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CURSO: Curso Completo de Processo Penal DISCIPLINA: Processo Penal PROFESSOR: Marcos Paulo AULA 6 BLOCO: 1-6 MATÉRIA: EXECUÇÃO PENAL Leis e artigos importantes: • Art. 43 e ss., CP • Art. 49 e ss., CP • Art. 77 e ss., CP • Art. 96 e ss., CP • Art. 185 e 186, LEP • Art. 197, LEP TEMA: EXECUÇÃO PENAL PROFESSOR: MARCOS PAULO SURSIS DA PENA PRD X SURSIS DA PENA (?) O sursis da pena é mais gravoso do que a PRD, tanto que o art. 77, III, CP, apenas prevê a sua imposição se não for viável a PRD. Isto porque, sobrevindo a conversão, o tempo de cumprimento da PRD é computado (art. 44, §4º, CP) e, mesmo no caso de reincidência, seria possível nova PRD, desde que não se tratasse de reincidência específica, permitindo a execução simultânea de 2 PRD's (art. 44, §3º, CP). E, mesmo que a nova condenação seja a uma PPL, o §5º do art. 44 admite a sua coexistência com a PRD. No caso do sursis da pena, entretanto, a regra é a revogação obrigatória no caso de condenação definitiva por crime doloso, sendo facultativa no caso de condenação por crime culposo ou contravenção, não se aproveitando o tempo de suspensão já transcorrido (art. 81, I e §1º, CP) Por isso, a opção pelo sursis deve ser fundamentada. Em prova para a DP, se foi aplicado sursis sem fundamentar porque não foi aplicada a PRD, é preciso apelar. REQUISITOS DO SURSIS DA PENAS-BASE - PPL de até 2 anos (art. 77, caput, CP) Curso: Curso Completo de Processo Penal – Execução Penal – Matéria: Processo Penal – Prof: Marcos Paulo – Aula: 6 - Bloco: 1-6 No caso do §2º, que prevê o sursis humanitário ou etário, a PPL de até 4 anos comporta o sursis. E se existem 2 condenações de 2 anos que, somadas, totalizam 4 anos? Em sede de execução penal, deve haver a unificação da pena, de forma que, ultrapassado o patamar do art. 77, caput, deverá haver revogação do sursis. Como será incidente em sede de execução, o recurso cabível será o agravo do art. 197, LEP. - Não reincidência em crime doloso (art. 77, I, CP) Em prova para a DP/RJ, podemos sustentar que o art. 77, I, CP, seria inconstitucional, pois traduziria bis in idem: o fato, que já deu aso a uma condenação criminal, estarial sendo invocado, mais uma vez, sob a epígrafe da reincidência, para vedar a concessão do sursis. Essa tese sempre foi rechaçada pelo STF, que afirma a constitucionalidade da reincidência. A reincidência seria consectário lógico da individualização da pena (art. 5º, XLVI, CF). Em prova para DPC/RJ (Nicolitt), também devemos condenar a reincidência, que traduziria direito penal do autor, e não direito penal do fato. Para Nicolitt, seria equivocado invocar uma garantia do acusado (individualização da pena) contra ele próprio. É uma visão verticalizada das garantias constitucionais, portanto. O legislador é coerente no art. 77, I, CP. Se um dos requisitos para a concessão do benefício é a não reincidência em crime doloso, o benefício deve ser obrigatoriamente revogado, na forma do art. 81, I, quando haja a prática superveniente de crime doloso (não se computando o tempo já transcorrido). Já no art. 81, §1º, o legislador, mantendo sua coerência, afirma que, em se tratando de condenação por crime culposo e contravenção penal, a revogação é facultativa e, mesmo assim, se for a PPL ou PRD. É possível a convivência de dois sursis? O art. 81, §1º, CP, permite a execução simultânea de 2 sursis da pena. A contrario sensu do art. 81, §1º, CP, a condenação a pena de multa não seria sequer causa de revogação facultativa, mantendo-se sintonia com o art. 77, §1º, CP. CONDIÇÕES DO SURSIS DA PENA O art. 78, §1º, dá a entender que a prestação de serviços à comunidade ou a limitação de final de semana seriam condições obrigatórias. Mas no §2º, essa regra é arrefecida. É possível aplicar, cumulativamente, uma condição do §1º e outra do §2º? Sim. A prestação de serviços comunitários e a limitação de fds, previstas no §1º, vêm como condição do sursis da pena, e não como PRD's. Curso: Curso Completo de Processo Penal – Execução Penal – Matéria: Processo Penal – Prof: Marcos Paulo – Aula: 6 - Bloco: 1-6 Embora tenha sido apresentado como exceção, o §2º do art. 78, CP, acaba sendo a regra, porque, em geral, a reparação do dano será inviável econômica ou juridicamente e as circunstâncias judiciais do art. 59, CP, em geral serão favoráveis porque são reprodução dos requisitos subjetivos do sursis da pena (art. 77, II, CP), sendo certo que o STF realiza corriqueiramente tal associação, haja vista as súmulas 718 e 719, orientação esta que tem sido seguida pelo STJ (Súmula 440). OBS: É importante salientar, entretanto, que não existe na Doutrina consenso a respeito, entendendo-se que o princípio da suficiência da pena deve ser aquilatado a cada fase, e a cada benefício que se pretende conceder ou negar. Pode ser, então, que não seja necessário fixar a PPL acima do mínimo legal, mas seja necessário impor regime mais gravoso. Da mesma forma, o sursis da pena pode se mostrar subjetivamente recomendável, mas desde que conjugado com o art. 78, §1º, CP. Afastado o §1º, o §2º impõe como condições, cumulativamente: a) Proibição de frequentar determinados lugares b) Proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz c) Comparecimento mensal a juízo Todas essas condições precisam ser conjugadas ao princípio da individualização da pena. Por exemplo, a proibição de frequentar locais deve se restringir a locais que guardam relação com a infração cometida, que possam trazer influência negativa/propensão ao cometimento de novas infrações penais, locais que não irão contribuir para a ressocialização do condenado, mas sem lhe impor limitações desproporcionais. Se o apenado é sommelier, parece justo que seja impossibilitado de comparecer a locais em que haja o consumo de bebida alcóolica? Claro que não; isso violaria a sua individualização da pena. O mesmo em relação à proibição de ausentar-se da comarca em que reside, sem autorização, quando, por exemplo, o apenado resida em uma cidade e trabalhe em outra, na mesma região metropolitana. O comparecimento é requisito inegociável; mas a frequência pode ser flexibilizado. Se o apenado trabalha embarcado, não tem como comparecer mensalmente, sob pena de inviabilizar o cumprimento do sursis. A rigor, o juiz fixa o sursis na sentença. E se, quando da execução, são reveladas condições do apenado desconhecidas pelo magistrado? Seria possível alterar as condições? Sim, pois é ínsito a essas condições o caráter rebus sic stantibus, justamente em apreço à individualização da pena. Nesta linha, o art. 158, §§ 1º e 2º, LEP. REVOGAÇÃO DO SURSIS Inciso II Curso: Curso Completo de Processo Penal – Execução Penal – Matéria: Processo Penal – Prof: Marcos Paulo – Aula: 6 - Bloco: 1-6 A não reparação injustificada do dano, a rigor, seria causa de revogação obrigatória do sursis. Mas surge multa em relação à multa, que, hoje, é mera dívida de valor (art. 51, CP). Não cumprida a multa, será inscrita em dívida ativa como dívida de valor, sendo objeto de execução fiscal. Então, o descumprimento de uma pena de multa faria com que importasse em privação de liberdade, o que não se coaduna com o art. 51, CP. Como a redação do art. 81, II, é originária, deve ser conjugada com o art. 51, cuja redação é de 96. Inciso III Se o §1º tiver sido dispensado em prol do §2º, não existe mais essa causa de revogação obrigatória. Havendo o descumprimento de qualquer outra condição, a revogação passa a ser facultativa (art. 81, §1º, CP). PRORROGAÇÃO DO SURSIS (art. 81, §§ 2º e 3º) No art. 81, §2º, há sursis da pena em andamento quando nova ação penal é ajuizada em face do apenado, independentemente do momento do cometimento da infração. A nova ação penal, por si só, não écausa de revogação, que pressupõe a condenação definitiva. Mas se nova ação penal é ajuizada, o §2º determina prorrogação automática do sursis da pena. Como emana da própria lei (ex lege), não depende de provimento jurisdicional. Por isso, mesmo se já expirado o prazo do sursis da pena, não haverá a extinção da punibilidade, pois o legislador já o prorrogou. No caso do sursis da pena, diferentemente do livramento condicional (aula 5, bloco 3), a superveniência de ação penal no curso do sursis determina a prorrogação automática do seu prazo de duração. Logo, transitada em julgado a condenação, o juiz o revogará, mesmo depois de expirado o prazo de duração originariamente fixado. Daí o art. 82, CP, ter tratamento diverso do art. 90, CP, embora tenham a mesma redação. OBS: O art. 80, CP, é óbvio, já que o sursis é da PPL. MEDIDA DE SEGURANÇA PRAZO MÁXIMO DE DURAÇÃO E PRESCRIÇÃO Segundo o STJ, embora a medida de segurança esteja vinculada à absolvição imprópria, é certo que se aproxima, ontologicamente, de uma reprimenda, seja pela coercitividade, seja porque pressupõe um juízo de censura; afinal, se o fato não tivesse existido, se o réu não tivesse sido o seu autor, ou se presente qualquer outra excludente, a absolvição teria sido própria. A partir daí, recusou-se a ideia inicial de que a medida de segurança poderia perdurar indefinidamente, por buscar fins terapêuticos. Por outro lado, entendeu-se igualmente que sujeitá-la ao limite de 30 anos, sempre, ofenderia a proporcionalidade e a individualização da pena, pois não se graduaria a reprimenda em relação à gravidade da imputação. Curso: Curso Completo de Processo Penal – Execução Penal – Matéria: Processo Penal – Prof: Marcos Paulo – Aula: 6 - Bloco: 1-6 Assim, o prazo máximo de duração da medida de segurança deve corresponder à pena máxima em abstrato cominada à infração que a ensejou, o que é extremamente importante no momento de aferir, por exemplo, a duração razoável da internação provisória. A prescrição segue esse raciocínio, variando em conformidade com o art. 109, CP. OBS: Se após esse período persistir a doença mental, providencia-se a interdição no cível. O STF parte das mesmas premissas do STJ, mas ainda entende que a medida de segurança pode perdurar por até 30 anos, aplicando-se o art. 75, CP. Se após esse período persistir a inimputabilidade mental, deve ser providenciada a interdição na esfera cível. Entretanto, a prescrição é calculada de acordo com a tabela do art. 109, CP, o que evidencia incongruência no entendimento do STF. E se a doença mental for superveniente ao cumprimento da PPL? Se a doença mental sobrevier no curso da execução da pena, substitui-se por medida de segurança, mas pelo tempo residual a ser cumprido, providenciando-se, após, no caso de persistir a inimputabilidade, a interdição cível. ESPÉCIES DE MEDIDA DE SEGURANÇA (ART. 96, CP) As medidas de segurança não estão vinculadas à gravidade da infração penal. Se o agente inimputável, a medida, em princípio, será a internação, ao passo que, sendo a medida punida com detenção, poderia o juiz determinar o tratamento ambulatorial. De acordo com o §4º, ainda que tenha sido determinado o tratamento ambulatorial, poderá ser determinada a internação, se a providência for necessária para fins curativos. Isso significa que, sendo o crime punido com pena de reclusão, deve ser sempre determinada a internação? A contrario sensu do art. 97, caput, se poderia imaginar que crimes reclusivos demandariam, sempre, a internação, já que o tratamento ambulatorial só foi em princípio reservado aos crimes detentivos. Porém, tal orientação destoaria, por completo, do art. 5º, XLVI, CF; afinal, em que pese o crime ser reclusivo, o laudo pericial pode perfeitamente recomendar o tratamento ambulatorial, hipótese em que a internação só será determinada se houver subsídios concretos a recomendar a internação. O §1º diz que o prazo mínimo é de 1 a 3 anos, e o §2º, que, expirado o prazo, deverá ser renovada anualmente. Pelos mesmos motivos vistos acima, a frequência fixada nos §§1º e 2º do art. 97, é mero referencial. ART. 98 Curso: Curso Completo de Processo Penal – Execução Penal – Matéria: Processo Penal – Prof: Marcos Paulo – Aula: 6 - Bloco: 1-6 Em vez de se aplicar PPL, ao semi-imputável pode ser aplicada medida de segurança, na forma do parágrafo único do art. 26, CP. Não há diferenças, em termos de prazo de duração, da medida de segurança aplicada no caso do art. 97, daquela aplicada no caso do art. 98, ambos do CP, até porque o último remete ao primeiro e, nas duas hipóteses, a medida de segurança foi aplicada originariamente. Assim, é por tempo indeterminado, nos dois casos, respeitado o teto máximo de 30 anos, segundo o STF, ou da pena máxima cominada à infração que a ensejou, segundo o STJ. DESINTERNAÇÃO O art. 97, §3º, prevê a desinternação, que é rebus sic stantibus. Apenas após 1 ano será extinta a punibilidade, nos termos do art. 179, LEP. PENA RESTRITIVA DE DIREITOS REQUISITOS (ART. 44) Inciso I Por esse dispositivo, lesão corporal leve e ameaça não desafiariam o benefício da PRD. A partir de um juízo de proporcionalidade, contudo, é admissível PRD às infrações penais de menor potencial ofensivo que comportam composição e transação, bem como as de médio potencial ofensivo, que à semelhança das primeiras, comportam suspensão condicional do processo; afinal, se o legislador lhes reservou um tratamento despenalizador (arts. 74, 76 e 89, Lei 9.099), causaria espécie não admitir PRD. OBS: Tal raciocínio não propera no JVD, porque vetados estão os institutos despenalizadores pelo art. 41, da Lei 11.340, que bloqueia a Lei 9.099. Quanto ao crime culposo, “qualquer pena”. Muitos autores afirmam que, em se tratando de condenação por crime culposo, a PRD seria um direito público subjetivo do condenado, inclusive com o argumento precipitado de que não se falaria em PPL para crimes culposos. Mas se assim fosse, qual seria a razão de ser do inciso III, que traz requisitos subjetivos? O que é mais exato dizer é: se houver condenação por crime culposo, a regra é a PRD, mas é possível pensar em PPL, à luz do princípio da suficiência da pena. ESPÉCIES DE PRD's (ART. 43) I – Prestação pecuniária Curso: Curso Completo de Processo Penal – Execução Penal – Matéria: Processo Penal – Prof: Marcos Paulo – Aula: 6 - Bloco: 1-6 Não é equivalente à multa, de forma que, não paga injustificadamente, importa em conversão em prisão. O art. 45, §1º, CP, determina que o valor seja fixado entre 1 e 360 salários mínimos. A fixação precisa guardar correspondência com o prejuízo da vítima? Não, porque tem natureza de pena, e não de indenização. Mas a prestação pecuniária é revertida à vítima. E se o valor fixado na prestação pecuniária for superior ao valor do prejuízo da vítima, ou se o prejuízo da vítima for igual a zero? Não haverá execução cível. Há bis in idem entre a prestação pecuniária e a verba indenizatória mínima? Não, pois uma é pena e a outra, indenização. IV – Prestação de serviços à comunidade Segundo o art. 46, CP, só cabe para condenações superiores a 6 meses. E se o juiz fixa pena inferior a 6 meses e substitui por pena de prestação de serviços à comunidade? O juiz não erra no julgamento, e sim no procedimento, porque aplica pena contra legem. Se isso transitou em julgado para o MP, o recurso será exclusivo da defesa, devendo ser pedido o reconhecimento do error in procedendo, nulificando-se a sentença, e a aplicação da pena mais branda (pena de multa que, descumprida, autoriza execução fiscal). Não basta pedir a anulação da sentença. Segundo o art. 44, §2º, na condenação .. Aqui “multa” é multa propriamente dita, e não prestação pecuniária. EXECUÇÃO DA PENA DEMULTA A multa, hoje, é dívida de valor (art. 51, CP). Segundo o dispositivo, aplicam-se à multa as causas interruptivas e suspensivas da prescrição da legislação relativa à dívida ativa. Isso quer dizer que aplicam-se os prazos prescricionários da lei tributária? Não. Aplica-se o art. 114, CP, segundo o qual, a pena de multa prescreve em 2 anos, quando for a única cominada ou aplicada, ou no prazo do art. 109, CP, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada Tese para DP - Como o art. 51, CP, remete à legislação tributária, se notificado para o pagamento da multa, não houvesse sua inscrição na dívida ativa nos próximos 5 anos, tal importaria decadência do crédito tributário, inviabilizando a execução fiscal. Em sentido contrário, pondera-se que pelo princípio da especialidade, o tema tem que ser enfrentado à luz do art. 114, CP, não se falando em decadência, até porque o art. 51, CP, a ela não remete, listando apenas as causas de suspensão ou interrupção da prescrição na LEF. Curso: Curso Completo de Processo Penal – Execução Penal – Matéria: Processo Penal – Prof: Marcos Paulo – Aula: 6 - Bloco: 1-6 OBS: Incidem, ainda, as causas de redução do art. 115, CP. Quem tem legitimidade ativa ad causam para deflagrar a execução fiscal? O tema está pacificado: a Fazenda Nacional. Se for destinada a fundo estadual, procuradoria do Estado; se for destinado a fundo nacional, a PFN. OBS: Há julgado da 5a turma do STJ no sentido de que a legitimidade seria do MP, já que a pena de multa tem cunho penal, sancionatório, decorrente do exercício de uma pretensão punitiva. EXCESSO DE EXECUÇÃO (ARTS. 185 E 186, LEP) Uma das hipóteses de excesso de execução é o cumprimento de pena em regume prisional mais gravoso do que o fixado na sentença. INDULTO E COMUTAÇÃO É causa extintiva da punibilidade, delineada no art. 107, II, CP. Já a comutação é causa de redução da pena. Como indulto e comutação partem de um gesto de clemência soberana do Executivo federal, a vedação ao indulto compreenderia a comutação, por ser esta última espécie de indulto parcial, nos termos do art. 2º, I, da Lei 8.072/90, e art. 44, da Lei 11.343, a traduzir interpretação ontológica, e não extensiva. E mais: o fato de o art. 5º, XLIII, CF, ter vetado a graça e a anistia, não significa a impossibilidade de o legislador estabelecer outras vedações, sendo constitucional, portanto, a vedação ao indulto. Em sentido contrário (prova para DP, mas também para TJ com banca local, a depender de quem esteja na Banca), pondera-se que se o indulto é causa extintiva da punibilidade e a comutação causa de diminuição de pena, a vedação ao primeiro não pode se estender à segunda, sob pena de interpretação extensiva in malam partem, em detrimento do princípio da legalidade penal estrita. Por outro lado, as próprias vedações ao indulto seriam inconstitucionais, já que ao fixar as restrições ao tráfico, terrorismo, tortura e hediondos, não houve a inclusão do indulto, tendo o legislador extrapolado o permissivo constitucional. OBS: Partindo da premissa que associação para o tráfico não é tráfico (blocos 3 e 4, aula 4), é sustentável que a vedação ao indulto alcançá-lo não teria respaldo no art. 5º, XLIII, CF, sendo inconstitucional, portanto. Curso: Curso Completo de Processo Penal – Execução Penal – Matéria: Processo Penal – Prof: Marcos Paulo – Aula: 6 - Bloco: 1-6 OBS: Conforme examinado na aula 4, bloco 1, o STF, 2a turma, reputou constrangimento ilegal determinar o exame criminológico para fins de indulto/comutação, se não exigido no decreto presidencial a ele concernente, apesar do art. 112, §2º, LEP. Em matéria de comutação e indulto, vale a análise dos decretos presidenciais, que são interpretados restritivamente pelos Tribunais Superiores, em apreço ao princípio da legalidade penal estrita. AGRAVO EM EXECUÇÃO (ART. 197, LEP) O procedimento reservado ao agravo em execução será o pertinente ao RESE. Isso porque, até o advento da LEP, diversas decisões incidentais ao processo de execução desafiavam RESE, de forma que o agravo em execução foi suscedâneo do RESE em sede de execução. Isso fica claro na Súmula 700, STF. - Agravo em execução também será um recurso escalonado: interposição em 5 dias e razões em 2 dias (art. 586 e 588, CPP). O prazo preclusivo, próprio, é o da interposição; o prazo para oferecimento das razões é impróprio. - Irá desafiar embargos infringentes se a decisão for tomada por maioria contra o réu (art. 609, parágrafo único, CPP). - No caso de não conhecimento do agravo, majoritariamente entende-se pela interposição da carta testemunhável (art. 639, CPP). OBS: Minoritariamente entende-se que cabe novo agravo em execução. - Terá efeito regressivo / diferido / iterativo = desafia retratação (art. 589, CPP) - Processamento em 2o grau dar-se-á na forma do art. 610, CPP (não haverá, por exemplo, revisor). Quando será possível pensar em HC substitutivo do agravo em execução? Quando a discussão for estritamente jurídica. Se for fática (ex: questionar a existência da falta grave), haverá necessidade de agravo em execução. Ainda que o apenado esteja preso, é possível pensar em HC para arrefecer o nível da privação libertária. Mas se a questão não tiver relação com o nível de liberdade (ex: privação aos cultos), não caberá HC, e sim MS. Curso: Curso Completo de Processo Penal – Execução Penal – Matéria: Processo Penal – Prof: Marcos Paulo – Aula: 6 - Bloco: 1-6
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