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A cópia do material didático utilizado ao longo do curso é de propriedade do(s) autor(es), não podendo a contratante vir a utilizá-la em qualquer época, de forma integral ou parcial. Todos os direitos em relação ao design deste material didático são reservados à Fundação Getulio Vargas. Todo o conteúdo deste material didático é de inteira responsabilidade do(s) autor(es), que autoriza(m) a citação/divulgação parcial, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. Adicionalmente, qualquer problema com sua turma/curso deve ser resolvido, em primeira instância, pela secretaria de sua unidade. Caso você não tenha obtido, junto a sua secretaria, as orientações e os esclarecimentos necessários, utilize o canal institucional da Ouvidoria. ouvidoria@fgv.br www.fgv.br/fgvmanagement Gestão Estratégica 3 Sumário 1. PROGRAMA DA DISCIPLINA ........................................................................... 4 1.1 EMENTA .......................................................................................................... 4 1.2 CARGA HORÁRIA TOTAL ......................................................................................... 4 1.3 OBJETIVOS ....................................................................................................... 4 1.4 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO .................................................................................... 4 1.5 METODOLOGIA ................................................................................................... 4 1.6 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO ...................................................................................... 4 1.7 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA ................................................................................. 5 CURRICULUM VITAE DO PROFESSOR ................................................................................ 5 2. TEXTO PARA ESTUDO ...................................................................................... 6 2.1 O NOVO AMBIENTE DE NEGÓCIOS ............................................................................ 6 2.2 AS OITO FACES DE UM MODELO DE EXECUÇÃO ESTRATÉGICA ............................................. 10 2.3 TENHA UMA ESTRATÉGIA ANTES DE AGIR ................................................................... 12 2.4 UMA ANÁLISE À LUZ DA TEORIA DE MICHAEL PORTER (5 FORÇAS) ...................................... 14 2.5 FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO (FCS) ................................................................... 17 2.6 RENÉE: COMO EQUILIBRAR OCEANOS VERMELHOS E AZUIS? ............................................. 21 Gestão Estratégica 4 1. PROGRAMA DA DISCIPLINA 1.1 Ementa Estratégia: Conceitos, escolas e processos. Identidade Empresarial. Análise do Macroambiente. Planejamento Estratégico: Matrizes e Modelos para Análise do Ambiente Externo: Matriz PEST, Modelo das Forças de Porter. Matrizes e Modelos para Análise do Ambiente Interno: Competências e Capacidades, Forças e Fraquezas, Fatores Críticos de Sucesso; Diagnóstico SWOT. Formulação Estratégica: Matriz de Ansoff, Estratégias genéricas, Cadeia de Valor, Sistema de Atividades, Estratégias Funcionais. Metodologia para Desenvolvimento de Estratégia de Negócios, Implementação e Controle Estratégico: O Balanced Scorecard. Objetivos e plano de ação: Características e ferramentas. 1.2 Carga horária total 24 (vinte quatro) horas-aula 1.3 Objetivos Conhecer os fundamentos teóricos, os componentes e as características da estratégia e do processo estratégico; Exercitar a metodologia de Planejamento Estratégico por meio de estudos de caso e exercícios práticos. 1.4 Conteúdo programático Estratégia: conceito, escolas e processos. O processo de Planejamento Estratégico. Análise Ambiente Geral e de Negócios: Matriz PEST, Modelo OT e Modelo Porter- Forças Determinantes da Concorrência. Análise Interna: Análise SWOT, Recursos e Competências Organizacionais e FCS- Fatores Criticos de Sucesso. Formulação da Estratégia: Níveis de Estratégia, Posicionamento Estratégico, Estratégias Competitivas Genéricas, Cadeia de Valor e Matriz Ansoff. Implementação, Controle e Monitoramento Estratégico: Objetivos, Metas, Desafios, Planos de Ação, GUT e BSC-Balanced Scorecard. 1.5 Metodologia Aulas expositivas dos aspectos teóricos/conceituais aplicados à prática, exercícios e estudo de caso com apoio de videos e slides. 1.6 Critérios de avaliação Em conformidade com os regulamentos da FGV e as diretrizes da coordenação acadêmica, o conceito final será o resultado de avaliações individuais e em grupo, sendo que 70% da nota refere-se a avaliação individual a ser realizada após o término da disciplina e 30% às atividades em equipe realizadas em sala de aula. Gestão Estratégica 5 1.7 Bibliografia recomendada Livro texto LOBATO, D. M.; MOYSÉS, J.; TORRES, M. C. S.; ALAMBERT, M. R. R. Gestão Estratégica, 1ª ed., Editora FGV, 2012. Livros complementares ANSOFF, H. Igor; MACDONNELL, Edward J. Implanting Strategic Management. 2nd ed., New York: Prentice Hall, 1990. De WIT, Bob; MEYER, Ron. Strategy Process, Content, Context: an international perspective. 4th ed. London, UK: Thomson, 2010. KAPLAN, Robert S.; NORTON, David P. Mapas estratégicos – Balanced Scorecard: convertendo ativos intangíveis em resultados tangíveis. 10ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. MINTZBERG, Henry; AHLSTRAND, Bruce; LAMPEL, Joseph. Safári de estratégia: um roteiro pela selva do planejamento estratégico. Porto Alegre: Bookman, 2000. PORTER, Michael E. Estratégias competitivas: técnicas para análise de indústrias e da concorrência. 2ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004 Curriculum Vitae do professor Sócio-fundador e Diretor da MED Educacional, instituição dedicada à formação em nível superior. Honorary Senior Research Associate no UCL Institute of Education (Londres), onde ocupou a posição de Brazilian Lektor e realizou pós-doutorado em Administração da Educação Superior. Doutorado em Administração pela Fundação Getúlio Vargas-SP. Graduado em Administração de Empresas pela Universidade Metodista de Piracicaba. Atividades de ensino e pesquisa, bem como palestras e publicações na área de Estratégia e Mudança Organizacional desde 1995. Experiência na gestão de instituições de educação superior e em consultoria para organizações públicas e privadas, nacionais e internacionais. Parecerista de revistas e conferências nacionais e internacionais. Formação dedicada ao desenvolvimento de habilidades e competências para uma liderança transformadora e uma gestão voltada para a construção de organizações éticas, resilientes e inovadoras. Gestão Estratégica 6 2. TEXTO PARA ESTUDO 2.1 O Novo Ambiente de Negócios Vivemos atualmente em um ambiente de grandes mudanças sociais, econômicas e políticas, trazendo para todos, em todos os países do mundo, uma sensação de instabilidade. Mas mudança não é algo novo. Personalidades históricas há muito séculos já faziam referencia à mudança. Heráclitos (540 – 475 AC) já dizia que “a única coisa permanente que existe, é o estado de mudança“. Outra antiga referência à mudança é de Buda – “a única coisa que não muda, é que tudo muda“. Estas citações comprovam o fato de que mudança é algo inerente à história e ao ser humano. Milenarmente, os chineses se referenciam à mudança como um ambiente onde se instala uma crise e a representam com 2 ideogramas conjugados; o primeiro significa “riscos potenciais” e o segundo, “oportunidades escondidas”. Cabe a cada um de nós encontrar asoportunidades, que estão escondidas, minimizando os riscos potenciais inerentes ao ambiente. Esta definição milenar é a base para o ambiente competitivo das organizações de hoje. Sempre, ao longo de toda a história, mudanças foram frutos de crises, onde nascem as oportunidades e ameaças. O talento do ser humano só aflora em tempos de crises - quais os grandes períodos de desenvolvimento tecnológico da humanidade? Sempre em tempos de guerra! Porque? Será que o homem fica mais inteligente em tempos de guerra, ou simplesmente é porque é fator de sobrevivência? A luta pela sobrevivência é que faz aflorar no ser humano a sua criatividade e o seu poder de inovação. Se mudança não é algo novo, então porque temos esta sensação de que vivemos em um mundo novo, de grandes mudanças? A resposta talvez não esteja na existência ou não de mudanças, mas sim em seu ritmo e intensidade. Diversas forças de mudança estão atuando e contribuindo para este novo ambiente de grandes e profundas transformações. Gostaría de analisar 3 grandes Forças de Mudança: O surgimento e a profunda intensificação da globalização, quebrando totalmente as fronteiras para informação, conhecimento, cultura, lazer, negócios e comércio, e acarretando um brutal aumento na competição; A Tecnologia da Informação, unindo informática a telecomunicações e provocando profundas transformações no nosso ambiente de negócios e na nossa vida pessoal, e O Cliente como força de mudança, provocando profundas transformações nas organizações. Vamos analisar cada uma destas forças, e procurar entender que como Forças de Mudança, elas trazem em seu bojo, as Ameaças e as Oportunidades. Desta forma, temos que estar sempre atentos a estas forças, de forma a podermos aproveitar as oportunidades e minimizar as ameaças. O primeiro e mais interessante ponto com relação às Forças de Mudanças relacionadas, é que todas elas são externas às nossas organizações. Isto significa que não temos nenhum Gestão Estratégica 7 controle sobre elas. Devemos apenas reconhecer que existem, são reais, provocam impactos – positivos e negativos e devemos buscar entender estes impactos e identificar como nos aproveitarmos de cada uma destas Forças. Globalização Esta é uma das Forças mais debatidas e discutidas hoje em dia, mas seu foco de discussão é apenas o comercial. A globalização não começa pelo comércio: a globalização começa pela informação e pelas comunicações. Podemos definir globalização de forma bem ampla como sendo: QUEBRA DE FRONTEIRAS PARA O COMÉRCIO, INFORMAÇÃO, CULTURA, CONHECIMENTO E NEGÓCIOS. E apenas vemos ou criticamos a parte referente a negócios. Não se trata de questionarmos se globalização é algo bom ou ruim. Isto não esta em discussão – ela é irreversível – Vocês conhecem algum país no mundo que tenha fechado totalmente suas fronteiras? A interdependência global das empresas e dos produtos e serviços está cada vez maior. Vejamos o exemplo da microinformática. Abram qualquer computador, de qualquer marca. Ali dentro você vai encontrar componentes de mais de uma dezena de países. E o carro global? E a informação, as notícias, os programas de televisão, o entretenimento, a Internet, também vão ser objeto de restrição de fronteiras? Isto é um discurso político, absolutamente impossível de ser viabilizado. Se fechamos nossas fronteiras para importações, é claro que sofreremos retaliações comerciais, diminuindo nosso mercado externo para nossas exportações. A parte da globalização referente ao comércio exterior é uma via de mão dupla e obedece a uma regra de física, onde a toda ação existe uma re- ação – não existem ações ou decisões unilaterais e estas, caso existam, provocarão sempre reações. O Brasil é membro da OMC e tem tratados de comércio assinados com outros países membros. Se a Globalização é uma ameaça para o meu negócio, não se trata de brigar para fechar a fronteira de nosso país, mas sim de como enfrentar os efeitos dela. Alguns são positivos, outros são negativos. A nossa atual qualidade de produtos e competitividade na Indústria automobilística se deve exclusivamente ao processo de abertura de mercado, que forçou o aumento da competição e a obrigação das indústrias aqui instaladas à época (as 4 montadoras tradicionais, mais a Gurgel, que hoje não existe mais) de se modernizarem. De 1992 para cá, em menos de 12 anos, saímos de 4 montadoras para 14 (pergunta: será que 14 montadoras instaladas no Brasil são para produzir apenas para o mercado interno? Só os ingênuos ou mal-intencionados podem acreditar que sim. E se não, isto aponta para um enorme potencial de crescimento de contribuição de produtos manufaturados à nossa pauta de exportações). Gestão Estratégica 8 Em menos de 10 anos, o preço dos carros brasileiros caiu mais de 50%, em dólares – à época do Acordo Setorial da Indústria Automobilística (1992), o carro nacional mais caro custava o equivalente a US$62 mil. Em menos de 10 anos, a qualidade dos carros nacionais alcançou padrões internacionais. Um bom exemplo disto é a fábrica do Celta no sul do país, é hoje uma das mais automatizadas e produtivas do mundo, com um nível de eficiência produtiva de 100 carros por empregado/ ano. Este índice é maior do que a produtividade média da enorme maioria dos produtores mundiais, perdendo apenas para as indústrias japonesas. E isto não se consegue com fronteiras fechadas. A Globalização certamente aumenta a competição internamente, mas também abre perspectivas de novos mercados para as empresas locais – lembrem-se, é uma via de mão dupla. A Segunda força é a Tecnologia da Informação. Aqui, o mais importante não é o estagio de evolução tecnológica que uma organização possui. Isto não é fator determinante de sucesso. O verdadeiro fator determinante de sucesso quanto à tecnologia da Informação é o que sua organização faz com ela. A 20 anos atrás estávamos presos a uma reserva de mercado, que nos amarrou a uma defasagem tecnológica em relação ao resto do mundo, rapidamente recuperada na última década. Mas ainda assim, inúmeros exemplos de sucesso de uso da Tecnologia reforçam a nossa liderança mundial na aplicação desta. Senão vejamos alguns exemplos de nosso dia a dia no uso da Tecnologia: Nas últimas eleições de 2000 e 2002, o sistema do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) estava informatizado em todas as regiões do Brasil, apresentando os resultados em menos de 12 horas depois do início das apurações. O modelo chamou a atenção de uma das maiores potências mundiais: os Estados Unidos, onde a apuração dos votos teve que ser refeita várias vezes, atrasando o resultado e colocando em xeque a credibilidade do processo. Ah, as eleições americanas.... Me lembram da década de 70, quando fazíamos o jogo na Loteria Esportiva em um processo idêntico ao das últimas eleições americanas – cartões perfurados com estiletes (?!). Mesmo sendo um país em desenvolvimento, os internautas brasileiros representam uma fatia de mais 40% do mercado total da América Latina. Em 2003, mais de 95% das declarações do Imposto de renda foram entregues pela Internet, e segundo a Receita Federal, em 2005, serão 100% em meio eletrônico; Temos o sistema financeiro mais evoluído do mundo (desde a época da Reserva de Mercado), com instituições com altíssimo uso de Tecnologia em seus produtos e serviços e no relacionamento com seus Clientes. Nenhuma instituição financeira mundial usa a Tecnologia no relacionamento com seus Clientes de maneira tão eficiente! A transferência de fundos em tempo real (TED) quebra a fronteira do tempo, eliminando o conceito de compensação. Um dia já não é o bastante! O maior distribuidor das Américas – o Martins de Uberlândia, usa tecnologia em todos os seus processos – armazém,caminhões conectados em tempo real, visando eficiência e eficácia operacionais, e por isto, é o maior. Eficiência e eficácia promovendo crescimento... Gestão Estratégica 9 Para não dizer que somos bairristas, o maior varejista do mundo – Walmart, usa intensamente a tecnologia e com foco não apenas na redução de custos, mas no potencial de receita, e por isto, por usar a tecnologia de forma diferenciada, é que ele é o maior. A Walmart é o único varejista global a vender informação de hábitos de consumo de seus Clientes para as empresas produtoras dos produtos que distribui. Basta querer. Em todos estes exemplos ninguém discute se o prestador do serviços está no estado-da-arte tecnológico, usa plataforma, A, B ou C ou o software X, Y ou Z. O que importa é a aplicabilidade, os efeitos. A decisão de uso da Tecnologia não é mais uma decisão interna nas empresas – ela é externa - se o seu concorrente fizer e você não, você certamente terá problemas. Para usar corretamente a Tecnologia, é fundamental se questionar a maneira tradicional de pensar, de forma a podermos identificar as oportunidades. Temos que usar como fonte estruturada de inspiração uma base de reflexão desenvolvida por Stanley Davis, em seu livro Futuro Perfeito, editado nos Estados Unidos em 1989 e considerado o livro da década de 80. Esta mesma base é referendada pelo autor, em seu novo livro, Blur, editado em 1999 – uma década depois. Quando for projetar o seu negócio, seja ele qual for, pense nos seguintes fatores: 1. A Qualquer Tempo – o tempo como fator de competitividade; a compressão do tempo; a Velocidade (Blur) nos processos e no atendimento aos Clientes; 2. Em Qualquer Lugar – espaço não é mais fator de limitação – a Tecnologia quebrando as fronteiras das organizações e conectando tudo a todos; a Conectividade (Blur); 3. A Desmaterialização dos produtos, ou o crescimento dos serviços agregados a produtos; a Intangibilidade (Blur); 4. A Customização de Massa – produtos/ serviços feitos de acordo com a necessidade individual de cada consumidor; no Blur, o centro do tripé Velocidade-Conectividade- Intangibilidade; Um desafio: analise uma empresa com soluções que você admire, e veja se os fatores acima não estão sendo usados..... Por último, vamos ver o Cliente como força de mudança. Pense em você como um Cliente, e veja se você não é diferente hoje do que era a 5 ou 10 anos atrás. Isto se dá porque o foco mudou. Na Era Industrial pura, todo o foco de atendimento é de dentro da organização para fora, isto é: O tempo que levo para atender ao Cliente é função da minha capacidade interna de processos e produção; O preço é calculado com base nos meus custos e na minha margem; Produtos são padronizados – economia de escala é a palavra de ordem, e o que será produzido é uma decisão interna; Trabalho com grandes grupos de consumidores, segmentos enormes; Com o aumento da concorrência, TUDO MUDA. Se não há concorrência, o Cliente não tem opção. Quando há concorrência, o Cliente exerce o seu direito, fica mais exigente (pense novamente em você e veja se não é assim...). O impacto é muito sério para as organizações, pois agora o foco de atendimento é de Fora para Dentro, ou seja, o controle não esta mais nas mãos das organizações, mas sim na mão do mercado. Senão vejamos: Gestão Estratégica 10 O tempo que levo para atender ao Cliente é função do tempo que o Cliente aceita esperar pelo meu produto ou serviço, antes de trocar de fornecedor. E cuidado! Este tempo esta ficando cada vez menor!; O preço é pressionado pelo Cliente e isto faz com que eu tenha que trabalhar as 2 únicas variáveis que me restam: os custos (começa a ficar claro o porque da enorme pressão de redução de custos que as empresas passam nos últimos 10 ou 15 anos) e a margem; Em alguns segmentos, Produtos NÃO são padronizados – saímos do conceito de economia de escala para o conceito de economia de escopo, onde grande parte da produção só é efetivamente produzida depois de vendida, e o produto é desenhado pelo Cliente – vide o setor automobilístico – Celta, Fiat (desde o Mille On-Line de 1992), etc... A palavra de ordem é “Marketing One-To-One”, ou segmentação de mercado a nível de indivíduo; Diferente, não? Com tudo isto, não dá mais para nenhuma organização, de nenhum setor da economia (desculpe, se você for monopolista, isto é, não tiver concorrência, nenhuma destas Forças de Mudança é necessariamente verdade!), deixar de olhar para o Ambiente externo, e analisar as Forças de Mudança, as Ameaças e Oportunidades presentes, pois estas bem trabalhadas certamente significam a sua adequação ao mercado. E isto é fator de sobrevivência! Carlos A. C. Salles Jr., M.Sc., 2004 2.2 As oito faces de um modelo de execução estratégica Como deve ser um modelo de execução estratégica e o que deve conter? O Professor Lawrence Hrebiniak, especialista em Planejamento Estratégico declara que um modelo efetivo de execução enfatiza tanto a ação como a reação. Precisa ser dinâmico, permitindo feedback e adaptações necessárias. “Deve ainda levar em conta as principais variáveis e decisões, precisa ser conceitual e operacional, ter lógica e utilidade, promover os raciocínios sequencial e simultâneo, e permitir a criação de modelos de mudança e adaptação”. Desta forma, o professor apresenta os principais fatores de execução que vão integrar o modelo para fazer funcionar uma execução estratégica: 1 - Uma boa estratégia vem em primeiro lugar As decisões tomadas refletem se as empresas ou setores devem compor o portifólio corporativo. A diversificação através da aquisição acrescenta organizações ao portifólio. Os estrategistas corporativos devem ainda decidir como alocar recursos nos vários negócios ou unidades operacionais, dadas as diferenças nas condições de concorrência e as possibilidades de crescimento em cada setor. Gestão Estratégica 11 2 - Estrutura organizacional Retrata as maiores partes ou unidades operacionais que compõem toda a empresa. A estrutura afeta os cursos e benefícios reais de uma organização. Por isso, deve ser apropriada e sintonizada com a estratégia e oferecer foco nas coisas certas e clareza de responsabilidades e prestação de contas. As diferentes maneiras de se organizar afetam os resultados. 3 - Integração dos objetivos de curto e longo prazo, e divulgação das métricas e medidas de desempenho A estratégia de negócios deve ser traduzida em objetivos ou métricas operacionais de curto prazo para executar a estratégia. Para alcançar os objetivos estratégicos, uma organização deve desenvolver objetivos mensuráveis de curto prazo que se relacionem de forma lógica e consistente com a estratégia de negócios e com a maneira em que a organização planeja concorrer. Pensar no curto prazo é positivo, se houver relação com um pensamento estratégico de longo prazo. 4 - Alcançar coordenação ou integração eficaz A comunicação lateral e a gestão das fronteiras organizacionais são importantes para uma execução bem-sucedida. É vital para o sucesso estratégico transferir o conhecimento e conseguir coordenação entre as unidades operacionais dentro de uma empresa. O compartilhamento de informações e os métodos de integração podem aumentar a flexibilidade e a capacidade da organização de reagir a problemas relacionados com a execução. 5 - Desenvolver incentivos e controles eficazes Os incentivos devem apoiar os aspectos-chave do modelo de execução estratégica. Eles devem reforçar as “coisas certas”, se desejamos que a execução tenha sucesso. Os controles, por sua vez, precisam oferecer um feedback oportuno e válido sobre o desempenho organizacional, para que a mudança e a adaptação se tornem parte integrantedo esforço de execução. 6 - Uso eficaz do poder e da influência As diferenças de poder afetam não somente a formulação da estratégia como também as decisões e resultados-chave da execução. Aqueles que estão no poder decidem sobre a alocação de recursos para os indivíduos e as unidades organizacionais que afetam os esforços de execução. Se aqueles que estão no poder resistirem ou não apoiarem um plano de execução, o sucesso do plano ficará prejudicado. O poder e o exercício da influência podem afetar claramente a execução. Gestão Estratégica 12 7 - Liderança e cultura O clima criado pelos líderes em todos os níveis de uma organização afeta a execução da estratégia. A liderança afeta ou reflete uma série de coisas, incluindo a administração de mudanças, cultura, e o exercício de poder ou influência sobre as pessoas. E as pessoas são vitais para o processo de execução. Suas motivações, capacidades, compromissos e habilidades para criar e seguir até o fim planos de ação afetarão o sucesso dos esforços de execução. 8 - Capacidade de gerenciar mudanças, inclusive as culturais A capacidade de administrar bem mudanças é uma marca distintiva da execução bem- sucedida. Os problemas com a administração de mudanças constituem a maior ameaça para uma execução bem-sucedida da estratégia. Um modelo lógico e uma abordagem disciplinada são necessários para compreender o processo de execução da estratégia. É preciso enfatizar o que se deve fazer, quando, e em que ordem. Hrebiniak ressalta que nenhum modelo é perfeito ou totalmente abrangente. Mesmo assim, deixa claro que os gestores interessados na execução precisam começar por algum lugar. “Os motivos pelos quais a execução é ou não bem-sucedida só podem ser entendidos caso se tenha um indicador com o qual comparar e analisar as decisões e ações de execução”, finaliza. HSM Online – 25/06/2009 2.3 Tenha uma estratégia antes de agir O mercado está cada vez mais concorrido. As empresas estão investindo na qualificação dos profissionais, em pesquisa, desenvolvimento e tecnologia para empregar os recursos em busca de melhores resultados. Além disso, por conta das oscilações econômicas que acabam por influenciar a realização de planos e cumprimento de metas, concluímos que o mundo dos negócios está instável. Por essas razões, torna-se imprescindível encontrar alternativas estratégicas para alcançar soluções satisfatórias e viáveis, que tragam resultados a curto, médio e longo prazo. Mas de que forma trabalhar para conseguir esses objetivos? Será que a busca por informações estratégicas e seu processamento de forma inteligente pode ser uma boa saída? Uma ferramenta de gestão empresarial bastante utilizada é a análise S.W.O.T., que consiste no estudo do cenário externo e da realidade interna de uma organização. Esse tipo de medida é de fundamental importância para se iniciar um projeto importante e, principalmente, para criar ações estratégicas em momentos de incerteza, porque nos permite conhecer os fatores favoráveis e desfavoráveis que o mercado apresenta, além de situar a organização dentro do seu real contexto. É preciso tomar decisões com qualidade e colocar em prática as boas ideias, no entanto, tudo deve ser feito com cautela e com a estratégia adequada. Falo isso porque é muito Gestão Estratégica 13 comum encontrarmos casos de empresas com produtos e serviços inovadores, mas que acabam pecando nas estratégias de atuação frente ao mercado em que atuam. O termo S.W.O.T. é uma sigla em inglês, que representa um acrônimo de: • Forças (Strenghts), • Fraquezas (Weaknesses), • Oportunidades (Opportunities) e • Ameaças (Threats). A técnica é creditada a Albert Humphrey, que liderou um projeto de pesquisa na Universidade de Stanford nas décadas de 1960 e 1970, usando dados da revista Fortune sobre as 500 maiores corporações. A análise S.W.O.T. é um sistema simples que tem por objetivo verificar a posição estratégica da empresa no ambiente em questão. A análise se divide em ‘ambiente interno’, composto pelos itens: forças e fraquezas. Já o ‘externo’, está relacionado às oportunidades e ameaças. A partir dessa divisão é possível estabelecer aquilo que é de responsabilidade da empresa, e o que é uma antecipação do futuro, ou seja, o que se pode traçar a respeito de possibilidades positivas ou negativas do macro ambiente econômico. Depois de fazer o levantamento de dados é chegada a hora de cruzar as informações, para que, dessa maneira, seja possível encontrar alternativas para a sua operação de negócios. Combinando fatores externos e internos, você terá a chance de saber como suas forças podem servir como impulso para aproveitar as oportunidades já existentes no mercado, ou, ainda, saber como deve se reposicionar em relação às fraquezas para não sofrer as conseqüências das ameaças encontradas. Há mais de três mil anos, Sun Tzu, considerado um dos maiores estrategistas militares de todos os tempos e autor do livro "A Arte da Guerra" já dizia: "Concentre-se nos pontos fortes, reconheça as fraquezas, agarre as oportunidades e proteja-se contra as ameaças". Essa ferramenta pode ajudar você na avaliação de empresas, projetos, produtos, serviços e equipes. Para isso, faça as perguntas relacionadas abaixo. Pontos Fortes: • O que você, sua empresa e equipe fazem bem? • Que recursos especiais você possui e pode aproveitar? • Quais os seus diferenciais? • O que a concorrência, a equipe,os clientes e os fornecedores acham que você faz bem? Pontos Fracos: • No que você precisa ficar atento? • O que precisa melhorar? • Onde deve se blindar? • Onde possui menos recursos que os demais? • Quais são suas fraquezas identificadas pelos outros? Gestão Estratégica 14 Ameaças: • Que ameaças (leis, regulamentos, concorrentes) podem lhe prejudicar? • Qual o ponto forte do seu concorrente que pode ser uma ameaça para você? • Quais as estratégias e diferenciais dos seus concorrentes? Oportunidades: • Quais são as oportunidades externas que você pode identificar? • O que seu cliente deseja e precisa que pode servir como oportunidade de negócio? • Como agregar valor ao seu produto e ao seu serviço? • Que tendências você pode aproveitar ao seu favor? Após responder essas perguntas, crie planos de ações estratégicos e alcance melhores resultados. FONTE: Por Carlos Cruz (coach executivo e de equipes, conferencista em desenvolvimento humano e diretor da UP Treinamentos & Consultoria). HSM Online - 31/03/2009 2.4 Uma análise à luz da teoria de Michael Porter (5 Forças) A teoria desenvolvida por PORTER (1986, 1990) se reporta à análise dos padrões de concorrência empresarial e às estratégias adotadas pelas empresas para atuação no mercado e para obtenção de vantagem competitiva. Para PORTER (1986), a estrutura industrial é regulada por cinco forças competitivas, a saber: ameaça dos fornecedores, ameaça dos compradores, grau de rivalidade dos concorrentes existentes, ameaça dos concorrentes potenciais e dos produtos substitutos. Os fornecedores podem influenciar uma indústria1 na medida em que detenham poder de negociação suficiente para, através de uma elevação no nível de preços ou redução da qualidade dos bens e serviços fornecidos, afetar negativamente a rentabilidade da referida indústria. As condições que determinam o poder de pressão de um grupo de fornecedores são o grau de concentração e oligopolização, presença ou não de produtos substitutos na venda para a indústria, grau de importância do produto fornecido para o negócio do comprador; grau de diferenciação ou de custos de mudança dos produtos fornecidos, e ameaça de integração para frente por parte dos fornecedores. Os compradores, por sua vez, exercem pressãosobre a indústria ao forçar uma redução dos preços, ao exigir melhor qualidade e ao instigar os concorrentes uns contra os outros. Entretanto, o poder de um grupo de compradores depende diretamente do grau de concentração ou do volume adquirido em relação às vendas do vendedor, da facilidade de troca de fornecedor, da ameaça de integração para trás por parte dos compradores, do grau de conhecimento das condições de mercado por parte dos compradores e do baixo nível de influência do produto da indústria na qualidade dos produtos ou serviços do comprador. Gestão Estratégica 15 Os concorrentes existentes alteram a estrutura industrial ao competirem por uma posição mais privilegiada no mercado. A rivalidade é tanto maior quanto seja a percepção que os concorrentes têm sobre a oportunidade de melhorar a sua posição. O grau de rivalidade da concorrência existente está diretamente relacionado com a quantidade de concorrentes, com custos fixos ou de armazenamento altos; com barreiras de saída elevadas e com a ausência de diferenciação ou custos de mudança. Os concorrentes potenciais modificam a estrutura industrial porque, ao tentar entrar no mercado, podem forçar uma redução dos preços ou um aumento dos custos dos participantes. Segundo PORTER (1986, p. 25), “a ameaça de entrada em uma indústria depende das barreiras de entrada existentes, em conjunto com a reação que o novo concorrente pode esperar por parte dos concorrentes já existentes.” Assim, barreiras altas implicam uma intensa retaliação por parte dos concorrentes estabelecidos. Os produtos substitutos, por sua vez, influenciam a indústria oferecendo uma alternativa de preço-desempenho capaz de afetar o nível de lucratividade das empresas participantes. Assim, “quanto mais atrativa a alternativa de preço-desempenho oferecida pelos produtos substitutos, mais firme será a pressão sobre os lucros da indústria.” (PORTER, 1986, p. 39). Ao lidar com as cinco forças competitivas, uma empresa pode escolher entre três estratégias genéricas (de negócios): liderança em custo, diferenciação e enfoque. Ao adotar a estratégia de liderança em custo, a empresa objetiva minimizar seus custos, seja através do aumento substancial da escala de produção, seja por meio de um forte controle de custos e despesas gerais ou mesmo através da redução de custos em áreas como P&D, assistência, força de vendas, publicidade. A estratégia de diferenciação, por sua vez, visa “...diferenciar o produto ou o serviço oferecido pela empresa, criando algo que seja considerado único ao âmbito de toda a indústria.” (PORTER, 1986, p. 51). Assim, as fontes de diferenciação para uma empresa e seus produtos e serviços podem ser a marca, a tecnologia empregada, os serviços personalizados, a rede de fornecedores. Com a estratégia de enfoque a empresa opta por atuar em um ambiente competitivo estreito dentro de uma indústria, como um segmento específico de clientes ou um determinado mercado geográfico, por exemplo. Ao fazê-lo, a empresa pode adotar um enfoque nos custos ou na diferenciação. É importante ressaltar que, para PORTER (2000, p. 24), as coalizões (alianças) entre empresas – antes de serem estratégias competitivas per si – são, na verdade, “boas ferramentas para ajudar a empresa a defini-las.” Ademais, PORTER (1990, p. 51) argumenta que as “inter-relações entre unidades empresariais podem ter uma influência poderosa sobre a vantagem competitiva, reduzindo o custo ou acentuando a diferenciação.” Gestão Estratégica 16 Diante das estratégias acima mencionadas e da visão que tem sobre as alianças, PORTER (1990, p. 52) considera que: As coalizões podem permitir o compartilhamento de atividades sem a necessidade de entrar em novos segmentos de indústria, áreas geográficas ou indústrias relacionadas. As coalizões também são um meio de se obter as vantagens de custo ou de diferenciação dos elos verticais, sem uma verdadeira integração, mas superando as dificuldades da coordenação entre empresas puramente independentes. É bem verdade que esse autor aborda o tema das alianças estratégicas sob a ótica da inter-relação entre unidades empresariais controladas por um mesmo grupo empresarial, sejam elas pertencentes a uma mesma indústria ou a indústrias relacionadas. Entretanto, é possível – sem prejuízo de inconsistência teórica – extrapolar essa abordagem para as interrelações entre empresas independentes entre si que atuam em uma determinada indústria ou em indústrias relacionadas. Portanto, a análise que se segue destaca os conceitos centrais da teoria de PORTER (1986, 1990) e os relaciona com a realização de alianças como forma de se criar uma vantagem competitiva para as empresas envolvidas nesses tipos de arranjo organizacional. Segundo PORTER (1990, p. 52), “as coalizões são acordos de longo prazo entre empresas que extrapolam transações de mercado normais, mas que não chegam a ser fusões totais.” Sob essa ótica, o autor considera coalizões as licenças de tecnologia, acordos de fornecimento, acordos de marketing e sociedades em cota de participação, por exemplo. PORTER (1990) observa que as coalizões se prestam bem à ampliação do escopo da empresa2 sem que haja necessidade de ampliar – concretamente – sua presença no mercado. Assim, são considerados pelo autor dois tipos de coalizões: as coalizões verticais e as coalizões horizontais. Como exemplos desses dois tipos básicos de coalizões têm-se, respectivamente, um acordo de fornecimento e uma parceria com outra empresa da mesma indústria para realização de marketing conjunto. Para entender-se como as alianças estratégicas se inserem na Teoria da Vantagem Competitiva de PORTER (1990), é necessário, antes, apreender-se o conceito de cadeia de valor proposto por esse autor. Tal conceito considera que uma empresa pode ser desagregada em suas atividades de relevância estratégica de forma que seja possível compreenderem-se o comportamento dos custos – e suas fontes – e os potenciais de diferenciação. Assim, a empresa obtém vantagem competitiva ao executar estas atividades estrategicamente importantes com o menor custo possível, ou melhor, com os custos menores do que a concorrência. A cadeia de valor pode ser mais bem visualizada pela figura a seguir: Gestão Estratégica 17 Agregar valor a um produto, portanto, implica executar uma ou mais atividades – primárias e/ou de apoio – a um custo menor ou de uma forma melhor que os concorrentes. Dada a complexidade cada vez maior das inter-relações econômicas em um contexto de mercado hipercompetitivo, é pouco provável que uma empresa detenha competência suficiente para dominar todas as atividades da cadeia de valor. Assim, as alianças estratégicas se prestam muito bem ao objetivo de se compensar as lacunas de competência que a empresa apresente ao longo de sua cadeia de valor, através do compartilhamento de atividades com outras empresas que agreguem maior valor ao seu produto. 1 PORTER (1986: 24) define uma indústria como “... o grupo de empresas fabricantes de produtos que são substitutos bastante aproximados ente si.”; 2 Por escopo da empresa entenda-se o limite entre as atividades que uma empresa executa internamente e as que ela obtém em transações de mercado (PORTER, 1990: 56); Fonte: Luiz Antônio Gouveia de Oliveira - Obtenção de Vantagem Competitiva e Criação de Valor Através de Alianças Estratégicas (Revista de Administração e Contabilidade, 2005) 2.5 Fatores Críticos de Sucesso (FCS) Introdução O termo "Fatores Críticos de Sucesso" aparece com frequência na literatura de gerência, negócios e planejamento. Esta leitura fornece informações adicionais sobre Fatores Críticos de Sucesso e também alguns exemplos. Gestão Estratégica 18Definição Fatores Críticos de Sucesso são aquelas poucas áreas-chave onde as coisas devem caminhar com precisão para que a empresa possa prosperar. Fatores Críticos de Sucesso são as características, condições ou variáveis que, quando propriamente sustentadas, mantidas ou gerenciadas, podem ter um impacto significativo no sucesso de uma organização dentro de seu ramo. Exemplos Aqui estão alguns exemplos de Fatores Críticos de Sucesso para diferentes ramos. Organização Financeira: Gerenciamento de risco Base de Clientes diversificada Produt. da equipe profissional Imagem de corporação Lucro por cliente Produtos-chave Companhia de Petróleo Organização descentralizada Posição de liquidez Relações governo/negócios Imagem de integração na sociedade Desenvolvimento de novos empreendimentos Companhia Eletrônica Apoio de força de vendas Relações com os clientes Produtividade Apoio de pesquisa e desenvolvimento Novos produtos Nova capacidade tecnológica Instalações Laboratório Médico Tempo de resposta Regulamentações do governo Pessoal de qualidade Imagem Eficiência em custo Gerenciamento de risco Organizações Sem Fins Lucrativos Financiamento Relações públicas Concordância com as leis Pessoal Treinado Contabilidade Produtividade Orientação para Serviços Indústria Automobilística Estilo Rede de revendedores forte Controle de custos de fabricação Padrões do governo Energia Performance Segurança Estradas e rodovias Indústria Alimentícia Desenvolvimento de novos produtos Variedade de produtos Estoque Boa distribuição Propaganda eficiente Preço Navegação Oceânica Capacidade dos navios Entrega no prazo Velocidade Capacidades variadas de carga Tempo no porto Gestão Estratégica 19 Os Níveis de Fatores Críticos de Sucesso Cada organização é afetada por uma hierarquia de Fatores Críticos de Sucesso. Fatores Críticos de Sucesso da Indústria Fatores Críticos de Sucesso no nível de indústria influenciam cada organização dentro da indústria no desenvolvimento de sua estratégia, objetivos e metas. Cada indústria em particular deve desenvolver uma estratégia que leve em conta esses fatores-chave que garantem sucesso na indústria. Fatores Críticos de Sucesso Corporativos Cada organização complementa os Fatores Críticos de Sucesso da indústria com fatores particulares da própria companhia. Estes tendem a refletir características específicas da companhia, como linha de produção, técnicas de fabricação, mercado atendido, estilo de gerenciamento e "imagem" desejada. Um exemplo deste fenômeno é discutido e ilustrado na próxima página. Fatores Críticos de Sucesso Sub-Organizacionais Fatores Críticos de Sucesso Corporativos fornecem estímulo para um processo de determinação de Fatores Críticos de Sucesso no qual cada sub-organização produz seus próprios Fatores Críticos de Sucesso, que apoiam necessidades organizacionais de nível mais alto. Assim, os Fatores Críticos de Sucesso para gerenciamento executivo frequentemente se tornam metas específicas para sub-unidades organizacionais. Fatores Críticos de Sucesso Individuais Gerentes, a cada nível de uma organização, possuem seus conjuntos de Fatores Críticos de Sucesso pessoais em relação a todas as preocupações gerenciais de nível mais alto no tocante a estratégia, metas, objetivos e Fatores Críticos de Sucesso. Diferenças Dentro de um Ramo de Negócios Organizações dentro de uma indústria em particular podem ter diferentes Fatores Críticos de Sucesso devido a produtos, mercados, preferências do comprador, estratégia, localização, etapa de crescimento, crises temporárias, pontos fortes próprios e capacidades de fabricação. O quadro seguinte relaciona Fatores Críticos de Sucesso para três organizações médicas. Elas compartilham alguns dos mesmos fatores, mas também possuem Fatores Críticos de Sucesso definidos que são exclusivos. Repare que os Fatores Críticos de Sucesso que são genéricos a todas as três organizações possuem diferentes prioridades dependendo das empresas. Gestão Estratégica 20 FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO PARA TRÊS ORGANIZAÇÕES MÉDICAS Mais Importante CLÍNICA 1 CLÍNICA 2 CLÍNICA 3 ↑ . . . Normas governamentais Qualidade e abrangência no atendimento Eficiência de operações . . . Eficiência de operações Financiamento governamental Variedade da equipe . . . Opinião do paciente Normas governamentais Normas governamentais . . . Relação com o hospital Eficiência de Operações Opinião do paciente . . . Seguro contra erros médicos Opinião do paciente Relação com a comunidade . . . Relação com a comunidade Serviço de pacientes versus serviços gerais Relação com o hospital . . . Outras Clínicas na comunidade ↓ Relação com o hospital Menos Importante Analisando as Diferenças As diferenças no quadro estão baseadas na diferentes estratégias, localizações e etapas de crescimento das clínicas: • A primeira clínica é experiente com uma base estável de clientes. Suas preocupações gravitam em torno de questões ambientais, como normas governamentais e as crescentes taxas de seguro contra erros médicos que poderiam alterar sua posição competitiva altamente favorável. • A segunda clínica está numa localização rural e pobre. É dependente de financiamento do governo federal e de sua capacidade de oferecer tratamento médico que os médicos particulares da região não podem dar. Sua tarefa primária é desenvolver uma imagem de um fornecedor de tratamento de abrangência e qualidade. • A terceira clínica é nova, em rápido crescimento. Ela acredita ser capaz de estabelecer ema operação eficiente com a equipe correta para seu sucesso a curto prazo. Quatro fatores aparecem em todas as três listas: • Normas governamentais • Eficiência de operações • Opinião do paciente • Relações com o hospital Gestão Estratégica 21 Estes fatores são provavelmente genéricos para a indústria. Os fatores restantes parecem ser específicos para a empresa (ou clínica). Eles são gerados por diferenças nas condições temporais, geográficas e estratégicas de cada clínica. Diferenças em Nível Organizacional Em nível organizacional, as questões principais para identificar Fatores Críticos de Sucesso incluem: • Que oportunidades, recursos e capacidades a organização possui que não estejam disponíveis no mercado? • O que a nossa organização pode fazer para explorar esses fatores? Fatores Críticos de Sucesso que são mais valiosos para uma organização são geralmente caracterizados pelo alto grau em que: • Relacionam-se especificamente à organização, envolvendo variáveis e recursos sob seu controle. • Definem os critérios para que a gerência coloque recursos alinhados com as estratégias, metas e objetivos da organização. • Podem ser descritos como posições concisas que permitem medições e monitoramento objetivos. • Estabelecem critérios para definição de sistemas de informação e recursos adequados. Pontos Fortes do Método de Fatores Críticos de Sucesso O método de Fatores Críticos de Sucesso facilita tanto o processo de planejamento quanto a análise estruturada, do topo à base, de uma organização. Ele inicialmente concentra a atenção num conjunto nuclear de itens essenciais e, em seguida, refina estes itens de uma maneira que permite um evolutivo projeto a ser continuamente examinado em busca de validade e completabilidade. O método de Fatores Críticos de Sucesso provê efetivo suporte ao processo de planejamento e ajuda a desenvolver uma compreensãomais clara de como deficiências graves nos recursos internos podem impactar a posição competitiva da empresa. Você e seus colegas, como gerentes da empresa, precisam continuamente pesquisar o ambiente em que operam de forma a trazer estes fatores-chave de sucesso sob controle e usá-los em benefício de sua organização. 2.6 Renée: Como equilibrar oceanos vermelhos e azuis? Os oceanos vermelhos sempre existirão. A questão é ir além da competição, para aproveitar o lucro e oportunidades de crescimento para criar oceanos azuis. Renée Mauborgne é taxativa ao afirmar que todo oceano azul um dia acaba se transformando em Oceano Vermelho e que um melhor equilíbrio deve ser atingido por meio do oceano vermelho e iniciativas do oceano azul. Mas como criar o equilíbrio entre oceanos vermelhos, que são necessários, e oceanos azuis? A consultora explica que nos oceanos vermelhos novos negócios competem no mercado, mas nos oceanos azuis novos negócios que criam mercados. Partindo das premissas que Gestão Estratégica 22 empresas estabelecidas de um setor costumam criar oceanos azuis, quase sempre em seus negócios essenciais, nenhuma empresa ou setor permanece excelente para sempre, e a criação de oceanos azuis constrói marcas, é preciso responder: Como eu posso me concentrar em não ser só produtivo para aumentar a minha participação de mercado? Mauborgne alega que, embora a maioria das empresas esteja competindo dentro de um oceano vermelho, esta estratégia é cada vez mais improvável para criar um crescimento lucrativo no futuro. Com base num estudo de 150 movimentos estratégicos que englobam mais de cem anos e trinta e indústrias, Mauborgne enfatiza que as empresas líderes de amanhã não terão êxito combatendo os concorrentes, mas sim criando espaços de mercado inexplorados para o crescimento. Ela explica que esses movimentos estratégicos, chamados de "inovação de valor", criam saltos em termos de valor tanto para a empresa e os seus compradores, tornando rivais obsoletos e desencadear nova demanda. “Você é tão bom quanto a sua movimentação estratégica. Uma vez imitado, será que você vai ser uma empresa do amanhã?” Para Mauborgne, trata-se de uma estratégia de negócios e não de produto nem de serviços. Os caminhos que levam ao oceano azul A professora destaca os seis caminhos que levam da competição interna para prospecção e criação da Estratégia do Oceano Azul. Segundo Mauborgne, as fronteiras convencionais da competição passam pelo setor, grupo estratégico, grupo de compradores, escopo do produto ou serviço, orientação funcional/emocional do setor e tempo. Ela enfatiza que a maior parte das empresas define suas indústrias de maneira semelhante e em seus grupos estratégicos. “As empresas que criam oceanos azuis pensam em segmentar os oceanos vermelhos”. É preciso perguntar: “Quem não são os meus clientes e como eu poderia convertê-los em clientes?”, aconselha, salientando que é necessário mudar o grupo de compradores. Um exemplo clássico foi o da criação de carros pela Ford. “O que impede que não clientes se tornem clientes em sua empresa?” Teste de Idéias O que difere as empresas que conseguiram criar oceanos azuis e aquelas que não conseguiram? Para responder a esta questão, a estrategista propôs a realização do Teste de Idéias do Oceano Azul, que apresenta quatro variáveis: Utilidade - A utilidade é excepcional? As razões para comprar seus produtos e serviços são irresistíveis? Preço - Seu preço é facilmente acessível para a massa de compradores? Custo - Sua estrutura de custos é compatível com a meta de custo? Adoção - Você enfrentou antecipadamente as barreiras à adoção? Barreiras de mercado Mauborgne reconhece que as fronteiras do mercado só existem para os gestores que não deixam que estruturas de mercado existentes limitem o pensamento. Para eles, a demanda extra está lá fora, em grande parte inexplorado e o cerne do problema é a forma de criá- la. E como avaliar as idéias que aparecem? "Quando alguém propõe uma idéia, pense se a utilidade é excepcional e acessível. Não diga não às idéias, faça perguntas para ajudar a desenvolvê-las", aconselha. E chamou a atenção para os obstáculos à criatividade: • Mentalidade de Oceano Vermelho - A estrutura do setor e a situação competitiva devem determinar nossa estratégia. • Negação - Não precisamos mudar. Isso não se aplica ao nosso negócio. Gestão Estratégica 23 • Arrogância, excesso de confiança - Somos os líderes do mercado. • Ilusão - Nossa estratégia é clara e foi bem divulgada. • Miopia estratégica - Nosso negócio vai bem, pois nosso fluxo de caixa é bom. Apesar da mentalidade do oceano vermelho impedir a criação de um oceano azul, este ainda não é o principal fator que impede as empresas de nadarem em oceanos azuis. "A maior concorrência para o sucesso, é cada vez mais a maior dificuldade entre você e a sua imaginação". Onde está a oportunidade do oceano azul? Qual o papel da produtividade e da criatividade dentro das empresas? Mauborgne afirma que hoje, os gestores estão essencialmente envolvidos diariamente ou em questões de produtividade ou criatividade. “Mas, em qual das duas você investe mais o seu tempo?”, questiona. E, na seqüência, provoca os gestores a responder às perguntas: - Você tem enfrentado concorrência cada vez mais acirrada? - A comoditização de produtos e serviços é motivo de preocupação em sua empresa? - Os representantes de vendas sustentam que precisam dar descontos para fechar uma venda? - A culpa pela falta de crescimento costuma ser atribuída ao mercado? - A terceirização para países com custos baixos é vista como a chave para recuperar a competitividade? - Você sabe de onde virá a sua próxima arrancada de crescimento? - Quais são as suas margens de lucro? Renée Mauborgne explica que a concorrência está sempre aumentando, e as batalhas estão ficando cada vez mais difíceis, o que aumenta a concorrência e a comoditização. “Qual é a solução para recuperar o ritmo de crescimento?”. A professora afirmou que neste papel de controlar toda a demanda, gerenciar a criatividade será muito importante. “Se você não gerenciar a criatividade, a inovação e as estratégias, ninguém vai fazer”. Para ela, a fronteira da produtividade vai continuar num oceano vermelho ao longo do tempo. “A indústria não está aumentando, mais concorrentes estão aparecendo, e a alta administração precisa ir além”, analisa. Ela acredita que a concorrência sempre vai existir, mas se não empurrarmos essas fronteiras para criar novos negócios, será cada vez mais difícil de sobreviver, e é por isso acredita na força da criatividade. “Por que agimos tanto na produtividade e tão pouco na criatividade?”, questiona, defendendo que o futuro da economia sugere que a criatividade é quem vai trazer uma sociedade mais próspera e mais sustentável. Oceano azul x Oceano vermelho Mauborgne explicita as diferenças entre oceanos azuis e vermelhos, explicando que os termos vermelho e azul dos oceanos servem para descrever o universo do mercado. “Oceanos vermelhos são todas as indústrias existentes hoje, o espaço de mercado conhecido”. Nos oceanos vermelhos, as fronteiras do setor são definidos e aceitos, e as regras competitivas são conhecidas. Neste oceano as empresas tentam superar suas rivais para conquistar uma fatia maior da demanda existente. “Como o espaço de mercado fica Gestão Estratégica 24 lotado, as perspectivas de lucros e crescimento são reduzidas. Produtos se tornam commodities, a concorrência acirrada e transforma o oceano vermelho de sangue”. A consultora frisa que os oceanos azuis, denotam todas as indústrias não existentes hoje, o espaço de mercado desconhecido, intocados pela concorrência. “Em oceanos azuis, a demanda é criada e não disputada. Há uma grande oportunidade decrescimento que é rentável e rápido”. Neste oceano a concorrência é irrelevante porque as regras do jogo estão à espera de ser definido. Oceano azul é uma analogia para descrever a mais ampla, mais profunda do espaço potencial de mercado que ainda não é explorado, como um oceano infinito, por isso azul. “Você tem que alinhar valor, lucro e pessoas, com diferenciação e baixo custo”, afirma Mauborgne. Oceano azul em ação Mauborgne apresenta o caso da Nintendo, que vivia num oceano vermelho de competição. “A indústria de videogames estava passando por uma fase sangrenta quando a Nintendo criou um oceano azul de espaços de mercado inexplorados, com Wii. A Nintendo duplicou o tamanho total da indústria, pulando de três para seis bilhões de dólares. As pessoas hoje estão com a idéia diferente do que podem fazer para a indústria crescer. “Eles declaram que esses jogos são oceano azul em ação”. E o que eles fizeram de fato? Trabalharam a criatividade de forma sistematizada, utilizando um modelo das quatro ações, que elimina e reduz custos para elevar e criar valor para o comprador. “Eles tornaram a concorrência irrelevante, que é o princípio básico do oceano azul”, declara. Maximizando o seu oceano azul Renée Mauborgne revela que as empresas devem questionar duas práticas da estratégia convencional: a do foco nos clientes existentes e a do impulso por segmentação mais refinada. Mauborgne explica que quanto mais intensa for a competição, mais forte será, em média, a tendência à personalização das ofertas daí resultantes. “Para maximizar o tamanho de seus oceanos azuis, as empresas precisam avançar em direção oposta, focando nos não- clientes, e precisam construir importantes pontos em comum no que é valorizado pelos compradores”. No livro A Estratégia do Oceano Azul, a professora apresenta, juntamente com Chan Kim, três níveis de não-clientes que podem ser transformados em clientes: o primeiro é o que está mais perto do seu mercado. “São os compradores que já compram um mínimo das ofertas do setor, apenas por necessidade”, explicou. O segundo nível de não-clientes é o das pessoas que se recusam a usar as ofertas do setor. São indivíduos que viram as ofertas do setor como opção para atender às suas necessidades, mas as rejeitaram como alternativa. E o terceiro nível é o que está mais afastado do mercado em que você atua, são pessoas que nunca pensaram nas ofertas em questão como hipótese de escolha. Primeiro nível - Esses não-clientes quase-convertidos são aqueles que já usam um mínimo das atuais ofertas do setor como paliativo enquanto buscam algo melhor. Mauborgne questiona: “Quais são as principais razões pelas quais os não-clientes de primeiro nível querem pular do navio e abandonar o seu setor?”. E alerta: “Concentre-se Gestão Estratégica 25 nessas semelhanças e não nas diferenças. Assim, desenvolvem-se ideias sobre como segmentar os compradores e liberar um oceano de demanda latente inexplorada”. Segundo nível - Esses são não-clientes refratários, pessoas que não querem ou não podem usar as atuais ofertas do mercado, pois as consideram inaceitáveis ou além de suas condições. Mauborgne deixa a questão: “Quais são as principais razões por que os não- clientes de segundo nível se recusam a usar os produtos e serviços do seu setor?” Neste caso, a professora aconselha concentrar-se neles e não nas diferenças. “Você reunirá idéias sobre como abrir as comportas de um oceano de demanda ainda inexplorada”, revela. Terceiro nível - Este é o mais afastado dos atuais clientes do setor, explica Mauborgne. “Esses não-clientes inexplorados não foram almejados nem imaginados como clientes potenciais por qualquer participante do setor”. Ela contou que tradicionalmente a Marinha, os Fuzileiros Navais e a Força Aérea divergiam em suas ideias sobre o avião de combate ideal e assim cada ramo projetava e produzia suas próprias aeronaves, de maneira independente. “A Marinha queria uma aeronave durável, capaz resistir às tensões das aterrissagens em conveses de porta-aviões, os Fuzileiros Navais almejavam um avião expedicionário, capaz de decolagens e aterrissagens em pistas curtas, e a Força Aérea mirava a aeronave mais rápida e mais sofisticada”. O programa Joint Strike Fighter questionou essa prática do setor. Observou todos os três segmentos como não-clientes inexplorados que poderiam ser reunidos num novo mercado de aviões de combate de desempenho mais alto e custo mais baixo. O objetivo do programa era desenvolver um avião para as três divisões, combinando esses critérios críticos e reduzindo ou eliminando os demais. Ao combinar os atributos dessa maneira e ao reduzir ou eliminar os demais, o programa JSF foi capaz de desenvolver um avião para os três clientes. “O resultado foi a queda drástica nos custos e conseqüentemente no preço unitário, liberando um salto em valor no desempenho de todos os três ramos”. Mauborgne deixa claro que a grandeza de oportunidades do oceano azul, que pode ser liberada por cada nível de não-clientes, varia no tempo e entre os setores, então deve-se focar o nível que oferece o maior potencial de impacto no momento. “Para ir além da demanda existente, é preciso ainda verificar a ocorrência de aspectos comuns sobrepostos entre os três níveis de não-clientes”. Dilema para execução da estratégia Mauborgne afirma que os resultados dependem do desempenho de todos, desde o topo às linhas de frente. Uma empresa se destaca dos concorrentes por sua capacidade de execução somente quando todos os membros da organização estão alinhados com a estratégia e sempre dispostos a apoiá-la em todas as circunstâncias. “A empresa precisa recorrer às atitudes e aos comportamentos das pessoas, como parte integrante dos valores da organização”, declara, explicando que quanto mais afastadas estiverem do topo e quanto menos houverem participado do desenvolvimento da estratégia, mais as pessoas sentirão a turbulência. Gestão Estratégica 26 Ela cita que as pesquisas mostram que o processo justo é fator critico que distingue as estratégias do oceano azul bem-sucedidas daquelas que não deram certo. A presença ou ausência do processo justo pode construir ou destruir as melhores incentivas de execução da estratégia. “Maus processos podem arruinar a execução da estratégia”, afirmou. O poder do processo justo Processo justo é o nosso equivalente em gestão para a teoria da justiça procedimental, que considera a execução na própria elaboração da estratégia, ou seja, incute nas pessoas desde o início a disposição para comprar a mudança. “Cooperação voluntária é mais do que execução mecânica, quando se faz apenas o mínimo imprescindível para salvar as aparências”, ressalta Mauborgne. A professora apresenta no livro A Estratégia do Oceano Azul, que escreveu junto com Chan Kim, três princípios que reforçam reciprocamente e definem o processo justo: Envolvimento - significa engajar os indivíduos nas decisões estratégicas que os afetam, pedindo sua contribuição e permitindo o questionamento recíproco das idéias e pressupostos uns dos outros. Explicação - significa que todos os participantes e interessados nas decisões estratégicas devem compreender suas razões e critérios. A explicação do raciocínio justifica as decisões e aumenta a confiança das pessoas em que os gerentes consideraram suas opiniões e foram imparciais na busca dos interesses gerais da empresa. Clareza das expectativas - exige que depois da elaboração da estratégia os gerentes definam com clareza as novas regras do jogo. “Ainda que as expectativas sejam desafiadoras, os empregados devem saber desde o início com base em que padrões serão avaliados e quais serão as conseqüências do fracasso”. Mauborgne explica que emocionalmente, as pessoas precisam de reconhecimento do seuvalor, não como “mão-de-obra”, “pessoal” ou “recursos humanos”, mas como seres humanos a serem tratados com todo o respeito e dignidade e a serem valorizados por seus méritos individuais, independentemente do nível hierárquico. Intelectualmente, os indivíduos buscam reconhecimento de suas idéias, no sentido de que peçam suas opiniões e sugestões e reflitam sobre elas, demonstrando consideração por sua inteligência e pedindo que exponham seus pensamentos. Para ela, comprometimento, confiança e cooperação voluntária não são meras atitudes e comportamentos, mas ativos intangíveis. “Quando existe confiança entre as pessoas, elas se sentem mais seguras quanto às intenções e ações umas das outras. Quando estão comprometidas, mostram-se dispostas a sacrificar seus interesses próprios em favor dos interesses da empresa”, afirma. Isso cria condições para que as empresas se destaquem na qualidade, velocidade e na consistência da execução da estratégia, de modo a implementar mudanças estratégicas com rapidez e a baixo custo. Gestão Estratégica 27 A especialista afirma que o exercício do processo justo contorna o dilema. Ao organizar a formulação da estratégia com base nos princípios do processo justo, pode-se consolidar a execução com a própria elaboração da estratégia desde o início e conclui que a construção de uma empresa forte exige concessões e sacrifícios. “É preciso sacrificar interesses pessoais imediatos, a fim de promover os interesses duradouros da empresa”. HSM Online - 25/08/2010
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