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SENTENÇA EM CONSTRUÇÃO CORRIGA PELA SONIA

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PODER JUDICIÁRIO
 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS 
PODER JUDICIÁRIO 
 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO ESTADO DE MINAS GERAIS 
Comarca de Divinópolis-MG Vara Única 
SENTENÇA 
Processo: 0257/2017 
Assunto: Roubo qualificado c/c estupro em concurso material e crime de perigo de contágio venéreo em concurso formal 
Autor: Ministério Público 
Autuado: Carlos Augusto Silva 
A GUIMARÃES 
I.	RELATÓRIO 
O Ministério Público Estadual, através de seu representante legal, no uso de 
suas atribuições legais e constitucionais, lastreado em inquérito policial, ofereceu denúncia em face de CARLOS AUGUSTO SILVA, qualificado à fl. 02, como incurso nas sanções do artigo 157, §2º incisos II e V c/c 213 em concurso material de acordo com o artigo 69 do Código Penal Brasileiro (CPB) bem como infração do artigo 130 também do CPB este em consonância com o artigo 70 do mesmo diploma legal em concurso formal com o referido artigo 213 todos do Código Penal Brasileiro, com arrimo nos fatos que seguem. 
De acordo com a denúncia do Ministério Público no dia 26 de agosto de 2017, o denunciado juntamente com outro indivíduo ainda não identificado, subtraiu dois aparelhos de tv, aparelho de celular e 400 reais em dinheiro das vítimas, em um dado momento da ação o acusado levou a senhora Aline Costa de Sousa, para um dos quartos e manteve relação sexual com a mesma, sem o seu consentimento. 
Depois, de acordo com o inquérito policial o acusado juntamente com outro 
indivíduo saiu em fuga no carro da família onde veio a capotar próximo a comunidade Sete Lagoas, posteriormente ele foi preso pela polícia militar em sua residência no bairro São Judas, 20 horas após os fatos por meio de um rastreamento realizado pela polícia militar. O auto de prisão em flagrante foi lavrado tendo a vítima realizado exame de corpo de delito e reconhecido o acusado como autor do estupro. Diante da situação a vítima alega ter contraído doença sexualmente transmissível, no caso sífilis, conforme exame de fls.24, o acusado também fora submetido a exame de constatação de sífilis dando positivo conforme exame de fls.23. 
À fl. 06, foi juntado aos autos o Laudo Definitivo de Exame Pericial de Corpo de Delito da vítima, comprovando que esta foi vítima de estupro conforme os quesitos examinados. 
A denúncia foi recebida no dia 20/09/2017, fl. 11, tendo sido determinada a 
citação do acusado, em que, por meio de seu procurador legal, ofereceu resposta à acusação no dia 02/10/2017, conforme fls. 13-20. Em sua defesa solicitou o relaxamento da prisão em flagrante, a revogação da prisão preventiva, absolvição sumária e a desclassificado o crime de roubo para furto simples, bem como a rejeição da denúncia. Na ocasião foi solicitado a coleta de material genético do acusado para que restasse comprovado não ter sido ele o autor do crime de estupro. 
Em despacho de decisão denegatória, à fl. 21, o recebimento da denúncia foi 
mantido, sendo denegada a absolvição sumária pedida em sede de defesa, o mantimento da prisão preventiva e a realização da coleta de material genético do acusado. Foi também realizado o exame de constatação ou não de Sífilis tanto no acusado quanto na vítima, conforme fls. 23-24 tendo como resultado positivo para ambos, tendo sido designada audiência de instrução para o dia 11/10/2017. 
Às fls. 25-26 consta o termo da audiência de instrução realizada, 
oportunidade em que foram ouvidas uma testemunha de acusação, outra de defesa, e o próprio acusado. Em seguida, foi declarada encerrada a instrução e os autos remetidos às partes para apresentação de memoriais. 
Nas alegações finais, a acusação reafirma não haver dúvida quanto à autoria do crime de estupro e roubo majorado, endossado pelas informações obtidas na instrução criminal, no laudo pericial, e no depoimento da testemunha de acusação. 
É o relatório, passo a decidir. 
II.FUNDAMENTAÇÃO 
Da Imputação Inicial 
Ao réu Carlos Augusto Silva foi imputada a prática do crime previsto no art. 157, II, V C/C 213, em concurso material de acordo com o artigo 69 do Código Penal Brasileiro, bem como a imputação aos crimes dispostos nos artigos 130 e 70 em concurso formal ambos do código penal brasileiro, in verbis: 
 Roubo 
Art. 157. - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido a impossibilidade de resistência: 
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado 
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja ocorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. 
No cometimento do delito também imputaram-se as agravantes insculpidas 
nos incisos II, e V, do artigo 157, do CP, in verbis; 
 Roubo majorado 
§ 2°. A pena aumenta-se de um terço até metade. 
II. Se há o concurso de duas ou mais pessoas. 
V. Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. 
Art. 213 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso. 
Art. 70 - Quando o agente mediante uma só acho ou omissão, pratica dois ou mais crimes idênticos ou não, aplicasse-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até a metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. 
Legalmente e doutrinariamente, infere-se que, pela teoria finalista da ação, 
crime é toda ação ou omissão típica, ilícita e culpável. Nessas condições e considerando os elementos de cognição existente nos autos, passo a apreciar a conduta imputada ao aludido réu. 
A tipicidade cuida da adequação de um fato cometido à conduta descrita na 
lei penal. 
A materialidade está comprovada com o lastro probatório coligido aos 
autos, ou seja, as provas testemunhais produzidas durante a audiência de instrução, bem como o LAUDO PERÍCIAL DE CORPO DE DELITO, onde foi encontrado material genético do acusado no corpo da vítima e o reconhecimento do acusado pelas vítimas.
A testemunha ouvida em Juízo apresenta uma versão uniforme e que se complementam, corroborando as demais provas produzidas na fase instrutória. Vejamos. 
No depoimento da testemunha de acusação, informou que: 
"Jean Mesquita Rodrigues, policial militar que participou da prisão do acusado. Informou que, chegou na casa das vítimas que narraram o acontecimento e pelo aplicativo do celular da vítima conseguiram restituir o carro que foi roubado. O carro foi encontrado capotado na cidade de sete lagoas sem ninguém em seu interior, onde posteriormente começaram as investigações que culminaram na prisão do acusado, que foi levado até a delegacia para que as vítimas pudessem fazer o reconhecimento, no qual foi feito e o mesmo foi reconhecido”.
Em seu depoimento na audiência de instrução, o réu preferiu permanecer calado.
 
Assim, pelo depoimento da testemunha, o reconhecimento do acusado pela vítima, bem como o Laudo pericial, uma vez que para consumação do crime exige-se apenas conjunção carnal ou ato libidinoso diverso, a conjunção ficou comprovada quando encontrado material genético do acusado na vítima, não resta dúvida acerca do cometimento do delito pelo qual o acusado foi denunciado. Ademais o depoimento da vítima, assume maior relevância por estar em consonância com as demais provas dos autos. Segue jurisprudência a respeito do tema: 
 TJMT 1 - A materialidade encontra-seevidenciada pelo Laudo Pericial de Conjunção Carnal, além da confissão do apelante e também pelos depoimentos firmes e coerentes da vítima, que é de suma importância para o esclarecimento dos fatos, considerando a maneira como tais delitos são cometidos, ou seja, de forma obscura, na clandestinidade.
2 - Os depoimentos das demais testemunhas estão em consonância com os elementos probatórios a demonstrar a veracidade da versão apresentada pela vítima.
TJDF: “- NOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL E CONTRA O PATRIMÔNIO, DEVE-SE CONFERIR ESPECIAL RELEVO À PALAVRA DA VÍTIMA, VISTO QUE, EM REGRA, SÃO ELES PRATICADOS SEM A PRESENÇA DE TESTEMUNHAS OCULARES. (RJTJERGS 181 / 147). 
Dessa forma, a autoria não restou indene de dúvidas, pois o réu foi reconhecido pelas vítimas, e bem como foi comprovado por laudo pericial, o que uma das vítimas relatou.
Quanto ao elemento subjetivo do tipo o mesmo restou evidenciado e constituiu-se na ação livre e deliberada do agente de praticar conjunção carnal com a vítima menor de 14 anos de idade à época dos fatos. 
Quanto à tese defensiva, de erro de tipo, aquela restou devidamente afastada 
pelo que já se demonstrou da análise e valoração probatória, pois o acusado, como ser humano médio, tinha o discernimento necessário para valorar a idade do menor, levando em consideração sua estrutura anatômica. Quanto à alegação de que os fatos teriam ocorrido de maneira consensual e voluntária, tal versão não é corroborada, pois a voluntariedade da vítima não desqualifica o crime. 
A conduta do acusado se coaduna, perfeitamente, com o preceito 
apresentado na denúncia, vez que as provas dão conta da consumação do delito, restando ainda provados pelas declarações das testemunhas e vítima que ocorreu a conjunção carnal. 
Por todas as considerações acima, não se pode aplicar o princípio in dubio 
pro reo, já que pelo lastro probatório coligido aos autos não resta qualquer dúvida, seja quanto à autoria ou quanto à materialidade delitiva do crime previsto no art. 217-A. 
No que tange ao art. 241-B do ECA, o inquérito policial identificou, através 
da diligência efetuada à residência do acusado, materiais em mídias digitais contendo pornografia infantil, o que foi negado sua existência pelo acusado em seu depoimento, porém sem nenhuma prova cabal de que de fato não as armazenava. 
Com relação ao cometimento do crime previsto no art. 241-D do ECA, 
restaria provado, através das trocas de mensagens por meio de chat e telefone celular, presente no depoimento da vítima e do próprio acusado, o intuito de aliciar a vítima com o fim de com ela praticar ato libidinoso. 
Antijuridicidade ou Ilicitude. 
Esta cuida da relação de contrariedade entre o fato típico e o ordenamento 
Jurídico pátrio, sendo que na hipótese em análise não ocorreu qualquer causa de exclusão da ilicitude em favor do réu. 
Culpabilidade. 
Para a teoria finalista da ação citada, a culpabilidade é composta pela imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa e potencial consciência da ilicitude do fato. 
No caso em comento, o réu à época dos fatos já era maior de idade, portanto, imputável, e por suas condições pessoais tinha plenas condições de saber da ilicitude do fato, bem como podia agir em conformidade com o ordenamento jurídico. 
III. DISPOSITIVO. 
Por todo o exposto, julgo procedente a denúncia, para condenar o réu CARLOS AUGUSTO SILVA, nas sanções do artigo 157, §2º incisos II e V c/c 213 em concurso material de acordo com o artigo 69 do Código Penal Brasileiro (CPB) bem como infração do artigo 130 também do CPB este em consonância com o artigo 70 do mesmo diploma legal em concurso formal com o referido artigo 213. Passo à fixação das penas cabíveis na espécie. 
FIXAÇÃO DA PENA-BASE – Art. 59 do CPB. 
Em análise da culpabilidade, concluo que o resultado estava dentro da esfera 
de previsibilidade do réu, sendo pessoa imputável e que poderia apresentar conduta diversa. Sobre os antecedentes, não existe registro de outra condenação, embora esteja respondendo a outros processos criminais não transitados em julgado, portanto o réu é primário. A sua personalidade não revela tendência enfermiça, inexistindo dados que apontem negativamente em relação à referida circunstância. Os motivos do crime foram reprováveis, eis que só pensou na satisfação da própria libido bem da vontade de subtrair das vítimas mediante violência e grave ameaça objetos pertencentes a estas. As circunstâncias do crime são desfavoráveis ao réu, uma vez que o crime ocorreu com o uso de violência e grave ameaça, com restrição da liberdade das vítimas. Sobre o comportamento das vítimas não contribuíram para o evento delituoso, já que estavam chegando em sua residência que é prática comum de qualquer cidadão médio. Diante da análise supra, em sendo as condições judiciais desfavoráveis, fixo a pena-base em 07 (sete) anos pelo crime roubo, 08 (oito) anos pelo delito de estupro ambos em reclusão e 6 (seis) meses de detenção pelo crime de perigo de contágio venéreo. 
AGRAVANTES E ATENUANTES - Art. 61 e 65 do CPB 
Não existem circunstâncias atenuantes ou agravantes, visto que não foram suscitadas em nenhuma das peças processuais 
CAUSAS DE DIMINUIÇÃO OU DE AUMENTO DE PENA. 
No tocante ao concurso formal dos delitos de estupro e perigo contágio 
venéreo IMPONHO a regra do artigo 70 § único, concurso material benéfico, fixando as penas dos referidos delitos cumulativamente. 
Existem duas causas de aumento de pena referentes ao crime de roubo do 
artigo 157 § 2º primeiramente do inciso II caracterizado pelo concurso de agentes, motivo pelo qual IMPONHO o aumento de pena de 1/3 (28 meses) da pena-base, em segundo lugar em relação ao inciso V do mesmo dispositivo legal o qual o acusado restringiu a liberdade das vítimas, IMPONHO também o aumento de pena de 1/3 (28 meses) ao acusado CARLOS AUGUSTO SILVA totalizando a pena privativa de liberdade do roubo majorado de 11 (onze) anos de reclusão. 
Em relação ao delito de estupro em concurso material com o roubo majorado acima descrito, aplicamos a regra do art. 69 do CPB aplicando cumulativamente as penas dos dois delitos praticados totalizando 19 (dezenove) anos de reclusão somados aos 6 meses de detenção a pena aplicada ao delito do art. 130 do CPB ao acusado CARLOS AUGUSTO SILVA. 
REGIME DE CUMPRIMENTO DA PENA 
Para regime de cumprimento pena privativa de liberdade acima aplicada 
fixo o regime inicialmente fechado, nos termos do que determina a Lei 8.072/90, pelo fato de o crime de estupro figurar no rol taxativo de crimes hediondos, bem como o art. 33 §2º alínea “a” do CPB. 
Incabível, na espécie, o sursis ou a substituição por pena restritiva de 
direitos, nos termos do art. 44 do CPB, diante do quantum da pena aplicada. 
A pena de reclusão deverá ser cumprida no Complexo Penitenciário Floramar, Estado de Minas Gerais. 
Condeno o réu, ainda, em custas e despesas processuais. 
Expeça-se guia de execução definitiva, encaminhando-a a vara de Execuções Penais de do Estado de Minas Gerais, para acompanhamento. 
Divinópolis, 03 de novembro de 2017.
_____________________________________
GISELLY MESQUITA MAIA
JUÍZA DE DIREITO - MAT. 2014090666

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