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Leia o poema de Cruz e Sousa, base para a questão proposta pela UFG, e, se possível, caracterize o movimento simbolista a partir do texto do professor Alfredo Bosi, transcrito a seguir (destacamos os fragmentos mais importantes): “O Parnaso legou aos simbolistas a paixão do efeito estético. Mas os novos poetas buscavam algo mais: transcender os seus mestres para reconquistar o sentimento de totalidade que parecia perdido desde a crise do Romantismo. A arte pela arte (...) é assumida por eles, mas retificada pela aspiração de integrar a poesia na vida cósmica e conferir-lhe um estatuto de privilégio que tradicionalmente caberia à religião ou à filosofia. Visto à luz da cultura europeia, o Simbolismo reage às correntes analíticas dos meados do século XIX, assim como o Romantismo reagira à Ilustração triunfante em 89. Ambos os movimentos exprimem o desgosto das soluções racionalistas e mecânicas e nestas reconhecem o correlato da burguesia industrial em ascensão; ambos recusam-se a limitar a arte ao objeto, à técnica de produzi-lo, ao seu aspecto palpável: ambos, enfim, esperam ir além do empírico e tocar, com a sonda da poesia, um fundo comum que susteria os fenômenos, chame-se Natureza, Absoluto, Deus ou Nada. O símbolo, considerado categoria fundante da fala humana e originariamente preso a contextos religiosos, assume nessas correntes a funçãochave de vincular as partes do Todo universal que, por sua vez, confere a cada uma o seu verdadeiro sentido. Na cultura ocidental, a partir das revoluções burguesas da Inglaterra e da França, os grupos que se achavam na ponta de lança do processo foram perdendo a vivência religiosa dos símbolos e fixando-se na imanência dos dados científicos ou no prestígio dos esquemas filosóficos: empirismo, sensismo, materialismo, positivismo. Os pontos de resistência viriam dos estratos pré-burgueses ou antiburgueses, isto é, dos aristocratas ou das baixas classes médias, postas à margem da industrialização. Dessas fontes provêm o mal-estar e as recusas à concepção técnico-analítica do mundo. (...) A crise repropõe-se no último quartel do século XIX, quando a segunda revolução industrial, já de índole abertamente capitalista, traz à luz novos correlatos ideológicos: cientismo, determinismo, realismo “impessoal”. Do âmago da inteligência européia, surge uma oposição vigorosa ao triunfo da coisa e do fato sobre o sujeito – aquele sujeito a quem o otimismo do século prometera o paraíso, mas não dera senão um purgatório de contrastes e frustrações. (...) As novas atitudes de espírito almejam a apreensão direta dos valores transcendentais, o Bem, o Belo, o Verdadeiro, o Sagrado, e situam-se no pólo oposto da ratio calculista e anônima. Não tentam, porém, superá-la pelo exercício de outra razão (...); as suas armas vão ser as da paixão e do sonho, forças incônscias que a Arte deveria suscitar magicamente. O Simbolismo surge nesse contexto como um sucedâneo, para uso de intelectuais, das religiões positivas; e a liturgia, que nestas é a prática concreta e diária das relações entre a Natureza e a Graça, nele reaparece em termos de analogias sensórias e espirituais, as “correspondências” de que falava Baudelaire:
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