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Trabalho de Conclusão de Curso (2017/1)
Curso de Direito
A (IN)EFICÁCIA da internação do dependente químico à luz dos princípios constitucionais
Autor¹ 
Resumo: O artigo trata do conceito de criança e adolescente, tendo como marco a Constituição da República Federativa do Brasil, bem como a Lei n. 8.069, denominada Estatuto da Criança e do Adolescente. Descreve os direitos fundamentais como mecanismos para o pleno desenvolvimento das crianças e dos adolescentes. Aborda os princípios basilares do direito da criança e do adolescente, destacando a importância de sua aplicação junto a norma na proteção contra violação de direitos fundamentais Assim, com o objetivo de realizar o presente trabalho de conclusão de curso, buscou-se através de bibliografias, por meio eletrônico e pela legislação pátria, tais como, a Constituição da República de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8.069/90.
Palavras-chave: Estatuto da Criança e do Adolescente; Medidas Socioeducativas; Maioridade Penal. 
Tema em inglês
Abstract: The article deals with the concept of child and adolescent, having as a landmark the Constitution of the Federative Republic of Brazil, as well as Law no. 8,069, called the Child and Adolescent Statute. It describes fundamental rights as mechanisms for the full development of girls and boys. It addresses the basic principles of child and adolescent law, highlighting the importance of its application along with the norm in protection against violation of fundamental rights. Thus, in order to carry out the present work of conclusion of the course, we searched through bibliographies, By electronic means and by national legislation, such as the Constitution of the Republic of 1988 and the Statute of the Child and Adolescent - Law 8.069 / 90.
Keywords: Child and Adolescent Statute; Educational measures; Criminal majority.
Introdução
O artigo abordará o conceito de criança e adolescente visando auxiliar na compreensão de que a infância e adolescência é uma fase de desenvolvimento que tanto deve ser desfrutada por todas as crianças e adolescentes quanto respeitada por todos. Posteriormente descreve os direitos fundamentais de meninas e meninos com a finalidade de oferecer mudanças significativas para que se possa produzir uma nova cultura de proteção aos direitos humanos no Brasil. Por fim, observa a base principiológica dos direitos da criança e do adolescente para instrumentalizar a efetivação dos direitos ora declarados.
O presente trabalho objetiva analisar o princípio do melhor interesse da criança e do adolescente e sua aplicação processual nos litígios de família, bem como, a sua relação com os direitos fundamentais. Além de analisar os posicionamentos doutrinários procurando explicar as razões que dificultam uma maior efetivação dos referidos direitos. Verificar se o poder judiciário, tem dado uma real efetivação a esse princípio, com respostas aos conflitos que condizem verdadeiramente aos interesses dos infantes.
As políticas públicas de ressocialização do jovem enfatizam a educação e a profissionalização como ferramentas importantes na construção deste novo indivíduo, ao qual devem ser dadas condições plenas de reestruturação psíquica e familiar e de reinserção social, através de sua compreensão individualizada e particularizada, a fim de resgatá-lo enquanto ser humano e sujeito em sintonia com o momento histórico.
Assim, com o objetivo de realizar o presente trabalho de conclusão de curso, buscou-se através de bibliografias, por meio eletrônico e pela legislação pátria, tais como, a Constituição da República de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8.069/90, agregar àquele, informações de diferentes fontes com a finalidade de ampliar e solidificar os resultados da pesquisa científica, necessários para um coerente desenvolvimento do tema proposto.
Dessa forma, se fará uma análise da redução da maioridade penal a partir de uma base doutrinária, conhecida como Doutrina da Proteção integral da Criança e do adolescente. Ressalta-se que serão expostos, conceitos, definições e históricos que possibilitarão a noção de institutos jurídicos relacionados com a doutrina e a maioridade penal. A análise que será realizada, responderá fundamentadamente como a doutrina de proteção integral (im) possibilitaria a redução da maioridade penal.
Há a necessidade de demonstrar que a possibilidade de reduzir a maioridade implica em diversos aspectos legais, que divergem opiniões até mesmos de interpretes e aplicadores da lei.
Princípio Da Dignidade Da Pessoa Humana
A sociedade livre, justa e solidária norteada pela Constituição Federal, regida por preceitos democráticos, trouxe valores sociais quando elevou a dignidade da pessoa humana ao nível de fundamento do Estado, o que priorizou o avanço da personalidade das pessoas que compõem a sociedade.
Os princípios fundamentais constituem-se em preceitos essenciais que motivam decisões políticas basilares ao estabelecimento do Estado Democrático de Direito, definindo lhe a forma de ser. (BULOS, 2003, P. 70 – 71)
Assim, o artigo 1° da Constituição Federal de 1988, em seu rol de princípios fundamentais elenca o princípio da dignidade da pessoa humana.
A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: 
I - a soberania; 
II - a cidadania; 
III - dignidade da pessoa humana; (grifo nosso) 
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; 
V - o pluralismo político
Nesse aspecto, destaca o doutrinador Gustavo TEPEDINO que: 
A dignidade da pessoa humana torna-se o objetivo central da República, funcionalizando em sua direção a atividade econômica privada, a empresa, a propriedade, as relações de consumo. Trata-se não mais do individualismo do século XVIII, marcado pela supremacia da liberdade individual, mas de um solidarismo inteiramente diverso, em que a autonomia privada e o direito subjetivo são remodelados em função dos objetivos sociais definidos pela Constituição e que, em última análise, voltam-se para o desenvolvimento da personalidade e para a emancipação do homem. (TEPEDINO, 2001, p. 500)
Para o nobre jurista Paulo BONAVIDES (2003, p. 233) Não há princípio mais inestimável para sintetizar o objetivo da Constituição que o princípio da dignidade humana. O autor entende que, “sua densidade jurídica no sistema constitucional há de ser, portanto máxima, e, se houver reconhecidamente um princípio supremo no trono da hierarquia das normas, esse princípio não deve ser outro senão aquele em que todos os ângulos éticos da personalidade se acham consubstanciados”.
Sobre o princípio em tela, aponta José Afonso da SILVA:
 Em conclusão, a dignidade da pessoa humana constitui um valor que atrai a realização dos direitos fundamentais do homem, em todas as suas dimensões, e, como a democracia é o único regime político capaz de propiciar a efetividade desses direitos, o que significa dignificar o homem, é ela que se revela como o seu valor supremo, o valor que a dimensiona e humaniza.
Analisando o ordenamento jurídico brasileiro, ao longo do texto constitucional, encontra-se presente a dignidade da pessoa humana de diversas maneiras, como estabelecer o escopo da ordem econômica no sentido de destacar a existência digna (artigo 170, caput); planejamento familiar calcado neste princípio (artigo 226, § 6º); a dignidade da criança e do adolescente (artigo 227, caput).
Ao dialogar-se sobre a dignidade da pessoa humana, busca-se estreitamente o ser ético. O ser que estima o individual, sem perder de vista o coletivo. A dignidade da pessoa humana está intimamente ligada com a evolução e mudança de valores, onde os indivíduos e os valores sociais das pessoas começam a ser apreciados, enquanto que, o patrimônio vai perdendo importância.
O princípio em tese, harmoniza-se perfeitamente com o princípio da proteção integral da criança e do adolescente, quetem a função de proporcionar todos os meios e facilidades, o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, que só pode ser efetivado em condições de igualdade e dignidade. As crianças e adolescentes conforme disciplina o art. 3° do Estatuto da Criança e do Adolescente (lei n° 8069/90) gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana. É com base neste fundamento, que legislador devem se preocupar em disciplinar medidas de proteção, para que a dignidade destas pessoas seja respeitada.
Proteção Integral Da Criança e Do Adolescente
Empiricamente, as legislações brasileiras que dispõe a respeito das crianças e adolescentes durante toda a história procurou afastar a ideia de que estes indivíduos são seres em desenvolvimento e por tanto são detentores de direitos. 
A classe quase sempre foi objeto de predicação salvacionistas que em seu âmago procura coordenar essa população (CUSTÓDIO, 2009, p.11). 
O grande avanço do ordenamento jurídico brasileiro ocorreu através da Constituição Federal de 1988, que aderiu as orientações e recomendações dos Tratados e Convenções Internacionais ratificados pelo Brasil. 
A partir deste momento, a Constituição passou a estabelecer direitos fundamentais para a Criança e ao adolescente, dando-lhes todas as garantias e prioridades necessárias àqueles que ainda estão em desenvolvimento, determinando, assim, uma proteção plena expressamente contida no artigo 227, caput:
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Visando efetivar a proteção integral da Criança e do Adolescente, traçados pela Constituição Federal, o Legislador, em substituição ao Código de Menores, que apresentava uma visão ultrapassada, editou a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, dispondo sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, que expunha uma nova perspectiva acerca dos direitos e o tratamento jurídico a ser dado à categoria.
Para Antonio Augusto Cançado Trindade (1991): 
Nas relações entre designais, posiciona-se em favor dos mais necessitados de proteção. Não busca obter um equilíbrio abstrato entre as partes, mas remediar os efeitos do desequilíbrio e das disparidades. Não se nutre das barganhas da reciprocidade, mas se inspira nas considerações de ordre public em defesa de interesses superiores, da realização da justiça.
O Estatudo da Criança e do Adolescente (ECA) delineava a regulamentação do artigo 227 da Constituição Federal, foi apresentado na Câmara dos Deputados com o Projeto nº 1.506/89 pelo Deputado Nelson Aguiar, do Espírito Santo, e no Senado pelo Senador Ronan Tito, de Minas Gerais, com o Projeto nº 193/89.
Compilada em diversos documentos internacionais, a Doutrina da Proteção Integral tena Declaração de Genve início em Genebra, de 26 de março de 1924, sendo acolhida, em 1948, pela Declaração Universal dos Direitos do Homem, pela Convenção das Nações Unidas de Direito da Criança de 1959, e pela Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989, dentre outros. (LIBERATI, 2006, p.25)
A Doutrina da Proteção Integral: (...) está alicerçada em três pilares: a) a criança adquire a condição de sujeito de direitos; b) a infância é reconhecida como fase especial do processo de desenvolvimento; c) a prioridade absoluta a esta parcela da população passa a ser princípio constitucional (art. 227 da CF/88). (AZAMBUJA, 2009)
Os preceitos da Doutrina da Proteção Integral foram inseridos no texto constitucional de 1988, ano anterior à Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança de 1989.
Dispondo sobre o tema, Sílvio De Salvo Venosa (2003, p. 31):
A nova lei representou uma mudança de filosofia com relação ao menor. Desaparece a conceituação do ‘menor infrator’, substituída pela idéia de ‘proteção integral à criança e ao adolescente’, presente em seu art. 1º. Esse diploma, em 267 artigos, regula extensivamente a problemática assistencial social e jurídica do menor, inclusive vários institutos originalmente tratados exclusivamente pelo Código Civil, como a perda e suspensão do pátrio poder, tutela e adoção, que serão aqui examinados.
Como esta categoria da sociedade não dispõe de meios para a autodefesa, o Estatuto da Criança e do Adolescente incorporou a atuação objetiva da Família, da Comunidade, da Sociedade e do próprio Estado, colocando-os como verdadeiros defensores desses direitos.
Corolário a esta situação fática, criou-se pelo Estatuto da Criança e do Adolescente diversos direitos aos menores, o que se denominou de proteção integral, materializando todas as condições para um desenvolvimento adequado, pretendendo a sua perfeita formação.
Paolo Vercelone, ao comentar o artigo 3º do Estatuto da Criança e do Adolescente, verbis:
Trata-se da técnica legislativa usual quando se faz uma revolução, quando se reconhece que uma parte substancial da população tem sido até o momento excluída da sociedade e coloca-se agora em primeiro plano na ordem de prioridades dos fins a que o Estado se propõe. Desta vez não se trata de uma classe social ou de uma etnia, mas de uma categoria de cidadãos identificada a partir da idade. Mas trata-se, contudo, de uma revolução, e o que mais impressiona é o fato de que se trata de uma revolução feita por pessoas estranhas àquela categoria, isto é, os adultos em favor dos imaturos. (CURY; SILVA; GARCÍA MENDEZ; p. 17)
Presente no rol dos direitos afetos à Criança e ao Adolescente enfatiza-se o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, sendo que todos os direitos supracitados, são indispensáveis para a vida digna de qualquer cidadão, desta feita, não poderia ser diverente com as crianças e adolescentes que carecem de integral proteção para um desenvolvimento saudável.
Neste interím, não se pode esquecer que a Criança e o Adolescente são pessoas ainda em desenvolvimento e necessitam de cuidados especiais para a sua formação física, psíquica e mental.
Na visão de CURY, GARRIDO & MARÇURA (p.21)
A proteção integral tem como fundamento a concepção de que crianças e adolescentes são sujeitos de direitos, frente à família, à sociedade e ao Estado. Rompe com a idéia de que sejam simples objetos de intervenção no mundo adulto, colocando-os como titulares de direitos comuns a toda e qualquer pessoa, bem como de direitos especiais decorrentes da condição peculiar de pessoas em processo de desenvolvimento.
Felizmente o Estatuto da Criança e do Adolescente se transformou no grande instrumento de mudança desse quadro, colocando a Criança e o Adolescente em um lugar de destaque e protegido, equilibrando, desta forma, os conflitos existentes.
Destarte, pretendendo um maior envolvimento de todos para que essa visão fosse efetivamente transformada, e proporcionando factualmente a aplicação da doutrina da proteção integral, o Estatuto da Criança e do Adolescente tratou de incluir como co- responsáveis pelo redirecionamento dos direitos dos menores, a família, a comunidade, a sociedade em geral e o Poder Público, dispondo em seu artigo 4º, disciplinando, à vista disso, as relações jurídicas, sob o aspecto objetivo e formal, entre esses segmentos da sociedade.
Do Melhor Interesse Da Criança e do Adolescente:
Em trabalho monográfico sobre a Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança, DANIEL O'DONNELL (1990, p.11): 
procura demonstrar que este princípio tem sua origem no direito comum, onde serve para a solução de conflitos de interesse entre uma criança e outra pessoa. Em essência, este conceito significa que quando ocorrem conflitos desta ordem, como no caso da dissolução de um casamento, porexemplo, os interesses da criança sobrepõem-se aos de outras pessoas ou instituições.
Hodiernamente, a aplicação do princípio do “melhor interesse da criança” considera acima de tudo, as necessidades da criança em detrimento dos interesses de seus pais, devendo realizar-se sempre uma análise do caso concreto. Todavia, para compreender a aplicação do melhor interesse da criança e do adolescente no Brasil, faz-se necessário expor três correntes que existiram em relação à proteção da infância em nosso país desde o século XIX.
A Doutrina do Direito Penal do Menor, compenetrada nos Códigos Penais de 1830 e 1890, preocupou-se particularmente com a delinquência e respaldou a imputabilidade na "pesquisa do discernimento", que tinha como premissa imputar a responsabilidade ao menor devido ao seu entendimento quanto à prática de um ato criminoso. Ao Juiz era outorgada a competência para decidir se o menor infrator "era ou não capaz de dolo e, para tal fim, levaria em conta a vida pregressa, seu modo de pensar, sua linguagem, não justificando basear-se apenas numa razão, obrigando-o a pesquisar o conjunto dos elementos informadores" (SIQUEIRA, p.52).
Mesmo na vigência do Código MELLO MATTOS de 1927, Bulhães De Carvalho (1977, p. 32) ressalta que "já vigorava na época séria campanha contra a teoria do discernimento, bem como a aplicação de medidas repressivas contra os menores em vez de simples medidas educativas".
 A Doutrina Jurídica da Situação Irregular passou a vigorar efetivamente entre nós com o advento do Código de Menores de 1979. Esta catalogava, em seu art. 2°, as seis categorias de situações especiais consideradas por PAULO LÚCIO NOGUEIRAS (1988) como "situações de perigo que poderão levar o menor a uma marginalização mais ampla, pois o abandono material ou moral é um passo para a criminalidade. (...) A situação irregular do menor é, em regra, conseqüência da situação irregular da família, principalmente com a sua desagregação". (NOGUEIRAS, 1988).
Atualmente o princípio do melhor interesse esta alicerçado na legislação protetiva, todas as ações da sociedade ou políticas públicas emanadas do Poder Público, devem considerar os interesses da criança e do adolescente, objetivando atingi-los positivamente de maneira prioritária e quando não levar em consideração tal preceitos, violar direitos que deveriam ser resguardados, responsabilizados devem ser seus autores.
Direitos Da Criança E Do Adolescente: 
A Constituição de 1988 proporcionou a criação das condições necessárias para a elaboração do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), afastando-se da doutrina da situação irregular para se vincular à doutrina da proteção integral, pela qual toda criança ou adolescente é considerado sujeito de direitos e por se encontrar em fase especial de desenvolvimento, necessita, portanto, da proteção do Estado.
Conceituação Criança E Adolescente.
conforme expressa o artigo 2º do ECA: “Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.” Ocorre que, nem sempre a criança e o adolescente tiveram esse conceito protetivo, durante a maior parte da historia da humanidade, não se tinha uma definição correta do que era a infância nem quando ela findava, a adolescência era algo inexistente.
Por conseguinte, a Convenção dos Direitos da Criança e do Adolescente considera criança todo ser humano menor de 18 anos de idade, salvo se, nos termos da lei que lhe for aplicável, atingir a maioridade mais cedo, (Art. 1º) (ONU, 2010)
Foram necessários séculos para os legisladores reconhecerem a peculiaridade de ser uma pessoa em desenvolvimento, hoje não resta dúvidas que eles precisam de uma maior atenção, mais afetividade e respeito, além das necessidades materiais e intelectuais, que obrigatoriamente devem ser lhes assistidos tanto pela família e pela sociedade, quanto pelo Estado.
Direitos Fundamentais:
A Constituição Federal de 1988, inovou ao elencar uma série de direitos fundamentais a crianças e adolescentes até então não instituídos, tratando em seu artigo 227:
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. (BRASIL, 2010).
O Brasil, é um Estado Democrático de Direito, onde prevalece a democracia, sendo assim:
é precisamente a anexação de uma cláusula pétrea a um dado direito subjetivo o que melhor certifica a sua fundamentalidade, porque assim, ao declará-lo intocável e pondo-o a salvo inclusive de ocasionais maiorias parlamentares, que o poder constituinte originário o reconhece como um bem sem o qual não é possível viver em hipótese alguma. (MARTINS NETO, 2003, p.88).
Neste diapasão o Estatuto da Criança e do Adolescente implementou medidas protetivas, e fortaleceu os direitos fundamentais de crianças e adolescentes visando superar a cultura menorista e concretizar os princípios da teoria da proteção integral (CUSTÓDIO, 2009, p. 43).
A Constituição reconheceu em seu artigo 7º, IV e XXII, Como modo de garantir o direito fundamental a saúde, como mecanismo de melhoria das condições sociais, o poder público o deve concretizar mediante elaboração de políticas sociais que permitam o real desenvolvimento sadio de meninos e meninas, atribuindo em seu artigo 30 o dever do Estado através dos municípios garantir os serviços necessários ao atendimento integral de toda população (BRASIL, 2010).
Nesse interím, o ECA destaca em seu artigo 11° o atendimento integral a saúde de toda criança e adolescente por intermédio do Sistema Único de Saúde, garantindo o acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação, Inclusive em relação à gestante, reconhece o ECA em seu artigo 8º a proteção a criança desde a concepção (BRASIL, 1990). 
O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente editou a resolução 41 em 13 de outubro 1995 estabelecendo vinte direitos de crianças e adolescentes hospitalizados, como modo de garantir o respeito a seus direitos fundamentais (BRASIL, 2010-f).
O artigo 13 do Estatuto da Criança e do Adolescente, os profissionais da rede de atenção a saúde têm a obrigação de comunicar ao Conselho Tutelar os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos, e providenciar o encaminhamento para serviços especializados (BRASIL, 1990).
Toda população infanto-juvenil, nos termos do artigo 15° do Estatuto, possui direito a liberdade, respeito e dignidade. O artigo 16° estabelece quais aspectos que compreendem a referida liberdade, a fim de assegurar sua inviolabilidade (BRASIL, 1990). O direito ao respeito consiste na garantia da integridade física, psicológica e moral da criança e do adolescente, abarcando a preservação da imagem, identidade, autonomia, valores, ideias, crenças, espaços e objetos pessoais (BRASIL, 1990).
conforme artigo 19 do ECA, a convivência familiar e comunitária é um direito intrinseco a toda criança e adolescente, ser criado e educado no seio de sua família original, e excepcionalmente se necessário, em família substitute. 
[...] quando uma família não tiver condições de garantir os recursos materiais necessários e suficientes para a proteção de seus filhos, não serão estes duplamente penalizados com a retirada de sua família, pois aqui surge a responsabilidade subsidiária do poder público em garantir os recursos necessários para que crianças e adolescentes possam viver junto às suas famílias em condições dignas. (CUSTÓDIO, 2009, p. 51).
Um dos direitos fundamentais primordiais concedidos aos menores, é o direito a educação, o artigo 205 e 208 da Constituição, bem como o artigo 53 do ECA estabelecem que a educação é um direito de todos e dever do estado e da famíliajunto com a sociedade visando promover o pleno desenvolvimento da pessoa para o exercício da cidadania, garantindo inclusive, ensino fundamental obrigatório e gratuito, assegurando inclusive oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria (BRASIL, 2010). 
Outro direito que assiste as crianças e adolescentes, é a proteção do trabalho infantil, ou seja, abaixo do limite de idade mínima permitida. Desse modo, caracteriza-se trabalho infantil todo labor realizado por criança ou adolescente com idades inferiores aos determinados pela legislação (VERONESE; CUSTÓDIO, 2007, p. 125). Assim, define-se criança trabalhadora àquela pessoa submetida à relação de trabalho com até doze anos de idade incompletos e, adolescente trabalhador aquele que envolve atividade laboral com idade entre doze e dezoito anos.
Da mesma forma estabelece os artigos 402 e 403 da Consolidação das Leis do Trabalho, considerando menor o trabalhador de 14 até dezoito anos, sendo proibido qualquer trabalho a menores de 16 anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos quatorze anos (BRASIL, 2010-d).
Por fim, resta destacar que crianças e adolescentes possuem todos esses direitos fundamentais assegurados.
Previsão Constitucional e no ECA.
Com a Constituição brasileira de 1988, o Código de Menores de 1979, associado à Doutrina da Situação Irregular, restou desatualizado, gerando um ciclo de discussão e de mobilização social na busca de uma nova legislação que desse enfase as conquistas constitucionais de proteção integral. A Constituição Federal, pela primeira vez, tratou de forma detalhada os direitos da infanto-adolescência.
Em decorrência das novas normas constitucionais estabelecidas a partir de 1988, que orientavam um novo modelo em relação à infância, tornou-se fundamental a criação de um mecanismo legal para regulamentar a efetivação dos direitos fundamentais de crianças e adolescentes. 
Apesar de toda a inovação no que tange à assistência, proteção, atendimento e defesa dos direitos da criança e do adolescente, constantes na Constituição Federal, estes não poderiam se efetivar se não regulamentados em lei ordinária. Se assim não fosse, a Constituição nada mais seria do que uma bela, mas ineficaz carta de intenções. (VERONESE, 2009)
 O Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei n° 8.069 de 13 de julho de 1990, reforçando no artigo 1º a doutrina da proteção integral à infância, o qual: 
(...) no cenário mundial foi o primeiro diploma legal concorde com a evolução da chamada normativa internacional, notadamente com a Convenção Internacional dos Direitos da Criança, aprovada por unanimidade, em novembro de 1989, pela Assembléia Geral das Nações Unidas, servindo o Estatuto da Criança e do Adolescente de parâmetro e incentivo para o renovar da legislação de outros países, especialmente da América Latina. (PAULA apud AZAMBUJA, 2004, p. 53).
O Estatuto ampliou o rol de direitos dos menores e “acentuou a importância da família, das instituições e da comunidade, como responsáveis pela formação desses indivíduos.” (MIRANDA JÚNIOR Apud SCHREIBER, 2001, p. 82), principalmente, “não distinguiu em termos gerais entre o menor em situação regular e o menor em situação irregular. Sua aplicação é ampla e abrangente.” (MIRANDA JÚNIOR Apud SCHREIBER, 2001, p. 82
 O Estatuto da Criança e do Adolescente estabeleceu, em seu artigo 2º que criança é a pessoa até 12 anos de idade incompletos e, adolescente, aquele entre 12 e 18 anos de idade. Destaca-se que essa distinção teve como único objetivo: 
Dar tratamento especial às pessoas em fase peculiar de desenvolvimento, em razão da maior ou menor maturidade, a exemplo das medidas sócioeducativas, atribuídas apenas a maiores de 12 anos na prática do ato infracional, enquanto aos menores desta idade se aplicam as medidas específicas de proteção. (PEREIRA, 1996, p. 34)
Os princípios da Doutrina da Proteção Integral, delineando o artigo 227 da Constituição brasileira de 1988, podem ser fragmentados, substancialmente, em três artigos do Estatuto da Criança e do Adolescente, além do artigo 1º: 
a) Criança e adolescente como sujeitos de direito - artigo 3º; 
b) Criança e adolescente como destinatários de absoluta prioridade - artigo 4º; 
c) Respeito à sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento - artigo 6º. A Lei 8.069/90 alterou, substancialmente, a Justiça para os menores de 18 anos, pois ao extinguir o poder normativo do Juiz de Menores, fixou, no artigo 148, a competência da Justiça da Infância e da Juventude. (PEREIRA, 1992, p.29)
Com a ajuda dos princípios do direito da criança e do adolescente, acompanhados da Constituição da República Federativa do Brasil e do Estatuto da Criança e do Adolescente, é possível se enfrentar e superar os conceitos implantados pela doutrina da situação irregular, que mesmo sendo ultrapassados ainda se encontram muito presentes na sociedade atual.
Medidas Protetivas
O Estado, como responsável por promover a harmonia social e proporcionar à todos os cidadãos, entendendo que as crianças e adolescentes são pessoas em desenvolvimento e por conta desta peculiaridade necessitam de proteção especial e ainda de medidas que os eduque e mantenha a segurança social, teve que passar por diversas transformações legislativas até editar o ECA, conforme demonstrado no capítulo anterior do presente artigo acadêmico.
Medidas Socioeducativas:
O conceito de educação social ou de socioeducação é norteado pelos princípios e diretrizes de atendimento socioeducativo, que pressupõe a necessidade de orientar de forma coerente e integrada, os diferentes responsáveis da política da criança e do adolescente, desta feita, denota diversos ângulos, variáveis conforme a percepção de homem/mulher, de atuação social ou profissional, e ainda abrange o ponto de vista indivídual, de mundo e de sociedade que direcionam as diferentes visões daqueles que trabalham neste contexto. 
Segundo Damico (2011, p. 140): 
Todas as práticas educativas, esportivas, pedagógicas que visam recuperar o jovem, são políticas de segurança pública, pois querem evitar a continuidade e reincidência do cometimento de crimes. Podemos e devemos considerar que a produção de verdades atribuída pelas ciências, e também pelo Biopoder como um todo, gera efeitos imediatos na constituição dos sujeitos, no caso os jovens na condição de infratores, onde a política de segurança pública direcionada para ressocialização obedece a um modelo de governamento estatal, que impõe na prática em prol da população a mudança de comportamentos e algum tipo de controle, ainda que positivo, de modo a estabelecer um discurso quase unânime de uma aparente verdade absoluta, onde poderíamos destacar a criminalização dos adolescentes problemáticos.
As medidas socioeducativas possuem caráter pedagógico, buscando reeducar e reintegrar as crianças e adolescente que cometeram atos infracionais à sociedade.
Após constatado a prática de ato infracional, o adolescente (considerando como parâmetro de idade entre 12 e 18 anos) poderá receber as seguintes medidas, de acordo com o artigo 112 do ECA: I – advertência; II – obrigação de reparar o dano; III – prestação de serviços à comunidade; IV – liberdade assistida; V – inserção em regime de semiliberdade; VI - internação em estabelecimento educacional; VII – qualquer uma das hipóteses previstas no art. 101, I a VI. (BRASIL, 2005, p.30)
As medidas socioeducativas estão ordenadas por nível de complexidade, e estão previstas no art. 112 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Elas não possuem caráter cumulativo e nem de sucessividade, e devem ser aplicadas de acordo com a capacidade e a singularidade de cada adolescente e também considerando a gravidade do ato infracional cometido.
Ato Infracional.
Ordena o Estatuto da Criança e do Adolescente em seu artigo 103 que o ato infracional se equipara à conduta considerada como crime ou contravenção penal, todavia, os mesmos eram tratados para adultos, devido a Doutrina da SituaçãoIrregular, deixando de se levar em consideração o aspecto de pessoa em desenvolvimento que se encontravam os menores infratores. “A criança era entendida como um adulto em miniatura, um homunúsculo, com problemas similares aos dos adultos” (TRINDADE, 2001, p. 35).
Ao cometimento de um ato infracional deve corresponder uma da medidas socioeducativas previstas no art. 112 do ECA. Tais medidas são impostas depois de um processo devido, informado por todas as garantias constitucionais, sendo imprescindível a prova da autoria e da 
materialidade do ilícito (ALVES, 2008, p. 67).
Apesar do ECA prever a apuração dos atos infracionais de forma diversa da apuração dos delitos penais, pode-se prever paralelos entre a pena e algumas medidas socioeducativas, como a internação e a prestação de serviços à comunidade. Entre elas, ressalta-se o caráter de prevenção geral (impedir a prática de novos atos infracionais) e de prevenção especial (impedir que o adolescente em infrator pratique novos atos infracionais), além do caráter repressivo.
Maioridade Penal
A imputabilidade é a culpabilidade, que é entendida como um juízo de reprovação ou de censura que incide sobre o agente que cometeu um fato típico e antijurídico, sem a presença de excludentes, cometido por uma pessoa completamente capaz, com vontade própria e apresentando discernimento e autodeterminação, sendo considerado este um dos pontos mais áridos do Direito Penal. A maioridade penal se refere à idade em que a pessoa passa a responder criminalmente como um adulto, ou seja, quando ele passa a responder ao Código Penal.
A imputabilidade além de estar relacionada a faixa etária, também abrange outros indivíduos, conforme a capacidade intelectual do agente, sendo assim, a legislação brasileira classifica como inimputáveis aqueles que possuem doença mental, desenvolvimento mental incompleto ou retardado ou estado de embriaguez acidental completa como inimputáveis.
Os adolescentes que cometem atos infracionais, são em gande parte provenientes da exorbitante parcela da população brasileira considerada isolada, que enfrentam a precarização das relações de trabalho, rendimentos insuficientes para a garantia das necessidades fundamentais, ineficácia das políticas sociais, de forma que não deveriam ser vistos separadamente do contexto social, econômico, cultural e político em que se encontram, as condições de vida desta população, certamente, geram consequencias que influenciam de modo direto para a construção do quadro de violência. (JUNQUEIRA, JACOBY 2006, p. 4)
Fernando Capez define o conceito de imputabilidade da seguinte forma: 
É a capacidade de entender o caráter ilícito do fato e de determinar-se de acordo com esse entendimento. O agente deve ter condições físicas, psicológicas, morais e mentais de saber que está realizando um ilícito penal. Mas não é só. Além dessa capacidade plena de entendimento, deve ter totais condições de controle sobre sua vontade. Em outras palavras imputável é não apenas aquele que tem capacidade de intelecção sobre o significado de sua conduta, mas também de comando da própria vontade, de acordo com esse entendimento. (CAPEZ, 2011).
Todavia, A maioridade penal a partir dos 18 anos está estabelecida na Constituição de 1988, no artigo 228, que afirma que os menores de idade são inimputáveis e estão sujeitos a norma especial, o Brasil adotou esta idade como parâmetro a partir da ratificação da Convenção Internacional dos Direitos da Criança, adotada pela Organização das Nações Unidas em 1989 e com base na doutrina de proteção integral, já apresentada no presente artigo. 
Idade Penal: Comparativo Entre Países
Como é sabido, no ordenamento jurídico pátrio, a maior idade penal foi fixada em 18 anos.
Todavia, Mirabete (2008, p.214) leciona que esse mesmo limite mínimo de idade para a imputabilidade penal é consagrado na maioria dos países, como Áustria, Dinamarca, Finlândia, França, Colômbia, México, Peru, Uruguai, Equador, Tailândia, Noruega, Holanda, Cuba, Venezuela etc. Todavia, em alguns países podem ser considerados imputáveis jovens de idade mais baixa, como: 17 anos na Grécia, Nova Zelândia e Federação Malásia; aos 16 anos na argentina, Birmânia, Filipinas, Espanha, Bélgica e Israel; aos 15 anos na Índia, Honduras, Egito, Síria, Paraguai, Iraque, Guatemala e Líbano; aos 14 anos na Alemanha e Haiti; e aos10 anos na Inglaterra. Diz-nos ainda que algumas nações ampliam esse limite até os 21 (vinte e um) anos, como na Suécia, no Chile, Ilhas Salomão etc. Como há também, países que funcionam os tribunais especiais (correcionais), aplicando-se sanções diversas das utilizadas em caso de criminosos adultos.
Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam serem raros os países onde a responsabilidade penal seja aplicada abaixo de 18 anos. Uma pesquisa realizada, a cada quatro anos, pela ONU, Crime Trends (Tendência do Crime), em 57 países, levantou que apenas 11 deles adotam idade inferior a 18 anos para a aplicação de penas. Em Bermudas, Chile, Grécia, Haiti, Índia, Marrocos, Nicarágua, São Vicente e Granadas, a maioridade penal é aos 16 anos. (ONUBR, 2015)
Redução Inconstitucional
A possibilidade de redução da idade de imputação penal do indivíduo vem sendo cada vez mais abordada nestes ultimos tempos, tanto na ambiencia jurídica quanto como pauta social no país, levantando uma hipótese que a partir da redução da idade de responsabilização penal, também diminuiria a criminalidade existente entre os jovens.
 Liberati (2000) entendendo a que a redução da maior idade penal, hoje, estabelecida em 18 anos, gera polêlica e desacordos, explia que uns entendem que a maior idade deve ser reduzida para 16 anos, levando em conta as conquistas dos direitos políticos de votar; outros entendem que deve ser conservada a inimputabilidade penal abaixo dos 18 (dezoito) anos, em virtude da não formação psíquica completa do jovem.
Muitos dos defensores da diminuição da idade para imputabilidade acreditam que seria a maneira correta para resolver o problema da violência, e delinquência juvenil no Brasil, explicando que a criminalidade aumenta cada vez mais, recrutando um grande número de menores. Assim, é possível a percepção de que tal questão seria utilizada também como política criminal.
No Congresso Nacional e vários projetos de Emendas à Constituição tramitam na Casa Legislativa com essa finalidade, ou seja, reduzir a idade de responsabilização penal do indivíduo para 16 anos de idade.
A constituição Federal tratado tema no artigo 228, e ordena que a redução da maioridade penal só seria realizada através de emenda constitucional. Assim, o art. 60 da CF traz em seu texto, as condições para emenda à Constituição:
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta:
§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais.
Por conseguinte, ao art. 228 da Carta Magna, é atribuído uma garantia aos menores de dezoito anos, conforme o que disciplina a Doutrina de Proteção Integral, desta forma, é evidente que os direitos e garantias individuais (Inc. IV), não podem ser objetos de emendas, se restringir direitos e garantias.
Assim Bastos e Martins preconizam (BASTOS; MARTINS,1999; p. 413): 
Os direitos e garantias individuais conformam uma norma pétrea. Não são eles apenas os que estão no artigo 5º, mas, como determina o § 2o do mesmo artigo, incluem outros que se espalham pelo Texto Constitucional e 19 outros que decorrem de implicitude inequívoca.
Desta feita, o menor de dezoito anos possui um direito fundamental sendo o mesmo, irrevogável, por tanto, não permite o envolvimento, como réu, em quaisquer tipos de ações criminais, processos esses nos quais o respeito devido à sua condição de hipossuficiência é colocado em apreciação. Por se tratar de um direito fundamental de natureza individual, a sua modificação,por emenda ou não é expressamente vedada (LIBERATI, 2000).
Assim, o entendimento se posiciona no sentido de que o assunto afronta as normas Constitucionais e tratados internacionais já ratificados pelo Brasil, que disciplinam que crianças e adolescentes tem absoluta prioridade, na condição especial de sujeito de direitos e garantias.
Considerações Finais:
Considerar o contexto social em que o adolescente está inserido, é de suma importância e deve ser matéria de estudo, propiciando ações pedagógicas que de fato atinjam o ser que está em desenvolvimento na sua relação com o mundo e consigo mesmo.
Após várias lutas travadas por movimentos nacionais e internacionais, os infantes foram reconhecidos como seres que precisam de amparo e facilidades a fim de prover suas habilidades físicas e psíquicas em sua plenitude. De modo a superar toda a face violadora de direitos, de práticas ou atentados contra crianças, que distanciavam o homem de qualquer concepção de humanidade e no lugar, colocá-los sob a “guarda” da efetiva rede de proteção, prevista atualmente pelo ordenamento jurídico brasileiro.
Já em segundo momento, o trabalho abordou os aspectos históricos e conceituais do ECA, a regularização da doutrina da proteção integral da criança e do adolescente, os princípios orientadores do Estatuto e de toda a rede de proteção legal, que criou as bases capazes de dar a sustentabilidade necessária ao grande “projeto social,” transformador.
Revolucionou-se o ordenamento jurídico incorporando um conjunto de princípios essenciais para a concretização da rede de proteção, ou seja, a atual formatação do direito infanto-juvenil, estabeleceu um rol de direitos e deveres, além de disponibilizar os instrumentos hábeis para impor não somente a sociedade, mas também ao Estado as suas obrigações institucionais em relação àqueles. 
Pois diante das persistentes indiferenças e violações, involuntárias ou intencionais, a informação e a educação são importantes para a resolução dos problemas, além das medidas coercitivas a fim de forçar o cumprimento das obrigações e garantir os interesses dos infantes. 
Portanto, é de extrema urgência elevar a consciência social para fins de superação de velhas práticas elitistas, preconceituosas, irresponsáveis e contrárias ao princípio do melhor interesse das crianças e dos adolescentes, dando a estes, condições de gozar seus direitos na sua plenitude, peculiares a seus estágios de desenvolvimento, enfim, que proporcionam-lhes verdadeiramente a dignidade da pessoa humana em desenvolvimento.
Além de regras protetivas aos direitos da criança e do adolescente, existe um aparato principiológico capaz de legitimar todos esses direitos, porém se exige com extrema urgência, a participação e respeito tanto do estado e família, quanto da própria sociedade.
Assim sendo, para que haja o combate a tais violações, se faz necessário a observância pela família, sociedade e Estado, aos princípios basilares do direito da criança e do adolescente, como modo de lhes proporcionar maior qualidade de vida, melhor dizendo, lhes permitindo desfrutar de sonhos, brincadeiras, fantasias e direitos.
Referências
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