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Doença Celíaca em pacientes pediátricos: uma revisão baseada em caso clínico

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DOENÇA CELÍACA EM PACIENTES PEDIÁTRICOS: 
UMA REVISÃO BASEADA EM CASO CLÍNICO
INTRODUÇÃO
Compreensão e avaliação das alterações clínicas
e imunológicas da doença celíaca em pacientes
pediátricos, visando a análise das condutas
necessárias e aconselháveis para um melhor
prognóstico e aumento da qualidade de vida dos
afetados. A metodologia utilizada é qualitativo
descritiva, embasada em um relato de caso. Foi feita a
análise do caso de uma paciente de um ano e sete
meses diagnosticada recentemente com Doença
Celíaca.
OBJETIVOS E METÓDOS 
Quatro formas de apresentação clínica da DC são
reconhecidas:
Forma Clássica (típica): sintomas de má absorção,
geralmente surgem antes dos dois anos de idade,
sendo eles esteatorreia, perda de peso e outros sinais
de deficiência de nutrientes ou vitaminas; há presença
de alterações histológicas características (atrofia
vilosa) na biópsia do intestino. Após a retirada de
glúten da dieta, há regressão do dano histológico e da
sintomatologia, geralmente ocorrendo dentro de
algumas semanas a meses. Além disso, pode haver
diminuição do tecido celular subcutâneo, atrofia da
musculatura glútea, falta de apetite, alteração de
humor (irritabilidade ou apatia), vômitos e anemia.
Esta forma, em uma evolução rápida, pode levar a uma
crise celíaca, principalmente entre o primeiro e o
segundo ano de vida, sendo iniciada por uma infecção
e caracterizada pela presença de diarreia com
desidratação hipotônica grave e distensão abdominal
por hipopotassemia, associada à desnutrição grave,
além de outras manifestações como hemorragia e
tetania, podendo ser letal.
Forma não gastrointestinal (atípica): mais comum a
partir dos dois anos de idade e em adultos, se
manifesta por alterações isoladas, como baixa
estatura, anemia ferropriva refratária à reposição de
ferro via oral, anemia perniciosa, osteoporose,
hipoplasia do esmalte dentário, ataxia, epilepsia,
neuropatia periférica, miopatia, manifestações
psiquiátricas, úlcera aftosa recorrente, elevação das
enzimas hepáticas sem causa aparente, fraqueza,
perda de peso idiopática, edema de surgimento
abrupto pós infecção e dispepsia não ulcerosa.
Manifestações digestivas estão ausentes ou, quando
presentes, em segundo plano.
Forma assintomática (silenciosa/subclínica):
caracteriza-se por alterações sorológicas e histológicas
da mucosa do intestino delgado compatíveis com DC,
na ausência de manifestações clínicas.
Forma latente : só se manifesta em indivíduos devido
a alterações de anticorpo. Em muitos desses casos, a
doença celíaca é diagnosticada durante a infância e
tratada com dieta sem glúten; então a doença
permanece quiescente apesar da retomada de uma
dieta normal.
PATOLOGIA DA DOENÇA
ESTUDO DE CASO
A doença celíaca (DC) é uma doença
inflamatória imunomediada do intestino delgado
caracterizada pela atrofia das vilosidades intestinais,
afetando cerca de 1% da população mundial, com a
prevalência em crianças entre 2,5 e 15 anos de idade
sendo de 3 a 13 casos a cada 1000 indivíduos.
Também conhecida como enteropatia sensível ao
glúten, a DC é causada pela sensibilidade ao glúten
dietético e proteínas relacionadas, presentes em
grãos como trigo, cevada e centeio, precipitada em
indivíduos geneticamente suscetíveis. A resposta
imunológica ao glúten resulta, além de atrofia das
vilosidades, em hiperplasia das criptas e lesão do
epitélio superficial do intestino delgado. Sua
apresentação clínica, em crianças, varia desde
sintomas gastrointestinais até manifestações extra-
intestinais, tais como dermatite herpetiforme,
anemia, baixa estatura e osteoporose. A presença de
diversos quadros clínicos possíveis, acaba por
dificultar o diagnóstico, sendo a forma de
apresentação mais comum a que se manifesta nos
primeiros anos de vida e tem como sintomas diarreia
crónica, déficit de crescimento e distensão abdominal.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As alterações associadas ao desenvolvimento
da doença celíaca estão relacionadas a ingesta de
glúten, especialmente à proteína gliadina presente
em sua composição, a qual leva à sensibilização de
linfócitos da lâmina própria, desencadeando a
resposta imunológica. O prognóstico na Doença
Celíaca está associado ao estabelecimento de uma
dieta sem glúten, sendo esta recomendada tanto para
pacientes sintomáticos quanto assintomáticos com
anormalidades histopatológicas intestinais
características da Doença Celíaca.
A intolerância imunológica ao glúten é a causa
dos sintomas desencadeados pela doença e da
mortalidade de 12% dos pacientes, quando não
tratados. A intervenção dietética associada ao
acompanhamento ambulatorial subsequente e
tratamento das deficiências nutricionais decorrentes
da DC, mostraram-se fatores indispensáveis para
aumento drástico da qualidade e expectativa de vida
dos acometidos.
Referências: 
NASPGHAN. CDHNF/NASPGHAN guideline on the Diagnosis and Treatment of Celiac Disease in Children. Journal of PediatricGastroenterology and Nutrition; v. 40, n.1, p 1-19, Jan 2005.
HILL, Ivor D; MD, . Diagnosis of celiac disease in children. Disponível em: <https://www.uptodate.com/contents/diagnosis-of-celiac-disease-in-
children?source=search_result&search=celiac%20disease%20children&selectedtitle=2~150#h477987476>.Acesso em: 06 out. 2017
[15:32, 6/10/2017] Mari Tomazzi: RODRIGUES, Ana Sofia Medeiros. A Doença Celíaca: etiopatogenia, diagnóstico, aspetos clínicos e tratamento. 75 f. Tese (Mestrado) - Curso de Farmácia, Universidade Fernando Pessoa – Faculdade de 
Ciências da Saúde Porto, Porto, 2013.
Amanda Pacheco Alves1, Mariane Silvestre Tomazzi1 e Luiz Fernando Kehl¹.
1. Curso de Medicina, Universidade do Vale do Taquari- UNIVATES, Lajeado-RS
Paciente do sexo feminino, um ano e sete
meses. Segundo relato dos pais, a gravidez e o parto
normal ocorreram sem intercorrências. Entre o 4º e
5º mês, iniciou-se a introdução alimentar da criança
com legumes, frutas, sucos e bolacha com leite. Logo
em seguida, notou-se uma exacerbação do refluxo
gastroesofágico, a paciente começa a apresentar
quadro de otites de repetição e suas fezes
apresentavam resíduos íntegros dos alimentos
ingeridos. A princípio, estabeleceu-se uma dieta sem
lactose e foram colocados drenos otológicos, afim de
drenar a secreção decorrente das otites. Sem melhora
dos sintomas e com perda de peso, aos 8 meses, a
paciente é encaminhada a outro profissional que
orienta uma dieta livre de glúten e solicita raio-x
abdominal + exames laboratoriais.
Os resultados dos exames foram: IgA=20/
IgM=83/ IgG=626/ IgE=5/ Anti-gliadina IgG= 4,9 (todas
dentro dos valores de referência e anti-gliadina não
reativo); pesquisa de sangue oculto nas fezes foi
negativa. No raio-x abdominal contrastado foram
visualizadas floculações.
Ao retorno, paciente apresentava melhora da
sintomatologia após retirada do glúten da sua
alimentação, normalização do aspecto das fezes e
aumento de ganho ponderal, sendo clinicamente
diagnosticada com Doença Celíaca.
CONCLUSÕES
SINTOMAS
O glúten é composto de uma mistura de
proteínas, presente numa diversidade de cereais –
principalmente trigo, cevada e centeio. No trato
gastrointestinal, o glúten é digerido, originando
aminoácidos e proteínas, entre elas a gliadina,
responsável pelas manifestações e danos histológicos à
mucosa intestinal. A gliadina é resistente à degradação
pelas enzimas do sistema digestivo, assim, os peptídeos,
resistentes às enzimas, ao atravessarem o epitélio, são
disseminados com o auxílio da enzima transglutaminase
tecidular (tTG) e, consequentemente, ativam o sistema
imune, originando resposta inata e adaptativa. Ao ativar
os mecanismos imunológicos e inflamatórios, a gliadina
acaba por conduzir à atrofia das vilosidades, originando
lesões na mucosa, que se apresenta com aspeto liso e
diminuição da área de superfície de absorção dos
nutrientes.

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