno à elaboração da peça cabível à defesa dos interesses de seu cliente, considerando os prazos legais e a definição de qual a hipótese ocorrida no caso em questão, se impedimento ou suspeição. Ressalvamos, para a resolução da questão, que os autos do processo de conhecimento promovido pelo Juiz Luiz Boaventura Diniz visando ao despejo dos seus clientes do seu imóvel encontram-se conclusos para o juiz titular da 9º Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte, aguardando sentença. Colaciona-se abaixo outros julgados, também do Tribunal de Justiça Mineiro, para auxiliá-lo na apreciação do caso e na definição da peça processual adequada: Processo: Comunicação-Susp.Afir - 1.0000.16.062788-1/000 - EMENTA: CONSELHO DA MAGISTRATURA - COMUNICAÇÃO - SUSPEIÇÃO DECLARADA POR JUIZ DE DIREITO - ARTIGO 145 INCISO I DO NCPC - AMIGO ÍNTIMO - APRECIAÇÃO PELO CONSELHO DA MAGISTRATURA - REGULARIDADE - ANOTAÇAO DA SUSPEIÇÃO E ARQUIVAMENO DA COMUNICAÇÃO. 1. Inexistindo situação excepcional que determine a adoção de qualquer providência pelo Conselho de Sentença, sendo a declaração regularmente comunicada pelo Juiz de Direito, a suspeição deve ser anotada e arquivada. 2. Comunicação anotada e arquivada. Data de Julgamento: 06/03/2017 Data da publicação da súmula: 31/03/2017. Processo: Agravo Interno Cv - 1.0000.15.070039-1/005 - EMENTA: DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NA EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO. TEMPESTIVIDADE DO INCIDENTE. ATO CONSUMADO EM SESSÃO DE JULGAMENTO DO TJMG. PRESUNÇÃO DE CIÊNCIA À PARTIR DA DATA DA SESSÃO OU DA PUBLICAÇÃO DA ATA. INEXISTÊNCIA DE PROVA DE CIÊNCIA POSTERIOR. INTEMPESTIVIDADE RECONHECIDA. DECISÃO MANTIDA. 1. Tanto nos termos do artigo 305 do CPC/73, já revogado, quanto nos termos do artigo 146 do NCPC, o prazo para a arguição da suspeição é de quinze dias contados do conhecimento do fato que fundamenta a recusa do(s) julgador(es). 2. Hipotése em que se controverte acerca da tempestividade do incidente, consubstanciado o 1111 Direito Civil - Sua Petição - Seção 5NPJ ato de suspeição na adesão dos exceptos à nota de repúdio expedida pela AMAGIS - Associação dos Magistrados Mineiros, ocorrida na Sessão de Julgamento da 16ª Câmara Cível datada de 29/07/2015, sendo inclusive publicada no site da referida associação em 05/08/2015, concluindo-se, portanto, que era do conhecimento do ora agravante, pelo menos a partir da data da disponibilização no site da AMAGIS, referida adesão que seria fato conformador da suspeição dos julgadores exceptos. 3. Quando não, o conhecimento do referido fato certamente se deu na ocasião que foi tornada pública a ata da sessão de julgamento onde a indigitada adesão à nota expedida ocorreu, o que se consumou na Sessão seguinte, também em 05/08/2015, data em que se presumiu do conhecimento geral. À míngua de outro elemento que demonstre a ciência do ato em momento posterior, é a partir desta data que deve ser aferida a tempestividade da exceção. Data de Julgamento: 16/02/2017 Data da publicação da súmula: 17/02/2017 PRIMEIRA FASE! Questão 01 Assinale a alternativa correta no tocante à alegação do impedimento ou da suspeição: a) No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conhecimento do fato, a parte alegará o impedimento ou a suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas. b) No prazo de 15 (quinze) dias, a contar da distribuição da ação, a parte alegará o impedimento ou a suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas. c) No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conhecimento do fato, a parte alegará o impedimento ou a suspeição, em petição específica dirigida ao Tribunal, na qual indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas. 1212 Direito Civil - Sua Petição - Seção 5NPJ d) No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conhecimento do fato, a parte alegará o impedimento ou a suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará o fundamento da recusa, sendo vedado instruí-la com documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas. Alternativa correta: letra a Conforme o caput do art. 146, do Novo Código de Processo Civil, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conhecimento do fato, a parte alegará o impedimento ou a suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la com documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas. Questão 02: Assinale a alternativa correta no tocante aos efeitos do incidente de impedimento ou da suspeição: a) Distribuído o incidente, o relator deverá declarar imediatamente seu efeito suspensivo, que perdurará até o julgamento do incidente. b) O incidente será recebido automaticamente sob o efeito suspensivo, sendo desnecessária a declaração dos seus efeitos. c) Distribuído o incidente, o relator deverá declarar os seus efeitos, sendo que, se o incidente for recebido sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr. d) Distribuído o incidente, o relator deverá declarar os seus efeitos, sendo que, se o incidente for recebido com efeito suspensivo, o processo voltará a correr. Alternativa correta: letra c Conforme dispõe o §2º do art. 146, do Novo Código de Processo Civil, distribuído o incidente, o relator deverá declarar os seus efeitos, sendo que, se o incidente for recebido sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr, mas, se recebido com efeito suspensivo, o processo permanecerá suspenso até o julgamento do incidente. 1313 Direito Civil - Sua Petição - Seção 5NPJ Vamos peticionar! Após análise dos fatos e fundamentos propostos, bem como resolução das questões direcionadas à compreensão e fi xação dos conteúdos passados, convido-lhes à elaboração da peça. Lembre-se que o objetivo é assegurar os direitos do seu cliente ao devido processo legal e à tutela jurisdicional sob a égide do princípio do juiz natural, afastando qualquer hipótese de suspeição ou impedimento que possa eventualmente acarretar em lesões aos direitos tutelados. Acho que você já conseguiu identifi car a peça e o fundamento cabíveis ao pleito de Breno e sua mulher. Agora, durante a elaboração,pense na sua estrutura (endereçamento, identifi cação, qualifi cação, exposição de fatos e fundamentos e pedidos direcionados ao juiz). Na parte inicial desta Seção temos todas as informações necessárias para a elaboração da peça, mas caso haja alguma omissão, como número do documento de identidade das partes, regime de bens do casamento dos adquirentes, data, OAB do advogado, etc., basta a indicação da qualifi cação seguida de xxx ou ..., exemplo: local..., data..., RG nº ..., OAB nº ... Mãos à obra e bons estudos! 141414 Direito Civil - Sua Petição - Seção 5NPJ
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