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aula 07[1] (1) Psicopatologia

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Psicopatologia (1)
Prof.ª Leila Gracieli da Silva
Os cinco sentidos e seus órgãos
Cap. 14
A sensopercepção e suas alterações (incluindo a representação e a imaginação).
Definições básicas
Todas as informações do ambiente, necessárias à sobrevivência do indivíduo, chegam até o organismo por meio das sensações. Os diferentes estímulos físicos (luz, som, calor, pressão, etc.) ou químicos (substâncias com sabor ou odor, estímulos sobre as mucosas, a pele, etc.) agem sobre os órgãos dos sentidos, estimulando os diversos receptores e, assim, produzindo as sensações. O ambiente fornece constantemente informações sensoriais ao organismo que, por intermédio delas, se autoregula e organiza suas ações voltadas à sobrevivência ou à interação social. 
Sensação
o fenômeno elementar gerado por estímulos físicos, químicos ou biológicos variados, originados fora ou dentro do organismo, que produzem alterações nos órgãos receptores, estimulando-os. Os estímulos sensoriais fornecem a alimentação sensorial aos sistemas de informação do organismo. As diferentes formas de sensação são geradas por estímulos sensoriais específicos, como visuais, táteis, auditivos, olfativos, gustativos, proprioceptivos e cinestésicos; 
indica uma experiência simples que é vivida e que é produzida graças a um estímulo (pode ocorrer dentro ou fora do corpo) que ocorre sobre um órgão sensorial.
Sensação
A sensação é considerada, portanto, um fenômeno passivo; estímulos físicos (luz, som, pressão) ou químicos atuam sobre sistemas de recepção do organismo.
Percepção
a tomada de consciência, pelo indivíduo, do estímulo sensorial. Arbitrariamente, então, se atribui à sensação a dimensão neuronal, ainda não plenamente consciente, no processo de sensopercepção. A percepção diz respeito à dimensão propriamente neuropsicológica e psicológica do processo, à transformação de estímulos puramente sensoriais em fenômenos perceptivos conscientes. Piéron (1996) define percepção como a tomada de conhecimento sensorial de objetos ou de fatos exteriores mais ou menos complexos.
Percepção
É a função psíquica que permite apreender o meio interno e externo. Fazemo-lo através dos sentidos. A seguir à percepção de um estímulo, segue-se a representação do mesmo e depois associamo-lo a uma conduta ou comportamento correspondente. A percepção propriamente dita e a representação que fazemos é muito importante. As alterações vão-se encontrar mais ao nível da representação que da percepção. A percepção é também influenciada por outras funções principalmente pela afetividade e aprendizagem*.
Apercepção
Leibniz: aperceber é perceber algo integralmente, com clareza e plenitude, por meio de reconhecimento ou identificação do material percebido com o
preexistente;
A apercepção seria propriamente uma gnosia, ou seja, o pleno reconhecimento de um objeto percebido (Cabral; Nick, 1996);
Alguns psicopatólogos preferem não separar a sensação da percepção e denominam o fenômeno de sensopercepção.
Características da Imagem Perceptiva
– Nitidez ( imagem é nítida e contornos são precisos);
– Corporeidade (a imagem é viva, tem luz, brilho e cores vivas);
– Estabilidade (não muda de um momento para outro); 
– Extrojeção (percebida no espaço externo);
 
– Ininfluenciabilidade voluntária (o indivíduo não consegue alterar voluntariamente a imagem percebida);
– Completitude (a imagem apresenta desenho completo e determinado, com todos os detalhes). 
Reapresentação
Representação é a reapresentação de uma imagem na consciência, sem a presença real, externa, do objeto que, em um primeiro momento, gerou uma imagem sensorial.
Diferenciar
É preciso distinguir o fenômeno imagem do fenômeno representação. Ao contrário da imagem perceptiva real, a imagem representativa ou mnêmica (representação) se caracteriza por ser apenas uma revivescência de uma imagem sensorial determinada, sem que esteja presente o objeto original que a produziu.
Imagem representativa
Pouca nitidez (os contornos, geralmente, são borrados);
Pouca corporeidade (não tem a vida de uma imagem real);
Instabilidade (a representação aparece e desaparece facilmente do campo de consciência);
Introjeção (a representação é percebida no espaço interno);
Incompletude (a representação demonstra um desenho indeterminado, apresentando-se geralmente incompleta e apenas com alguns detalhes).
Subtipos de imagem representativa
– Imagem eidética (eidetismo). É a evocação de uma imagem guardada na memória, ou seja, de uma representação, de forma muito precisa, com características semelhantes à percepção (Mozart);
– Pareidolias. São as imagens visualizadas voluntariamente a partir de estímulos imprecisos do ambiente. Ao olhar uma nuvem e poder ver nela um gato ou um elefante, a criança está experimentando o que se denomina pareidolia. Da mesma forma, ocorre pareidolia ao se olhar uma folha com manchas imprecisas e, por meio de esforço voluntário, visualizar nessas manchas determinados objetos.
Imaginação
é uma atividade psíquica, geralmente voluntária, que consiste na evocação de imagens percebidas no passado (imagem mnêmica) ou na criação de novas imagens (imagem criada). A imaginação, ou processo de produção de imagens, geralmente ocorre na ausência de estímulos sensoriais.
Alterações da sensopercepção
Quantitativas: Nas alterações quantitativas, as imagens perceptivas têm intensidade anormal, para mais ou para menos, configurando hiperestesias, hiperpatias, hipoestesias, anestesias e analgesias.
Hiperestesia
é a condição na qual as percepções encontram-se anormalmente aumentadas em sua intensidade ou duração. Os sons são ouvidos de forma muito amplificada; um ruído parece um estrondo; as imagens visuais e as cores tornam-se mais vivas e intensas. A hiperestesia ocorre nas intoxicações por alucinógenos, como o LSD (eventualmente também após ingestão de substâncias como cocaína, maconha, harmina e harmalina, estas duas últimas contidas na beberagem de uso ritual nas religiões Santo Daime e União do Vegetal).
Hipoestesia
é observada em alguns pacientes depressivos, nos quais o mundo circundante é percebido como mais escuro; as cores tornam-se mais pálidas e sem brilho; os alimentos não têm mais sabor; e os odores perdem sua intensidade. 
Anestesias táteis
A perda da sensação tátil em determinada área da pele;
Analgesias (perda das sensações dolorosas) de áreas da pele e partes do corpo.
*Parestesias: sensações táteis desagradáveis (formigamentos, picadas, queimação);
Disestesias táteis: sensações anômalas, desencadeadas por estímulos externos (fogo, gelo, ar).
 
Alterações qualitativas 
As alterações qualitativas da sensopercepção são as mais importantes em psicopatologia. Compreendem as ilusões, as alucinações, a alucinose e a pseudo-alucinação.
Ilusão
se caracteriza pela percepção deformada, alterada, de um objeto real e presente. Na ilusão, há sempre um objeto externo real, gerador do processo de sensopercepção, mas tal percepção é deformada, adulterada, por fatores patológicos diversos.
Ilusões: ocorrem basicamente por
1. Estados de rebaixamento do nível de consciência. Por turvação
da consciência, a percepção torna-se imprecisa, fazendo com que os estímulos sejam percebidos de forma deformada;
2. Estados de fadiga grave ou de inatenção marcante. Podem
ocorrer ilusões transitórias e sem muita importância clínica.
3. Alguns estados afetivos. Por sua acentuada intensidade, o afeto deforma o processo de sensopercepção, gerando as chamas ilusões catatímicas.
Alucinação
É a percepção clara e definida de um objeto (voz, ruído, imagem) sem a presença do objeto estimulante real.
É o aparecimento de uma imagem na consciência sem um objeto real (imagem alucinatória), com as características de uma imagem perceptiva real e por isso aceita pelo juízo de realidade.
Tipos: auditivas - audioverbal, eco do pensamento e a vivência alucinatória delirante*; publicação do pensamento;
Alucinações visuais
São visões nítidas
que o paciente experimenta, sem a presença de estímulos visuais. As alucinações visuais podem ser simples ou complexas.
Simples ou Fotopsias: o indivíduo vê cores, bolas e pontos brilhantes;
As alucinações visuais complexas ou configuradas incluem figuras e imagens de pessoas (vivas ou mortas, familiares ou desconhecidas), de partes do corpo (órgãos genitais, caveiras, olhos assustadores, cabeças disformes, etc.), de entidades (o demônio, uma santa, um fantasma), de objetos inanimados, animais ou crianças.
Podem incluir visões de cenas completas (quarto pegando fogo) = alucinações cenográficas;
Alucinações lliliputiana: vê cenas com personagens minúsculos.
Alucinações táteis
O paciente sente espetadas, choques ou insetos ou pequenos animais correndo sobre sua pele. As alucinações táteis com pequenos animais ou insetos geralmente ocorrem associadas ao delírio de infestação (síndrome de Ekbom). Também são relativamente frequentes as alucinações táteis sentidas nos genitais, sobretudo em pacientes esquizofrênicos, que sentem de forma passiva que forças estranhas tocam, cutucam ou penetram seus genitais.
Alucinações olfativas e gustativas
São relativamente raras. Em geral, manifestam-se como o “sentir” o odor de coisas podres, de cadáver, de fezes, de pano queimado, etc. Lembranças ou sensações olfativas normalmente vêm acompanhadas de forte impacto emocional. Ocorrem na esquizofrenia e em crises epilépticas. O indivíduo sente cheiro de veneno, pus etc);
Nas alucinações gustativas, os pacientes sentem, na boca, o sabor de ácido, de sangue, de urina, etc., sem qualquer estímulo gustativo presente. Ocorrem, muitas vezes, associadas a alucinações olfativas.
Alucinações cenestésicas e cinestésicas
Sensações incomuns em diferentes partes do corpo (cérebro encolhendo), essas sensações são denominadas alucinações cenestésicas; e o fenômeno geral de experimentar sensações alteradas nas vísceras e no corpo é denominado cenestopatia.
 Por sua vez, as alucinações cinestésicas são vivenciadas pelo paciente como sensações alteradas de movimentos do corpo, como sentir o corpo afundando, as pernas encolhendo ou um braço se elevando.
Alucinações funcionais
Denominam-se alucinações funcionais as alucinações desencadeadas por estímulos sensoriais ‘reais’. *Difere da ilusão, pois Alguns pacientes relatam, por exemplo, que quando abrem o chuveiro ou a torneira da pia, começam a ouvir vozes.
Alucinações combinadas
São experiências alucinatórias nas quais ocorrem alucinações de várias modalidades sensoriais (auditivas, visuais, táteis, etc.) ao mesmo tempo. O indivíduo vê uma pessoa que fala com ele, toca em seu corpo e assim por diante.
Outros
Extracampinas (fora do campo sensoperceptivo usual);
Autoscópica (enxergar a si mesmo, vê o corpo fora dele);
Sensação de uma presença;
Alucinações hipnagógicas e hipnopômpicas: alucinações auditivas, visuais, táteis, sempre relacionadas à transição entre o sono e a vigília.
Estranheza do mundo percebido: o indivíduo percebe o mundo alterado, bizarro, difícil de definir.

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