Buscar

Direito Civil I (Maurício Requião)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 22 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Judith Cerqueira
Faculdade Baiana de Direito e Gestão 
Direito 
Civil I
Evolução histórica, pessoa natural, 
direitos da personalidade, morte, 
pessoa jurídica, domicílio e bens 
Direito Civil I | Judith Cerqueira
Direito Civil I 
1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
 A relação entre direito público e direito privado é guiada de uma 
forma totalmente diferente da outra 
 Dicotomia entre o público e o privado é a grande dicotomia do Direito
 Direito Civil é um ramo do Direito Privado 
 Podem existir interesses privados que dizem respeito à uma 
coletividade 
 Titularidade do Direito: se houver um sujeito que vise a um interesse 
público, então se trata do Direito Público 
2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
 Direito romano: 
a) Criação do Corpus Juris Civilis, por Justiniano 
b) Império Romano exerceu grande influencia com suas leis 
 Código Napoleônico:
a) Inaugurou a Era das Codificações 
b) É usado até hoje na França 
 BGB (Código Civil Alemão):
a) Influenciou o Código Civil de 2002 
 Direito Português: 
b) Ordenações Filipinas : ficaram mais tempo em vigor no Brasil do que 
em Portugal 
3 CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO DE 1916
 Teve muita influência do Código Napoleônico, apesar de nesta época 
o Brasil apresentar um quadro socioeconômico bem diferente da 
França
 Deu uma importância absurda à propriedade, em razão dos grupos de
maior poder da época. Afinal, o poder econômico vinha dos 
latifundiários, que visavam a proteção de sua propriedade acima de 
tudo 
 No campo contratual, a influência do Código Napolêonico é mais 
evidente, ao passo que existia o liberalismo econômico, e se o ser 
humano era livre, ele era para realizar contratos da forma que bem 
entendesse autonomia da vontade
 Campo familiar:
a) Família patriarcal, formada a partir do casamento 
1
Direito Civil I | Judith Cerqueira
b) O homem tinha poder sob os filhos e a mulher, sendo esta, após o 
casamento, dada como incapaz, pois o homem passava a cuidar dos 
interesses da sua vida 
c) Apenas a esposa legitima (ou esposo) recebia a herança caso o outro 
viesse a falecer
d) A família era dada como um fim em si mesmo, ou seja, a família não 
era pensada para atender os interesses dos membros da mesma. 
União da família a qualquer custo, sendo inexistente a ideia de 
divorcio 
 Direito da Personalidade era ignorado 
4 CÓDIGO CIVIL DE 2002
4.1 PROCESSO DE ELABORAÇÃO
 Começou a ser criado em maio de 1969, sendo que a comissão 
para sua elaboração foi presidida por Miguel Reale
 A primeira versão foi apresentada em 1972 para discussão. Em 
1975 tornou-se projeto de lei
 O projeto de lei recebeu na Câmara dos Deputados 1.063 
emendas 
 Após ser apreciado e votado, o projeto só saiu da Câmara em 
19841984: em pleno processo de redemocratização 
 Por conta da elaboração da CF de 88, o projeto do Código acabou 
sendo esquecido 
 O Código, que foi criado em 1969, não apresentava 
compatibilidade alguma com a CF de 88 
 O enfraquecimento do Código deu espaço para a criação de leis 
esparsas, que tratam de matérias relativas ao Direito Civil e se 
dirigem a destinatários específicos, mas que não estão no Código 
Civil. EX: Estatuto da Criança e do Adolescente; Código de Defesa 
do Consumidor  As leis esparsas acaba criando diversos 
microssistemas jurídicos 
a) Tal momento ficou conhecido como período de descodificação, 
visto que o Código passa a ter menos força enquanto elemento
central, afinal, inúmeras leis que dizem respeito ao Direito Civil 
foram criadas 
 O trâmite legislativo do Código só foi retomado em 1995 no 
Senado, onde teve 331 emendas, e pra finalmente ser aprovado 
em 2002 Era um Código que já nascia velho 
4.2 COMPARAÇÕES ENTRE O CÓDIGO DE 2002 E O DE 1916
 Miguel Reale afirma que existem três princípios norteadores do 
Código Civil como um todo:
a) 1º: Eticidade (agir com boa fé)
2
Direito Civil I | Judith Cerqueira
b) 2º: Sociabilidade, que consiste na ideia de superar os valores 
individuais. Surge a ideia de função social 
c) 3º: Operabilidade, que fez com que se buscasse analisar 
problemas do Código anterior para que os erros não se 
repetissem no atual
 Propriedade: maior ênfase dada à função social da posse, ou seja, 
o proprietário passa a ter uma restrição maior quanto a liberdade 
para o abuso de sua propriedade
 Campo contratual: não se fala mais em autonomia da vontade, e 
sim em autonomia privada, que apresenta mais limites que a 
autonomia da vontade 
 Família:
a) Supera a ideia do patriarcalismo 
b) Famílias monoparentais 
c) A dissolução conjugal é dada de forma muito mais fácil 
d) Se um casal não possui filhos, podem ir direto ao cartório para 
solicitar o divórcio, não precisando passar por um juiz 
 Responsabilidade civil:
a) Envolve a questão da indenização, sendo que esta é sempre 
analisada em: conduta, dano e nexo causal
b) No Código de 1916, a responsabilidade civil era focada em algo
chamado responsabilidade civil subjetiva, que além de 
apresentar os três elementos, deve apresentar a culpa 
c) No atual Código Civil, existe tanto a responsabilidade civil 
subjetiva como a responsabilidade civil objetiva. Existem 
situações que mesmo que a pessoa não seja culpada, ela irá 
responder pelo dano causado 
d) Na responsabilidade civil objetiva, a culpa não é um fator 
importante 
4.3 O CÓDIGO, CONSOLIDAÇÃO E ESTATUTO 
 O Código é algo inovador (leis novas, novos artigos) e possui uma 
prevenção da completude de certos ramos do Direito
 Consolidação:
a) Se refere a um único ramo do Direito
b) Difere do Código no que diz respeito à inovação, uma vez que 
reúne as leis esparsas de uma forma mais sistematizada 
c) Justaposição das leis 
 Estatuto: 
a) Possui em comum com o Código a característica da inovação 
b) O Estatuto irá escolher um determinado tema e regulamentar 
sobre o mesmo, nos mais diversos ramos do Direito 
4.4 O CÓDIGO EM SI
 É dividido em duas partes: parte geral, onde trata da normativa 
que é aplicável a tudo do Direito Civil e irá abordar as pessoas 
3
Direito Civil I | Judith Cerqueira
(Livro I), os bens (Livro II), e os fatos jurídicos (Livro III). Já a parte 
especial trata de cada um dos subramos do Direito Civil
 A parte especial possui seis livros, sendo o último denominado de 
livro complementar Livro I (Do Direito e das obrigações); Livro II 
(do Direito de Empresa); Livro III (Do Direito das Coisas); Livro IV 
(Do Direito de Família); Livro V (Do Direito das Sucessões); Livro 
complementar (Das Disposições Finais e Transitórias)
 Estrutura básica:
a) Possui artigos, parágrafos, incisos e alíneas 
b) Os incisos vêm em algarismos romanos e têm a função de 
enumerar diversas coisas
c) Quando um parágrafo é acrescentado, tem a função de 
complementar o que está no artigo ou traz uma exceção para o
artigo 
5 PESSOA NATURAL
5.1 NOÇÕES GERAIS
 Pessoa natural X Pessoa jurídica: os dois tipos de pessoas abordados 
no Código 
 Consequência de ser pessoa natural (ou física) está expresso no Art. 
1º do CC: toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil
 Quem é pessoa, tem personalidade
 Tal afirmação implica que a pessoa tenha direitos de personalidade, 
recebendo um tratamento diferenciado 
5.2 NASCITURO
 Mesmo que um bebê nasça e morra segundos, minutos ou horas 
depois, ele deve ser registrado (certidão de nascimento atestado de 
óbitofuneral), pois se respirou, é entendido como pessoa 
 Porém, se nasce morto, não é compreendido como pessoa 
 Teorias sobre a personalidade do nascituro:
a) Teoria Natalista: o nascituro não possui personalidade jurídica 
b) Teoria Concepcionista: existem divisões para afirmar a personalidade 
do nascituro. Como o próprio nome afirma, o indivíduo possui direitos 
desde sua concepção 
c) Teoria da PersonalidadeCondicional: o nascituro possui 
personalidade, porém, esta personalidade ainda não produz efeitos, 
sendo dependente de uma condição 
 Lei de Biossegurança: utilização de células troncos de embriões 
excedentes de inseminação artificial, para realizar pesquisas. Sofreu 
uma ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade)
4
Absolutamente incapazes X 
Relativamente Incapazes 
''Art.3º: são 
absolutamente 
incapazes de exercer 
pessoalmente os atos da 
vida civil os menores de 
16 anos''
Apresenta caráter 
protetivo
Relativamente Incapazes (Art. 
4º):
-Maiores de dezesseis e menores 
de dezoito
-Ébrios habituais e viciados em 
tóxico
-Aqueles que por causa 
transitória ou permanente não 
puderam exprimir sua vontade 
-Os pródigos 
Direito Civil I | Judith Cerqueira
5.3 CAPACIDADE DE FATO E CAPACIDADE DE DIREITO (OU 
CAPACIDADE DE GOZO)
5.3.1 Capacidade de direito
 Consiste na capacidade definida pelo Art. 1º do Código Civil
 O simples de fato de ser pessoa já faz com que o sujeito seja 
capaz de titularizar direitos e deveres, sendo essa capacidade 
nomeada capacidade de direito ou capacidade de gozo 
 A ideia de capacidade é qualitativa, diferenciando o ser 
5.3.2 Capacidade de fato
 É a capacidade de exercício 
 É avaliada para a prática de alguns atos da vida civil 
 Os atos que são afetados por essa capacidade são usados no que 
envolve a vontade do sujeito, como um instrumento de criação de um
dado fato jurídico 
 Vale ressaltar que nem todas as pessoas podem praticar os atos da 
vida civil
 Os atos praticados por um indivíduo absolutamente incapaz são 
considerados nulos, não produzindo nenhum efeito jurídico 
 Os relativamente incapazes necessitam de um representante, sendo 
o seu ato considerado anulável. Produz efeitos até que o interessado 
(apenas o relativamente incapaz) reclame. Vale ressaltar que o ato 
praticado pelo seu assistente é válido e produz efeitos 
 Lei nº 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência): alterou 
substancialmente a redação original dos art. 3º e 4º do CC, uma vez 
que limitou as hipóteses dos absolutamente incapazes a apenas os 
menores de 16 anos de idade. Vale ressaltar que retirou do rol dos 
5
Direito Civil I | Judith Cerqueira
absolutamente incapazes aqueles que possuem transtornos mentais, 
os tornando relativamente incapazes 
 A lei define uma idade mínima para a prática de atos civis por conta 
de presumir que há uma falta de experiência ou discernimento da 
pessoa 
 Antes, a maioridade era alcançada aos 21 anos, porém o Código Civil 
de 1916 alterou para 18 anos 
 Um sujeito se torna um ébrio habitual ou viciado em tóxico a partir do
momento em que não conseguir realizar suas atividades corriqueiras
 Já os pródigos são pessoas que gastam dinheiro de forma 
desenfreada, dissipando seu patrimônio, não restando nem o 
suficiente para se sustentar. Exemplos clássicos: compulsão por 
jogos. DESTACA-SE QUE SUA LIMITAÇÃO VALE APENAS PARA 
ATOS RELACIONADOS AO DESCONTROLE DO PATRIMÔNIO
 Pessoas com deficiência deixaram de ser dadas como absolutamente 
incapazes 
5.4 CESSAÇÃO DAS INCAPACIDADES E A EMANCIPAÇÃO 
 Art. 5º afirma que a incapacidade cessa aos 18 anos 
 Vale ressaltar que tal artigo diz respeito somente aos atos civis, 
podendo outros ramos do Direito não serem regidos pelas regras do 
Código Civil. Como por exemplo, o fato de que uma pessoa de 16 
anos poder votar
 Emancipação: 
a) Será concedida pelos pais, ou de um deles na falta de outro
b) Prescinde da autorização do juiz, mas requer instrumento público
c) Tutor: figura nomeada pelo Estado para tomar conta dos interesses do
menor que se emancipou dos pais 
d) Curador é para maiores incapazes 
e) A emancipação é irretratável, ou seja, não pode ser desfeita 
f) Não exclui os direitos que o menor possui mas também não 
possibilita que exerça todos os atos da vida adulta 
g) Não pode tirar carteira de motorista 
6 DIREITOS DA PERSONALIDADE
 São titularizados por todo sujeito que seja pessoa 
6.1 ESBOÇO HISTÓRICO
 Foi atribuída a Otto Von Gierke a construção e denominação jurídica 
dos direitos da personalidade, a partir do século XIX
 Entretanto, em Roma já era existente os direitos da personalidade, 
mas não nos moldes que conhecemos hoje
 Contribuição do pensamento filosófico grego sobre os direitos da 
personalidade, em vista do dualismo entre o direito natural e o direito
positivo 
6
Direito Civil I | Judith Cerqueira
 Cristianismo exerceu forte influência no surgimento dos direitos 
humanos, em razão dos vínculos entre Deus e o homem
 Iluminismo 
6.2 FONTES
 Teoria monista: afirma que existe apenas um direito da 
personalidade, e que este possui diversas manifestações 
 Teoria pluralista: existem diversos direitos da personalidade, os quais 
seriam independentes dos demais 
 Vale ressaltar que é mais uma expressão doutrinária do que uma 
aplicação do Código. O Código não adotou nenhuma das teorias 
6.3 CARACTERÍSTICAS 
 Art.11: afirma que os direitos da personalidade são intransmitiveis e 
irrenunciáveis 
 Inatos – direitos prescindem de requisitos, além de nascer com vida;
 Inalienáveis – direitos que não podem ser alienados;
 Intransmissíveis – direitos que não podem ser transmitidos;
 Indisponíveis – não se pode abrir mão dos direitos;
 Imprescritíveis – não importa quanto tempo passe, você sempre pode
requerer seu
 direito de personalidade.
 Extrapatrimoniais – direitos que não têm valor econômico;
 Vitalícios – direitos que se mantêm por toda a vida.
6.4 DIREITO AO CORPO 
 O direito ao corpo está disposto do art. 13 ao art 15 do CC 
 Transplante de órgãos: 
a) Um indivíduo, que se declarar doador de órgãos em vida, quando 
vier a seu falecimento, na prática, cabe a família decidir se os 
mesmos serão doados ou nãoart.9º da Lei nº 9.439/97, que 
dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo 
humano para fins de transplante e tratamento 
b) Entretanto, se um indivíduo não possui família, os seus órgãos 
serão doados 
Art. 9o É permitida à pessoa juridicamente capaz dispor gratuitamente de 
tecidos, órgãos e
partes do próprio corpo vivo, para fins terapêuticos ou para transplantes em 
cônjuge ou parentes
consangüíneos até o quarto grau, inclusive, na forma do § 4o deste artigo, ou em
qualquer outra
pessoa, mediante autorização judicial, dispensada esta em relação à medula 
óssea. (Redação dada
pela Lei nº 10.211, de 23.3.2001)
§ 1º (VETADO)
§ 2º (VETADO)
7
Direito Civil I | Judith Cerqueira
§ 3º Só é permitida a doação referida neste artigo quando se tratar de órgãos 
duplos, de
partes de órgãos, tecidos ou partes do corpo cuja retirada não impeça o 
organismo do doador de
continuar vivendo sem risco para a sua integridade e não represente grave 
comprometimento de
6.5 IMAGEM E HONRA 
 Está prevista no Art. 20 do CC 
 Pode se falar de imagem em dois sentidos: imagem retrato ou 
imagem atributo. A imagem retrato é a reprodução da imagem física 
do sujeito. Já a imagem atributo não é tratada como sendo algo físico,
sendo o conjunto de características que são associados a uma 
determinada pessoa 
 Quando se fala de honra, a doutrina também costuma trabalhar com 
a ideia de honra subjetiva e honra objetiva. A honra subjetiva diz 
respeito ao sentimento do sujeito, enquanto que a honra objetiva é 
algo que causa uma má impressão na sociedade a partir de um dado 
caso 
6.6 PRIVACIDADE
 Envolve o nosso direito de estar só, em que nós não tenhamos 
contato com outras pessoas 
 Possui, também, o sentido da não publicação de coisas de nossa vida,
ou de estar em nosso espaço sem a violação de terceiros 
 Distinção entre privacidade e intimidade: a intimidade seria algo mais
nuclear da privacidade. São os aspectos que são os maissecretos de 
todos, porém não deixa de ser privacidade. Vale ressaltar que no que 
diz respeito à proteção, a intimidade ganha muito mais força que a 
privacidade
Direito ao esquecimento: as pessoas tem direito que fatos de seu 
passado, não sejam fatos trazidos à tona no presente momento 
-Encerrada a parte de Direitos da Personalidade 
7 MORTE
 Noções gerais: 
a) Está nos artigos 7º, 6º e 8º do Código Civil
8
Direito Civil I | Judith Cerqueira
b) A morte também passa pelo registro civil 
 Eutanásia, distanásia e ortotanásia
a) Há eutanásia quando o médico ou outro sujeito, com a autorização da
própria pessoa que vai morrer ou de algum responsável, pratica ato 
que causa a morte desse sujeito. No Brasil não há permissão para 
eutanásia, sendo a sua execução dada como homicídio. É uma 
intervenção para acelerar o processo de morte 
b) Distanásia: é o processo que envolve prolongar o acontecimento da 
morte; que a morte não ocorra de imediato. É condenada pelo 
Conselho Federal de Medicina. São atitudes invasivas, que causam 
sofrimento para o paciente. EX: entubar o paciente 
c) Ortotanásia: deixa a morte seguir seu curso natural. É recomendada 
pelo Conselho Federal de Medicina 
 Morte presumida:
a) Art. 7º: afirma os casos em que se terá uma morte presumida sem 
decretação de ausência. 1º caso: se for extremamente provável a 
morte de quem estava em perigo de vida 
b) Comoriência: quando há a morte de dois ou mais indivíduos na 
mesma ocasião- Art.8º. Para que dois indivíduos sejam comorientes, 
é preciso que tenham morrido no mesmo momento. Se for impossível 
a fixação do momento exato em que os indivíduos tenham falecido, 
presume-se que tenham morrido juntos. Neste caso, um não herda 
nada do outro, fazendo com que seu patrimônio seja transmitido aos 
outros herdeiros. Vale ressaltar que a regra da comoriência só vale se 
morrerem juntos parentes, sucessores recíprocos. Ex 1: se Raphel 
(pai) e Miguel (filho) morrem em um acidente de carro. Se o pai 
falecer antes de Miguel (filho), este herdará o espólio de Raphael. 
Entretanto, se ocorrer o inverso, Miguel nada herdará, sendo a 
herança de Raphael atribuída a seus pais. 
7.1 AUSÊNCIA
 Art. 22: ausente é aquela pessoa que desaparece de seu domicilio 
sem deixar noticiais de seu paradeiro ou procurador ou representante
para administrar seus bens 
 A ideia é proteger o patrimônio do sujeito e evitar que este pereça, 
quer o indivíduo esteja vivo ou não (arts. 22 a 25)
 Caso a ausência seja prolongada e as possibilidades de morte 
aumentem, a proteção legal volta-se para os herdeiros, os quais 
passam a ter seus interesses considerados (arts. 25 a 38)
 O CC de 1916 definia o ausente como sendo absolutamente incapaz, 
visto que partia do pressuposto que o ausente, por ter desaparecido, 
possuía distúrbios mentais, e por tal motivo, poderia destruir seu 
patrimônio a ideia é proteger o patrimônio a qualquer custo 
9
Direito Civil I | Judith Cerqueira
7.1.1 Fases da ausência 
7.1.1.1Curadoria do ausente
 O ordenamento jurídico procura preservar os bens do ausente, na 
hipótese de um eventual retorno
 Equipara-se à morte (morte presumida) apenas para dar início ao 
processo de sucessão, sendo que a esposa do ausente não é 
considerada viúva
 A curadoria prolonga-se pelo período de um ano
 Cessa a curadoria: 1) pelo retorno do ausente; 2) pela certeza de 
morte do ausente; 3) pela sucessão provisória 
7.1.1.2Sucessão provisória
 Quando a ausência é prolongada e o legislador se volta para os 
interesses dos herdeiros
 Quem pode requerer a abertura (art. 27): 1) cônjuge não separado 
judicialmente ou de fato por dois anos; 2) herdeiros presumidos, 
legítimos, os testamentários; 3) os que tiverem direito aos bens 
dependente da morte do ausente; 4) credores de obrigações vencidas
e não pagos 
 Os bens, ao serem entregues, possuem caráter provisório e 
condicional. É condicional pois os herdeiros precisam dar uma 
garantia da sua restituição, mediante penhores ou hipotecas 
equivalentes aos quinhões respectivos, por conta da incerteza de 
morte do ausente 
 Os ascendentes, descendentes e cônjuge, uma vez provada a sua 
condição de herdeiro, poderão, independentemente de garantia, 
entrar na posse dos bens (art. 30, parágrafo 2º)
 O ascendente, descendente ou cônjuge deverá fazer seus todos os 
frutos e rendimentos dos bens (ex: um imóvel do ausente que tenha 
sido alugado). Entretanto, os demais herdeiros deverão capitalizar 
metade de tais ganhos, para o caso do ausente retornar (art. 33) 
 Possui uma duração de 180 dias para que se possa ter certeza da 
posse dos bens, não podendo ainda assumir tais bens. 
 Se um dos herdeiros não oferecer a garantia, além de ser eliminado 
do processo, o bem irá para o outro herdeiro interessado ou na 
ausência deste, irá para o curador 
 Ascendente ou cônjuge tem acesso a todos os frutos do bem; se o 
sujeito não tiver como dar o penhor ou a hipoteca, os bens serão 
administrados por outra pessoa 
7.1.1.3Sucessão definitiva 
 É a concretização da posse dos bens do ausente pelos herdeiros 
 Motivos: quando houver certeza da morte do ausente; datados 10 
anos depois de julgada a sentença que deu início a sucessão 
provisória; o ausente tem que ter 80 anos e 5 anos sem dar noticiais, 
visto que a expectativa de vida no Brasil é de 70 anos 
 As garantias que foram feitas podem ser requeridas pelos herdeiros 
 É declarada a morte presumida por ausência do sujeito 
 Dissolução da sociedade conjugal (Art. 1571)
10
Direito Civil I | Judith Cerqueira
a) O casamento só se dissolve por morte de um dos cônjuges ou através
do divorcio 
b) O cônjuge do desaparecido pode requerer divorcio após dois anos da 
ausência de uma forma direta 
8 PESSOA JURÍDICA 
8.1 NOÇÕES GERAIS 
 É um ente abstrato, não existindo uma manifestação física 
 É proveniente de um fenômeno histórico e social, e consiste num 
grupo de pessoas ou bens, dotado de personalidade jurídica própria e
constituído na forma da lei, para a consecução de fins comuns 
8.2 NATUREZA JURÍDICA 
 Uma das primeiras teorias, que veio da França, afirmava que a 
pessoa jurídica não existia. Planiol acreditava que não haveria sentido
em pretender qualificar como pessoa algo diferente do ser humano 
 Primeira teoria favorável partiu de Savigny, a chamada Teoria da 
Ficção, onde ainda não admite a presença da pessoa jurídica no meio 
social, mas para fins de Direito, deverá ser criada uma ficção 
 Teorias Realistas: reconhece que a pessoa jurídica é uma realidade no
mundo, não sendo simplesmente uma ficção 
a) Teoria da realidade objetiva ou orgânica (Gierke e Zitelmann): 
pessoa jurídica é uma realidade sociológica, ou seja, é fruto das 
forças sociais e possui vida própria
b) Teoria da realidade jurídica ou institucionalista: as pessoas 
jurídicas seriam organizações sociais destinadas a um serviço ou 
oficio, e por isso seriam dotadas de personalidade 
c) Teoria da realidade técnica (usada pelo Direito brasileiro): 
reconhece a existência da pessoa jurídica, mas a diferencia das 
pessoas naturais
 Teoria da Equiparação: a pessoa jurídica não só existe como também 
é igual a pessoa natural 
8.3 DIREITO DA PERSONALIDADE 
 Quando se fala em direitos da personalidade da pessoa jurídica, há 
uma limitação, que consta no Art. 52
 Princípio da autonomia patrimonial: confere à pessoa jurídica uma 
natureza distinta dos seus membros, a fim de evitar fraudes e abusos 
contra credores 
 Teoria da desconsideração da personalidade jurídica: reação aos 
abusos praticados por terceiros que usam a pessoa jurídica como 
uma espécie de ‘’véu’’ para proteger os seus negócios escusos. Tal 
teoria permite que o juiz desconsidere o princípio de que a pessoa 
jurídica possui natureza distinta de seus membros,para que estes 
11
Direito Civil I | Judith Cerqueira
possam ter seus bens particulares atingidos, satisfazendo uma ideia 
de justiça. Vale ressaltar que não acarreta a dissolução da pessoa 
jurídica 
 Despersonalização: diferentemente da desconsideração, irá importar 
na dissolução da pessoa jurídica 
 Existem duas teorias acerca da desconsideração da personalidade 
jurídica: a ‘’teoria maior’’ e a ‘’teoria menor’’, sendo que a maior se 
subdivide em objetiva e subjetiva
a) Teoria maior: prestigia a contribuição doutrinária e em que a 
comprovação da fraude constitui motivo para que o juiz possa 
ignorar a autonomia patrimonial das pessoas jurídicas 
b) Teoria menor: o simples prejuízo do credor já é um motivo para 
que o a autonomia patrimonial não seja considerada. Não se 
preocupa em comprovar a fraude 
c) Teoria maior objetiva: para tal teoria, apenas a confusão 
patrimonial já é um motivo, sendo que só basta comprovar a 
existência de bens do sócio registrados em nome da sociedade e 
vice-versa
d) Teoria maior subjetiva: é o abuso da personalidade jurídica que 
fundamenta tal teoria 
 Parte dos direitos da personalidade que constam no Código Civil são 
inaplicáveis às pessoas jurídicas 
 Dano moral da pessoa jurídica: é realmente um dano moral? 
8.4 FUNÇÃO SOCIAL
 Embora existam os direitos individuais, e cada um seja livre para 
perseguir seus objetivos, ao buscar se realizar, o sujeito não pode 
fazer isso a um custo de prejudicar a sociedade 
 Existem pessoas jurídicas que são mais poderosas que certas pessoas
naturais 
 Ex: obsolência programada 
8.5 CLASSIFICAÇÃO
 Art.40 do CC: as pessoas jurídicas são direito público, interno ou 
externo, e direito privado 
 Art.41: pessoas jurídicas do direito público interno (União; Estados 
Federais; autarquias; Municípios; demais entidades de caráter público
criadas por lei)
 Mesmo sendo entes de direito público, se tiver uma organização de 
direito privado, as normas do Código deverão ser aplicadas 
 Art.41: direito público externo (Estados estrangeiros e todas as 
pessoas que forem regidas pelo Direito Internacional público). Ex: 
ONU
 Art.44: pessoas jurídicas de direito privado (associações; sociedades; 
fundações; organizações religiosas; partidos políticos; empresas 
individuais de responsabilidade limitada) Foco do estudo será nas 
associações e fundações 
a) Associações: pessoa jurídica criada a partir da reunião de pessoas 
para um objetivo que não seja o de obter lucro. É indispensável 
12
Direito Civil I | Judith Cerqueira
consultar o Art.54 do CC, o qual trata dos itens que devem ser 
informados no estatuto da associação 
b) Sociedades: em regra, também são formadas a partir da reunião 
de pessoas. Entretanto, VISA AO LUCRO 
c) Fundações: ao contrários das sociedades e associações, não são 
criadas pela reunião de pessoas. São criadas a partir da dotação 
de um patrimônio, ou seja, uma pessoa por um ato intervirus ou 
morte causa, diz que uma parte de seu patrimônio vai ser 
separado e vai ser destinado para a criação de uma pessoa 
jurídica. Não tem objetivo de lucro, existindo um rol de atividades 
que a fundação deve ter 
 Organizações religiosas: possui, de certa forma, uma estrutura 
associativa. Contudo, deve dar conta de garantir a liberdade religiosa 
prevista na CF, dessa forma, não podendo criar um processo de 
criação de organização religiosa muito rigoroso 
 Partidos políticos: depende de uma lei específica (9096). Possui um 
modelo de criação mais complicado 

8.6 CRIAÇÃO
 Sistema do reconhecimento: para que uma pessoa jurídica passe a 
existir é necessário que tenha autorização estatal. Não é a regra do 
nosso ordenamento jurídico, mas aparece em alguns casos, ao passo 
que existem atividades que necessitam de uma permissão 
administrativa. Ex: criação de uma mineradora 
 Sistema das disposições normativas: é a regra do nosso 
ordenamento. Para que a pessoa jurídica possa ser criada, deve haver
um registro. Não é necessária, na maioria dos casos, a autorização 
estatal. Vale ressaltar que antes do registro não existe a pessoa 
jurídica, e para que possa ser registrada, deve atender aos requisitos 
 Sistema das disposições gerais: art.45 e 46 do CC 
 Diretriz normativa do Art.46:
a) Denominação, fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, 
quando houver
b) O nome e a individualização dos fundadores ou instituidores e dos 
diretores 
c) O modo por que se administra e representa, ativa e passivamente,
judicial e extrajudicialmente
d) Informar se o ato constitutivo é reformável no que diz respeito à 
administração, e se o é, de que modo
e) Se os membros respondem ou não subsidiariamente pelas 
obrigações sociais 
f) As condições de sua extinção e o destino de seu patrimônio, se for
o caso 
8.7 CAPACIDADE E (RE) PRESENTAÇÃO 
 A pessoa jurídica tem a capacidade de direito, já que ela pode 
regularizar direitos e deveres 
13
Direito Civil I | Judith Cerqueira
 Já a capacidade de exercício, muitos não gostam de falar em 
representação pois seria como se terceiros estivessem agindo pela 
pessoa jurídica, visto que quando um sócio esta assinando um 
contrato, ele é a pessoa jurídica 
 Art.48 e 49
8.8 EXTINÇÃO 
 Extinção convencional: se a pessoa jurídica foi criada a partir de um 
ato de vontade, de muitas vezes de alguns sujeitos, nada mais justo 
de que também, por um novo acordo, as pessoas envolvidas 
resolvam extinguir aquela pessoa jurídica. É a extinção espontânea 
por conta das partes 
 Extinção legal: possui como motivo determinante algum fator da lei. 
Ex: associação que acabou ficando apenas uma pessoa, sendo 
extinta, afinal, uma associação é formada por diversas pessoas
 Extinção administrativa: acontece exclusivamente naqueles casos em
que as pessoas jurídicas estão sujeitas ao regime de conhecimento. 
Ou seja, só irá ocorrer quando a autorização dada pelo Estado for 
retirada 
 Extinção judicial: a pessoa jurídica é extinta a partir da sentença de 
um juiz numa sentença
 Seja qual for o caso de extinção, o procedimento deve ser o mesmo, e
que está expresso no Art.51 do CC. Assim como o ato de criação 
precisa passar por um registro, também o ato de extinção necessita 
de um. Para que a pessoa jurídica se extinga, é necessário, primeiro, 
que ocorra sua liquidação, ou seja, verificar seus ativos e passivos, 
pagar aos credores, para só depois disso, culminar na extinção 
8.9 RESPONSABILIDADE CIVIL 
 Questões: 1) Discorra sobre as origens da pessoa jurídica; 2) Discorra 
sobre a questão da efetividade do processo; 3) Quais são as teorias 
sobre a desconsideração da personalidade jurídica presentes no 
ordenamento brasileiro? Elenque os dispositivos legais em que elas 
se apresentam, apontando, ainda, os requisitos. ; 4) Quais são as 
variações da desconsideração da personalidade jurídica apresentadas
pela doutrina? ; 5) Como se dá o incidente de desconsideração da 
personalidade jurídica a partir do CPC 2015? 
 1) No que diz respeito à origem da pessoa jurídica, existem cinco 
teorias que se debruçaram sobre tal questão. A primeira encontra 
raízes na França e foi construída por Planiol, o qual acreditava que 
não havia sentido em qualificar como pessoa algo que fosse 
diferente. Já Savigny, com sua famosa Teoria da Ficção, afirmava que 
a pessoa jurídica deveria ser criada no plano do Direito, mas não 
admitia sua existência no meio social. A chamada Teoria Realista 
propagava o fato de que a pessoa jurídica é de fato uma realidade no 
mundo, que será complementada pela Teoria da Equiparação, ou seja,
a pessoa jurídica não só existe como também é igual a pessoa 
14
Direito Civil I | Judith Cerqueira
natural. Entretanto, a Teoria da Realidade Técnica, mais atual, se opõe
à ultima teoria mencionada, uma vezque afirma que a pessoa 
jurídica deverá ser diferenciada da pessoa natural, não igualada. Por 
mais que existam tais teorias, uma coisa é certa: a pessoa jurídica é 
algo abstrato, não devendo ser tratada como uma pessoa natural, 
afinal, ela é criada por um grupo de indivíduos que possuem um 
interesse em comum 
 2) O novo Código de Processo Civil realiza o princípio da efetividade 
pelo fato de seus dispositivos serem observados pelos agentes 
sociais, ao passo que sofreu importantes transformações, as quais 
são mais condizentes com a ideia de justiça da sociedade, e é mais 
abrangente. Além disso, torna o processo algo mais célere e oferece 
mecanismos para que a efetividade seja observada, seja através da 
materialização dos direitos fundamentais ou de uma resposta mais 
eficiente e justa por parte do judiciário, facilitando, assim, o acesso à 
justiça. 
 3) Teorias da desconsideração: a teoria adotada pelo nosso CC (art. 
50) é a Teoria Maior Objetiva. Além dela, a Teoria Menor Objetiva, que
não há a necessidade querido fazer a confusa patrimonial 
 A teoria da desconsideração permite que o juiz, em casos de fraude e 
de má-fé, desconsidere o princípio que afirma a existência distinta 
entre pessoas jurídicas e pessoas naturais, a fim de atingir e vincular 
os bens particulares dos sócios 
 A desconsideração da personalidade jurídica não deve ser confundida
com a extinção da pessoa jurídica. A desconsideração é algo pontual, 
visto que não está fazendo com que a pessoa jurídica deixe de existir,
só que para o fim daquela obrigação específica, vai haver de modo 
pontual a desconsideração dessa personalidade jurídica, ou seja, vai 
se afastar a ideia de pessoa jurídica e pessoa natural para poder 
atingir o patrimônio dessa pessoa natural. 
 Para falar de desconsideração, é necessário falar de responsabilidade 
civil. A desconsideração só será feita num contexto em que buscou se
responsabilizar alguém e a pessoa não teve bens suficientes em seu 
patrimônio para pagar o que devia 
 Art. 43: afirma que o Estado irá responder pela conduta de seus 
agentes públicos, por mais que não sejam os culpados pela situação 
Responsabilidade civil objetiva 
 Desconsideração inversa: presente no CPC de 2015 o Art. 133, 
parágrafo 2º. 
 Incidente: algo que vai ser resolvido de modo acessório ao processo. 
Paralelamente, 
 Intervenção de terceiros: alguém que originariamente não é parte 
venha a participar do processo 
8.10ASSOCIAÇÕES 
 É a reunião de pessoas que não tenham como objetivo fins 
econômicos
 Entretanto, não é por isso que uma dada associação está proibida de 
gerar renda, afinal, tal associação deverá pagar as contas de sua 
15
Direito Civil I | Judith Cerqueira
instalação, o que inevitavelmente irá gerar uma receita para o local, 
mas esta situação não se configura como um lucro, ao passo que a 
receita gerada deve ser revertida em benefícios para melhorar o 
funcionamento da atividade da própria associação
 Está prevista no CC a partir do art. 53
 OAB tem uma estrutura associativa, mas é uma entidade de classe 
 O direito associativo está constitucionalmente garantido no art.5º, VII 
da CF 
 Tende a ter interesses sociais, sendo assim útil para a sociedade 
 Criação: art. 54
 Art. 5º, XX, afirma que ninguém poderá ser compelido a realizar uma 
associação ou nela ficar contra sua vontade  liberdade associativa 
 Assembleia Geral: é o órgão deliberante máximo. Podem possuir 
competências exclusivas e não exclusivas, sendo que no art. 59 do 
CC encontram-se suas competências exclusivas. É constituído por 
todos os associados, onde todos podem se manifestar e votar
 Competências exclusivas da Assembleia Geral: destituir os 
administradores e alterar o estatuto
 Extinção: art. 51 se aplica a toda pessoa jurídica, porém, o art. 61 diz 
respeito, especificamente, às associações. 
8.11SOCIEDADES
 É constituída por meio de um contrato social e possui o objetivo de 
gerar lucros 
 Sociedades empresárias: é aquela que possui como objetivo o 
exercício da atividade própria de empresário, o qual está voltado 
profissionalmente para uma atividade econômica organizada para a 
produção ou circulação de bens e serviços. É marcada pela 
impessoalidade, ou seja, apenas interessa o capital fornecido pelos 
seus membros, tendo pouca importância suas vocações pessoais 
 Sociedades simples 
8.12FUNDAÇÕES 
9 DOMICÍLIO
 Está relacionado com a questão da ausência 
 Art.70 do CC 
 É o local onde sua pessoa fixa sua residência, sendo algo objetivo. 
Mas por outro lado há uma subjetividade na questão do animo 
definitivo
 Questão da pluralidade: ocorre quando a pessoa possui mais de uma 
residência e vive alternadamente entre elas. O Código, então, afirma 
16
Direito Civil I | Judith Cerqueira
em seu Art.71 que essas diversas residências serão consideradas 
como domicílio 
 Art.73 afirma que as pessoas que não possuírem residência fixa, será 
considerado como sendo seu domicílio o lugar em que forem 
encontradas pessoas em situação de rua, ciganos, andarilhos etc 
 Espécies
a) Voluntário: pode ser geral (escolhido livremente) ou especial 
(domicilio é fixado perante um contrato preso. O domicilio especial 
pode ser fixado por um contrato (art.78 do CC) ou por uma eleição 
(art.11 do CPC) 
 Domicilio da pessoa jurídica: art.75 indica os locais de domicílio da 
pessoa jurídica 
10 BENS 
 São os objetos do Direito. São os objetos das relações jurídicas que se
formam entre os sujeitos 
10.1CLASSIFICAÇÃO DOS BENS 
10.1.1 Bens considerados em si mesmos 
10.1.1.1 Bens móveis e imóveis
 Quando se trata de um bem móvel, a transferência se dá por via da 
tradição, ou seja, de entregar o bem. Já o bem imóvel se dá por via de
um registro. Além disso, a aquisição de um bem imóvel pode ser 
feito, também, através de usucapião, acessão ou direito hereditário 
 Os bens imóveis são o solo, e aquilo que for incorporado ao solo, 
natural ou artificialmente art.79 do CC 
 A propriedade mobiliária pode ser adquirida, também, pelo 
usucapião, ocupação, achado de tesouro, especificação, confusão, 
comistão, adjunção 
 Para serem alienados, hipotecados ou gravados de ônus real, os 
imóveis exigem a anuência do cônjuge, sendo que o mesmo não 
ocorre com os bens móveis (art. 1.647, I)
 A hipoteca pertence aos imóveis, com exceção dos navios e 
aeronaves (CC, art.1.473). O penhor é reservado aos móveis (art. 
1.431)
 No Direito Penal, apenas os bens moveis podem ser objetos de furto 
ou roubo (CP, art. 155 e 157) 
 Somente imóveis podem ser direito de bem de família (CC, art. 1.711)
 Bens imóveis:
a) Imóveis por natureza: somente o solo, subsolo e o espaço aéreo são 
imóveis por natureza. Tudo o que se aderir ao solo são imóveis por 
acessão justaposição ou aderência de uma coisa à outra 
b) Imóveis por acessão natural: compreende as árvores e os frutos. 
Além disso, também compreende as pedras, os cursos de água, 
subterrâneos ou superficiais que corram naturalmente 
17
Direito Civil I | Judith Cerqueira
c) Imóveis por acessão artificial ou industrial: é tudo aquilo que é 
incorporado ao solo pelo homem, à exemplo das construções. 
d) Imóveis por determinação legal: são bens incorpóreos, imateriais que 
não são, em si, moveis ou imóveis, mas que o legislador assim o 
determina para maior segurança das relações jurídicas 
 Os bens podem ser materiais e imateriais. Os direitos da 
personalidade, por exemplo, são bens imateriais, que não possuem 
uma manifestação física no mundo 
 Coisas corpóreas e não incorpórea: as coisas corpóreas possuem uma
forma física definida. Já as incorpóreas são 
 Teoria do patrimônio mínimo: os bens possuem um papel importante 
na garantida da dignidade da pessoa humana. Ela não pretende 
afirmar quaissão os bens que compõem esse patrimônio mínimo, 
visto que os bens que o compõe vão variar em razão de dois fatores: 
1) Tempo, no sentido de que o que hoje poderíamos afirmar o 
patrimônio mínimo de uma pessoa, certamente não seria o mesmo de
uma pessoa de 50 anos atrás; 2) 
 Fungibilidade: a ideia de substituir uma coisa pela outra. Já um bem 
infungível possui características que o diferencie de um dado bem 
que é igual a ele 
 Consumível x Incomsumível: com o passar do tempo, a maioria dos 
bens irá se deteriorar. Entretanto, tem bens que o próprio uso implica 
em sua destruição beber agua, por exemplo. 
 Bens indivisíveis X divisíveis: bem divisível é aquele que não pode ser
fracionado, visto que irá ter suas propriedades alteradas. Já os 
divisíveis são aqueles que quando fracionados, não terá sua 
propriedade alterada. 
 Bens singulares X Bens coletivos (arts. 89 a 91): também se classifica
como bem coletivo a chamada universalidade de direito, que é ‘’o 
complexo de relações jurídicas de uma pessoa dotadas de bem 
econômico’’ (art. 91). Às vezes, alguns autores falam de bens simples
e bens compostos, que não estão relacionados com a ideia de 
singular e coletivo. Ressalva: O bem composto é formado por várias 
partes, já o bem simples é uma coisa uma, ou seja, que não pode ser 
dividida. 
10.2PATRIMÔNIO
 Abrange apenas o ativo e o passivo de um dado sujeito, não 
importando seus valores sociais, mas sim econômicos 
 Se restringe aos bens avaliados em dinheiro
 Há doutrinadores que afirmam a inexistência do passivo. Entretanto, 
o patrimônio é a projeção econômica da personalidade, não podendo 
se admitir um indivíduo sem patrimônio, logo, fazendo com que este 
seja dotado de obrigações, ou seja, o seu lado passivo 
 Teoria clássica ou subjetiva: o patrimônio é uma universalidade de 
direito, unitário e indivisível, se apresentando como uma continuação 
e projeção da personalidade do sujeito
18
Direito Civil I | Judith Cerqueira
 Teoria realista (moderna ou da afetação): o patrimônio seria 
constituído apenas pelo ativo e não seria unitário e indivisível, mas 
sim formado por vários núcleos de bens destinados a coisas 
especificas, ex: dote, herança, massa falimentar etc
10.3BENS RECIPROCAMENTE CONSIDERADOS
 Principais: é aquele bem que possui existência autônoma, não 
dependendo de outro para concretizar-se
 Acessório: é aquele que depende da existência do principal
 São bens acessórios: 
a) Frutos: utilidades que a coisa principal periodicamente produz, 
sem diminuir sua substancia frutos que uma arvore dá. Os 
rendimentos consistem em frutos civis, à exemplo do aluguel, dos 
juros e dos dividendos 
b) Produtos: coisas que o objeto principal produz, entretanto, há 
uma diminuição perceptível em sua substância pedras e metais 
que se extraem das minas 
c) Pertenças (Art.93): objetos acessórios que são destinados a 
conservar e/ou facilitar o uso das coisas principais, sem que 
destas sejam parte integrante máquinas utilizadas em uma 
fábrica; implementos agrícolas; aparelhos de ar condicionado 
d) Benfeitorias: obra realizada pelo homem e tem como intuito 
embelezar, conservar ou melhorar o objeto principal. Podem ser 
divididas em: 1) Úteis, quando são empregadas com a finalidade 
de facilitar o uso do objeto principal ( novo processador para um 
notebook, por exemplo) ; 2) Necessárias, as quais tem como 
objetivo evitar a deterioração do bem principal ( troca de bateria 
de um carro); 2) Voluptuárias, as quais possuem apenas o objetivo
de embelezar a coisa principal (adesivo em um notebook)
e) Partes integrantes: quando unidos ao bem principal, formam um 
todo
 A função econômica do principal é o principal critério utilizado para 
distingui-lo do acessório 
 Exceção em que o acessório domina o principal: a hipoteca é um 
acessório em relação à dívida garantida, porém irá prevalecer o 
acessório por conta da importância social adquirida pelo referido 
direito real de garantia
 A natureza do principal e do acessório é a mesma se o solo é imóvel,
a árvore também o é 
 O acessório acompanha o principal em seu destino 
 Gravitação jurídica dos bens: afirma que o acessório acompanha o 
bem principal. O CC inclui a categoria da pertença mas não só o inclui
como também coloca um regime jurídico diferente do acessório 
19
Direito Civil I | Judith Cerqueira
10.4QUANTO AO TITULAR DE DOMÍNIO
 Bens públicos: são aqueles pertencentes à União, aos Estados ou 
Municípios
a) Bens de uso comum do povo: são bens cujo uso não se restringe a
uma ordem especial ou qualquer tipo de discriminação praias, 
estradas, ruas e praças
b) Bens de uso especial: são bens que por meio de uma ordem 
especial, são atribuídos a uma determinada pessoa prédios onde
funcionam as escolas públicas 
c) Bens dominicais ou dominiais: são bens que não são afetados 
pela utilização direta e imediata do povo, nem aos usuários de 
serviços, mas que pertencem ao patrimônio estatal títulos 
pertencentes ao Poder Público; terrenos da marinha (Praia de 
Inema, em Salvador, por exemplo); terras devolutas 
 Vale ressaltar que o Art.102 proíbe o usucapião dos bens públicos 
 Bens particulares: são definidos por exclusão, ou seja, são aqueles 
que não pertencem ao domínio público, mas sim a uma iniciativa 
privada, interessando sua regulação e disciplina ao Direito Civil 
10.5BENS DE FAMÍLIA
 Existem dois regimes diferentes para os bens de família 
 Está presente no CC a partir do Art.1.711 ao art.1.722 Bem de 
família convencional
 Há, além disso, outro sistema, o chamado bem de família legal, que 
está regulada na Lei 8.009/90 
 O bem de família convencional só se torna bem de família por meio 
de ato de vontade dos interessados 
 A ideia do bem de família passa por uma noção que a dialoga muito 
com a ideia do patrimônio mínimo, pois há determinados bens que 
devem ser mais protegidos que outros bens
 Os bens de família convencionais não existem apenas no sentido 
estrito da coisa, abrangendo diversas coisas 
 O bem de família convencional não revoga os bens de família legais 
 O bem de família legal continua como tal enquanto estiver atendendo
aos requisitos necessários
 O bem de família convencional, além de incondicional, é inalienável 

20
Direito Civil I | Judith Cerqueira
21
	1 Considerações preliminares
	2 Evolução histórica
	3 Código Civil brasileiro de 1916
	4 Código Civil de 2002
	4.1 Processo de elaboração
	4.2 Comparações entre o Código de 2002 e o de 1916
	4.3 O Código, Consolidação e Estatuto
	4.4 O Código em si
	5 Pessoa natural
	5.1 Noções gerais
	5.2 Nascituro
	5.3 Capacidade de fato e capacidade de direito (ou capacidade de gozo)
	5.3.1 Capacidade de direito
	5.3.2 Capacidade de fato
	5.4 Cessação das incapacidades e a emancipação
	6 Direitos da personalidade
	6.1 Esboço histórico
	6.2 Fontes
	6.3 Características
	6.4 Direito ao corpo
	6.5 Imagem e Honra
	6.6 Privacidade
	7 Morte
	7.1 Ausência
	7.1.1 Fases da ausência
	7.1.1.1 Curadoria do ausente
	7.1.1.2 Sucessão provisória
	7.1.1.3 Sucessão definitiva
	8 Pessoa jurídica
	8.1 Noções gerais
	8.2 Natureza jurídica
	8.3 Direito da personalidade
	8.4 Função social
	8.5 Classificação
	8.6 Criação
	8.7 Capacidade e (Re) Presentação
	8.8 Extinção
	8.9 Responsabilidade civil
	8.10 Associações
	8.11 Sociedades
	8.12 Fundações
	9 Domicílio
	10 Bens
	10.1 Classificação dos bens
	10.1.1 Bens considerados em si mesmos
	10.1.1.1 Bens móveis e imóveis
	10.2 Patrimônio
	10.3 Bens reciprocamente considerados
	10.4 Quanto ao titular de domínio
	10.5 Bens de família

Outros materiais